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AO JUÍZO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE PORTO ALEGRE/RS

URGENTE – RÉU PRESO


Ação Penal nº 170672

RODRIGO OLIVEIRA, brasileiro, casado, industriário, portador da cédula de


identidade RG no 23345686, inscrito no CPF/ MF sob o nº 987.654.321-20,
residente e domiciliado na Rua dos Ferroviários ,1208, bairro Humaitá, na cidade
de Porto Alegre/RS, CEP 12345-678, endereço eletrônico
rodrigo_oliveira@gmail.com, atualmente recolhido no Presídio Central de Porto
Alegre, através de seu advogado abaixo assinado (procuração em anexo), com
escritório profissional situado na cidade de Porto Alegre/RS, na rua Carlos Gomes,
nº 1.000, bairro Petrópolis, CEP 98765-432, endereço eletrônico:
gastao@pachedefaria.adv.br, onde recebe intimações, vem, muito
respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos autos do processo em epígrafe,
apresentar

PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA,

com fulcro no artigo 316, do Código de Processo Penal, pelos fatos e


fundamentos a seguir articulados:
DOS FATOS

O requerente foi preso em flagrante delito em 28 de setembro de 2021 dentro


de sua residência por ter, em tese, passado a mão nos seios e na parte interna
das pernas da sua enteada, E.Z.B.A, com 11 anos de idade.

De acordo com a prisão em flagrante a menina abordou um policial militar


asseverando ter sido abusada pelo padrasto naquela manhã. Após o custodiado
foi conduzido a delegacia, sendo denegado o relaxamento de prisão ao juiz
plantonista de custódia, sendo então denunciado pelo Ministério Público, na Ação
Penal nº. 170672 perante Douto Juízo como acusado da prática do delito
presente no art. 217-A do CPP (estupro de vulnerável), onde Vossa Excelência
decretou a prisão preventiva do mesmo, por entender estarem presentes os
requisitos necessários e autorizadores de tal medida.

Outrossim, restou fundamentada genericamente na decisão que a custódia seria


necessária por se tratar de um crime de extrema repulsa social, aplicando-se a
medida para a garantia da instrução criminal, bem como garantia de ordem
pública.

Apesar de ser réu primário, gozar de trabalho lícito e de endereço certo,


o requerente encontra-se preso, sob o fundamento deste delito em
abstrato.

Nessa senda, merece destacar que a MÃE da menor, ora supostamente abusada,
foi quem contratou a defesa para o paciente uma vez que declarou no inquérito
policial nº 456876/50 (anexo), testemunhando a favor do réu, mencionando
entre que a menor seguidamente conta muitas histórias, que o crime nunca teria
ocorrido.

Vale destacar que o exame de corpo de delito nº 9089/21, da suposta vítima,


restou INCONCLUSIVO para a prática de conjunção carnal e outros que
corroborassem para a tese da história contada pela menor.
Ocorre que, Vossa Excelência, a fundamentação para a decretação da prisão
preventiva não pode ser genérica, pois afronta a Constituição Federal em seu art.
5º, LVII - (liberdade e a presunção de inocência), não restando outro meio, senão
pedir a revogação da prisão preventiva.

DO DIREITO

Expostos os fatos, sabemos que a maior parte das prisões é decretada com
fundamento na Ordem Pública, contudo, no caso em tela está provado que o
requerente é primário, apresentou endereço fixo e goza de atividade lícita, o que
torna injustificável a sua prisão, entretanto, mesmo assim, o magistrado se
limitou em considerar o crime de estupro de vulnerável com juízo valorativo
genérico e abstrato, violando o disposto no art. art. 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal, quando decretou a prisão preventiva do ora acusado.
Vejamos o que reza o dispositivo constitucional.
Art. 5º da CF. (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória;

Para o Superior Tribunal de Justiça, o juízo valorativo sobre a gravidade genérica


do crime imputado aos acusados não constitui fundamentação idônea a autorizar
a prisão cautelar, mormente se desvinculado de qualquer fator concreto
ensejador da configuração dos requisitos do art. 312 do CPP.

CRIMINAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO.


LIBERDADE PROVISÓRIADENEGADA. GRAVIDADE DO
DELITO. PRESUNÇÕES ABSTRATAS.
FUNDAMENTAÇÃOINIDÔNEA. ORDEM CONCEDIDA. I. A
prisão cautelar é medida excepcional e deve ser decretada
apenas quando devidamente amparada pelos requisitos
legais previstos no art. 312 do Código de Processo Penal,
em observância ao princípio constitucional da presunção de
inocência ou da não culpabilidade, sob pena de antecipar a
reprimenda a ser cumprida quando da condenação. II. O
juízo valorativo a respeito da gravidade genérica do crime
praticado pela paciente, a existência de prova da
materialidade e indícios de autoria não constituem
fundamentação idônea a autorizara prisão para garantia da
ordem pública, se desvinculados de qualquer fator
concreto, que não a própria conduta, em tese, delituosa,
como já anteriormente destacado. Precedentes. III. Deve
ser cassado o acórdão recorrido, bem como a decisão
monocrática por ele confirmada, para conceder ao paciente
o benefício da liberdade provisória, se por outro motivo não
estiver preso, sem prejuízo de que seja decretada nova
custódia, com base em fundamentação concreta. IV.
Ordem concedida, nos termos do voto do Relator. (STJ, T5
- Quinta Turma, HC 198661 DF 2011/0040828-6, Ministro
Gilson Dipp, Data de Julgamento 16/08/2012, Data de
Publicação 22/08/2012) (Grifos nossos)

Seguindo o mesmo raciocínio acima exposto, quanto à proibição de


fundamentação pautada apenas na gravidade do delito em abstrato, dispõe o art.
315 do CPP. “A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva
será sempre motivada.”

Já a súmula 444 do STJ diz que é vedada a utilização de inquéritos policiais e


ações penais em curso para o agravamento da pena-base, ou seja, para esta
Corte não pode ser usada como fundamento que não a própria conduta, em tese,
como já anteriormente destacada.

Assim sendo, o art. 312 do Código de Processo Penal determina em quais casos
ocorrerá à prisão preventiva, no qual o requerente não se enquadra em nenhum
deles, muito menos semelhante, conforme demonstrado nos autos. Se não,
vejamos:
Art. 312 do CPP. A prisão preventiva poderá ser decretada
como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência
do crime e indício suficiente de autoria.

Por tantas razões, o promovente não apresenta nenhum risco ou dano a ordem
pública e compromete-se fielmente a contribuir para as investigações dessa
instrução criminal, a fim de retificar com boa fé sua já então inocência perante
todas as acusações que lhe são injustamente imputadas.
Como ora vislumbra-se não há razão para manter o requerido em cárcere penal,
pela falta de razões que justifiquem sua mantença ou motivo que determine sua
subsistência, portanto roga-se a Vossa Excelência pela revogação da prisão
preventiva decretada, tudo em conformidade com o art. 316 do Código de
Processo Penal:
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no
correr do processo, verificar a falta de motivo para que
subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem.

No mais, resta fundada a não necessidade da prisão em questão do requerido,


devendo em respeito aos princípios constitucionais da liberdade e devido
processo legal e a própria legislação processual penal, ter devolvida sua
liberdade, que se observadas todas as circunstâncias nunca teria sido tirada do
mesmo.

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer a VOSSA EXCELÊNCIA que se digne:
1. A revogação da prisão preventiva nos termos do artigo 316 do Código de
Processo Penal, em virtude de não estarem presentes os requisitos autorizadores
da prisão preventiva do artigo 312 do Código de Processo Penal, tendo em vista
a ausência de fundamentos justificadores da sua existência, e a consequente
expedição do alvará de soltura;

2. A intimação do Ilustre representante do Ministério Público para que apresente


o parecer;

3. Caso Vossa Excelência entenda não ser o caso de revogação da prisão


preventiva, que seja esta substituída por outra medida cautelar diversa da prisão
prevista no artigo 319 do CPP;

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Porto Alegre, 05 de outubro de 2021

__________________________________________
Gastão Pinto Pache de Faria Júnior, OAB/RS 52E029
PROCURAÇÃO

OUTORGANTE: RODRIGO OLIVEIRA, brasileiro, casado, industriário,


portador da cédula de identidade RG no 23345686, inscrito no CPF/ MF sob o nº
987.654.321-20, residente e domiciliado na Rua dos Ferroviários ,1208, bairro
Humaitá, na cidade de Porto Alegre/RS, CEP 12345-678, endereço eletrônico
rodrigo_oliveira@gmail.com,

OUTORGADO: GASTÃO PINTO PACHE DE FARIA JÚNIOR, Advogado,


brasileiro, inscrito na OAB/RS sob nº 52E029, com domicílio profissional situado
na cidade de Porto Alegre/RS, na rua Carlos Gomes, nº 1.000, bairro Petrópolis,
CEP 98765-432, endereço eletrônico: gastao@pachedefaria.adv.br, onde recebe
intimações, onde o outorgado deverá receber quaisquer correspondências e/ou
notificações referentes ao presente feito.

Poderes e fins: Pelo presente instrumento particular de procuração, o


outorgante nomeia e constitui o outorgado como seu procurador para defender
seus interesses perante o foro em geral, com a cláusula ad judicia et extra, em
qualquer Juízo, instância ou Tribunal, ficando investido nos poderes para o foro
em geral previsto no art. 105 do CPC, especialmente para promover sua defesa
criminal nos autos de n Ação Penal nº 170672, movido em seu desfavor pela
imputação de crime previsto no art. 217-A do CPP (estupro de vulnerável) do
CPP, podendo ainda, requerer revogação de prisão preventiva, relaxamento de
prisão, impetrar habeas corpus, apresentar defesa prévia, alegações finais,
produzir provas e tudo o mais que for necessário ao cumprimento fiel deste
mandato, receber intimações e notificações, podendo ainda substabelecer com
ou sem reserva de poderes.

Porto Alegre/RS, 05 de setembro de 2021.

__________________________
RODRIGO OLIVEIRA
(Ourtorgante)

CPF: 987.654.321-20

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