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DE SÃO PAULO – SP
Fernanda, brasileira, servidora pública, XXXX, XXX, e-mail: X XXX, portadora da carteira de
Identidade nº XXXXX, expedida pelo SSP-SP, inscrita no CPF nº XXXXX, residente e domiciliada
na XXXXXXXXXX São Paulo, CEP: XXXX , por meio de seu advogado ora intermediado por seu
patrono ao final firmado – instrumento procuratório acostado, esse com endereço eletrônico e
profissional inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no Art. 287
do Código de Processo Civil, indica-o para as intimações que se fizerem necessárias, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento Art. 5º XXXII da
Constituição Federal, Lei nº 8.078/90 e demais dispositivos legais aplicáveis, ajuizar a presente:
Em face do BANCO ITUBANK CNPJ XXXXX, BANCO NESCO CNPJ XXXXX e FINANCEIRA BOA
GRANA, pelos motivos abaixo aduzidos:
Inicialmente verifica-se que o presente caso se trata de relação de consumo, sendo amparada
pela lei 8.078/90, que trata especificamente das questões em que fornecedores e
consumidores integram a relação jurídica, principalmente no que concerne a matéria
probatória.
[...]
VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência" (grifamos).
Da simples leitura deste dispositivo legal, constata-se, sem maior esforço, ter o legislador
conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de presentes o requisito da
verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for hipossuficiente, poder inverter o
ônus da prova.
II – JUSTIÇA GRATUITA:
A parte Autora requer desde logo a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, em
consonância ao Princípio do Pleno Acesso à Justiça nos termos do artigo 5º, incisos XXXV e
LXXIV da Constituição Federal Brasileira de 1988, por ser a Autora pobre no sentido jurídico do
termo, com esteio nos artigos Art. 98 e 99 parágrafo 4º do CPC por não gozar de meios
financeiros suficientes a patrocinar a presente demanda, fazendo juntada de declaração de
pobreza.
A autora é cliente dos Bancos, ora Réus e atualmente veem sua família encarar grande
dificuldade financeira neste momento de profundo crise econômica.
Ocorre que a autora não tem por ora, como imaginar mais soluções engenhosas para honrar
tantos compromissos bancários já comprometendo profundamente o sustento da família a
qual é provedora. Insta salientar que os documentos anexos demonstram que a autora possui
os seguintes empréstimos contratados:
1) Junto ao 1º Réu.
Discriminar os empréstimos:
1) Banco Itubank
TOTAL: R$ 700.000.00
2) Junto ao 2º Réu
Discriminar os empréstimos:
TOTAL: R$ 300.000.00
3) Junto ao 3º Réu
Discriminar os empréstimos:
TOTAL: R$ 100.000.00
Dessa forma, constata-se que a autora tem empréstimos com os réus citado na discriminação
acima ,totalizando uma dívida no montante de R$ 1.100.000.00 ( um milhão e sem mil reais)
Outrossim, por mês são descontados, xxxxxx, ou seja, a autora recebe hoje menos de R$ xxxx
líquidos os quais correspondem a 100% (cem por cento) da renda familiar, inviabilizando o
custeio das despesas familiares, violando diversos dispositivos Constitucionais e infra, tal
como: a Dignidade da Pessoa Humana.
Até a propositura desta demanda, a parte autora possui diversas dívidas de consumo, vencidas
e vincendas, as quais deverão ser objeto do plano compulsório de pagamento.
Por oportuno, a parte autora declara que nenhuma dessas dívidas foram contraídas de má-fé
ou mediante fraude. Também não se trata de dívidas oriundas de contratos de aquisição de
produtos ou serviços de luxo de alto valor. Ao contrário, as dívidas foram firmadas com o pleno
propósito de serem adimplidas, todavia houve uma verdadeira situação de
superendividamento ativo inconsciente.
Portanto, a autora é uma pessoa idônea, servidora pública mais de 20 (vinte) anos não
restando outra opção senão requerer uma limitação dos descontos referentes a empréstimos
contratados no patamar de 30% (trinta) por cento de seus rendimentos líquidos.
IV- DO DIREITO
O PRIMEIRO fundamento jurídico para a propositura desta ação encontra-se fulcro na Carta da
Republica, no Art. 1º III:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
Por isso que a Constituição brasileira elenca a dignidade da pessoa humana como valor
supremo, como um dos fundamentos da nossa sociedade. Todos os seres humanos,
independentemente de qualquer condição, devem ser tratados com a respectiva dignidade. É
um atributo que toda pessoa possui. A dignidade da pessoa humana é o núcleo em torno do
qual gravitam todos os outros direitos fundamentais e deve ser analisada a partir da realidade
do ser humano em seu contexto social.
A nova lei traz como princípio a prevenção e tratamento do superendividamento como forma
de evitar a exclusão social do consumidor, bem como a instituição de mecanismos de
prevenção, conciliação, tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de
proteção do consumidor pessoa natural e a preservação de um mínimo existencial. (Art. 4º,
inc. X e Art. 5º, inc. I do CDC).
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
Nos termos do Art. 54-A, § 2º a repactuação prevista na lei se refere às dívidas relacionadas a
quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive
operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada, tendo em vista que
todas as dívidas são de natureza consumerista é totalmente cabível a presente demanda.
Ademais, cumpre enfatizar que a lei prevê a possibilidade de repactuação de dívidas vencidas e
vincendas, ou seja, mesmo que o compromisso ainda não tenha vencido, pode ser incluído no
plano de repactuação, reduzindo o valor da parcela de modo a harmonizar com o
comprometimento máximo da minha renda (30%).
A parte autora possui duas fontes de renda e apesar da renda e patrimônio retratados, a
verdade é que a parte autora acabou por contrair, de plena boa-fé, inúmeras dívidas de
consumo por nunca ter recebido qualquer tipo de educação financeira, assim como porque os
credores deixaram de praticar o crédito responsável, ofertando e fornecendo crédito sem a
devida avaliação da capacidade financeira da parte autora (arts. 6º, XI c/c 54-D, II, CDC), como
será mais bem detalhado no tópico seguinte.
Por oportuno, a parte autora declara que nenhuma dessas dívidas foram contraídas de má-fé
ou mediante fraude. Também não se trata de dívidas oriundas de contratos de aquisição de
produtos ou serviços de luxo de alto valor. Ao contrário, as dívidas foram firmadas com o pleno
propósito de serem adimplidas (§ 3º, do. Art. 54-A, CDC), todavia houve uma verdadeira
situação de superendividamento ativo inconsciente.
Por fim, ressalta-se que o plano de pagamento não poderá ser apresentado neste momento.
Primeiro, porque será necessário que esse Juízo enfrente todas as abusividades contratuais
apontadas nesta petição. Ademais, a parte autora é pessoa hipossuficiente devendo ser
preservado o mínimo existencial conforme explicação abaixo.
Com isso, até que seja editado o regulamento, compreende-se que o melhor caminho é seguir
o precedente do Superior Tribunal de Justiça no qual compreendeu que os descontos devem
se limitar a 30% da remuneração do devedor, porque somente assim é que haverá a
preservação do mínimo existencial e da dignidade da pessoa humana.
Essa limitação é imprescindível para que a parte autora faça frente às suas necessidades vitais
com alimentação, habitação, vestuário, saúde, transporte e higiene, e provados pelos
documentos anexos.
Quando foram ofertados e concedidos empréstimo mediante débito em conta para a parte
autora, esta já possuía empréstimos consignados que tomam todo o limite de margem
consignável de 30% para empréstimo.
Se além do crédito consignado que já possuía, a parte autora também necessitava fazer frente
às suas despesas básicas relacionadas ao seu mínimo existencial, tem-se muito claro que não
houve a mínima avaliação da capacidade de pagamento da parte autora, como também não
houve o seu preciso esclarecimento sobre os riscos do superendividamento.
Com efeito, tem-se que a postura das requeridas foi de encontro com o que preceitua o art.
6º, XI e art. 54-D, II, ambos do CDC:
Aqui a redução deve se dar em grau máximo, preservando-se apenas o principal e a correção
monetária prevista no contrato (§ 4º do art. 104-C, CDC), porque é gravíssima a conduta dos
fornecedores de comprometerem praticamente a integralidade do salário da parte autora com
empréstimos com pagamento em débito conta. Além disso, capacidade financeira da parte
autora impede de realizar o seu mínimo existencial, como já ilustrado nos tópicos anteriores.
De mais a mais, é importante que a redução seja em grau máximo para que se estimule a
adesão à fase repactuação de dívidas amigável. Sem essa medida a fase de repactuação vai ser
solenemente ignorada pelos credores, pois saberão que nada impactará seu crédito se deixar
chegar na fase do plano compulsório.
A revisão dos juros remuneratórios de contratos bancários já foi objeto de recurso especial
repetitivo, onde o Superior Tribunal de Justiça assentou ser possível a revisão do encargo
quando: desvantagem exagerada para o consumidor e houver relação de consumo.
Portanto, o que se vê é a busca pelo enriquecimento sem causa das Demandadas, que se
aproveita da fragilidade dos consumidores para formar contratos com extrema desvantagem
para estes.
Trecho do voto vencedor: “Nesse ponto, importante trazer a lume que o acórdão estadual
determinou a limitação, pois entendeu "verificada a abusividade na exigência de taxas de juros
remuneratórios de 17,46% ao mês e 608,48% ao ano (fls. 81-2), em razão da taxa apurada pelo
BACEN, para o mesmo período e modalidade contratual (Juros rotativos) ser de 14,23% ao mês
e 393,65% ao ano, necessária a limitação, salvo se a taxa contratada for mais favorável ao
consumidor" (fl. 182 e-STJ). Importante atentar que no caso a taxa apurada anualmente
revela-se bem superior a mensal, chegando quase ao dobro da taxa anual média apurado pelo
Banco Central.”
Ora, se nesse caso citado do Tribunal da Cidadania a diferença entre a taxa contratual e a taxa
média do Bacen era de 22,69%, aqui também está justificada a abusividade do ponto de vista
concreto.
Essa abissal diferença é a grande prova da violação dos princípios bases da política nacional da
relação de consumo por parte da Demandada, em especial a boa-fé objetiva e o equilíbrio na
relação entre consumidores e fornecedores (art. 4º, III, CDC).
Dessa forma, deve ser presumido o exagero da cláusula contratual em debate, na forma do §
1º do art. 51 do CDC.
Ora, se tivesse havido o devido respeito aos deveres anexos da boa-fé10e fosse respeitada a
garantia do crédito responsável (art. 6º, XI, CDC) com realização da análise da devida
capacidade de pagamento da parte autora (inciso II do art. 54-D do CPC), certamente ela não
estaria com sua remuneração e mínimo existencial comprometidos como está.
Hoje os empréstimos/financiamentos consignados e os para pagamento em conta corrente
descritos nas tabelas acima consomem mais % da remuneração líquida a parte autora, o que
jamais deveria ser tolerado diante necessária proteção ao “salário” determinada pela
Constituição da Republica (art. 7º, X).
Portanto, há claríssima probabilidade de ser acolhido o pleito futuro de limitação dos valores
que incidem sobre remuneração da parte superendividado.
O segundo requisito, que pode ser sintetizado como sendo perigo da demora, decorre do fato
de que o grau de superendividamento atual da parte autora não lhe permitir fazer frente ao
seu mínimo existencial. Com efeito, não é razoável que se espere até o final tramitar desta
ação para que a dignidade da parte autora seja restabelecida.
A espera neste caso prejudica severamente a parte, porque a falta de renda lhe priva de bens
vitais, tais como: alimentação, saúde, energia, água, vestuário, moradia etc. E isso
compromete a própria sanidade mental do superendividado, o que em muitos casos tem
desaguado no suicídio.
Ainda, é de se considerar como plenamente reversível a medida a ser concedida, haja vista que
a retomada dos pagamentos no valor contratual pode ser feita a qualquer momento.
Dessa forma, é justo que se limite os descontos que atualmente incidem sobre a remuneração
da parte autora, como bem decidiram recentemente o TJDFT11 e o TJRJ, sem que lhe seja
exigido o oferecimento de caução real ou fidejussória, conforme autoriza o § 1º do já citado
artigo 300 do Código de Ritos.
Dessa arte, merece ser concedida a tutela de urgência no caso presente, em relação aos
credores BANCO xxxxx e xxxxxxx , tendo em vista a verossimilhança das alegações, a prova
inequívoca da existência do contrato entre as partes, requer a parte autora, nos termos dos
Arts. 294, 297, 300 e 536 e 537 do Código de Processo Civil, digne-se Vossa Excelência de
antecipar a tutela ora requerida, determinando Liminarmente, Limitar os débitos dos
contratos e mútuo ao teto de 30% sobre os vencimentos líquidos da Requerente, ou seja,
R$XXXXXX (XXXXXXXreais), conforme plano de repactuação de dívida; sob pena de multa diária
de R$500,00 (quinhentos reais);
Sendo assim, tal princípio exige ações capazes de garantir sua eficácia. Melhor dizendo, a
Dignidade da Pessoa Humana, sem garantia, não atinge seu fim.
Restou fartamente demonstrado neste capítulo da petição que a parte autora apresenta um
quadro de dívidas impagável neste momento com a renda e patrimônio que possui, o que
inclusive tem prejudicado absolutamente seu mínimo existencial.
V – DOS PEDIDOS.
a) A inversão do ônus da prova, conforme o Art. 6 VIII do CDC, Art. 373, § 1º, do CPC;
e) No mérito, requer a conversão da tutela provisória em definitiva, por ser questão da mais
pura e lídima Justiça;
f) Designar audiência conciliatória nos termos do Art. 104-A do CDC, com a presença dos
credores Requeridos e que o não comparecimento implique a cominação estipulada no § 2ºdo
artigo o supra;
g) Em relação aos credores B e B , seja suspensa a exigibilidade dos seus créditos, proibindo-se
a cobrança a realização de qualquer tipo de cobrança (extrajudicial ou judicial) do crédito,
como também seja interrompida a aplicação de encargos moratórios desde a audiência
conciliatória;
h) A citação e intimação das partes demandadas, por meio do eletrônico (art. 246, CPC), para
apresentar defesa, na forma do § 2º do art. 104B, do CDC;
V – DAS PROVAS.
A parte autora pretende provar todos os fatos acima alegados por meio da apresentação de
documentos, depoimento pessoal do réu e oitiva de testemunhas.
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (Um mil reais), para fins fiscais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
OAB/(RJ) XXXXX.