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AÇÃO DE COBRANÇA
Considerando se tratar de ação judicial em face de ente público e que eventual proposta de
acordo depende de prévia autorização legislativa, os autores optam pela não realização de
audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), diante da impossibilidade de autocomposição,
hipótese prevista no art. 334, § 4º, inc. II, do Código de Processo Civil.
Os Autores são servidores públicos efetivos e estáveis do município réu e exercem a função de
Agente Comunitários de Saúde (ACS), lotados na Secretaria Municipal de Saúde, exercendo
suas funções junto a Atenção Básica do município.
Os Autores recebem 20% a título de adicional de insalubridade, adicional este calculado sobre
o SALÁRIO MÍNIMO, e não sobre o salário-base.
Ocorre que, a legislação federal, especificamente a Lei nº 11.350, de 05 de outubro de 2006,
assegura aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate a Endemias (ACE) a
percepção de adicional de insalubridade, calculado sobre o salário-base, e não sobre o salário
mínimo, vejamos:
“Art. 9º-A. O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o
vencimento inicial das Carreiras de Agente Comunitário de Saúde e de
Agente de Combate às Endemias para a jornada de 40 (quarenta) horas
semanais. (Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014).
[...]
III. NO MÉRITO
Como dito anteriormente, os autores são Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e no exercício
do seu mister, tem garantia na legislação federal de receberem o adicional de insalubridade, o
que de fato ocorre.
A Constituição Federal Brasileira, em seu art. 7º, inc. XXIII garante a todos os trabalhadores
urbanos e rurais, adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas:
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
[...]
A Lei Federal nº 11.350, de 05 de outubro de 2006, reitera a garantia do ACS e ACE ao direito a
insalubridade:
“Art. 9º-A. O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o
vencimento inicial das Carreiras de Agente Comunitário de Saúde e de
Agente de Combate às Endemias para a jornada de 40 (quarenta) horas
semanais. (Incluído pela Lei nº 12.994, de 2014).
[...]
§ 3º O exercício de trabalho de forma habitual e permanente em
condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo
órgão competente do Poder Executivo federal, assegura aos agentes de
que trata esta Lei a percepção de adicional de insalubridade, calculado
sobre o seu vencimento ou salário-base: (Incluído pela Lei nº 13.342,
de 2016)”
A súmula proíbe o uso do salário mínimo como indexador para cálculos de vantagens,
benefícios ou remuneração de servidores públicos ou empregados. Isso significa que o salário
mínimo não deve ser utilizado como referência para calcular outros valores, como por
exemplo, um adicional ou uma gratificação.
Por oportuno, vê-se que a administração municipal de ..., aqui demandada, vem cumprindo o
que dispõe a Carta Magna e a Legislação Federal, no entanto, vem fazendo o pagamento de
forma equivocada, valendo-se do que dispõe a Consolidação das Leis Trabalhistas,
especificamente em seu art. 192:
“Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e
10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo”
Ocorre que, os Autores são servidores públicos. Os servidores públicos são regidos pelo
regime estatutário, em oposição à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), devido às
características especiais e à natureza do trabalho que desempenham no setor público.
O trato com a res publica exige respeito por parte de toda a Administração, em
quaisquer dos níveis da Federação. Os agentes públicos de forma geral não têm a liberdade
que o princípio da legalidade conferiu aos particulares, devendo a sua conduta, além de ser
pautada em lei, ser respeitadora dos diversos princípios que regem as atividades
administrativas. Desta feita, então, o princípio da legalidade tem um campo de aplicação
diversificado a depender do seu destinatário. Ora confere liberdade ao particular, onde este
poderá fazer tudo o que a lei não proibir, ora confere limitação à atuação administrativa, visto
que a Administração Pública está sujeita durante toda a sua atuação funcional aos ditames da
lei, como já dito. Traduz-se essa liberdade x limitação da seguinte forma: para os particulares
vigora a legalidade ampla, mas para a Administração vigora a legalidade estrita.
Portanto, é imprescindível que a Administração Pública atue dentro dos limites legais,
respeitando os direitos e garantias dos cidadãos e servidores, e cumprindo seu papel
fundamental de promover o bem-estar da sociedade.
Tabela dos valores devidos e não pagos aos Agentes Comunitários de Saúde:
NOME DO 2019 2020 2021 2022 2023
SERVIDOR
R$ R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$ R$
R$ R$ R$ R$ R$
Quanto à correção monetária, necessário se faz corrigir cada parcela, a contar do seu
respectivo vencimento, momento da lesão ao direito dos Autores, tendo como parâmetro o
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o que desde já requer.
V. DOS PEDIDOS
a) A citação do Município réu para contestar a ação, sob pena dos efeitos da revelia;
b.2) efetuar o pagamento das parcelas retroativas imprescritas, bem como das
vincendas no decorrer de toda a demanda judicial, aos Autores da presente demanda,
nos valores individualizados a serem apurados em liquidação de sentença, todas
acrescidas de juros e correção monetária;
d) A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita aos autores nos termos
da declaração em anexo;
Termos em que,
OAB/SC nº...