Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PARTE ESPECIAL
TOMO XXIX
PARTE VI
SÍNDICO
CAPÍTULO II
FUNÇÕES DO SÍNDICO
CAPÍTULO III
§ 3.382.
§ 3.383.
§ 3.384.
§ 3.385.
§ 3.386.
Conceito de arrecadação. 1. Arrecadar, arrecadar. 2. Função do síndico
Atos da arrecadação. 1. Posse e arrecadação. 2. Presença do órgão do Ministério
Público
Bens arrecadáveis. 1. Bens arrecadáveis e bens inarrecadáveis. 2. Cartas precatórias.
3. Posse mediata e posse imediata Inventário dos bens arrecadados.
1. Inventariação . 2. Formalidades do inventário. 3. Conteúdo do inventário
Guarda dos bens arrecadados. 1. Síndico e guarda dos bens. 2.Venda de bens
arrecadados antes da fase da liquidação.
Inventario negativo e inventário deficiente. 1. Comunicação da negatividade ou da
deficiência. 2. Requerimento de continuação do processo da falência. 3. Cessação do
processe falencial por inexistência ou insuficiência de bens
CAPÍTULO IV
CAPITULO V
PARTE VII
CAPITULO 1
CAPÍTULO II
CAPITULO VIII
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
INQUÉRITO JUDICIAL
PARTE VIII
Liquidação concursal
CAPÍTULO 1
CAPITULO II
CAPÍTULO III
ENCARGOS DA MASSA
§ 3.433. § 3.434.
Encargos da massa e dívidas da massa. 1. Massa e passivo próprio da massa. 2.
Precisões
Enumeração dos encargos da massa. 1. Texto legal. 2. Pressuposto da exigibilidade do
tributo durante falência
CAPÍTULO IV
DÍVIDAS DA MASSA
§ 3.435.
§ 3.436.
CAPITULO VIII
§ 3.436.
Encargos da massa e dívidas da massa. 1. Dicotomia inicial. 2.Dedução direta349
Análise das dívidas da massa. 1. Espécies de dívidas da massa. 2.Direitos reais de
garantia
Analises das dívidas da massa. 1. Espécies de dividas da massa. 2. Direitos reais de
garantia
CAPfTULO V
CAPÍTULO VI
TERMINAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO
CAPITULO VII
CAPITULO VIII
CONCLUSÕES
CAPITULO VIII
SINDICO
leis penais medem à natureza da função, e não à qualidade de quem exerce. O art. 827
do Código Penal considera “funcionário publico, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente, sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública
sindico exerce função que seria a do juiz se a lei não tivesse sido a figura do síndico,
órgão da execução forçada, cujo monopólio é estatal. Por onde se vê como se engata
na execução forçada a figura jurídica do síndico.
“A administração da falência”, diz o art. 59 da Decreto-lei n. 7.661, “é exercida por
um sindico, sob a imediata direção e superintendência do juiz”. Ã referência à
“imediata direção e à “superintendência” do juiz é para frisar-se que se trata de múnus
público, que o síndico é parte de ofício e órgão da execução forçada celetiva.
O juiz, em cuja jurisdição tem a devedor o seu estabelecimento principal, é o juiz
competente para a decretação da falência (Decreto-lei ri. 7.661, art. 7.O)• Se a falência
é de comerciante ambulante ou de empresária de espetáculos públicos, pode decretá-la
o juiz da lugar em que for encontrado o devedor (art. 79, § 1.0). Às leis de organização
judiciária estadual cabe estabelecer a competência conforme o território e ratione
material.
O síndico não representa o falido, na administração dos bens do patrimonio falencial:
o síndico acede ao falido e inser&-se, como parte de ofício, na relação jurídica
processual. um dos órgaos da execução forçada. Há-os permanentes, com a categoria
de funcionários públicos, ou não, orgao s lixos do Estado, como o juiz, o orgao do
Ministério Pública, o escrivão, o porteiro, o leiloeiro público. O síndico, como a
assembléia de credores, é órgão transitório. A própria assembléia de credores, quando
delibera, não o faz em representação dos credores, e sim como órgão da execução.
Não tem caráter privatístico.
O juiz é que preside à execução forçada celetiva. Acima dele só estio os tribunais, se
têm competência para conhecer de recursos, decidir em correção , ou deferir pedidos
de medidas mandamentais, como o mandado de segurança e o habeas-corpus.
Na massa falida não há personalidade; portanto, não há representação. Não se pode
pensar em representação voluntária, nem em representação legal. Qualquer que seja o
nome que o sistema jurídico haja dado ao administrador da massa falida, o problema é
o mesmo, e é a mesma a solução. Não se trata de funcionário público, mas a função é
pública. O conceito de funcionário público é que não é extensivo a todas as funções
públicas. Onde é o Estado que exerce a função e a distribui, pública é a função
distribuída.
Não se pode eliminar o falido, como parte no processo mandamendal . Parte ele . O
demandado é ele. A relação jurídica processual angulariza se quando ele é citado. O
processo dos [cursos de credores, civil ou falencial, é processa de execução alçada
celetiva, porém como 08 outros processas de execução alçada, com a particularidade
da pluralidade de demandantes. estruturação básica não se afasta do que se passa com
todos exercícios de pretensão à tutela jurídica executiva.
Conforme antes dissemos (e repetimo-lo par vezes), a fato pluralidade de credores e a
provável insuficiência do ativo lançam os problemas que o Estado, que prometera a
prestação risdicional , a tutela jurídica , tem de resolver, como legislar que também é.
A função do síndico foi uma das soluções particulares, um dos expedientes técnicos
adotadas para evitamento de inconveniências que a experiência mostrara.
Também são órgãos da execução forçada celetiva os peritos, contador, os avaliadores
e o depositário. Não os advogados. ses representam o falido, ou algum, alguns au
todos os credo~, ou o síndico, ou algum interessado em restituição ao revindicação.
É como o síndico o liquidante (ou delegado), que se nomeia a liquidações
administrativas coativas (bancas e casas banrias: Decreto-lei n. 9.228, de 3 de maio de
1946, art. 28 § 1.0; Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, ts. 1.0 e 2.0; Decreto-
lei n. 8.495, de 28 de dezembro de 1945, t. 6Y, c); sociedades de seguros: Decreto-lei
n. 2.063, de março de 1940, arts. 141 e parágrafo único, e 143; socieLdes de
capitalização: Decreto n. 22.456, de 10 de fevereiro 1933, arts. 24-27; sociedades
cooperativas: Decreto n. 22.289, 19 de dezembro de 1932, art. 80; Decreto n. 6.980, de
CAPITULO VIII
19 de março de 1941, art. 49, § 69; sociedades de crédito real: Decreto. 169-A, de 19
de junho de 1890, art. 18, § 14; Decreta 370, de 2 de maio de 1890, arts. 346, 352-359;
Decreto Lei n. 7.661, arts. 16 e 81) ou nas liquidações pedidas (e. g.,bancos e casas
bancárias, Decreto n. 19.479, de 12 de dezembro a 1980, ad. 59).
de que trata o art. 62 o nome de eu representante” leia-se “de seu órgão” “que não
poderá ser substituído sem licença do juiz”. Se o orgao deixa de o ser, em de ser
submetido ao juiz o nome do novo órgão , e então não se trata de licença, mas de
aprovação . Uma das cansas vulgares de substituição é o não ter sido reeleito o sócio,
ou acionista. na de ter expirado o prazo para as funções na gerência, em no de
revezamento.
Se alguém é credor do falido e coincide ser sócio de firma estrangeira, com sede no
estrangeiro, não está privado da legitimação a ser síndico; porque a sua personalidade
não se confunde com a da sociedade, de que faz parte. Tem de assinar termo em seu
próprio nome (8.8 Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 10 de
dezembro de 1950 (E. F., L43, 278 s.) e cumprir o que exige o art. 62, parágrafo único,
do Decreto-lei n. 7.661.
A 8. Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a 24 de agosto de 1951
(A. .1., 102, 205), disse que não pode ser síndico pessoa jurídica, que, tendo filial no
foro da falência, não tem ai, devidamente regularizada, a sua representação (devia
dizer “o seu órgão’9, nem tio-pouco pessoa que há menos de um ano era sócio da
firma falida. A última proposição é sem base em lei. Seria preciso que se pudessem
invocar, por exemplo, os arts. 59, parágrafo único, 6.0, e 60, § 39, II, do Decreto-lei a.
7.661.
(A terminologia imprópria cria problemas que só se resolvem bem quando se
substituem por termos próprios os impróprios. A pessoa jurídica não pode delegar
funções de síndico, nem pode para todos os atos fazer-se representar. O
“representante” de que fala o art. 60, § 59, é o órgão . Só o nome do orgao é que pode
constar de termo de que trata o art. 62. Ora, o órgão presenta, não representa.)
2. PESSOAS QUE NÃO PODEM SER NOMEADAS. No art. 60, § 39, o Decreto-lei
n. 7.661 diz que: “Não pode servir de síndico: 1, o que tiver parentesco ou afinidade
até o terceiro grau com o falido, ou com os representantes (7) da sociedade falida, ou
deles for amigo, inimigo ou dependente; II, o cessaonário de créditos, que o for desde
três dias antes de requerida a falência; III, o que, tendo exercido cargo de síndico em
outra falência, ou de comissário em concordata preventiva, foi destituído, ou deixou de
prestar contas dentro dos prazos legais, ou, havendo-as prestado, as teve julgadas más;
IV, o que já houver sido nomeado pelo mesmo juiz síndico de outra falência há menos
de um ano, sendo, em ambos os casos, pessoa estranha à falência; V, o que, há menos
de seis meses, recusou igual cargo em falência de que era credor”.
a) Em primeiro lugar o art. 60, § 3•0, 1, do Decreto-lei n. 7.661, pré-exclui,
decisivamente, a nomeação do parente, até o terceiro grau, consangüínao ou afim, ou
do amigo intimo, ou do inimigo ou dependente (e. g., o empregado) do falido. A
amizade, que obsta à nomeação, é a amizade intima.
No tocante às pessoas jurídicas, a terminologia da lei é má.
Não se afasta a possibilidade de ser nomeado síndico quem é parente, ou amigo
intimo, ou inimigo, ou dependente do advogado ou procurador da sociedade, mas sim
o parente, ou amigo intimo, ou inimigo, ou dependente do órgão da sociedade.
O diretor da sociedade não é representante; é órgão.
A proibição legal continua após a morte do falido ou da pessoa que era órgão da
sociedade.
b)Se houve cessão de crédito, três meses, ou menos, interesse da decretação da
falência, não pode ser nomeado síndico cessaonário; nem o cessaonário em segunda
cessão ou outra que se seguiu.
A lei somente cogita da cessão. Quem sucedeu a causa de norte em algum crédito,
pretensão, ação ou exceção, não está inibido de ser síndico.
O fato de ter sido cedido o crédito, não por estranho, mas por pessoa mencionada no
5* 60, 4 39,1, não importa. O que se há de verificar é ter havido cessão e o não ter sido
anterior aos três meses.
c) O art. 60, § 39, III, estabelece a inidoneidade absoluta de quem, tendo exercido o
CAPITULO VIII
A propósito do art. 60, § 39, III, observe-se que o não aproveitamento por alguma das
razões do art. 60, § 39, 1, II, e V, não é destituição. Quando se reclama contra alguma
nomeação e o juiz atende à reclamação, revoga-se a nomeação, se destitui. É fonte de
graves erros confundir-se revogação xi destituição. A ambigüidade com que alguns
juristas e juizes pregam o termo “destituição” leva a perplexidades dificilmente
superáveis. É raro ver-se sair com justeza a decisão; isso foi exemplo o acórdão da 4•S
Câmara Civil do Tribunal Justiça de São Paulo, a 30 de novembro de 1950, que frisou,
referindo se a comissário de concordata preventiva que fora evitado por impedimento,
não poder ser tido como destituído, ra se invocar o art. 60, § 39, III.
CAPITULO II
FUNÇÕES DO SÍNDICO
Com a assinatura do termo, investido está o síndico de a os poderes que a lei lhe
atribui.
Se foi falido que se declarou insolvente (Decreto-lei n. 7.661, 8.0), é de seu dever
apresentar, com o pedido de decretação falência, os livros obrigatórios, que ficam em
cartório para m entregues ao síndico, imediatamente após a assinatura termo (art. 89,
§ 89).
Se não foi o falido que provocou a decretação da falência, o art. 63, III.
A eficácia da investidura é imediata, o que cria poderes ocultos e deveres do síndico
no instante mesmo após a assinatura do termo . Não importa se houve, ou não, recurso
que interpôs da decisão de abertura da falência, nem se recorreu não da decisão que
nomeou o síndico.
art. 63, IV, faz função e dever de falido: “Recolher, em vinte e quatro horas, ao
estabelecimento que for designado nos termos do art. 209, as quantias pertencentes à
massa, e movimentá-las na forma do parágrafo único do mesmo artigo”. No art. 209
estabelece-se que as quantias pertencentes à massa devem ser recolhidas ao Banco do
Brasil ou à Caixa Econômica Federal, suas agências ou filiais. Se no lugar não as há, o
juiz tem de designar estabelecimento bancário de notória idoneidade. Se não há,
sequer, estabelecimento bancário, ou se o que há é idônao , ou passa por ser idônao , o
síndico mesmo é o depositário. Se há algum dos estabelecimentos referidos, ~m o
síndico vinte e quatro horas para fazer o depósito.
O síndico não pode pagar-se a si mesmo sem ser no momento em que outro . teria
solvido o seu crédito. Não pode “reter” dinheiro para oportunamente satisfazer-se.
Credor quirografário, tem de aguardar o cálculo do rateio, como os outros credores
quirografários (2.~ Câmara da Corte de Apelação do Distrito Federal, 16 de maio de
1916, R. 3., IV, 551).
previedade da aprovação judicial dos salários. Se, porém, havia urgência e os serviços
foram prestados, pode o juiz aprovar os salários oferecidos pelo síndico e aceitos pelos
auxiliares necessárias, ou vice-versa, reconhecendo que tinha de ser imediata a
prestação de serviços. É o que também ocorre com os serviços que não são de
auxiliares, mas de consertadores, eletricistas, bombeiros e outros profissaonais (cf.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 5 de setembro de 1931, .1?. dos 2’., 84, 294).
9.(VIII) DEVER DE INFORMAR. Diz o Decreto-lei n. 7.661, art. 63, VIII, que é
função e dever do síndico “fome ler, com presteza, todas as informações pedidas pelos
interessados sobre a falência e administração da massa e dar extratos dos livros do
falido, para prova, nas verificações ou impugnações de crédito; os extratos merecerão
fé, ficando salvo à parte prejudicada provar-lhes a inexatidão”. A .f é que se atribui
importa, de regra, só se poder afastar a prova feita pelo documento, ou título, em ação
própria, ou em ação em que se possa atacar. No art. 63, VIII, explicita-se ficar salvo à
parte prejudicada provar a inexatidão dos extratos. Isso significa que o Ônus da prova
incumbe a quem alega a inexatidão. Não se trata, propriamente , de 16 pública (Tomo
XI, § 1.225). As informações são prestadas por dever do síndico, que as deve dar
exatas, e estabelecem Ônus de prova contrária para o informado.
16.(XV) DEVER DE REMIÇÃO. Estabelece o Decreto-lei n. 7.661, art. 63, XV, que
é função e dever do síndico, remir penhOres e objetos legalmente retidos, com
autorização do juiz em benefício da massa”. P~m benefício da massa e com
autorização do juiz, pode o síndico remir penhOres e solver dividas sujeitas a direito
de retenção a favor do devedor.
Pergunta-se: j,pode o síndico, com a autorização do juiz, remir bens hipotecados? A
despeito de a lei somente se referir
a remição dos bens hipotecados é permitida nos mesmos casos em que teria tal
faculdade o devedor, se não estivesse falido (e. g., Código Civil, arta. 814 e 815). Pode
haver interesse da massa em que se faça a remição.
17.(XVI) DEVER DE PROPOR AÇÕES. Estabelece o Decreto lei n. 7.661, art. 63,
XVI, que é função e dever do síndico “representar a massa em juízo, como autora,
mesmo em processos penais, como ré ou como assistente, contratando, se necessário,
advogado cujos honorários serão previamente ajustados e submetidos à aprovação do
juiz”. A expressão “representar a massa” é imprópria. O síndico é parte de oficio. Não
representa a massa, porque a massa não é pessoa jurídica, nem aglomerado de pessoas
CAPITULO VIII
Ministério Público, nem os credores. Todavia, é conveniente que o juiz ordene que
sejam ouvidos.
o <fies ad quem.
Quais as normas pelas quais se na que guiar o ~nIuwu, no tocante à realização do
ativo, depende da incidência dos arts. 116-120, ou dos arte. 122 e 123 do Decreto-lei n.
7.661 (regras jurídicas ou deliberações dos credores).
Lê-se no art. 64 do Decreto-lei n. 7.661: “Iniciada a liquidação (art. 114 e seu
parágrafo único), o síndico fica investido de plenos poderes para todos os atos e
operações necessários à realização do ativo e ao pagamento do passivo da falência,
conforme o disposto no título VIII”. Se não há lei que exija homologação, permissão,
dita licença, ou aprovação pelo juiz, ou regra jurídica especial, é livre a atividade do
síndico. O alcance do. art. 64 é esse. Por exemplo: não pode o síndico transigir sobre
dividas e negócios da massa sem permissão do juiz (ad. 63, XVIII); nem fazer
abatimentos em créditos, mesmo se de difícil liquidação (ad. 121), nem vender fora de
tempo, por serem de fácil deterioração, ou de guarda dispendiosa, os bens (art. 63,
XIII), pois a decisão compete ao juiz.
valores da massa”, e não sobre o que se previu em avaliação. 0-se no art. 67, § 1.0, do
Decreto-lei n. 7.661: “A remuneração é calculada sobre o produto dos bens ou vaiares
da massa, rendidos ou liquidados pelo síndico. Em relação aos bens que constituírem
objeto de garantia real, o síndico perceberá comisao igual à que, em conformidade
com a lei, for devida ao depositário nas execuções judiciais”.
No art. 69, § 2.0, diz-se que “o escrivão fará publicar aviso de que as contas se acham
em cartório, durante dez dias, à disposição do falido e dos interessados, que poderão
impugná-las”.
As contas têm de ser feitas em forma mercantil (Código de Processo Civil, art. 309).
As pequenas despesas, de que de prova, têm de ser explicadas, para que se computem.
8. RECURSO. Da sentença cabe agravo de petição (Decreto lei n. 7.661, ad. 69, §
4.0). Se o síndico teria de restituir determinada importância à massa, ou de satisfazer
qualquer exigência, deve o juiz julgar não prestadas devidamente as contas; ou julgá-
las prestadas o que é menos recomendável com a ressalva da restituição, dentro do
prazo, para assa, de quarenta e oito horas <com isso em verdade se julga
prestadas). A terceira solução, que seria a de se subordinar o julgamento das contas à
restituição prévia, teria grandes inconvenientes teóricos e práticos; e um deles,
ocorrido na Justiça de São Paulo, é o de se ter de decidir sobre qual o recurso então
inter disponível . O juiz condicionou o julga.mento à restituição (devia, legalmente, de
ofício, ou a requerimento, se o houve, mandar depositar, conforme o ad. 63, IV, do
Decreto-lei n. 7.661, a quantia devida, e, findo o prazo, processar a destituição,
segundo o art. 66 e §§ 1.0 e 29) o síndico agravou de petição; a 6~a Câmara Civil do
Tribunal de Justiça de São Paulo, a 25 de fevereiro de 1949, entendeu que “cabe
agravo de petição não só da decisão que julga as contas do síndico como também da
que deixa de manifestar-se sobre elas, condicionando o julgamento à restituição pelo
síndico de determinada importância à massa”; em voto vencido, um dos
desembargadores, não conheceu do agravo de petição, “por se não terem julgado
contas” (R. dos 2’., 179, 874).
de cinco dias e das conseqüências penais administrativas. Lê-se no ad. 69, § 79: “Se o
síndico não prestar contas dentro de dez dias após a sua destituição ou substituição, ou
após a homologação da concordata, e de trinta dias após o término da liquidação, o
juiz, a requerimento de qualquer interessado, determinará a sua intimação pessoal para
que as preste no prazo de cinco dias; decorrido o prazo sem serem prestadas, o juiz
expedirá contra o revel mandado de prisão até sessenta dias, ordenando que o seu
substituto organize as contas, tendo em vista o que aquele recebeu e o que,
devidamente autorizado, despendeu”. Tudo se há de passar do mesmo modo se o
síndico deixar as funções interdição, ou de morte, não há a cominação de prisão ao
dor, ou aos herdeiros; há a cominação de serem prestadas contas pelo novo síndico, se
o curador ou os herdeiros não as farem. Se a herança é arrecadada, por falta de
herdeiros, a o curador.
Se o síndico já nenhuma outra função tem, e é destituído, outra razão deixa de o ser
sem prestar contas, ainda ai o juiz de nomear substituto, ad hor, para que apresente
contas.
O art. 308, § 2.0, do Código de Processo Civil é aplicável. pessoa que foi síndico tem
de ser ouvida.
desde a penhora arbitrária do direito longo barbado; essa, desde a época carolíngia <H.
RUDoRFP, Zur Rechtsstellung des Gáste, 41). Mas há quem ache inconcebível que
existisse o arresto desde o século XI (HIANS PLANrEZ, liXe
Verm4gew~svoUstrecku1W, 1, 159, 164): havia na penhora, certamente, algumas
limitações, mas continuava com os traços da própria origem, que era o penhor extra
judicial. Permanecia imanente a idéia de penhora, requerida ou arbitrária. Firo tendeu
Tu. MUTUEIt (Se questration uná Arrest, 304 e 344, nota) que já existia arresto no
direito romano e apontou certa passagem do Codes Theodosianus e outra do Digesto
(L. 10, § 16, D., quae ia fraudem creditorurn facta sunt, tU restitui.»tur, 42, 8). E nisso
convinha W. ENDEMANN (Das deutsche Zivilprozessrecht, 1, 492). Lá está como se
tirássemos em sigo dinheiro, e eu o prendo e dele tomo o que me era cio, diz
JULIANO que é assaz interessante saber-se se isso antes ou depois de haver missao
in possessaonen dos três . Há, aí imanente, digamos o arresto; porém arresto
institucional. Com o expediente de cata de frases, traríamos nos textos romanos tudo
que desejássemos. Entre o seqüestro e o arresto existem elementos comuns nentos
diferenciais. Confundi-los seria pernicioso teórica e unicamente, pois não coincidem
os requisitos de aplicação, as conseqüências de um e de outro.
São elementos comuns ao arresto e ao seqüestro :
O intuito de segurança econômica , quando qualquer (dos previstos na lei) permite
crer-se na ofensa a direitos.
O caráter de medida preventiva, como a detenção ‘aí, os protestos, a caução, a venda
judicial de objetos judiciais que tenham sido embargados, depositados ou penhorados,
se de fácil deterioração, etc. Um desvia o perigo do aparecimento da coisa, é o
seqüestro ; outro consiste em rogo ou impedimento, até que o devedor solva a dívida.
Supõe a questão sobre a coisa (direito real, posse); outro,ligação. 3~ elementos
diferenciais: t)Posto que preventivos e de segurança os dois remédios do seqüestro e
o do arresto, o primeiro tem por observar determinada coisa, ao passo que o segundo
como que é suficiente para cumprimento do que é devido. Termos mais precisos,
embora de linguagem mais técnica, prevenção, no que concerne ao objeto (seqüestro
>, ou no respeito à utilidade final da relação de direito (arresto).
)O seqüestro supõe a litigiosidade da coisa ou, por s expressões, a incerteza subjetiva
em relação a ela; arresto não implica qualquer laço entre o objeto da causa vai ou se irá
decidir, e os bens, que se arrestam: não há certeza, mas certeza de quem é o dono
deles. Ali, depositados os bens porque há dúvida quanto ao termo da relação isto), a
que se prende a coisa; aqui, é da inexistência de divida que se parte para a concessão
do arresto. Bens que o sabe a quem pertencem, ou quem os possui, podem
mente o serem arrestados.
No seqüestro, tem-se por fito a incolumidade da coisa, até que se decida a causa
principal, para que não sejam prejudicados os direitos dos interessados. No arresto,
não se determinam os bens; são quaisquer, e onde se encontrem, para que se não
subtraia à futura prestação o patrimônio necessário à solução da divida. Daí dizer
SÂMUEL STRYK que o seqüestro fit custodiae causas; o arresto, vero imponitur, ut
arrestatus debitum solvat. No seqüestro , tira-se dos litigantes, e entrega-se a terceiro,
que serve de depositário, a coisa que se seqüestrou . No arresto, proíbe-se ao possuidor
que lhe altere o estado, o lugar, ou a dependência jurídica.
Excepcionalmente, se o caso não é de alcance, mas de verificação de que o síndico
subtraiu à massa algum bem, é que se pode pensar em seqüestro .
isto (ou seqüestro ) em penhora; feita a penhora, a medida cautelar fica sem objeto (cf.
Comentários ao Código de Processo Civil, IX, 2.~ ed., 292 5.)
CAPITULO III
avaliados, e não se alienam separadamente, se, com a venda em globo, o seu valor
cresce.
Estatui o ad. 70, § 6.0, do Decreto-lei n. 7.661: “Serão tidos no inventário: 1, os livros
obrigatórios e os auxilia‘u facultativos do falido, designando-se o estado em que se iii,
número e denominação de cada um, páginas escritura data do início da escrituração e
do último lançamento, e se livros obrigatórios estão revestidos das formalidades
legais; dinheiro, papéis, documentos e demais bens do falido; III, os do falido em
poder de terceiro, a titulo de guarda, depósito penhor ou retenção; IV, os bens
indicados como propriedade terceiros ou reclamados por estes , mencionando-se esta
instância”. o § 78 acrescenta: “Os bens referidos no Pará anterior serão individuados
quanto possível. Em relação móveis, o síndico, no prazo de quinze dias após a sua
arrematação, exibirá as certidões do registro de imóveis, extraídas anteriormente à
declaração da falência, com todas as indicações -que nele constarem”.
Se o objeto arrecadado é coisa fungível, têm de ser mencionados as qualidades e todos
os outros elementos que possam ir na determinação do preço.
Os bens imóveis são caracterizados como se exige para nato de imóveis, e as certidões
do registro de imóveis, que n extraídas posteriormente, hão de ser apresentadas ao para
que fique certificado, nos autos da falência, que tempestivamente cumpriu o síndico o
seu dever (ad. 70, § 7.0). Se há bens sob a guarda, depósito, penhor ou retenção
outrem, o síndico somente lhes pode tomar a posse mediata. caso de guarda, ou de
depósito, que não obstaria ao falido nada da posse imediata, ao síndico incumbe tomá-
la, ou se estatui no ad. 72.
Se o falido era possuidor não próprio do bem, ou se apenas era tenedor, não se exime o
síndico do dever de arrecadação. Deve, a respeito, fazer menção da situação que era a
do falido. No caso de posse imprópria do falido, o síndico a assume, imediatizada a
posse do falido. Se o falido somente era tenedor, a posse pelo síndico extingue a
sentença. Síndico não assume sentença, assume posse.
pelo síndico são à semelhança dos bens penhorados. Também a respeito dos bens
arrecadados se dá a sub-rogação real, de que fala o art. 705 do Código de Processo
Civil.
Se não há risco de deterioração, nem a espera da fase da liquidação custaria caro à
massa, não há deferir-se o pedido de venda com fundamento no art. 73 (Conselho de
Justiça do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, 7 de maio de 1941 e 4 de abril de
1.945, A. J., 58, 313, e 74, 314).
A lei não previu a necessidade de se vender imediatamente o bem, por estar gravado
de direito real de garantia e não convir à massa que corram juros (Decreto-lei n. 7.661,
art. 26, parágrafo único). O juiz pode deferir a venda imediata, observado o direito
civil.
“O produto da venda será, pelo leiloeiro, recolhido ao estabelecimento designado para
receber o dinheiro da massa (art. 209>, juntando-se aos autos a nota do leilão e a
segunda via do recibo do Banco” (Decreto-lei n. 7.661, art. 73, § 2.~ 2p. art. 117, §
1.0).
Á diferença do que se passa a propósito das vendas normais (art. 117, § 1.0), o
leiloeiro, no caso do art. 73, §§ 1.0 e 2.~, não é pessoa escolhida pelo síndico: nomeia-
o o juiz. Nenhuma responsabilidade por culpa in eligendo tem o síndico, nem, com
maioria de razão, se pode invocar o art. 72. No momento ?m que se entrega ao
leiloeiro o bem, possuidor imediato é ele, não o síndico. Se a venda é de bem de que o
síndico somente ;em a posse mediata, tal posse se transfere ao leiloeiro. No momento
em que o leiloeiro faz a tradição da posse do bem, com transferência do direito, e o
dinheiro, que recebe como preço, é sub-rogado real do bem vendido, de modo que
depositário é o leiloeiro, e não o sindico (cf. Seção Criminal do Tribunal de Justiça de
São Paulo, 1.0 de setembro de 1948, ?. dos T., 176, 463: “Se o leiloeiro não efetuou o
recolhimento o Banco do Brasil do produto da venda dos bens da massa,
sua priMo justifica-se em face da lei. Não, porém, a do síndico, que não teve em seu
poder qualquer quantia”).
Aqui convêm que acentuemos ponto de direito, referente á posse.
Ex hypothesi, o síndico somente é possuidor mediato e o juiz nomeou o leiloeiro, que
inicia a sua função. A tomada da posse mediata, pelo leiloeiro, é mediante qualquer ato
do síndico, sem que o direito brasileiro exija o elemento do a.nimia ou do carpia, o
que simplifica, profundamente, a solução do problema.
Passando ao leiloeiro a posse mediata, ~ qual a posição do síndico, após isso,
possessoriamente? A resposta tem de atender a que o juiz continua possuidor mediato,
acima do leiloeiro, porém a que também o síndico não perdeu a posição possessória:
apenas a sua posse mediata passou a ser entre a do juiz e a do leiloeiro. Se alguma
turbação ou esbulho ocorre, são legitimados material e processualmente à tutela da
posse o síndico e o leiloeiro.
CAPITULO IV
síndico, que figure o bem arrecadado nenhum direito, mesmo de posse, tem o falido,
não pode o síndico deixar de arrecadá-lo. A restituição ou a entrega somente pode ser
após decisão do juízo da falência, com observância dos arts. 76-78 e 79. t de notar-se,
portanto, a diferença de poder que têm os oficiais de justiça, no plano da verificação
jurídica, e o síndico. A ratio legis está em que, com essa ligação estreita entre a
extensão da arrecadação e a aparência táctica, se evita que entrem em conluio falido e
síndico.
O Decreto-lei n. 7.661 tem, em relação ao direito anterior, a vantagem de ter afastado a
expressão “reclamação reivindicatória”, em cujo conceito extrapolado se
encambulhavam ações dedicatória de direito real e de posse e ações oriundas de
direito pessoal à restituição. A qualificação “reivindicará.. ria”, para a ação ou a
reclamação, ou “reivindicatório”, para os titulares de direito que não é o de domínio,
provinha do direito francês e já afeava o Código Comercial brasileiro de 1850, arts.
878 e 874, que falava de “credores de domínio” (cf. Reg. n. 787, de 25 de novembro
de 1850, arts. 619, § 19, e 620; TRAJANO DE MIRANDA, Consolidação das Leis
Civis, p. CXVI). Ganha a doutrina jurídica em só empregar, nas exposições, termos
adequados e precisos.
No Decreto-lei n. 7.661, empregou-se a expressão “restituição” e falou-se, em seguida,
de embargos de terceiro, ação que se pode referir a direito ou a posse. O art. 76, § 2.0,
misturou, numa só proposição, duas regras jurídicas: a) uma, que poderia ser
enunciada> por ser de direito material, como se lá estivesse escrito: “A propriedade
das coisas vendidas a crédito e entregues ao falido nos quinze dias anteriores ao
pedido de decretação da falência, se ainda não foram alienadas pela massa, tem-se
como não transferida”, o que seria algo de semelhante a qualquer das regras jurídicas
do art. 52, III, VII e VIII, pertinentes à ineficácia relativa de alguns negócios jurídicos;
b) outra, que permite o pedido de “restituição” nesses casos de alienação, a crédito,
nos quinze dias anteriores à decretação da falência.
Na expressão “restituição”, com o sentido que se lhe deu nos arts. 76-78, estão
conceitos que também se aglomeram em tOmo não suficientemente preciso: a) a
entrega, de volta, do bem que poderia ser objeto de pretensões reivindicatórias (ação
de reivindicação); b) a entrega de bem que está sujeito a direito real limitado que
atribui ao titulo uso e fruto, ou só uso, ou só fruição do bem (ações vindicatórias de
direito real); e) a entrega de bem de que o falido já não tem direito à posse (ações de
restituição ou vindicativas da posse) ; d) a entrega do bem de que o falido somente
havia a sentença. A respeito, cumpre notar-se que os críticos do direito anterior
também incorrem em erro, por meterem sob a expressão “restituição” credores por
exemplo de coisa certa, em casos em que não se pode pensar> de modo nenhum, em
restituição. Sobre o dever de restituição, com as devidas precisões, Tomo XXII, §§
2.727-2.780.
Se quem arrecadou, como bem da massa, não foi o síndico, ou se nenhum inventário
foi feito e junto aos autos da falência, não houve arrecadação, e ainda podem ser
exercidas as ações próprias, sem ser incidentemente.
Se houve arrematação, mas é nula (e. g., se a fez o síndico), sem que a assistisse o
órgão do Ministério Público, as ações a serem empregadas são as dos arte. 76-78 e 79,
portanto incidentemente.
É preciso que não se confunda a falta de arrecadação com a falta de arrecadação do
bem em natura. Se houve inversão ilegítima do valor do bem no patrimônio do falido,
sem que se pudesse coordenar com a vontade do dono ou possuidor, qualquer bem que
se arrecade do patrimônio do falido contêm esse valor. Dai o perigo de se afirmar, a
priori, que, não tendo sido arrecadada a coisa, não há pensar-se em ação de restituição,
ou em embargos de terceiro. Arrecadado pode ter sido o valor.
Não só. Devido ao penhoramento abstrato, que resulta da decretação de abertura da
falência, pode o juízo da falência entender que algum bem foi atingi do, embora não-
arrecadado. Se algum ato do juiz é praticado nesse sentido, ou se fora do juízo algum
ato estatal é praticado nesse sentido, a esfera jurídica de alguém pode ter sido atingida,
CAPITULO VIII
salvo fez apecialis como a propósito de títulos incorporantes (e. g., conhecimentos de
depósito e warrants, nos casos do art. 12 e 5 1.0, 1.8 regra, da Lei n. 1.102, de 21 de
novembro de 1903).
A posse do bem, ou a sentença, há de tê-la, no momento, o falido. Se o falido
transferiu a propriedade a terceiro, como se o terceiro obteve a transcrição do titulo, ou
se transferiu toda a posse, sem se tomar, portanto, sequer, possuidor mediato, ou sem
continuar com a posse imediata, ou adquiri-la pelo constituto possessório, a a~o de
reivindicação em falência se faz ação de restituIção stricto seneu. Há, apenas, o direito
à indenização, mas integral. E. g., o falido alienara o bem de que era depositário (cf. 5.
SAnA, Istituzioni di Diritto failimentare, 243). Se não houve transferência, ou
constituição de direito a favor de terceiro> o síndico tem o dever de recuperar o bem e
de restitui-lo.
Na comissão, o comitente pode reivindicar ou pedir a restituição (o que é o quod
plerum que fit) do que haja entregue ao comissário, sem se confundir no patrimônio
do falido, ou o que o comissário tenha adquirido em nome próprio, mas por conta do
comitente. Se a transferência da propriedade sobre ana a ter-se feito o registro.
Se o falido deu algo em penhor ou caução, e não é caso a ineficácia relativa (Decreto-
lei n. 7.661, art. 52, III e VII), decretação da falência não atinge o direito real de
garantia. proprietário, quem quer que seja, inclusive, no momento, h’ypothesi, o falido,
tem de solver a dívida. Se o bem é de outrem, ao terceiro, proprietário> é que incumbe
livrar o bem, cabendo-lhe declarar o seu crédito quirografário pelo que foi mister à
remição, ou à solução da divida> ou pelo que terá de r prestado por ele, ao vencer-se a
dívida (cf. U. NAVARRINI, tituzioni di Diritto failimentare, 104).
Se o credor pignoratício alienou o bem e <excepcionalmente> no direito brasileiro,
devido ao art. 622 do Código Civil) terceiro o adquiriu, ou se o alienou com
fundamento nos ts. 774, III, e 802, IV, 3.~ parte, do Código Civil, tem de estar à massa
o eventual excedente. Se o proprietário era outrem, o excedente eventual é prestado a
esse, cabendo-lhe, rida, o crédito, que tem de declarar, pelo que foi de mister solução
da dívida (r o preço recebido pelo credor pignoralo menos o que recebeu o
proprietário). Sem razão> G. DE ~MO (Diritto fafli’mentare, 864) e RENzo
PROVINCL4LT (Ma.. ~ale di Dirjito fallimentare, 463).
(b) O que se acha em poder do falido, a titulo de comodato, depósito, mandato,
comissão> ou outro negócio jurídico, tem de ser restituído> pois nenhuma posse se
retira, justamente, ao dono, para que se possa pensar em reivindicacao . Se o possuidor
contraente quer mostrar a natureza da esse que lhe compete, então é de reivindicação
que se trata. Da via, em direito falencial, pela generalidade da regra juri~a do art. 76
do Decreto-lei n. 7.661, é de pouca importância Justinção e não pode o juiz apegar-se
ao nomen zuna.
A relação entre o que responde na ação de reivindicação reivindicante não é de
responsabilidade pessoal; nem é de responsabilidade pessoal a ação do dono da coisa
depositada, emprestada, ou por outro modo entregue a outrem> sem transferência, se
não há mais relação jurídica obrigacional, que simplifique a não-entrega.
O direito brasileiro prevê não mais existir no poder do ido o bem, nem o que o sub-
rogou, e estabelece a restituição o que Já foi distribuído aos credores (Decreto-lei n.
7.661, art. 78> § 2.0). (É preciso precaução contra expressões e proposições de juristas
que destoam de sistemática científica do direito. Não se pode dizer, como A.
BRUNETrI, Lezioni di Dirilto concursuale, 176, que quem reivindica contra o falido
exige satisfação a crédito de restituição, “chi rivendica una cosa mobile posseduta daí
faílito fa valere un credito di restituzione”. A confusão, entre a pretensão
reivindicatória e a pretensão restituiria, pessoal, é evidente.)
XXVI, § 3.148, 4; IV, § 424> 14; VIII> §§ 856, 4, 931, 2; X, §§ 1.064, 3, e 1.183, 2;
XI, §§ 1.164, 4, e 1.245, 6; XII, § 1.298, 1). Sempre que caberia a ação de
reivindicação, cabe a ação do art. 76-78> ou a do art. 79, que são aí aç5es
reivindicatórias incidentais.
O direito brasileiro tem a vindicatio patrimonii (por exemplo, a reivindicação de que
se fala no art. 1.580 do Código Civil, parágrafo único, a reivindicação dos bens da
sociedade não personificada, a reivindicação do patrimônio alienado a adquirente de
má fé). É preciso, em sistema jurídico que tem a universitas juris como objeto de
direito, inclusive de usufruto, não se apegar o jurista a concepções de sistemas
jurídicos inferiores (cf. Tomos V. §§ 595-602; XIV, §§ 1.578, 7, e 1.575, 1; XV, §
1.798; XVII, § 2.135; XIX, §§ 2.253, 3, 2.305> 2.306, 2.360, 2.862> 2, 2.398, 2; XX,
§ 2.439, 6; XXII, § 2.722> 2; XXIII, §§ 2.863, 2.864 e 2.868).
O argumento da L. 56> O., de rei vindicatione, 6, 1, que se invocava no direito
anterior (LAFAIETE RODRIGUES PEREIRA, Direito das Coisas, 1, 220)> está
superado. No art. 57 do Código Civil diz-se que “o patrimônio e a herança constituem
coisas universais ou universalidades e> con4o tais, subsistem, embora não constem de
objetos materiais”, O passo à frente, que se deu com o art. 57 do Código Civil, é
inegável; e afirmação do eculii recepta est, sed res singulas is, cui legatum peculium
petet”) chocar-se-ia com a lei brasileira.
Outro erro que se precisa profligar é o que consiste em afirmar que somente se
reivindicam bens corpóreos (e. g., CELIO DE SÃ PEREIRA, Manual, VIII, 11 s.;
TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE, Comentários à. Lei de Falências, 1, 455, a
12). Os bens incorpóreos, suscetíveis de propriedade, são vindicáveis. Há a
reivindicação do bem intelectual e a do i industrial (Tomos XVI, §§ 1.885, 1.900-
1.904, 1.911, VII, §§ 2.018, 4, 2.125, 2.126 e 2.131), incorpóreos.
(b) Desde que o ato de arrecadação implica negação de credito real de outrem, tem o
ofendido a ação dos arts. 76-78 a do ad. 79. Quem toma posse do bem que está
gravado de fruto, uso ou habitação, como se gravado não estivesse, Ia o direito do
usufrutuário, do usuário ou do habitador. e também incorre em incursão ilícita na
esfera jurídica outrem quem toma a posse do falido e nega a posse adiada de outrem,
ou o direito real de outrem, embora não trate de direito com posse do bem.
Sobre vindicatio usufructus, Tomos XIV, § 1.584, 1, e XIX, 2.251, 3, 2.257, 7, e
2.259> 1. Sobre vindicatio servitutis, nos XVIII, § 2.190, 5, e XIX, § 2.557, 7. Sobre
vindicatio tis, Tomos X, § 1.189, 6, XII, § 1.289, 2, e XIV, § 1.573, 1, 7.
aquele ou esse direito real, a ato de restituição tem-na o dono do bem ou o enfiteuta.
O credor anticrético tem direito de posse do imóvel até ser pago do crédito <Código
Civil, arE 806). A despeito de a lei falar de “direito de retenção’>, não é de direito de
retenção que se trata (Tomos XXI, §§ 2.622, 3, e 2.626, 2, e XXII, §§ 2.734, 8, e
2.738> 2>.
Passa-se o mesmo a respeito do penhor.
Se o credor alienara o bem, o seu crédito é concorrente, quirografário.
(c) Sempre que caberia, contra o falido> ação possessória e o ato é praticado pelo
síndico, ao arrecadar, cabe a ação dos arts. 76-78 ou a do art. 79.
(d) Sempre que caberia a ação de vindicação da posse, há a ação dos arta. 76-78 ou a
do ad. 79, ambas aí vindicatórias da posse (Tomo XIV, § 1.571>.
falido, ou concordatário, não se pode dizer, como fez a 8.’ Câmara Cível do Tribunal
de Justiça do Distrito Federal, a 27 de abril de 1948 (Á. .1., 87, 341), que sempre se há
de exigir ser dentro do prazo dos quinze dias a chegada ao destinatário, e não o ter sido
embarcada; porque o que importa é saber-se qual o momento em. que se transferiu a
posse, e não o em que chegou a mercadoria Por outro lado, a cláusula cif põe os riscos
a cargo do adquirente (Tribunal de Justiça de São Paulo, a 20 de setembro de 1918, R.
dos T., 27, 315; Tomo XV, § 1.818, 1); porém a cláusula cif, como a cláusula fob, não
basta para determinar o lugar da prestação (Tomo XXIII, § 2.770, 1). No mesmo
sentido, a 4? Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a 9 de abril de
1948 (Á. J., 87, 191) ; sem razão, a 1? Câmara Cível do Tribunal de Justiça de
Pernambuco, a 8 de abril de 1948 (A. 9., 23, 194) e a 4.’ Câmara Civil do Tribunal de
Justiça de São Paulo, a 2 de junho de 1952 (R. dos T., 204, 328).
A alienação pela massa permite que se peça a restituição, se a espécie cabe no art. 76,
§ 1.0, do Decreto-lei n. 7.661; aliter, se trata de restituição excepcional segundo o art.
76, § 2.0. A alienação antes da abertura da falência não obsta a que se peça a
restituição com base no desde que as partes acordarem no objeto e no preço”. O
Código Comercial, arte. 191 e 197 dizem o mesmo.
Se, ao tempo em que o vendedor tem de entregar a bem vendido, o outro contraente,
que deve o preço, não o quer prestar simultaneamente, o vendedor pode reter a coisa
vendida (exceção non adirntpleti contractus, Código Civil, ad. 1.092, 1.8 alínea). Se
sobrevém falência, incide o ad. 1.092, 2.’ alínea, ou o art. 1.181 do Código Civil, ou o
ad. 198 do Código Comercial. Não se trata de exercício de direito de retenção, Erro em
que incidiu J. XX CARVALHO DE MENDONÇA (Tratado de Direito Comercial,
VIII, 295 e.). Trata-se da exceção de inseguridade (cf. Tomo XVI, §§ 8.128, 1, 7, 8, 3.
129 e 3.131, 8; sobre não haver direito de retenção. Tomo XXII, § 2.738, 16).
Se houve a tradição pelo constituto possessórios não há mais pensar-Se em contrato a
ser cumprido. O bem esta nas mãos do que vendera, mas é de quem comprara e obteve
adimplemento. Não há qualquer contrato de compra e venda; houve-o, cumpriu-se. Se
houve a tradição, com ou sem o constituto possessório, e o vendedor transmitente
ainda não recebeu o preço, há, ainda, contrato de compra~e venda, já cumprido por um
dos figurantes. Uma vez que o vendedor tem a coisa em virtude de outra divida
(crédito do falido), pode exercer o direito de retenção, pois que o tem: habilita-se com
o seu crédito e alega o direito de retenção para não entregar o bem que com ele está,
como devedor em outra relação jurídica.
Se a compra e venda não foi a crédito e o comprador recebeu a coisa sem ter pago o
preço, prestou-a o vendedor porque quis e nenhuma exceção lhe resta. Não há par
onde se cogitar de pretensão à restituição, porque não se pode invocar o próprio ad. 76,
§ 2.0, do Decreto-lei n. 7.661 só referente às compras-e-vendas a crédito.
Se no dia da decretação da falência do vendedor, já se operara a tradição, pelo
constituto possessório, o bem, que se acha na massa falencial, é de outrem. O
comprador tem a pretensão à restituição, ainda que a compra e venda baia sido a
crédito, ou à vista com infração do comprador quanto ao pagamento ~do preço. Não
basta ter o vendedor posto à disposição do comprador o bem; é preciso que tenha
havido a tradição. Se foi o comprador que pagou o preço, sem ter
recebido sobem (= sem ter navio quirografário, mas pode o síndico, segundo o
principio do art. 43 do Decreto-lei n. 7.661, preferir prestar o bem vendido.
Um alguma diferença entre o Código Civil, art. 1.12’?, em que se diz que até o
momento da tradição os riscos correm por conta de quem há de prestar, e o Código
Comercial, ad. 206, que fala do momento em que o vendedor Poe à disposição do
comprador a coisa vendida? Não; porque o art. 1.127, § 2.0, do Código Civil prevê a
mora em receber se posto à disposição do outorgado o bem. Evite-Se interpretação
que quebre a unidade do sistema jurídico.
substituir o falido. Pode ele, ou o mandante, exigir a restituição do que a esse pertence.
Todavia, se o falido tinha direito de retenção sobre o objeto sobre que versa o
mandato, esse direito é arrecadado, como acessório do crédito de reembolso .
Quanto ao mandato mercantil, a falência o extingue.
O mandante é que pode pedir a restituição do que estava com o falido, ou o que ao
bem em poder do falido foi sub rogado.
Se houve despesas que dêem a exceção do direito de retenção, exerce-a o síndico.
Lê-se no ad. 152 do Código Comercial: “Se o mandatário, tendo fundos ou crédito
aberto do comitente, comprar, em nome dele mandatário, algum objeto que devera
comprar para o comi-tente por ter sido individualmente designado no mandato, terá
este ação para o abrigar à entrega da coisa comprada”. Os fundos não passaram ao
patrimônio do mandatário, como os interesses do bem do menor não entram para o
patrimonio do tutor. Se o mandatário, em vez de adquirir para o mandante, adquiriu
para si o bem “individualmente designado no mandato”, a lei estabelece a sub-rogação
real. Reconhecer-se que o mandatário se fez dono é admitir-se a eficácia jurídica do
furto. Se o mandatário não tinha fundos do mandante, o mandante somente pode
pretender a restituição, com o pagamento do preço.
Se o mandante impôs à disposição do mandatário o dinheiro com que haveria de
adquirir bem “individualmente designado”, o dinheiro do mandante não entrou no
patrimônio do mandatário e pode ser pedida a restituição (3. X. CARVALHO DE
MENDONÇA, Tratado de Direito Comercial, VIII, 278; sem razão, OTÁVIO
MANNS, Falências e Concordatas, 296 a.; e TRAJANO DE MIRANDA
VALVERDE, Comentários a Lei de Falências, 1, 468). A questão da prova da remessa
é outra questão. No direito brasileiro, onde há o art. 152 do Código Comercial, que
estabelece a a#o de restituição para o próprio bem que o mandatário comprou em
nome próprio, em vez de comprar em nome do mandante, não se justificaria que não a
tivesse para haver os “fundos ou crédito aberto do comitente”. No direito alemão, o §
892 do Código Comercial só se refere ao contrato de comissão, mas o argumento não
pode ser atendido no direito brasileiro.
Se alguém~ Inclusive um banco, emite cheque contra outro banco, e ao emitente se
abre falência, sem ser caso de invocação do art. 52 do Decreto-lei n. 7.661, o banco
sacado a que se apresenta o cheque . tem de pagá-lo se ao tempo da apresentação há
fundos, O cheque não pode ser tratado como a letra de câmbio ou a nota promissória,
mas a apresentação é que Importa (sem arado, o Tribunal de Justiça de São Paulo, a
1.0 de junho de 1914, .8. dos T., X, 107). Cf. Tribunal de Justiça de São Paulo, 13 de
junho de 1914 (X, 211 s.) e 6 de dezembro de 1915 (17, 20 a.). A 11 de junho de 1914,
o Tribunal de Justiça de são Paulo (X, 151 s.) deferiu o pedido de restituição por haver
na conta do banco determinação do destino de certa quanta para certo fim. O mesmo
raciocínao, e a fortiori, cabe para os cheques visados. Mas é preciso saber-se se houve
destinação que Importe depósito ou mandato, e não conta corrente. No caso de visto,
sim: a data. do visto é- que importa; e a arrecadação não deve apanhar essa quantia.
Os arta. 76-78 do Decreto-lei n. 7.661 de modo nenhum se referem às obrigações de
dar coisa certa, confusão em que. Incorreu TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE
(Comentários a Lei de Falências, 1, 497), mas sim apenas às obrigações de restituição
do alheio. Por isso mesmo, é erro, a propósito do art. 78 do Decreto-lei n. 7.661,
lembrarem-se os arts. 868-868 do Código Civil; somente são invocáveis os arts. 870-
878.
10.FALÊNCIA, NEGÓCIOS JURÍDICOS FIDUCIÁRIOS E outros negócios
jurídicos fiduciários Nos negócios jurídicos fiduciários, o que importa em matéria
de concurso de credores civil, de falência, ou de liquidantes coativas é se há eficácia
erga omites da fidúcia. A discussão que se feriu na doutrina estrangeira e na brasileira
tomou caminhos divergentes, mas errados. Se há eficácia erga omites, os credores
nada podem alegar contra a sucessão estabelecida para a aquisição de direitos (pelo
fiduciário e, depois, pelo fiduciante ou outro beneficiado). A eficácia contra terceiros
depende da espécie de bem que se transfere; não há solução única.
CAPITULO VIII
A ação de despejo somente pode ser proposta contra o síndico nos casos em que
poderia ser proposta contra o falido. Isso não obsta a que, advindo a falência, sem se
ter pronunciado o síndico a respeito da resolução do contrato de locação, possa o
locador interpelá-lo. Nem a que, mesmo se já lhe assiste a ação de despejo, peça a
restituição do bem locado. Quem pode o mais pode o menos.
A ação de despejo e a de restituição somente se podem propor no juízo da falência.
O comodante pode pedir o bem comodado, conforme o art. 1.250 do Código Civil, O
aluguer, de que fala o art. 1.252, corre durante o processo da falência. O pedido do
comodante, quanto ao bem, processa-se como de restituição (Decreto-lei n. 7.661, arts.
76-78); o de alugueres, coúxo de admissão ao concurso de credores.
Se o bem móvel locado, ou comodado, já não existe, ou existe com deteriorações ou
danos, o crédito do comodante é concorrente.
Ai, a ação que tem o transferente é a ação de dono, ou de possuidor mediato, a quem
há de ser restituída a posse imediata. Não há a simples obrigação de prestar. O Código
Civil, ad. 1.192, IV, por exemplo, fala de ser o locatário obrigado “a restituir a coisa,
finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso
regular”. Cf. Tomo XXII, §§ 2.727-2.730.
A restituição é, aí, conseqüente à extinção da eficácia do negócio jurídico entre quem
transferiu a posse e quem a recebeu.
Se no instrumento de mandato se diz que o mandante irá remetendo ao mandatário as
parcelas do que for preciso para operações, obrigando-se o mandatário a creditá-las na
conta corrente bancária do mandante, há transferência da propriedade do dinheiro.
Bem assim, se o mandante permitiu que da sua conta corrente bancária fosse o
mandatário retirando o que necessitasse para a execução do mandato.
Toda ordem de pagamento pré-exclui que possa haver inclusão do dinheiro remetido
no patrimônio do banco. Se o falido tinha de entregar a terceiro o dinheiro, não se
pode, a priori, afirmar a inadmissibilidade da ação de restituição falencial.
adquire. Em verdade, não transfere. ele apenas a posse própria mediata; transferiu toda
a posse, tatant4neamente, como depositário, recebeu o com que ficou nesse
(imprópria) imediata. Cf. Tomo X, §§ 1.091, 1.097, e 1.107. depositários das
contribuições que os empregados têm de pagar.
O empregado paga, porque o empregador descontou ( ao entregar s e, o empregador
paga s e faz-se depositário de e).
O empregador faz-se depositário, pois continua com a posse imediata, mas a posse
(própria) mediata está com o instituto.
b)Se o empregador teria de prestar a contribuição, e não no fez, é devedor
inadimplente. A ação do instituto contra ele é pessoal. Dai ter-se, de iure condendo, de
fortalecer a situação do instituto, em caso de insolvência do empregador. A solução,
deu-a o art. 102, § 39, II, do Decreto-lei n. 7.661, onde se diz que “têm privilégio
geral” note-se bem “privilégio” “os créditos dos Institutos ou Caixas de
Aposentadoria e Pensões, pelas contribuições que o falido dever”.
c)Se o empregador está em mora com o pagamento dos salários dos empregados,
mesmo se está feito o expediente para os pagamentos, não se pode pensar em já ser
depositário das contribuições dos empregados. As contribuições são tiradas dos
pagamentos. Se pagamento não houve, não há pensar-se em dedução, a despeito de
qualquer contabilização que haja a esse tempo ocorrido.
Aí, o falido deve aos empregados e deve aos institutos ou caixas. Não está na situação
jurídica de depositário; de jeito que os empregados somente podem exigir que lhes
sejam prestados os salários (= que lhes sejam pagos os salários), e os institutos ou
caixas, que lhes sejam prestadas as contribuições dos empregadores e as dos
empregados. Os créditos dos empregados têm privilégio especial, de conformidade
com o art. 102, § 39, III, do Decreto-lei n. 7.661, e aos créditos dos institutos e caixas
a lei atribui, indistintamente, o privilégio do art. 102, § 3~O, I~.
indica processual. Mesmo se não ocorre contestação, a rejeição jurídica processual foi
feita em ângulo desde o momento a audiência do falido e do síndico, e a angularidade
se estende o ser feita a publicação no Órgão oficial. A audiência e o aviso publicado
são, no fundo, citações.
A lei estabeleceu ordem para essas vocationes in jus: primeiro, há a audiência do
falido e do síndico; depois, o aviso os demais interessados. A inversão da ordem é
causa de utilidade não-cominada, de modo que facilmente se sana. A falta e audiência
ou do aviso cria ineficácia em relação a quem do foi chamado a juízo.
Falido e síndico têm três dias para se manifestarem “O escrivão avisará aos
interessados, pelo Órgão oficial, que se acha em cartório o pedido, sendo-lhes
concedido o prazo de cinco dias para apresentarem contestação” (Decreto-lei n. 7.661,
art. 77, § 2.0). A contestação tem de ser apresentada nos cinco dias posteriores à
publicação, salvo se foi estabelecido outro dia a qua. Os arts. 1.O~5.O da Lei n. 1.408,
de 9 de agosto de 1951, são invocáveis.
Somente pode contestar o credor que haja feito a sua declaração de crédito.
O titular de direito de domínio ou de direito real limitado, que exiba a prova de o ser,
pode contestar, convindo que mande processar a sua alegação como embargos de
terceiro.
“Havendo contestação e deferidas ou não as provas porventura requeridas, o juiz
designará, dentro dos vinte dias seguintes, audiência de instrução e julgamento, que se
realizará com observância do disposto no art. 95 e seus parágrafos” (Decreto-lei n.
7.661, art. 77, § 3.9. A audiência de instrução e julgamento é, então, indispensável (5.
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 4 de abril de 1950, Á. .1., 98,
166). O parecer contrário do síndico ou do falido é contestação, de jeito que se tem de
marcar audiência de instrução e julgamento (4~B Câmara Civil do Tribunal de Justiça
de São Paulo, 12 de novembro de 1950, R. dos T., 190, 874>.
Se faltou a audiência de instrução e julgamento, é nula a sentença, de modo que se
tem de proferir outra (6.s Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 20 de
dezembro de 1949, R. doa 2’., 184, 795). A decisão da 3•8 Câmara Cível do Tribunal
de Justiça do Distrito Federal, a 26 de julho de 1949 (A. 3., 94, 115), que dispensou a
audiência por se não haver protestado por provas, foi contra direito.
“Não havendo contestação, o juiz, ouvido o representante do Ministério Público, e se
nenhuma dúvida houver sobre o direito do reclamante, determinará, em quarenta e oito
horas, a expedição de mandado para a entrega da coisa reclamada” (Decreto-lei n.
7.661, art. 77, 1 6.0).
Deferido pedido de concordata suspensiva, a ação de restituição frito seneu prossegue
com o concordatario .
Se houve venda de bens, a entrega do dinheiro ao concordatário só se faz após a
dedução do que possa ter de ser apresado aos autores das ações incidentais, inclusive
se ainda está m curso o processo. Tem-se de depositar o importe no estabelecimento
bancário que haja de recolher os dinheiros da massa falida, para que oportunamente o
levante quem seja legitimado
.Se não houve contestação, a sentença não precisa ser em audiência de instrução e
julgamento (sem razão, a 5•a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal,
a 19 de dezembro de 1950, R. F., 186, 156).
restituíveis. Se houve sub-rogação real, constitui-se o sub-rogado real do bem que teria
de ser restituído.
Se não há o bem, nem o sub-rogado’ real, o autor da ação restituição lato seneu se o
bem fora arrecadado tem direito ao valor estimado, ou, no caso de venda do bem, ou
do u sub-rogado real, ao preço pelo qual se vendeu. É o que se no art. 78, § 2.~, 1.8
parte: “Se nem a própria coisa ~m a sub-rogada existirem ao tempo da restituição,
haverá reclamante o valor estimado, ou, no caso de venda de uma de outra, o
respectivo preço”. O ad. 78, § 2.0, 1.8 parte, impõe que tenha havido a arrecadação e
que, antes de se estabelecer a indisponibilidade pelo síndico, haja esse alienado bem.
O valor estimado ou o preço é prestável antes de qualquer crédito, exceto as despesas
que o bem reclamado ou o seu produto determinou (ad. 78, § 48: “O reclamante pagará
à massa as despesas que a coisa reclamada ou o seu produto verem ocasionado”).
A responsabilidade da massa é a responsabilidade do órgão execução forçada
celetiva, que é o síndico; portanto, a de depositário. Se a restituição em verdade é
reivindicação, ou indicação, regem os arts. 510-519 do Código Civil. Se o falido ‘a
depositário, são de invocar-se os arts. 1.271-1.279. Nos casos de dever de restituição,
para o qual não há regra jurídica especial, incidem os arts. 869-871 do Código Civil.
A alienação após o pedido de restituição, ciente o síndico, é ineficaz. pelo preço, é
independentemente de culpa (cf. Decreto-lei a. 7.661, ad. 68>.
O pedido, no tocante ao valor, ou ao preço, processa-se como o pedido no tocante à
coisa em natura; isto é, conforme o Decreto-lei n. 7.661, ad. 77.
do Trabalho” (cf. Decreto-lei n. 5.452, de 1.0 de maio de 1943, arts. 144 e 149, § 1.0).
Mas essa solução destoaria, hoje, do Código de Processo Civil, arts. 37 e 38. A
petição de cada credor n de ser devidamente fundamentada e instruída, de modo e se
tenha como provada a alegação de forca maior ou caso constituito. Por exemplo: por
motivo de motins na rua, fechara-se foro . Se o credor não consegue provar o alegado,
somente de habilitar-se como credor retardatário.
O prazo é para quaisquer créditos (líquidos e ilíquidos, termo ou sob condição,
garantidos ou não-garantidos, priviligidados ou sem privilégio, com eficácia executiva
ou sem eficácia executiva).
Tratando-se de crédito sob condição suspensiva (à suspensividade corresponde o
direito expetativo), acontece que nasce o antes de nascer, normalmente, o direito
expetado.
Tratando-se de crédito a prazo, nascem pretensão e ação pertinentes ao processo
falencial, porquanto, por definição, ida não nasceu a pretensão e, a fortiori, a ação.
e, da regra, à conseqüência prevista no Decreto-lei n. 7.661, art. 98, § 4.~: “Os
credores retardatários não têm direito aos rateios anteriormente distribuídos”. Alguns
juristas dizem que, por isso, não é preclusivo o prazo, mas tal atitude resulta de só
verem preclusão onde tudo acaba.
Perguntam-se os titulares de direitos reais de garantia ficam na situação dos credores
retardatários, se não se apresentam no prazo preclusivo? Preliminarmente, afastemos
que a questão possa alcançar os direitos reais limitados que não são direitos reais de
garantia. Naqueles, não há qualquer alusão a crédito. O que aqui nos interessa são os
créditos garantidos com direitos reais (hipoteca, penhor, anticrese, caução). As
respostas poderiam ser as seguintes e algumas vezes, nos diferentes sistemas jurídicos,
aconteceu que fossem : (a) o credor com direito real de garantia somente precisa
declarar o seu crédito, no prazo para apresentação dos credores, se pretendem
concorrer sobre bens diversos daqueles que estão gravados, de modo que, no que
tange aos bens gravados, tudo se passa sem que tenha eficácia o prazo marcado na
sentença de decretação de abertura da falência; (b) o credor com direito real de
garantia está na mesma situação dos outros credores, de jeito que tem de apresentar-se,
para que não seja tratado como quirografário e com pretensão ao que restar (cf.
Decreto-lei n. 7.661, art. 98, § 4•0); (o) o credor com direito real de garantia expõe-se,
com o retardamento, a que se lhe examine o direito real de garantia e o crédito.
Como em b), A.-C. RENOUARD (Traitá des Fa.iuites et Banqueroutes, 1, 559), P.
BOULAY-PATY (Traitá des Fajilites et des Bctnqueroutes, 1, 230), 1. ALAUZET
(Commentaire da Fajilites et Banqueroutes, 2•a ed., 2.606) e outros. Como em a), A.
BOISTEL (Cozas de Droit Commercial, 4•S ed., 988), A. LAURIN (Cours
álémentaire de Droit Commercial, 3.’ ed., 1.083 s.),
E.THALLER (Traité átémentaire de Droit Commerciol, S.~ ed., 2.001 s.) e J.
PERCEROU (Des Fa.illite8 et Ranqueroutes, 1.232 s.). A opinião a) é a concepção
inglêsa e a alemã.
O credor com direito real de garantia tem duas posições jurídicas, duas titularidades, a
que correspondem pretensões e ações diferentes. Credor, tem ele a pretensão e a ação
pessoais para que o devedor pague. Essa pretensão e essa ação ou são apenas
condenatórias, ou ao titulo corresponde eficácia executiva, o que faz executivas a
pretensão e a ação. Executiva as pessoais, entenda-se. Titular de direito real de
garantia, em ele a pretensão e a ação, reais, para a extração do valor [o bem, no que o
valor do bem possa satisfazer. O credor com direito real de garantia é, portanto, ao
mesmo tempo sujeito e direito pessoal e sujeito de direito real.
O direito real de garantia faz pertencer a outrem, e não ‘o dono do bem, ou possuidor
próprio, o valor extraível do bem, fé certa quantia. Ainda mesmo que haja o
penhoramento abstrato e a arrecadação, o que abstratamente se penhora e se arrecada é
o (direito sobre o) bem menos o valor correspondente ao gravame. Esse valor é
pertencente a outrem, como, ara o bem gravado de usufruto, de uso ou de habitação, o
usufruto, o uso ou a habitação pertence a outrem.
CAPITULO VIII
O credor com direito real de garantia foi convidado, como os outros. O seu crédito,
como os créditos de quaisquer pessoas endividadas, não se extingue; apenas não pode
ser pago com massa objetiva. Acontece que na massa está um bem que está gravado. O
que entra é b dr (bem menos direito real). Se consideramos que os créditos das
pessoas que não se apresentaram persistem, embora não sejam satisfeitos com o ativo
falencial, logo percebemos que seria demasiado cancelar-se direito real de garantia a
crédito que não cessou de existir. Obre o que não é objeto do direito real de garantia,
sim: credor com direito real de garantia de modo nenhum pode entender que não se lhe
aplique o art. 98, § 4?, do Decreto-lei 7.661. Credor concorrente somente é quem
concorre. Credor com direito real de garantia concorre, se quer. Se o credor com
direito real de garantia não se apresenta, supõe-se a) a que o seu crédito não seja
levado em conta, ou, se habilita nos termos do art. 98, a somente receber o que ainda
não foi rateado, e lO a que os outros credores, o falido, síndico ou o órgão do
Ministério Público ataque a existência direito real de garantia, alegue e prove a
invalidade do negocio jurídico constitutivo ou a ineficácia da gravação. preciso que se
atenda a que o procedimento falencial, inspirado pela circunstância da concorrência
antagonística dos credores, não é procedimento para a extinção de créditos, nem, a
fortiori, de direitos. Uma vez que não se atribui ao procedimento falencial eficácia
desconstitutiva dos créditos, não seria lógico, nem justo, que se atribuísse eficácia
desconstitutiva do direito real de garantia, que se extinguiria com a extinção do
crédito.
A sentença de decretação de abertura da falência teve a publicação que a lei lhe exigiu.
O penhoramento abstrato operou-se. Mas Esse penhoramento, como a penhora da
execução forçada singular, não pode constringir mais do que a eficácia sentencial
encontra no patrimônio do devedor comum. O crédito com direito real de garantia é
crédito, como os outros; mas há o direito real de garantia, que tem a sua eficácia típica,
a eficácia real, que é erga omites.
O Decreto-lei n. 7.661, art. 82, fala das declarações dos créditos, “que mencionem ... a
sua origem, classificação que, por direito, lhes cabe, as garantias que lhes tiverem sido
dadas”. Não há declaração, à parte, das garantias, inclusive dos direitos reais de
garantia. Os direitos reais de garantia existem e só se extinguem nos casos dos arta.
849 e 802 do Código Civil. A insolvência ou a falência do devedor somente importa
vencimento da divida (art. 762, II). Se houve registro, os efeitos da extinção contra
terceiro dependem do cancelamento da inscrição do direito real.
Qualquer alegação contra a existência do direito real, a validade do acordo de
constituição ou do registro, ou quanto à eficácia do direito real, tem de ser feita de
conformidade com os arts. 83-95 do Decreto-lei zi. 7.661. O recurso para o credor
com direito real de garantia, que não declarou o crédito, se o direito real foi objeto de
decisão desfavorável, é o agravo de petição (art. 97).
Se acaso o credor com direito real de garantia, que não foi apreciado no procedimento
dos arte. 82-95, por não ter declarado o seu crédito, nem constar dos livros do falido,
se apresenta como credor retardatário (art. 98), o art. 98, § 4•O, só o atinge quanto ao
que se refere ao pagamento da divida como a credor concorrente.
Os direitos reais de garantia que não dependem de registro, esses, não podem ser
levados em conta, por lhes faltar eficácia Civil, se a posse foi retirada por terceiro, em
poder de quem se achava a coisa empenhada, que o síndico arrecadou).
No sistema jurídico brasileiro, não há inconveniente em que se mantenham os
princípios que regem a constituição, a permanência e a extinção dos direitos reais de
garantia; e há toda a conveniência em que se respeitem os direitos reais de garantia.
Mesmo porque os direitos reais de garantia podem gravar bem da massa falencial sem
que o crédito seja contra a massa falencial. AI, o que existe, para a massa falencial, é
somente o direito real de garantia, sem que possa o credor concorrer. Também pode
dar-se que o crédito seja contra a massa e o direito real de garantia grave bem
pertencente a terceiro no concurso de credores, o credor é apenas~ titular de crédito,
pretensão e ação pessoais, sem que a massa objetiva contenha bem sobre que recaia o
CAPITULO VIII
gravame.
se a sucessão ”). O ser futuro pode ter, POfl8n+,~ s espécies referidas, capacidade de
ser parte; e o CU~&dOr te se dá ao nascituro, é em nome desse que demanda, ou é
demandado. Se não vem a nascer com vida o ente a que se e curadoria, tudo se passa
sem se ter de pensar em solutiva dos efeitos antecipados (Tomo 1, §§ 32, 1, 51 ~ 52).
penas se salvaguardaram interesses, durante a indeterminacao opina o do sujeito. Luo
ROSENBERG (Lehrbueh, &~ ed.) ainda se chega à construção mediante condição
resolutiva, mas os argumentos que expendemos contra tal concepção são suficientes
52, principalmente 4).
Se foi o próprio demandante que assinou a petição inicial, se foi ele quem a entregou
para despacho, havemos de ~ r que os herdeiros podem retirá-la antes do despacho: se
o não fazem, pode ser despachada a petição, se o juiz ignora arg. ao art. 198 do Código
de Processo Civil). O mesmo raciocínio há de ser feita quanto aos atos de recurso, de
embargos de terceiro.
 concepção do ser humano é fato jurídico strieto esse fato Jurídica não se irradia o
efeito de Personificação. as irradiam-se outras: o direito, a pretensão e a ação de
nascimentos a favor do nascituro; as medidas a beneficio do nasciturno , com
invocação do Código Civil, art. 4•O, 2. parte ou t. 1.718, 1.8 parte (a contrario
sensu), como a iniasao asaonem (Comentários ao Código de Processo Civil, IV, la ed.,
7 s.), o pátrio poder e a curatela do nascituro (art. 462). concepção impedia que a mae ,
ou o pai, adotasse arts. 368 e 44, porque era a validade, e não só a eficácia da ação
que ficava dependente do nascimento com vida: remisse, a adoção era atingida pela
ressalva dos direitos do nascimento filhos excluísse a adoção (sem razão li.
DERNBURG, Das BiLrgerliche Recht, IV, 3.~ ed., 839, nota 4), ou que fosse sem
conseqüências a concepção (sem razão, a opinião dominante na doutrina alemã , G.
PLANA, Kommentar, IV, ta ed., 620; TH. ENGELMANN-KEIDEL, em .T. von
Staudingers Kommentar, IV, 2, 9.~ ed., 1163). A Lei. 3.183, de 8 de maio de 1957,
veio alterar, profundamente, o instituto da adoção, e foram especialmente atingidos,
com a nova redação, os arts. 868 e parágrafo única, 369, 872, 374, 848 (Lei n. 3.133,
art. 2.0) e 377.
A possibilidade de prele (persona futura) entra como elemento de suporte fático dê
alguns fatos jurídicas (e. g., testamento a favor de prele eventual de pessoa designada e
existente ao tempo de se abrir a sucessão, art. 1.718, 2•a parte). Não é, por si, fato
jurídico; porque não é fato, é possibilidade de fato.
O nascimento com vida é fato jurídico atricto seneu. Dele irradia-se a capacidade de
direito e provêm os direitos que se prendem à pessoa. & nascimento sem vida é fato
extintiva dos efeitos que haja produzido a concepção .
As sociedades sem personalidade jurídica têm capacidade de ser parte passiva.
Ativamente, legitimados são, em litisconsórcio necessário, todos os seus membros (cf.
ARmUR NussBAUI~1, Die nichtrechtsfãhigen Vereine im Prozess und Konkurs,
Zedtschrift fUr de utschen Zivilprozess, 84, 107). Demandantes são os membros da
sociedade não-personificada que figuram na petição ou se apresentaram ou foram
notificados até encerrar-se o debate oral, ou, se debate oral não há, até serem conclusos
os autos, inclusive em se tratando de membros novos da sociedade.
A sociedade não personificada, que somente tenha capacidade passiva de ser parte,
pode reconvir, pedir, dentro do procedimento, indenização, ou restituição do
enriquecimento injustificado, pedir custas e executar a decisão, opor-se e suscitar
processos incidentais, opor embargos de executado e embargos <de terceiro. Em
todas essas espécies há, evidentemente, capacidade ativa de ser parte, mas apenas
porque se “defende”. de estar em juizo ou capacidade processual é menos do que
capacidade de ser parte. Pode-se ter a capacidade de ser parte, e não se ter a
capacidade processual; porém não vice-versa. Onde não há aquela não pode haver
essa. A capacidade de estar em juízo ou recai sobre atos processuais para efeitos em
nome próprio, ou por conta de outrem. É a legitimatio ad processum. (Outra coisa é a
legitimatio ad causam, legitimação ativa ou passiva no tocante à pretensão de direito
CAPITULO VIII
O procedimento até a impugnação não é lide sobre o crê dita. Tanto assim que,
havendo a impugnação, a lei emprega, para a resposta do credor declarante, a expressa
“contestar” (Decreto-lei n. 7.661, art. 90, verbis “contestar a impugnação”). Nos
recursos é sempre indispensável o advogado.
A petição, segunda o próprio art. 82 da Decreto-lei n. 7.661, é assinada pelo credor,
sem que a precise subscrever advogado (1.~ Turma do Supremo Tribunal Federal, 9 de
setembro de 1946, R. dos T., 177, 402). Não se lhe exige o papel selado <Câmaras
Cíveis Reunidas do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, 18 de fevereiro de
1945, Á. 3., 87, 275; sem razão, a 2.~ Câmara Cível da Corte de Apelação do Distrito
Federal, a 12 de julho de 1921, R. de D., 61, 346). Mas isso é questão que depende da
lei de selo .
O advogado do credor, mesmo que o seja para a propositura de açia contra o devedor,
a que depois foi decretada a falência, se não tem poderes especiais, não pode fazer a
declaração de crédito (2.~ Câmara da Corte de Apelação da Distrito Federal, 27 de
abril de 1920, R. de D., 57, 330).
O crédito declarado por pessoa que não tem poderes especiais e expressos não pode
ser incluído no concurso de credores, civil ou falencial (2.a Câmara Cível da Corte de
Apelação do Distrito Federal, 12 de julho de 1921, 1?. de D., 61, 339, e 27 de junho
de 1922, 67, 572). Não há passível ratificação posterior à sentença. A execução de rata
poderia ter sido requerida (Código de Processo Civil, art. 110>.
No que concerne ao procurador declarante de crédito, os ars. 80-87 do Código de
Processo Civil têm de incidir. Em qualquer tempo, o juiz, a requerimento de
interessado, ou de oficio, há de considerar “a falta de capacidade processual ou de
autorização especial, assim coma a ilegitimidade do representante”, e de marcar “prazo
razoável, para que sejam integradas as representações» (art. 84, § 1.~). A suspensão da
processo é regida pelo art. 84, §§ 1.0, 2.0 e 8.0. Pelas pessoas jurídicas comparecem os
respectivos órgãos competentes, que as preseitom, ou os representantes, a que o órgão
competente outorgar poderes para as representar.
1?. F., 92, 481). Então desembargador, repelimos a asserção e chamamos atenção para
o ad. 8.~, § 1.0, da Lei n. 2.044, de 31 de dezembro de 1908, que provém do § 17 da
Lei cambiária alemã. Citamos a GAUPP-STEIN-JONEs (Kommentar, nota 1 ao § 50
da Ordenação Processual Civil alemã). A procura, pelo endossatário, é só ligada ao
negócio jurídico sub lactente. O endossatário, como o cesseonário do crédito, aparece
deve aparecer, de tora, como titular do crédito exigível, e somente como tal.
O fato de haver-se habilitado o credor no processo de inventário do decujo não o priva
de declarar o seu crédito ia falência do falecido, decretada após o inventário (Tribunal
de Justiça de São Paulo, 16 de dezembro de 1915, 1?. dos T., .7, 81).
A existência de sociedade de fato também não implica legitimidade do sócio de fato,
que é credor do falido (2.8 Camara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, R. de
D. M., 104). A observação da R. de D. M. de que se tinha de apurar responsabilidade
do sócio oculto é sem procedência, porque a
.8 Câmara Civil partiu da premissa de não ser de responsabilidade solidária o sócio.
461). O que pode ocorrer é a alegação de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro
essencial, ou de documentos ignorados na época do julgamento do crédito, mas isso
posta de parte a ação do ad. 53 tem de ser chamada ação revocatória, na ação do ad.
99, que é ação rescisória falencial.
lei n. 7.661 em que se alude à renúncia pelo credor com garantia real, somente
concerne ao pedido de admissão do concurso de credores falencial, e não ao pedido de
admissão ao concurso de credores falencial.
A lei exige o reconhecimento da firma do credor. O Tribunal da Relação de Minas
Gerais, a 10 de setembro de 1910 (R. de .0., 32, 422), e a 2.8 Câmara Cível da Corte
de Apelação do Distrito Federal, a 19 de agosto de 1921 (62, 354), não admitiram o
credor, por faltar o reconhecimento da firma. A 2.8 Câmara Cível da Corte de
Apelação do Distrito Federal, a 22 de setembro de 1916 (R. .1., VI, 159; R. de .0., 43,
354), achou que a falta pode - ser suprida. O assunto requer novo exame diante dos
arte. 273, 275 e 277 do Código de Processo Civil. Há nulidade dos atos processuais,
mas nulidade não-cominada; se houve sentença, que transitou em julgado, tal sentença
é rescindível (Código de Processo Civil, ad. 798, 1, c>. Cumpre, porém, observar-se
que, até o encerramento da falência, pode o síndico, qualquer credor admitido, ou o
órgão do Decreto-lei n. 7.661.
A 2.R Câmara Cível da Corte de Apelação do Distrito Federal, a 13 de setembro de
1912 (R. de D., 26, 378), disse que o pode recusar a declaração de crédito, se não está
reconhecida firma do credor, porém ~não, se o admitiu, recusar-lhe, só isso, a
admissão do credor. Melhor seria que houvesse dito: escrivão (é em cartório que se
entregam as declarações de dito) ou o juiz (por ter apontado a falta o escrivão, quando
lhe forem conclusos os autos) têm de examinar se ao reconhecimento da firma; se
falta, pode ser intimado redor para providenciar, mas a omissão de tal intimação
é causa de sanação; se o juiz não admite o crédito, há urso; se o admite, também pode
haver a ação do ad. 99 Decreto-lei n. 7.661, ou a ação rescisória de sentença do eito
comum.
(Em todo caso, advirta-se que o escrivão não tem qualquer exame da declaração de
crédito, mesmo quanto aos seus requisitos formais. Tudo que acaso observe é extra-
oficialmente o faz. Não pode, sequer, levantar dúvida, como em outras oportunidades
se lhe permite. É mero instrumento de recepção e entrega. Se ao juiz o escrivão mostra
alguma falta da declaração de crédito, não é oficialmente, processualmente, que
ponta.)
Se há órgão ou representante do credor, a firma daquele a desse tem de ser
reconhecida, salvo se a procuração é por instrumento público (Tribunal da Relação de
Minas Gerais, de setembro de 1910, R. F., 32, 422; Tribunal de Justiça São Paulo, 14
de setembro de 1914, R. dos 2’., 11, 149).rende-se o mesmo, também, para os
representantes dos dois e para os substabelecidos.
Se nenhum documento pode ser junto, depende dos princípios saber-se se o juiz pode
atender ao crédito. Não há resposta a priori.
A massa falida não é terceiro em relação ao credor, de nodo que não é de exigir-se ter
sido registrado o crédito (2.8 Camara Cível da Corte de Apelação do Distrito Federal,
29 de agosto de 1922, R. de D., 68, 176), salvo se há lez specialis t respeito do crédito.
Se os títulos de crédito estão juntos a outros processos , bastam as certidões de inteiro
teor; e. g., no caso de co-devedores contra um dos quais se pleiteia, ou de co-
devedores a que e abriu falência, em diferentes processos (2.8 Turma do Supremo
Tribunal Federal, 9 de outubro de 1945, A. J., 78, 289).
Ovate, se de acordo com os usos e costumes comerciais, título de crédito (sem razão, a
4~8 Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a 3 de maio de 1949, A.
.1., 4, 357): ou prova o empréstimo, ou outro negócio jurídico, ou não prova. Mas,
com as formalidades que a lei comercial, ou a civil, exige, é titulo de negócio jurídico.
Foi injusta a decisão da 8.~ Câmara Cível do Tribunal de Apelação do Distrito Federal,
a 22 de abril de 1946 (R. 1’., 107, 287), segundo a qual, se há dúvida, mesmo se não se
provou a simulação, não se devem incluir créditos como os constantes de cheques.
Juiz, que decide, não pode ter dúvida, a se a tem não pode alegá-la contra quem exibe
o titulo. Demais, a simulação é matéria do ad. 53 do Decreto-lei n. 7.661.
Quanto a honorários de advogados, que prestem serviços no inventário do falido, ou
do cônjuge do falido, e do outro cônjuge ou de seus herdeiros, a massa falida somente
responde pela metade.
Em princípio, os créditos comerciais não precisam ter sido registrados para serem
eficazes contra terceiros (Tribunal de Apelação de São Paulo, 6 de junho de 1940; 2.8
Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, 14 de março de 1949,
1?. F., 126, 162; Tribunal de Justiça de Pernambuco, 10 de setembro de 1948, 122,
524; sem razão, a l. Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco, a 18 de
março de 1948, E. 9., 121, 222).
Se os títulos ou documentos, que deviam ser apresentados com a declaração de crédito,
só o foram depois, mas antes de se iniciar o prazo para as impugnações, não se pode, a
priori, dizer que se satisfez a exigência da lei (sem razão, a 2.8 Câmara Cível da Corte
de Apelação do Distrito Federal, 25 de julho de 1922, R. de D., 68, 182): tudo depende
da invocabilidade dos arts. 273-277 do Código de Processo Civil. Se o credor está sem
a posse imediata do título de crédito ou do documento, pode protestar pela prova
mediante exibição (Código de Processo Civil, ads. 218, III, 219-221).
e sua tiquidS’~’~ yui’ção, portantO, objetiva: opinam sabre poder entrar no concurso
de credores o credor que declarou o crédito.
A lei poderia limitat a eficácia sentencial de cada deci5TM 5ôbre j~~pugnacao ao
credor iniPUran~ ~as isso estabeleceria relativídadt pertúrbadora. o crédito j~pugnado
estaria no pas5ivo~ em relaçãO ao credor impugnanto. e nus não estaria, em reIs 0 aos
outros credores. Tal aolu@ tinha de ser repelida.
Nada obsta a que, sendo elas iguais, sejam numa só declaração, assinada por todos, ou,
se a igualdade é só entre duas ou mais, por dois ou mais. A regra é serem em separado.
Se algum, alguns ou todos os credores, antes do prazo para as impugnações, enviaram
informes acordes ou divergentes, pró ou contra os créditos apresentados, tais informes
de modo nenhum contém impugnações. Essas, para que se tratem como petita, têm de
ser produzidas no prazo para as impugnações (art. 87). Antes, são apenas
comunicações de conhecimento, embora contrárias às declarações de crédito dos
outros credores. Aí está grande diferença concernente ao tempo em relação à
informação do falido e ao parecer do síndico.
Pode dar-se, porém, que a impugnação pelo credor esteja com todos os requisitos,
exceto o do início do prazo do art. 87do Decreto-lei n. 7.661; então, nada obsta a que o
juiz defira o pedido de distribuição e de autuação, para que oportunamente a ela se
juntem as outras impugnações que haja ao mesmo crédito.
Já antes dissemos que a informação do falido que tem conclusão contra a pretencao
do credor se considera “como impugnação” (Decreto-lei n. 7.661, art. 84, § 2.~). Não
é coexensiva à impugnação feita pelos credores, nem é propriamente impugnação. O
erro, que o falido pode alegar, é inalegável pelo credor. Ai está exemplo da diferença; e
do lado do credor tem Esse, a mais, as ações dos arte. 52 e 53.
síndico é órgão dessa ação forçada. O falido, o executado por todos os que forem dos
como credores concursais.impugnações do falido, do síndico, ou de qualquer ou,
também, do órgão do Ministério Público estabeleça lide, incidental, sobre o crédito.
que é mais importante é não se estender ao falido e ao o que se estatui, no art. 87 do
Decreto-lei n. 7.661, o conteúdo possível da impugnação pelos credores. A ação do
falido e o parecer do síndico são “como impugna credor.
CAPÍTULO II
fez prova de o ser, ou se quem se diz representante não o provou, ou não provou
poderes bastantes, o juiz nega a admissão à falência, por falta pré-processual ou
processual. Quando se convidaram os credores para as declarações de crédito, supôs se
lhes a satisfação dos pressupostos pré-processuais e dos pressupostos processuais, pois
a finalidade era a admissão ao concurso de credores falencial.
A falta de apresentação dos títulos ou documentos dos créditos é questão processual,
que se julga preliminarmente, restando ao credor o vir a juízo como credor
retardatário. Salvo se ainda há tempo para nova declaração de crédito ou juntada.
A matéria da prescrição é mérito, bem assim a da preclusão do crédito.
No Código Civil, art. 1.555, diz-se que “a discussão entre os credores pode versar,
quer sobre a preferência entre eles disputada, quer sabre a nulidade, simulação, fraude
ou falsidade das dividas e contratos” (cf. Código de Processo Civil, art. 1.024). Não se
pode transplantar para o direito falencial o art. 1.555 do Código Civil (ou o art. 1.024
do Código de Processo Civil), porque o direito falencial contém três regras jurídicas
diferentes:
a) Decreto-lei n. 7.661, art 53: “São também revogáveis, relativamente à massa, os
atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se a fraude do
devedor e do terceiro que com ele contratar”. A ação corre perante o juízo da falência,
mas tem curso ordinário (art. 56, § 1.0); a apelação tem ambos os efeitos, devolutivo e
suspensivo.
b) Decreto-lei n. 7.661, art. 99: “O síndico ou qualquer credor admitido pode, até o
encerramento da falência, pedir
quer créditos nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro
essencial, ou de documentos ignorados na época do julgamento do crédito”. É como
ação rescisória, incidental, da decisão que admitiu o crédito, se já transitou em
julgado; se ainda não transitou em julgado, é caso especial de alteração ou de aumento
do pedido, ou de pedido novo , excepcionalmente admitido por lei (cp. Código de
Processo Civil, art. 157). O procedimento é o ordinário e cabe o recurso de agravo de
petição (Decreto-lei n. 7.661, art. 99, parágrafo único).
c) Decreto-lei n. 7.661, art. 87: “Findo o prazo do artigo anterior, as declarações de
crédito poderão ser impugnadas, dentro dos cinco dias seguintes, quanto à sua
legitimidade, importância e classificação”. Os arts. 88-97 regulam o processo dessas
ações incidentes de impugnação, que não é de rito ordinário.
A tendência para se pôr no art. 87 do Decreto-lei n. 7.661, como em amplo surrão,
tudo que concerne à inexistência total ou parcial, à nulidade, à anulabilidade, ou à
ineficácia, evidentemente desatende à diferença entre os arts. 52, 53, 99 e 87 do
Decreto-lei n. 7.661, em seus dizeres e em suas finalidades.
nela permanecem, salvo as custas e despesas judiciais em litígio com lassa; as penas
pecuniárias por infração de leis penais e administrativas.
Nem no são os credores que somente têm obrigação natw. ou direito sem pretensão,
ou pretensão sem a$o. Nem os se dizem credores sem que exista o crédito, como se há
negócio jurídico infração dos arts. 124 e 129, incisos 1, 2 do Código Comercial, ou
dos arts. 145 e 59 do Código LI. Haveria nulidade do negócio jurídico, e do negócio
jurídico não se irradia efeito. O crédito é efeito; efeito, a pretensão efeito, a ação.
Quanto às anulabilidades, de modo nenhum se podem ter o causas de ilegitimidade. O
crédito é, talvez a pretensão
e a ação. Não é isso matéria para simples impugnação. juizes justiça se lhes faça
resistiram, mas os juristas, ligados militantes, forçaram, ou, melhor, tentaram a
interação da lei contra a própria letra.
A ação em tais casos é a ação ordinária, quer se funde rt. 53 quer no art. 99.
Letra de cambio, nota promissória, duplicata mercantil ou o titulo cambiariforme, que
não entra no mundo jurídico se não haverem satisfeito pressupostos formais ou mate-
não irradia crédito, pretensão e ação. O que se afirma Dr por ser o possuidor não é
credor. Idem, se o titulo cambial. 0 ou cambiariforme está cancelado, rasurado ou
emendado. não quer dizer que o apresentante, advertido, não possa ; em tempo, prova
do negócio jurídico subjacente ou sobre evite, para ser admitido no concurso de
credores falencial, ação de credor retardatário.
Inexistência do crédito, por não existir negócio jurídico, •geral, a fonte do alegado
crédito, e a nulidade do negocio jurídico, do qual não se irradia crédito, ou não se
irradia pretensão, ou ação, são causas de ilegitimidade. Pode o juiz, de oficio, declarar
a inexistência e decretar a nulidade (aliter, a anulação). Cf. Código Civil, art. 146,
parágrafo único. O crédito resultante de negócio jurídico, ou de outra fonte,
posteriormente à decretação da falência, é relativamente ineficaz (Decreto-lei n. 7.661,
art. 40, § 1.0, onde a expressão “nulidade” é errônea: o caso é de ineficácia) : há causa
de ilegitimidade e o juiz pode declará-la “de oficio, independentemente de prova de
prejuízo”.
O juiz somente pode decidir se há, ou não, legitimidade, se é exata, ou não, a
importância, se a classe, em que o credor disse estar o seu crédito, é aquela em que ele
cabe.
Foram absurdas as decisões que, no processo da habilitação de crédito, permitiram
descer-se ao exame da causa do título cambiário (cf. 5.~ Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, 2 de março de 1951, Á. 3., 101, 478>, e as que, no processo
de habilitação de crédito, violaram o art. 847 do Código Civil, ou o art. 19, § 1.0, do
Decreto n. 169-A, de 19 de janeiro de 1890, por estar em causa a anulabilidade.
Não se confunda com o problema da competência do juízo falencial para a decretação
da desconstituíção das hipotecas e mais direitos reais de garantia, inscritos, ou com
eficácia erga omites, o problema do que se pode alegar na impugnação conforme o art.
87 do Decreto-lei n. 7.661. A ordinariedade é exigida, fora dos casos em que se trata
de ataque conforme o art. 87, salvo se a lei processual comum ou outra lez apecialis a
dispensa. O assunto já foi antes versado a propósito dos credores, com direito real de
garantia, que deixaram de declarar os seus créditos e dos que os declararam.
O credor que se referiu a direito real inexistente, ou por não haver inscrição, ou por
essa ser nula, pode impugnar, consoante o art. 87 do Decreto-lei n. 7.661, a garantia
real do crédito. Pode ser que não impugne o crédito. Pode ser que não impugne a
inscrição do direito real e impugne o crédito, donde não ter a massa, se o credor
impugnante tem bom êxito, de atender ao direito real, devendo o síndico providenciar
para que se retifique o registro (cp. Decreto n. 4.857, de 9 de novembro de 1939, art.
227: “Se o teor do registro não exprimir leio de processo contencioso, que será
inscrito”; art. 229: “As utilidades, de pleno no direito, do registro, uma vez provadas,
invalidam-no, independentemente de ação direta”).
meio de petição, instruída com os documentos que tenha o impugnante, o qual indicará
as outras provas consideradas necessárias” <Decreto-lei n. 7.661, art. 88). “Cada
impugnação será autuada em separado, com as duas vias da declaração e os
documentos a elas relativos, para esse fim desentranhados dos autos das declarações
de crédito” (Decreto lei n. 7.661, art. 88, § 1.0). “Terão uma só autuação as diversas
impugnações ao mesmo crédito” (art. 88, § 2.0).
A petição há de satisfazer as exigências do art. 158 do Código de Processo Civil. Há
de ser instruída com os documentos e a indicação das provas necessárias. Não é
verdade que “petição” de impugnação equivalha à defesa do réu, nas ações do
processo civil. O réu é o declarante do crédito, que outro credor ou falido, ou síndico,
se é o caso impugna. credor, que declarou o seu crédito, compareceu atendendo ~o
convite. O falido, o síndico, o outro credor ou o próprio órgão do Ministério Público
impugna a declaração de crédito. L finalidade, que é a inclusão do crédito, foi
previamente estabelecida pelo juízo, por seu órgão: o síndico. As interpretações de
juristas estrangeiros e de juristas brasileiros que os imitam Como devem ser repelidas.
A desistência da impugnação é desistência de ação. Toda-‘ia, ainda que os outros
credores, sócios ou acionistas, não hajam impugnado o crédito, pela igualdade de
posição em que, segundo os princípios, se achavam, podem prosseguir na ação
incidente de impugnação. O fato de poder o juiz, de oficio, decidir contra o crédito
impugnado pelo desistente, não afasta que se reconheça aos outros credores a
pretensão ao pressentimento e, portanto, ao recurso, se o juiz julga a desistência decide
contra a impugnação que havia.
No direito brasileiro, a impugnação por uma pessoa aproveita a todos os credores.
Escoado o prazo para as impugnações, começa o prazo para as contestações pelos
credores cujos créditos foram impugnados.
Isso o credor cujo crédito foi impugnado fica privado de contestar a impugnação, pois
essa se fez de todos.
“Decorridos os cinco dias marcados no art. 87, os credores impugnados terão o prazo
de três dias para contestar a impugnação, juntando os documentos que tiverem e
indicando outros meios de prova que reputem necessários” (Decreto-lei n. 7.661, art.
90).
“Findo o prazo do artigo anterior, será imediatamente aberta vista ao representante do
Ministério Público, dos autos das declarações de crédito e das impugnações, para que,
no prazo de cinco dias, dê o seu parecer” (Decreto-lei n. 7.661, art. 91>.
À contestação junta o credor os documentos necessários e indica os meios de prova.
Também o órgão do Ministério Público pode impugnar e tudo se passa, com ele, como
a respeito do falido, do síndico e dos credores.
“Para desistir da impugnação, o impugnante deverá pagar as custas e despesas devidas.
Não havendo outros impugnantes, o escrivão fará publicar, por conta do desistente,
aviso aos interessados, de que, no prazo de cinco dias, poderão prosseguir na
impugnação” (Decreto-lei n. 7.661, art. 89>. Percebe-se o principio da eficácia da
impugnação para todos os credores declarantes. As custas e despesas, daí em diante,
correm por conta dos que quiserem prosseguir, ou recorrem do julgado, sem terem
requerido o prosseguimento.
A desistência pelo impugnante dá margem a que os outros credores, a que a lei
estendeu a eficácia da impugnação, mesmo depois de homologada, ou mesmo que,
com a inércia desses, se homologue a desistência (Código de Processo Civil, art. 206),
prossigam.
Três pontos têm de ser considerados:
a) Se nenhum credor quis prosseguir, o juiz pode, de of 1-cio, julgar a impugnação,
desde que o faça antes de expirar o prazo do art. 89 do Decreto-lei n. 7.661.
b> Se o falido, o síndico ou o órgão do Ministério Público não impugnara, não lhe é
vedado prosseguir na impugnação, a despeito da homologação da desistência do
impugnante e da
Se há prosseguimento pelo falido, pelo síndico, ou por ou alguns credores, quem não
CAPITULO VIII
credor retardatário, mas de credor para o qual foi injusto o juiz a sentença não admitiu,
ou que o tribunal do recurso decidiu não fosse admitido, o fato de somente muito mais
tarde ter-se admitido o credor em recurso, ou em decisão em recurso que reformou a
anterior. A reserva do que possa caber aos credores, em tais situações, provê ao
respeito da par condicio creditorum, ou dos privilégios, ou das garantias reais, nas
espécies em que não há trânsito em julgado a tempo de se iniciar a liquidação do
passivo.
Se o juiz admite o crédito no concurso de credores falencial, ou o admite em toda a sua
extensão, ou só em parte, ou em toda importância ou em menor importância, ou sem
privilégio especial ou geral, ou somente como quirografário.
O juiz pode, de oficio, negar admissão ao crédito, se a matéria é de apreciabilidade de
ofício; aliter, se o não é(e. g., em se tratando de prescrição>. O fato de o Decreto-lei n.
7.661, art. 92, 1, determinar que o juiz julgue “os créditos não impugnados” de modo
nenhum permite ao juiz julgar, de oficio, se a matéria não o permite.
A propósito da prescrição cabe aqui pequena advertência. O juiz não pode julga.~, de
ofício, que a abertura da falência está afastada por se achar prescrita a pretensão
constante do titulo (Decreto-lei n. 7.661, art. 49 II): nem de ofício deixar de admitir o
crédito.
“A ata, assinada pelo juiz e pelo escrivão e, se presentes, pelos procuradores e pelo
representante do Ministério Público, será junta aos autos da impugnação,
acompanhada dos depoimentos, assinados pelo juiz, escrivão e depoentes” (Decreto-lei
n. 7.661, art. 95, § 4.0)•
“Se não for interposto recurso da decisão do juiz, na impugnação de crédito”, há o
trânsito em julgado, e “os respectivos autos serão apensados aos das declarações de
crédito” (Decreto-lei n. 7.661, art. 97, § 2.0).
O credor somente passa a ter o seu lugar na relação jurídica processual executiva da
falência depois de começar a eficácia da sentença favorável a ele. Antes disso, é
simples convidado a declarar o seu crédito. Declarando-o, expõe-se a que seja
impugnado o seu crédito, ou a que, não tendo sido impugnado, o juiz, de oficio, o não
admita; portanto, a que não entre
de crédito, nasce-lhe a qualidade para impugnar os outros créditos. Essa qualidade
somente cessa com o trânsito em julgado da sentença que o não admita. Todavia, a
eficácia imediata dessa sentença (pois o recurso contra ela não tem efeito suspensivo)
é ex nune, e não ex time. A declaração do crédito, com os seus efeitos lá continua, o
que não se produz é a admissão: se o recurso não é provido, terminam todos os efeitos
da declaração de crédito, que foi atendimento a convite; com o não-provimento,
extinguem-se os próprios efeitos da declaração de crédito. Assim, enquanto não se
julga o recurso do credor que declarou o seu crédito, impugnou crédito de outrem ou
créditos de outros declarantes e teve sentença favorável à impugnação do réu, não
acaba a sua legitimidade processual para defender a impugnação ou as impugnações
que fez, como tem a legitimidade processual para se defender, na vida recursal, contra
as impugnações dos outros credores. Ao transitar em julgado a sentença que o não
admitiu, então sim, os efeitos da declaração de crédito, que foi ato processual de
comparência desaparecem.
A inserção na relação jurídica processual executiva só se dá com a eficácia da
sentença, que, favorável ao credor, só a reforma da decisão no agravo de petição, ou
outra sentença, em grau de recurso, transita em julgado, pode desfazer. Se a decisão foi
desfavorável, só a reforma dela, no procedimento do agravo de petição, ou a sentença
da superior instância, que julgue pelo provimento do recurso, pode determinar inserção
do credor na relação jurídica processual executiva. Antes de decisão favorável ao
credor, não bá a qualidade de exeqüente, que é comum aos credores concursais
habilitados por sentença <cf. 2.~ Câmara da Corte de Apelação do Distrito Federal, 3
de dezembro de 1918, E. de D., 51, 176).
Algumas questões processuais surgem. Se a sentença foi de não-admissão, o recurso
não tem efeito suspensivo, diz-se; em verdade, ainda que o efeito fosse suspensivo,
CAPITULO VIII
impugnado o crédito a respeito de cuja decisão se pergunta perante quem tem eficácia
de coisa julgada material, a resposta também há de ser afirmativa, porque, hajam ou
não impugnado o crédito, foram partes uma vez que a impugnação por um aproveita a
todos, e ainda se tal principio não houvesse, por ter havido, contra os não-impugnam
preclusão para se manifestarem contra o crédito e toda eficácia da sentença os apanha.
Na técnica legislativa há duas atitudes possíveis: a) a de terem como admitidos todos
os créditos declarados e uso pugnadOs. sem que o juiz os possa afastar, salvo se, de
oficio, outro juízo, não concursal, se pudesse declarar a inexistência decretar a
invalidado (e tivemos, ao tempo da Lei n. 2.024, 17 de dezembro de 1908, tal solução,
que afastamos com Decreto-lei n. 7.661) ; b) a de ter o juiz de julgar os créditos, 35m0
se não houve qualquer impugnacao . Se a), a lei estabeleceu preclusão para se alegar
contra o crédito declarado,semelhança das espécies em que se tem como concordante o
doador que não impura (Qui tacet quum loqui et debzdt nsentire videtur, cf. Tomos
111, §§ 222, 2, 226, 1, III, § 249, 2>: o dever de falar. Se b>, o credor, que fala, fala
por todos, juiz tem de julgar os créditos não impugnados porque a lei atribui julgar de
oficio, como se tivesse havido impugnação todos os créditos.
A inclusão no quadro geral de credores é a força executiva decisão que admite o
crédito. (1 elemento condenatório. te é este, permite tal inclusão, que é efeito •****,
executivo, decisão; e, fora do processo falencial, a executabilidade do crédito,
mediante simples certidão da inclusão do Decreto na falência. CI. Decreto-lei n. 7.661,
art. 133: “E titulo bil, para execução do saldo (art. 33>, certidão de que conste rtuafltia
por que foi admitido O credor e por que causa, quanto LgoU a mM58 em rateio e
quanto ficou o falido a dever-lhe data do encerramento da falência”. A decisão, ai, é
conde~tória~eXecutiVa o que se recebe em rateio é por execução for-da que se
ultimou, e o que resta corresponde à condenação por crédito ainda não satisfeito, de
modo• que continua a eficácia executiva quanto ao que o falido ficou a dever flO
momento se encerrar a falência. O ad. 133 é contundente, para ser explicito, mas
bastaria ter-se dito que pelo saldo tem o credor ação executiva.
É aqui o lugar próprio, mais do que a propósito do pagamento aos credores da falência,
para bem caracterizarmos natureza do titulo executivo, que é a certidão do saldo.
decisão, a respeito da admissão em concurso é executiva.. Mas essa executividade é
Joutro ao oww’.’ de credores. Fora do concurso de credores, a certidão só se refere ao
que não pôde ser executado de modo quê, com o titulo administrativo quanto ao saldo,
que é titulo inserto na certidão, o credor tem titulo executivo de cognição plena, titulo
de execução sentencial, e nua simples titulo executivo extrai cautela.
Convém quê se frise: quanto ao ativo falenclal. à massa objetiva, a executividade da
falência que admite 80 constituicao de credores é ~ * Sê; quanto ao ativo pós
falêncial, não: a certidão (dela, implititamente) e do quanto que teria de ser pago ao
credor e não doí é titulo executivo judicial preclui que o credor pode iniciar a ação
executiva a qualquer tempo. se ainda existe e é eficaz o crédito.
No direito falenclal brasileiro vigente, tem o juiz de julgar, explicitamente cada
crédito, embora não tenha havido impugnação. Não se pode dizer que, no direito
falencial anterior, file não os julgara. Se o seu julgamento explícito dos outros créditos
implicava a inclusão dos créditos não impugnados, se o simples “inclua-se”, não tem
importância. O “inclua-se” implícito ou explicito com fundamento de declaração e de
condenado, ou sem files era ato de execução forçada, liiB5V~ ~ do credor na relação
jurídica processual da falência. Quanto à força e eficácia tudo se passava como
estabelece passa.
4.EFICÁCIA DE COISA JULGADA MATERIAL DO PROCESSO DA
FALÊNCIA APÓS O ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA A eficácia da decisão é
definitiva, com as conseqüências da coisa julgada material e não do interior ao
procedimento falencial. Por isso mesmo, se houve decisão que admitiu o crédito, as
vias que tem o síndico, o falido, outro credor ou o Orgia do Ministério Público é a da
eficácia falencial conforme o ad. 99 do Decreto-lei ,. 7.661, se ainda não encerrada a
CAPITULO VIII
falência, ou a ação rescilita de sentença, conforme os arte. 798, 799 e 801 do Código
de Processo Civil. Essa pode ser proposta antas de encenada a falência. OU depois de
encenada a falência.*preciso que não se repita o que se escreveu em direito de outros
Estados, sobre não fazei coisa julgada contra o falido o que se decide em impugnação
do crédito do credor declarante por outro credor, ou pelo síndico (e. g.’ G.
BOT4ULIÃI, Dei Fallt ou tem parte. Quem seja sujeito da relação jurídica processual
a falência e quem seja chamado ou convidado a ela são trata-os como partes, porque
ser parte na preparação para entrada i relação jurídica processual da falência já é estar
na situação de parte da execução forçada, se a sentença o incluiu. sentença cria o
titulo executivo celetivo, ou celetiviza o título executivo existente ( dá entrada no
concurso de credores lenda! ao credor com titulo executivo), O titulo executivo para a
execução forçada celetiva e, se não houve pagamento integral, para a execução forçada
celetiva, após o encerramento da falência. Sem razão, E. T. LIEBMANN (La
Contestaone dei crediti nel faílimento, Studi di dirítto commerciale onore di CESARE
VIVANTE, 1, 216), E. Aiioaío (La Cosa giucata rspetto ai terzi, 186) e V. ANDRIOLI
(Appunti sul giudidi verificazione dei crediti nel faílimento, Studi in memotía B.
SCORZA, 9). Não se precisa, a respeito do falido, invocar, para explicação da eficácia
em relação ao falido, haver substituição” do falido pelo síndico: aí, não há qualquer
substituição; o falido informa sobre os créditos (Decreto-lei 7.661, arts. 84 e §§ 1.0 e
2.0, e 85), pode estar presente audiência e prestar declarações (art. 95 e § 2.0), e tem
pretensão recursal a favor ou contra as decisões (art. 97).
A eficácia da decisão, no caso do art. 133 do Decreto-lei 7.661, existe, mesmo que se
venha a reformar, na superior instância, ou em ação rescisória de sentença (Código de
Processo Civil, arts. 798, 799 e 801), a sentença decretatória da falência. O falido é
parte no processo de verificação dos crêlos: não se justificaria, assim em direito
brasileiro como em direito italiano, que a sentença não lhe fosse disponível no
processo da falência e fora dele (cf. RENZO PROvINCIALE, Manuale Diritto
failimentare, 446). Com a sua legitimação a impugnar, o falido tem de sofrer as
conseqüências de haver impugnação crédito, ou de se ter abstido de impugnação, e
não importa se tais conseqüências são no processo falencial ou noutro acesso, durante
ele ou no tempo posterior (cf. 5. SAnA, ituzioni di Diritto failimentare, 3~8 ed., 225 s.;
sem razao, BONELLI, Dei Failimento, ~ 3.~ ed., 257). O processo da falência oferece
maiores cuidados à verificação dos créditos outros credores, órgão do Ministério
Público. j Por que se haveria de limitar, no tempo, a eficácia de coisa julgada material
da sentença a favor do credor declarante? Ai está a ramo legis do art. 183 do Decreto-
lei n. 7.661.
Na jurisprudência, houve acórdãos que negaram a coisa julgada material das decisões
favoráveis aos impugnantes ( negada a admissão ao concurso de credores falencial,
poderia ser proposta, no juízo comum, a ação de condenação ou a executiva, se fosse o
caso). Haveria, apenas, coisa julgada formal. Por exemplo: Tribunal de Justiça de São
Paulo, 6 e 18 de julho de 1914 (R. dos T., 10, 213 s.), 17 de setembro de 1914 (11, 151
5.) e 2 de março de 1916 (17, 159 s.). Nenhuma razão assiste a tais julgados. A
fortiori, àqueles que negam a própria coisa julgada formal da decisão desfavorável,
quanto à ação proposta pelo credor retardatário.
3.1. CARVALHO DE MENDONÇA (Tratado de Direito Comercial, VIII, 149 s.)
entendia que o credor definitivamente excluído da falência poderia, advindo
concordata suspensiva, ou depois de encerrada a falência, propor ação, no juízo
comum, contra o falido. Mas L não admitido por quê? Tem-se de distinguir a não-
admissão por falta de pressuposto ligado ao processo a não-admissão e por decisia
sobre o mérito.
Porém é preciso que se atenda a que a não-admissão por ineficácia relativa (Decreto-
lei n. 7.661, art. 52) de modo nenhum tem eficácia de coisa julgada material para não
mais ser cobrado o crédito, fora do juiz o falerwial.
O art. 52 do Decreto-lei n. 7.661 foi explícito em referir-se somente à massa objetiva,
ao ativo falencial (verbis “relativamente à massa”). Bem assim, o art. 53 (verbi.s
CAPITULO VIII
“relativamente à massa”). Não é o mesmo decidir-se que o crédito não existe, ou está
prescrita a pretensão, e decidir-se que é ineficaz, relativamente à massa, qualquer dos
atos referidos no art. 52, ou no art. 53.
Em todo caso, a propósito do art. 53, algumas vezes a sentença pode a despeito da
diferença entre a eficácia sentencia! nas ações do art. 53, a respeito dos credores
(massa subjetiva) e a eficácia sentencial da ação dos arta. 106 e 107 do Código Civil,
que é desconstitutiva do negócio jurídico perfazer declarantes da falência encenada?
Por exemplo: a) O credor teve atacado o seu crédito, pela infração que se menciona no
art. 52, VIII. Pode o credor ir, depois, contra o falido? Sim. Não se desconstituiu o
negócio jurídico da venda ou estabelecimento comercial ou industrial do que veio a ser
julgado falido; apenas se lhe declarou ineficácia relativamente à massa.
b) O crédito foi atacado ação revocatória falencial. ~ Pode o credor ir, depois, contra o
falido? Sim. A ação fora de terceiro e a eficácia sentencial só é relativa à massa.
Quanto a coisa julgada material da decisão que admite o crédito e da decisão que o não
admite, há confusões lamentáveis nos juristas estrangeiros e nacionais. A resposta
afirmativa, a prfori, que é a mais freqüente, parte da suposição de que todas as
decisões favoráveis ao declarante de crédito sejam de eficácia declaratória suficiente, e
que também o sejam as decisões desfavoráveis. A resposta negativa assenta em que a
admissão à falência não é mais do que inclusão no quadro dos credores, sem qualquer
repercussão alhures.
Pode ser que a decisão que não admite apenas se cifre a negar a admissão do crédito na
falência, por se tratar, por exemplo, de crédito relativo a consOrte ou benfeitoria em
bem do falido que não era arrecadável pelo síndico, ou em se tratando de crédito fiscal
só referente àquele bem.
A decisão que nega a admissão pode ser desfavorável por fundamento apenas
processual (e. g., falta de poderes ou incapacidade processual do credor): aí, pode o
credor, se ainda é tempo, pedir, de novo, a sua admissão, ou processar o seu pedido,
como credor retardatário, ou em ação em juízo comum, alegando que a decisão não
tem eficácia de coisa formal no tocante ao mérito.
Os credores não admitidos ao concurso de credores falencial tOm, se os pressupostos
se compõem, a ação rescisória de sentenças (Código de Processo Civil, arts. 793, 799
e 801), como a têm os credores admitidos, o síndico ou o falido contra a decido que
admitiu algum credor.
entende-se o credor não admitido, ou não admitido como pedira, o credor, cujo crédito,
com a admissão do outro, ou com admissão do outro em determinada classe, foi
atingido, e o terceiro interessado (cf. Tribunal de Apelação de São Paulo, 3 de junho de
1936, .1?. 9., 68, 139), como o co-credor não declarante, o credor com direito de ação
do crédito declarado e os credores pignoratícios dos créditos hipotecários.
Pergunta-se se o credor não admitido pode recorrer quanto à decisão a respeito de
outro credor, que fora admitido. A decisão, dir-se-á, a propósito dEle, tem efeito
imediato (= o agravo não teria efeito suspensivo), de jeito que não teria pretensão
recursal quem não é legitimado à ação, e a lei poderia ter previsto que a decisão teria
efeito imediato, exceto para o recurso contra outras decisões. A argumentação cai por
terra: os efeitos que são negados são os efeitos que teria, dai em diante, a inclusão, não
os efeitos que derivaram da declaração de crédito ou da impugnação. Quem pode
Impugnar pode-o <iates de seu crédito ser admitido; se não se lhe admitiu o credito >
não se vai tratar o credor como credor admitido, porém não cessa o tratamento dele
como credor declarante enquanto não for julgado o seu agravo de petição. Só o
trânsito em julgado da decisão que não admite elimina o que se passou antes da
negação de admissão. Aliás, o que se vai eliminar, no passado, é apenas o que
concerne ao credor definitivamente inadmitido, não o que foi efeito a favor ou contra
os outros credores. Os atos praticados pelo credor declarante, de conformidade com o
art. 30 do Decreto-lei n. 7.661, tiveram eficácia para ele e para os outros credores,
inclusive, por exemplo, se venceu na interposição de recurso contra a admissão ou
classificação de crédito de outro credor, ou se foi vencido. Vindo a ser definitivamente
inadmitido, o que se apaga como se o ato dEle não tivesse sido praticado é a efiedeia
em relaç6~o a ele. Por isso, o julgamento da sua inadmissão não prejudica o recurso
que interpusera quanto a outro credor, ou qualquer intervenção sua em causa em que
seja figurante ou interessada a massa falencial.
Certamente, os credores que foram vencidos (em juízo extrafalencial), quanto à
existência do crédito, não podem impugnar. Mas as impugnações, na falência, são
dentro de prazo unitário e comum. Não há pensar-se em credores não admitidos se
ainda se está no período das impugnações e contestações. Ao ter o juiz de julgar os
créditos, para os admitir, ou não, todas as impugnações já ocorreram, O julgamento,
que os admite, ou que os não admite, não tem de apurar se os impugnantes foram,
depois, incluídos, ou não. Quando impugnaram, ou quando foram beneficiados pelas
impugnações de outrem aos outros créditos eram legitimados e continuam de ser
legitimados enquanto não se lhes retiram os favores legia dos arts. 30 e 87 do Decreto-
lei n. 7.661.
Se houve omissão do nome de algum credor, ou troca de nomes, pode o síndico, ou o
falido, ou outro interessado requerer a retificação e a nova publicação. Contra o credor,
cujo nome foi omitido, ou em lugar de cujo nome o de outrem figura, somente corre o
prazo de cinco dias para o recurso depois da nova publicação. Aliter, quanto aos
outros.
O processo do agravo de petição é o dos arts. 847-850 do Código de Processo Civil.
Se o juiz reforma a sentença, pode recorrer qualquer outro interessado, o síndico, ou o
falido, porque no ponto em que houve a reforma pode ter havido novo gravame. Se a
reforma foi total, o prazo somente começa a correr da publicação da decisão. Os arte.
848, parágrafo único, e 845, 5 79, do Código de Processo Civil são invocáveis pela
pessoa que fora agravada (o impugnante) e por outros quaisquer credores, ou pelo
síndico ou pelo falido.
O recurso é a respeito de cada crédito, separadamente.
Os créditos declarados e não admitidos e os créditos não admitidos são legitimados a
impugnar. (Evite-se falar de créditos excluídos e de créditos admitidos. O não-
admitido é pré excluído. Exclui-se o que estava no lugar, e tem de sair:
seria preciso ter sido admitido para que se pudesse falar de exclusão. O que lá não
estava ou se admite, ou não se admite.) O interEsse está em não ter sido admitido, ou
em só ter sido admitido parcialmente, Inclusive com reserva. Ou em que outrem tenha
CAPITULO VIII
certificar nos autos da declaração do crédito o que transitou em julgado, de modo que,
ao ter de certificar no titulo ou nos documentos a serem restituídos o
desentranhamento, a classificação e o valor do crédito, a certidão se refira à decisão na
ação rescisôria fhlencial.
Se, na ação rescisória falencial, o fundamento para a exclusão ou alteração foi ter
havido algum ato que ao juiz pareça constituir crime, tem file, por interpretação
analógica do art. 100, parágrafo único, 2.B parte, e por principio geral de direito
processual, de negar a restituição, até que se julgue, com absolvição, ou como
prescrita a ação penal.
As rationes Zegis do art. 100 e parágrafo único estão em só se abrir mão da
documentação autêntica quando não haja probabilidade de ser necessária à instrução
de ação penal. A ratio legis do art. 101 está em que a própria decisão do juiz ou
tribunal contém proposição que interessa à justiça penal, e dela e das provas em que se
baseou a decisão do juízo falencial, em primeira ou superior instância, precisa o órgão
do Ministério Público para o exercício das suas funções.
A providência que há de tomar o juiz ou o tribunal é Independente de ser recorrível ou
Irrecorrivel a sua decisão, ou decisão que reforme a decisão recorrida, é outra questão
quer-se qual a eficácia da decisão na Instância recursal no ante às atribuições do órgão
do Ministério Público
CAPITULO III
podem, pendente o prazo da falência, propor a ação do ad. 98, como credores
retardatários, que são. A sentença, trAnsita em julgado, que não incluiu, desfez toda a
eficácia da apresentação da declaração de crédito, de modo que é como se não tivesse
havido intempestiva declaração de crédito.
Ao credor declarante que não foi admitido somente se pode ir legitimação à ação do
arl. 98 se a decisão, que lhe vedou entrada na relação jurídica processual da falência
produz •julgada material, que obste à propositura da ação.
Se o credor declarante deixou, por exemplo, de pedir a declaração do seu crédito e o
juiz, por isso, não incluiu o crédito. decisão não tem eficácia de coisa julgada material.
Ficou-se n’eliminar. Se, em vez disso, o juiz admite o crédito, e a sena é modificada,
no agravo de petição, para atender o agravante, pode o credor propor a ação de credor
retardatário. Se foi próprio credor que pediu a classificação como credor, não com iso
real de garantia, ou com privilégio especial, ou geral, n como quirografário, ou que,
em lugar de se dizer credor direito real de garantia, ou com crédito especial, o fez o
credor com privilégio geral, ou, tendo direito real de garantia, aludiu a privilégio
especial, não pode ir contra a decisão que lhe reconheceu o que Ele pedira. Tantum
judio atum ttunt dis~putatura. O juiz não poderia dar mais do que se ra como
prestação jurisdicional. Pie eat judez ultra petita 11174.
Onde há coisa julgada material, não se pode ir contra ela. e não há coisa julgada
material, o credor retardatário tem a tutela jurídica e propõe exercer a prazo
conforme o ad. 98, quanto ao que ainda possa ser massa falencial, ou depois, encerrada
a falência, contra o que se integre ao patrimônio livre do devedor ou o que Me
adquiriu depois.
Há casos, portanto, em que se pode considerar retardatário o credor, a despeito de ter
declarado o seu crédito. Dai não caberem proposições a priori como as da Câmara
Cível da Relação de Minas Gerais, a 24 de março de 1920 (R. F., 28, 499) e da 1.
Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, a 3 de fevereiro de 1948 (.1?. dos
T., 173, 372).
CAPITULO IV
art. 798 do Código de Processo Civil se oferece, rescindivel é a decido; se sobre vem
alguns dos fatos mencionados no art. 150 do Decreto-lei n. 7.661, é resoltel a
concordata. A razão para a incolumidade das declarações de vontade às anulabilidades
por incapacidade, Erro, dolo, simulação, coisa a, fraude contra credores, está em que o
negócio jurídico da concordata foi coberto pela sentença, escapando, portanto, às
normas jurídicas que concernem aos atas processuais que não dependem de sentença e
aos que só têm sobre si sentença simplesmente homologatória. O art. 150 do Decreto-
-lei n. 7.661 nada tem com isso, apenas disciplinou, larga e minuciosamente, a
resolução da concordata.
No sistema jurídica brasileiro, concordata impetra-se, pede-se. Há “embargos à
concordata”, termo que examinaremos. mas no Tomo XXX. Há julgamento nos autos
conclusivos, ou em audiência , conforme o art. 144 ou o art. 145 do Decreto-lei n.
7.661. Não se poderia classificar a sentença cama simplesmente homologatória , posto
que na linguagem vulgar freqüentemente se fale de homologação da concordata.
ação7 rescisória falencial apanha quaisquer casos de inclusão contra a lei, uma vez que
se ignorasse a causa, ou o documento ou os documentos relativos ao pleito.
9.PRoCESSO. Lê-se no Decreto-lei n. 7.661, art. 99, parágrafo único, 1•a parte: “Esse
pedido obedecerá ao processo ordinário...
O autor tem o ánus de alegar e provar que não era conhecida, no processo falencial, a
causa de invalidade do titulo, ou de classificação ilegítima, ou a falsidade, ou o ser
diferente a importância do crédito (Tribunal de Apelação do Rio de Janeiro, 1.0 de
agasto de 1944, R. dos T., 151, 720: “A descoberta do vicio ou do documento há de ser
posterior à admissão do crédito no passivo, cabendo ao autor, ..., a prova dessa
descoberta posterior”).
O principio concerne a qualquer outro caso de ação rescisória falencial.
Por processo falencial entende-se qualquer processo que tenha de ser iniciado no juízo
falencial, inclusive a ação declaratória de ineficácia relativa e a revocatória falencial.
10. AÇÕES PENAIS. Diz o art. 101 do Decreto-lei n. 7.661: “O juiz ou tribunal que,
por fundamento de fraude, simulação ou falsidade, excluir ou reduzir qualquer crédito,
mandará, na mesma sentença, que o escrivão tire cópia das peças principais dos autos
e da sentença ou acórdão, a fim de ser, no prazo de dez dias, encaminhada ao
representante do Ministério Público, para os fins penais”.
O art. 101 tem de ser interpretado no sentido de ser exemplificativa a referência à
falsidade, à simulação e à fraude. Sempre que, julgando exclusão ou redução de
crédito, o juiz verifica que o ato pode ser crime, tem de dar ordem ao escrivão no
sentido de que se cogita no art. 101. Porém o art. 101 é rever. Ia o de principio geral.
Mesmo se não é caso de exclusão ou de redução de crédito, tem sempre o juiz falencial
de tomar a providência de encaminhamento da documentação se encontra elementos
de suporte fitico de regra jurídica penal, de que me irradie ação pública.
CAPITULO V
3.411. Generalidades
com direitos reais de garantia. II. Créditos com privilégio especial sobre determinados
bens. III. Créditos com privilégio geral. IV. Créditos quirografários”. No § 1.0
acrescenta-se:
“Preferem a todos os créditos admitidos à falência a indenização por acidente do
trabalho e os outros créditos que, por lei especial, gozarem essa prioridade”. O inicio
do art. 102 poderia levar a equívocos se o não interpretássemos em consonância com o
art. 125: à primeira vista, parece que se puseram antes de todas as classes de créditos
que se vão mencionar no art. 102 “os encargos e dividas da massa”, o que é verdadeiro
a propósito das classes do art. 102,111 e IV”; porém não no que tange às classes do art.
102, 1 e II, pois o art. 125 somente estatui que se descontem do produto dos bens
gravados de direitos reais de garantia e do produto dos bens sujeitos a privilégio
especial “as custas e despesas da arrecadação, administração, venda, depósito ou
comissão do síndico, relativas aos mesmos bens”. Assim, no tocante aos créditos
garantidos com direito real de garantia e aos créditos munidos de privilégio especial,
não há dedução de custas judiciais do processo de falência, nem dos seus incidentes e
das ações em que a massa for vencida (art. 124, § 1.0, 1); nem das quantias fornecidas
à massa pelo síndico e pelos credores, salvo se para as custas e despesas de que fala o
art. 125 (art. 124, § 1.0, II); nem das despesas com a arrecadação, administração,
realização do ativo e distribuição do seu produto, inclusive a comissão do síndico (art.
124, § 1.0, III>, pois não dizem respeito ao bem gravado ou afeto ao privilégio
especial; nem das despesas com a moléstia e o enterro do falido que morreu na
indigência, no curso do processo (art. 124, § 1.0, IV); nem dos impostos e mais
tributos de que fala o art. 124, § 1.~, V; nem das indenizações por acidente do trabalho
que, no caso de continuação de negócio do falido, se tenha verificado nesse período
(art. 124, § 1.~, VI); nem das chamadas dividas da massa (art. 124, § 2.0, 1-111).
Os impostos e outros tributos que recaem sobre o bem gravado, ou sobre o bem sujeito
a privilégio especial, esses, pela incidência no bem, lhe apanham o valor, de modo que
têm de ser deduzidos desse, antes de se solverem as dividas garantidas com direito
real, ou especialmente privilegiadas. Mas, enquanto não se solvem tais dividas, não se
distribui o restante.
crédito, a técnica jurídica fé lo, em sua natureza, gravame no bem, gravame do valor
do bem, ou, melhor, do bem em seu valor. Quaisquer privilégios e quaisquer
prioridades que não sejam de incidência no bem como valor o deixam incólume. O
próprio acidente do trabalho com o uso do bem não fere o direito real de garantia,
porque o acidente do trabalho se passa entre a empresa e o trabalhador, e não entre o
bem e o trabalhador.
Resta o problema concernente aos créditos com privilégio especial. ~ Passa à frente
deles o crédito de que fala o art. 102, § 1.0, crédito não dotado de privilégio especial,
como é o do art. 759, parágrafo único, do Código Civil? ~ O crédito segundo o art.
102, § 1.0, vem à frente de quaisquer outros créditos privilegiados, pois, tratando-se de
encargo da massa, a lei exatamente no art. 124, § 1?, VI, deu tal categoria à
indenização por acidente do trabalho que, “no caso de continua$o do negócio do
falido, se tenha verificado neste período”? Há, portanto, consonância entre o art. 124,
§ 1.~, VI, e o art. 102, § 1.~.
Há certa sutileza que merece Toda a atenção. No art. 124, § 1.0, VI, a regra jurídica
tem menor abrangência do que a da regra jurídica contida no art. 102, § 1.~. Por outro
lado, não se disse, no art. 102, § 1.’>, que Todas as indenizaç6es por acidente do
trabalho são encargos da massa. Encargos da massa são apenas “as indenizações por
acidente do trabalho, que, no caso de continuação de negócio do falido, se tenha
verificado nesse período” (art. 124, § 1.~, VI). As outras, não. As que não se referem a
pretensões nascidas com a continuação do negócio, de modo nenhum. Por isso
mesmo, as outras apenas se pagam antes de se pagarem os créditos admitidos à
falência. Nem o que se há de pagar como indenização por acidente do trabalho
ocorrido antes da decretação de abertura da falência, nem o que se há de pagar como
indenização por acidente do trabalho ocorrido depois de cessar a continuação do
negócio entram na classe dos encargos da massa. O problema que pode surgir é o de
acidente do trabalho por ocasião dos atos de arrecadação, administração, realização do
ativo e distribuição do seu produto, de que fala o art. 124, § 19, III, mas esse acidente
do trabalho é despesa “cOm a arrecadação, administração, realização do ativo e
distribuição do produto”; portanto, encargo da massa.
Das considerações que acima fizemos é de concluir-se, rigorosamente, que todos os
encargos da massa e todas as despesas da massa têm de ser feitas antes de se cogitar do
pagamento das indenizações por acidentes do trabalho, salvo se as indeniza.. ações
por esses acidentes do trabalho cabem nas despesas de que fala o art. 124, § 1.0, XII,
ou são as de que especialmente cogita o art. 124, § 1.0, VI.
“Não bastando os bens da massa para o pagamento de todos os seus credores, serão
pagos os encargos antes das dividas, fazendo-se rateio, em cada classe, se necessário”.
O assunto mais pertence aos Capítulos III-V da Parte VIII, sobre os pagamentos aos
credores da massa e da falência.
é que, antes dos outros créditos, se solva a dívida fiscal. Se o imposto ou outro tributo
incide sobre o bem gravado, os direitos reais, inclusive os direitos reais que não são
direitos reais de garantia, tem de sofrer a incidência; mas seria ofensa frontal aos
direitos adquiridos se os direitos reais, incluídos os direitos reais de garantia, fossem
atingidos pela execução de futuras dividas, ainda mesmo as fiscais, do dono do bem.
No patrimônio do dono do bem gravado de direito real limitado, inclusive os de
garantia, somente está o direito de propriedade menos o direito real. Se o direito real
não é de garantia, a execução pela Fazenda Pública, por dívida do dono do bem, não
pode atingir o que não é dele: o direito real. O direito real está sujeito às execuções por
dívidas, fiscais ou não, do titular do direito real. Se o direito real é de garantia, o valor
do bem, e não o uso, o fruto, ou a habitabilidade do bem, é que está adstrito à
gravação; de modo que as dívidas fiscais, que recaem no bem, lhe detratam parcela de
valor, com o que sofrem o titular do direito de domínio e o titular ou os titulares do
direito real de garantia. Aí, o bem é atingido e, com Me, os direitos sobre Me, reais ou
não. A distinção é ineliminável; e sempre a proclamou a jurisprudência. Quando se põe
em hasta pública, nos executivos fiscais, por dívidas do dono, o bem gravado, o que se
aliena é o domínio, e não o direito real. Se acaso se põe no concurso o direito real que
pertence a outrem, invade-se o patrimônio de outra pessoa, que pode vir com os seus
embargos de terceiro. A arrecadação de bens gravados é, em verdade, por elipse,
arrecadação de domínio sobre bem, a respeito do qual há direito de outrem. A Fazenda
Pública não entra em concurso de falência, porém não pode arrecadar o que não é do
devedor.
A propósito dos direitos reais de garantia, o que se tem de frisar é que eles são direitos
reais sobre o valor. Quaisquer dividas fiscais do dono, que sejam anteriores à
constituição do gravame, podem ser executadas e pagas com o produto do bem, sem
qualquer detração. Se as dívidas foram posteriores ao gravame, não; porque a lei não
diz isso e, se o dissesse, seria contrária à Constituição de 1946, art. 141, §§ 8.~ e 16.
No Decreto-lei n. 960, de 17 de dezembro de 1988, art. 60, está dito que “a Fazenda,
na cobrança da sua divida ativa, não está sujeita a concurso de credores, nem a
habilitação de crédito em falência, concordata, ou inventário”; e no parágrafo único, 1a
- parte, acrescenta-se: “A dívida da União prefere qualquer outra em todo o território
nacional . O direito real de garantia persiste em sua incidência e não poderia ser
atingido pela divida fiscal posterior, porque tal invasão seria no patrimônio de quem
não é o devedor. Não se há de dar ao ml. 60 e seu parágrafo único do Decreto-lei n.
960, nem ao art. 1.0, parágrafo único, do Decreto n. 22.866 interpretação que faria ruir
grande parte do sistema jurídico. Se o imposto ou tributo é de incidência no bem,
como todo, é o bem e, pois, o seu valor que se apanha com o crédito fiscal. Se é só de
incidência no domínio, incólumes ficam os direitos reais. Se é só de incidência em
direito real limitado, o domínio escapa à incursão fiscal.
em última análise, é o valor. O bem tem de ser vendido, para que com o seu produto se
solvam as dividas do dono do prédio, ou do enfiteuta que deu ensejo ao gravame da
enfiteuse. Se o concurso de credores fosse do titular do direito real de garantia, a
execução forçada celetiva seria sobre o direito real de garantia. Se o concurso de
credores é do outorgante ou sucessor do outorgante do direito real de garantia, seria
difícil vender..se o domínio e vender-se, separadamente, o que corresponde ao direito
real de garantia, posto que tal operação não seja impossível. Uma vez que o direito real
de garantia consiste na extraibilidade do valor com que se adimpla a obrigação, o
caminho mais adequado é o da venda do bem para se solverem a divida ao titular do
direito real de garantia e as outras dívidas. Daí ter de ser arrecadado o bem em seu
todo e apurado o que vale, para se. atender ao titular do direito real de garantia e aos
outros credores. O que custa à arrecadação do bem gravado em garantia, o que custa a
administração do bem gravado em garantia, o que custa a venda do bem gravado em
garantia, o que custa o depósito do bem gravado em garantia e a comissão do síndico
no tocante a esse bem são dívidas que hão de sair do valor do bem e, pois, do seu
produto. Após a satisfação delas, é o crédito do titular do direito real de garantia que
tem de ser satisfeito. Não se trata de privilégio; direito real de garantia não é
privilégio. Se alguém o síndico, ou o credor, ou outrem prestou o necessário às
despesas, tem direito ao reembolso.
Se a ação executiva real já fora intentada e apenas faltava efetuar-se a venda do bem
gravado de direito real de garantia, não há despesas de arrecadação e de administração
que possam ser exigidas. Se a venda já se fez , o que se há de levar ao concurso de
credores é o que resta das custas e despesas feitas e do que se prestou para solução da
dívida garantida com direita real de garantia.
4.SALÁRIOS DE TRABALHADORES AGRÍCOLAS. Lê-se no art. 759, parágrafo
único, do Código Civil: “Excetua-se desta regra” a regra jurídica de excussão do bem
hipotecado sem se atender a outros créditos “a dívida proveniente de salários do
trabalhador agrícola, que será paga, precipuamente a quaisquer outros créditos, pelo
produto da colheita para a qual houver concorrido o seu trabalho”. O art. 125, § 8.~, do
Decreto-lei n. 7.661 atendeu à regra jurídica que se inserira no Código Civil: “A dívida
proveniente de salários do trabalhador agrícola será paga, antes dos créditos
hipotecários ou pignoratícios, pelo produto da colheita, para a qual houver aquele
concorrido com o seu trabalho”. Já antes era principio acolhido pelo Decreto n. 6.487,
de 27 de março de 1907 (cf. Lei n. 1.150, de 5 de janeiro de 1904, e Lei n. 1.607, de
29 de abril, Tomo XX, §§ 2.423, 2, 2.642, 1, e 2.559, 1.
A ratio legis é perfeita. A colheita desprende os frutos a faz deles bens móveis. Á
mobilização permite que a especialização do privilégio se dê. Se o direito real é de
enfiteuse, usufruto, uso ou habitação, não há pensar-se em cobrança de lívida do dono
do bem, pois que responsável pelos salários o usufrutuário, o usuário, ou o habitador.
Se o direito real é de hipoteca, ou de penhor, o uso e os frutos, são do dono do bem, a
não se compreenderia que não tivesse privilégio, no que se refere à colheita, o credor
do dono do bem hipotecado, ou empenhado. Se o direito real é de anticrese, só se pode
pensar em trabalhador agrícola que o anticresista pôs a seu serviço.
Conforme está claro, o art. 759, parágrafo único, do Código Civil trabalha por fora do
valor do bem, quer se trate de domínio, quer de direito real limitado. Só se refere à
colheita. Ora, colheita é à parte do bem, o valor da colheita é à parte do valor do bem.
O salário do trabalhador agrícola tem privilégio to tocante à colheita. Sobre o valor do
bem têm de ser pagos os créditos de quem tem direito real de garantia. Depois de
prensado o que se destinou ao direito real de garantia, então, se não arrastou para a
extinção dessa dívida garantida com direito real, que se vai contra o produto da
colheita (= o valor da colheita). 43, sim, o trabalhador agrícola tem de ser pago antes
de se atribuir qualquer parcela do apurado ao credor com direito real de garantia.
pouco, que a hipoteca judiciária não tem grau. que é preciso é não se confundir com a
efiodeja do direito real garantia a eficácia de judiciária com o registro pode ser
oposta a terceiros, sem ar preferência. Não diz que a hipoteca privilégio. Nas
Ordenações Filipinas, ro 1711, Titulo 84, § 14, a hipoteca judiciária era automática.
sistema jurídico de hoje, não: há direito formativo gerador direito real de hipoteca, que
resulta do exercício daquele. hipoteca judiciária não estabelece privilégio, mas é
hipoteca. Aliás, nenhuma hipoteca cria privilégio. Como a hipoteca judiciária é
oriunda de direito formativo gerador, a lei foi lícita em afastar que se pudesse ver na
hipoteca judiciária eficácia de tornar privilegiado, geral ou especialmente, o crê que o
não era.
10. ANTICRESE. O credor com direito real de anticrese tem direito a perceber os
frutos e rendimentos, para se ir pagando da divida de interesses (anticrese
compensativa), ou da divida de capital e da dívida de interesses (anticrese extinta>. O
anticresista como que adimple a si mesmo, em lugar do devedor ou do constituinte da
anticrese <Tomo XXI, §§ 2.617-2.632). Se a anticrese é somente compensatória, não
se diz quais os juros, e o uso e a fruição compensam a dívida deles. Se a anticrese não
é extintiva do capital e se determinaram os juros, pode ser exigida a prova do valor do
CAPITULO VIII
12. (a) PENHORES. Quer o penhor seja com entrega da posse imediata, quer não, há
direito real de garantia. Como direito real de garantia, é que tem de ser tratado no
direito concursal civil ou comercial. Se tem eficácia real a constituição do penhor, não
há diferença entre os penhores . A lei comum ou a lei especial é que responde a essa
questão prévia.
O art. 772 do Código Civil estatui: “O credor pignoratício não pode, paga a divida,
recusar a entrega da coisa a quem a empenhou. Pode retê-la, porém, até que o
indenizem das
despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa
sua” (Tomo XX, § 2.579, 3, 4). Ai, há, tipicamente. direito de retenção (Tomo XXII, §
2.738, 2).
(Tomo XX, § 2.572). O que faz a dependência é a situação das máquinas e aparelhos.
Se houve assentimento do locador, tudo se passa segundo os princípios. Para a venda
dos objetos sujeitos ao penhor industrial, se não assentiu na sua constituição o locador,
têm de ser vendidos, antes, os outros bens sujeitos à pretensão à constituição do
penhor legal e os objetos dados em penhor ou caução ao locador <penhor
convencional ou caução convencional), ou em hipoteca ou anticrese. O credor com
garantia de penhor legal é terceiro interessado (Código Civil, art. 985, III), para
adimplir a obrigação do locatário impontual, dando-se a sub-rogação pessoal. O
inadimplemento de obrigações do locatário que possa resultar em execução dos bens
sobre que recai o penhor industrial é causa para resolução do negócio jurídico entre o
locatário e o credor garantido com o penhor industrial.
1. CONCEITO. Créditos com privilégio especial são os créditos a que a lei conferiu a
eficácia de incidência em determinado bem. A especialidade é por sua privilegiação
em relação à coisa.
Conforme melhor diremos ao termos de tratar da liquidação do passivo e de
conformidade com o que foi dito a propósito dos privilégios (Tomo XXVII, §§ 8.235-
3.255), os créditos especiais apanham o bem e, se o bem não basta, de regra perduram
como créditos quirografários.
Há certa parecença entre os créditos com privilégio especial e os créditos com direito
real de garantia. Porém aqueles não geram direito real.
CAPITULO VIII
No direito real de garantia não há privilégio. O que toca ao titular do direito real, de
garantia já é dele e tem-se de extrair do bem, isto é, do valor do bem. O dono do bem
gravado de direito real de garantia não deve; o valor, a que se refere o ato de
constituição do direito real de garantia, já é do titular do direito real de garantia. Por
isso mesmo, o devedor da quantia pode ser outra pessoa; então, por exemplo, E é dono
do prédio gravado de hipoteca, portanto dono de prédio menos o valor da hipoteca, e
quem deve é C, a A, credor de C e titular do direito real que grava o prédio de B.
Quer a respeito dos privilégios especiais quer a respeito dos privilégios gerais, o
principio de fontes e interpretação das leis é o de não caber interpretação por analogia
ou extensiva 28 de janeiro de 1949, A. 1., 94, 257, a propósito de “depósito” bancário,
que não se pode considerar verdadeiramente depósito). Privilegia aunt stricti juris.
Nem cabe convenção dos figurantes para se estabelecer privilégio especial ou geral
(1.8 Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, 12 de agosto de 1946, R. F.,
111, 160).
O art. 621 do Código Civil não é óbice à aquisição da propriedade sobre o bem que
está na posse de outrem. O que lá se diz é que a posse mediata pode ser adquirida pela
cessão da pretensão à entrega, e o art. 621, parágrafo único, faz explícito que, então, a
aquisição da posse mediata, dita indireta, “equivale à tradição”. Reduzir o adquirente a
mero cessaonário do possuidor mediato, sem adquirir, em verdade, a propriedade,
destoa da teoria da posse segundo o Código Civil. O que se opõe é o direito de
domínio, com a pretensão à restituição, que diz respeito à posse.
L Qual a posse que há de ter o que se diz com direito de retenção? O problema não
tem importância somente nos casos de transferência do crédito de que nasce o direito
de retenção. O que se pode reter é a posse que se tem e com a entrega da qual se
liberaria do seu débito o credor retentor. Primeiramente, é preciso a) que seja devedor
ao outro devedor o credor desse e b> que tenha consigo o bem com que satisfaria ao
outro credor. Se houve assunção de dívida alheia e ao mesmo tempo cessão do outro
crédito, os pressupostos estão atendidos na pessoa do assuminte e cessaonário, desde
que os dois negócios jurídicos sejam eficazes em relação ao credor-devedor.
Se, com a cessão do crédito pelo qual se tem direito de retenção, também se transfere a
posse da coisa pretenda, o que supõe assunção de divida alheia, a situação para o
cessaonário é a mesma que existia para o cedente. A controvérsia, a resocedente
continua com posse da coisa pretenda, abaixo do cessaonário, sim. Não, se isso não
ocorre. As afirmações de ENOLDO MEDEIROS DA FONSECA <Direito de
Retenção, 3.~ ed., ~78) e TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE (Comentários à
Lei de Falencias, 100) são de repelir-se. É preciso que o credor tenha posse do bem
que se retém, com eficácia para o credor a que e opõe a execução. É preciso que o
cessaonário tenha de prestar tenha direito à prestação. Não se pode opor exceção do
direito le retenção se não se é o devedor e o credor. Ora, essas qualidades são
qualidades que ocorrem no mundo jurídico, e não no mundo fático, em que se dá a
posse. Sem se ser devedor credor, não se tem direito de retenção; de modo que a
cessão do crédito contra a pessoa a quem se teria de prestar não basta: é preciso que as
duas qualidades se transfiram.
A posse, que se tem de prestar, pode ser a posse imediata, u a posse mediata, a posse
imprópria ou a posse própria. Tanto em direito de retenção o possuidor próprio pleno,
a que o dono dirige a entrega da coisa, como o locatário, ou o sublocatário. e, por
exemplo, o crédito por benfeitorias deriva da posse mesma, tal crédito é contra quem
quer que haja pretensão reivindicatória, ou vindicatoria , ou de restituição. Idem, se
origina de situação real do possuidor (e. g., usufrutuário, usuário, ou habitador, a que
cessou o usufruto, o uso ou a habitação). O ad. 516 do Código Civil é expressivo e só
tem como pressupostos do direito de retenção e, pois, do privilégio especial a posse, o
haver benfeitoria necessária ou útil e a boa fé o possuidor, O possuidor de má fé tem
pretensão à indenização das benfeitorias necessárias, porém sem direito de retenção
portanto, sem privilégio especial. No plano do direito das obrigações fora, em
conseqüência, do plano do direito concernente à posse, que é poder Láctico os
pressupostos são os mesmos (Código Civil, ad. 873: “Se para o melhoramento, ii
aumento, empregou o devedor trabalho, ou dispêndio, vigorará o estatuído nos arts.
516 a 519”).
Durante o concurso de credores, civil ou falencial, o credor que tem o direito de
retenção não pede esse direito (= o direito e retenção não se transforma em privilégio
especial). O credor exerce o jus retentionie sobre o bem até que chegue o momento
e se proceda à venda dele, conforme a lei (Decreto-lei a. 7.661, ad. 120). Não cessa,
com isso, o direito de retenção, porque a posse imediata, que o credor tinha, se
mediatizou e passou ao síndico a posse imediata.
Sempre que a venda possa ocorrer sem se retirar a posse do retentor, a melhor solução
é só se retirar a posse imediata do devedor-credor no momento da entrega do bem ao
adquirente.
Se o retentor anui em que se entregue o bem ao síndico, com a ressalva do direito de
retenção, o juízo falencial não pode entregar o bem ao adquirente sem que se pague,
CAPITULO VIII
incide no bem, de modo que o beneficio seja incremento do valor, nem por isso o
crédito do beneficiante passa à frente do direito real de garantia, porque rege o
princípio dos arts. 102, 1, e 125 do Decreto-lei n. 7.661, salvo se houve o consenso do
devedor e do credor com direito real de garantia a que se refere o art. 1.564 do Código
Civil. Não há, no direito brasileiro, a regra jurídica do ad. 2.756, alínea 2.8, do Código
Civil italiano (“II privilegio ha effetto anche in pregiudizio dei terzi chê hanno diritti
suíla cosa, qualora chi ha fatto le prestazioni o le spese sia stato in buona fede’9. A
solução italiana aparece como resultado de confusões doutrinArias entre direito real e
privilégio especial, e a alusão à boa fé é expressiva e de certo modo funde e confunde
as duas regras jurídicas que o sistema jurídico brasileiro não funde nem confunde, a do
ad. 1.566, III, do Código Civil e a do ad. 102, § 2.0, III, do Decreto-lei n. 7.661.
1. CONCEITO. Créditos com privilégio geral são os créditos que, deduzido do valor
do crédito o valor com que se satisfazem os créditos com direito real de garantia e os
créditos com privilégio especial, têm de ser satisfeitos com o restante, antes dos
outros. No Tomo XXVII, expusemos quais são.
como não é contra direito acordo entre exeqüente e executado sobre liquidação, não
fere os princípios a entrega da liquidação ao juízo falenciál, se o síndico ou o falido
não se opõe a que a liquidação se faça fora da Justiça do Trabalho. i» Se já se iniciara a
penhora pela Justiça do Trabalho, a suspende-se para que se subordine o crédito ao
juízo falencial A resposta há de ser afirmativa, porque a penhora já é ato de constrição
e, ex kypothesi, passou a ser celetiva a execução forçada. Quer no juízo concursal civil
quer no juízo concursal falencial, ou nas liquidações coativas, ou voluntárias, a
execução forçada atrai as outras execuções, salvo incidência do art. 24, § 1.0 ou § 2.~,
do Decreto-lei n. 7.661, e o caso da questão não está em qualquer deles.
Em todo caso, há quaeatio facti, que é a de ser exposto, pela apresentação das
declarações de crédito, ou pelas relações de credores, ou pela propositura da ação do
art. 98 do Decreto-lei n. 7.661, a rateio o crédito, a despeito de ser garantido com
direito real ou ter privilégio especial ou geral (Tomo XXVIII, § 8.331, 3).
Desde que se caracterize a necessidade de rateio, somente o juízo falencial pode ratear;
portanto, ao concurso de credores falencial é que se há de entregar a satisfação, mesmo
se está em causa execução real ou se o crédito de que faz execução é privilegiado.
Adiante, n. 3.
CAPITULO VI
INQUÉRITO JUDICIAL
judicial.
Os credores e o órgão do Ministério Público podem fazer quaisquer requerimentos que
o síndico pode fazer.
Pode o sindico, como o credor ou o órgão do Ministério Público, requerer a prisão
preventiva do acusado (Código de Processo penal, art. 818).
6.CRIMES DE FALÊNCIA . Falir não é crime. Crime pode ser a causa da falência ou
crimes podem ser as causas decretação da falência. Crimes falenciais do falido ato,
pois, crimes que se ligam às causas da falência, ou à conduta do falido.
Há crimes falenciais que não são do falido. Pode cometê-los ~redor ou pessoa
estranha. Fade cometê-los funcionário da justiça. O juiz, a Orgia do Ministério Público
podem cometer-los.
A competência para o processo e julgamento do juiz e do• órgão do Ministério
Público e o processo respectivo são conforme os princípios do art. 124, IX, da
Constituição de 1946 e as regras da legislação especial (Lei n. 1.079, de 10 de abril le
1950) e da lei de organização judiciária da entidade estatal interna.
A investigação das causas da falência pelo sindico há de ter a precisão de que a
frustacao econômico-financeira do sindico seja capaz. A lei só lhe exige o que ele
possa chegar a conhecer e expor. Passa-se o mesmo, a respeito de atos do devedor,
antes e depois da falência, que se hajam de considerar ligados à situação do devedor.
Há falências em que nenhuma causa da falência foi oriunda de ato ou omissão do
devedor.
Outras, em que somente se criou a emergência da falência com atos e omissões do
falido (e. g., perdas em jogo pelo falido>).
Alguns atos ou omissões do falido podem configurar crimes. O art. 103 do Decreto-lei
n. 7.661 dá ao sindico o dever de especificar os atos ou emissões que possam ser tidos
como crimes falências, apontando os responsáveis e, a propósito de cada um, o texto
de lei que se há de aplicar.
Porém o dever do síndico vai mais longe: pode o crime não ser, propriamente , ligado
à falência; quer dizer, o ato ou omissão pode ser crime por si mesmo,
independentemente, portanto, de ter sido decretada a falência, ou se não veio a ser
levado a cabo o procedimento falencial (e. g., foi reformada a sentença que decretou a
falência, sobreveio concordata suspensiva que se cumpriu). O síndico tem de apontar o
CAPITULO VIII
ato ou omissão que compõe a figura do Código Penal ou de lei penal especial
(Decreto-lei n. 7.661, art. 192: “Se o ato previsto nesta lei constitui crime por si
mesmo, independentemente da declaração da falência, aplica-se a regra do art. 51, §
1.0. do mediante urna sé ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, a que se
cominam penas restritivas da liberdade, impõe se lhe a mais grave, ou, se idênticas,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e as
crimes concorrentes resultam de designos autônomos”).
Se o síndica, o credor ou o órgão do Ministério Público somente encontra crime
comum, e não falencial, cabe inquérito policial, e não inquérito judicial, de modo que
se há de requerer a abertura do respectivo inquérito policial, ou, de ofício, o requisita o
juiz da falência, pois que lhe falta, ex hypotkesi, qualquer competência para o inquérito
judicial.
O inquérito policial sempre necessário se o mesmo ato ou omissão configura dois
crimes distintos, só um das quais é falencial. Cf. Código de Processo Penal, sais.
4.o~23.
O sindico tem de indicar os autores dos crimes falenciais, seja o falido, seja pessoa que
se lhe equipare (Decreto-lei n. 7.661, artg. 37 e 191), ou quem quer que, estranha ao
processo da falência, haja praticado crime previsto pela lei de falência, sejam autores
ou co-autores (Código Penal, ad. 25).
foram produzidas as que se requereram, os atos vão com vista, por cinco dias, ao órgão
do Ministério Público. Ou o órgão do Ministério Público dá dente contra os acusados
(o falido ou outrem), ou requere que se apensem aos autos da falência os autos do
inquérito judicial. Todavia, oferecida a denúncia ou uso oferecida, OS autos não são
desde logo conclusos ao juiz: ainda permanecem em cartório, por três dias, durante OS
quais pode oferecer queixa o síndico ou Qualquer credor. Só então os autos sãO
conclui ao juiz.
Diz o art. 108, parágrafo único: “Se o representante do Ministério Público não oferecer
denúncia, 0s autos permaneceram em cartório pelo prazo de três dias, durante os quais
o síndico ou qualquer credor poderão oferecer queixa”.
A denúncia ou a queixa tem de satisfazer as exigências do art. 41 do Código de
Processo Penal: “A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificar, “a classificação do crime, quando necessário, o rol das
testemunhas”.
A queixa pode ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do
instrumento de outorga o nome do requerente e a menção do fato criminoso (Código
de Processo Civil, art. 44).
Se o órgão do Ministério Público, em vez de apresentar denúncia, requerer a
compensação do inquérito judicial aos autos da falência, e nenhum credor, nem o
síndico dá a queixa, pode o juiz que não se viu..’ tornar a remessa dos autos ao
procurador Geral. Esse oferece a denúncia, ou designa órgão do Ministério Público
que a dê.ou entende que não havia razão para se denunciar alguém (Código de
Processo penal, art. 2o).
O juiz ou recebe a denúncia, ou a queixa, ou não a recebe { = ou a rejeita). Se a rejeita.
cabe recurso, no sentido estrito <Código de Processo Penal, art. 581, 1), par5 o
Tribunal de Justiça, ou para outro órgão , conforme a lei de 0rganização judiciária.
Se o juiz recebe a denúncia ou a queixa, são os autos do inquérito judicial
imediatamente remetidos ao juiz criminal competente. para que prossiga a a$o penal.
despacho de recebimento, como o de rejeição da denúncia ou da queixa, tem de ser
fundamentado.
No Código de Processo Penal, art. 43, estatização “A denúncia ou queixa será rejeitada
quando: 1, o fato narrado evidentemente não constitui crime; II, já estiver extinta a
punibilidade, pela prescrição ou outra causa, for manifesta a ilegitimidade da parte ou
faltar condição rejeitada pela lei para o exercício da ação penal. No art. 43, parágrafo
o único <‘Nos casos do n. III, a rejeição da denúncia ou da queixa não obstará O
exercício da ação penal, desde que promovida pela parte legitima ou satisfeita a
condição.
A essas regras jurídicas remete o art. 113 do Decreto-lei n. 7.661: “A rejeição da
denúncia ou da queixa, observado o disposto no art. 48 e seu parágrafo único do
Código de Processo Penal, não impede o exercício da ação penal (ad. 194), quer esta
se refira aos mesmos fatos nela argüidos quer a fatos destes distintos”. No parágrafo
único do art. 113 do Decreto-lei n. 7.661 acrescente se “O recebimento da denúncia ou
da queixa, nesses casos, obstará à concordata”. Quer dizer:o recebimento da denúncia
ou da queixa, no juízo penal comum, não suspende o exercício da pretensão à
concordata suspensiva.
Note-se bem:
a)Se o juiz da falência recebe a denúncia ou a queixa contra o falido, o pedido de
concordata suspensiva não pode ser deferido. Está isso, claramente, nos arts. 111 e 177
do Decreto-lei n. 7.661. ia mas a recebeu o juiz do crime, não há efeito de se suspender
o exercício da pretensão à concordata suspensiva. É o que se lê no art. 118, parágrafo
único.
A eficácia suspensiva só a tem a decisão no juízo da falência.
Quanto à condenação no juízo criminal, sim: com a sua eficácia, extingue-se a
pretensão à concordata suspensiva, como se extinguiria a pretensão à concordata
CAPITULO VIII
simples inspeção nos arquivos do falido, ou pelo que consta dos autos da falência, o
juiz de destitui-lo. É o que está no art. 110 do Decreto-lei 7.661: “Recebida a denúncia
ou queixa por fato verificável diante simples inspeção nos livros do falido, ou nos
autos,omitido na exposição do síndico, o juiz o destituirá por despacho proferido nos
autos da falência”.
O síndico tem de designar perito contador que apresente ido sobre a contabilidade
(Decreto-lei n. 7.661, art. 63, V), rn que documentará pontos da sua exposição (art.
103, § 1.0). foi o laudo que levou o síndico à erronia que ele cometeu,
responsabilidade do perito, mas isso não afasta que seja destituído, segundo o art. 110,
o síndico, se mal escolheu perito-contador, ou se o que o levou à erronia seria evitado
m simples inspeção dos livros do falido ou dos autos.
Do despacho de destituição cabe agravo de instrumento Decreto-lei n. 7.661, art. 66, §
2Y).
Parte VIII. Liquidação concursal
1.AÇÃO DO SÍNDIcO. Supõe-se, conforme antes se disse, que não tenha havido, no
prazo legal, pedido de concordata suspensiva, ou que, se o houve, que o juiz o tenha
indeferido, bem como não ter ocorrido destituição do síndico por omissão no relatório
(Decreto-lei n. 7.661, art. 110).
O síndico fica investido dos poderes de liquidação desde o momento em que se
publique o aviso de início da liquidação, se não foi indicado outro dia a quo. Porque o
despacho do juiz apenas é para marcação do prazo da liquidação, isto é, do diu ad
quem. Sem razão, TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE (Comentários & Lei de
Falências, II, 128).
falida, dar ensejo a ação promovível no juízo falencial, com recursos previstos em lei,
e na falta de recurso ou de ação à ação de mandado de segurança. O juízo felizmente
tem poderes de cognição e de execução até onde, conforme os princípios, vai o
penhoramento abstrato.
A responsabilidade do síndico e do órgão do Ministério Publico, ou, até mesmo, do
juiz, começa de onde começa a impetibilidade abstrata dos bens. A arrecadação de
bens marre-veia pode suscitar responsabilização.
CAPÍTULO II
é sucessão (cf. Decreto-lei n. 5.452, de 1.0 de maio de 1943, arta. 448 e 449). Ai, passa
à frente a figura da cessão do patrimônio , e não só do ativo. O pessoal da empresa
também é valor. Aliter, se só se vendeu o ativo do estabelecimento, consistente em
bens corpóreos.
O contrato de locação é ligado ao estabelecimento, e não à pessoa do locatário, que
pode mudar se o estabelecimento passa a outrem. Assim, se o falido tinha dois
estabelecimentos, a venda de um deles pode ser com o respectivo contrato de locação.
Áliter, se a locação é apenas para depósito de empresa que tem a sede alhures, porque
ai não há pluralidade de estabelecimentos.
Se o contrato de locação apenas pode ser cedido, por força de disposição contratual, a
transferência há de ser em leilão público, ou por meio de propostas.
5.CÓDIGO CIVIL, Ar. 1.106. Diz o Código Civil, 1.106, que, se o bem foi vendido
em hasta pública, não e ação redibitória, nem a de abatimento no preço (ação ~zti
minoris). A regra jurídica incide em se tratando de leilão público segundo o Decreto-
lei n. 7.661, art. 117; aliter, nas vendas por meio de propostas (art. 118).
e abertas pelo juiz, no dia e hora designados nos anúncios, perante o síndico e os
interessados que comparecerem, lavrando o escrivão o auto respectivo, por todos
assinado, e juntando as propostas aos autos da falência”. Lê-se no § 29i “O síndico, em
vinte e quatro horas, apresentará ao juiz a sua informação, indicando qual a melhor. O
juiz, ouvindo, em três dias, o falido e o represente do Ministério Público, decidirá,
ordenando, se autorizar venda, a expedição do respectivo alvará”. Ressaltam a forca
institutiva de tal despacho, a forte dose de condenatoriedade a eficácia mediata de
declaratividade. Temos, pois, ~~“‘ dernstitutividade, * * * * de condenatoriedade, e *
* * de declaravidade; vêm, depois, ** de executividade e * de mandamenilidade.
Temos:
A)CARTA DE ARREMATAÇÃO
§ 3.091, 9.
A ação executiva real é de propor4e no juízo falencial. e não alhures.
Mais uma vez frisemos que o restante da divida, se o preço alcançado não a cobre,~ é
crédito quirografário, salvo se o crédito que se garantira com o direito real era
privilegiado genial ou especialmente.
wrque exerceu a sua pretensão executiva real por não ter sido notificado.
A propositura da ação executiva real pelo credor impede notificação da venda, em
leilão, pelo síndico.
Assim, nos trinta dias que tem o síndico, para notificar credor com direito real de
garantia, com a indicação do lia e hora em que se há de realizar a venda, pode Esse
propor ação executiva real. Enquanto o credor com garantia real não propõe a ação
executiva real, cuja exercitabilidade não mais está suspensa, o síndico pode notificá-lo,
com a indicação da data e hora da venda. A ação executiva real, que fosse proposta, já
encontraria em fase adiantada a execução real, seria supérflua.
A ação executiva real tem de ser proposta no juízo da falência (Decreto-lei n. 7.661,
art. t0, § 2.0). Se, antes da abertura da falência, já havia sido proposta a ação executiva
real, tão fica suspensa, até o encerramento da falência, como as demais execuções,
porque a elas concerne o art. 24, § 2.0, 1, do Decreto-lei n. 7.661 (Tomo XX, § 2.552);
salvo se sobre preço do bem há rateio.
5.VENDA URGENTE DO BEM GRAVADO. “Se a venda do móvel for urgente” ou,
em geral, do bem gravado de hipoteca ou de anticrese “como nos casos do art. 762, n.
1, do Código Civil, o credor, justificando os fatos alegados, poderá pedir ao juiz a
venda imediata do imóvel hipotecado”, ou gravado de anticrese. t o que está no art.
119, § 2.0, do Decreto-lei n. 7.661, e temos de considerar que tal pedido pode ser eito
dentro dos trinta dias a que se refere o art. 119, § 1.0, um antes (cp. Decreto-lei n.
7.661, art. 78).
real de penhor não tem direito de retenção; tem mais do que isso: direito à posse.
Sobre a expressão “retinere”, Tomo XXII, § 2.734, 8. Aludir-se, aí, a direito de
retenção é não se saber o que é direito de retenção. O síndico recebe a posse imediata,
se é conveniente (dificilmente o é); mais acertado é que se lhe dê apenas posse
mediata, abaixo da posse do anticresista, e esse fique com a posse imediata, para que
continue a perceber frutos e rendimentos. Lamentavelmente , os que tratam de
concursos de credores e de falência freqüentemente mostram ignorar, nos próprios
princípios, a doutrina da posse.
O credor com direito real de anticrese não tem de entregar o bem, privando-se, desde
já, dos frutos e rendimentos, com que se está a pagar. Nem há conveniência, salvo
excepcionalmente, em que se lhe retire a posse. Cf. art. 125, § 1. do Decreto-lei n.
7.661.
O que antes se disse sobre hipoteca pode repetir-se a propósito de anticrese.
No art. 120, o Decreto-lei n. 7.661 estatui: “Os bens ue constituírem objeto de direito
de retenção serão vendido também em leilão, sendo intimados os possuidores para
entregá-los ao síndico”. No art. 120, parágrafo único: “Fica salvo o síndico o direito de
remir aqueles bens em benefício da massa, se achar da conveniência desta”. Ou o
síndico redime bem (r solve a dívida com direito de retenção e, pois, com privilégio
especial), ou não o redime, e então, a despeito do direito de retenção e do privilégio
especial, o juiz manda que credor entregue ao síndico o bem para que se venda. Para a
remição, não precisa o síndico, no período da liquidação, de. autorização do juiz (cf. 3.
X. CARVALHO DE MENDONÇA, Tratado de Direito Comercial, VIII, 72 e 256). A
remição pode ser aconselhada, não para se evitar, se é o caso, fluência de juros
<Decreto-lei n. 7.661, art. 26, parágrafo único), mas sim por ser mais fácil e indicada a
venda do bem livre. (Os juristas, a respeito do art. 120 do Decreto-lei n. 7.661, ou do
art. 65, inciso 9, da revogada Lei n. 2.024, de 17 de dezembro de 1908, falam da
conveniência da remição para se evitar que corram os juros. Mas os juros não correm
contra a massa e o art. 26, parágrafo único, que abre exceção ao princípio só se refere
a debêntures e créditos com garantia real, e não a créditos a que corresponde direito de
retenção, que são os de que cogita o art. 120 do Decreto-lei n. 7.661. Sem razão,
portanto, J. X. CARVALHO DE MENDONÇA, Tratado de Direito Comercial, VIII,
256, e TRAJANO DE MIRM4DA VALVERDE, Comentuf rios âLei de Falênejas, II,
147.)
Quem tem direito de retenção não é, de modo nenhum, titular de direito real de
garantia. O credor que retém ou pode reter é titular de exceção, e não de pretensão a
extração de valor. Por outro lado, não se alude, no direito real de retenção, a valor que
se extraia para se satisfazer o crédito que tem contra o seu devedor o titular do direito
de retenção.
retenção. Assim, quando o art. 120 diz que “os bens que constituírem objeto de direito
de retenção seria vendidos em leilão, 3endo intimados os possuidores para entregá-los
ao síndico”, apenas se refere ao quoct plentrft que fit, ao que as circunstancias
freqüentemente tornam aconselhável: a ida da posse imediata ao síndico ou ao
leiloeiro. Em se tratando de vendas por meio de proposta, seria inconveniente tirar-se
ao retentor i posse imediata, salvo se a permanência da posse imediata com ele
dificulta o exame do bem pelos interessados na aquisição, ou se o retentor mesmo cria
dificuldades.
o requerimento tem o efeito de poder ser desconstituído qualquer ato o síndico, que o
modo de realização do ativo, adotado pela assembléia, não leva em conta.
votos de 8.
Nada obsta a que A, credor, seja também orgao de 8 representante de C. Em todo
caso, o contrato social ou os estatutos da pessoa jurídica D, de que A é órgão ou
represente, pode proibir que A exerça a função de órgão de 1) e de E, representante de
D e de E, ou de órgão de representante dele.
Na solidariedade ativa, só há um voto, pois o crédito é só. O credor que se apresentou
é que pode comparecer e votar. Se todos os credores solidários se apresentaram e há
discordância entre eles, a solução é o síndico requerer que sejam enviados para
outorga de poderes a um só representante que vote ir todos. Se isso não se fez , ou
ainda não chegou a ter resultado, o credor solidário que primeiro> assina a lista de
presentes Que pode discutir e votar.
Os créditos subordinados a condição resolutiva ou a canção suspensiva são tratados
com os outros créditos (Decreto lei n. 7.661, art. 25, § ~2.o>. A propósito dos créditos
a termo, comparecem desse facilmente ; quanto aos créditos sob condição solutiva,
igualmente. No tocante aos créditos sob condição suspensiva, não é de se entender, a
priori, que tenham o mesmo ato, porém o Decreto-lei n. 7.661, art. 25, § 2.0, tem essa
conseqüências
O direito de voto, mesmo se o voto é dependente do monte do crédito, ou dos créditos,
como se dá nas assembléias credores, não é suscetível de alienação em separado do
crê-te ou dos créditos. A própria procuração, ainda se com a cláula de irrevogável, é
revogável. Não há procuração em causa 6pria para votar em deliberações de
assembléia de credores, isto que possa votar o procurador em causa própria para
alienação do crédito ou dos créditos.
Aberta a reunião dos credores em assembléia e estar ao alcance dos presentes a lista
de presença, que encerra ao se encerrar a última votação. O credor que pode votar tem
de assiná-la, e pode exigi-lo.
A ata da assembléia tem de conter todos os nomes dos presentes. Presentes são os que
assinaram a lista dos presentes ao os que estiveram no lugar, dia e hora, e não
assinaram ha. Quem não assinou a lista não pode assinar a ata da abídia.
132. Deliberações dos credores com dois terços dos créditos apresentados
DECRETO LEI n.7 661. O que se há de entender que são legitimados quaisquer
credores declarantes, mesmo se pende recurso que foi interposto de decisão que os não
admitiu ao concurso de credores falencial.
Os créditos dos credores com direito real de garantia que não se apresentaram são
computados para se saber qual o importe total dos créditos e a determinação dos dois
terços. Têm de ser notificados, para que se manifestem, de acordo com a lei
processual civil, e hão de respeitar-se os arta. 821 e 822 do Código Civil.
Se os credores que querem alguma medida, fora daquelas de que cogita o art. 122 do
Decreto-lei n. 7.661, não têm, ainda, a maioria dos dois terços dos créditos, o caminho
que lhes resta é o da convocação. Podem eles, mesmo que já a tenham, preferir que
todos tomem parte em discussão e votação. Então, a convocação é com a exigência de
um quarto dos créditos (arg. ao art. 122 do Decreto-lei n. 7.661), requerida ao juiz,
pondo-se nos anúncios qual a finalidade da reUnião. A instalação da assembléia
somente se pode dar se a lista de presença acusa terem comparecido credores a que
toquem dois terços dos créditos. À votação, esse também é o mínimo de credores que
hão de estar presentes. Se a proposição, que se submeteu a votos, não obtém esse
número favorável, nada feito.
O que se disse a respeito do art. 122, fi 49, do Decreto-lei n. 7.661, tem invocabilidade
quanto às deliberações de que cogita o art. 123, tenha havido, ou não, convocação.
Não se distinguem credores quirografários, credores com privilégio especial (e. g.,
credores com direito de retenção), credores com privilégio geral e credores com direito
real de garantia. J. X. CARVALHO DE MENDONÇA (Tratado de Direito
Comercial, VIII, 237 s.) distinguia os credores quirografários e os credores
privilegiados ou com direito real de garantia; mas sem razão (certo, TRAJANO DE
MIRANDA VALVERDE, Comentários a Lei de Falências, II?, 160). Se há
desvantagem para os credores privilegiados e para os credores com direito real de
CAPITULO VIII
massa que se têm de pagar, preferencialmente, após os encargos da massa (art. 124, §
29, II), se resultam de atos jurídicos válidos praticados pelo síndico..
Na deliberação de se constituir sociedade que continue com o negócio do falido, há
primeiro passo para a transparência do fundo da empresa (Tomos XV, §§ 1.799-
1.812, 1.822, 1.423 e 1.824). Há sucessão. Uma vez que há sucessão, os direitos dos
credores com direito real de garantia, como os de• que cogitam os arts. 821 e 822 do
Código Civil, têm de ser respeitados
deliberação, mesmo a dos credores a que correspondem dois terços dos créditos, pode
ser alienação de um ou alguns bens por preço inferior ao da respectiva avaliação; se a
alienação é de dois ou mais, conjuntamente, o preço não pode ser inferior à soma dos
preços que a avaliação deu a cada um. Se foram avaliados em lote e a deliberação é
quanto à alienação de um, ou de alguns, é de mister outra avaliaçãO, que se refira ao
bem, ou aos bens, que se pretende alienar.
(Nem sempre o preço da avaliação de abc é a soma dos preços de avaliação de a, b e c.
Nem sempre a soma dos preços da avaliação de a, 6 e c é igual à soma dos preços de
avaliação de ah e de c, ou de 1w e de a, ou de ao e de 6. O par de objetos pode valer
menos do que a soma do valor de cada um.)
No sistema jurídico brasileiro, há a pretensão à concordata preventiva ou à concordata
suspensiva. Pode ocorrer que durante a discussão entre os credores convocados e
comparecentes, ou, fora dai, entre credores que examinaram a situação do devedor
comum, surja a manifestação de vontade de ser defesa da ação de vontade, se atende
ao art. 177, parágrafo único, do Decreto-lei n. 7.661, pode ser comunicada ao juiz e ao
falido facultativamente, ao síndico e ao órgão do Ministério Publico). Se tal
manifestação de vontade chega ao cartório nos cinco dias de que se fala no art. 178 do
Decreto-lei n. 7.661 o falido aquiesce, tem-se de considerar a sua aquiescência como
pedido de concordata suspensiva. O procedimento é o dos arts. 178-181, 183 e 184.
Devido ao ad. 185 do Decreto-lei n. 7.661, os credores podem comunicar a
manifestação de vontade ao falido, a qualquer momento, e a aquiescência do falido é
tida como pedido e concordata suspensiva. Apenas, em tais circunstâncias,
deferimento do pedido não interrompe a realização do ativo e o pagamento do passivo.
CAPITULO III
ENCARGOS DA MASSA
massa, de modo que se haja de invocar o ad. 124, § li>, II, do Decreto-lei n. 7.661;
solveu, diretamente, divida alheia, e o caso é de sub-rogação pessoal (Código Civil,
ad. 985. III), transferindo-se do credor ao síndico ou ao credor o direito real ou o
privilégio que tinha o crédito satisfeito (Código Civil, ad. 988).
A regra jurídica do ad. 124, § 1S~, XI, do Decreto-lei n. 7.661 tem a importância de se
atribuir ‘ao terceiro que solve (o síndico ou o credor) a posição inicial do ad. 124 do
Decreto- lei n. 7.661. Sem ele, ou se daria a sub-rogação pessoal, de que falamos, ou o
fornecimento pelo síndico ou pelo credor somente determinaria a sub-rogação pessoal,
se houvesse sido convenio Código Civil). Nem o síndico nem o credor têm dever de
fornecer quantias, de modo que é a seu líbito a) solver diretamente, como terceiro
interessado, para que se dê a sub-rogação legal, ou b) obter a cessão de que tratam os
arts. 986, e 987 do Código Civil, ou o) fornecer à massa a quantia, caso m que o art.
124 e o § 1.0, II, incidem. Para o credor há alternativa: fornecer à massa, exigindo que
o juízo permita convenção de sub-rogação pessoal (Código Civil, art. 986, II), ti
invocar o art. 124, § 1.0, II.
Quem não é o síndico, nem credor da massa, se fornece quantia, ou quantias, sem
invocabilidade do art. 986, II, do Código Civil, não tem a situação do art. 124, § 1.0,
II, do Decreto lei n. 7.661; tem a do credor por divida da massa, conforme art. 124, §
2.0, II. Se não forneceu e solveu como terceiro interessado, há a sub-rogaçao legal do
art. 985, III, do Código Civil (cf. art. 989). Se não era interessado, não se pode pensar
n sub-rogação pessoal legal (Código Civil, art. 931), posto possa ocorrer sub-rogação
pessoal convencional conforme art. 986, II, ou cessão pelo credor satisfeito (art. 986,
1) - III.As despesas com a arrecadação, administração do guarda livro e distribuição
do seu produto, inclusive a comissão do Mii~o. Ai entram todas as despesas
necessárias à arrecadação dos bens da massa concursal e à administração desses bens,
salários de empregados, operários, guarda-livros e quaisquer outros que dirijam ou
auxiliem a administração, honorários de advogados que foram contratados para a
defesa de interesses da massa, comissão de depositário (Decreto-lei 7.661, art. 212, III)
e comissão do síndico. (No direito anterior discutia-se se havia de ser incluída nos
encargos da massa comissão do síndico; mas o art. 125, § 1.0, afasta qualquer
acusação.) IV.Ás despesas com a moléstia e o enterro do falido que morreu na
indigência, no curso do processo. Já o Código Comercial, art. 876, 1, tinha por
privilegiado o crédito de despesas funerárias e da moléstia de que falecera, mas, em
vez de exigir ter morrido em estado’ de indigência o falido, frisava terem ser sem luxo
e coordenadas à situação social do falido as despesas funerárias, têm sido feitas e
repetidas vezes. Por que não se há de pagar (pergunta-se) o que custou a moléstia do
falido se ele não morreu? O fácil sorriso de juristas de sistemas jurídicos
evidentemente inferiores ao nosso zuniu o art. 1.569, IV, do Código Civil e o art. 124,
§ lA IV, do Decreto-lei n. 7.661. A ratio legia está em que, se o falido se salva, poderá
pagar o que custou a doença de que se salvou. Não se afastaram as pretensões dos
médicos e hospitais, e pôs-se a alternativa: salvo o falido, têm-nas eles contra o falido,
que poderá, até, entrar em concordata suspensiva, ou vir a ter alta situação econômica;
morto, o sistema jurídico entende que os que cuidaram do doente e tinham pretensões
contra Ele, que faleceu em estado de indigência, não devem ficar sem solução e sem a
tutela jurídica. e dai a regra jurídica do art. 124, § l.õ, 1V. Certo jurista estrangeiro
chegou a querer o autor do casamento de Figaro para comediar a regra jurídica
brasileira, e sem razão, como vimos. Mas, em verdade, o autor do casamento de
Figaro gastaria toda a vida para comediar os erros crassos, crassíssimos, do sistema
jurídico do referido jurista.
Quanto às despesas de funerais, havia a discussão, durante séculos, se teriam de ser da
primeira ou da segunda classe dos credores, o que hoje não nos interessa, diante do
art. 124, § 1.0, IV.
O art. 124 e o § 1.~, IV, não incidem se há alguém obrigada a prestar os funerais
(Código Civil, arte. 1.342, 1.537, 1, e 1.722, cf. art. 1.581, § 2.0).
As despesas com a moléstia do falido só se podem exigir à massa se o falido morreu
CAPITULO VIII
indigente e não havia qualquer pessoa obrigada a alimentos (e. g, Código Civil, arts.
396-405,
248, IX, 1.015, II, 1.587, II), inclusive se negocialmente.
São despesas com a moléstia os serviços de médico, cirurgião, radiografias e exames
técnicos, enfermeiro, hospital e as despesas de tratamento ou de correção, ainda
quando se tornaram, com a morte, inúteis.
V.Os impostos e contribuições publicas a cargo da massa e exigi veia durante a
falência. (a) Os impostos, as taxas e as outras contribuições devidas à Fazenda Pública
antes da decretação da falência são à frente de quaisquer créditos (note-se passa
como se o falido tivesse pago todos esses débitos o seu passivo fosse o que é, menos
essas quantias em verdade Linda devidas. No Decreto-lei n. 960, de 17 de dezembro
de 1938, irt. 60, diz-se: “A Fazenda, na cobrança da sua divida ativa, não está sujeita a
concurso de credores, nem a habilitação de crédito em falência, concordata, ou
inventário”. No art. 60, parágrafo único: “A divida da União prefere (7) qualquer outra
m todo o território nacional, e a dos Estados prefere a dos Municípios. Somente entre a
União, Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderá versar o concurso de
preferência .
O ad. 60 do Decreto-lei n. 960 não diz que, havendo executivo fiscal, não se possa
abrir concurso de credores, falencial ou não; apenas há de ser entendido como se
estivesse escrito: “A Fazenda Pública pode executar as dívidas de que ala o art. 1.0 e
parágrafo único do Decreto-lei n. 960 ainda que esteja aberto concurso de credores, ou
inventário”. Não á a exigência de habilitação concursal (Supremo Tribunal Federal, 31
de agosto de 1942, J., 12, 248, e 2 de julho de 1946), u em ação de inventário e
partilha. Isso não quer dizer que Fazenda Pública não possa preferir apresentar o
crédito ao concurso de credores, ou ao inventário.
A pendência do executivo fiscal não impede que se abra concurso de credores, nem o
inventário, O próprio Decreto[ei n. 960, art. 45, 1, f), prevê julgamento de concurso de
redores.
Se o juízo concursal ou o do inventário não atende ao que reclama a Fazenda Pública,
em se tratando de dívida referida o art. 1.0 e parágrafo único do Decreto-lei n. 960,
pode a Fazenda Pública prosseguir no executivo fiscal, ou intentá-lo contra a massa
concursal <Supremo Tribunal Federal, 11 de julho e 1926, A. .1., V, 303; 2 de abril de
1932, J., V, 12; t~ Câmara Civil do Tribunal de Apelação ,de São Paulo, 21 de
novembro de 1939, A. 1., 53, 295), ou heredit4ria. Aliter, se não se rata de executivo
fiscal (Supremo Tribunal Federal, 27 de abril de 1923, R. do S. T. F., 54, 437, e 6 de
junho de 1938, 35, 96).
a divida ativa do Estado (Supremo Tribunal Federal, 31 de julho de 1918), se admitido
o processo executivo fiscal.
Se há concurso de credores ou inventário e a Fazenda Pública não pede ou não obtém
que se satisfaça o seu crédito, isso não a dispensa do executivo fiscal, se é o caso
(Supremo Tribunal Federal, 17 de agosto de 1939, A. J., 13, 325), ou de propor a ação
que lhe toque.
Os créditos da Fazenda Pública são à frente de quaisquer outros, salvo aqueles de que
cogita o art. 1.569, I-V, do Código Civil, cujo ad. 1.569, VI, foi derrogado pelo ad. 60,
parágrafo único, do Decreto-lei n. 960. “Impostos”, no ad. 1.569. VI, são tributos, isto
é, impostos, taxas, contribuições e multas por infração de lei tributária.
Os direitos reais de garantia recaem sobre o valor extraível do bem. O valor extraível
é o valor do bem menos as dividas fiscais relativas ao bem. As dívidas ativas da
Fazenda Pública oriundas de contrato com pacto executivo têm a classificação pela
preferência que o crédito emanado tenha. A hipoteca não é óbice à execução fiscal,
nem o é o penhor, nem a anticrese.
Quanto aos outros direitos reais, eles retiram elementos ao domínio, sem os retirarem
ao seu valor extraível. Ou o imposto grava o domínio, ou não no grava; ou grava o
usufruto, a enfiteuse, a habitação, ou o uso, ou não no grava. O enfiteuta nada tem com
as dívidas do senhorio; nem o senhorio, com as do enfiteuta; nem o usufrutuário, ou
CAPITULO VIII
DIVIDAS DA MASSA
CAPITULO VIII
1.ESPÉCIES DE DIVIDAS DA MASSA. O art. 124, § 29, diz quais são as dividas da
massa:
1.As custas pagas pelo credor que requereu a falência. A execução falencial é
subjetivamente universal, de moda que as despesas têm de ser suportadas por todos os
credores, desde que não se trate de encargos da massa (art. 124, § 1.0). Escusado é
advertir-se que o titular da pretensão à restituições do que poderia ser reivindicado ou
vindicado, não se inclui entre credores concursais, nem está sujeito aos próprios
encargos da, massa: o que se pede não faz parte da massa.
No art. 124, § 2.0. 1, do Decreto-lei n. 7.661 fala-se de “custas pagas pelo credor que
requereu a falência”; no art. 124, § 1.0, 1, de “custas judiciais do processo da falência,
dos seus incidentes e das ações em que a massa for vencida”. As custas pagas pelo
credor que pediu a decretação da abertura da falência são custas do processo falencial,
até que se decrete a abertura da falência.
Nas custas de que fala o art. 124, § 2.0, 1, inserem-se as do advogado do credor que
pediu a decretação da falência; pois o art. 208, § 2.0, sofre a exceçao que se contém no
art. 124, § 2Y, 1. Custas de advogados dos credores, no art. 208, § 2.0, são as custas
para a admissão ao concurso de credores, ou para a disputa e a distribuição, com os
seus incidentes e recursos, e não as custas para se admitir o concurso de credores. esse
princípio tanto é de direito falencial (cf. Decreto-lei n. 7.661, art. 23, parágrafo único,
XI) como de direito civil. As custas e despe.. asa judiciais em litígio dos credores com
a massa são cobráveis, pois que as prevê o art. 124, § 1.0, 1 (verbis “em que a mas-as
for vencida”).
Dissemos que as custas de que cogita o art. 124, § 2.õ, 1, são as que o credor fez para
obter a decretação da abertura da falência. Portanto, as custas de primeira instância e
as custas de superior instância, inclusive as que se fizeram por ocasião de processo e
julgamento de recurso extraordinário. Há, porém, o problema das despesas com a ação
rescisória da sentença que denegou a abertura da falência. Se o credor vence,. as custas
têm de ser pagas pela massa falencial, porém como divida da massa. Também se
carrega como divida da massa o que o credor pagara como custas no processo em que
se proferiu a sentença rescindida.
II.As obrigações restantes de atos jurídico,admitidos praticados pelo sindico. As
dividas oriundas de negócios jurídicos eficazes praticados pelo síndico são dividas da
massa. Se nulos, são ineficazes e, pois, deles não se irradiam dividas. Se anuláveis,
tratam-se como dívidas da massa as que deles se irradiaram enquanto não transita em
julgado a decisão desconstitutiva.
CAPITULO VIII
privilégio e a garantia real o põe à frente todos os outros créditos concorrentes, ou ter
privilégio esperou geral, que Me, com o plus da garantia, não perde, embora ha de ser
aplicado o art. 125 do Decreto-lei n. 7.661. importa o que se tem escrito, sem
conhecimento do assunto, em tantos livros. Se houve obtenção de algo, com que se
aumentou o patrimônio do falido, se foi a expensas de outrem a obtenção e se houve a
imediatamentalidade entre a obtenção e a retirada, caracterizado está o enriquecimento
injustificado, e para se aplicar o art. 124, § 2.0, III, não importa o que se deu entre as
duas ou mais pessoas enriquecidas e prejudicadas, uma vez que não haja justificação.
CAPITULO V
1.569 do Código Civil está em que o art. 102, § 39, da Lei de Falências remete ao art.
1.569 e não se faz remissão em parte sem que se diga qual o elemento ou quais os
elementos conceptuais da regra jurídica a que se remete e são pré excluídos pela
remissão. Outro argumento é do art. 126, parágrafo único, do Decreto-
-lei n. 7.661: “Concorrendo credores privilegiados em igualdade de condições, serão
pagos em rateio, se o produto dos bens não chega para todos”. Entender-se que se trata
de referenda aos privilégios especiais, e não aos gerais, é fora dos métodos de
interpretação das leis: primeiro, porque o art. 102 só falou de privilégio geral;
segundo, os arts. 127-129 somente tratam de créditos com privilégio geral e de
créditos quirografários , e dos créditos com direito real de garantia e dos créditos com
privilégio especial cogitou o art. 125. ~ Como ler-se o art. 126, parágrafo único, como
relativo aos privilégios especiais, se o art. 126 está a falar de “privilégio geral”?
Terceiro argumento é o de que seria chocante que, em caso de insolvincio cMl, se
observasse a ordem segundo o art. 1.569 do Código Civil, e nenhuma ordem existisse,
se falido o devedor. Tanto mais quanto a alguns credores não aproveitaria receber vro
rata, nem se conseguiria quem emprestasse dinheiro para despesas urgentes como as
do art. 1.569, 1, II, III, IV, V e VII, do Código Civil ou as do Decreto-lei n. 7.661, do
art. 102, 1 39, II e III.
A ordem dos créditos com privilégio é conforme grau de intensidade que a lei atribui a
cada uma das espécies de créditos privilegiados. A ordem entre créditos com privilégio
geral é depois de se colocarem, na ordem entre créditos, os créditos com privilégio
especial. A ordem entre créditos com privilégio especial é depois de se colocarem, na
ordem dos créditos, os créditos com direito real de garantia.
Argumente-se ainda que do rateio em caso de créditos com privilégio especial se
cogitou no art. 1.562 do Código Civil.
No art. 126 do Decreto-lei n. 7.661 só se fala de privilégio geral. “Os credores com
privilégio geral serão pagos logo que haja dinheiro em caixa”. A regra jurídica do art.
1.562 do Código Civil é direito comum.
O rateio, segundo o art. 1.562 do Código Civil, faz-se se o crédito é especialmente
privilegiado e se o titulo para o privilégio especial é o mesmo. Se os créditos são por
custas judiciais, por exemplo, embora diferentes (e. g., custas de arrecadação e custas
de liquidação), há o rateio. Não há rateio se o título não é “igual”. A ordem, então, é
que decide.
Tem-se de interpretar o art. 126, parágrafo único, do Decreto-lei n. 7.661 como regra
jurídica sub posta ao art. 126, que apenas se refere ao pagamento dos créditos com
privilégio geral. Quando TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE (Comentários à Lei
de Falências, II, 179) diz que “o pagamento dos credores com privilégio geral” se faz
“indiferentemente, já que todos eles estão em igualdade de condições”, supõe regra
jurídica que dissesse que, no direito civil e no direito comercial, não há graduação
entre créditos privilegiados, e desatende a todos os argumentos que acima foram
expostos. Acrescentou que só há uma exceção a essa regra jurídica (que não existe): a
das debêntures. Ora, as debêntures não são sempre títulos de crédito privilegiado;
podem ser títulos de crédito com direito real de garantia. Leu o autor dos Comentários
a expressão “igualdade de condições” como se estivesse em lugar de em igualdade de
“condição” sobre os mesmos bens.
Se não há diferença de ordem entre os credores, pagam-se por meio de rateio os
créditos (2.~ Câmara Cível da Corte de Apelação do Distrito Federal, 9 de maio de
1916, R. dos T., IV, 156; Tribunal de Justiça de São Paulo, 8 de junho de 1908, São
Paulo J., 17, 208).
O crédito tem de ser classificado, para que se saiba se há, bê casu, créditos que
verdadeiramente concorram, isto é, que tenham de ser pagos no mesmo momento do
ativo.
O art. 1.560 do Código Civil foi explícito: “O crédito real prefere ao pessoal de
qualquer espécie, salvo a exceção estabelecida no art. 759; o crédito pessoal
privilegiado, ao simples, e o privilégio especial, ao geral”. Outra não foi a atitude do
CAPITULO VIII
ineficácia para o caso de o aviso nada dizer a respeito de tal depósito. Os credores têm
de conhecer a lei.
O estabelecimento abre conta em nome do credor, se o caso é de depósito.
Pergunta-se: a por que são diferentes a regra jurídica do art. 127, § 3•O, do Decreto-
lei n. 7.661 e a regra jurídica do art. 125, § 4P, 2.~ parte? Ali, os credores são credores
declarantes, cuja omissão somente consiste em não ir ao síndico para receber o que lhe
foi destinado. Aqui, não: o credor, e: hypothesi, não declarou, com os outros credores,
o seu crédito; e intimado, com a cominação implícita ainda não declara o seu crédito.
Em nenhum momento, acudiu ao juízo falenciaL A falência não lhe Interessa, mesmo
após a alienação do bem em que havia direito real de garantia de que era titular.
O concurso de credores falencial, como todos os outros credores, .6 se entende quanto
ao patrimônio do devedor até encerrar-se a falência. As preclusões não atingem a
dívida em si mesma e apenas concerne à satisfação com o patrimônio sobre que recai
o penhoramento abstrato.
Por vezes nos referimos à preclusão e até mesmo à ra Mo registro (mesmo intimado,
com a cominação implícita, o credor não declarou o crédito). Deixamos, porém, para
agora a determinação do que ocorre no interessado de espera. Desde o momento em
que se guarda a quantia pode o credor declarar o seu crédito e receber o que lhe tocou.
Portanto, antes mesmo da intimação-cominação que se tornaria supérflua. Se não foi
feita declaração de crédito ao tempo do procedimento para alienação ou depois, é que
o síndico tem o caminho da intimação notificação. A quantia depositada tem o destino
que o procedimento falencial lhe deu: satisfazer o crédito que tinha o direito inicial. O
bem foi alienado para se lhe extrair o valor e houve as oportunidades para a declaração
de crédito. Desde o momento que se transferiu ao terceiro a propriedade do bem
gravado, não há o direito real sobre o bem, uma vez que, ex kjepothesi, se lhe extraiu
todo o valor. Donde duas construções: ou se tem o valor que se guarda como sub-
rogado ao bem, ou se considera que, a despeito da extinção do direito real de garantia,
não houve sub-rogação real, mas apenas destinação falencial de valor.
Não há sub-rogação real. Há guarda para satisfação do credor, que ou declara a tempo
o seu crédito, ou está desinteressado da solução pelo ativo falencial.
O art. 125, § 4?, não pode ser invocado a propósito da anticrese, porque o credor
anticrético teve de entregar a posse, para que possa ser vendido o bem gravado (art.
119, § 3.O)~ A quantia que se lhe destina é do titular do direito de anticrese desde o
momento em que o perde, pela alienação do bem e aquisição por outrem (art. 125, §
1.0).
Também quanto ao penhor constituído com a transferência da posse imediata ao credor
não é de incidir o art. 125, § 4.0). Ou há o direito de venda pelo credor, que então o
exerce e desconta o que corresponde à dívida, prestando contas ao síndico (art. 120, §
2Y, 1.~ parte), ou não há tal direito, ou o credor notifica o síndico para que exerça a
faculdade de remir, ou por sua vez o notifique para a entrega, tendo, então, de
providenciar quanto ao leilão. Não há situação semelhante à do art. 125, § 4,0, porque
têm todas as notificações dos credores, em tais circunstâncias, são como declarações
de crédito, que levam à remição ou ao leilão, ou o credor propõe a ação executiva de
que cogita o art. 120, § 3~o• -
É de frisar-se que havendo leilão promovido pelo síndico não se pode invocar o e art.
125, § 4.~: a quantia correspondente ao crédito garantido com direito de penhor é
depositada em nome do credor, que não pode ser considerado credor não-declarante.
O art. 125, § 4,0, somente se refere à hipoteca, ao penhor industrial, ao penhor agrícola
e ao penhor pecuário.
Rateios distribuídos não se restituem (Decreto-lei n. 7.661, art, 78, § 2.0); nem se
redistribuem aos credores retardatários (art, 98, § 4,0)~
objetivo a reserva e é óbvio que se torne revogável a decisão. (A decisão que defere o
pedido de reserva transita em julgado. O agravo teria sido o de instrumento. A lei
estabeleceu a revogabilidade da decisão, mas apenas se algum dos pressupostos se
compõe. Os pressupostos são os do ad. 180 do Decreto-lei n. 7.661.)
Pode ser que, no próprio processo da declaração de crédito ou na ação proposta, o
credor que pedira a reserva perca algum prazo, que torne infrutífera a espera de
momento em que se lhe reconheça o direito. Também aí cabe a revogação.
A falta de preparo de acordo com o art: 130 é outro pressuposto suficiente para a
revogação.
Se o credor que obteve a reserva é acusado de protelação do processo, ou de criar
embaraço ao procedimento, é revogável a decisão.
A lei não fez de ofício a revogação. Ao síndico é que cabe requerê-la. Em todo caso,
qualquer credor também pode fazê-lo, Invocando o ad. 30, II, 2.~ parte, do Decreto-lei
n. 7.661.
Execatividade
*A reserva de, bens conforme o art. 497 do Código de Processo Civil é mandamental;
a carga é ligeiramente diferente:
DeclamtividedeConeriru ti uldadeCondenarari e ad.**Mandaram.tatUada* ** * *
Execuris.’idade
Tal é a carga da reserva de bens segundo o ad. 180 do Decreto-lei n.7.661. A ação
também é mandamental.
A decisão, que desconstitui, é de eficácia ex tunc, por ser revocatória.
Feitas essas considerações, que mais se prendem à classificação da decisão de
revogação da reserva, volvamos aos pressupostos para que possa o juiz tomar a
decisão de desconstituir a decisão que proferira.
CAPITULO VI
TERMINAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO
contas. Se a decisão não julgou boas e bem prestadas contas, ocorre o que se prevê no
art. 69, §§ 5~O e 6.0 Se o sindico não as prestou, incide o art. 69, § 70,
A infração de dever do síndico pode decorrer de não haver apresentado
tempestivamente o relatório final. A respeito diz Decreto-lei n. 7.661, art. 131,
parágrafo único: “Findo o prazo sem a apresentação do relatório, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado, determinará a intimação pessoal do ela-co para
que o apresente no prazo de cinco dias; decorrido te sem a apresentação, o juiz
destituirá o síndico e atribuirá representante do Ministério Público a incumbência de
organizar o relatório no prazo marcado neste artigo”. A lei ainda estabelece a
intimação pessoal, em cominatória ao 4slndico. altura, em que se está, do processo da
falência não teria cancelado suficiente a nomeação de substituto ao síndico. A som~o
de técnica legislativa que o art. 131, parágrafo único, deu acertada: tem o órgão do
Ministério Público os mesmos vinte as, que, para elaborar o relatório, teve o síndico.
Se o órgão Ministério Público não o faz, deve o juiz oficiar ao chefe do mistério
Público, sendo intimado o órgão do Ministério Público que caiba a substituição.
Qualquer interessado tem ação contra o Estado pela falta órgão do Ministério Público
(cf. Constituição de 1946, ~t. 194). O Estado tem ação regressiva contra o órgão do
mistério Público, se Esse foi culpado (art. 194, parágrafo único ).
CAPITULO VII
1 3.447. Prescrição
conveniente frisar-se que só se trata de quarenta por cento tocaram a cada credor
declarante, ou retardatário. Os decreta com créditos garantidos por direitos reais ou
receberam o crédito, por ser suficiente o produto do bem, ou o prool do bem não deu
para os satisfazer. No último caso, correram como credores quirografários. Pergunta-
se: para saber se foi prestada a percentagem prevista pela lei, aconsia-se o quanto do
crédito, ou o que concorreu, quirografário ? A solução é no último sentido.
O devedor, após o encerramento da falência, ou após o relatório e antes do
encerramento, completá-los. Então, no momento mesmo em que o devedor presta o
que dê para isso, opera-se a extinção. Tem, todavia, de pedir a declaração da extinção.
e)Se decorreram cinco anos, muito embora persistam as dividas restantes e não
estejam prescritas, e o falido ou o sócio gerente da sociedade falida não foi condenado
por crime falencial, há a extinção automática das obrigações do falido. Só se pode
saber se o falido não foi condenado por crime falencial, se não foi recebida denúncia
ou queixa, ou se foi reformada, com trânsito em julgado, a decisão de recebimento, ou
se transitou em julgado sentença de absolvição, ou se, tendo havido condenação, foi,
com trânsito em julgado, reformada a decisão. As próprias obrigações não prescritas
extinguem-se.
e) Se decorreram dez anos, contados a partir do encerramento da falência, extinguem-
se as obrigações, a despeito de ter sido condenado a pena de detenção por crime
falencial o falido ou o sócio gerente da sociedade falida. A importância maior da regra
jurídica do art. 135, IV, está em que o prazo preclusivo extingue as próprias obrigações
cuja prescrição não ocorreu.
§ 3.449. Ação declaratória da extinção das obrigações do falido
da extinção das e o de constituição negativa do processo. Diz o art. 137, § 3?: “Se o
requerimento for anterior ao encerramento da falência. (art. 135, n. 1), o juiz, ao
declara? extinta» as obrigações encerrará a falencia.
Nos casos de se invocar o ad. 135, 1 e tem o falido ou o sócio gerente da sociedade
falida o Ônus de prova?~ com a juntada de documentos que acompanhem a petição de
e dai a extinção comum das obrigações do falido, ou a extinção pela causa especial do
rateio de mais de quarenta por cento ou o ter-se ~~mpíetado essa percentagem
posteriormente aos pagamento do requerimento de depósito feito no momento da
petição. nurraltada a quantia suficiente, Isto é, o que forca os pagamentos» terem sido
de mais de quarenta por cento, então é que se publica o edital. Pode o juiz, ao
despachar a petição, dizer “DIBÚI bulda e autuada a petição, deposite-a a quantia
referenda na petição, junte-se a prova do depósito feito e expeça-se o edital”.
Nos casos do ad. 135, 111 e 1V, tem o falido de provar com documentos, que hão de
acompanhar a petição, que nenhuma ação, executiva ou não, foi proposta contra
Me, por saldo de créditos (arts. 33 e 133), ou por obrigação declaradas na falência? O
ad. 33 diz que, “se não forem integralmente pagos pelos bens do falido e dos sócios de
responsabilidade solidária, os credores terão, encerrada a falênciA. 0direito de executa?
os devedores pelos saldos das seus créditoS, observado o disposto no ad. j33”. E o art
133: “É titulo hábil, para execução do saldo <ad. 33). certidão de que conste a
quantia por que foi admitido o credo? e por que causa, quanto pagou a massa em rateio
e quanto ficou o falido a dever-lhe na data do encerramento da falência”. Â
propositura da ação de cobrança pelo saldo mil interrompido nem suspende o prazo do
ad. 135, III. ou o do arA. 135, iv, porque um e outro são prazos precluasivos, de modo
que, iniciado qualquer demora, ao seu termo se extingue com todas as obrigações Não
tem razão, portanto. TRAJANO DE MIRANDA VALVERDE (CofltMttâfl<>8ê La
de FoMe<tias, 11, 204). O que, nos casos do ad. 135, 111 e IV, o fugido tem de alegar
e provar é ter transitado em julgado antes dos cinco ou dos dez anos a sentença de
encerramento do processo da falência e, em se tratando da espécie do ad. 136. III, o
não ter sido condenado por crime falencial.
CONCLUSÕES
passivo. Bem sim, a recorribilidade. Se alguém não foi atendido no que ediu ou
requereu e pode recorrer, recorra ou não recorra, outra pessoa, que interessado seja,
pode recorrer.
f)A inserção do síndico na relação jurídica processual orno parte de oficio tem como
uma das conseqüências mais profundas ser de possível diferente concepção, a respeito
de obter esses da massa falencial, a sua atitude e a do falido, ou sua atitude e a dos
credores ou a de qualquer um dos credores.
g)A concepção do concurso de credores, quer civil quer falencial, fez -se sem a
conseqüência de existir, para os credores, queerer de declarar crédito. O credor
declara, se quer.
Se o credor não declara o crédito, não se extingue, por isso, o seu crédito. Apenas
deixa de participar da massa falenial, que é massa que somente existe enquanto não
transita em julgado a sentença de encerramento da falência. Praticamente , ode não
mais existir, por se ter esgotado.
Surge, aqui, problema sutil, que não vimos tratado pelos especialistas ‘de direito fale
ncial: se algum bem aparece antes de transitar em julgado a sentença de encerramento
da falAm-ia, ~ ainda é possível arrecadá-lo?
Há duas hipóteses: a) o bem já existia, ignorado, no patrimônio falencial e, por
conseguinte, estava abstratamente conscrito, ou fora desconstituída a sentença que o
considerara fora Ia massa objetiva (e. g., sobreveio sentença rescisória de outra,
que se proferira na falência) ; b) a aquisição fora entre o proferimento da sentença de
encerramento da falência e o trânsito em julgado.
Na espécie a), é possível antes do trânsito em julgado pedir-se a arrecadação, porque
não cessara a competência do juízo falencial. Na espécie b), idem, porque, ainda não
tendo havido o trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência, o
penhoramento abstrato se operou.
Transitando em julgado a sentença, os re8tos de dividas do falido podem servir de
títulos para a execução forçada celetiva, podendo ser aberta outra falência. Ai, o
encerramento fechou qualquer ligação entre os credores. Qualquer deles pode pedir
execução forçada singular, porquanto não existe relação jurídica processual falencial.
O falido não é mais comerciante, de jeito que se não houve a volta à profissão o
concurso de credores que se abrir será civil.
Quanto aos bens gravados de hipoteca, a remicibilidade passa a ser a favor da massa; e
o credor está sujeito a ir concorrer com os credores quirografários se o preço por que
se avaliou o imóvel não der para solver a dívida. Por onde se vê importância que a lei
atribuiu às avaliações dos bens. O credor com direito real de garantia há de estar
atento para que não que faça avaliação baixa dos bens e tem ele pretensão a reclamar
contra as avaliações e a recorrer.
Observe-se que, no caso de alienação de bens garantidos com direito real, e não só se a
garantia real é hipotecária, xá de ser observada a lei processual civil, de modo que o
órgão Ia hasta pública não é leiloeiro escolhido pelo síndico. O chamado leilão
público só se permite “se os bens não foram arrematados” (Código de Processo Civil,
art. 972). Há carta de Brremata0o, o que tem relevância teórica e prática, conforme
interesse mostrou.
No art. 120 do Decreto-lei n. 7.661 também se fala de salão público, mas, ai (art. 120 e
§ 2.0), como no art. 119, § 3•O, lei processual civil tem de ser respeitada, porque o
que se aliena não pertence só ao falido.
Escusado é advertir-se que o bem que só em parte é do devedor a que se abriu a
falência não pode ser alienado sem m. observância das regras jurídicas concernentes à
comunhão (condomínio, comunhão em direito real ou pessoal). A propámito do
domínio, por exemplo, cada condômino pode alienar sua parte indivisa, atendendo-se
ao art. 632 do Código Civil. 3e a venda de todo o bem é que tem de ser feita, não se
pode obstrair do interesse do outro comuneiro.
Por isso mesmo se há interesse de incapazes, não se vai subordinar às regras de direito
falencial o que há de reger pelo direito civil e pela lei processual civil, no tocante à
alienação ~e bens de incapazes. E não só em se tratando de bens de incapazes ocorre
essa necessidade de se atender a outro ramo de
direito. Se o bem é comum à massa falida e a alguma entidade estatal, não se pode
fazer passar à frente o direito falencial.
Assim, quando se fala de alienação de bens da massa falencial, o que se há de entender
é que se vai alienar o que somente é dela, embora parte indivisa de algum bom. A parte
indivisa e, a fortiori, a parte divisa pode ser alienada conforme as regras jurídicas
falenciais. O todo, não.
Se a alienação é de parte, que pertence à massa falencial, os princípios de direito
material que estabelecem pretensões a favor de comuneiros têm de ser respeitados.