Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/08/2022

Número: 0800540-74.2022.8.10.0071
Classe: PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA
Órgão julgador: Vara Única de Bacuri
Última distribuição : 25/05/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Prisão Preventiva
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
DELEGACIA DE POLICIA CIVIL DE BACURI (REQUERENTE)
WEMISON PEREIRA CARVALHO (ACUSADO)
MARCIONILDE ALMEIDA GOMES (ACUSADO) DOUGLAS WILLIAM SANTOS FERREIRA (ADVOGADO)
JESSICA CARDOSO DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
MINISTÉRIO PÚBLICO DE BACURI (AUTORIDADE)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
72902 03/08/2022 18:41 Decisão Decisão
870
 ESTADO DO MARANHÃO

PODER JUDICIÁRIO

COMARCA DE BACURI

Processo nº 0800540-74.2022.8.10.0071

[Prisão Preventiva]

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA (313)

REQUERENTE: DELEGACIA DE POLICIA CIVIL DE BACURI

REQUERIDO: WEMISON PEREIRA CARVALHO e outros

DECISÃO

Trata-se de pedido de revogação de prisão preventiva protocolado pela defesa da investigada

MARCIONILDE ALMEIDA GOMES, genitora da vítima do crime de estupro de vulnerável (art.
217 – A e art. 234-A, inciso III, ambos do Código Penal), alegando, em suma, que:

A investigada possui 05 (cinco) filhos, sendo 03 (três) deles menores impúberes, sendo mãe
solteira, estando aos cuidados financeiros da mãe desta, aposentada percebendo a porção
de apenas um salário-mínimo para o sustento;

Não integra qualquer organização criminosa, tampouco, se dedica a atividades criminosas,

além do que, possui residência fixa.

Em contrapartida, o Parquet se contrapõe ao pedido, afirmando que muito embora a acusada

tenha filhos menores, não preenche os requisitos previstos no art.318-A do CPP e outras
condicionantes, entre elas que não seja crime cometido contra descendentes, como é o caso
em tela.

É o relatório. Decido.

Assinado eletronicamente por: HUMBERTO ALVES JUNIOR - 03/08/2022 18:41:07 Num. 72902870 - Pág. 1
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22080318410751000000068167526
Número do documento: 22080318410751000000068167526
O suposto crime praticado possui grande relevância social (estupro de vulnerável). Nesses casos
a garantia da ordem pública deve se impor para que casos dessa natureza não voltem a ocorrer,
uma vez que a conduta imputada à representada possui gravidade suficiente para justificar a
segregação cautelar, consubstanciada na omissão no seu dever de cuidado, penalmente
relevante, ao permitir que sua filha com apenas treze anos se envolvesse com o representado,
engravidando, após sofrer outros abortos.

Além disso, a investigada assim como o representado possuem passagens pela polícia, haja vista
que já responderam processo por tráfico de drogas.

Tais atos causam fortes sentimentos de indignação e repúdio perante a sociedade, merecendo
forte reprimenda do Poder Judiciário.

Para corroborar com este entendimento, colaciono julgados:

HABEAS CORPUS. CRIME DE ESTUPRO CONTRA VULNERÁVEL. ENTEADAS

MENORES. CONTINUIDADE DELITIVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DA
LIBERDADE POR AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS CONTIDOS NO ART. 312,
DO CPP. INOCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE SE MANTER A PRISÃO
CAUTELAR DO PACIENTE PARA GARANTIR A ORDEM PÚBLICA. ORDEM
DENEGADA. 1. A decisão que indefere o pedido de liberdade provisória do paciente
deve ser devidamente fundamentada com dados objetivos do processo, sob pena de
lhe causar ilegal constrangimento. 2. Provada a materialidade do crime e presentes
fortes indícios de autoria, a gravidade in concreto do delito é admitida pela
jurisprudência como fundamento para determinar a imposição de prisão como
medida cautelar, a fim de que seja resguardada a ordem pública.¿ (STJ HC
191804/MA, julgado 16/08/2011). 3 A prática, em tese, de crime sexual contra
vulnerável, qualificado, por mais de 03 anos contra duas enteadas menores,
ameaçando-as de morte, caso fosse denunciado às autoridades, evidencia a
imprescindibilidade da segregação preventiva do autor para a manutenção da ordem
pública também em razão da periculosidade do mesmo, demonstrada pelo modus
operandi empregado na execução continuada do crime 4. Ordem denegada. (TJ-ES -
HC: 00026910820118080000, Relator: SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE
MENDONÇA, Data de Julgamento: 05/10/2011, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL,
Data de Publicação: 17/10/2011).

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

CONTRA A MULHER. ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ENTEADA). PRISÃO
PREVENTIVA. REQUISITOS. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
PERICULOSIDADE. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. INSUFICIÊNCIA DAS
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. ORDEM DENEGADA. 1. Correta
a decisão que decreta a prisão preventiva para garantia da ordem pública, com
fundamento na gravidade da conduta e periculosidade do agente, evidenciada no

Assinado eletronicamente por: HUMBERTO ALVES JUNIOR - 03/08/2022 18:41:07 Num. 72902870 - Pág. 2
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22080318410751000000068167526
Número do documento: 22080318410751000000068167526
 caso concreto pelo modus operandi e fundado risco de reiteração delitiva, a
demonstrar a insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão. 2. É firme a
jurisprudência no sentido de que primariedade e bons antecedentes não constituem
axiomas em favor da liberdade, desde que presentes os requisitos permissivos da
custódia cautelar estampados nos artigos 312 e 313, do Código de Processo Penal.
3. Ordem denegada. (TJ-DF 20120020064733 - Segredo de Justiça 0006478-
38.2012.8.07.0000, Relator: JESUINO RISSATO, Data de Julgamento: 12/04/2012,
3ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 20/04/2012 . Pág.: 202).

PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE

VULNERÁVEL CONTRA ENTEADA DE 7 ANOS. NULIDADE. PRISÃO EM
FLAGRANTE E AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. PRISÃO PREVENTIVA. GRAVIDADE
CONCRETA DA CONDUTA DELITUOSA. MODUS OPERANDI. GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A conversão do
flagrante em prisão preventiva torna superada a alegação de nulidade, relativamente
à falta de audiência de custódia. 2. Havendo prova da existência do crime e indícios
suficientes de autoria, a prisão preventiva, nos termos do art. 312 do Código de
Processo Penal, poderá ser decretada para garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da
lei penal. 3. A prisão preventiva está adequadamente motivada para garantia da
ordem pública e com base em elementos concretos extraídos dos autos, que
evidenciam a gravidade da conduta criminosa e o seu modus operandi, tendo em
vista que o recorrente, em decorrência de relação familiar, cometeu abusos contra
sua enteada de 7 anos de idade, aproveitando dos momentos da ausência da mãe
para molestá-la. 4. O Superior Tribunal de Justiça já firmou o entendimento de que o
modus operandi, os motivos, entre outras circunstâncias, em delito grave, são
indicativos concretos da periculosidade do agente, o que justifica a segregação
cautelar para a garantia da ordem pública. Precedentes. 5. As condições pessoais
favoráveis não têm o condão de, por si só, garantir a liberdade ao acusado, quando
há, nos autos, elementos hábeis que autorizam a manutenção da medida extrema
nos termos do art. 312 do CPP. Precedentes. 6. "Demonstrada a necessidade
concreta da custódia provisória, a bem do resguardo da ordem pública, as medidas
cautelares alternativas à prisão, introduzidas pela Lei n. 12.403/2011, não se
mostram suficientes e adequadas à prevenção e à repressão do crime" (HC
261.128/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado
em 23/4/2013, DJe 29/4/2013). 7. Recurso em habeas corpus não provido.

HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ENTEADA. PRISÃO

PREVENTIVA. REQUISITOS. AUSÊNCIA DE HIPÓTESE DE CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. ORDEM DENEGADA. 1. REQUISITOS DO ART. 312, CPP. O decreto de
prisão cautelar, além de bem fundamentado, está devidamente apoiado em valores
protegidos pela ordem constitucional em igualdade de relevância com o valor
liberdade individual - a tutela da ordem pública e a tutela da efetividade do processo.
2. FUMUS DELICTI. Ao paciente foi imputada a prática continuada de crimes sexuais
contra sua enteada de dez anos de idade. E não obstante a impossibilidade de se
realizar, na via estreita deste writ, o exame aprofundado do conjunto fático-probatório
do processo, atribuição reservada ao juízo de cognição da ação penal, oportuno
registrar que a prova que fundou o indiciamento de P.J., bem como o oferecimento
da denúncia pelo Ministério Público se mostra, até o presente momento, consistente

Assinado eletronicamente por: HUMBERTO ALVES JUNIOR - 03/08/2022 18:41:07 Num. 72902870 - Pág. 3
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22080318410751000000068167526
Número do documento: 22080318410751000000068167526
 e robusta, lastreada em diversos depoimentos da vítima, de sua mãe e de
testemunhas, que apresentaram, nas várias oportunidades em que ouvidas, relatos
firmes e harmoniosos. 3. PERICULUM LIBERTATIS. Quanto ao periculum libertatis,
a sua configuração se deve à gravidade dos delitos imputados, em seus contornos
concretos, praticados contra menina de dez anos de idade, com o abuso da condição
de padrasto e, ainda, ao fato de que a lesada e sua mãe foram ameaçadas pelo
paciente. Soma-se a essas circunstâncias, ainda, o fato de o paciente encontrar-se
foragido, conforme noticiou a autoridade coatora nas informações prestadas.Ordem
denegada. (TJ-RS - HC: 70042605584 RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Data
de Julgamento: 01/06/2011, Oitava Câmara Criminal, Data de Publicação:
20/06/2011).

Cabe destacar, ainda, que a prisão preventiva da indiciada não teve como base somente a
gravidade do delito de estupro de vulnerável, mas sim todas as peculiaridades que envolvem o
caso em tela, principalmente pelo fato de que a vítima ser sua filha, que engravidou do outro
representado e possui um histórico de abortos.

Demonstrada a necessidade concreta da custódia provisória, a bem do resguardo da ordem

pública, as medidas cautelares alternativas à prisão não se mostram suficientes e adequadas à
prevenção e à repressão do crime.

Por fim, embora seja mãe de 05 (cinco) filhos, o crime de estupro de vulnerável foi cometido
contra sua filha, sendo incabível a substituição da segregação cautelar pela prisão domiciliar,
conforme vedação expressa no art. 318-A do CPP.

Sendo assim, indefiro o pedido de revogação da prisão preventiva da representada.

Ato contínuo, concedo vista destes autos ao MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL para requerer o
que entender devido.

Intimem-se.

ESTA DECISÃO ASSINADA E SUA CÓPIA SUPRE EVENTUAIS OFÍCIOS OU MANDADOS.

Cumpra-se.

Assinado eletronicamente por: HUMBERTO ALVES JUNIOR - 03/08/2022 18:41:07 Num. 72902870 - Pág. 4
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22080318410751000000068167526
Número do documento: 22080318410751000000068167526
Bacuri/MA, 01 de agosto de 2022.

HUMBERTO ALVES JÚNIOR

Juiz de Direito Titular da Comarca de Mirinzal/MA

Respondendo pela Comarca de Bacuri/MA.

Documentos associados ao processo

Título Tipo Chave de acesso**

Petição Criminal Petição Criminal 22052515174892100000063360975
Pedido de Prisão
Petição Inicial 22052515174897900000063362000
Preventiva
Certidão Certidão 22052516535729500000063375969
Vista MP Vista MP 22052516535729500000063375969
PARECER
Petição 22052521480214400000063386231
MINISTERIAL
Decisão Decisão 22060114373929500000063834153
Informações
Informações Prestadas 22060217202939600000063958727
Prestadas
MANDADO -
Mandado 22060217202948300000063959481
MARCIONILDE
Informações
Informações Prestadas 22060217223536800000063959487
Prestadas
MANDADO - WEMISON
Mandado 22060217223540900000063959488
PEREIRA CARVALHO
Intimação Intimação 22060114373929500000063834153
Intimação Intimação 22060114373929500000063834153
Certidão de Oficial de Certidão de Oficial de
22060421412054100000064079530
Justiça Justiça
ciência MP Petição 22060511253007600000063967073
Habilitação em processo Petição 22072610473301900000067590278
Procuração -
Procuração 22072610473307700000067591224
Marcionilde.
Cumprimento de
Petição 22072615493343900000067631347
Mandado
Comunicação Prisão
Petição Inicial 22072615493350800000067632645
Marcionilde
Revogação Prisão
Petição Inicial 22072717415834200000067742990
Preventiva - Marcionilde
Revogação da Prisão
Petição 22072717415839400000067744295
Preventiva - Marcionilde
DOC. 01 - FILHOS Documento Diverso 22072717415847100000067744300
DOC. 02 CERTIDÃO DE
NASCIMENTO Documento Diverso 22072717415861700000067744301
BENJAMIN
Decisão Decisão 22072815564850900000067772331

Assinado eletronicamente por: HUMBERTO ALVES JUNIOR - 03/08/2022 18:41:07 Num. 72902870 - Pág. 5
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22080318410751000000068167526
Número do documento: 22080318410751000000068167526
Vista MP Vista MP 22072815564850900000067772331
Manifestação . Petição 22072914354532400000067820970
Autos de Inquérito Autos de Inquérito
22080316265138800000068153822
Policial (279) Policial (279)
IP 21 2022 DP
Petição 22080316265144500000068153828
APC_compressed

ENDEREÇOS:

DELEGACIA DE POLICIA CIVIL DE BACURI

RUA SÃO JOSÉ, SN, DELEGACIA DE POLÍCIA CIVIL, PEDREIRA, BACURI - MA - CEP: 65270-000

WEMISON PEREIRA CARVALHO

Rua Gonçalves Dias, 46, próx. ao posto de saúde, Fátima, CURURUPU - MA - CEP: 65268-000

MARCIONILDE ALMEIDA GOMES

RUA GETULIO VARGAS, SN, TABATINGA, APICUM-AçU - MA - CEP: 65275-000
Telefone(s): (98)8431-1314

Assinado eletronicamente por: HUMBERTO ALVES JUNIOR - 03/08/2022 18:41:07 Num. 72902870 - Pág. 6
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22080318410751000000068167526
Número do documento: 22080318410751000000068167526