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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA SÃO PAULO – SP

(NOME DO CONSUMIDOR ORA DEMANDANTE), (nacionalidade), (estado civil),


(profissão), RG XXXXXXX/UF, CPF XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na
Rua (endereço completo), Telefone/WhatsApp: (XX) 9-XXXX-XXXX, e-mail (correio
eletrônico), vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência ajuizar a
presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face da ENEL BRASIL S/A (Enel Distribuição São Paulo) pessoa jurídica de direito
privado, CNPJ 07.523.555/0001-67, com sede na Avenida das Nações Unidas, 14401,
Conjunto 1 ao 4, Torre B1, 17º ao 23º andar, Vila Gertrudes, São Paulo, SP, CEP
04794000, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.

PRELIMINARMENTE:

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

Requer a parte Autora o benefício da gratuidade de justiça, nos termos da Legislação


Pátria, inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista ser a Autora
impossibilitada de arcar com as despesas processuais sem prejuízo próprio e de sua
família, conforme afirmação de hipossuficiência em anexo.

Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela


Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (Código de Processo
Civil – CPC), artigo 98 e seguintes.

II – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

Inicialmente verificamos que o presente caso trata-se de relação de consumo, sendo


amparada pela lei 8.078/90, que trata especificamente das questões em que
fornecedores e consumidores integram a relação jurídica, principalmente no que
concerne a matéria probatória.
Tal legislação, faculta ao magistrado determinar a inversão do ônus da prova em favor
do consumidor conforme seu artigo 6º, VIII:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[…]

VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da


prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência” (grifamos).

Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço, ter o
legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de,
presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for
hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.

Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência da parte


autora para o deferimento da inversão do ônus da prova no presente caso, dá-se
como certo seu deferimento.

DOS FATOS

O autor é usuário dos serviços de eletricidade sob a unidade consumidora xxxxx, no


endereço acima citado onde possui residência.

No dia (dia) de (mês) de 20XX, uma quarta-feira, a Parte Autora saiu para trabalhar às
08h30 da manhã, como de costume. Quando retornou para sua casa, depois de um
dia cansativo, na expectativa de repousar no conforto de seu lar, percebeu que a luz e
nenhum dos eletrodomésticos estavam ligando.

MENCIONE OS FATOS E OS TRANSTORNOS OCORRIDOS

XXXX

XXXX

XXXXX

XXXX

Não cansamos de frisar que, em nenhum momento, a parte autora deu causa a
mencionada interrupção, estando com todas as suas contas de luz pagas em dia.
Insta salientar que a interrupção do fornecimento, além dos inconvenientes, gera
prejuízos morais e materiais, como narrado até então.

Cabe salientar aqui que, de acordo com a Resolução Normativa Nº 414, de 9 de


setembro de 2010 da ANAEEL – Agência Nacional De Energia Elétrica, a religação em
caráter de urgência deve ocorrer em ATÉ quatro (04) horas a partir da solicitação,
conforme abaixo:

Resolução Normativa nº. 417/10

“Art. 176. A distribuidora deve restabelecer o fornecimento nos seguintes prazos,


contados ininterruptamente:

[…]

III – 4 (quatro) horas, para religação de urgência de unidade consumidora localizada


em área urbana

A lei nº 7.783/89 define o fornecimento de energia como serviço essencial e o CDC


(Código de Defesa do Consumidor), no seu artigo 22, afirma que os serviços
essenciais devem ser contínuos.

Quem tem o fornecimento de energia elétrica suspenso experiementa, sem dúvida,


dano moral, inclusive, o Superior Tribunal de Justiça reconhece que o corte do
fornecimento de energia elétrica fere a dignidade da pessoa humana. Não obstante, o
corte é admitido em hipóteses excepcionais para garantir a estabilidade do sistema,
porque configura forma indireta de compelir os devedores a pagar, caso este que, não
se adequa ao processo em tela.

O corte do fornecimento de energia, ainda que ocorra por poucas horas, enseja a
reparação do dano moral. Já decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo que:

“O fato de se cuidar de episódio que durou poucas horas não indica que se deva tê-lo
por transtorno comum impassível de indenização. Na situação, o prejuízo moral é
presumível; decorre do senso comum de justiça”, (Apelação nº 980.597-0/6, 36ª
Câmara, Rel. Des. Dyrceu Cintra.)

Assim, diante do DESREIPEITO, DESCASO e abalos morais por ficar MAIS DE


SETENTA E DUAS HORAS sem energia elétrica em sua residência, estando com
TODAS as contas referente ao serviço devidamente pagas e do abalo financeiro que,
devido a demora na prestação do serviço, vivenciou com a perda dos alimentos em
sua geladeira, não restou alternativa senão buscar a tutela jurisdicional do Estado,
para ser ressarcida de forma pecuniária pelos danos morais e materiais sofridos.

DA ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO

O fornecimento de energia elétrica deve ser contínuo, não cabendo interrupção por
inadimplemento. Assim tem entendido o Conspícuo Superior Tribunal de Justiça (STJ):
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. ENERGIA
ELÉTRICA. RGE. EXTENSÃO DA REDE. ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO. MULTA
DIÁRIA. Correta a antecipação de tutela, no que tange à instalação de energia elétrica
na residência do autor, tendo em vista a essencialidade do bem de consumo em
apreço, do qual não pode prescindir o cidadão. Caso em que as justificativas do
agravante não se mostram plausíveis, uma vez que não comprovada a impossibilidade
de realização da obra de extensão de rede elétrica na residência do autor, impõe-se a
manutenção da bem lançada decisão pelo juízo a quo. Cabível a fixação de multa
diária na hipótese de descumprimento de decisão judicial, nos termos do que dispõe o
art. 461, § 5º, do CPC, observada a redação da Lei n.º 10.444/02. Não houve fixação
de multa diária, de forma que não há que se falar em limitação desta neste momento,
carecendo a agravante de interesse recursal neste ponto. NEGADO PROVIMENTO
AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº
70067530477, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João
Barcelos de Souza Junior, Julgado em 24/02/2016).

(TJ-RS – AI: 70067530477 RS, Relator: João Barcelos de Souza Junior, Data de
Julgamento: 24/02/2016, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 02/03/2016)”

DO DANO MORAL:

O dano moral foi inserido em nossa carta magna no art. 5º, inc. X, da Constituição de
1998:

“Art. 05º…

X são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano moral ou material decorrente dessa
violação…”

Seguindo a mesma linha de pensamento do legislador constituinte, o legislador


ordinário assim dispôs sobre a possibilidade jurídica da indenização pelos danos
morais, prescrevendo no art. 6º, VI, da Lei 8.078/90:

“Art. 6º – São direitos básicos do consumidor: (…) VI – a efetiva prevenção e


reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos; “

SAVATIER define o dano moral como:

“Qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária,
abrangendo todo o atentado à reputação da vítima, à sua autoridade legitima, ao seu
pudor, a sua segurança e tranquilidade, ao seu amor próprio estético, à integridade de
sua inteligência, as suas afeições, etc…” (Traité de La ResponsabilitéCivile, vol. II, nº
525, in Caio Mario da Silva Pereira, Responsabilidade Civil, Editora Forense, RJ,
1989).

Quando se pleiteia uma ação visando uma indenização pelos danos morais sofridos,
não se busca um valor pecuniário pela dor sofrida, mais sim um lenitivo que atenue,
em parte, as consequências do prejuízo sofrido. Visa-se, também, com a reparação
pecuniária de um dano moral imposta ao culpado representar uma sanção justa para o
causador do dano moral. A ilustre civilista Maria Helena Diniz, já preceitua:

“Não se trata, como vimos, de uma indenização de sua dor, da perda sua tranquilidade
ou prazer de viver, mas de uma compensação pelo dano e injustiça que sofreu,
suscetível de proporcionar uma vantagem ao ofendido, pois ele poderá, com a soma
de dinheiro recebida, procurar atender às satisfações materiais ou ideais que repute
convenientes, atenuando assim, em parte seu sofrimento

A reparação do dano moral cumpre, portanto, UMA FUNÇÃO DE JUSTIVA


CORRETIVA ou sinalagmática, por conjugar, de uma só vez, a natureza satisfatória da
indenização do dano moral para o lesado, tendo em vista o bem jurídico danificado,
sua posição social, a repercussão do agravo em sua vida privada e social e a natureza
penal da reparação para o causador do dano, atendendo a sua situação econômica, a
sua intenção de lesar, a sua imputabilidade etc…”(DINIZ, Maria Helena. Curso de
Direito Civil Brasileiro. 13. Ed. São Paulo: Saraiva, 1999, v.2)

A tormenta maior que cerca o dano moral, diz respeito a sua quantificação, pois o
dano moral atinge o intimo da pessoa, de forma que o seu arbitramento não depende
de prova de prejuízo de ordem material.

Evidentemente o resultado final também leva em consideração as possibilidades e


necessidades das partes de modo que não seja insignificante, a estimular a prática do
ato ilícito, nem tão elevado que cause o enriquecimento indevido da vítima.

O dano moral sofrido pelo Autor ficou claramente demonstrado, vez que a ligação de
energia do seu imóvel se encontrava desligada por MAIS DE SETENTA E DUAS
HORAS, tendo o autor ficado isolado em seu apartamento, em um calor de
aproximadamente trinta graus, vendo seus alimentos putrefarem em sua geladeira,
sem nada poder fazer e por um motivo alheio a sua conduta.

DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS

ANTE O EXPOSTO, requer e pede a Vossa Excelência que seja julgada

TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, com:

a). A inversão do ônus da prova, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor –


CDC;

b). A citação da empresa Ré para comparecer a audiência de conciliação a ser


marcada, podendo esta ser convolada em audiência de instrução e julgamento nos
termos da Lei 9.099/95, sob pena de revelia e confissão;

c). Que a empresa RÉ seja condenada ao pagamento a título de DANOS MORAIS no


valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
especialmente depoimento pessoal do representante legal da reclamada e juntada de
documentos.

Dá à causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Nestes termos,

Pede e Espera Deferimento.

São Paulo/SP, 08 de novembro de 2023

https://www.tjsp.jus.br/PeticionamentoJEC/PeticionamentoJEC/Pedido

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