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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE SÃO CAETANO/PE.

FÁBIO ANDRÉ DE PONTES, brasileiro, solteiro, autônomo, portador do RG


nº 8.834.394 SDS/PE e inscrito no CPF sob o nº 102.636.634-85, residente e
domiciliado na Rua 13 de maio, nº78, Centro, São Caetano/PE, CEP: 551300-00,
sem endereço eletrônico, por sua advogada infra-assinada, vem perante Vossa
Excelência ajuizar

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS


(Prisão Indevida)

Em face do ESTADO DE PERNAMBUCO, pessoa jurídica de direito público,


representado pelo Procurador- Geral do Estado de Pernambuco, com endereço Rua
do Sol, 143, Santo Antônio, Recife/PE, CEP: 50010-470, CNPJ: 35.329.242/0001-
08, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

PRELIMINARES
Da gratuidade da justiça

Conforme prevê o artigo 5º, LXXIV da norma fundamental, bem como os


artigos 98, 99 e 185 do Código Processual Civil, o autor faz jus ao benefício da
assistência jurídica integral e gratuita, uma vez que não possui recursos suficientes
para arcar com os encargos decorrentes do processo, sem que possa prejudicar no
sustento próprio e de toda a família, sendo, portanto, o autor, pobre, na acepção
jurídica do termo. (declaração em anexo)

DOS FATOS

No dia 24 de fevereiro de 2022, o Sr. Fábio André de Pontes estava


chegando em sua residência por volta das 11h45 min, onde foi abordado por

Rua Prefeito Caetano Gomes, Galeria Avenida Center– Sala 12, Centro
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policiais a paisana com mandado de prisão em seu desfavor, tendo sido dado a voz
de prisão.

Ao constatarem o nome do requerente no banco de dados de mandados de


prisão, tão logo foi algemado e conduzido ao Batalhão da Polícia Militar de
Caruaru/PE, apesar de em nenhum momento se opor resistência à abordagem.

Já na delegacia, entrou em contato via telefone com os familiares que


contataram a causídica que esta subscreve afim de que intercedesse e fosse
informado da origem do famigerado mandado de prisão, sendo repassado que se
tratava de mandado expedido pela Vara Única da Comarca de Tacaimbó - PE no
processo de nº 0000389-56.2016.8.17.1430.

Após ciência desse fato, foi sugerido que se tratava de erro judiciário, uma
vez que o requerente já havia sido preso anteriormente, uma única vez, por
mandado expedido pela Comarca de Tacaimbó/PE, no processo de nº 0000389-
56.2016.8.17.1430, e já se encontrava em conclusão de sua pena no regime
prisional aberto, conforme se demonstra no Relatório de Execução, que segue em
anexo, embora também na ocasião, ter se tratado de uma prisão injusta, o que
causou grande comoção social na época, mas, infelizmente o autor não conseguiu
provar sua inocência, visto que o mesmo relata sempre ter sofrido perseguição
policial, por um Agente de Polícia em específico, que atuou como testemunha de
acusação na época do ocorrido.

Pois bem, o Requerente passou um dia preso, dormiu na Delegacia em


uma cela sem as mínimas condições humanas, insalubre, sem colchão, lençol,
travesseiro, com 02 (dois) outros presos, além disso, toda humilhação e
constrangimento que passou diante da sociedade, dos seus vizinhos e da sua
própria família, tendo em vista que o autor vem tentando há anos provar sua
inocência perante todos, e de repente todo aquele pesadelo vem à tona, se vê
novamente apontado e julgado, como um “criminoso”, como “uma causa
perdida”, o quanto o requerente tem sofrido para conseguir uma reinserção
social, trabalhar dignamente e andar de cabeça erguida sem ser olhado e
criticado.

Importante frisar os obstáculos que a própria sociedade preconceituosa


impõe aos exs presidiários, que muitas se vêm como verdadeiros “pesos mortos”.

Como se não bastasse todo esse transtorno experimentado pelo o autor, o


mesmo ainda foi vítima das chamadas “Fakes News”, pois, alguns populares ao
tomarem ciência da prisão do mesmo, começaram a espalhar um vídeo onde a

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câmara do estabelecimento comercial flagrou a ação criminosa de 02 (dois)
delinquentes ao invadir e assaltar um mercadinho de bairro na Zona Rural de
Tapiraim, neste município e vincularam o vídeo a foto do autor retirada na
Delegacia de Polícia, espalhando como se o mesmo fosse o autor das condutas
delituosas e por este motivo havia sido preso. (vídeo e fotos em anexo)

No dia seguinte, em 25 de fevereiro, o autor foi recambiado para audiência


de Custódia na Comarca de Garanhuns/PE, esta agendada para às 10h, onde esta
causídica tratou imediatamente de solicitar os autos a Comarca de Tacaimbó e
verificar a origem real do Mandado de Prisão, por sua surpresa se deparou com a
notícia de que o processo não havia sido localizado e que os Servidores iriam fazer
uma busca, quando da sua localização iriam digitalizar e enviar para a Comarca
que iria realizar a audiência de custódia.

Ao chegar na audiência de Custódia esta causídica comunicou as Assessoras


presentes a possível ocorrência de erro judicial e que desde logo informasse a Juíza
de Plantão que se encontrava em teletrabalho para as possíveis providências.

Pois bem, ao deparar-se com a cópia dos autos enviados pela Comarca que
deu origem ao Mandado de Prisão, já foi constatado através da Certidão do Analista
Judiciário, que se tratava de um grande equivoco, vejamos:

“PROCESSO Nº 0000389-56.2016.8.17.1430. CERTIDÃO. Certifico que, revendo os


presentes autos, constatei que o sentenciado Fábio André de Pontes, teve a sua prisão
preventiva decretada em 30.10.2016 durante Plantão Judiciário (Decisão anexa), e
que permaneceu preso desde então por força desta Decisão, a qual nunca foi
materializada em um mandado de prisão. Ou seja, no processo existe uma Decisão de
decretação da prisão preventiva com força de mandado de prisão, mas não havia no
BNMP 2.0 um mandado de prisão referente a esta Decisão. Certifico, ainda, que
quando proferida a Sentença Condenatória, a Magistrada então sentenciante
manteve a prisão preventiva do réu (Sentença anexa). O sentenciado apelou e
durante todo o trâmite do recurso permaneceu preso, inclusive progrediu do regime
inicial semiaberto para o aberto, ainda antes do trânsito em julgado. Certifico que, a
Guia de Execução Provisória foi expedida no sistema Judwin (Guia anexa), e nesse
sistema não havia a exigência da confecção de um mandado de prisão para a sua
expedição. Certifico, também, que com o trânsito em julgado da condenação, e a
necessidade de cumprir os comandos finais da Sentença, em especial expedir a Guia
de Execução Definitiva e ainda, tendo em vista que o BNMP 2.0 exige para expedição
da Guia de Execução Definitiva a existência de uma peça anterior (Mandado de
Prisão), certificou-se nos autos tal necessidade (Certidão anexa), e foi determinado
pelo MM. Juiz a expedição do competente mandado de prisão (Despacho anexo), para

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que assim o sistema permitisse a expedição a Guia de Execução Definitiva. Certifico,
por fim, que o mandado de prisão foi expedido com a finalidade de cumprir os
comandados finais da Sentença, mas que não foi informado imediatamente no
sistema o seu cumprimento. Tacaimbó, 25/02/2022. Wanderlei Amaral de Souza
Menezes. Analista Judiciário.”

Ao ser constatado o erro grosseiro que ocasionou todo esse


constrangimento, foi expedido o alvará de soltura reforçando o equivoco e que com
as palavras do próprio Magistrado: “Todavia, observo, que, por equívoco desta
unidade judiciária, o referido mandado de prisão encontrava-se pendente de
cumprimento, quando já deveria, há muito tempo, ter sido alimentado no BNMP 2.0
como cumprido. Torricelli Lopes Lira. Juiz de Direito.”

Nesta perspectiva do prejuízo, temos que foi contratado advogado afim de


que fosse feito o acompanhamento do caso até sua soltura, repercutindo em
prejuízo financeiro ao requerente que pretende ver-se ressarcido do dano material
que lhe foi imposto por ocasião de sua prisão ilegal, de modo que além do dano
moral, decorre dos fatos um prejuízo material que merece ser ressarcido.

É cediço que há danos morais em decorrência de prisão ilegal, conforme se


verifica no caso em testilha, não há dúvidas de que houve um ato ilícito praticado
pelo Estado de Pernambuco, verificado o ato ilícito, é mister ressarcir a parte dos
prejuízos financeiros experimentados, bem com o dano moral decorrente da
humilhação, constrangimento e das ofensas à sua honra e dignidade, é medida de
lidima justiça que desde já se requer.

DO DIREITO
Do Fundamento Constitucional

A constituição federal preceitua que a administração pública tem o dever de


zelar pelo cidadão, atuando de forma eficiente e transparente em suas decisões;

Cabível a presente demanda, tendo em vista que as pessoas jurídicas de


direito público respondem pelos danos que seus agentes causarem no exercício da
função.

Nesse passo, o §6º do art. 37 da CF/88 determina:

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras


de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

Neste diapasão, cabe ainda acrescentar a seguinte consideração:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;

In casu, agente público fez constar o nome do autor em mandado de prisão


proveniente da comarca de Luziânia-GO, todavia, o mandado de prisão em questão,
deveria ser em nome de Maria dos Prazeres Morais Sales, mas absurdamente
estava em nome do autor.

Sendo assim, diante do grotesco erro ocasionado por agende público, fica
este ente público responsável pelos danos causados ao autor, que sofreu severa
humilhação pessoal, social, familiar, ofensas diretas a sua honra e dignidade, além
de ver-se em situação de risco à sua integridade corporal vez que ficou no “corro”,
sofrendo variadas ameaças dos demais presos, enfim uma situação grave ofensa
aos mais comezinhos direitos do cidadão.

A jurisprudência é vasta, ao aplicar entendimento de ato negligente por


parte do poder público, que expede mandado de prisão em nome de pessoa
estranha ao processo criminal:

EMENTA: APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - PRISÃO INDEVIDA -


MANDADO DE PRISÃO EXPEDIDO EM DESFAVOR DO HOMÔNIMO - FALHA
ADMINISTRATIVA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - DANO MORAL - VALOR FIXADO
- RAZOABILIDADE 1. A Constituição da República consagrou, em seu art. 5º, incs.
V e X, o direito à reparação pelo dano moral, especificando no inciso LXXV o

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direito à indenização daquele que sofrer privação em sua liberdade por erro
ou negligência judicial. 2. Reconhecida a falha estatal no uso do monopólio da
força, o ressarcimento é corolário da responsabilidade civil do Estado. 3. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que deve
ser aplicado o art. 37, §6º nas hipóteses de prisão indevida. 4. Para a fixação do
valor indenizatório a título de ofensa moral, deve ser levado em consideração os
valores íntimos e anímicos da pessoa humana inerentes aos direitos de
personalidade, cuja mensuração escapa a um raciocínio meramente aritmético.
(TJMG - Relator(a): Des.(a)Rogério Coutinho – Apelação Criminal nº:
1.0699.12.004495-2/001 - Data de Julgamento: 16/07/0015 - Data da
publicação da súmula: 27/07/2015)(NEGRITEI)

Do Dano Moral e Material

Ato ilícito é atitude contraria a legislação civil, que viola direito de outrem,
causando-lhe dano.

O texto supra é uma simples explanação do que trata o art. 186 do CC, senão
vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

O agente público ao emitir mandado de prisão que não deveria ser


cumprido, se tratando apenas de mera formalidade para alimentar o sistema
BNMP 2.0, visto que imediatamente deveria executar o comando de já cumprido há
muito tempo, agiu ilicitamente e de forma negligente.

É dever do estado, zelar pela segurança dos dados emitidos pela justiça, sob
pena de causar injustiça aos indivíduos.

Douto Magistrado observe que por falta de alimentação do sistema, o ora


requerente foi coagido a prisão ilegal, ou seja, o erro por parte do poder público foi
grotesco e extremamente perigoso, principalmente para população, que pode ver
seu direito a liberdade esvair-se sem justo motivo;

O grande filósofo e iluminista Montesquieu proferiu seguinte ensinamento:

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"A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos."

A frase do estudioso e filósofo Montesquieu, tem muito a dizer sobre o caso,


permite que analisemos o dever do Estado em garantir a segurança de seus atos,
permite perceber que o Estado deve ser doutrinado quando comete ato ilícito, para
que no futuro não venha cometer atos semelhantes;

Nesse sentido trago entendimento da jurisprudência do STF:

EMENTA: Trata-se de agravo de instrumento contra decisão que negou seguimento a


recurso extraordinário interposto de acórdão que porta a seguinte ementa:
“REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS CONTRA O ESTADO. PRISÃO EFETIVADA DE FORMA EQUIVOCADA.
CONFUSÃO COM HOMÔNIMO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. 1. Busca o autor
compensação pecuniária pelo prejuízo de ordem psíquica por ter sido preso
equivocadamente por policiais militares em cumprimento a mandado expedido
contra pessoa homônima. 2. É certo que o mandado de prisão estava lacunoso,
pois não constava a filiação, elemento decisivo para a distinção entre
homônimos, o que caracteriza a ‘faute du service’, o que constituiu a causa
mediata da ação estatal defeituosa. 3. Justamente por conta da aludida
omissão, cabia aos policiais a confirmação da identidade do autor, o que
implica em outra falha do serviço. 4. Não se revela adequada, por isso, a conduta
da autoridade policial de simplesmente recolher o autor à prisão - sem buscar
qualquer informação que pudesse ratificá-la ou não -, obrigando o autor a peticionar
em juízo requerendo o relaxamento da prisão, cujo alvará só foi expedido dezessete
dias depois. 5. O ordenamento jurídico pátrio, no entanto, prevê a responsabilidade
objetiva do Estado no art. 37 § 6º CF/88, na modalidade do risco administrativo, em
que não se cogita da culpa da Administração ou de seus agentes, bastando que a
vítima demonstre o ato lesivo, o nexo causal e o dano experimentado. 6. Presentes os
três requisitos caracterizadores da responsabilidade objetiva, não há que se perquirir
acerca da culpabilidade, seja do funcionário que emitiu o mandado de prisão, seja
dos policiais na execução da ordem, pois esta seria uma questão a ser debatida em
sede de direito de regresso pela Administração Pública, incabível nessa oportunidade.
7. O dano moral decorreu da lesão ao patrimônio abstrato ou imaterial do autor,
consistente em um bem jurídico, ético e social, que pode ser a liberdade, a honra, a
dignidade ou, simplesmente, a paz de espírito, sendo dispensável a prova concreta
para a sua caracterização. 8. Não obstante a dificuldade para a quantificação do
dano moral - em face da ausência de um critério legal para tanto -, conforme a
doutrina e a jurisprudência pátria, o julgador deve fixar uma quantia que seja
compatível com a reprovabilidade da conduta, a intensidade e duração do sofrimento
da vítima, a capacidade econômica do causador do dano, bem como as condições
sociais do ofendido, no intuito de evitar o enriquecimento injustificado do autor e a
aplicação de pena exacerbada ao réu. 9. Tal valor não pode ser baixo em demasia,
para assegurar o caráter repressivo-pedagógico, nem apresentar-se elevado a ponto
de caracterizar um enriquecimento sem causa, pelo que, afigura-se excessivo o valor

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fixado em primeira instância. 10. Reexame necessário provido parcialmente para o
fim de fixar em R$ 20.000,00 (vinte mil reais) o valor da indenização, prejudicado o
apelo voluntário” (fl.239). No RE, interposto com base no art. 102, III, a, da
Constituição, alegou-se violação ao art. 37, § 6º, da mesma Carta. O agravo não
merece acolhida. O acórdão recorrido, ao concluir pela existência de nexo de
causalidade a ensejar a responsabilidade objetiva do Estado, baseou-se no conjunto
fático-probatório dos autos, para se chegar à conclusão contrária à adotada,
necessárioseria o reexame da matéria de fato, o que atrai a incidência da Súmula 279
do STF. Nesse sentido, menciono as seguintes decisões, entre outras: AI 434.636/RJ,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence; RE 346.116/PR, Rel. Min. Cezar Peluso; AI 340.046-
AgR/SP, Rel. Min. Ellen Gracie; RE 346.978/CE, Rel. Min. Ilmar Galvão. Isso posto,
nego seguimento ao recurso. Publique-se. Brasília, 29 de setembro de 2009. Ministro
RICARDO LEWANDOWSKI - Relator (STF - AI: 768432 PE, Relator: Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 29/09/2009, Data de Publicação: DJe-190
DIVULG 07/10/2009 PUBLIC 08/10/2009).

Ora Excelência, a falta do zelo por parte dos agentes públicos causou ao
autor enorme abalo moral e psíquico, uma situação de pavor e medo, primeiro
porque ficará encarcerado e exposto à companhia de indivíduos de alta
periculosidade, segundo porque o autor após obter a liberdade, ficou com medo de
sair de sua residência por receio de ser novamente encarcerado
consequentemente, tendo de vivenciar todo o horror e temor outrora enfrentado.

Há dever de indenizar, quando o agente público ao cometer ato ilícito, age


com negligencia e deixa de observar as cautelas de estilo, vindo a causar dano aos
indivíduos sob sua tutela;

Há também dever de indenizar, quando o risco da atividade é passível por si


só de causar dano aos indivíduos.

No contexto fático, é de se observar que trata-se de dano moral presumido.


O próprio fato já gera dano a honra subjetiva do autor, que ao ser preso indevida
sofreu grandioso constrangimento pessoal.

Vejamos entendimento atual do TJPE:

DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL -


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART.
37, § 6º, DA CF/1988 - PRISÃO ILEGAL POR HOMONÍMIA - MANUTENÇÃO DA
SEGREGAÇÃO POR 3 (TRÊS) DIAS NAS DEPENDÊNCIAS DO COMANDO DO
EXÉRCITO - DANOS MORAIS DEVIDOS - REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO -
TERMO A QUO DOS JUROS DE MORA - ADEQUAÇÃO AO ENUNCIADO
ADMINISTRATIVO Nº 06 DA SDPTJPE - CORREÇÃO MONETÁRIA - SENTENÇA

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PROFERIDA EM CONSONÂNCIA COM O ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº 22 DA
SDPTJPE - APELAÇÃO CÍVEL PARCIALMENTE PROVIDA. I - Na hipótese dos autos,
restou comprovado que o nome do autor e o do acusado em ação penal são
homônimos, tendo havido equívoco na confecção do mandado de prisão, constando
o nome dos genitores da parte autora, ao invés da indicação dos genitores do
verdadeiro acusado. II - O mandado de prisão foi efetivamente cumprido, tendo o
autor sido privado de sua liberdade por 3 (três) dias no Comando do Exército, por
tratar-se de militar, sendo posto em liberdade após a prolação de decisão judicial
que expressamente reconheceu o equívoco. III - A jurisprudência deste e. Tribunal
de Justiça firmou-se no sentido de que o Estado responde objetivamente por prisão
efetivada de forma equivocada, em decorrência de mandado expedido contra
pessoa homônima. Precedentes: Apelação 160714-90008339-24.2005.8.17.0001,
Rel. Francisco José dos Anjos Bandeira de Mello, 2ª Câmara de Direito Público,
julgado em 20/11/2008, DJe 27/01/2009; e TJPE - Embargos de Declaração
434320-0 0024037-55.2014.8.17.0001, Rel. Ricardo de Oliveira Paes Barreto, 2ª
Câmara de Direito Público, julgado em 23/11/2017, DJe 12/12/2017. IV - In casu,
restaram configurados o fato administrativo (prisão indevida, em razão de
homonímia), o dano (constrangimento decorrente da prisão ilegal) e o nexo de
causalidade entre eles, não havendo como elidir a responsabilização estatal. V -
Segundo o c. STJ: "o valor fixado para fins de indenização deve observar o princípio
da razoabilidade, de forma que a soma não seja tão grande que se converta em
fonte de enriquecimento, nem tão pequena que se torne inexpressiva, além de levar
em conta a intensidade da ofensa". (STJ - AgInt no AREsp 999.054/BA, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 18/05/2017, DJe
23/05/2017) VI - Nessas condições, considerando as circunstâncias fáticas do caso
em apreço, notadamente o fato de que o autor foi recolhido por 3 (três) dias no
Comando do Exército Brasileiro, mostra-se razoável que a condenação por danos
morais seja reduzida para R$ 10.000,00.VII - Em decorrência do efeito translativo
(ou efeito devolutivo em seu aspecto vertical ou profundidade do efeito devolutivo)
franqueado ao recurso de apelação, resta assentado que os juros de mora incidirão
a partir do evento danoso, nos termos do Enunciado Administrativo nº 06 da
SDPTJPE1.VIII - Conquanto o e. Ministro Luiz Fux tenha conferido, em 24.09.2018,
efeito suspensivo aos Embargos de Declaração em Recurso Extraordinário nº
870947/SE, a sentença recorrida se acha assentada em conformidade com o
entendimento do c. STJ e do Enunciado Administrativo nº 22 da Seção de Direito
Público do TJPE, os quais são dotados de força persuasiva própria, não havendo,
ademais, qualquer decisão das Cortes Superiores determinando o sobrestamento
dos feitos que versem sobre a matéria em debate. IX - À unanimidade de votos, a
Apelação Cível foi parcialmente provida. (TJ-PE - APL: 5274237 PE, Relator: Jorge
Américo Pereira de Lira, Data de Julgamento: 04/06/2019, 1ª Câmara de Direito
Público, Data de Publicação: 19/06/2019)

Resta consabido que a prisão indevida é passível de dano moral presumido,


pela força dos próprios fatos, tendo em vista o ato ilícito que deu causa à

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segregação do requerente, porém, o dano sofrido pelo autor é também de ordem
material.

Afigura-se razoável também a aplicação de dano material ao caso vertente,


tendo em vista a relação de causalidade entre o ato ilícito e a contratação de
advogado afim de tutelar sua liberdade, ocasionando diminuição em seu
patrimônio, assim se o Estado deu causa a despesa do requerente, fica ele
responsável pelas despesas daí decorrentes, de forma que o valor despendido,
conforme contrato anexo, foi de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme recibo
anexo.

Ademais, o Código Civil de 2002 determina, de forma expressa, que os


honorários advocatícios integram os valores devidos a título de reparação por
perdas e danos. Os arts. 389, 395 e 404 do CC/02 estabelecem, respectivamente:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos,
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão


pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem
prejuízo da pena convencional.

No caso dos autos, o autor, para se livrar da prisão, teve que contratar
advogados, cujos gastos se evidenciam como dano, eis que, para ver seu direito
amplamente tutelado, teve diminuição em seu patrimônio, ora, se o dano é a
efetiva diminuição do patrimônio, obviamente aquele que se vê obrigado a
contratar advogado para se libertar de uma situação injusta e a que não deu casa,
evidentemente sofre dano em seu patrimônio.

Na esteira deste entendimento, vejamos a jurisprudência pacifica do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOSCONTRATUAIS. VALOR DEVIDO A TÍTULO DE PERDAS E DANOS.
IMPROVIMENTO. 1 -Aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores
despendidos pela outra parte com os honorários contratuais, que integram o valor

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devido a título de perdas e danos, nos termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02.
(REsp 1.134.725/MG, Relatora Ministra NANCYANDRIGHI, Terceira Turma, DJe
24/06/2011) 2 – Agravo Regimental improvido. (STJ, 3ªTurma, AgRg nos EDcl no
REsp 1412965/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, julgado em17/12/2013, DJe
05/02/2014)

Neste sentido temos também a seguinte jurisprudência:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. PRISÃO INDEVIDA.


RESPONSABILIDADEOBJETIVA. INTELIGÊNCIA DO DISPOSTO NO ART. 37, § 6º, DA
CF/88. DANO MORALPRESUMIDO. DANOS MATERIAIS. COMPROVAÇÃO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO.RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. JUROS MORATÓRIOS.
(...) 1 - O Estado tem o dever de indenizar os danos moral e material decorrentes de
prisão ilegal, por forçada teoria da responsabilidade objetiva (art. 37, § 6º, CRFB). 2 –
O valor da indenização por dano moral deve ser norteado pelos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade. 3 – Havendo sucumbência da Fazenda Pública, os
honorários serão fixados consoante a regra do § 4º, do art. 20, do CPC. (TJMG, 5ª
Câmara Cível, Apelação Cível 1.0684.11.001251-6/001, Rel. Des. BARROS
LEVENHAGEN, julgamento em 29/05/2014, publicação da súmula em 09/06/2014)

Ao teor do exposto nas jurisprudências colacionadas e da inteligência dos


artigos citados, requeremos desde já a condenação do Estado de Pernambuco ao
pagamento de danos materiais consubstanciados na diminuição patrimonial do
autor, bem como de danos morais como acima foi exposto.

DOS PEDIDOS

Diante do Exposto requer o autor:

1- Queque seja concedida ao autor os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita,


conforme termo de hipossuficiência anexo;

2- Que Vossa Excelência condene a ré ao pagamento a título de danos morais, no


importe de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), bem como dano material no valor de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme doc. anexo, incidindo juros de mora e
correção monetária a contar da data do evento danoso, nos termos da Súmula 362
do STJ;

Rua Prefeito Caetano Gomes, Galeria Avenida Center– Sala 12, Centro
São Caetano/PE, CEP: 55130-000
Tel.(81) 3736-2930 e Cel. (81) 99275-9319
Email: jaque.lima2209@gmail.com
3 - Que Condene a ré ao pagamento das custas processuais e Honorários
Advocatícios;

4- Requer a citação da parte ré, para que querendo e podendo compareçam a


audiência de conciliação a ser designada por este honrado juízo,

5 - Protesta provar o alegado, pelos documentos que instruem a presente peça, em


especial prova testemunhal e depoimento pessoal;

Dá-se à causa para todos os fins, o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
para efeitos meramente fiscais.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

São Caetano, 21 de março de 2022.

Jaqueline da S. Lima
OAB/PE Nº 40.592

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