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EXº (A) SR. (A) DR.

(A) JUIZ (ÍZA) DA VARA DO SISTEMA DE


JUIZADOS ESPECIAIS DE CONSUMO DA COMARCA DE CAMAÇARI-
BA.

(nome completo em negrito do reclamante), … (nacionalidade), … (estado civil), …


(profissão), portador do CPF/MF nº …, com Documento de Identidade de n° …,
residente e domiciliado na Rua …, n. …, … (bairro), CEP: …, … (Município – UF), vem
respeitosamente perante a Vossa Excelência propor: Ação de:

Ação de obrigação de fazer - corte indevido de energia - tutela


antecipada - dano moral - pessoa idosa

Em face de:

Coelba Pessoa jurídica de direito privado…, inscrita sob o CNPJ nº …, com a sua
Matriz localizada na Rua…, Cep nº…, na cidade de …, no Estado de…, pelos motivos
de fato e de direito a seguir expostos:

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO, conforme previsão no ESTATUTO DO IDOSO


– Lei 10.741/03 - O autor nascido em xx/xx/xxxx ( x anos de idade) e acometido de
vários problemas de saúde como Diabetes e pressão alta.

PRELIMINARMENTE:

I – DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
O Código de Processo Civil autoriza o juiz conceder a tutela de urgência quando
presentes a “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo”, conforme art. 300 da Lei 13.105/2015.

No presente caso, estão presentes os requisitos e pressupostos para a concessão da


tutela requerida, existindo verossimilhança das alegações, que se vislumbra
cabalmente, nesta lide, através do extrato de pagamento de todas as contas de
energia, que prova não haver motivo para que esta se encontre desligada, no imóvel do
Autor.

E o periculum in mora, a qual está patente, pela exposição fática acima apresentada,
que dão conta, notadamente, da essencialidade do serviço, o que proíbe a interrupção
abrupta e injusta.

II - DA JUSTIÇA GRATUITA

O artigo 5, LXXIV, da Constituição Federal estabelece que “o Estado prestará


assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”,
dessa forma, a justiça gratuita é um benefício destinado a todos que não possuem
recursos financeiros para arcar com as custas processuais, sem afetar o seu sustento
próprio e o de sua família. Desta forma, requer a V. Exª que a concessão da justiça
gratuita seja deferida a seu favor, com fulcro no artigo 98 do Código de Processo Civil.

III - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Como o requerente não dispõe de recursos suficientes para produzir provas e é uma
figura hipossuficiente em relação a Ré, requer que Vossa Excelência determine a
inversão do ônus da prova, conforme previsão do art. 6º, VIII, do CDC:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da


prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;”

Em virtude da situação de hipossuficiência do autor requer que seja determinada a


inversão do ônus da prova. E assim que a empresa Ré (que figura do polo passivo da
presente demanda) possa justificar e provar o contrário em relação as afirmações do
autor aqui alegadas.

DOS FATOS

Seu Júlio é usuário dos serviços de eletricidade sob a unidade consumidora XX, no
endereço acima citado onde possui residência.

No dia XX/XX/XXXX Seu Júlio que é um homem idoso e obteve residência num
prédio que é considerado abandonado, prédio este que não há instalação da COELBA
(energia elétrica) Contudo, seu Júlio sendo muito correto, podendo assim realizar uma
ligação clandestina preferiu não o fazer, acionou a COELBA por diversas vezes para
realizarem a ligação de energia.

A COELBA até foi no local, mas falaram que não poderiam fazer a ligação em
virtude do padrão lá ser 220, o que obrigou seu Júlio aguardar anciosamente para
desfrutar deste básico conforto, tempo depois a COELBA começou a fazer as
ligações naquela região, a vizinha de seu Júlio sabendo que ele estava ansioso para
fazer sua ligação o comunicou e esse imediatamente pediu que fizesse sua ligação e
assim foi feito.

Seu Júlio muito correto sempre pagou suas contas de forma obsequiosa e
pontual, no entanto, foi surpreendido quando do nada cortam sua energia sem
qualquer aviso (como prevê a legislação) e ainda aplicaram-lhe uma multa de forma
errônea e cruel, seu Júlio é idoso, possui diabete, pressão alta e outras comorbidades
de modo que o corte na energia tem afetado muito sua vida e trazido transtornos e
desconfortos além do que se pode suportar em sua idade e seu estado de saúde
atual.

É imperioso Excelência ressaltar aqui que seu Júlio não possui nenhum débito em
aberto com a demandante, o que demonstra um erro grotesco ao interromper o
fornecimento do autor, senão um total descaso a dignidade da pessoa humana, seja
como for, tal medida adotada de forma errônea pela demandada, tem causado
sofrimento e males nefandos ao autor.

DO DIREITO

I – DA ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO

O fornecimento de energia elétrica deve ser contínuo, não cabendo interrupção por
inadimplemento. Assim tem entendido o Conspícuo Superior Tribunal de Justiça:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. ENERGIA


ELÉTRICA. RGE. EXTENSÃO DA REDE. ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO. MULTA DIÁRIA.
Correta a antecipação de tutela, no que tange à instalação de energia elétrica na residência do
autor, tendo em vista a essencialidade do bem de consumo em apreço, do qual não pode
prescindir o cidadão. Caso em que as justificativas do agravante não se mostram plausíveis,
uma vez que não comprovada a impossibilidade de realização da obra de extensão de rede
elétrica na residência do autor, impõe-se a manutenção da bem lançada decisão pelo juízo a
quo. Cabível a fixação de multa diária na hipótese de descumprimento de decisão judicial, nos
termos do que dispõe o art. 461, § 5º, do CPC, observada a redação da Lei n.º 10.444/02. Não
houve fixação de multa diária, de forma que não há que se falar em limitação desta neste
momento, carecendo a agravante de interesse recursal neste ponto. NEGADO PROVIMENTO
AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME.” (Agravo de Instrumento Nº 70067530477,
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Barcelos de Souza Junior,
Julgado em 24/02/2016).

Na mesma linha: (TJ-RS – AI: 70067530477 RS, Relator: João Barcelos de Souza Junior, Data de
Julgamento: 24/02/2016, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
02/03/2016).

II – DO DANO MORAL

O dano moral foi inserido em nossa Carta Magna no art. 5º, inc. X, da Constituição de
1998:
Art. 5º. “[…]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano moral ou material decorrente dessa
violação.”
Seguindo a mesma linha de pensamento do legislador constituinte, o legislador
ordinário assim dispôs sobre a possibilidade jurídica da indenização pelos danos
morais, prescrevendo no art. 6º, VI, da Lei 8.078/90:
Art. 6º. “São direitos básicos do consumidor:
[…]
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos.”

SAVATIER define o dano moral como:


“Qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária,
abrangendo todo o atentado à reputação da vítima, à sua autoridade legitima, ao seu
pudor, a sua segurança e tranquilidade, ao seu amor próprio estético, à integridade de
sua inteligência, as suas afeições, etc.” (Traité de La ResponsabilitéCivile, vol. II, nº
525, in Caio Mario da Silva Pereira, Responsabilidade Civil, Editora Forense, RJ, 1989).

Quando se pleiteia uma ação visando uma indenização pelos danos morais sofridos,
não se busca um valor pecuniário pela dor sofrida, mais sim um lenitivo que atenue, em
parte, as consequências do prejuízo sofrido. Visa-se, também, com a reparação
pecuniária de um dano moral imposta ao culpado representar uma sanção justa para o
causador do dano moral.

A ilustre civilista Maria Helena Diniz, já preceitua:


“Não se trata, como vimos, de uma indenização de sua dor, da perda sua
tranquilidade ou prazer de viver, mas de uma compensação pelo dano e injustiça
que sofreu, suscetível de proporcionar uma vantagem ao ofendido, pois ele
poderá, com a soma de dinheiro recebida, procurar atender às satisfações
materiais ou ideais que repute convenientes, atenuando assim, em parte seu
sofrimento.

A reparação do dano moral cumpre, portanto, UMA FUNÇÃO DE JUSTIVA


CORRETIVA ou sinalagmática, por conjugar, de uma só vez, a natureza satisfatória da
indenização do dano moral para o lesado, tendo em vista o bem jurídico danificado, sua
posição social, a repercussão do agravo em sua vida privada e social e a natureza
penal da reparação para o causador do dano, atendendo a sua situação econômica, a
sua intenção de lesar, a sua imputabilidade, etc.”(DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito
Civil Brasileiro. 13. Ed. São Paulo: Saraiva, 1999, v.2).

A tormenta maior que cerca o dano moral, diz respeito a sua quantificação, pois o dano
moral atinge o intimo da pessoa, de forma que o seu arbitramento não depende de
prova de prejuízo de ordem material.

Evidentemente o resultado final também leva em consideração as possibilidades e


necessidades das partes de modo que não seja insignificante, a estimular a prática do
ato ilícito, nem tão elevado que cause o enriquecimento indevido da vítima.

DOS PEDIDOS

Isto posto, requer:

a) Que seja deferida em caráter de urgência a Tutela requerida já que preenche todos
os requisitos exigidos, conforme art. 300 da Lei 13.105/2015.

b) A concessão da gratuidade de Justiça, nos termos do artigo 98 do Código de


Processo Civil.

c) Que a RÉ seja citada, com as advertências normativas, para se for o caso, oferecer
resposta no prazo legal, sob pena de revelia;

d) A inversão do ônus da prova, sem prejuízo da produção de todos os meios em direito


admitidos, em especial, prova testemunhal, documental, pericial e o depoimento
pessoal do representante da RÉ, sob pena de confissão.

e) Seja condenada as RÉ a pagar, a título de indenização por dano moral pela situação
de grande sofrimento suportado pelo autor, em toda situação vexatória que este foi
submetido, além de ter que suportar todos os agravos de uma residência sem energia
elétrica.
VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$................

Nestes termos, pede deferimento.

Local / data:

Advogado / Oab:

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