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(semana nº 4)
Boletim Criminal Comentado 191-
Julho de 2022
Procurador-Geral de Justiça
Mário Luiz Sarrubbo
Assessores
Fabiola Sucasas Negrão Covas (descentralizada)
Olavo Evangelista Pezzotti
Ricardo Silvares
Rogério Sanches Cunha
Danilo Pugliesi (descentralizado)
Analistas Jurídicos
Ana Karenina
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Boletim Criminal Comentado 191-
Julho de 2022
SUMÁRIO
NOTÍCIAS...............................................................................................................................................4
ESTUDOS DO CAOCRIM.........................................................................................................................5
1-Tema: Roubo. Fixação do valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração.............5
NÚCLEO DE GÊNERO...........................................................................................................................13
1-Tema: Aditamento da denúncia de homicídio culposo para doloso. Autor que aceitou o risco do
resultado morte animado por dolo eventual.......................................................................................16
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ESTUDOS DO CAOCRIM
1-Tema: Roubo. Fixação do valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração.
Nesse tanto, é importante alertar não apenas sobre a importância de os colegas pleitearem, na seara
criminal, valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, mas também sobre o
momento oportuno para se fazer o pedido. Não raras vezes somos informados pelos colegas
procuradores de Justiça de que esses pedidos, ora não constam no processo, ora são formulados de
forma extemporânea, prejudicando a atuação ministerial em segundo grau na importante tutela da
vítima.
Pela atual redação do art. 387, IV, CPP cumpre ao juiz, na sentença condenatória, fixar valor mínimo
para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo.
Não se desconsidera a existência de acórdãos admitindo o pedido a qualquer tempo (ou até mesmo
dispensando pedido expresso), como, por exemplo, o TJ/RS:
“Especificamente à fixação do montante indenizatório, pelo sentenciante, nada mais fez do que
observar o disposto no art. 387 do CPP, que tornou aquela medida integrante do ato condenatório,
como o são a imposição de pena, a consideração de circunstâncias agravantes e atenuantes e tudo o
mais que deva ser levado em conta na sua fixação; a aplicação de eventual interdição de direitos e
medidas de segurança; a determinação de publicação do ‘decisum’ e fundamentação acerca de
manutenção ou imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar. Como efeito da
condenação, a ausência de pedido expresso na peça vestibular, ou discussão a respeito, no decorrer
do feito, não obsta sua imposição, assim como a ausência de discussão acerca dos demais efeitos do
ato condenatório, como a imposição de pena, por exemplo, não impossibilita sua aplicação” (TJRS –
Ap. n° 70055000954, Rel. Fabianne Breton Baisch, j. 11.09.2013).
Contudo, o Tribunal de Justiça de São Paulo, em diversos julgados, vem exigindo que o valor a ser
eventualmente fixado pelo juiz, em caso de condenação, conste expressamente da denúncia ou
queixa, a fim de que o réu tenha condições de rebater pontualmente essa pretensão.
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“Insta observar que a condenação dos apelantes a reparar os danos dos ofendidos deve ser afastada,
posto que como não houve pedido expresso na denúncia de valor mínimo de indenização, não é
devida a reparação dos danos causados pela infração prevista no artigo 387, inciso IV, do Código de
Processo Penal, nos moldes do determinado na r. decisão recorrida (Nesse sentido: Apelação
Criminal nº 0001420-13.2010.8.26.0318, Rel. Des. Nuevo Campos, julgado em 04/10/2012)” (TJSP –
Apelação nº 0054898-42.2008.8.26.0564. Rel. Nelson Fonseca Junior, j. 12.12.2013).
“Como não houve requerimento de reparação de danos pelas partes ofendidas e entendendo não
ser devido o arbitramento de ofício pelo Juiz, revogo a indenização fixada na r. sentença monocrática,
sem prejuízo de que as partes possam requerê-la no Juízo Cível” (TJSP – Apelação nº 0034465-
65.2012.8.26.0050, Rel. Paulo Rossi, j. 11.12.2013).
“Este Superior Tribunal, em relação à fixação de valor mínimo de indenização a título de danos
morais, nos termos do art. 387, IV, do Código de Processo Penal, entende que se faz indispensável o
pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público, este firmado ainda na denúncia, sob pena de
violação ao princípio da ampla defesa” (STJ – AgRg no REsp n. 1626962- MS – Rel. Sebastião Reis
Júnior , j, 06.12.2016, DJe 16.12.2016).
“Este Tribunal sufragou o entendimento de que deve haver pedido expresso e formal, feito pelo
parquet ou pelo ofendido, para que seja fixado na sentença o valor mínimo de reparação dos danos
causados à vítima, a fim de que seja oportunizado ao réu o contraditório e sob pena de violação ao
princípio da ampla defesa” (STJ – AgRg no AREsp n° 389234-DF, Rel. Maria Thereza de Assis Moura,
j. 08.10.2013, DJe 17.10.2013).
Súmula 131: “Para que o juiz possa fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela
infração, é necessário que a denúncia contenha pedido expresso nesse sentido ou que controvérsia
desta natureza tenha sido submetida ao contraditório da instrução criminal”.
Define a atribuição do Ministério Público para atuar nos crimes previstos no art. 171 do Código Penal
(estelionato), nos termos do art. 70, § 4º, do Código Penal.
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Dadas as diversas circunstâncias em que o estelionato pode ser cometido, não raro surgem dúvidas
a respeito do juízo competente para julgamento, pois nem sempre quem sofre o prejuízo e quem
obtém a vantagem se encontram no mesmo local e, em tais situações, pode haver certa dificuldade
para estabelecer com precisão onde o estelionatário realmente alcançou o proveito de seu ardil.
O Superior Tribunal de Justiça julga incontáveis casos dessa natureza. Em seus julgamentos, a
Terceira Seção do Tribunal sempre diferenciou as situações em que a fraude é cometida por meio de
saque ou compensação de cheque das situações em que a vítima efetua depósito ou transferência
de valores para uma conta corrente designada pelo estelionatário:
“[...] 2. Nos termos do art. 70 do CPP, a competência será de regra determinada pelo lugar em
que se consumou a infração e o estelionato, crime tipificado no art. 171 do CP, consuma-se no
local e momento em que é auferida a vantagem ilícita. De se lembrar que o prejuízo alheio,
apesar de fazer parte do tipo penal, está relacionado à consequência do crime de estelionato
e não à conduta propriamente. De fato, o núcleo do tipo penal é obter vantagem ilícita, razão
pela qual a consumação se dá no momento em que os valores entram na esfera de
disponibilidade do autor do crime, o que somente ocorre quando o dinheiro ingressa
efetivamente em sua conta corrente. 3. Há que se diferenciar a situação em que o estelionato
ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque clonado, adulterado ou falsificado, da
hipótese em que a própria vítima, iludida por um ardil, voluntariamente, efetua depósitos e/ou
transferências de valores para a conta corrente de estelionatário.
Quando se está diante de estelionato cometido por meio de cheques adulterados ou
falsificados, a obtenção da vantagem ilícita ocorre no momento em que o cheque é sacado,
pois é nesse momento que o dinheiro sai efetivamente da disponibilidade da entidade
financeira sacada para, em seguida, entrar na esfera de disposição do estelionatário. Em tais
casos, entende-se que o local da obtenção da vantagem ilícita é aquele em que se situa a
agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, seja dizer, onde a vítima possui conta
bancária.
Já na situação em que a vítima, induzida em erro, se dispõe a efetuar depósitos em dinheiro
e/ou transferências bancárias para a conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da
vantagem ilícita por certo ocorre quando o estelionatário efetivamente se apossa do dinheiro,
seja dizer, no momento em que ele é depositado em sua conta. Precedentes: CC 169.053/DF,
Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2019, DJe
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19/12/2019; CC 161.881/CE, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
13/03/2019, DJe 25/03/2019; CC 162.076/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 13/03/2019, DJe 25/03/2019; CC 114.685/RS, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2014, DJe 22/04/2014; CC 101.900/RS,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 06/09/2010; CC
96.109/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2009,
DJe 23/09/2009. 4. Tendo a vítima efetuado transferências bancárias para contas de pessoas
físicas cujas agências bancárias localizam-se todas no Município de Guarulhos/SP, é de se
reconhecer que a competência para condução do inquérito policial é do Juízo de Direito da 4ª
Vara criminal de Guarulhos/SP, o suscitado” (AgRg no CC 171.632/SC, j. 10/06/2020).
A Lei 14.155/21 inseriu no art. 70 do CPP o § 4º para dispor o seguinte:
“Nos crimes previstos no art. 171 do Código Penal, quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com
o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida
pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-
se-á pela prevenção”.
A partir da nova Lei 14.155, portanto, grande parte da controvérsia envolvendo a competência do
estelionato plurilocal está resolvida: o crime cometido mediante depósito, emissão de cheques sem
suficiente provisão de fundos ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores
deve ser julgado segundo o domicílio da vítima.
Nota-se que a solução trazida pela nova Lei diverge um tanto da orientação firmada pelo STJ. Para o
tribunal, como vimos, o estelionato em que a vítima efetua depósito ou transferência bancária deve
ser julgado no local em que se localiza a agência na qual o criminoso recebe o dinheiro. Mas o § 4º
do art. 70 determina que, também nesse caso, a competência deve ser determinada pelo domicílio
da vítima.
Nos casos de pagamento por cheque, as decisões do STJ fazem referência ao local em que situada a
agência bancária na qual a vítima mantém sua conta corrente. Embora, na grande maioria dos casos,
a vítima mantenha a conta bancária no mesmo lugar de seu domicílio, é possível que isso não ocorra.
Pela regra do § 4º do art. 70, importa o domicílio da vítima, não o local em que se situa a instituição
financeira.
É provável que o legislador tenha concebido a regra pensando também nas contas bancárias digitais,
operadas por instituições financeiras que têm apenas uma agência – a sede, a qual na maioria das
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Entendemos que deve ser mantido no juízo de origem. Impõe-se a chamada perpetuatio juridicionis,
pela qual a competência se firma, definitivamente, quando do registro ou distribuição da ação, não
mais podendo ser modificada, segundo o art. 43 do Código de Processo Civil (com aplicação ao
processo penal nos termos do art. 3º do CPP).
O perpetuatio jurisdicionis traz uma ressalva, que ocorre quando as mudanças “alterarem a
competência absoluta”. Ora, na hipótese vertente, a competência é territorial, relativa (e não
absoluta), e, como tal, não se enquadra na exceção prevista no art. 43 do CPC.
Em suma: a retroatividade da norma do §4º, do art. 70 do CPP, deve ser observada se o crime ainda
está na fase de investigação. Existindo processo, deve ser notado o instituto da “perpetuatio
iurisdictionis”, necessário para a estabilidade da competência de foro. Uma vez determinada e fixada
esta, quaisquer modificações de fato ou de direito supervenientes são irrelevantes em sua
estabilidade.
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COMENTÁRIOS DO CAOCRIM
Existe indisfarçável controvérsia sobre o valor probatório a ser conferido ao depoimento de policiais.
Parte da jurisprudência vê com enormes reservas essa espécie de depoimento. Afinal – argumentam
– se o policial foi o responsável pela prisão do réu, buscará, sempre, conferir ares de legalidade ao
seu ato. Não faria sentido, assim, que, por exemplo, tendo preso o acusado por tráfico de
entorpecente, afirmasse que a droga não se encontrava em poder daquele primeiro. Ademais, em
vista da posição antagônica em que se encontram – policial e réu – sua tendência seria de carregar
nas cores, pintando um quadro mais grave do que o efetivamente verificado, de modo a prejudicar
a situação do agente.
Há, de outra parte, posicionamento francamente favorável ao depoimento de policiais. É que, tendo
participado diretamente da diligência que culminou com a deflagração de processo contra o réu,
mais do que ninguém se encontra preparado para depor sobre os fatos. Demais disso, importaria em
verdadeiro contrassenso que o Estado, de um lado, habilitasse o agente a prestar-lhe serviços,
mediante, inclusive, ingresso na carreira por um concurso público para, de outro, negar credibilidade
a seu depoimento.
Pensamos inexistir qualquer impedimento para que se confira eficácia ao depoimento prestado por
policiais. Para tanto, ele deve ser analisado no cotejo com as demais provas, assim como todo e
qualquer depoimento. Não se deve conferir valor absoluto a essa espécie de testemunho, só pelo
fato de que prestado por agentes públicos. Mas, de outra parte, a suspeita quanto a esse depoimento
também não é correta, sobretudo nos dias atuais quando, na maioria das vezes, praticado um crime,
ninguém se presta a servir como testemunha. Ao contrário, adiantam-se em dizer que nada viram,
nada ouviram e, portanto, nada sabem. É, assim, plenamente viável, sob nossa compreensão, que
um édito condenatório venha lastreado, tão somente, em depoimentos de policiais, desde que
encontre amparo em outros elementos do processo. Por qual motivo se desconfiaria de um policial
a incriminar um réu com quem jamais tivera contato e, portanto, contra quem não guardava
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nenhuma animosidade anterior? Importa, pois, despir-se de qualquer preconceito (típico do sistema
tarifado), para, na análise global da prova, conferir o valor cabível a cada depoimento, pois o réu se
defende dos fatos e não das pessoas que o acusam.
Resumo:
A ineficiência do Estado em fiscalizar as horas de estudo realizadas a distância pelo condenado não
pode obstaculizar o seu direito de remição da pena, sendo suficiente para comprová-las a certificação
fornecida pela entidade educacional.
Nesse contexto, constando do atestado emitido pelo Sistema de Informações Penitenciárias que o
sentenciado concluiu o aprendizado das disciplinas, a inércia estatal em acompanhar e fiscalizar o
estudo a distância não deve ser a ele imputada, sob pena de prejudicá-lo pelo descumprimento de
uma obrigação que não é sua.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma deu provimento ao recurso ordinário em habeas
corpus para conceder a ordem e declarar remido mais um dia da pena do recorrente, totalizando três
dias: dois dias referentes ao estudo presencial, já reconhecidos pelo juízo da execução, e um dia
referente ao estudo a distância.
COMENTÁRIOS DO CAOCRIM
O art. 18-A da LEP prevê o uso de novas tecnologias e de educação à distância para implementação
do estudo dentro dos presídios, ficando a União, Estados, Municípios e Distrito Federal encarregados
de incluir em seu programa de educação o atendimento aos presos.
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Já o art. 126 da LEP prevê a remição pelo estudo. Consiste no direito de o condenado, por meio do
estudo, reduzir o tempo da pena privativa de liberdade cumprida em regime fechado, semiaberto,
aberto ou em livramento condicional. A contagem do tempo será feita à razão de 1 (um) dia de pena
a cada 12 (doze) horas de frequência escolar (§ 1º, inciso I). As 12 (doze) horas de estudo deverão
ser divididas em, no mínimo, 3 (três) dias.
O preso que concluir o ensino fundamental, médio, ou superior, durante o cumprimento da pena,
será beneficiado com o acréscimo de mais 1/3 (um terço) no tempo a remir em função das horas de
estudo. Os estudos poderão ser de ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior, ou
requalificação profissional.
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NÚCLEO DE GÊNERO
O trabalho da comissão tem por objetivo contribuir para o cumprimento das atribuições confiadas
ao Grupo Nacional de Direitos Humanos pelo CNPG na esfera da temática do combate à violência
doméstica e familiar contra a mulher. Um dos instrumentos para a realização da sua finalidade é a
produção de enunciados que sintetizam o seu entendimento sobre determinadas matérias e que
foram debatidas por seus integrantes. Todos os enunciados da comissão são submetidos à apreciação
da plenária do GNDH que, aprovando-os, submete ao CNPG.
A COPEVID, ao longo de mais de 10 anos, já submeteu e aprovou mais de quarenta enunciados, que
visam orientar a atuação do membro do Ministério Público brasileiro, objetivando propiciar o
intercâmbio de experiências, informações e materiais de forma a viabilizar uma atuação uniforme,
despersonalizada e mais eficaz entre os Ministérios Públicos dos Estados e da União.
No último encontro da COPEVID, que ocorreu em Vitória-ES nos dias 29 e 30 de junho de 2022, foram
aprovados mais dois enunciados, um deles inspirado nos enunciados já emitidos pelo Centro de
Apoio Criminal referente ao crime de violência psicológica previsto no artigo Art. 147-B do Código
Penal, introduzido Lei nº 14.188, de 2021, conforme do Boletim Criminal nº 170 de Fevereiro de 2022,
do Núcleo de Gênero do CAOcrim e Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência e seus Familiares
do Ministério Público do Estado de São Paulo cujo acesso pode ser realizado por meio desse link:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Criminal/Criminal_Juri_Jecrim/Enunciados_CAOCRI
M/enunciados.docx.
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento
ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização,
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limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e
autodeterminação:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais
grave.
Além desse enunciado, a Comissão também se preocupou com a adequada gestão das informações
obtidas com o preenchimento do Formulário Nacional de Avaliação de Risco,
instrumento de prevenção e de enfrentamento de crimes e demais atos praticados no contexto
da violência doméstica e familiar contra as mulheres, e possibilita diagnosticar e identificar se a
mulher se encontra em situação de risco.
A gestão das informações levantadas com o seu preenchimento possibilita que os profissionais que
atuam no contexto da violência doméstica e familiar possam tomar decisões ou medidas de
prevenção da violência com o objetivo de evitar que novas agressões ocorram. A COPEVID trouxe à
baila a necessidade de que o Ministério Público articule com outros órgãos e entidades públicas ou
privadas que atuem na área de prevenção e de enfrentamento da violência doméstica e familiar
contra a mulher para a implementação e a utilização do documento.
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O presente Enunciado nº 56 teve como fonte os enunciados números 4 e 5 do Boletim Criminal nº170
de Fevereiro de 2022, do Núcleo de Gênero do CAOcrim e Núcleo de Atendimento à Vítima de
Violência e seus Familiares do Ministério Público do Estado de São Paulo.
ENUNCIADO:
O crime de violência psicológica previsto no artigo 147-b do código penal pode ser provado pela
palavra da vítima, depoimentos de testemunhas, relatórios de atendimento e quaisquer outros
elementos que comprovem o impacto da conduta para o pleno desenvolvimento, controle das ações,
autodeterminação e saúde da vítima e prescinde da realização de laudo pericial.
ENUNCIADOS 4 E 5 DO CAOCRIM:
ENUNCIADO 4
O dano emocional equivale ao sofrimento causado para a vítima (tristeza, crises de choro, angústia,
insônia, pesadelos, medo de iniciar relacionamentos) e prescinde da realização de laudo pericial, que
somente é necessário para o crime de lesão corporal à saúde por dano psíquico (transtorno mental).
ENUNCIADO 5
O crime se consuma com o dano emocional, que pode ser demonstrado pelo depoimento da vítima,
depoimentos de testemunhas, relatórios de atendimento e quaisquer elementos que comprovem o
impacto da conduta para o pleno desenvolvimento, controle das ações, autodeterminação e saúde
da vítima.
ENUNCIADO:
O Ministério Público deve articular com outros órgãos e entidades públicas ou privadas que atuem
na área de prevenção e de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher para a
implementação e a utilização do modelo de Formulário Nacional de Avaliação de Risco aprovado por
ato normativo conjunto do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público.
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1-Tema: Aditamento da denúncia de homicídio culposo para doloso. Autor que aceitou o risco do
resultado morte animado por dolo eventual.
THALISON DA SILVA BARBOSA foi denunciado como incurso no artigo 147, caput, c.c. o artigo
61, inciso II, alínea “f” (vítima Denise); por duas vezes no artigo 147, caput, (vítimas Débora e Marcos);
no artigo 129, § 9º, c.c. o artigo 61, inciso II, alínea “c” (recurso que dificultou a defesa da ofendida,
Denise); e no artigo 121, § 3º, tudo na forma do artigo 69 (concurso material), todos do Código Penal,
adotado o regime jurídico da Lei 11.340/2006. Isto porque, no dia 19 de dezembro de 2021, por volta
das 21 horas, na Rua Benedito Ribeiro, 564, no Distrito do Arabá, na comarca de Ouroeste, o acusado
ameaçou sua então companheira Denise da Silva Oliozi Mafra, por palavras, de causar-lhe mal injusto
e grave, consistente em matá-la, em circunstâncias de violência doméstica e familiar contra a mulher.
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Ainda, no dia 19 de dezembro de 2021, por volta das 21 horas, na Rua José Galhardo 571, no
Distrito do Arabá, na Comarca de Ouroeste, o denunciado matou, de forma culposa, a vítima Marcos
Antônio Oliozi, conforme ficha de atendimento de fls. 44/47 e certidão de óbito de fl. 31.
Em seguida, por meio da vítima Denise da Silva Oliozi, o denunciado ameaçou a irmã e o pai
dela, Débora da Silva Oliozi e Marcos Antônio Oliozi, dizendo que mataria a todos. Não bastasse,
proferiu as mesmas ameaças, ao menos contra a vítima Marcos, por meio da esposa dele, Elenita da
Silva Oliozi.
Logo após as ameaças, THALISON desferiu socos e tapas na vítima Denise, e depois
empurrou-a, derrubando-a, e, quando a vítima já estava caída ao solo, o que dificultou a defesa da
ofendida, desferiu contra ela chutes, que atingiram inclusive sua vagina, causando-lhe equimoses,
além de pequeno aumento de partes moles na região fronto-lateral esquerda, onde há escoriação;
ferimento no ângulo da boca à esquerda, além de ferimento no mento; hematoma irregular,
distribuído no terço proximal do braço esquerdo; hematomas na coxa lateral; além de hematoma na
região perineal, lesões consideradas de natureza leve pelo perito, conforme declaração médica de
fls. 27/28 e laudo de exame de corpo de delito de fls. 58/59.
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Elenita, mãe da vítima, e Roseli (ex-sogra) foram no socorro dela. A vítima, aproveitando-se
da chegada delas, fugiu, na direção da casa de sua mãe, onde se escondeu.
THALISON, agindo com imprudência, eis que sabedor de que a vítima Marcos Antônio Oliozi,
pai de Denise, sofria de doença cardíaca, foi até a casa dele, ainda munido da faca com a qual
ameaçara a vítima Denise, e tentou arrombar a porta. A família estava toda trancada dentro da casa,
porque sabia que ele estava armado com a faca. Não contente, THALISON arremessou uma garrafa
de leite contra a porta da casa. E ainda, adentrou ao quintal e ficou andando ao redor da residência,
tentando arrombar tanto a porta da sala, como a da cozinha.
Marcos, que já estava nervoso porque tinha acabado de saber que tinha sido ameaçado por
THALISON, vendo Denise lesionada pelas agressões perpetradas pelo denunciado, não suportou
quando THALISON tentou invadir a casa, e, em razão de todo esse quadro, sofreu um infarto e veio
a óbito.
Realizada audiência de instrução (fls. 135/137). Durante a instrução criminal, foram ouvidas
02 (duas) vítimas, 02 (duas) testemunhas arroladas pelo Ministério Público, 01 (uma) testemunha
arrolada pela Defesa e, ao final, o réu foi interrogado. Todas as oitivas foram colhidas por meio de
sistema audiovisual (link à fl. 136).
Durante a instrução, a vítima Denise da Silva Oliozi Mafra relatou que mantinha um
relacionamento amoroso com o denunciado há cerca de seis meses. No dia dos fatos, passaram o dia
se embriagando. Quando voltaram para a residência, iniciou-se uma discussão, quando THALISON
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armou-se de uma faca e a ameaçou de morte, bem como de matar a irmã da ofendida- Débora da
Silva Oliozi e o pai da vítima Marcos Antônio Oliozi. Passou, então, a agredi-la com tapas e socos,
empurrou-a ao chão, e desferiu chutes em seu corpo, atingindo, inclusive, sua vagina. As
testemunhas Roseli e Elenita chegaram ao chão e tentaram intervir; conseguiu fugir e foi para a casa
de seus pais, onde estava seu genitor Marcos Antônio. O acusado THALISON foi até a casa de seus
pais, e, mesmo sabedor que seu pai Marcos Antônio era acometido de problemas cardíacos, ficou
chamando-o várias vezes para sair da casa, xingando-o de velho, e dizendo que o mataria;
arremessou, ainda, uma garrafa de leite na porta da residência. Quando o ofendido Marcos
finalmente saiu, ele passou mal, caiu e morreu. Dois meses antes dos fatos, THALISON discutiu com
o seu pai Marcos, ocasião em que seu genitor passou mal e teve que ser socorrido, em virtude dos
problemas cardíacos que possui. Não tem dúvidas de que o acusado possuía pleno conhecimento
da situação (de saúde de seu pai Marcos).
A ofendida Débora da Silva Oliozi, irmã da ofendida Denise, esclareceu que seu pai Marcos
Antônio Oliozi tinha doença cardíaca, era hipertenso, diabético e fazia tratamento regularmente.
THALISON tinha conhecimento dessas doenças. Avistou THALISON caminhar na direção da casa de
seu pai, com uma faca na mão, e o ouviu gritar, chamando por Marcos para que saísse na rua:
“velho desgraçado, vem aqui, vou te pegar”; viu também THALISON arremessar uma garrafa de
leite contra a porta da casa de seu genitor. Toda a família estava trancada dentro da casa, inclusive
Marcos, esperando a chegada da polícia. Sua casa dista cerca de três casas da residência de seus
pais, o que possibilitou a melhor visualização de toda a cena. Viu seu pai caído, aparentemente já
falecido. Sabe que também foi ameaçada de morte por THALISON, por meio de sua irmã Denise.
Elenita da Silva Oliozi, genitora de Denise e Débora, e viúva de Marcos, reafirmou que seu
marido estava acometido de doença cardíaca e estava sob tratamento; o companheiro de sua filha
Denise-THALISON- era sabedor desse fato. A testemunha Roseli chamou-a porque Denise estava
sendo agredida por THALISON; ao chegar à casa onde sua filha residia com THALISON, presenciou o
acusado jogando Denise sobre a cama. Denise conseguiu fugir, correndo para a casa dos pais.
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THALISON tentou agredir sua neta, filha de Denise. Percebeu que THALISON queria “atingir seu
esposo” Marcos de alguma forma, pois proferia diversas ameaças contra ele. O acusado também
ameaçava Débora, dizendo que “iria acabar com a vida dela”. THALISON foi então para a sua
residência (da depoente), e seu marido, que já estava muito nervoso ao ver as lesões sofridas por
sua filha Denise, saiu no portão- ficou ainda mais nervoso- e caiu no chão, batendo a cabeça. Foi
colocado para dentro da casa. Nesse momento, chegou em casa e foi ajudar seu marido. Ficaram
todos trancados pois THALISON estava com uma faca. O réu arremessou uma garrafa de leite
contra a porta da residência. Diante de todas essas circunstâncias, Marcos tentou sair novamente,
mas “sua boca roxeou”, ele caiu no chão, tentou respirar, mas não resistiu e morreu. Sua filha
Denise estava gravemente ferida, sendo visíveis os seus ferimentos.
A vítima Roseli Alves dos Santos Silva disse que, no dia dos fatos, presenciou THALISON
ameaçar Denise, a irmã dela (Débora) e o pai dela (Marcos). Viu THALISON agredir Denise; retirou a
filha de Denise da casa, de apenas dois anos, e foi até a casa de Elenita, mãe de Denise, para relatar
o ocorrido. Algum tempo depois, THALISON foi até a frente da casa do pai de Denise e o chamou
diversas vezes, xingando e ameaçando. Marcos, mesmo sendo impedido por familiares, saiu da
casa, ocasião em que THALISON o ameaçou de morte. Marcos ficou muito nervoso, caiu e bateu
com o rosto no chão, vindo a óbito no local. Marcos e Denise foram levados ao hospital.
O acusado, em seu interrogatório, admitiu ter discutido e agredido Denise. Depois, foi até à
frente da casa dos pais de Denise, onde proferiu ameaças e xingamentos, e arremessou uma
garrafa de leite na porta do local. Já teve discussões anteriores com o ofendido Marcos, pai de
Denise. Alega não ter conhecimento que Marcos tivesse problemas cardíacos ou que tomasse
medicamentos, mas Denise já lhe disse que “seu pai não poderia passar mal”.
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Encerrada a instrução, o MM. Juiz determinou a abertura de vista ao Ministério Público para
análise de eventual aditamento da denúncia, por considerar que, a partir das provas coletadas
durante a instrução criminal, o caso lhe pareceria ser o de homicídio doloso consumado. Nesse
sentido, aduziu que as testemunhas disseram que o acusado, não contente em ameaçar e agredir
sua então convivente, ameaçou de morte também seus familiares, notadamente o genitor da vítima,
e foi até a casa do Senhor Marcos, depois de ter proferido as ameaças e conhecendo seu estado
debilitado de saúde, portando arma branca com o intuito de matá-lo. Ademais, o acusado, já na
residência do Senhor Marcos, tentou invadir o imóvel, arrombá-lo, lançou objetos sobre o lar da
vítima, que, devido à sua condição de cardíaco, se apavorou, vindo a entrar em estado de pânico, e
faleceu. Dessa forma, concluiu, haveria a presença de concausa para o resultado morte, a saber, a
condição de cardíaco da vítima Marcos, que era relativamente independente, preexistente ao fato e
conhecida do acusado, devendo este, portanto, responder por homicídio doloso consumado (fls.
178/183).
O D. Promotor de Justiça, então, manifestou-se a fls. 188/189, ponderando que, atento aos
elementos probatórios colhidos nos autos, manteria a imputação da inicial, razão pela qual não
aditou a denúncia.
Este o relatório.
A razão se encontra com o Culto Magistrado, com a máxima vênia do Douto Promotor de
Justiça; senão, vejamos.
O ofendido Marcos Antônio Oliozi, que tinha 58 anos de idade, era portador de doença
cardíaca, hipertenso, e diabético, fazendo tratamento médico regular, conforme depoimentos
prestados pela ofendida Débora, Denise (ambas filhas de Marcos) e Elenita (a sua viúva).
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Esse conhecimento prévio também se demonstra pelas palavras da testemunha Elenita, viúva
de Marcos, ao reafirmar que seu marido estava acometido de doença cardíaca e estava sob
tratamento e que o companheiro de sua filha Denise-THALISON- era sabedor desse fato.
O próprio acusado em seu interrogatório, embora tenha alegado não ter conhecimento
que Marcos tivesse problemas cardíacos ou que tomasse medicamentos, foi alertado por sua
companheira Denise que já lhe disse que “seu pai não poderia passar mal”.
Demonstra-se, assim, por tais elementos probatórios, que havia grave doença cardíaca pré-
existente e que o acusado THALISON era pleno conhecedor de sua existência, até porque, dois
meses antes, presenciou o seu sogro Marcos, por ter ficado nervoso, “passar mal” e ser socorrido,
em razão de sua doença cardíaca.
Comprovado, igualmente, nos autos, que o acusado THALISON, pleno conhecedor da doença
cardíaca que era portador a vítima Marcos (seu sogro), que se agravava quando era submetido a
situações estressantes ao ponto de colocá-lo em risco de morte, deliberou, no dia do ocorrido, em
submetê-lo a uma situação-limite de exacerbada tensão: com uma faca em mãos, cercou a casa de
Marcos, de madrugada, aos berros e proferindo ameaças contra ele, e jogou com violência uma
garrafa de leite contra a porta da casa, ameaçando invadi-la; o ofendido Marcos, de tão exacerbado
e tenso enquanto não chegava a polícia militar acionada, acabou por ser sofrer o infarto do coração
no interior de sua residência que o levou à morte.
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Segundo o relatório médico do hospital que atendeu a vítima, Marcos deu entrada na
ambulância acionada pela filha a qual mencionou que seu pai “passou nervoso ao ver a filha
espancada pelo namorado e suposto agressor foi na residência tirar satisfação com idoso” (fls. 44);
Marcos morreu na própria casa, sendo malogradas as tentativas de ressuscitação no hospital (fls. 45).
A morte foi classificada como instantânea, por insuficiência cardíaca (fls. 47).
A cardiopatia anterior de Marcos acarretou sua morte, sofrendo influxo, como concausa
determinante, a situação-pânico criada pelo investigado THALISSON, pois como explica Nelson
Hungria1:
1
Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, Volume V. Editora: Revista Forense. Rio de Janeiro, 1953.
Página 41.
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No que se refere à ótica da medicina-legal, o nexo de causalidade entre a emoção forte e o óbito,
em especial se se tratar de vítima portadora de doença pré-existente cardíaca (como ocorre in casu)
é amplamente aceita.
Senão vejamos.
Os efeitos físicos da situação estressante são bem descritos pela neurocientista Carla Tieppo2:
“A morte súbita dita natural pode ter por etiologia as mais diversas
causas: afecções cardiovasculares, lesões do sistema nervoso
central, hemorragias meníngeas e encefálicas propriamente ditas,
perturbações neuroendócrino-humorais, acidentes operatórios (...)
Contribuem, ainda, para este tipo de morte súbita certos fatos
ocasionais, tais como: a fadiga, o esforço, a convalescença, a emoção,
(...)” (grifo nosso).
2
Carla Tieppo, Uma viagem pelo cérebro, a via rápida para entender neurociência. Editora Conectomus: São
Paulo, 2019. P. 168
3
Genivaldo Veloso de França, Medicina Legal, 6ª edição. Editora Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2001.
Página 361/362
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“Há até os casos de morte por síncope sem que sequer se tenha
encostado na vítima, quando o óbito é causado pelo terror ou
grande medo infundido propositalmente na vítima que, nestes
casos, costuma ser cardiopata grave. Tecnicamente, pode até se
tratar de “homicídio de causa emocional”, elaborado para ser
“crime perfeito” (grifo nosso).
4
Hygino de C. Hercules, Medicina Legal, Texto e Atlas, 2ª edição, revista e ampliada. Editora O Atheneu: Rio
de Janeiro, 2014. Página 146.
5
Wilmes Roberto Gonçalves Teixeira. Manual de Medicina Legal. Um vade-mécum da especialidade, Volume
1. 2000. Página 123.
6
A. Almeida Júnior e J.B de O e Costa Júnior, Lições de Medicina Legal. Editora: Companhia Editora Nacional:
São Paulo, 1998. Página 219.
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A questão que ora se discute - assentado o nexo de causalidade entre a conduta de THALISSON
que levou a vítima, portadora de grave doença do coração, à morte, é saber se a ação do agente foi
animada por culpa, por inobservância do dever objetivo de cuidado, ou por dolo.
1ª- o pleno conhecimento por THALISSON da existência da grave doença cardíaca que Marcos
padecia, até porque já havia presenciado o sogro ser levado ao hospital em decorrência daquela
morbidade;
2ª- O alerta de sua mulher Denise de que “seu pai não poderia passar mal” (por nervosismo);
3ª- As ameaças de morte contra Marcos, em um primeiro momento, na casa onde estava com
Denise, quando a espancava;
4ª- Novas ameaças de morte contra Marcos, e xingamentos, cercando a casa do ofendido, de
madrugada, com uma faca nas mãos, insistindo na imposição de um verdadeiro terror psicológico
até que a vítima infartasse.
Referida conduta demonstra que a conduta do acusado foi animada por dolo eventual,
assumindo o risco da ocorrência do resultado morte, agindo por desprezo e indiferença caso o
infausto acontecimento adviesse.
7
Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, Volume V, p. 50/51. Revista Forense: Rio de Janeiro, 1953
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E conclui, mais a frente: “se o agente se diz a si próprio: seja como for, de no que der, em
qualquer caso não deixo de agir, é responsável à título de dolo”.
Rogério Greco9 ensina que os meios de execução do crime de homicídio podem ser:
8
Walfredo Cunha Campos, Tribunal do Júri, Teoria e Prática, 8ª edição, 2022. Editora Mizuno, p. 1216.
9
Rogério Greco, Curso de Direito penal, Volume 2, 19ª edição. Editora Atlas/Gen: São Paulo, 2022. Página 15.
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10
Aníbal Bruno, Direito Penal, Tomo 4º, Parte Especial. Crimes contra a pessoa. Editora Forense: São Paulo
1966. P. 68.
11
Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, Volume V. Editora Forense: Rio de Janeiro, 1953, página 62.
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12
Aníbal Bruno, Direito Penal, Tomo 4º, Parte Especial, Editora Forense: Rio de Janeiro, 1966, página 77.
13
STF: RHC 92.571, 2ª T. Rel. Min. Celso de Mello, j. 30.06.2009.
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