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GALVÃO E MADEIRA

ADVOCACIA CRIMINAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE


DA SEÇÃO CRIMINAL DO EGREGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

HC SP Nº2167032-11.2014.8.26.0000-14 ª CAMARA DE DIREITO


CRIMINAL

RAUL DOS SANTOS PINTO


MADEIRA, advogado inscrito nos quadros da OAB/SP, sob o nº 318.890 e
MARCELO AUGUSTO SILVA GALVÃO, advogado inscrito nos quadros da
OAB/SP, sob o nº 311.312, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, impetrar o
presente

“HABEAS CORPUS” COM PEDIDO LIMINAR

em favor de PAULO HENRIQUE DOS SANTOS, contra ato do DA 14 ª CAMARA


DE DIREITO CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO E DO
JUIZ DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CRUZEIRO/SP, por

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constrangimento ilegal nos autos de origem nº 000444933.2014.8.26.0156 da 2ª


vara criminal da Comarca de Cruzeiro/SP  , pelos motivos a seguir expostos:

DA SUPERAÇÃO DA SÚMULA 691, DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:

Destaca a Constituição Federal, em seu artigo 102, a competência


originária do Supremo Tribunal Federal para apreciação de Habeas Corpus em que o
coator é Tribunal Superior:

“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal:


(...)
i) “o Habeas Corpus, quando o coator for TRIBUNAL
SUPERIOR ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos
estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância”.

No caso em questão, o Desembargador Relator do HC apreciou o


pedido de concessão de liminar e indeferiu o pedido formulado, pedindo diretamente
informações à autoridade ao juiz de primeiro grau sobre os motivos ensejadores de
sua decisão, além de afirmar que a liminar, na via eleita não tem previsão legal, sendo
criação jurisprudencial para casos em que a urgência, necessidade e relevância da
medida se mostrem evidenciadas de forma indiscutível na própria impetração e nos
elementos de prova que a acompanham.

Em casos de grave ilegalidade, abuso, irrazoabilidade e


teratologia, porém, tanto o STJ como o STF têm superado o disposto na súmula para
conhecer do writ. Vejam-se os exemplos abaixo:

HC 91729 / SP - SÃO PAULO


HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento:  25/09/2007          
Órgão Julgador:  Primeira Turma

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EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO


PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA. PRONÚNCIA
SUPERVENIENTE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 691 DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SUPERAÇÃO. ORDEM DE PRISÃO QUE NÃO SE
FUNDA EM DADOS CONCRETOS. PRISÃO PREVENTIVA QUE NÃO SE
ENCONTRA ADEQUADAMENTE JUSTIFICADA. ORDEM CONCEDIDA. I - A prisão
preventiva há que se basear em situações concretas de ofensa ao ordenamento,
expressamente previstas no art. 312 do Código de Processo Penal. II - A gravidade do
crime ou o clamor público causados pela conduta criminosa não se prestam a
justificar, de per se, a manutenção da segregação cautelar. III - A ausência ou a
deficiência de fundamentação da decisão judicial atacada viabiliza a superação
do teor da Súmula 691 desta Suprema Corte. IV - Ordem concedida.

HC 90652 / BA – BAHIA
HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento:  14/08/2007          
Órgão Julgador:  Primeira Turma
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO
TEMPORÁRIA. EXCESSO DE PRAZO. FALTA DE SUBSTRATO FÁTICO PARA A
MEDIDA. OFENSA AINDA À GARANTIA DE FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES
JUDICIAIS. SUPERAÇÃO DA SÚMULA 691. ORDEM CONCEDIDA. I - A colheita de
um depoimento isolado, pelo Ministério Público, não pode sustentar prisão
temporária que já perdura por dezoito meses. II - Ademais, a decisão atacada não
está suficientemente fundamentada. III - Situação cuja ilegalidade permite a
superação da Súmula 691 do STF. IV - Ordem concedida.

No caso “in tela”, a ilegalidade é latente, não bastasse o


“acusado”, não ter qualquer participação na empreitada criminosa, o excesso de praz
é flagrante e a decisão de decretação da prisão preventiva é mera repetição fria e
abstrata dos artigos de lei, portanto devendo a ilegalidade ser sanada imediatamente.

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Ad argumentandum, ainda que o colendo Supremo Tribunal


pudesse entender se estar suprimindo instância ao não se aguardar o pronunciamento
em definitivo do tribunal estadual, há que se ponderar na circunstância os interesses
envolvidos. Seria razoável aguardar toda a tramitação do HC no Tribunal de São
Paulo, após, aguardar julgamento definitivo do Habeas Corpus perante o STJ
correndo-se o grave risco de o mérito ser concedido, mantendo-se o acusado preso ,
para só então se poder interpor recurso a esse Superior Tribunal?
Como acima demonstrado a ilegalidade nos autos é flagrante,
devendo o presente wirt ser recebido, deferida a liminar e confirmada no mérito.

SINTESE DOS FATOS

O paciente foi ilegalmente preso em


flagrante na data de 26 de Maio de 2014, sob a alegação de estar praticando os crimes
previstos nos artigos 33, 35 e 40 , inciso VI da lei 11.343/06,o acusado não teve
qualquer participação com a empreitada criminosa , a prisão em flagrante foi
equivocadamente convertida em preventiva e apesar do pedido de sua revogação
protocolado a mesma foi mantida.
Sem adentrar ao mérito, mais somente a
título de informação, o paciente nega veementemente a Autoria delitiva, não foi preso
em flagrante, apenas ofereceram carona ao menor Gabriel, o qual fora contratado
para entregar uma sacola a acusada Nicole ( depoimento do menor Gabriel em
anexo).
Doutos Desembargadores, a manutenção
da segregação cautelar é manifestamente ilegal.

O “suposto” flagrante foi totalmente ilegal,


o acusado em nenhum momento praticou os crimes a ele imputados, o mesmo sequer
deu conta que o menor trazia consiga a referida sacola com o entorpecente, o qual foi

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entregue pelo menor à acusada Nicole, apesar da prisão ilegal o acusado se encontra
preso há mais de 4 meses, portanto com abusivo excesso de prazo.
Não bastasse o acima exposto, os
fundamentos são absolutamente genéricos, não constando da r. decisão nenhum
requisito para custódia cautelar que atine especificamente com a pessoa do Paciente. A
prisão foi convertida em preventiva, “à granel”, sem a verificação das hipóteses de
cabimento, dispostas nos artigos 312 e 313 do CPP.

Nesta diapasão, é evidente não estarem


presentes o fumus delicti comissi e o periculum libertatis, requisitos para a decretação
da segregação cautelar do artigo 312 do CPP, ademais quando do indeferimento do
pedido de revogação a r. decisão é carente de fundamentação o respeitável Magistrado,
não agiu com o costumeiro acerto, pois apenas discorre não haver a alteração do suporte
fático/jurídico e estarem presentes os requisitos do artigo 312 , no entanto, tal decisão
em nenhum momento se ateve ao caso concreto, assim transgredindo as regras do artigo
315 do CPP e artigo 93, IX, da CF/88.
Ainda, com relação a r. decisão de
indeferimento da revogação da segregação cautelar, há que se observar a omissão
quanto aos requisitos subjetivos do paciente para responder ao processo em liberdade, o
mesmo tem residência fixa, ocupação lícita , é primário e possui bons antecedentes.
O Paciente não representa qualquer perigo
à ordem pública, não tem interesse em coagir testemunhas, pois as mesmas irão
demonstrar sua inocência, não tem interesse em frustar a aplicação da lei penal ou
atrapalhar a instrução criminal , portanto, não deveria ter sofrido a segregação cautelar.

A decisão da manutenção da prisão


cautelar, vai de encontro com o disposto no art 5º da CF, o qual dispõe da seguinte
maneira:

“ninguém será considerado culpado até o transito julgado de sentença penal


condenatória transitada em julgado”

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O Paciente nada deve a justiça, o Membro


Ministerial, tenta a qualquer custo distorcer a situação fática, não houve prisão em
flagrante, logo o paciente teve seu direito de ir e vir tolhido indevidamente.
No tocante a conversão das prisões em
flagrantes em preventivas, aos olhos da defesa o controle judicial não vem sendo
realizado com a devida cautela, apesar de todo aparato persecutório os órgãos
acusatórios, não vêm trazendo aos autos na maioria das vezes nenhum elemento
probatório suficiente para a decretação de prisões ou condenações, apesar disso não
encontramos decisões combatendo tais irregularidades, no caso analisado a ilegalidade
da prisão é latente e apesar disso passou pelo crivo do controle judicial

Ainda insta salientar, que a r. decisão não


analisou o caso concreto e utilizou da gravidade do crime “in abstrato”, para
fundamentar a prisão preventiva, a qual deveria ser utilizada segunda Luiz Flávio
Gomes como a “última ratio” da “extrema ratio”, neste sentido :
HABEAS CORPUS Nº 267.552 - SP
(2013/0092600-7) RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ
IMPETRANTE : VALTER NUNHEZI PEREIRA
ADVOGADO : VALTER NUNHEZI PEREIRA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : IVANI GOMES DA SILVA
(PRESO)
PACIENTE : VALTER JUNIOR DOS SANTOS
MOREIRA (PRESO)
EMENTA
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE
RECURSO ORDINÁRIO. DESCABIMENTO. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL E DESTE SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. MATÉRIA DE DIREITO ESTRITO.
MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO DO STJ, EM CONSONÂNCIA COM O DO STF.
PROCESSUAL PENAL. RECEPTAÇÃO, FORMAÇÃO DE QUADRILHA, E ADULTERAÇÃO DE
SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR. PRISÃO EM FLAGRANTE
CONVERTIDA EM PREVENTIVA. NECESSIDADE DA CUSTÓDIA CAUTELAR NÃO

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DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO CONCRETA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL


EVIDENCIADO. PREJUDICADO O EXAME DA ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO PARA
FORMAÇÃO DA CULPA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. 1. O Superior Tribunal de Justiça, adequando-se à nova orientação da primeira turma do
Supremo Tribunal Federal, e em absoluta consonância com os princípios constitucionais – notadamente o
do devido processo legal, da celeridade e economia processual e da razoável duração do processo –,
reformulou a admissibilidade da impetração originária de habeas corpus, a fim de que não mais seja
conhecido o writ substitutivo do recurso ordinário, sem prejuízo de, eventualmente, se for o caso, deferir-
se a ordem de ofício, nos feitos em andamento. 2. A prisão cautelar somente é devida se expressamente
justificada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação
da lei penal, ex vi do art. 312 do Código de Processo Penal, sob pena de conduzir à nulidade da decisão
constritiva, que é excepcional. 3. As instâncias ordinárias, julgando a partir de suas opiniões pessoais, e
não por meio dos princípios que regem a matéria, inverteram a lógica da prisão preventiva, chegando ao
ponto de consignar, expressamente, que a preservação da sociedade reclama que a liberdade provisória
seja deferida "em casos muito excepcionais". Não bastasse, a decisão que converteu o flagrante em
preventiva apontou que os Pacientes teriam, em tese, cometido o crime de roubo com emprego de arma,
afirmação de todo alheia à realidade dos autos, o que reforça a ausência de cautela do juízo processante
no exame dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal. 4. Habeas corpus não conhecido.
Ordem concedida de ofício para cassar as decisões que indeferiram a liberdade provisória aos Pacientes,
sem prejuízo de que outras medidas cautelares sejam adotadas pelo Juízo condutor Documento: 30816735
- EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 11/09/2013 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça
do processo, conforme ressaltado no voto.
Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS
Nº 253.991 - MG (2012/0192339-3)
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA
IMPETRANTE : WALQUIR ROCHA AVELAR
JÚNIOR
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE MINAS GERAIS PACIENTE : DIEGO ANANIAS DOS SANTOS (PRESO)
EMENTA
PENAL. HABEAS CORPUS . ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. PRÉVIO MANDAMUS DENEGADO. PRESENTE WRIT SUBSTITUTIVO
DE RECURSO ORDINÁRIO. INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA. PRISÃO PREVENTIVA.
GRAVIDADE GENÉRICA DO CRIME. FALTA DE INDICAÇÃO DE ELEMENTOS CONCRETOS A
JUSTIFICAR A MEDIDA. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA. INSERÇÃO PELO TRIBUNAL DE
FUNDAMENTOS NÃO PRESENTES NO DECISUM . IMPOSSIBILIDADE. FLAGRANTE

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ILEGALIDADE. EXISTÊNCIA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE


OFÍCIO. CONFIRMADA A LIMINAR DEFERIDA. 1. É imperiosa a necessidade de racionalização do
emprego do habeas corpus, em prestígio ao âmbito de cognição da garantia constitucional e em louvor à
lógica do sistema recursal. No presente mandamus , foi impetrada indevidamente a ordem como
substitutiva de recurso ordinário. 2. A prisão processual deve ser configurada no caso de situações
extremas, em meio a dados sopesados da experiência concreta, porquanto o instrumento posto a cargo da
jurisdição reclama, antes de tudo, o respeito à liberdade. 3. In casu, existe manifesta ilegalidade pois a
custódia provisória não se justifica ante a fundamentação inidônea, pautando-se apenas na gravidade
abstrata dos delitos, estando ausentes os requisitos previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal.
4. Não é dado ao Tribunal estadual agregar fundamentos não presentes na decisão do Juízo singular, sob
pena de incidir em indevida inovação. 5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a
fim de que o paciente possa aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação penal, se por outro
motivo não estiver preso, sem prejuízo de que o Juízo a quo, de maneira fundamentada, examine se é caso
de aplicar uma das medidas cautelares implementadas pela Lei n.º 12.403/11, ressalvada, inclusive, a
possibilidade de decretação de nova prisão, caso demonstrada sua necessidade. Confirmada a liminar
anteriormente deferida
Com a devida e máxima vênia e com base
nos acórdãos acima citados a r. decisão não deve prevalecer, pois seus fundamentos são
abstratos, vazios, meras ilações, presunções e repetições da lei sendo, também por essa
razão, manifestamente ilegal a custódia antecipada.

Se toda vez em que se denunciasse alguém


por crime, que subjetivamente se entende grave, ou que supostamente pudesse afetar
instituições, a prisão preventiva deveria ser obrigatória, o que, com todas as vênias,
suscita a idéia de um preconceito às avessas.

O Paciente sequer foi interrogado. Ou seja,


a prolação de eventual sentença condenatória ainda está muito longe de se efetivar, até
porque necessária estar embasada numa prova judicializada.

O Supremo Tribunal Federal vem


insistentemente advertindo, “ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que
seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a

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esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado. O princípio


constitucional da não-culpabilidade, em nosso sistema jurídico consagra uma regra de
tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar em relação ao
suspeito, ao indiciado, ao denunciado, ou ao réu, como se estes já houvessem sido
condenados definitivamente por sentença do Poder Judiciário” (HC 80.719, 2ª T., rel.
Min. CELSO DE MELLO, DJ 28/9/01).

No que se refere a fundamentação da


segregação cautelar para resguardar a instrução processual. Segundo decisão atacada
que abaixo expõe:

“ Ao que consta dos autos, os indícios apontam os investigados como envolvido no


crime, conforme depoimentos coligidos na informatio delicti. Assim, diante dos indícios
sobre as circunstâncias do cometimento do crime grave, necessária a decretação da
prisão temporária para conclusão das investigações.

Excelências, a ilegalidade da ordem de


prisão neste particular é escandalosa. Afirmar, sem qualquer demonstração concreta e
individualizada, que o Paciente, em liberdade, “poderá” alterar provas e ameaçar
testemunhas, atrapalhar em geral a investigação policial, extrapola qualquer
razoabilidade! Tal fundamento não sobrevive: ofende os princípios mais comezinhos do
direito, e o passado absolutamente anteacto do Paciente primário, com residência fixa,
com carteira de trabalho antes assinada, nomeando Advogados Militantes na Comarca.
O que o Juízo originário alega, data vênia, não decorre dos autos e sim do seu
imaginário.

Mais uma vez, resgatou-se a idéia de


prisão obrigatória, há muito expungida de nosso Direito Penal, quando se consagrou a
lição do eminente Ministro PAULO MEDINA de que:

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“É necessário que a sociedade compreenda que permitir que alguém responda solto a
um processo-crime é apenas cumprir a Constituição Federal” (HC n.º41.182, Rel.
Min. NILSON NAVES, DJ 05/09/2005).

Com a devida vênia, falta à decisão


concretude, a demonstração com elementos empíricos, fatos, motivos reais e objetivos,
do porquê se presume que se solto o Paciente iria atrapalhar a conclusão da investigação
policial, supondo, fazendo crer, deduzindo que o Paciente pudesse coagir testemunhas
ou mesmo alterar provas.

Há de fato verdadeira conjectura formulada


no decreto prisional quanto à possibilidade (emprego do verbo “poder” no futuro do
indicativo: “poderão”) de que o Paciente viesse a se comportar de forma a
eventualmente obstaculizar a regularidade da instrução criminal.

Sobre as questões aqui suscitadas, o


Superior Tribunal de Justiça pacificou suas decisões. Vejamos:

“Exige-se concreta motivação para o indeferimento do pedido de liberdade provisória,


com base em fatos que efetivamente justifiquem a excepcionalidade da medida,
atendendo-se aos termos do art. 312 do CPP e da jurisprudência dominante.
(...) V. Conclusões vagas e abstratas tais como a possibilidade de fuga do réu, de que
as investigações sejam obstruídas, de destruição dos elementos probatórios, de
intimidação de testemunhas ou de reiteração delitiva, sem vínculo com situação fática
concreta, efetivamente existente, consistem meras probabilidades e suposições a
respeito do que o acusado poderá vir a fazer, caso permaneça solto, motivo pelo qual
NÃO PODEM RESPALDAR A MEDIDA CONSTRITIVA para conveniência da
instrução criminal e aplicação da lei penal.” (HC n.º 48.381-MG, Rel. Min.
GILSON DIPP, DJ 1.8.06, grifamos).

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Na mesma linha:

”PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS. CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.


Meras conjecturas acerca da possibilidade do réu vir a fugir, ameaçar testemunhas
ou prejudicar a instrução criminal não podem, abstratamente, respaldar a medida
constritiva, desconsideradas, por seu turno, a existência de condições pessoais
favoráveis ao paciente. A fundamentação dos motivos ensejadores da prisão
preventiva não pode estar ancorada em juízos de probabilidade, sem demonstração de
correspondentes fáticos. Suposto clamor popular e gravidade do crime, sem vínculo
com dados concretos da realidade, não justificam, por si sós, o decreto de prisão.”
(HC nº 34.942, Rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, DJ 11.4.05)

No mesmo sentido a jurisprudência do


Pretório Excelso:

“A prisão preventiva, como exceção à regra da liberdade, somente pode ser decretada
mediante demonstração cabal de sua real necessidade. Presunções e considerações
abstratas a respeito do paciente e da gravidade do crime que lhe é imputado não
constituem bases empíricas justificadoras da segregação cautelar para garantia da
ordem pública e da aplicação da lei penal, nem por conveniência da instrução
criminal. Ordem concedida.” (HC n.º 90.862, 2.ª Turma, rel. Min. EROS GRAU, j.
3.4.07, DJ 27.4.07).
Ora. Excelências. A concessão da
liberdade provisória na esteira do disposto no artigo 310, parágrafo único, do Código de
Processo Penal, adquiriu status de verdadeiro direito subjetivo processual do acusado.

Deste modo, não basta à mera alegação da


natureza do crime, não basta meras ilações, deduções para fundamentar a manutenção
do cárcere do acusado, se ausentes os requisitos específicos.

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Ainda com relação a liberdade provisória é


de suma importância analisar o que diz expressamente o artigo 5º da Constituição
Federal: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitiu a
liberdade provisória, com ou sem fiança”. E, justamente, a lei que admite a liberdade
provisória em todos os casos que não há motivo para a decretação da segregação
cautelar.

A prisão no curso do processo, antes de


reconhecida a culpabilidade do acusado por sentença definitiva, consiste em real
constrangimento à liberdade individual, e deve, portanto, ser utilizada como exceção, e
não como regra.
O Paciente tem direito de defender-se em
liberdade, se ausentes elementos que autorizem sua segregação cautelar, somando-se ao
fato que preenche os requisitos legais para tanto. Nunca é demais, realçar o caráter
absolutamente excepcional da prisão processual que deve ser reservada aos casos se
imperiosa necessidade.
Ressalte-se novamente, que o Paciente
constituiu advogado militante na Comarca de Cruzeiro-SP, se comprometendo desde já,
a comparecer a todos os atos do processo sempre que necessário.

Portanto, pelas condições objetivas e


subjetivas e pela ilegalidade da prisão em flagrante, já destacadas não há razão para
manter o acusado encarcerado, pois não ofende a ordem pública, a instrução criminal ,
ou a aplicação da lei penal, se responder o processo em liberdade, estando ausentes,
portanto, os requisitos para a manutenção da prisão cautelar.

Assim, temos que a liberdade provisória só


deve ser negada se houver motivo para a prisão “in testilha”, o que não ficou
demonstrado no caso concreto, haja vista a falta de fundamentação e da omissão na
analise da aplicação das medidas cautelares diversas da prisão .

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Assim, não é justo que seja mantido preso


aquele que tem direito constitucional de aguardar seu julgamento em liberdade.

Formulado o pedido de liberdade


provisória pelo advogado do suposto Réu, o MM. Juiz de primeira instância indeferiu o
pedido.

Voltando no assunto da prisão cautelar por


conveniência da instrução criminal, expressão de sentido por demais amplo, deve-se
compreender somente os casos nos quais a instrução criminal não se faria ou se
deturparia sem a prisão cautelar. Como, v.g., são os casos em que o acusado tenta
subornar ou intimidar as testemunhas, procura fazer desaparecer os vestígios do crime
praticado, ou, de qualquer outra maneira concorre para impedir que o juiz colha as
provas necessárias à apuração correta dos fatos.

Por último, a necessidade de assegurar a


aplicação da lei penal visa evitar que diante de uma possível fuga do Acusado, pelo
temor da condenação, uma possível execução da sanção penal pudesse ser frustrada.
Busca garantir, assim, os fins do processo.

Também não há nos autos nada,


absolutamente nada, que evidencie que o Acusado procure evadir-se. Muito pelo
contrário: o indiciado possui residência fixa no distrito da culpa, conforme
documentos juntados, nada indicando ou sugerindo que pudessem vir a fugir.

Cumpre salientar, quanto à ocupação lícita,


que a comprovação está devidamente documentada, assim, Nobres Desembargadores,
não há nada no caso em tela que autorize, justifique ou exija a decretação da prisão
preventiva do acusado.

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O status de inocência do acusado não


permite a imposição de qualquer restrição à sua liberdade, que não seja absolutamente
necessária.

A prisão cautelar, como medida processual


de restrição da liberdade de quem ainda se presume inocente, e não pode ser equiparado
aos condenados por sentença transitada em julgado, não pode representar uma pena
antecipada.

Lembre-se, por necessário, que após


inúmeros julgados nesse sentido, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 10 de
maio de 2012, reconheceu, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da vedação da
liberdade provisória no tráfico de drogas, em razão da ofensa direta ao princípio da
presunção de inocência. E o principio da presunção da inocência deverá ser
respeitado no caso em apreço.

Nesse sentido, trazemos a baila os


seguintes dizeres de Gilmar Mendes, quando do seu voto:

“O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, afirmou em seu voto que a regra
prevista na lei ‘é incompatível com o princípio constitucional da presunção de
inocência e do devido processo legal, dentre outros princípios’.

O ministro afirmou ainda que, ao afastar a concessão da liberdade provisória de


forma genérica, a norma retira do juiz competente a oportunidade de, no caso
concreto, ‘analisar os pressupostos da necessidade do cárcere cautelar em inquívoca
antecipação de pena, indo de encontro a diversos dispositivos constitucionais”.

De acordo com o jurista Luiz Flávio Gomes, a prisão preventiva não é apenas a
ultima ratio. Ela é a extrema ratio da ultima ratio. A regra é a liberdade; a exceção
são as cautelares restritivas da liberdade (art. 319, CPP). (Prisão e Medidas
cautelares – Comentários à Lei 12.403/2011. São Paulo: RT, 2011.)

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Fernando Pereira Neto, por seu turno, traçando críticas positivas à nova lei, afirma:
“O que faz a nova lei, em apertada síntese, é simplesmente efetivar o tão badalado
princípio da presunção de inocência consagrado em nossa Constituição. A reforma
da Lei 12.403 elimina a péssima cultura judicial do país de prender cautelarmente os
que são presumidos inocentes pela Constituição Federal, tendo como base, única e
exclusivamente, a opinião subjetiva do julgador a respeito da gravidade do fato.”
(FERNANDO PEREIRA NETO, http://rionf.com.br/archives/1187). (g.n.).

Salienta-se: a prisão no curso do


processo, antes de reconhecida a culpabilidade do indiciado por sentença definitiva,
consiste em real constrangimento à liberdade individual, e deve, portanto, ser utilizada
como exceção, e não como regra. Apenas em casos excepcionais se justifica a prisão
daquele que é presumido inocente.

DO PEDIDO LIMINAR:

Estampado o fumus boni iuris em toda a


argumentação acima exposta, especialmente, nos precedentes do Supremo Tribunal
Federal, o periculum in mora se reveste no fato de o Paciente estar preso em regime
fechado, sofrendo todos os males da prisão, em razão de r. decisão manifestamente
ilegal.

Nessa linha de raciocínio, a autorizada


expressão do. Col. STF, em v. aresto da lavra do eminente Min. CELSO DE MELLO:

“A medida liminar, no processo penal de habeas corpus, tem o caráter de providência


cautelar. Desempenha importante função instrumental, pois destina-se a garantir –
pela preservação cautelar da liberdade de locomoção física do indivíduo – a eficácia
da decisão a ser ulteriormente proferida quando do julgamento definitivo do writ
constitucional” (RTJ 147/962).

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Dessa forma, com a devida vênia,


considerando as ilegalidades da prisão em flagrante, do excesso de prazo na formação
da culpa e da falta de fundamentação concreta para a manutenção da segregação
cautelar e da omissão na análise da aplicação das medidas cautelares diversas da prisão
que se apontam não só pela desnecessidade da prisão do Paciente, mas também pela
falta de justa causa e fundamentação idônea para decretá-la, requer-se, liminarmente, a
revogação da prisão preventiva imposta ao Paciente até o julgamento final deste writ,
como medida de J U S T I Ç A.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, estando


presentes o “periculum in mora” e o “fumus boni iuris”, REQUER seja concedida,
liminarmente e em final decisão, ordem de Habeas Corpus em favor do Paciente, com a
concessão da liberdade provisória, expedindo-se o competente alvará de soltura, como
medida da mais lidima Justiça.

Termos em que
Pede deferimento

Cruzeiro, 29 de setembro de 2014.

RAUL DOS SANTOS PINTO MADEIRA.

OAB/SP nº 318.890

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