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Tribunal de Justiça de Pernambuco

PJe - Processo Judicial Eletrônico

22/04/2021

Número: 0006244-28.2021.8.17.9000
Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: 4ª Câmara Criminal - Recife
Órgão julgador: Gabinete do Des. Carlos Frederico Gonçalves de Moraes
Última distribuição : 19/04/2021
Valor da causa: R$ 1.049,00
Assuntos: Prisão Preventiva, Liberdade Provisória, Habeas Corpus - Cabimento
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ADRIANO JOSE DO NASCIMENTO JUNIOR (PACIENTE) ATIENE DA SILVA SALES (ADVOGADO)
DANYLO LOPES DA SILVA (PACIENTE) ATIENE DA SILVA SALES (ADVOGADO)
ANNA PAULA BORGES COUTINHO (AUTORIDADE
COATORA)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15589 19/04/2021 17:14 Petição Inicial para Peça Inaugural HC Petição Inicial para Peça Inaugural
478
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência e indício suficiente de autoria.”
Sendo assim, é sabido que para que se proceda a prisão preventiva, primeiramente deve concorrer duas ordens
de pressupostos: Os denominados pressupostos proibitórios (o fumus commisi delicti representado no nosso direito
processual pela prova da materialidade do delito e pelos indícios suficientes da autoria) e os pressupostos cautelares (o
periculum libertatis, representado na legislação brasileira pelas nominadas finalidades da prisão preventiva, trazidas na
parte inicial do art. 312 do Código Processo Penal).
O primeiro não há o que se falar sendo totalmente espancado e demonstrado anteriormente que não existe, em
hipótese alguma, indícios suficientes de que os pacientes foram os autores da pratica criminosa que lhe é apontadas.
Dessa forma, diante do princípio da necessidade, a medida coativa, para que seja decretada, deve revelar-se
no caso concreto uma das três finalidades expressas pela lei: a conveniência da instrução criminal, o assegurar a ordem
pública ou a garantia da ordem pública. Sendo que, sequer um de tais pressupostos se encontra evidenciado. Vejamos:
Como já demonstrado o paciente Danylo tem residência fixa, trabalha de gesseiro para sustentar sua família.
O paciente Adriano tem residência fixa, estuda. (Conforme documentação em anexo).
Além do mais, é de interesse dos pacientes de provarem as suas inocências frente às acusações imputadas no
auto de prisão em flagrante.
É claro que os pacientes não possui a menor intenção de fugir, pois o Danylo trabalha numa empresa informal
de gesseiro, declaração do dono empresa em anexo e Adriano estuda como comprova a declaração da Instituição de
Ensino, comprovando suas idoneidades morais.
Agora passando a observar a garantia da ordem pública, saliente-se que as declarações em anexo,
demonstram claramente que os pacientes são pessoa que não são voltadas ao crime e que não representam perigo
algum para a sociedade, não tendo qualquer sentido pensar-se em recidiva dos acusados. Não tem eles qualquer
passagens criminais anteriores, possui bons antecedentes e em momento algum se evidencia periculosidade nas ações
delitivas lhe imputadas, sendo de salientar-se ainda que não é possível vislumbrar-se a periculosidade dos
acusados/pacientes.
A jurisprudência, aliás, em tal ponto é remansosa, valendo colacionar alguns exemplos, com referência a
homicídios consumados:
“Habeas Corpus – Homicídio – Prisão Preventiva – Ausência de periculosidade – Concessão da ordem. Habeas
corpus. Homicídio. Prisão preventiva. Improcedência. Conduta delitiva não reveladora de periculosidade. Ordem
concedida.” (Paraná Judiciário 3/244).
“Habeas corpus. Prisão preventiva. Homicídio qualificado – Réu primário, de bons antecedentes, profissão e
residência definidas – Crime passional que não demonstra a periculosidade do agente – Concessão da Ordem.
Ementa oficial: Habeas corpus. Homicídio qualificado. Prisão preventiva decretada sob os pressupostos da
garantia da ordem pública, da aplicação da lei penal e da conveniência da instrução criminal. Constrangimento
ilegal. Comprovação de que o paciente, pelo ato isolado que representa o evento, se permanece solto, não será
ameaça à ordem pública e nem causará óbice à realização da instrução criminal.” (Paraná Judiciário 30/219).
DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA
O Magistrado ao decretar a respectiva prisão preventiva, alteração fática ou judicial hábil a afastar o decreto
constrictor, não sendo suficiente, como bem apontado pelo Ministério Público, necessidade da custódia cautelar para
garantia da ordem pública.
Porém, os pacientes não possui ANTECEDENTES CRIMINAIS tem apenas 18 anos de idade, um é estudante
matriculado numa Instituição de Ensino o outro trabalha como gesseiro para sustentar sua família.
O Magistrado e o Ministério Público não individualizaram a ação de cada indivíduo que consta no processo,
todos os delitos foram igualmente aplicados a cada um, o que não há cabimento.
Tendo em vista o narrado acima, os pacientes deve ser solto, pois não existem provas suficientes que sejam os
autores da pratica dos delitos, conforme todos os documentos acostados ao processo.
Restando dúvidas, e existe, os pacientes devem estarem soltos e não a mais de 103 dias encarcerado, não
sendo aplicado IN DUBIO PRO RÉU.
Presume-se a inocência, depois de obter provas materiais e reais se prende!
“É preciso que a justiça criminal puna, em vez de se vingar”
(FOUCAULT, 2014, pg. 74)
O fato dos pacientes não responderem a nenhum delito o motivo pelo qual é idôneo mantê-los encarcerados, as
fundamentações do Magistrado há um grande deslize sobre Este réus.

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"A justa causa estaria relacionada à existência de indícios razoáveis de autoria e materialidade, e estaria ligada
a elementos probatórios suficientes para se admitir a investigação preliminar, aduzindo que: Deve a acusação ser a
portadora de elementos probatórios que justifiquem, geralmente extraídos da investigação preliminar (inquérito policial)"
Ementa: HABEAS CORPUS. PROCESSO DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. LEVANDO-SE EM CONTA
AS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO, HÁ QUE CONCEDER A ORDEM PARA QUE A PACIENTE
RESPONDA O PROCESSO EM LIBERDADE. ORDEM CONCEDIDA. UNÂNIME.(Habeas Corpus, Nº 70037279213,
Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Hirt Preiss, Julgado em: 04-08-
2010). Assunto: Direito Criminal. Habeas Corpus. Concessão. Direito de responder o processo em liberdade..
Referência legislativa: CPP-312.
Os pressupostos processuais, no dizer de Ada Pellegrini Grinover (2013, p. 321) "podem ser definidos como
sendo os requisitos necessários para a constituição de uma relação processual válida", ou seja pressupostos de
existência e validade que viabilizam o regular desenvolvimento do processo.
Vejamos o artigo 395, do Código de Processo Penal:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal
Os poucos despachos que há no sistema, pois, obstruíram o acesso aos autos no respectivo cartório, a EXMA.
JUIZA, faz despachos amplos e genéricos atribuindo a mesma conduta típica a todos os réus do processo, sem analisar
cada conduta, cada indivíduo e as circunstâncias em que os pacientes foram presos.
Cito a Súmula vinculante 14 do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado
por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
DO INQUÉRITO POLICIAL E DECRETO DE PRISÃO PREVENTIVA ILEGAL AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA – VIOLAÇÃO DO ARTIGO 93, INCISO IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - AUSÊNCIA DO PERICULUM
LIBERTATIS.
Deveríamos manter encarcerados quando realmente for imprescindível, o que não é o caso em tela. Quanto
mais encarcerados, mais aumentará o ciclo vicioso do crime.
“A GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO NÃO COMPORTA PRISÃO AUTOMÁTICA”.
A presente impetração merece especial atenção em virtude do caso concreto. O Magistrado de origem ao
decretar a prisão preventiva, justificou por entender que os pacientes deveria ser segregados, em razão da gravidade
dos delitos imputados e para garantir a ordem pública.
Outrossim, não possuem maus antecedentes.
Há uma série de divergências quanto à autoria e materialidade delitiva imputada aos pacientes, eis que não
estava no local onde ocorreram os fatos imputados.
Posto isto, reforça-se que a prisão preventiva é medida excepcional cabível apenas nas hipóteses elencadas no
artigo 312 do Código de Processo Penal, que assim dispõe: a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria. E, ainda, somente pode ser decretada
quando, fundamentadamente, não for cabível sua substituição por medidas cautelares pessoais diversas, fulcro no
artigo 282, § 6º, do Código de Processo Penal.
Assim, é imprescindível que a decisão judicial responsável por decretar a segregação cautelar do acusado seja
devidamente fundamentada em elementos fáticos e jurídicos passíveis de verificação ou refutação, tendo em vista a
excepcionalidade da medida.
"Nunca é demais ressaltar que, segundo a Constituição Federal, embora a segurança pública seja um dever do
Estado e de responsabilidade de todos, exercida para preservar a ordem pública, a incolumidade das pessoas e do
patrimônio, é exercida pelas autoridades policiais e não judiciais. É o que se infere do art. 144 da CF".
Por derradeiro, a decisão atacada assenta-se na necessidade da prisão cautelar para a conveniência da
aplicação da lei penal e garantir a instrução criminal. Entretanto, o argumento de risco a futura instrução processual vem
desamparada de elementos a justificarem a sua necessidade. Isso porque, em momento algum se confirma nos autos,
até o momento, o risco ou o dano à instrução, não havendo no feito fato que demonstre que os pacientes estando soltos
atrapalhou, atrapalha ou atrapalhará na colheita de provas ou mesmo coagindo eventuais testemunhas do processo.
Sendo assim, ante a impossibilidade de prever o futuro, não pode os pacientes ser mantidos presos com base
nestes fundamentos, ou seja, na hipótese de garantir a ordem pública, ao passo que eventuais presunções dentro do
processo penal que não sejam relacionadas à de inocência, são inadmissíveis dentro de um Estado Democrático de

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A ilegalidade da prisão se patenteia pelo não preenchimento dos requisitos para que se decrete a medida
cautelar ora atacada, no processo.
Ora, Excelência falta nos autos do processo o laudo pericial da vitima José Antônio dos Santos, o exame
residuográfico poderia ter sido realizado de seis a doze horas após os respectivos disparos, quando os indivíduos
estavam sob custódia e esse exame não foi realizado, a única testemunha de um dos crimes é a filha da vitima José
Antonio que em seu depoimento “alega que os executores estavam usando capacetes, o que se encontrava na moto
usava roupa da celpe e o executor usava blusa do time flamengo e uma Bermuda da cyclone”, conforme depoimento
nas fls 217 e 218, em anexo.
Entretanto os pacientes quando foram presos estavam usando vestimentas oposta aos que a testemunha alega,
o paciente Danylo só usava Bermuda (fl.278) e o paciente Adriano estava usando uma camisa preta (fl.279), o
reconhecimento dos pacientes pela testemunha se deu por meio de fotografia, conforme a denúncia do Ministério
Público, fl.06.
Portanto o reconhecimento de um suspeito de crime por mera exibição de fotografia, não pode servir Como
prova em ação penal, a pratica não observou o disposto no artigo 226 do Código de Processo Penal.
A liminar buscada tem apoio no texto de inúmeras regras do texto constitucional, quando revela, sobretudo, que
a ação penal deverá atingir seu desiderato dentro do prazo da razoabilidade, não afetando, mais, a dignidade do ser
humano.
Por tais fundamentos, requer-se a Vossa Excelência, em razão do alegado no corpo deste petitório, presentes a
fumaça do bom direito e o perigo na demora, seja LIMINARMENTE garantido aos Pacientes a sua liberdade de
locomoção, maiormente porque tamanha e patente, como ainda clara, a inexistência de elementos a justificar a
manutenção do encarceramento.
DO PEDIDO
Ante o exposto, requer que seja concedida a ordem de habeas corpus, liminarmente, em favor dos pacientes,
uma vez que presentes a probabilidade de dano irreparável e a fumaça do bom direito, a fim de que seja relaxada a
prisão preventiva ou concedida a liberdade provisória com ou sem medidas cautelares e com ou sem fiança, e no que
for mais favorável ao paciente, inclusive a prisão domiciliar, caso entenda que outras medidas não sejam suficientes,
expedido o competente alvarás de solturas.
Requer ainda o regular prosseguimento do feito com a ratificação da liminar concedida, decretando-se a
liberdade provisória aos pacientes.
Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
Recife, 19 de abril de 2021.

ATIENE DA SILVA SALES


OAB/PE nº 40.955

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