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com base no art. 104-A do CDC, conforme redação dada pela Lei
14.181/2021, em face de BANCO ITAUCARD S.A., sociedade anônima
fechada, inscrita no CNPJ sob o nº 17.192.451/0001-70, com sede na
Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, nº 100, Torre Olavo Setubal, 7º Andar,
Parque Jabaquara, São Paulo/SP, CEP: 04.344-902; LUIZACRED S.A.
SOCIEDADE DE CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, sociedade
anônima fechada, inscrita no CNPJ sob o nº 02.206.577/0001-80, com
sede na Rua Maria Prestes Maia, nº 300, Sala 5ª, Carandiru, São Paulo/SP,
CEP: 02.047-901; BANCO BTG PACTUAL S.A., sociedade anônima aberta,
inscrita no CNPJ sob o nº 30.306.294/0002-26, com sede na Avenida
Brigadeiro Faria Lima, nº 3477, Andar 10, 11, 12, 14 e 15, Itaim Bibi, São
Paulo/SP, CEP: 04.538-133; BANCO COOPERATIVO SICREDI S.A., sociedade
anônima fechada, inscrita no CNPJ sob o nº 01.181.521/0001-55, com
sede na Avenida Assis Brasil, nº 3940, São Sebastião, Andar 12, Porto
Alegre/RS, CEP: 91.060-900; MERCADO PAGO INSTITUICAO DE PAGAMENTO
LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
10.573.521/0001-91, com sede na Avenida das Nações Unidas, nº 3.003,
Parte E, Bonfim, Osasco/SP, CEP: 06.233-903, pelos fatos e fundamentos
que a seguir se expõe.
1. DOS FATOS
1 https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-o-mei-faz-a-declaracao-de-imposto-de-
renda,2f48921aaebab510VgnVCM1000004c00210aRCRD
em que consomem quase toda sua renda disponível.
Neste contexto, a requerente viu sua vida inviabilizada, tendo que solicitar
sucessivas repactuações nos empréstimos, solicitar valores aos familiares e amigos para,
justamente, conseguir pagar as contas básicas como alimentação, transporte e moradia.
Assim, a parte autora viu-se sem dinheiro suficiente para manter a si e sua
família durante os últimos meses, o que lhe vem lhe causando imensurável desgaste
emocional.
2. JUSTIÇA GRATUITA
...
3.2 DO SUPERENDIVIDAMENTO
Vejamos.
2 MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V.; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do
consumidor. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
fornecimento de serviços que envolvam outorga de crédito3.
3 Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de
financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente
sobre:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
III - acréscimos legalmente previstos;
IV - número e periodicidade das prestações;
V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
4 MARQUES, Cláudia Lima. Algumas perguntas e respostas sobre prevenção e tratamento do
superendividamento dos consumidores pessoas físicas. Revista de Direito do Consumidor, vol. 75 Ed. RT, jul.
2010.
suas metas e os indicadores de rentabilidade financeira, ignoram sua obrigação de
concessão responsável do crédito.
Nessa conjuntura, uma vez que a formação dos contratos não respeitou as
diretrizes fundamentais de todo e qualquer negócio jurídico, e que, em verdade, os grandes
causadores do estado de superendividamento em que vive a parte autora são as próprias
rés, a solução que se impõe é a readequação das suas obrigações a patamares que não lhe
comprometam o mínimo existencial.
Por seu turno, o Ministro Alexandre de Moraes (2010, p. 48) leciona que:
Ocorre que os descontos nas contas da autora não estão permitindo fruição
destes direitos fundamentais, sendo que o que se pretende com a presente demanda é
justamente preservar esses direitos abrangidos pelo mínimo existencial, tais como
alimentação, vestimenta, manutenção da saúde, educação, entre outras despesas
importantes.
Assim, a retenção na conta do autor é quase 100% (cento por cento) de seus
rendimentos brutos, ultrapassando em muito o aceitável, comprometendo o mínimo
necessário a manutenção de uma existência digna.
4. DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS
TESE FIRMADA:
Por fim, requer que a intimação conste que a exibição se dê com prazo
mínimo de 15 dias antes da audiência de conciliação. Assim, a parte autora terá tempo hábil
para adequar a sua proposta de plano de pagamento aos documentos que vierem a ser
exibidos.
5. DA TUTELA DE URGÊNCIA
Tal circunstância coloca em risco inclusive sua dignidade, o que requer seja
considerado por esse MM. juízo.
Ora, não se trata de uma retenção qualquer de valores, mas sim, de uma
retenção que corresponde à verba alimentar da parte autora, essencial para sua
subsistência. A toda evidência, no momento presente não está preservado o mínimo
existencial da parte autora, assim reconhecido como o necessário a que se viva uma vida
minimamente digna, atendendo-se ao menos as necessidades mais básicas de alimentação,
moradia e saúde.
Assim é que, salvo melhor juízo, estão presentes os requisitos para que seja
deferida a antecipação parcial dos efeitos da tutela, para os fins de limitar a totalidade dos
descontos para pagamento de dívidas a 30% dos vencimentos da parte autora; determinar a
suspensão da exigibilidade dos demais valores devidos, ao menos até a realização da
audiência de conciliação prevista no artigo 104-A do CDC e, como efeito da tutela provisória,
determinar aos demandados que se abstenham de incluir o nome da parte autora em
cadastros de restrição de crédito, tais como SERASA, SPC e afins.
No MÉRITO:
l) Seja invertido o ônus da prova, na forma do art. 6º, VIII, do CDC, em face
da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência da autora consumidora;