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AO JUÍZO DA 1º VARA DA COMARCA Y

SORAIA, já devidamente qualificada nos autos do processo, vem, por meio de seu
procurador jurídico interpor o presente recurso de apelaçã o com base no artigo 1009, CPC,
em desfavor da sentença proferida por este juízo em processo que litiga contra a empresa
ELETRÔ NICOS S.A. de acordo com a fundamentaçã o a seguir exposta.
Desta feita requer a Vossa Excelência que intime a parte ex adversa para, querendo,
apresentar contrarrazõ es no prazo legal e, ato continuo, seja remetido o processo ao E.
Tribunal de Justiça independentemente de juízo de admissibilidade.
Termos que espera deferimento.
Local, data.
Advogado / OAB

EGRÉ GIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ______


APELANTE: Soraia
APELADO: Eletrô nicos S.A.
1. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
A apelante esta interpondo o seguinte recurso para reformar sentença ora proferida pelo
juízo a quo. De acordo com o artigo 1009/CPC, o recurso cabível da sentença é a apelaçã o,
tendo-se, portanto, cabível este apelo.
Ademais, o prazo para interposiçã o deste recurso é de 15 dias uteis, mostrando-se,
portanto, tempestiva a presente apelaçã o.
Tem-se, ainda, que está devidamente recolhido o preparo recursal, com o pagamento das
custas judiciais cabíveis.
2. RESUMO FÁ TICO
A apelante ingressou com a açã o de danos morais e estéticos contra a apelada pelo fato de
produto. Apresentada a documentaçã o cabível, o juiz intimou-a para contestar e, ato
continuo, julgou antecipadamente o mérito do processo, nã o deferindo os pedidos autorais.
Contra a sentença interpõ e-se a presente apelaçã o.
3. RAZÕ ES DA APELAÇÃ O
3.1 CONFIGURAÇÃ O DA RELAÇÃ O DE CONSUMO – PREVISÃ O DO ARTIGO 2º, CDC.
A apelante enquanto usuá ria final do produto, é considerada consumidora, de acordo com o
artigo 2º, do CDC, in verbis.
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
Este dispositivo legal adota a chamada “teoria finalista” de consumidor, entendendo
enquadrar-se como consumidor nã o só aquele que adquire o produto, mas aquele que
utiliza, enquanto usuá rio “final”. Dessa forma, apesar de nã o ter comprado o produto
diretamente, é inegá vel que a usa enquanto usuá ria e, desta forma, é tratada como
consumidora para todos os fins legais.
3.2 CONFIGURAÇÃ O DO FATO DO PRODUTO.
De acordo com o artigo 12, § 1º, inciso II, do CDC, in verbis:
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
Ademais, nã o se espera que um aparelho de televisã o exploda, com isso se caracteriza o
fato do produto, que também corre quando houver danos corporais, estéticos ou morais ao
consumidor. Há , portanto, uma “projeçã o externa” de produto/serviço, causando danos
diretos ao usuá rio final.
No presente caso, o televisor explodiu, causando a perda da visã o à consumidora,
caracterizando por tanto, o fato do produto.
3.3 INEXISTÊ NCIA DA PRESCRIÇÃ O – FATO IMPEDITIVO – PRESCRIÇÃ O QUINQUENAL.
O Có digo Civil dispõ e em seu artigo 198, inciso I, que nã o corre prescriçã o contra
absolutamente incapazes, in verbis:
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
No caso concreto, na data do ocorrido a apelante tinha apenas 11 (onze) anos de idade,
sendo, portanto, considerada incapaz pelo Có digo Civil. Dessa forma, só se começa a contar
o prazo prescricional no momento em que a apelante completa seus 16 (dezesseis) anos de
idade, alcançando com isso sua capacidade relativa, ou seja, 5 (cinco) anos apó s o ocorrido.
Assim, entre a data descrita e o ajuizamento, se passaram apenas 2 (dois) anos, nã o
correndo, portanto, a prescriçã o.
Ademais, de acordo com a teoria do dialogo das fontes e da aplicaçã o da lei especial, tem-se
que o prazo prescricional é aquele previsto no CDC, por tanto sã o de 5 (cinco) anos, e nã o a
regra geral do Có digo Civil.
3.4 APLICAÇÕ ES DA TEORIA DA CAUSA MADURA – NECESSÁ RIA A REFORMA DA
SENTENÇA – INVERSÃ O DO Ô NUS DA PROVA.
De acordo com o disposto no artigo 1013, § 3º do CPC, in verbis:
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde
logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
O tribunal poderá julgar imediatamente a apelaçã o que estiver pronta para ser julgada, nã o
necessitando de maiores provas. No presente caso, a apelante comprovou suficientemente
o fato do produto e os danos causados, enquanto a fornecedora dispensou a produçã o
probató ria. Assim incide a presunçã o de veracidade dos fatos alegados, ante a inversã o do
ô nus probató rio, considerado direito subjetivo do consumidor pelo CDC.
Postula, portanto, que seja reformada a sentença, julgando procedentes os pedidos
autorais.
3.5 POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃ O DOS DANOS MORAIS E DANOS ESTÉ TICOS.
De acordo com a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Mato Grosso TJ-MT - Apelaçã o:
APL 0002453-55.2009.8.11.0006 MT, Processo APL 0002453-55.2009.8.11.0006 MT;
Ó rgã o Julgador: PRIMEIRA CÂ MARA DE DIREITO PRIVADO; Publicaçã o: 25/11/2015;
Julgamento: 17 de Novembro de 2015; Relator: SEBASTIÃ O BARBOSA FARIAS, sã o
cumulá veis os danos morais e estéticos decorrentes do mesmo fato, nã o havendo, por
tanto, discussã o acerca da matéria.
Tem-se que danos morais sã o aqueles que atentam contra a dignidade e/ou personalidade
do indivíduo. Considerando que o fato produto, ora sujeito a recurso, causou perda da visã o
da apelante, tem-se o dano moral em re ipsa, nã o necessitando, portanto, da comprovaçã o
de “extrema dor, angustia ou humilhaçã o” da vítima.
Ademais, a perda do olho da apelante causou uma deformidade em seu rosto, um aleijã o
que causa repulsa a quem o ver, caracterizando, portanto, dano estético a apelante.
4. PEDIDOS.
Ante o exposto, requer:
4.1 Admitida a apelaçã o, uma vez que estã o presentes os pressupostos de admissibilidade;
4.2 Que seja reformada a sentença ora proferida pelo juízo a quo e que seja julgado
imediatamente o mérito, por estarem presente os requisitos legais para tanto, dando
provimento à apelaçã o e aos pedidos autorais;
4.3 Que seja condenada a parte ex adversa ao pagamento de honorá rios sucumbenciais nos
limites legais.
Termos em que espera deferimento.
Local, Data
Advogado / OAB

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