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REPERTÓRIO DE

JURISPRUDÊNCIA
SEÇÃO DE DIREITO CRIMINAL

Julgados selecionados
pelos magistrados nas
sessões de julgamento

FEVEREIRO/2022
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Centro de Apoio da Seção de Direito Criminal

MEMBROS Cadicrim
BIÊNIO 2022-2023

Desembargador Francisco José Galvão Bruno


(Presidente da Seção de Direito Criminal)

Desembargador Adalberto José Queiroz Telles de Camargo Aranha Filho

Desembargador Luiz Antonio Figueiredo Gonçalves

Desembargador Newton de Oliveira Neves

Juiz André Carvalho e Silva de Almeida


(Juiz Substituto em 2º Grau)

Juiz Jayme Garcia dos Santos Júnior


(Assessor da Presidência da Seção de Direito Criminal)

Juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha


(Assessor da Presidência da Seção de Direito Criminal)

EQUIPE Cadicrim
Jessie Char
Cynthia Tejo
Sílvia Secco
Telma Kratz
Jessica Machado
Ronaldo Barberis
SUMÁRIO
SUMÁRIO

SUMÁRIO
2ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ........................................................................................... 5
DIFAMAÇÃO E INJÚRIA (TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL) .......................................................................................... 5
LAVAGEM DE DINHEIRO .................................................................................................................................................... 5
INJÚRIA RACIAL .................................................................................................................................................................. 5
LESÃO CORPORAL (VIOLÊNCIA DOMÉSTICA) ................................................................................................................. 6
6ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ........................................................................................... 6
ROUBO ............................................................................................................................................................................... 6
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO e LAVAGEM DE BENS E VALORES ................................................................................. 7
TRÁFICO e ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS ................................................................................................. 7
ESTELIONATO..................................................................................................................................................................... 8
7ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ........................................................................................... 8
VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO e LESÃO CORPORAL (REVOGAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS).......................................... 8
COMPETÊNCIA (ATUAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL) ........................................................................................................... 8
ESTELIONATO (ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL) ........................................................................................... 8
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS .................................................................................................................... 9
LATROCÍNIO, ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, CORRUPÇÃO DE MENORES, POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO e RECEPTAÇÃO 12
TRÁFICO, ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS e ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA .............................................. 14
8ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ......................................................................................... 18
TRÁFICO DE DROGAS ...................................................................................................................................................... 18
FURTO QUALIFICADO ...................................................................................................................................................... 19
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA .................................................................................................................... 19
TRÁFICO e ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS ............................................................................................... 20
PECULATO ........................................................................................................................................................................ 20
FALSIDADE IDEOLÓGICA.................................................................................................................................................. 21
MAUS TRATOS CONTRA ANIMAIS (PRISÃO PREVENTIVA) ............................................................................................ 21
10ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ....................................................................................... 22
LESÃO CORPORAL (VIOLÊNCIA DOMÉSTICA) ............................................................................................................... 22
ROUBO ............................................................................................................................................................................. 22
HOMICÍDIO TENTADO (PRESCRIÇÃO ANTECIPADA e PRONÚNCIA) ............................................................................ 23
FALSIDADE IDEOLÓGICA e ESTELIONATO CONTRA O TJSP ......................................................................................... 23
SUMÁRIO
11ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ....................................................................................... 24
ROUBO ............................................................................................................................................................................. 24
DESACATO e DANO ........................................................................................................................................................ 24
12ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ....................................................................................... 24
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, MAUS TRATOS, CÁRCERE PRIVADO, TORTURA e ESTUPRO DE VULNERÁVEL PRATICADOS
SOB A ROUPAGEM DE “COMUNIDADE TERAPÊUTICA POR INTERNAÇÃO” ................................................................... 24

CULTIVO DE DROGA PARA CONSUMO DE TERCEIROS (ILICITUDE DA PROVA) ............................................................ 27


APROPRIAÇÃO INDÉBITA (INSERÇÃO DE RESTRIÇÃO NO CADASTRO DO DENATRAN) .......................................... 27
TRÁFICO DE DROGAS (CULTIVO DE PÉS DE MACONHA)............................................................................................... 27
TRÁFICO DE DROGAS (NEGATIVA DE ANPP) ............................................................................................................... 28
13ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ....................................................................................... 28
CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA - CARTEL (REJEIÇÃO DE DENÚNCIA) ........................................................... 28
15ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL ....................................................................................... 28
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (EMBARAÇAR INVESTIGAÇÃO) ........................................................................................ 28
CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA - CARTEL (PRESCRIÇÃO)............................................................................... 28
1º GRUPO DE CÂMARAS CRIMINAIS ........................................................................................ 29
ESTUPRO DE VULNERÁVEL (REVISÃO CRIMINAL) - POR MAIORIA(*) ........................................................................... 29
7º GRUPO DE CÂMARAS CRIMINAIS ........................................................................................ 30
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA e ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS .......... 30
S OBRE O CADICRIM .............................................................................................................. 31
REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

2ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL

DIFAMAÇÃO E INJÚRIA (TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL)

Ementa: HABEAS CORPUS. Violação ao princípio da indivisibilidade. Inocorrência. Não


caracterizada de plano a coautoria ou participação dos jornalistas escritores das matérias
citadas na queixa nos delitos atribuídos ao querelado. Ausência de materialidade por
ausência de inquérito policial. Inocorrência. O inquérito policial é um procedimento
administrativo inquisitório e preparatório destinado a colher elementos de informação para
a instrução da ação penal. Trata-se de peça informativa, de modo que sua instauração é
facultativa, de acordo com o artigo 12 do Código de Processo Penal. Assim, sua presença só
é obrigatória quando for instaurado. Contudo, se não servir de base à peça inicial não há
necessidade de acompanhá-la. Trancamento da ação penal. Impossibilidade. No caso dos
autos, para se estabelecer a ocorrência ou não da autoria delitiva do paciente necessária se
faria uma análise aprofundada da prova, o que, por certo, não pode ser feita nesta via eleita,
devendo, portanto, tais alegações serem analisadas no julgamento do mérito da ação penal.
Ademais, há imputação de diversas condutas ao querelado em que, a princípio, se verifica
indícios de autoria e materialidade. (Habeas Corpus nº 2230528-67.2021.8.26.0000, São
Paulo, rel. Alex Zilenovski, j. 07/02/2022).

LAVAGEM DE DINHEIRO

Ementa: Processo Penal. Preliminares rejeitadas. Inépcia de denúncia e suposta falta de justa
causa. Presentes os requisitos do artigo 41 do CPP. Indicadores probatórios que autorizaram
a instalação da presente ação penal. Lavagem de dinheiro. Provas da aquisição de bens
incompatíveis com a situação financeira do apelante, despojado de trabalho regular nem
fortuna que explicasse acervo que tinha consigo. Parte vinculada a facção criminosa.
Transformação de bens ilegalmente arregimentados em aparentemente legais. Hipótese de
condenação. Dosimetria. Confirmação. Apelação desprovida.(*) (Apelação Criminal
nº 0001695-77.2015.8.26.0320, Limeira, rel. Costabile e Solimene, j. 07/02/2022).
(*) Por maioria. Vencido o 3º Juiz, Desembargador Francisco Orlando, que declarou voto.

INJÚRIA RACIAL

Ementa: APELAÇÃO. Injúria qualificada. Autoria a materialidade demonstradas. Dolo


devidamente demonstrado. Legítima defesa. Impossibilidade de reconhecimento.
Condenação mantida. Pena e regime adequadamente fixados. Substituição da pena priv ativa
de liberdade por restritiva de direitos, consistente na prestação pecuniária, e multa. Redução
do valor da prestação pecuniária. Impossibilidade. Recurso parcialmente provido, vencido o
Relator, para reduzir o valor do dia-multa, na pena principal e na substitutiva, ao mínimo
legal. (Apelação Criminal nº 1502130-75.2019.8.26.0048, Atibaia, rel. Luiz Fernando
Vaggione, j. 07/02/2022).

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FEVEREIRO/2022

LESÃO CORPORAL (VIOLÊNCIA DOMÉSTICA)

Ementa: LESÃO CORPORAL. ABSOLVIÇÃO. INADMISSIBILIDADE. Prova boa e robusta a


lastrear a condenação pelos delitos. DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL
CULPOSA. Impossibilidade. Conforme se observa do robusto conjunto probatório o réu
tinha intenção de lesionar a vítima para extravasar seu descontamento com o seu
comportamento, devendo, assim, a condenação ser mantida. PENA. Criteriosamente fixada
não comportando, portanto, qualquer reparo. 'SURSIS'. Afastamento. Possibilidade.
Consoante entendimento adotado por esta Colenda Segunda Câmara de Direito Criminal, a
suspensão condicional da pena mostra-se mais severa que o cumprimento da pena no
regime aberto. Por tal razão, o sursis é afastado. Indenização por danos morais. Mantida
em valor menor. Excesso de rigor da ilustre magistrada. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. (Apelação Criminal nº 1500903-44.2019.8.26.0050, São Paulo, rel. Alex
Zilenovski, j. 02/02/2022).

6ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL


ROUBO

Trechos do voto (não há ementa): APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO.


Concurso de pessoas. Preliminares. Audiência realizada por videoconferência, justificada a
medida nos termos do artigo 185, § 2º, do CPP e em razão da atual situação de pandemia.
Prejuízo não demonstrado. Acusado reconhecido pela vítima nas duas fases da persecução
de forma segura. Inteligência do artigo 226 do Código de Processo Penal. Dispositivo que
traz mera recomendação no sentido de ser o réu colocado ao lado de outras pessoas quando
da realização do ato, algo diverso de obrigatoriedade. Tese da Defesa há muito desgastada,
a par de contrária à pacífica jurisprudência. Precedentes. Rejeição. Mérito. Materialidade e
autoria comprovadas. Coesas e seguras declarações do ofendido corroboradas por
depoimento do policial militar. Causas de aumento inquestionáveis. Descabida
desclassificação para receptação. Condenação mantida. Pena-base acima do piso diante de
antecedente desabonador. Reincidência específica. Aumento pífio pela agravante não
questionado pela acusação. Reconhecimento da circunstância atrelada ao estado de
calamidade pública (art. 61, II, “j”, do CP). Triplicidade de “qualificadoras” delinea ndo dolo
exacerbado a justificar incremento superior ao mínimo na terceira etapa da dosimetria,
consoante artigo 68, parágrafo único, do CP. Regime inicial fechado único adequado ao
roubo, especialmente em face das circunstâncias adversas e majorantes pote ncializando o
trauma próprio da infração penal, bem como diante da reincidência específica e montante
de carcerária, quadro colidente com retiro menos severo. Precedentes. Provimento tão-só
ao recurso da Justiça Pública. (Apelação Criminal nº 1501951-98.2020.8.26.0536, São
Vicente, rel. Farto Salles, j. 03/02/2022).

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FEVEREIRO/2022

ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO e LAVAGEM DE BENS E VALORES

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. ASSOCIAÇÃO VOLTADA AO TRÁFICO DE DROGAS e


LAVAGEM DE BENS E VALORES. Preliminares. Interceptações telefônicas. Prévia autorização
judicial fundamentada. Licitude das provas. Denúncia que preenche os requisitos do artigo
41 do Código de Processo Penal. Alegação de inépcia, ademais, superada com a prolação da
sentença. Rejeição. Mérito. Materialidade e autoria comprovadas. Relatos seguros e coesos
dos policiais civis corroborados pelas conversas captadas/interceptadas. Vínculo associativo
evidenciado pelo acervo probatório. Condenação mantida. Penas-base acima do piso em
face de circunstâncias desfavoráveis representadas pela acentuada culpabilidade e
antecedentes desabonadores. Basilares atinentes ao crime de lavagem de dinheiro
redimensionadas. Continuidade delitiva quanto aos delitos da Lei nº. 9.613/98. Concurso
material entre estes e a associação. Regime prisional fechado único adequado às infrações
penais, a par do quadro negativo igualmente colidente com retiro menos severo. Provimento
parcial tão-só ao apelo de M. e V., com correção de erro material na parte dispositiva da
sentença. (Apelação Criminal nº 1003196-68.2020.8.26.0451, Piracicaba, rel. Farto
Salles, j. 10/02/2022).

TRÁFICO e ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS e ASSOCIAÇÃO VOLTADA À VIL


MERCANCIA (Crimes praticados na vigência da Lei n°. 6.368/76). Preliminar. Alegação de
violação ao artigo 155 do Código de Processo Penal. Matéria que se confunde com o mérito,
devendo com este ser analisada. Mérito. Materialidade e autoria comprovadas. Relatos
seguros e coesos dos policiais civis, que ainda encontraram enorme quantidade de cocaína
(mais de 45kg!) no porta-malas do automóvel do codenunciado W. (falecido), isso após
prévia negociação mantida com os denunciados, tudo corroborado pelo laudo pericial
atinente aos celulares apreendidos. Crime de ação múltipla e natur eza permanente, não
havendo se cogitar de flagrante preparado, mesmo porque a guarda e transporte de drogas
já se verificavam antes mesmo da ação policial. Vínculo associativo evidenciado pelo acervo
probatório. Basilares acima do mínimo legal em face de circunstâncias desfavoráveis.
Reincidência específica do corréu E. não sopesada na dosimetria, sob pena de 'reformatio in
pejus' indireta. Impossibilidade de aplicação do privilégio previsto na Lei n°. 11.343/06 diante
da impossibilidade de combinação de leis (Súmula 501 STJ) e, ainda, em virtude da dedicação
a atividade criminosa ínsita à associação reconhecida. Regime fechado único adequado ao
crime de natureza hedionda, sem se ignorar a existência de circunstâncias negativas
reportadas e montante das carcerárias, a par da recidiva de A. igualmente inconciliáveis com
retiro menos severo. Recursos improvidos. (Apelação Criminal nº 0016260-
03.2003.8.26.0050, São Paulo, rel. Farto Salles, j. 10/02/2022).

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ESTELIONATO

Ementa: ESTELIONATO SIMPLES (CONTINUIDADE). Recurso defensivo. ABSOLVIÇÃO.


Impossibilidade. Autoria e materialidade bem delineadas. Dolo evidenciado. DOSIMETRIA.
Penas, regime e substituição (CP, art. 44) preservados. DESPROVIMENTO . (Apelação
Criminal nº 0057986-41.2012.8.26.0114, Campinas, rel. Eduardo Abdalla,
j. 17/02/2022).

7ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO e LESÃO CORPORAL (REVOGAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS)

Ementa: HABEAS CORPUS - DELITOS DE VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO E DE LESÃO CORPORAL


NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS (CP, ARTS. 150 E 129, § 9º) - IMPETRAÇÃO
VISANDO REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS - IMPOSSIBILIDADE - DECRETO
SUFICIENTEMENTE MOTIVADO - RAZÕES DE DECIDIR EXPOSTAS DE MANEIRA A SATISFAZER
A EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL (ART. 93, IX DA CF) - MEDIDAS IMPOSTAS VISANDO
ASSEGURAR A SAÚDE MENTAL E FÍSICA DA VÍTIMA, NÃO SE VISLUMBRANDO LESÃO OU
AMEAÇA DE LESÃO À LIBERDADE DE IR E VIR DO PACIENTE - CONSTRANGIMENTO ILEGAL
INOCORRIDO - ORDEM DENEGADA. (Habeas Corpus nº 2285578-78.2021.8.26.0000, São
Paulo, rel. Ivana David, j. 09/02/2022).

COMPETÊNCIA (ATUAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL)

Ementa: HABEAS CORPUS - pedido de remessa à Justiça Federal - circunstância de atuação


da polícia federal não configura competência federal - preso que se encontra em presídio
federal - fato que não acarreta interesse da União, visto que a colocação de preso em
presídio federal está ligada a interesses de segurança pública - inteligência Súmula 192 do
STJ – indeferimento liminar. (Habeas Corpus nº 2300707-26.2021.8.26.0000, São Paulo,
rel. Mens de Mello, j. 09/02/2022).

ESTELIONATO (ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL)

Ementa: Correição Parcial - Estelionato - Error in procedendo - Arquivamento do Inquérito


policial - Pedidos das vítimas para tal decisão ser cassada, remetendo-se os autos ao d.
Procurador Geral, na forma do artigo 28 do CPP - A r. decisão do d. Juízo a quo não comporta
reforma, tampouco implica em error in procedendo capaz de ensejar a interposição de
Correição Parcial - Segundo apurado, o citado Inquérito Policial foi instaurado para apurar
suposta prática de crime de estelionato, uma vez que os corrigentes adquiriram várias
unidades em um condomínio mediante pagamento de vultosa quantia, mas a obra não foi

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entregue no prazo estipulado, culminando no inadimplemento do contrato por parte,


também, dos corrigentes - Pelo que se observa das informações prestadas, as diligências
realizadas nos autos não apontaram a existência de dolo antecedente na investigação e, por
isso, foi determinado o arquivamento do feito. O que não merece alteração - É certo que o
órgão acusatório necessita de indícios para levar uma investigação adiante, o que, no
entanto, não ocorreu no citado inquérito - Evidentemente que, após o inquérito instaurado,
cabe ao Ministério Público oferecer a denúncia, requerer mais diligências ou postular o
arquivamento dos autos, o que deve passar pela homologação do Juízo. Esta última opção,
aliás, tem duas vertentes, já que o magistrado poderá concordar com o pedido d e
arquivamento ou discordar, quando, então, remeterá o inquérito ao Procurador Geral para
análise; sendo que, no caso da primeira hipótese, a decisão é terminativa, gerando coisa
julgada formal - Assim, a remessa dos autos para o Procurador Geral não prospera, uma vez
que o Ministério Público submeteu o pedido de arquivamento ao Douto Magistrado, que
analisando o material recebido e as razões invocadas, confirmou o arquivamento do
inquérito policial - Portanto, determinado o arquivamento do IP, a reabertura da
investigação somente poderá ocorrer com o surgimento de provas novas - Destaca-se que
é sabido que o chamado “Pacote Anticrime” alterou o artigo 28 do Código de Processo Penal,
dando oportunidade à vítima de recorrer ao Procurador Geral quando não conc ordar com o
arquivamento dos autos. No entanto, em que pese o posicionamento da d. Procuradoria, tal
dispositivo teve sua eficácia suspensa em medida cautelar na Ação Direta de
Inconstitucionalidade 6305, permanecendo em vigor a redação revogada do artigo 28 do
CPP - Assim, entende-se que os autos somente seriam remetidos ao Procurador no caso de
discordância do Juízo, com o pedido de arquivamento do MP - Dessa forma, não se observa
no caso a ocorrência de violação aos princípios constitucionais. Pelo contr ário, os atos
processuais foram devidamente realizados, não existindo erro capaz de gerar o presente
recurso. Portanto, inexistindo o apontado error in procedendo, inviável o provimento da
correição parcial, pois não se vislumbra hipótese do seu cabimento, deve prevalecer a douta
decisão do juízo processante - Pedido indeferido. (Correição Parcial nº 2181410-
25.2021.8.26.0000, Santana de Parnaíba, rel. Freitas Filho, j. 16/02/2022).

ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS

Ementa: Associação para tráfico de drogas - DA PRELIMINAR: A prejudicial de cerceamento


de defesa alegada pela combativa defesa do corréu R. C. não se faz presente - As provas
coligidas ao longo da persecutio criminis se destinam a embasar o convencimento dos
julgadores. Ao Magistrado compete a faculdade de colher e produzir aquelas que entender
necessárias e convenientes ao deslinde da ação penal. A almejada testemunha R . D. A. D. é
pessoa igualmente denunciada pela prática do delito de associação para o tráfico,
integrando a mesma organização criminosa objeto da ação policial denominada “Operação
Fratelli”, da qual o referido corréu foi condenado por fazer parte. Dessa forma, em razão do
desmembramento, R. D. restou devidamente interrogado nos autos de nº 0000550-
49.2018.8.26.0653. Eis que, na qualidade de réus, ainda que em autos diferentes, apesar de

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conexos, os corréus não podem atuar como testemunha um do outro, tendo em vista que
não poderia se impor o compromisso de dizer a verdade, pelo contrário, ao mesmo valeria
o direito ao silêncio. Ainda, caso assim desejasse a combativa defesa poderia ter p leiteado
a juntada do interrogatório prestado por R. naqueles autos, como prova emprestada. Porém,
optou por não o fazer. Não obstante, como bem pontuado na r. sentença, a intenção do
corréu R. C. com a oitiva de R. era demonstrar que o referido corréu é apenas usuário de
drogas que devia dinheiro a R. por ter adquirido narcóticos com ele. No entanto, como se
verifica do interrogatório judicial de R. nos autos desmembrados, o mesmo negou qualquer
envolvimento no narcotráfico. Claro, portanto, que a prova requerida não se prestaria a
atingir o objetivo almejado pelo acusado. Resta certo, que a prova solicitada se mostrou
inócua, e assim foi corretamente indeferida pelo M.M. Magistrado a quo. Por fim, não se
comprovou a ocorrência de qualquer prejuízo ao apelante, decorrente dos atos impugnados
e, é cediço, que sem sua demonstração, não se decreta nulidade processual. Dessa forma, a
preliminar arguida fica rechaçada. DO MÉRITO: Absolvição - Inatendível - Autoria e
materialidade devidamente comprovadas - Robusto conjunto probatório - Vínculo estável e
permanente entre os acusados na prática da traficância suficientemente demonstrado -
Operação policial de investigação que perdurou meses, na qual se obteve i númeras
interceptações telefônicas, dando conta sobre uma gigantesca organização criminosa
voltada à venda de entorpecentes - As narrativas dos agentes foram amplamente
corroboradas pelas provas constantes nos autos, sendo que não há porque duvidar dos
depoimentos deles, pois inexiste qualquer indício de que eles tenham sido mendazes ou
tivessem qualquer interesse em prejudicar os réus - Ademais, tamanha investigação não se
daria ao trabalho de armar enorme operação para incriminar falsamente pessoas que sa bem
ser inocentes - E, ainda, ressalta-se que, para a ocorrência do delito do artigo 35 da Lei de
Drogas, não é necessária a apreensão de entorpecentes em poder dos réus, uma vez que
suficientemente demonstrada a ligação entre os envolvidos na associação p ara fins de tráfico
- As negativas dos réus restaram isoladas, pois, além de não terem sido comprovadas,
restaram completamente dissociadas dos demais elementos de convicção colhidos - Nota-
se, que é comum aos membros de associações ao tráfico se utilizarem de códigos para
encobrirem a conduta ilícita, entretanto, isto não é o suficiente para inocentá -los - Assim,
diante da robusta prova obtida por meio das interceptações telefônicas e das narrativas dos
policiais, não há que se falar em insuficiência de provas - Aliás, o animus associativo entre
os acusados ficou evidente, diante da duração das investigações e da frequência com a qual
os réus se comunicavam - Dolo demonstrado à saciedade - Comprovada a estabilidade e
permanência da ligação dos acusados na organização criminosa - A condenação do corréu
P. é medida que se impõe, assistindo razão ao membro do MP - Eis que, em que pesem os
argumentos apresentados pela combativa defesa, revela-se não só correta, como necessária,
a condenação do réu pelo delito de associação, pois encontra-se suficientemente baseada
no conjunto probatório carreado aos presentes autos - Depreende-se das interceptações
telefônicas que P. era funcionário de R. “L.” e participava da organização criminosa, buscando
os entorpecentes nos locais indicados, além de guardar e transportar os mesmos, tudo como
devidamente instruído por “L.” - Dessa forma, uma vez configurado o crime descrito na

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denúncia, o desfecho condenatório era de rigor, posto que, como analisado, a materialidade
delitiva e a autoria restaram devidamente incontroversas e comprovadas de forma exaustiva
pelos elementos de convicção compilados ao longo da persecutio criminis. Condenação do
corréu J. R. - Inviável - Provas insuficientes para trazer a certeza quanto à autoria delitiva a
este corréu, negando provimento ao MP neste ponto. Manutenção da aplicação do princípio
in dubio pro reo no caso em exame. DAS PENAS E REGIME: Atende razão ao representante
do Ministério Público ao postular o aumento da pena-base dos réus, uma vez que a conduta
destes se mostra altamente reprovável, distanciando-se do padrão esperado para aqueles
que praticam o ilícito penal em análise, pois se está diante de associação criminosa
complexíssima, com incontáveis integrantes - E, a gigantesca organização criminosa implica
em alto risco à sociedade com a colocação de enorme quantidade de narcóticos na rua de
cidades do interior, as quais por muitas vezes não dispõe da estrutura ambulatorial p ara
tratar de casos de overdose, circunstâncias estas que tornam a atitude dos réus de alta
periculosidade e extremamente reprovável, conforme o disposto no artigo 42, da Lei de
Drogas. Cumpre consignar que não é possível desconsiderar a estrutura e complexidade da
associação criminosa em tela, que não pode ser aquilatada como circunstância judicial
normal à espécie, assim correto o pedido de agravamento da pena - Pelos mesmos
fundamentos fixo a basilar de P. também acima do mínimo - Reconhecida e corretamente
aplicada a agravante da reincidência de F., R. C. e W. - Assiste razão ao pedido do Ministério
Público para que seja alterada a modalidade prisional inicial de cumprimento de pena dos
réus D., J. E ., bem como para fixar tal regime para o início do cumprimento da pena do réu
P.. É inviável que o regime prisional inicial seja diverso do fechado, para qualquer dos
corréus, uma vez que os mesmos não apresentam circunstâncias judiciais favoráveis, pois
demonstram elevada periculosidade, sendo ávidos integra ntes de extensa e gigante
associação criminosa, responsável por adquirir, armazenar e distribuir narcóticos, mantendo
nefasto vício, que cada vez ceifa mais vidas jovens, demonstrando total descaso com a vida
alheia na busca pelo lucro pessoal - Entende este relator que não é automática a aplicação
da detração, em primeiro lugar, em razão de tal instituto não ter sido previsto como um
critério para fixação do regime inicial de cumprimento de pena e, especialmente, na falta de
elementos subjetivos dos acusados. A aplicação do benefício não pode, pura e
simplesmente, progredir de regime os condenados levando-se em conta somente o tempo
de prisão já cumprido sem a aplicação de qualquer outro critério - Com relação ao
prequestionamento, consigno, por oportuno, que o Julgador não está obrigado a responder
todas as questões das partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para fundar a
decisão, nem se obriga a ater-se aos fundamentos indicados por elas e tampouco a
responder um a um todos os seus argumentos. Assim, considera-se prequestionada toda
matéria infraconstitucional e constitucional, uma vez que é desnecessária a citação numérica
dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida - Afastada a
preliminar, NEGO PROVIMENTO aos recursos defensivos e DOU PARCIAL PROVIMENTO ao
recurso ministerial para condenar P. S. B. D. S., ao cumprimento de 03 anos e 06 meses de
reclusão, no regime inicial fechado, e ao pagamento de 816 dias-multa, no valor mínimo,
pela prática do delito previsto no artigo 35, caput, da Lei 11.343/06; aumentar a sanção de

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R. C. L., J. P. O. e D. V. para 03 anos e 06 meses de reclusão, no regime inicial fechado, e ao


pagamento de 816 dias-multa, no valor mínimo; e aumentar a pena de F. R. F. T., R. C. D. S.
e W. M. D. P. para 04 anos e 01 mês de reclusão, no regime inicial fechado, e ao pagamento
de 952 dias-multa, no piso, mantendo-se, no mais, a r. sentença por seus próprios
fundamentos. (Apelação Criminal nº 0001284-63.2019.8.26.0653, Vargem Grande do
Sul, rel. Freitas Filho, j. 16/02/2022).

LATROCÍNIO, ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, CORRUPÇÃO DE MENORES, POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO e


RECEPTAÇÃO

Ementa: Latrocínio tentado, associação criminosa, corrupção de menores, posse ilegal de


munição (réu A.) e receptação qualificada (réu A.) - Recursos defensivos, requerendo,
preliminarmente, o réu C., o direito de aguardar o julgamento em liberdade e o réu A ., a
nulidade da sentença por falta de fundamentação legal; no mérito, pleiteando a absolvição
por insuficiência probatória e subsidiariamente, a desclassificação para o crime de roubo
majorado, a fixação das penas bases no mínimo legal ou ainda, a redução das penas, o
reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, a compensação desta com a
agravante da reincidência (réu A.), a redução máxima pela tentativa do crime de latrocínio,
o reconhecimento do concurso formal entre os delitos de associação criminosa e corrupção
de menores, aplicando-se o aumento de 1/6, o afastamento da pena de multa ou sua
redução, a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos, a
fixação de regime prisional mais brando, com aplicação da detração penal, o afastamento
do efeito da condenação prevista no art. 92 do Código Penal ou a fixação de prazo mínimo
para inabilitação para conduzir veículo automotor e ainda, a isenção no pagamento das
custas processuais - Desnecessidade da análise dos méritos quanto aos crimes de corrupção
de menores (todos os apelantes), posse ilegal de munição (réu A.) e associação criminosa
(réus D., L. e R.) - L. menor de 21 anos de idade na época do fato - Reconhecimento da
ocorrência da prescrição da pretensão punitiva reconhecida em favor dos apelantes -
Preliminares rejeitadas - Pedido de recorrer em liberdade prejudicado ante o presente
julgamento - Presentes os pressupostos autorizadores da prisão preventiva prevista no art.
312 do CPP - Sentença devidamente fundamentada na melhor apreciação do caderno
probatório e observou os parâmetros legais previstos para cada tipo penal e o princípio da
individualização da pena, fixando de forma fundamentada reprimenda, necessária à
reprovação e prevenção das condutas atribuídas Ausência de demonstração do alegado
prejuízo - Nulidade inocorrente - Mérito - Provas francamente incriminadoras quanto aos
delitos de latrocínio e associação criminosa, exceto para a ré D. - Declarações das vítimas e
depoimentos das testemunhas de acusação coerentes e harmônicas entre si, em consonância
com a prova documental - Configuração do crime de latrocínio que impede a
desclassificação para o crime de roubo majorado - Existência do animus necandi para
garantir o êxito da ação criminosa e assegurar a impunidade - Coautoria entre o réu e os
seus comparsas, inviabilizando o reconhecimento da participação dolosamente distinta do

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réu - Associação criminosa configurada - Comprovado que os réus se associaram de modo


estável e permanente visando a prática de crimes de roubos - Forma qualificada bem
demonstrada, diante da utilização de armas de fogo e da participação de adolescente na
execução dos crimes - Receptação (réu A.) - Crime tipificado e comprovado - Dolo
inquestionável - Ausência de explicação plausível para a posse das mercadorias subtraídas -
Inversão do ônus da prova Insuficiência da alegação de desconhecimento da origem ilícita
dos bens Qualificadora bem demonstrada - Aquisição dos bens no exercício da atividade
comercial - Continuidade delitiva reconhecida - Diversos aparelhos celulares de origem ilícita
encontrados na casa do réu A. - Concurso material entre o latrocínio e a associação criminosa
bem reconhecido - Prejudicado o pedido do réu N. de reconhecimento de concurso formal
entre os crimes de associação criminosa e corrupção de menores, diante da ocorrência da
prescrição deste último crime - Ré D. - Provas frágeis a alicerçar uma decisão condenatória
- Ausência de provas suficientes para conclusão segura de que a ré teve participação
criminosa - Aplicação do princípio in dubio pro reo, com a absolvição da ré pelos crimes de
latrocínio tentado e associação criminosa - Penas ajustadas - Inviabilidade de fixação da
pena base no patamar mínimo - Exacerbação das penas bases bem justificada - Com exceção
de L. e D., os demais réus ostentam maus antecedentes e as circunstâncias judiciais do art.
59 do CP não lhe são favoráveis - Confissão parcial dos réus A., D. e N. - Impossibilidade de
incidência da atenuante - Agravantes da reincidência bem reconhecidas, para os réus A., C.,
R., N., C., D. e A. - Ajuste do aumento de ¼ para 1/6 das penas - Inocorrência de bis in idem,
por ausência da dupla consideração do mesmo fato, como circunstância judicial e
circunstância agravante - Diminuição em 1/3 pela tentativa de maneira adequada em vista
do iter criminis percorrido, para o latrocínio - Aumento de ½ da pena em relação ao crime
de associação criminosa bem reconhecido - Ajuste do aumento de ½ para 1/5 em
decorrência da continuidade delitiva para a receptação quanto ao réu A. - Somas das penas
em razão do concurso material entre o latrocínio tentado e a associação criminosa para os
réus A., C., D., R., N. e entre a receptação qualificada e a associação criminosa para o réu A .
- Inviabilidade da substituição das penas corporais por penas restritivas de direitos por
expressa vedação legal - Regime inicial fechado fixado com critério para todos os réus,
exceto para D. - Além da quantidade das penas, trata-se de crime hediondo e de extrema
gravidade, praticado em associação criminosa armada envolvendo adolescente -
Personalidades deturpadas, causadoras de risco à ordem pública, de quem envereda para a
prática desse tipo de criminalidade - Necessidade de maior reprovabilidade de modo a
prevalecer o parâmetro da suficiência e reprovabilidade das graves condutas criminosas -
Inaplicabilidade do art. 387, § 2º, do Código de Processo Penal - A competência para se
discutir a respeito da detração penal é do juízo das execuções - Manutenção da condenação
nas custas processuais - A almejada isenção somente poderá ser concedida ao recorrente na
fase de execução do julgado - Inabilitação para dirigir veículo automotor - Afastamento da
medida - Não houve utilização dos veículos como meio de execução do delito, mas apenas
para promover fuga aos agentes, sem elementos de prova de que colocou em risco a
segurança alheia - Parcial provimento. (Apelação Criminal nº 0009930-07.2015.8.26.0361,
Mogi das Cruzes, rel. Fernando Simão, j. 23/02/2022).

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TRÁFICO, ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS e ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Ementa: Tráfico. Art. 33, caput, Lei nº 11.343/06. Associação para tráfico. Art. 35, Lei nº
11.343/06. Organização Criminosa. Art. 2º, § 2º, Lei 12.850/13. PRELIMINARES: Afasta-se a
alegação de violação dos princípios do contraditório e ampla defesa, posto que não se
observa no presente caso a ocorrência de violação aos princípios constitucionais. Inicial
acusatória que descreveu devidamente a conduta dos réus, permitindo plenamente o
exercício da ampla defesa. Assim, a denúncia não se revela de qualquer forma viciada,
acatando perfeitamente os requisitos previstos no artigo 41, do Código de Processo Penal.
Ainda não se está diante de litispendência no que diz respeito ao corréu C., visto que a ação
penal indicada (0000422.43.2018.8.26.0616) trata de fatos e imputações diferentes,
referentes a condutas diversas, que, embora sejam crimes da mesma natureza e sejam
similares, foram praticadas em momentos distintos, bem como com agentes diversos. Sendo
que a r. sentença já reconheceu em parte esta alegação de litispendência, afastando para o
corréu C. a imputação relativa do fato ocorrido no dia 27 de fevereiro de 2018, mantendo -
se o restante das imputações íntegras. E, como se verá adiante, realmente mostra-se cabível
apenas a condenação do réu nos presentes autos pelos delitos de associação para o tráfico,
organização criminosa e o delito de tráfico ocorrido apenas em 04 de janeiro de 2018. Assim ,
verifica-se que o réu C. não será punido duas vezes pelo mesmo fato, mas por dois fatos,
com desígnios autônomos diferentes. Não cabe razão às defesas no tocante à alegação de
nulidades relacionadas ao procedimento de escuta telefônica, pois no caso dos autos em
exame, o monitoramento foi deferido judicialmente nos exatos termos da Lei nº 9.296/96.
As interceptações foram devidamente autorizadas por decisão fundamentada do juízo, não
havendo qualquer nulidade neste fato, tendo em vista que a r. decisão inicial justificou
satisfatoriamente a necessidade da decretação da medida. Não há qualquer mácula na
denominada "denúncia anônima", pelo contrário, a mesma se revela forma corriqueira de
apuração de infrações penais pela polícia e que, muitas vezes, revela -se como único meio
de se desvendar determinadas práticas delitivas, servindo, ao mesmo tempo, como estímulo
ao denunciante em apresentar a notitia criminis, ficando resguardadas a sua vida e
integridade física e a de seus familiares. Ademais, é certo que no caso em análise a denúnc ia
anônima não foi o único fundamento para a interceptação telefônica, pelo contrário, as
informações recebidas foram empregadas pelos policiais da DISE, que procederam com
inúmeras diligências, como busca e apreensão, nas quais foram localizadas drogas,
anotações e produtos destinados ao ilícito, além de campanas, filmagens e questionamento
de moradores da região. Eis que só então foi solicitada a interceptação telefônica dos
investigados. Ora, dada a gravidade e clandestinidade dos delitos investigados, a s provas
não poderiam ser obtidas por outros meios sem prejudicar o andamento da investigação
criminal. A Lei Federal n.º 9.296/96, não traz em seu bojo qualquer exigência especial para a
identificação dos interlocutores das comunicações interceptadas e no ssos Tribunais já
decidiram, em diversas oportunidades, acerca da desnecessidade de identificação dos
interlocutores através de perícia técnica. Ainda se mostra desnecessária a transcrição dos

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áudios na sua integralidade. Também não há qualquer irregularidade no fato da degravação


ter sido efetuada pelos mesmos policiais responsáveis pela investigação, pelo contrário, isso
é o de praxe. Não comprovando a combativa defesa do corréu W. qualquer manipulação do
conjunto probatório, tendo as defesas amplo acesso a todas as degravações captadas. Sendo
pouco crível que um órgão voltado para assegurar o cumprimento da lei e a obtenção da
justiça se valha de esquemas maquiavélicos, omitindo e forjando dolosamente dados, com
o puro intento de perseguição gratuita dos corréus. Também não há a prorrogação de
interceptação não antes autorizadas, mas sim, a prorrogação de escutas já existentes, bem
como a inclusão de novas linhas. Não houve ausência de correlação, no que diz respeito a
pluralidade de delitos de tráfico em continuidade delitiva. Eis que, no caso em tela, como
bem pontuado pelo douto Procurador de Justiça em seu parecer, observa -se que a denúncia
somente retrata o crime de tráfico referente aos fatos ocorridos no dia 04 de janeiro de 2018,
não indicando qualquer narrativa especifica que vincule os acusados aos demais crimes de
tráfico mencionados, alguns, inclusive, de maneira extremamente supérflua, sendo, outros,
objeto de processos criminais próprios. Assim, como não houve aditamento daqueles fatos
criminosos à denúncia, o que inviabiliza o exercício do contraditório e da ampla defesa,
necessário se faz o afastamento dos demais delitos de tráfico atribuídos, restando mantida
apenas a imputação pelo delito de tráfico praticado no dia 04/01/2018 para todos os corréus,
procedendo-se com a readequação da pena. Prejudiciais rechaçadas. MÉRITO: No mérito, a
absolvição por quaisquer dos delitos é inatendível, tendo em vista que as provas corroboram
os fatos expostos na denúncia. Os depoimentos dos agentes da lei não devem ser
desqualificados tão-só pela condição profissional das testemunhas, pois não teriam qualquer
motivo para imputar falsamente a conduta criminosa aos réus. Além disso, nada há de
concreto nos autos que pudesse desmerecer essa prova. Também não parece plausível que
os policiais se dariam ao capricho de alterar a dinâmica dos fatos e juntar a mencionada
quantidade de drogas, bem como mentir sobre o conteúdo das investigações apenas para
incriminar os apelantes gratuitamente. Conclui-se que não recaem dúvidas sobre a narrativa
dos agentes legais, pois inexistem nos autos elementos que lancem dúvidas sobre a isenção
e integridade deles, presumindo-se legítimos, até prova em contrário, os depoimentos de
pessoas escolhidas pelo Estado para desempenhar a nobre função de proteção da
população, vez que paradoxal seria adiantar-lhes a confiança necessária para que
assumissem tal tarefa e recusar-lhes idêntico crédito quando viessem depor em juízo.
Portanto, não há nos autos qualquer indício de falsa imputação de crime a inocentes. Por
sua vez, as defesas não lograram produzir contraprova suficiente para inocentar os réus. As
versões exculpatórias não convencem, pois, além de não terem sido comprovadas, restaram
completamente dissociadas dos demais elementos de convicção colhidos - Registra-se que
a r. sentença a quo apresenta narrativa das principais partes das transcrições telefônicas,
bem como dos relatórios feitos e das operações realizadas, que comprovam o envolvimento
de todos os recorrentes na traficância, associação e organização criminosa - Aliás, tal decisão
encontra-se devidamente e extensamente fundamentada, aderindo este Relator às suas
razões - Importante notar que a prova da mercancia não necessita ser direta, mas pode ser
firmada quando os indícios e presunções, analisados sem preconceito, formam um todo

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harmônico a sustentar a distribuição comercial do entorpecente - Desta feita, não se fala,


inclusive em desclassificação para o delito previsto no artigo 28, da Lei de Drogas, ou seja,
posse de entorpecentes para consumo próprio, pois evidente que os ilícitos destinavam -se
a terceiros - Através das diligências policiais juntadas aos autos é possível constatar que
todos os acusados atuavam como membros ativos em associação criminosa destinada a
vender drogas. Eis que se está diante de uma produção organizada e nada amadora, em que
os réus mediante coordenação prévia, acertando todos os detalhes de logística tratam de
forma bem sucedida de alto montante de drogas, que era vendido a incontáveis usuári os.
Comprovada, assim, a estabilidade e permanência de sua ligação em organização criminosa,
necessária à tipificação do delito previsto no artigo 35 da Lei de Drogas. Conforme se
depreende dos autos, os apelantes constituíam e integravam organização crimi nosa,
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão informal de tarefas, com o objetivo
de vantagem financeira mediante a prática de diversos delitos, sempre com emprego de
arma de fogo, que se consumava e se estendia no tempo - Por fim, é sabido que os crimes
desta natureza, por serem cometidos sempre na clandestinidade, é daqueles que pode ser
comprovado por indícios veementes como os colhidos nos presentes autos. Também restou
evidente que a organização criminosa composta pelos acusados se valia de armas de fogo
para alcançar suas empreitadas criminosas. Eis que, em que pese os argumentos
apresentados pela combativa defesa, revela-se não só correta, como necessária a
condenação dos réus pelos delitos de tráfico, associação para o tráfico e organiz ação
criminosa, pois se encontra suficientemente baseada no conjunto probatório carreado aos
presentes autos. Arrematando-se, ao contrário do que alegam as combativas defesas, não
há que se falar em bis in idem, ou absorção entre os delitos de associação para o tráfico (art.
35, da Lei nº 11.343/06) e organização criminosa (artigo 2º, da Lei nº 12.850/13), pois se está
diante de crimes diversos, com momentos consumativos e elementos subjetivos distintos,
vez que enquanto um visa à prática do tráfico de entorpecentes, o outro, almeja a obtenção
de vantagem, econômica ou não, alcançada pela prática de crimes diversos. Além de visarem
a proteção de bens jurídicos díspares, quais sejam, a paz pública e a saúde pública, tratando-
se de duas leis especiais na medida de suas especificidades (Lei n.º 11.343/2006 e Lei n.º
12.850/2013). Assim, havendo uma associação ao tráfico entre alguns indivíduos, bem como
destes uma organização criminosa, verifica-se que os réus não foram punidos duas vezes
pelo mesmo fato, mas por dois fatos, com desígnios autônomos diferentes, pois os acusados
certamente podiam integrar a organização criminosa, cumprindo com qualquer das nefastas
incumbências desta organização criminosa, sem manter qualquer envolvimento no tráfico
de drogas e vice e versa. No entanto, é necessário o afastamento dos demais delitos de
tráfico atribuídos aos réus, restando mantida apenas a imputação pelo delito de tráfico
praticado no dia 04 de janeiro de 2018. Atende razão ao M.M Juiz a quo quando diz que a
conduta dos réus se mostra altamente reprovável no que diz respeito aos delitos de tráfico
e associação. Ainda, no que diz respeito ao crime de organização criminosa (Art. 2º, da Lei
nº 12.850/13), a conduta dos réus também se mostra altamente reprovável, distanci ando-se
do padrão esperado para aqueles que praticam o ilícito penal em análise. Por isso, justificável
a exacerbação da pena-base. Após, evidente que para os corréus C., I. e C., não há como

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afastar a causa agravante prevista no artigo 62, inciso I, do CP, quanto aos crimes de tráfico
e associação ao tráfico. Isto porque das provas colhidas restou constatado que estes corréus,
principalmente, C., exerciam posição de comando na traficância, ostentando uma posição
hierárquica superior, delegando funções, dando ordens e organizando a estrutura do grupo
criminoso, tanto para o tráfico, como para os demais ilícitos que praticavam. Na terceira fase
do cálculo, quanto à pena pela transgressão de integrar organização criminosa, mostra -se
necessário o aumento na fração de ½, ante o disposto no artigo 2º, §2º, da Lei n.
12.850/2013, uma vez que restou inegável que a organização criminosa da qual os acusados
faziam parte utiliza-se de armas de fogo em suas atividades espúrias, como já elencado
acima. Passo outro, não se fala na concessão do benefício do §4º, do artigo 33, da Lei de
Drogas, por expresso impedimento legal, pois, como visto, os réus integram organização e
associação criminosa. Por fim, afastada, agora, a continuidade delitiva com o
reconhecimento de crime único para o tráfico, é mantido o concurso material entre os delitos
com a soma das penas, conforme o disposto no artigo 69, do Código Penal. Quanto ao
pedido de redução ou afastamento da pena de multa, ante a sua suposta
inconstitucionalidade, o mesmo revela-se igualmente inviável, vez que não se vislumbra
ofensa a qualquer princípio constitucional no quantum de multa estabelecido pelos tipos
incriminadores da Lei nº 11.343/06. Ainda, é certo que se está diante de sanção cominada
ao tipo penal de forma cumulativa à carcerária, e, portanto, não pode ser diminuída ou
afastada sob a simples alegação de que os réus são pessoas de poucos recursos financeiros.
No que tange ao pedido de substituição da pena corporal por restritivas de direitos, a
concessão de tal benefício não se mostra possível no presente caso para nenhum dos
corréus, vez que o quantum da pena privativa de liberdade fixado por este acórdão, como
relatado acima, impede a concessão do mesmo. Por fim, incabível que o regime prisional
inicial seja outro diverso do fechado, em razão da existência de expressa proibição legal,
uma vez que o próprio Código Penal em seu artigo 33, §2º, determina claramente que o
condenado à pena superior a oito anos deverá iniciar o seu cumprimento em regime inicial
fechado. Ademais, entende este Relator que não é automática a aplicação da detração, em
primeiro lugar em razão de tal instituto não ter sido previsto como um critério para fixação
do regime inicial de cumprimento de pena e, especialmente na falta de elementos subjetivos
dos acusados. Igualmente, o benefício da Justiça Gratuita somente poderá ser concedido na
fase de execução do julgado, porquanto esta é a fase adequada para se aferir a real situação
financeira do condenado, por estar sujeito à cláusula rebus sic stantibus, nos termos do artigo
12 da Lei nº 1060/50, já que existe a possibilidade de sua alteração após a data da
condenação. Por derradeiro, não há que se falar em liberdade provisória para os réus
conforme pleiteado pelas combativas defesas, posto que os mesmos restaram condenados
na primeira instância, sendo tal condenação mantida por meio do presente acórdão. E a par
de estarem presentes os pressupostos autorizadores da custódia preventiva, posto haver
indícios de materialidade e autoria, a constrição se justifica para garantia da ordem pública
e da necessária aplicação da lei penal. Salienta-se que pesa sobre os réus a condenação não
só por tráfico, que por si só já é crime de especial nocividade, mas também por associação
para o tráfico e organização criminosa, crimes estes que causam i ntranquilidade à sociedade,

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sendo temerário que os mesmos permaneçam soltos, por se estar diante de elevada
gravidade. Concluindo-se, para efeito de prequestionamento, ressalta-se que não houve
qualquer violação a qualquer dispositivo da Constituição Federal, Código de Processo Penal,
Código Penal, ou súmulas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, ou pelo Superior
Tribunal de Justiça. Diante do exposto, afastadas as preliminares, dá -se PARCIAL
PROVIMENTO aos recursos para afastar o reconhecimento da continuidade delitiva entre os
delitos de tráfico, posto que a denúncia trata de apenas um crime desta espécie, fixando as
penas da seguinte forma: - 20 anos e 09 meses de reclusão, e o pagamento de 2.122 dias-
multa, no piso, para C., I. e C.; - 18 anos e 09 meses de reclusão, e o pagamento de 1.822
dias-multa, no piso, para G., K., L., W., F., Z. e S.; - 15 anos, 07 meses e 15 dias de reclusão, e
o pagamento de 1.518 dias-multa, no piso, para M. e; - 21 anos, 10 meses e 15 dias de
reclusão, e o pagamento de 2.125 dias-multa, no piso, para P. e W.. (Apelação Criminal
nº 0001596-76.2018.8.26.0361, Mogi das Cruzes, rel. Freitas Filho, j. 23/02/2022).

8ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL


TRÁFICO DE DROGAS

Trechos do voto (não há ementa): Apelação Criminal. Tráfico de drogas. “(...)recorre a r.


defesa, com razões de Apelação às fls., nas quais requer a absolvição por insuficiência de
provas.” “(...) pugna pela diminuição da pena imposta, aplicando-se o redutor previsto no
art. 33, §4º da Lei nº 11.343/06, em seu patamar máximo. Ainda, requer a fixação de regime
mais brando para início de cumprimento da reprimenda, com substituição da pena privativa
de liberdade por medidas alternativas, além da restituição dos valores apreendidos, bem
como que possa o réu apelar em liberdade” “(...) o conjunto probatório coligido, sob o crivo
do contraditório, é suficiente para incriminar o ora apelante, mormente porque robustecido
por informes do inquérito policial, constituindo, pois, firmes elementos para convencimento
do Juízo” “(...) a condenação, nos termos em que proferida, era mesmo medida de rigor.”
“Por conseguinte, a condenação, nos termos em que proferida, era mesmo medida de rigor.
Quanto às penas estabelecidas, não comportam abrandamento.” “A mera alegação de que
parte do dinheiro foi obtido pela venda de equipamentos de buffet não é suficiente, pois tal
prova compete ao acusado e este não se desincumbiu de fazer. O perdimento do dinheiro
apreendido em favor da União é consequência legal, artigo 91, II, “b”, do Código Penal, nada
havendo que se alterar na r. sentença” “(...) NEGO PROVIMENTO ao apelo defensivo, para
que seja mantida a r. decisão recorrida, por expressar os mais escorreitos ditames da lei e
do direito”. (Apelação Criminal nº 1500288-31.2021.8.26.0617, São José dos Campos,
rel. Sérgio Ribas, j. 03/02/2022).

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FURTO QUALIFICADO

Trechos do voto (não há ementa): Apelação Criminal. Furto. “(...) pleiteando a absolvição por
falta de provas. Subsidiariamente requer a desclassificação da imputação para a forma do
furto simples, o reconhecimento da tentativa, a redução das penas, bem como a fixação de
regime prisional inicial menos gravoso.” “A versão exculpatória apresentada pelo apelante,
de que trabalhava com aplicativo, restou isolada dentro do conjunto probatório, e em
nenhum momento foi comprovada, a teor do que dispõe o artigo 156, do Código de
Processo Penal, visto que, quando da sua apreensão, não se logrou encontrar com ele sequer
um celular pelo qual receberia os chamados para efetuar as alegadas entregas. Como a
vítima não recuperou o seu telefone, auferindo prejuízo material, o crime se consumou,
ficando assim prejudicada a tese desclassificatória para a tentativa de furto”. “(...) o delito foi
de furto consumado, qualificado pelo concurso de agentes, posto que dois eram os
subtratores, conforme os depoimentos harmônicos, objetivos e coerentes da vítima e da
testemunha presencial Lucas”. Negaram provimento. V.U. (Apelação Criminal nº 1525890-
61.2020.8.26.0228, São Paulo, rel. Marco Antônio Cogan, j. 10/02/2022).

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA

Trechos do voto (não há ementa): Habeas Corpus. Extinção da punibilidade da paciente em face
da prescrição da pretensão executória. “(...) diante da condenação imposta a paciente, cujas
penas por ambos os delitos não excedeu 2 (dois) anos, afastado o concurso de crimes, a
prescrição ocorreria em 4 (quatro) anos, nos termos do artigo 109, inciso V, do Código
Penal.” “(...) tendo em vista os marcos interruptivos da prescrição, observa -se que esta não
se operou.” “(...) deve ser considerada como causa interruptiva da prescrição, constante do
inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório recorrível. Nem se diga
que o acórdão confirmatório da decisão condenatória não interrompe o prazo prescricional.
Não faria o menor sentido a Lei 11.596/07 alterar o dispositiv o do artigo 117 do Código
Penal sem nenhum resultado prático.” “(...) a data do trânsito em julgado da sentença para
a acusação, não pode ser adotada como marco inicial do prazo prescricional, pois até o
trânsito em julgado para ambas as partes inúmeros recursos podem ser interpostos pela
defesa no sentido de protelar a decisão final, não se tratando de inércia estatal ”. “(...) antes
do trânsito em julgado para ambas as partes não há título executivo (não há pena a ser
cumprida), não é possível se admitir que o marco inicial da pretensão executória se dê em
momento anterior à própria existência do título executório.” DENEGARAM a ordem. V.U.
(Habeas Corpus nº 2280785-96.2021.8.26.0000, São Paulo, rel. Sérgio Ribas,
j. 10/02/2022).

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TRÁFICO e ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS

Ementa: Apelação criminal - Tráfico de drogas e associação para o tráfico - Sentença


condenatória pelos artigos 33, caput, e 35, caput, ambos da Lei nº 11.343/06, na forma do
artigo 69, do Código Penal. Recurso defensivos - buscando a absolvição por insuficiência
probatória. Pleitos subsidiários pela aplicação da causa de diminuição de pena prevista no
artigo 33, §4º, da Lei 11.343/06 e abrandamento do regime prisional inicial. Tráfico de drogas
- Materialidade e autoria comprovadas - Prisão em flagrante - Apreensão de 25 porções de
cocaína, 10 porções de maconha e R$ 115,00 - Acusados que negaram a prática delitiva -
Policiais Militares que esclareceram as circunstâncias da prisão em flagrante dos réus, que é
a certeza visual do crime, bem como da apreensão das drogas - Tráfico de drogas
consumado - Desnecessidade de prova da mercancia, diante das diversas condutas previstas
no art. 33, da Lei de Drogas - Prova que demonstrou efetivamente a ocorrência de tráfico de
entorpecentes. Delito de associação para o tráfico - bem demonstrado, pela prova colhida -
Agentes organizados e com funções bem definidas para a prática do delito de tráfico -
Delitos de tráfico e de associação ao tráfico bem delineados, pelas circunstâncias fáticas e
divisão de tarefas - Condenação de rigor. Dosimetria Penas-base fixadas no mínimo legal
Ausência de alterações nas fases subsequentes - Não cabimento do redutor de pena em
relação ao crime de tráfico - réus que se dedicavam às atividades criminosas - Concurso
material de delitos - infrações penais ocorreram por ações autônomas e em momentos
distintos. Regime prisional inicial fechado mantido. Não cabimento de substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos, por ausência de amparo legal. Recursos
defensivos improvidos. (Apelação Criminal nº 0007015-19.2020.8.26.0196, Franca, rel.
Ely Amioka, j. 10/02/2022).

PECULATO

Ementa: Apelação - Peculato - Recursos interpostos pelo Ministério Público e pela defesa -
Preliminares - Aditamento das razões de recurso defensivas para pleitear a incompetência
do Juízo Preclusão consumativa - Matéria que, de todo modo, já foi apreciada amplamente
em Primeiro Grau e decidida por esta C. Corte nos autos da respectiva Ação Civil Pública -
Inteligência da Súmula 209 do STJ - Pedido de não conhecimento do apelo ministerial -
Inexistência de circunstâncias que justifiquem o deferimento do pleito - Recurso tempestivo,
parte legítima e sucumbente. Ré I. condenada em Primeiro Grau - Absolvição -
Impossibilidade - Provas dos autos aptas a demonstrar a veracidade do quanto exposto na
denúncia - Recorrente que, ocupando o cargo de Diretora do Departamento Municipal de
Obras, Viação, Serviços e Planejamento da Prefeitura Municipal, atestou medições em obra,
cujos serviços foram mal executados ou não realizados, permitindo o pagamento indevido
da empresa contratada, causando prejuízo ao erário - Dolo demonstrado - Desclassificação
para a modalidade culposa rechaçada - Desistência voluntária, arrependimento eficaz ou
participação de menor importância não verificados no caso concreto - Condenação correta
e mantida. Apelo do Ministério Público, requerendo a condenação dos réus absolvidos -

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

Parcial acolhimento - Prefeito do Município que tinha ciência das irregularidades da obra e
autorizou o pagamento da empresa, inclusive prorrogando o contrato com ela celebrado -
Apresentação, pelos proprietários da construtora, de medições não condizentes com a
realidade, superfaturadas e com materiais de péssima qualidade - Ciência quanto às
irregularidades da obra e recebimento ilícito de dinheiro público - Condenação imperiosa -
Mantida, contudo, a absolvição do réu C., filho do casal proprietário da empresa - Ausência
de provas quanto à sua ciência sobre os fatos - Prova oral no sentido de que o recorrido
apenas figurava como sócio da empresa, mas não trabalhava efetivamente no negócio da
família - Conjunto probatório frágil. Dosimetria - Pedido de I. pelo afastamento da majorante
do art. 327, § 2º, CP, por não constar da denúncia - Não acolhimento - Cargo ocupado pela
apelante devidamente descrito na exordial acusatória - Ré que se defende dos fatos contidos
na inicial, e não de sua capitulação jurídica - Acréscimo de 1/3 fixo - Redução descabida -
Aumento de mesma fração, diante da continuidade delitiva - Patamar adequado - Crimes
que ocorreram por 8 meses - Reprimenda inalterada - Regime aberto e substituição penal
aplicados em Primeiro Grau - Rejeitada a redução do montante imposto a título de prestação
pecuniária - Suposta hipossuficiência da recorrente que deve ser aferida em sede de
Execução - Perda do cargo em consonância com o art. 92, I, “a”, CP. Penas fixadas para os
réus condenados nesta instância nos mesmos moldes impostos na r. sentença para I . -
Majorante do art. 327, § 2º, CP, aplicável apenas ao Prefeito Munici pal, e não aos empresários
- Regime aberto e substituição penal adequados. Recurso defensivo desprovido e apelo
ministerial parcialmente provido. (Apelação Criminal nº 0003233-55.2013.8.26.0129,
Casa Branca, rel. Juscelino Batista, j. 17/02/2022).

FALSIDADE IDEOLÓGICA

Ementa: APELAÇÃO. Falsidade Ideológica (artigo 299, caput, do Código Penal). Sentença
condenatória. Pretensão à absolvição. Inadmissibilidade. Materialidade e autoria delitiva
devidamente demonstradas. Dolo verificado. Dosimetria das penas escorreita - Sentença
mantida - Recurso não provido. (Apelação Criminal nº 0000202-76.2018.8.26.0541, Santa
Fé do Sul, rel. Freddy Lourenço Ruiz Costa, j. 17/02/2022).

MAUS TRATOS CONTRA ANIMAIS (PRISÃO PREVENTIVA)

Ementa: MEDIDA CAUTELAR INOMINADA. Concessão de efeito ativo a Recurso em Sentido


Estrito interposto pelo Ministério Público. Maus tratamentos contra bubalinos e cavalos.
Coação no curso do processo com emprego de armas e falsidade documental. Acolhimento.
Conduta grave “in concreto”. Insuficiência das medidas cautelares e o risco à ordem pública
na soltura. Fazendeiro foragido após o decreto que ordenou a prisão. Ausência de provas de
que integre o grupo de risco para o novo coronavírus. Segregação necessária. Real
propensão à reiteração delitiva. Verificação de desnutrição. Medida cautelar concedida .
(Cautelar Inominada nº 2298782-92.2021.8.26.0000, Brotas, rel. José Vitor Teixeira de
Freitas, j. 24/02/2022).

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

10ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL


LESÃO CORPORAL (VIOLÊNCIA DOMÉSTICA)

Trechos do voto (não há ementa): Apelação Criminal. Lesão corporal. Violência doméstica.
“(...) o réu apela buscando a absolvição por insuficiência de provas. De forma subsidiária,
requer a redução da pena e a substituição por prestação de serviços comunitários.” “(...) a
prova dos autos apurou, de maneira inequívoca, que o apelante, dolosamente, na ocasião
indicada na denúncia, realmente atentou contra a integridade física da vítima, agredindo -a,
daí a impossibilidade de se afastar a sua responsabilidade pela infração pela qual restou
condenado.” “(...) presente o elemento subjetivo do tipo, a responsabilização criminal do
apelante, nos moldes do reconhecido na sentença recorrida, era mesmo a solução correta
para o caso em questão.” “(...) Descabe, outrossim, a substituição da pena por restritiva de
direitos, como postulado subsidiariamente pela defesa, visto que o crime foi praticado com
violência à pessoa.” “Negaram provimento ao recurso. V. U.” (Apelação Criminal
nº 1500173-58.2018.8.26.0441, Peruíbe, rel. Gonçalves Junior, j. 10/02/2022).

ROUBO

Trechos do voto (não há ementa): Apelação Criminal. Roubo. “(...) mérito, requer a absolvição
por insuficiência de provas. Do contrário, pleiteia a desclassificação para o delito de
receptação; o reconhecimento de crime único; a redução da pena imposta, além da fixação
de regime prisional mais brando” “(...) as versões contraditórias apresentadas pelo réu, ora
dizendo que os documentos, cartões bancários e cheques (apreendidos em sua residência)
deviam ter sido deixados na sua casa por algum conhecido; ora asseverando que os
assaltantes teriam abandonado esses itens dentro do seu automóvel; aliadas às
desconfianças ressaltadas pelas vítimas, como se viu acima, demonstram que o apelante foi
mesmo um dos autores dos roubos a ele irrogados na denúncia, não havendo que se falar,
bem por isso, em absolvição ou desclassificação da conduta para o delito de receptação.”
“(...) considerando que os fundamentos da sentença recorrida, que apreciou
pormenorizadamente a prova coligida, não comportam qualquer modificação, bem como o
fato de que nas razões recursais não há nenhum elemento novo, mas, tão somente, a
reiteração de questões já enfrentadas pelo Juízo a quo, forçoso concluir pela manutenção
da condenação do réu pelo crime previsto no artigo 157, § 2º, incisos I e II, por doze vezes,
na forma do artigo 70, caput, ambos do Código Penal.” “(...) dá-se parcial provimento ao
recurso a fim de reduzir a pena do acusado para 10 (dez) anos de reclusão, mais o pagamento
de 24 (vinte e quatro) dias-multa, no piso legal; preservada, no mais, a sentença recorrida.”
(Apelação Criminal nº 0002335-11.2008.8.26.0584, São Pedro, rel. Gonçalves Junior,
j. 10/02/2022).

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

HOMICÍDIO TENTADO (PRESCRIÇÃO ANTECIPADA e PRONÚNCIA)

Ementa: Recurso em sentido estrito. Pleito de reconhecimento de prescrição antecipada.


Inadmissibilidade. Impossibilidade de suspensão por tempo indefinido, o que criaria
hipótese de imprescritibilidade não prevista na Constituição Federal. Questão objeto da
Súmula 415 do Colendo STJ: a suspensão do processo dura o tempo da prescrição em
abstrato do crime de que se trata. Decorrido este prazo, o lapso prescricional volta a correr.
O que significa, na prática, que o prazo prescricional, a contar da data do recebimento da
denúncia, é o dobro do prazo previsto para a pena em abstrato. Preliminar da d. Procuradoria
Geral de Justiça rejeitada. Pronúncia. Tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe e
recurso que dificultou a defesa da vítima. Materialidade comprovada e indíc ios suficientes
de autoria para o fim de submissão do recorrente ao julgamento por seus pares.
Impossibilidade de impronúncia ou de desclassificação. Pronúncia que se alicerçou em
elementos submetidos ao contraditório, mormente as palavras da ofendida e da testemunha.
Teses absolutórias e de afastamento das qualificadoras que deverão ser submetidas ao
Conselho de Sentença. Recurso improvido. (Recurso em Sentido Estrito nº 0001861-
30.2013.8.26.0660, Viradouro, rel. Francisco Bruno, j. 17/02/2022).

FALSIDADE IDEOLÓGICA e ESTELIONATO CONTRA O TJSP

Trechos do voto (não há ementa): Apelação Criminal. Falsidade ideológica. Estelionato. “(...)
O membro do Parquet objetiva que o desfecho condenatório ocorra nos termos da denúncia,
ou seja, pelo delito de peculato. Acerca da dosimetria, busca a elevação máxima da pena -
base e exasperação pela continuidade delitiva, bem como a fixação do regime inicial
fechado.” “O acusado V. alega, preliminarmente, a nulidade da sentença por ausência de
fundamentação porquanto não houve detida apreciação dos argumentos defensivos
delineados em sede de resposta à acusação e alegações finais. Ademais, aponta eiva
processual por suposta quebra da imparcialidade do magistrado, violação ao devido
processo legal, cerceamento de defesa, ofensa ao princípio do contraditório e ao exercício
da ampla defesa. No mérito, busca a absolvição por insuficiência de provas, por ausência de
dolo ou por atipicidade das condutas praticadas.” “Quanto às eivas processuais de quebra
da imparcialidade do magistrado, inobservância do devido processo legal, cerceamento de
defesa, ofensa ao princípio do contraditório e ao exercício da ampla defesa, igualmente, não
há vício a ser reconhecido.” “Oportunizada a manifestação da defesa técnica, não se há falar
em ausência de isonomia na relação processual e consequente quebra do princípio da
imparcialidade.” “A autoria e a materialidade estão suficientemente demonstradas no
caderno processual e foram corretamente registradas na sentença condenatória, que trouxe
a correta subsunção do fato analisado à norma repressiva descrita no artigo 299 e artigo
171, caput, do Código Penal” “(...) não há desclassificação a ser reconhecida, porquanto a
figura típica do artigo 301 do Código Penal exige que a vantagem se destine a terceiro, o
que não se verifica no caso em apreço.” “(...) nada obstante ao entendimento lançado pelo
magistrado sentenciante, impende reconhecer que a prática delitiva o artigo 171, § 3º, do

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

Código Penal, confere a capitulação mais correta para o crime-fim no caso em apreço.” “(...)
deram parcial provimento aos recursos a fim de condenar o réu V. F. como incurso no artigo
171, caput, e § 3º, do Código Penal, em continuidade delitiva, a cumprir, em regime inicial
aberto, 01 (um) ano, 08 (oito) meses e 21 (vinte e um) dias de reclusão, mais o pagamento
de 15 (quinze) dias-multa, no mínimo legal, além de substituir a sua pena corporal por duas
restritivas de direitos”. (Apelação Criminal nº 0000166-25.2017.8.26.0620, Taquarituba,
rel. Gonçalves Junior, j. 17/02/2022).

11ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL

ROUBO

Ementa: Roubo qualificado - Confissão extrajudicial - Silêncio em juízo - Reconhecimento


de uma das vítimas na delegacia de polícia - Confirmação pelos seguros relatos dos policiais
militares responsáveis pela prisão - Condenação mantida; Roubo qualificado - Arma de
fogo municiada com dois projéteis - Laudo pericial que concluiu pela imprestabilidade dos
cartuchos - Qualificadora - Não caracterização; Roubo - Maus antecedentes e reincidência -
Certidões distintas usadas - Bis in idem - Inocorrência - Regime fechado - Possibilidade -
Recurso provido em parte. (Apelação Criminal nº 1502000-06.2020.8.26.0548, Campinas,
rel. Alexandre Almeida, j. 06/02/2022).

DESACATO e DANO

Ementa: Desacato - Dolo - Elemento subjetivo bem demonstrado pela prova - Condenação
mantida; Dano ao patrimônio público - Atipicidade - Princípio da insignificância - Não
aplicação - Relevância jurídica do ato que deve levar em conta não somente o montante do
prejuízo como também o desvalor da conduta - Condenação mantida - Recurso improvido.
(Apelação Criminal nº 1523764-26.2019.8.26.0114, Campinas, rel. Alexandre Almeida,
j. 06/02/2022).

12ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL


ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, MAUS TRATOS, CÁRCERE PRIVADO, TORTURA e ESTUPRO DE VULNERÁVEL
PRATICADOS SOB A ROUPAGEM DE “COMUNIDADE TERAPÊUTICA POR INTERNAÇÃO”

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL - CRIMES DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, MAUS TRATOS,


CÁRCERE PRIVADO, TORTURA (DIVERSAS VEZES) E ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ARTIGOS 288,
136, 148, DO CÓDIGO PENAL, ARTIGO 1º, INCISO II, DA LEI 9.455/1997, E 217-A, DO CÓDIGO
PENAL) PRATICADOS SOB A ROUPAGEM DE COMUNIDADE TERAPÊUTICA DE REABILITAÇÃO
POR INTERNAÇÃO. ALEGADA NULIDADE - “TRIBUNAL DE EXCEÇÃO” - Inocorrência. A
alegação de “tribunal de exceção” deve ser fundamentada em elementos concretos, o que

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

não se verifica no presente caso, em que julgado por juiz singular e fundamentadamente.
PLEITO DE INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL- ALEGADA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA (H.) - Inviabilidade. A dependência química, por si só, não é causa
suficiente para autorizar o reconhecimento da inimputabilidade ou redução da pena,
especialmente quando sequer requerido instauração de incidente de insanidade durante a
instrução probatória, momento oportuno para tanto, operando-se a preclusão. DIREITO DE
RECORRER EM LIBERDADE (A. L.) - Não Acolhimento. Na esteira de precedentes da Corte
Maior, não há sentido lógico permitir que o réu, encarcerado durante a instrução criminal,
possa aguardar em liberdade o trânsito em julgado da sentença. NULIDADE DA SENTENÇA
- FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO NO 'DECISUM' (A.) - Inexiste nulidade da sentença por falta
de fundamentação, quando o julgador elenca no 'decisum' todas as provas que utilizou para
formar o seu convencimento e condenar os réus em 456 laudas. PRELIMINAR - NULIDADE -
CERCEAMENTODE DEFESA (R.) - Inocorrência. O juiz pode indeferira produção de provas
"consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias". No caso dos autos, os elementos
probatórios constantes dos autos foram suficientes para o convencimento do Magistrado.
Pretensão defensiva de provar que as vítimas eram inimputáveis revela-se inútil já que contra
elas não está sendo imputado qualquer crime e todas eram pacientes de clínica de
tratamento e, portanto, dependentes químicas. Não há que se falarem nulidade.
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DA PRESCRIÇÃO - MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA - CRIME DE
MAUS TRATOS (ARTIGO 136, CP) (R., H., F., A. L.) - Se, entre a data do recebimento da
denúncia e da publicação da sentença, constata-se o transcurso de lapso temporal superior
ao exigido pela lei para a ocorrência da prescrição, deve ser declarada extinta a punibilidade
do agente do delito. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO - CRIME DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
(ART.288, CP) (R., H., L., A., M., F., L. C., J., A. L.) - Possibilidade. Para a configuração do crime
exige-se estabilidade e permanência. Ausência de comprovação do vínculo associativo.
PLEITO DE ABSOLVIÇÃO - TORTURA Impossibilidade. Responsabilidade penal dos apelantes
bem evidenciada. Efetiva exposição das vítimas a intenso sofrimento físico e mental,
fazendo-as passarem frio, fome, sem água potável e higiene, submetidas a violência e
agressões. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO - CÁRCERE PRIVADO - INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA -
Impossibilidade. Demonstrada satisfatoriamente a autoria e a materialidade dos crimes de
cárcere privado, com a comprovação da restrição da liberdade de ambulatória das vítimas,
impedidas de deixarem a clínica e/ou de relatarem o tratamento que recebiam a familiares,
de se manter a condenação decretada em 1º Grau. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO - ESTUPRO
DEVULNERÁVEL (ARTIGO 217-A, CAPUT, C/CARTIGO 226, CAPUT, INCISOS I E II, DOCÓDIGO
PENAL) (JAISON) - Impossibilidade. Nos crimes contra a liberdade sexual, a palavra da vítima
é de amplo valor probatório, sobretudo se corroborada por todos os outros elementos de
convicção contidos nos autos. PENA-BASE (CRIMES DE TORTURA e CÁRCERE PRIVADO) - Em
havendo circunstâncias judiciais desfavoráveis aos agentes, não se pode arbitrar a pena-base
no mínimo legal, sendo imperiosa a majoração desta em observância aos critérios legais. Se
as circunstâncias do crime destoam daquelas normais à espécie como no caso em que os
crimes se deram através de sofrimento mental intenso, fazendo as vítimas passarem frio,
fome, sem água potável e higiene, além de sofrerem violência física, sobretudo praticados
em clínica terapêutica, valendo-se da confiança depositada pelas famílias, deliberadamente
manipuladas a desconsiderarem eventuais queixas das vítimas que eram impedidas de

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

deixarem a clínica, resta autorizado o aumento da pena-base em razão das circunstâncias


judiciais se apresentarem desfavoráveis. Decote, entretanto, da circunstância quanto à
personalidade e conduta social. Incabível a valoração negativa quando não houver
elementos concretos para sua aferição. CRIMES DE TORTURA - INÚMERAS VÍTIMAS -
MESMAS CONDIÇÕES DE TEMPO, LUGAR E MANEIRA DE EXECUÇÃO - RECONHECIMENTO
DA CONTINUIDADE DELITIVA ESPECÍFICA (ARTIGO 71, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO
PENAL) - Aplicação da pena mais grave aumentada até o triplo. Praticando os agentes,
mediante mais de uma ação ou omissão, dois ou mais crimes da mesma natureza e nas
mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, contra inúmeras vítimas fo rçoso
reconhecera continuidade delitiva específica. CRIMES DE CÁRCERE PRIVADO (ATÉ
TRÊSVÍTIMAS) - MESMAS CONDIÇÕES DE TEMPO, LUGAR E MANEIRA DE EXECUÇÃO -
RECONHECIMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA (ARTIGO 71, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL)
- Aplicação da fração de aumento de 1/6 pela prática de duas infrações; 1/5, para três
infrações; 1/4, para quatro infrações; 1/3, para cinco infrações; 1/2, para seis infrações e 2/3,
para sete ou mais infrações. Na espécie, diante da prática de crimes de cárcere privado, nas
mesmas condições de tempo e lugar, impõe-se o reconhecimento da continuidade delitiva,
nos termos do artigo 71, caput, do Código Penal. RECONHECIMENTO DA SEMI-
IMPUTABILIDADE DO AGENTE (L.) - CAUSA DE REDUÇÃO DA PENA - Possibilidade. Réu que
era, ao tempo da ação, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato e capaz de
determinar-se de acordo com esse entendimento, contudo portador de transtorno de
personalidade dissocial. Comprometimento moderado. Pena que se reduz na fração de (um
terço). REGIME FECHADO (R., H. e J.) - Concretizada pena superior a oito anos, de rigor a
manutenção do regime fixado na sentença, ou seja, o fechado, a teor do que determina o
artigo 33, § 2º, “a”, do Código Penal. PRESENÇA DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS - ABRANDAMENTO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA (M. e
A. L.) - Não recomendável. Fixada a pena-base acima do mínimo legal, porque consideradas,
no caso concreto, circunstâncias judiciais desfavoráveis, torna-se recomendável a fixação do
regime mais gravoso, mesmo se tratando de réus primários, a teor do disposto no art. 33,
§3º, c/c art. 59, ambos do Código Penal, em consonância com as súmulas 440 do STJ e 719
do STF. PRESENÇA DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS - PENA QUE NÃO
EXCEDE A 04 (QUATRO) ANOS - REGIME ABERTO (L., A., F., L. C.) - Não recomendável. Fixada
a pena-base acima do mínimo legal, porque consideradas, no caso concreto, circunstâncias
judiciais desfavoráveis, torna-se recomendável a fixação do regime semiaberto, mesmo em
se tratando de réus primários, a teor do disposto no art. 33, §3º, c/c art. 59, ambos do Código
Penal. SUBSTITUIÇÃO DA PENA - A substituição da sanção privativa de liberdade por
restritiva de direitos é inviável quando não preenchidos os requisitos do art. 44 do Código
Penal. Crimes cometidos com violência e grave ameaça à pessoa. Recursos parcialmente
providos. Decisão estendida ao corréu J. S. F., com fulcro no artigo 580, do Código de
Processo Penal, para absolvê-lo da imputação do artigo 288, caput, do Código Penal.
(Apelação Criminal nº 0002317-93.2015.8.26.0244(1), Iguape, rel. Paulo Rossi, j. 1º/02/2022)(2).
(1) Por maioria apenas no tocante à fixação do regime aberto para os corréus L.M.M., F.N.B.C. e L.C.C., vencido, nesse
aspecto, o relator, que fixava regime inicial semiaberto, e permaneceu com o acórdão. O revisor, Desembargador Amable
Lopez Soto, declarou voto vencedor.
(2) Voto disponibilizado apenas no modo “consulta de processos”.

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

CULTIVO DE DROGA PARA CONSUMO DE TERCEIROS (ILICITUDE DA PROVA)

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL - CULTIVO DE MACONHA PARA CONSUMO DE


TERCEIROS - Art. 33, § 1º, inciso II, da Lei 11.343/06 - RECURSOS DO MINISTÉRIO
PÚBLICO E DA DEFESA. RECURSO DEFENSIVO - PRELIMINAR - VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO
- ILICITUDE DA PROVA DELA DERIVADA - POSSIBILIDADE - No caso em análise, a ação
policial não está legitimada pela existência de fundadas razões - justa causa - para a entrada
desautorizada no domicílio do acusado. Os policiais ingressaram no imóvel para averiguação
porque estava com o portão entreaberto e na região há alta incidência de furtos a
residências, de modo que a descoberta a posteriori de que o acusado cultivava maconha
para consumo próprio não passou de mero acaso. É pacífico o entendimento das Cortes
Superiores no sentido de que as circunstâncias que antecederem a violação do domicílio
devem evidenciar, de modo satisfatório e objetivo, as fundadas razões que justifiquem tal
diligência e a eventual prisão em flagrante do suspeito, as quais, portanto, não podem
derivar de simples desconfiança policial. Assim, de rigor o reconhecimento da ilicitude das
provas obtidas nas buscas ilícitas na residência do recorrente, bem como as dela derivadas,
para absolvê-lo com fulcro no art. 386, inc. II, do CPP. Acolhida a preliminar arguida,
prejudicado o exame do mérito recursal do órgão acusatório e da defesa. (Apelação
Criminal nº 1519440-05.2020.8.26.0228, São Paulo, rel. Paulo Rossi, j. 1º/02/2022).

APROPRIAÇÃO INDÉBITA (INSERÇÃO DE RESTRIÇÃO NO CADASTRO DO DENATRAN)

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL - MEDIDA CAUTELAR INOMINADA - PEDIDO DE REFORMA


DA DECISÃO A QUO PARA A INSERÇÃO NO CADASTRO NACIONAL DE VEÍCULOS, JUNTO
AO DENATRAN, DE RESTRIÇÃO POR SUPOSTA APROPRIAÇÃO INDÉBITA. Inviabilidade
Requisitos legais para a implementação da medida não satisfeitos. Inexistência do periculum
in mora. Ocorridos há mais de 02 (dois) anos. Recurso improvido. (Apelação Criminal
nº 1017438-37.2021.8.26.0050, São Paulo, rel. Paulo Rossi, j. 15/02/2022).

TRÁFICO DE DROGAS (CULTIVO DE PÉS DE MACONHA)

Ementa: Tráfico de drogas - Provas suficientes para a condenação - Réu admitiu o cultivo
dos pés de maconha e, embora tenha alegado tratar-se de apenas 50 plantas, restaram
apreendidos 65 pés da droga. Desclassificação para o artigo 28, da Lei 11.343/06 -
Impossibilidade - quantidade de substância narcótica absolutamente incompatível com a
finalidade exclusiva de consumo pessoal - Realizada a interceptação telefônica, constataram-
se conversas acerca do narcotráfico desempenhado pelo acusado. Dosimetria: De ofício,
reduziram-se as básicas ao piso legal fim de afastar o bis in idem e, presentes os requisitos
legais, reconheceu-se a forma privilegiada com redução da pena na proporção de apenas
1/6 (um sexto), diante da grande quantidade de pés de maconha apreendidos. Equipamento
semiaberto - possibilidade - Réu primário cuja pena reclusiva não excedeu oito anos. Recurso
a que se dá parcial provimento. (Apelação Criminal nº 1501617-40.2020.8.26.0544,
Franco da Rocha, rel. Amable Lopez Soto, j. 15/02/2022).

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

TRÁFICO DE DROGAS (NEGATIVA DE ANPP)

Ementa: Recurso em sentido estrito - Tráfico de entorpecentes - Negativa de propositura de


acordo de não persecução penal - Posição institucional - Rejeição da denúncia por ausência
de justa causa - Elementos indiciários apontando para a prática de tráfico privilegiado - Não
hediondez do tráfico privilegiado - Ausência de impedimento legal - Decisão mantida -
Recurso da acusação NÃO PROVIDO. (Recurso em Sentido Estrito nº 1504864-
70.2021.8.26.0228, São Paulo, rel. Heitor Donizete de Oliveira, j. 17/02/2022).

13ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL

CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA - CARTEL (REJEIÇÃO DE DENÚNCIA)

Trechos do voto (não há ementa): Apelação Criminal. Crimes contra a Ordem Tributária.
“Deram provimento parcial ao apelo ministerial e receberam a denúncia contra os réus J . M.
U. R., A. S. A., A. M. C. F., M. C. R. F., T. G. P., R. G. A., W. D., A. R., D. L., C. A. A. R. e C. E. T.,
incursos no artigo de cartel (artigo 4º, II, “a”, “b” e “c”, da Lei n. 8.137/90), no mais, mantendo -
se a respeitosa decisão, prosseguindo-se o feito em seus ulteriores termos. V.U.”. (Apelação
Criminal nº 0047997-33.2017.8.26.0050, São Paulo, rel. Augusto de Siqueira, j. 07/02/2022).

15ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (EMBARAÇAR INVESTIGAÇÃO)

Ementa: Apelação - Apelante condenado como incurso no artigo 2º, §1º, da Lei 12.850/2013 -
Pretensão à absolvição - Impossibilidade - Materialidade e autoria delitivas comprovadas -
Sentença mantida - Recurso não provido. (Apelação Criminal nº 1005441-
40.2018.8.26.0510, Rio Claro, rel. Cláudio Marques, j. 02/02/2022).

CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA - CARTEL (PRESCRIÇÃO)

Ementa: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA.


FORMAÇÃO DE CARTEL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE INDEFERIDA NA ORIGEM.
INSURGÊNCIA DEFENSIVA. ACÓRDÃO DESTA E. CORTE DE JUSTIÇA QUE AFASTOU A
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO E DETERMINOU NOVO JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DA DENÚNCIA PELA ORIGEM. MARCO INTERRUPTIVO DA PRESCRIÇÃO.
INEXISTÊNCIA. Não constitui marco interruptivo da prescrição da pretensão punitiva o v.
Acórdão, proferido por este Egrégio Tribunal de Justiça, que deu parcial provimento ao
recurso em sentido estrito ministerial, pois o r. decisum colegiado limitou -se a afastar a
extinção da punibilidade do recorrente e de outros acusados, fundada na prescrição da
pretensão punitiva, sem análise da presença de elementos probatórios mínimo s, aptos a
configurar a justa causa. Não incidência da Súmula 709 do STF, tampouco em “uma espécie

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

de recebimento escalonado da denúncia”. Admissibilidade da acusação formal não


promovido por esta Instância recursal, que determinou expressamente o fosse fe ito na
origem, evitando-se a supressão de instância. IMPUTAÇÃO DE FATOS CRIMINOSOS QUE SE
PROTRAÍRAM NO TEMPO. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO. CESSAÇÃO DA PERMANÊNCIA.
DÚVIDA FUNDADA NO CASO CONCRETO. RECURSO DEFENSIVO NÃO PROVIDO. Conforme
r. decisão deste Egrégio Tribunal de Justiça, proferida no julgamento do recurso em sentido
estrito nº 0032795-16.2017.8.26.0050, referendada pelo Colendo STJ no julgamento do
Agravo em Recurso Especial nº 1.800.334/SP, “deve ser considerada, para fins de definição
do termo a quo do lapso prescricional, a data da última conduta praticada pelo agente, e
não o dia em que o primeiro acordo econômico anticompetitivo fora celebrado”, consoante
o disposto nos artigos 111, III, do Código Penal, e 4º, II, da Lei nº 8.137/90. Simples
desligamento do recorrente, em10/10/2008, da empresa com que mantinha vínculo
empregatício não atesta, extreme de dúvidas, a cessação dos comportamentos delitivos, de
sorte que a declaração de extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva ,
neste momento processual, em que não iniciada a instrução processual penal, afigura -se
prematura e implicaria cerceamento à acusação, que, aliás, imputou aos acusados fatos
criminosos ocorridos entre 2004 e 2014. Recurso defensivo não provido. (Recurso em
Sentido Estrito nº 0028900-08.2021.8.26.0050, São Paulo, rel. Gilda Alves Barbosa
Diodatti, j. 24/02/2022).

1º GRUPO DE CÂMARAS CRIMINAIS


ESTUPRO DE VULNERÁVEL (REVISÃO CRIMINAL) - POR MAIORIA(*)
(*) Tanto o voto vencedor quanto o vencido foram indicados para a jurisprudência.

TRECHOS DO VOTO VENCEDOR


(Não há ementa)
Revisão Criminal. A defesa requer “(...) desconstituição do título condenatório, ao
argumento de que houve contrariedade à prova dos autos. Subsidiariamente, requer a
desclassificação da imputação para o delito de importunação sexual, a redução da pena no
mínimo legal, o abrandamento do regime prisional e a prisão domiciliar.” “(...) sempre que
foram ouvidas as vítimas se comportaram da mesma forma, apontando o réu como o autor
dos ataques à sua sexualidade, fornecendo os mesmos detalhes e circunstâncias para a
ação delitiva. A jurisprudência é iterativa no sentido de que a palavra da vítima de violência
sexual deve ser prestigiada, mormente quando amparada por outros elementos de
convicção, tal qual ocorre no caso em exame. Os atos libidinosos praticados não podem
receber a classificação de mera importunação sexual.” (...) “A pena, exacerbada em 1º Grau,
mereceu adequada redução em sede de apelação, com a redução da básica ao mínimo
legal e adequada majoração por conta do reconhecimento da continuidade delitiva e pelo
fato de serem quatro as ofendidas. Ante o exposto, o meu voto julga improcedente a ação
revisional” (*) . (Revisão Criminal nº 2189099-23.2021.8.26.0000, Ouroeste, rel.
Francisco Orlando, j. 14/02/2022).
(*) Acompanharam o relator os Desembargadores Luiz Fernando Vaggione (presidente), Alex Zilenovski, Mário
Devienne Ferraz, Ivo de Almeida e Costabile e Solimene.

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REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
FEVEREIRO/2022

TRECHOS DO VOTO VENCIDO


(Não há ementa)
Revisão Criminal. Estupro de vulnerável. “(...) Não se olvide, nos casos envolvendo
vulneráveis, algumas decisões vêm adotando entendimento rigoroso. (...) Contudo,
posteriormente a esse julgado, lei nova (13.718, de 24.09.2018) criou o tipo do artigo 215-A do
Código Penal”. “(...) e, a interpretação da tipicidade penal em situações, onde a prática
libidinosa não vai além de beijo lascivo, ou toques sobre o corpo maioria das vezes por sobre
a roupa da pessoa ofendida está longe de ser unanimidade, quer no Superior Tribunal de
Justiça, quer na Suprema Corte. Daí a importância da advertência do Ministro Reynaldo
Soares da Fonseca de que o tema mereça profunda reflexão, porquanto, inicialmente, não
há impedimento à desclassificação do crime, e a gradação da punição parece razoável.
Portanto, é dever de cada juiz refletir acerca da questão e, de algum modo, contribuir para
a adequada interpretação da tipificação penal desses casos”. “(...) Portanto, com todas as
vênias, injustificável a condenação do ato descrito na denúncia (o agente passou a mão, por sobre
as roupas das vítimas, na região dos seios, da genitália, ou colocou outra vítima sobre o colo).
Ainda que alguma ofendida, houvesse sentido o toque e houvesse compreendido a intenção
censurável do ato, o delito não foi além de importunação sexual, muito distante da gravidade de
uma conjunção carnal ou ato libidinoso de intensidade semelhante. Assim, de se desclassificar a
conduta, para a correta tipificação” (...) em face desses motivos acolhia-se, na decisão minoritária,
parcialmente o pedido revisional, para desclassificar o modelo-típico do crime nos moldes do
artigo 215-A do Código Penal, fixada a pena em cinco (5) anos de reclusão, a ser executada em
regime inicial semiaberto”(*). (Revisão Criminal nº 2189099-23.2021.8.26.0000, Ouroeste,
Voto declarado pelo Des. Figueiredo Gonçalves, j. 14/02/2022).
(*) Acompanharam o voto vencido os Desembargadores Alberto Anderson Filho e Andrade Sampaio.

7º GRUPO DE CÂMARAS CRIMINAIS


ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA e ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS
Trechos do voto (não há ementa): Revisão Criminal. Organização Criminosa e alteração de
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. “(...) infere-se do V. Aresto que a
condenação do peticionário por integrar organização criminosa não contrariou a evidência dos
autos.” “(...) o peticionário e os demais corréus foram acusados de praticar, reiteradas vezes, o
crime do artigo 273, §§ 1º e 1º-B, do Código Penal. Não se tratava, assim, de mero concurso de
agentes para perpetrar um ato criminoso, mas de um grupo de pessoas reunidas estavelmente
para a prática de várias condutas descritas no aludido dispositivo e cujas penas máximas são
superiores a quatro anos de reclusão. Destarte, sua conduta amolda-se ao descrito nos artigos
1º, § 1º, e 2º, ambos da Lei das Organizações Criminosas. É o quanto basta à preservação do
édito condenatório.” “(...) resta patente que se maneja a revisão criminal como se esta pudesse
ter a natureza de uma segunda apelação, o que, data venia, é de todo indevido. Intangível,
portanto, a coisa julgada.” “(...) não se vislumbra violação aos dispositivos legais e
constitucionais prequestionados.” Indeferiram a revisão criminal. V.U.. (Revisão Criminal
nº 2181541-97.2021.8.26.0000, Bauru, rel. Hermann Herschander, j. 15/02/2022).

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