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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 25ª VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE BELÉM-PA
Processo nº 123456-78.2019.814.0301

BRUCE LEE, já qualificado nos autos do processo acima em epígrafe, vem por meio
de seu advogado, requerer à Vossa Excelência o pedido de REVOGAÇÃO DE PRISÃO
PREVENTIVA, com a correspondente expedição de alvará de soltura, nos termos dos arts.
316 e 321, ambos do Código de Processo Penal, pelas seguintes razões fáticas e jurídicas a
seguir expostas:

1. DOS FATOS
A prisão preventiva do requerente foi decretada, de ofício, com base nos arts. 312 e
seguintes do CPP, tendo sido justificada para garantir a conveniência da instrução
processual, pelo fato de o réu não ter realizado o exame de dosagem alcoolica, por não ter
participado da reconstituição do crime (reprodução simulada dos fatos) nem do
reconhecimento de pessoas.
Todavia, como será demonstrado adiante, a segregação do acusado não merece
prosperar, uma vez que o decreto prisional não preencheu os requisitos legais, bem como,
viola a garantia fundamental do processado de não produzir prova contra si, razão pela qual
a prisão preventiva deve ser revogada, com o consequente reestabelecimento de sua
liberdade, com fundamento nos arts. 316 e 321, do CPP.

2. DO DIREITO
2.1 . DA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

Expostos os fatos, passa a considerar que a maior parte das prisões é decretada com
fundamento na Ordem Pública, entretanto no caso acima citado está provado que o
acusado é primário, apresentou endereço certo e goza de trabalho lícito, mesmo assim, o
magistrado se limitou em considerar o crime de estupro de vulnerável com juízo valorativo
genérico e abstrato violando o disposto no art. 93, IX e art. 5º, inciso LVII, ambos
da Constituição Federal , pressuposto do art. 312 do Código Processo Penal , quando
decretou a prisão preventiva do ora acusado.
Art. 5º (...)

LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença


condenatória.

Art. 312 do CPP. “A prisão preventiva poderá ser decretado como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a

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aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente da
autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403/2011)”.
Seguindo o mesmo raciocínio acima exposto pelo julgado do TJ quanto a proibição de
fundamentação pautada apenas na gravidade do delito em abstrato, vejamos:

Dispões o art. 315, do CPP, “ A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva
será sempre motivada e fundamentada.

Já a súmula 444 do STJ diz que é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
penais em curso para o agravamento da pena-base, ou seja, para esta Corte não pode ser
usada como fundamento que não a própria conduta, em tese, como já anteriormente
destacada.

Nossa Lei Maior proclama a “presunção de inocência do acusado ainda não condenado
definitivamente”, e até que se realize um julgamento com direito a todas as formas de
defesa, não há que se falar em restrição de liberdade, do contrário estaríamos punindo um
acusado sem o devido processo legal.

DA MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO

Por outro viés, emergindo a absoluta certeza de que os termos supra, espancam o
combatido decreto de prisão preventiva, por exaurimento à ampla defesa constitucional,
somos obrigados a contrapor todos os pontos de direito a seguir expostos.
À vista disso, em um Estado Democrático que resguarda a presunção de inocência, a
regra é que o processo transcorra com o acusado em liberdade, sendo que somente em
circunstâncias excepcionais, que autorizem a custódia cautelar, é que o cárcere antes da
sentença definitiva é possível, o que não está configurado no caso em tela.
A Constituição, em seu art. 5º, incisos LVII e LXVI, garante ao acusado o direito de
aguardar em liberdade o deslinde do processo até o trânsito em julgado, vinculado ou não a
certas obrigações que podem ser revogadas a qualquer tempo diante do descumprimento
das condições impostas.
A liberdade é a regra e a prisão é a exceção, como está previsto na Declaração
Universal dos Direitos do Homem, a qual proclamou que todo indivíduo tem direito à vida, à
liberdade, consequentemente, qualquer restrição a essa liberdade é inteiramente
excepcional.
Portanto, se, ainda assim, entender o magistrado que a liberdade do requerente deve
ser restringida, pode aplicar qualquer uma das medidas cautelares previstas no art. 319,
CPP

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Ora, qualquer uma dessas medidas contidas no art 319, CPP podem ser apostas ao
caso concreto para que seja garantida a instrução processual, sem nenhuma necessidade
de ser mantida uma prisão preventiva para tal, levando-se em conta os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.
Dessa forma, requer-se, subsidiariamente, em caso de não acatamento do pleito
anterior, a imposição de qualquer medida cautelar disposta nos arts. 319 e 320, ambos do
CPP, utilizando-se da proporcionalidade e razoabilidade, com vistas a salvaguardar a
instrução criminal, por não haver justificativa para se manter a prisão preventiva.

3. DO PEDIDO
Ante o exposto, requer à Vossa Excelência:
a) a revogação da prisão preventiva, com base no art. 316, CPP se houver falta de
motivo para a manutenção da prisão O juiz poderá, de ofício ou a pedido revogar a
prisão preventiva se, além disso poderá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade
para a manutenção a cada 90 dias, mediante decisão fundamentada sob pena da prisão
ser ilegal.
b) Subsidiariamente, em caso extremo de denegação do pleito anterior, o que não se
acredita, que seja imposta qualquer medida cautelar com previsão nos arts. 319 e
320, CPP, devendo ser observados os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, com vistas a conveniência da instrução processual.
c) Por fim, que seja ouvido o representante do Ministério Público, expedindo-se o
competente alvará de soltura.

Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
Belém/PA, data e ano.

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ADVOGADO...
OAB/PA nº ...

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