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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/08/2022

Número: 0800540-74.2022.8.10.0071
Classe: PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA
Órgão julgador: Vara Única de Bacuri
Última distribuição : 25/05/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Prisão Preventiva
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
DELEGACIA DE POLICIA CIVIL DE BACURI (REQUERENTE)
WEMISON PEREIRA CARVALHO (ACUSADO)
MARCIONILDE ALMEIDA GOMES (ACUSADO) DOUGLAS WILLIAM SANTOS FERREIRA (ADVOGADO)
JESSICA CARDOSO DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
MINISTÉRIO PÚBLICO DE BACURI (AUTORIDADE)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
68244 01/06/2022 14:37 Decisão Decisão
654
ESTADO DO MARANHÃO

PODER JUDICIÁRIO

COMARCA DE BACURI

Processo nº 0800540-74.2022.8.10.0071

[Prisão Preventiva]

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA (313)

REQUERENTE: DELEGACIA DE POLICIA CIVIL DE BACURI

REQUERIDO: WEMISON PEREIRA CARVALHO e outros

DECISÃO

Trata-se de representação pela prisão preventiva dos investigados WEMISON PEREIRA CARVALHO e MARCIONILDE
ALMEIDA GOMES, apontado como possível autor dos crimes previstos nos art. 217 – A e art. 234-A, inciso III, ambos
do Código Penal Brasileiro, contra menor e filha da representada.

Narra a representação que MARCIONILDE ALMEIDA GOMES compareceu a Delegacia de Polícia Civil de Bacuri –
MA, pra registrar um boletim de ocorrência de lesão corporal sofrida por sua filha M.P.G.M.

Ao realizar os procedimentos, o servidor observou algo anormal na adolescente, razão pela qual indagou a genitora ora
representada, que confessou que a menor, na época com 13 (treze) anos de idade, estava grávida de WEMISON
PEREIRA CARVALHO, com quem a menor teve um relacionamento amoroso com a sua permissão.

Diante desses fatos, a Polícia Civil passou a diligenciar para que a menor fosse avaliada por um médico por duas vezes,
contudo a genitora não permitiu que o exame fosse avaliado.

O Conselho Tutelar relatou que a menor já sofrera um outro aborto, isso demonstra que a menor é constantemente
vítima de estupro com o consentimento da genitora.

Cabe ressaltar que ambos representados possuem antecedentes criminais.

Instado a se manifestar, o Ministério Público opinou pela decretação da prisão preventiva do representado.

É o relatório. Decido.

Da análise dos autos, percebe-se que há necessidade de decretação da prisão cautelar do(s) investigado(s), tendo em
vista a necessidade de garantir a ordem pública e aplicação da lei penal, tudo nos termos do art. 312, do Código de
Processo Penal.

Assim, podemos ver:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por

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conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º).

Ressalte-se que, nesta fase preliminar, para a decretação da prisão preventiva basta apenas a presença do fumus
comissi delicti, evidenciado pela materialidade delitiva e os indícios suficientes de autoria, o que leva ao periculum
libertatis, consubstanciado na necessidade de garantia da ordem pública e aplicação da lei penal.

Conforme elementos de informação colhidos, restaram presentes indícios de autoria do(s) representados no crime
tipificado acima, apontando para a decretação da medida cautelar, ante a presença de elementos que confirmam
a existência da conduta delituosa e de sua autoria, conforme se extrai dos depoimentos colhidos.

A garantia da ordem pública enquanto necessidade de assegurar a credibilidade da população nos mecanismos
oficiais de repressão às diversas formas de delinquência1, bem como ao se considerar que há indícios suficientes
que apontam os representados como os principais suspeitos de autoria, o que demonstra senão a periculosidade do
agente, a propensão de fugir do distrito de culpa. Na mesma esteira, observa-se que o modus operandi empregado
também justifica a segregação cautelar daquele a quem se imputa tais condutas mediante indícios de autoria e
materialidade.

No mesmo sentido acima delineado, é o entendimento do STJ, cujo julgado transcrevemos a título ilustrativo:

A preservação da ordem pública não se restringe às medidas preventivas da irrupção de conflitos e tumultos,
mas abrange também a promoção daquelas providências de resguardo à integridade das instituições, à sua
credibilidade social e ao aumento da confiança da população nos mecanismos oficiais de repressão às diversas
formas de delinqüência. (HC 140.434/RS, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª T., j. 01/12/2009, DJe
01/02/2010).

Desta forma, na doutrina, sobre a Ordem Pública, a sempre preciosa lição de Fernando da Costa Tourinho Filho em seu
Código de Processo Penal Comentado, Vol. I, pg. 691:

“A lei fala em garantia da ordem pública”. Segundo De Plácido e Silva, entende-se por ordem pública a situação e o
estado de legalidade normal em que as autoridades exercem suas precípuas atribuições e os cidadãos as respeitam e
acatam, sem constrangimento ou protesto (vocabulário jurídico, Rio de Janeiro, Forense, v.3, p.101). Ordem pública é a
paz, a tranqüilidade no meio social.

E ainda:

“a prisão processual, medida extrema que implica sacrifício da liberdade individual, deve ser concebida com cautela em
face do princípio constitucional da presunção da inocência, somente cabível quando presentes razões objetivas,
indicativas de atos concretos suscetíveis de causar prejuízo à ordem pública (e econômica), à instrução criminal e à
aplicação da lei penal (CPP, art. 315;CF , art. 93, IX); (STJ, HC 9.896/PR, rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª T, DJU, 29
nov. 1999).

Nessa linha, temos o voto do Ministro Celso de Mello do STF (publicado no INF. 422 STF), onde fica demonstrado o
relevante papel da fundamentação em matéria de prisão preventiva, veja alguns trechos:

“Todos sabemos que a privação cautelar da liberdade individual é qualificada pela nota da excepcionalidade. Não
obstante o caráter extraordinário de que se reveste, a prisão preventiva pode efetivar-se, desde que o ato judicial que a
formalize tenha fundamentação substancial, com base em elementos concretos e reais que se ajustem aos
pressupostos abstratos - juridicamente definidos em sede legal - autorizadores da decretação dessa modalidade de
tutela cautelar penal...” (RTJ 134/798, Rel. p/ o acórdão Min. CELSO DE MELLO).

Observar-se, ainda, presente outro requisito e pressuposto para a prisão preventiva, a aplicação da lei penal. Como já

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mencionado, é latente e necessário medidas para se evitar fuga do representado, até por motivos de esquivar-se da
fúria da sociedade, circunstância esta comum neste tipo de crime, devendo a prisão preventiva ser decretada, não
havendo, nesse caso, afronta ao princípio da presunção de inocência, tendo em vista que essa medida se mostra
necessária para assegurar a aplicação da lei penal e garantir a ordem pública.

Além disso, conforme narrado acima, o investigado fora advertido que o descumprimento de quaisquer das medidas
poderia ensejar sua PRISÃO PREVENTIVA por ordem deste juízo, conforme dispõe § 1º do art. 312:

“A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas
por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o)”.

Assim, constatam-se presentes os motivos justificativos da prisão preventiva (art. 312, § 1º CPP).

Face ao exposto, considerando a presença dos requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, DECRETO A
PRISÃO PREVENTIVA de WEMISON PEREIRA CARVALHO e MARCIONILDE ALMEIDA GOMES, fazendo-o com
fundamento nos arts. 311 e 312, § 1º do Código de Processo Penal, a fim de garantir a ordem pública e aplicação da
lei penal.

Ciência ao Ministério Público Estadual. Cumpram-se. Intimem-se.

Comunique-se a autoridade policial para cumprimento.

ANTE O CARÁTER URGENTE DA PRESENTE MEDIDA, ESTA DECISÃO SUPRE A EXPEDIÇÃO DE MANDADOS E
OFÍCIOS.

Cadastre-se este mandado de prisão no banco de dados do BNMP.

Cumpra-se.

Bacuri/MA, 01 de junho de 2022.

HUMBERTO ALVES JÚNIOR

Juiz de Direito Titular da Comarca de Mirinzal/MA,

Respondendo pela Comarca de Bacuri/MA.

1 A preservação da ordem pública não se restringe às medidas preventivas da irrupção de


conflitos e tumultos, mas abrange também a promoção daquelas providências de resguardo
à integridade das instituições, à sua credibilidade social e ao aumento da confiança da
população nos mecanismos oficiais de repressão às diversas formas de delinqüência. (HC
140.434/RS, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª T., j. 01/12/2009, DJe 01/02/2010).

Documentos associados ao processo

Título Tipo Chave de acesso**


Petição Criminal Petição Criminal 22052515174892100000063360975
Pedido de Prisão Preventiva Petição Inicial 22052515174897900000063362000
Certidão Certidão 22052516535729500000063375969

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Vista MP Vista MP 22052516535729500000063375969
PARECER MINISTERIAL Petição 22052521480214400000063386231

ENDEREÇOS:

DELEGACIA DE POLICIA CIVIL DE BACURI


RUA SÃO JOSÉ, SN, DELEGACIA DE POLÍCIA CIVIL, PEDREIRA, BACURI - MA - CEP: 65270-000

WEMISON PEREIRA CARVALHO


Rua Gonçalves Dias, 46, próx. ao posto de saúde, Fátima, CURURUPU - MA - CEP: 65268-000

MARCIONILDE ALMEIDA GOMES


RUA GETULIO VARGAS, SN, TABATINGA, APICUM-AçU - MA - CEP: 65275-000
Telefone(s): (98)8431-1314

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