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AO JUIZO DA __ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO TERMO JUDICIÁRIO DE SÃO

LUIS DA COMARCA DA ILHA DE SÃO LUIS/MA

FAZENDAS REUNIDAS EMPREENDIMENTOS RIO BRAVO LTDA, pessoa


jurídica de direito privado, sob o CNPJ de nº..., endereço eletrô nico, com sede na
rua..., nº ... bairro, – Sã o Luís - MA, CEP... vêm, por intermédio de seu advogado
infra-assinado, conforme procuraçã o anexa, com escritó rio na rua, nº...bairro...Sã o
Luis, MA, CEP.., onde recebe intimaçõ es, propor com fulcro nos artigos 38 da Lei
6830/80, 319 do CPC e 311 do CPC, a presente:

AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS CUMULADO COM TUTELA DE EVIDÊNCIA

contra o Município de São Luís, pessoa jurídica de direito pú blico, com


endereço eletrô nico... e sede na rua, nº, bairro..., na cidade de Sã o Luís-MA, CEP...,
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1_ DA JUSTIÇA GRATUITA

A Constituiçã o Federal estabelece em seu artigo 5º, inciso LXXIV, que: “O


estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem
insuficiência de recursos”. Posto isso, requer a concessã o do benefício da justiça
gratuita, tendo em vista que a autora encontra-se em condiçõ es desfavorá veis para
arcar com as despesas, mediante a restriçã o financeira ocasionada pela parte.

Desta forma temos nos termos do artigo 98 do Có digo de Processo Civil a


seguinte redaçã o: “Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,
com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorá rios advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.”

Tal entendimento foi sumulado pelo STJ, na Súmula 481, a qual dispõ e


que: "Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos
processuais."
Portanto podendo ser requerido conforme situaçã o apresentada pela
autora como pessoa atingida pelo ato indevido do réu.

2_ DO CABIMENTO

Nos termos do artigo 38 da Lei 6830/80 é cabível a açã o anulató ria para
anular qualquer ato administrativo eivado de ilegalidade ou inconstitucionalidade
que possa resultar em cobrança tributá ria.
No presente caso, a autora vem sendo constrangida ilegalmente pelas
cobranças por parte do município. Além disso, houve a inscriçã o da autora no
Cadastro Nacional de Inadimplentes (CADIN) e por causa disso, nã o conseguiu
financiamentos bancá rios necessá rios para o regular funcionamento de sua
atividade precípua.
Portanto, é cabível a presente açã o anulató ria nos termos do artigo 38 da
lei 6830/80 para desconstituir esse crédito tributá rio.

3_ DOS FATOS

Autora informa ser proprietá ria de imó vel situado em á rea rural de Sã o
Luís, contudo, o município está cobrando IPTU, imposto sobre propriedade
territorial urbana. Sabe-se, portanto, que tal cobrança é indevida, pois o imposto
que deve incidir sobre o fato gerador apresentado é o ITR (imposto territorial
rural) de competência da Uniã o.

Informa que do ano de 2010 até a atual data vem sendo constrangida pelo
munícipio, com débito indevido informado no valor de R$1.904.127,59 (um
milhã o, novecentos e quatro mil, cento e vinte e sete reais e cinquenta e nove
centavos). Tal cobrança indevida inscreveu a empresa em cadastro nacional de
inadimplentes, o que trouxe constrangimento e prejuízos, visto que a empresa teve
empréstimo bancá rio de extrema necessidade negado por causa do cadastro
negativo.

Devido as atuais circunstancias, visto que a empresa está inviabilizada de


acesso a instituiçõ es financeiras e frente ao ato ilegal cometido pelo município, nã o
lhe restou outra alternativa senã o buscar a tutela jurisdicional.
4_ DO DIREITO

4.1_ DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

O Artigo 32 do có digo Tributá rio nacional diz que: 

o imposto, de competência dos Municípios, sobre a


propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador
a propriedade, o domínio ú til ou a posse de bem imó vel por
natureza ou por acessã o física, como definido na lei civil,
localizado na zona urbana do Município”.

No presente caso, nã o é legítimo a cobrança de IPTU por parte do


município, visto que o imó vel nã o se encaixa nos quesitos do artigo 32, pois trata-
se de imó vel rural, portanto o imposto devido é o ITR e nã o IPTU definido na
constituiçã o do Crédito Tributá rio, vejamos o que diz o artigo 29 do CTN:

O imposto, de competência da União, sobre a propriedade


territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o
domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como
definido na lei civil, localização fora da zona urbana do
Município.

Portanto, como exposto em Lei, nã o há legitimidade por parte do


município para cobrança de IPTU, visto que o imposto devido é o ITR, de
competência da uniã o. Há decisõ es do Tribunal de justiça que ratificam os
argumentos e fundamentos expostos, vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃ O ORDINÁ RIA


DECLARATÓ RIA/CONDENATÓ RIA C/C ANULATÓ RIA DE
DÉ BITO FISCAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA - IPTU
X ITR - Exercícios de 2016 e seguintes - Município de Valinhos -
Pedido de suspensã o da exigibilidade do crédito tributá rio -
Deferimento da liminar - Irresignaçã o da entidade tributante -
Preenchimento dos requisitos para a concessã o da tutela -
Probabilidade do direito alegado caracterizado pela
documentaçã o coligida, notadamente a declaraçã o de ITR, o
certificado de cadastro de imó vel rural e fotos da propriedade,
de que a destinaçã o do imó vel é eminentemente rural - Risco
de dano caracterizado na inscriçã o do débito em Dívida Ativa e
na existência de execuçã o fiscal em curso - Manutençã o do
deferimento da tutela, nos termos dos artigos 300, "caput", do
CPC e 151, V, do CTN - Decisã o mantida - Agravo desprovido.
(TJ-SP - AI: 20677505320218260000 SP 2067750-
53.2021.8.26.0000, Relator: Silva Russo, Data de Julgamento:
12/05/2021, 15ª Câ mara de Direito Pú blico, Data de
Publicaçã o: 12/05/2021)

Diante de tal situaçã o, nã o restou outra alternativa senã o buscar a tutela


jurisdicional afim de anular o crédito tributá rio indevido.

4.2_ DO DANO MORAL

Ficou claro com a narrativa dos fatos e com a fundamentaçã o legal acima
que houve um dano moral sofrido por parte da autora, vejamos o que diz a
Constituiçã o Federal em seu artigo 5º sobre esse instituto:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenizaçã o por dano material, moral ou à imagem;
 X – sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizaçã o pelo
dano material ou moral decorrente de sua violaçã o.

Portanto houve um dano decorrente da violaçã o do município, a autora teve seu


nome inscrito no cadastro Nacional de Inadimplentes, o que gerou um constrangimento de
dano à execuçã o do seu trabalho, visto que lhe foi negado um empréstimo imprescindível para
manter a continuidade de suas funçõ es.
O có digo Civil enfatiza a necessidade da reparaçã o quando sofrido o dano moral:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará -lo.
Parágrafo único. Haverá obrigaçã o de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

A jurisprudência é bem acertiva e tem decisã o favorá vel à concessã o do


dano moral quando feita cobrança indevida de tributo, vejamos:

EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O
ORDINÁ RIA - IPTU - PROTESTO INDEVIDO - DANO MORAL - IN
RE IPSA- SENTENÇA MANTIDA.
A cobrança indevida de IPTU e o subsequente protesto do
título, ainda que por equívoco da Administraçã o na
identificaçã o do proprietá rio do imó vel, enseja a condenaçã o
por danos morais, especialmente quando o ofendido teve
credito negado, a configurar-se por presunçã o, consoante
entendimento do Superior Tribunal de Justiça.

Diante de todo o exposto, fica nítido a obrigaçã o do município em


compensar o dano sofrido pela parte autora.
5_DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
5.1_ DA TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDENCIA

Nos termos do artigo 311 do CPC, a tutela da evidência será concedida,


independentemente da demonstraçã o de perigo de dano ou de risco ao resultado
ú til do processo, quando:
IV - a petiçã o inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu nã o oponha prova capaz de gerar
dú vida razoá vel.
No presente caso, há provas suficientes e irrefutá veis de que há ilegalidade
no ato administrativo, com julgados repetitivos enfatizando o direito da autora.
A tutela provisó ria de evidencia se faz necessá ria afim de suspender a
exigibilidade do crédito tributário nos termos do artigo 151 inciso V do CTN,
pois tal inciso diz que “a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em
outras espécies de ação judicial”. Caso isso nã o aconteça, acarretará em grandes
danos para a parte requerente.

6_ DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

a) A concessã o do benefício da justiça gratuita, por ser a autora pobre no sentido


legal, conforme os preceitos do Artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal e Art. 98
do Có digo de Processo Civil;

b) Pede que seja concedida a tutela provisó ria antecipada de evidencia com vistas a
suspender a exigibilidade do crédito tributá rio e da multa de ofício, no modo do
inciso V do art. 151 do CTN.

c) Requer que seja citada a ré, na pessoa de seu representante legal, para,
querendo, oferecer resposta à demanda anulató ria fiscal em tempo há bil, a teor do
art. 355 do CPC, sob pena de revelia; desde já manifestando o desinteresse em
realizar a audiência de conciliação/mediação, nos termos do artigo 319, VII do
CPC.

d) A procedência dos pedidos, para anular o crédito tributá rio eivado de


ilegalidade;

e) Que seja concedido liminarmente os danos morais no valor de 10.000 reais (dez
mil reais) conforme artigo 5º, V e X da CF e 927 do CC;
f) Requer a retirado o nome da autora do Cadastro Nacional de Inadimplentes-
CADIN em sede de liminar;

g) Pede a condenaçã o da ré no pagamento de custas e honorá rios de sucumbência


nos termos do artigo 85, pará grafo III do Có digo de Processo Civil;

i) Protesta provar o alegado mediante todos os meios probató rios admitidos em


Direito, especialmente documental e testemunhal.

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.904.127,59 (um milhã o, novecentos e quatro mil,


cento e vinte e sete reais e cinquenta e nove centavos)

Termos em que pede deferimento.

Sã o Luís/ data

Advogado_OAB/Nº

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