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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA

JULGADOS RELEVANTES

RETA FINAL – DELEGADO PARANÁ

TURMA 3 - SEMANA 01

CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
SEMANA 01

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
DELEGADO PERNAMBUCO – TURMA 5
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
SEMANA 01/21

COMO UTILIZAR O MATERIAL

O presente material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que, por
meio da leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de
dúvida sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e
estude o informativo na íntegra.

Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 3
SEMANA 01 ................................................................................................................................... 4
DIREITO PENAL .............................................................................................................................. 4
1. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................................................ 4
1.1 APONTAMENTOS e DIVERGÊNCIAS .................................................................................................... 4
1.2 RECONHECE-SE a aplicação do princípio da insignificância ............................................................... 6
1.3 Crimes nos quais a Jurisprudência REJEITA a aplicação do princípio da insignificância ..................... 7
2. DOSIMETRIA DA PENA ............................................................................................................... 8
2.1 Pena de Multa .................................................................................................................................. 16
3. CONCURSO FORMAL E CRIME CONTINUADO ......................................................................... 17
3.1 Crime Continuado ............................................................................................................................ 17
4. INDULTO .................................................................................................................................. 18
5. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL ............................................................................................ 19

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
DELEGADO PERNAMBUCO – TURMA 5
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SEMANA 01/21

SEMANA 01
DIREITO PENAL

1. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

1.1 APONTAMENTOS e DIVERGÊNCIAS

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O princípio da insignificância é aplicável ao crime de contrabando de cigarros quando a quantidade
apreendida não ultrapassar 1.000 (mil) maços, seja pela diminuta reprovabilidade da conduta, seja pela
necessidade de se dar efetividade à repressão a o contrabando de vulto, excetuada a hipótese de
reiteração da conduta, circunstância apta a indicar maior reprovabilidade e periculosidade social da ação.
STJ. REsp 1.977.652-SP, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Rel. para acórdão Ministro Sebastião Reis Junior, Terceira Seção, por maioria, julgado em
13/9/2023, DJe 19/9/2023 Tema 1143. (Info 787)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante, ainda que
presentes antecedentes penais do agente, se NÃO denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica,
com habitualidade, a cometer crimes patrimoniais.
STJ. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022. (Info
744)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Admite-se, EXCEPCIONALMENTE, a aplicação do princípio da insignificância a crime praticado em prejuízo
da administração pública quando for ÍNFIMA a lesão ao bem jurídico tutelado.
STJ. RHC 153.480-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022, DJe 31/05/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


EXCEPCIONALMENTE, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública (USO DE
ATESTADO FALSO) em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do
agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada", a demonstrar a atipicidade material da
conduta e afastar a incidência do Direito Penal, sendo suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista.
⇾ PARA FIXAR:
Admite-se, EXCEPCIONALMENTE, o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública se:
↳ O dolo do réu revelar:
• mínima ofensividade da conduta do agente;
• nenhuma periculosidade social da ação;
• reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e
• inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Nota:
⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA: a jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da INAPLICABILIDADE do
princípio da insignificância na hipótese de crimes praticados contra a fé pública (ex: uso de atestado médico
falso; introdução de moedas falsas), em função do bem jurídico tutelado pela norma, que, no caso, a fé
pública representa caráter supraindividual.
STF. 2ª Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/03/2014. STF. 1ª Turma. HC 187269, Rel. Min Roberto Barroso, decisão
monocrática em 18/06/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg-AREsp 1.963.955, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/02/2022. STJ. 5ª Turma. AgRg-RHC
155.201, Rel. Min. Jesuíno Rissato, julgado em 12/12/2021.
⚠ Portanto, o julgado acima é uma EXCEÇÃO!
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 16/11/2021.

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se a pessoa for encontrada com alguns poucos gramas de droga para consumo próprio é possível aplicar o
princípio da insignificância.
Nota: O julgado acima foi decidido por EMPATE (2x), razão pela qual foi concedido o HC.
⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA:
• STJ: NÃO é possível aplicar o princípio da insignificância.
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade
de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da
insignificância.
STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541. STJ. 5ª Turma. HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021. STF: Há um precedente da 1ª
Turma, aplicando o princípio STF. 1ª Turma. HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012.
STF. 2ª Turma. HC 202883 AgR, Relator(a) p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes tributários
ESTADUAIS o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), estabelecido no art. 20 da Lei nº 10.522/2002,
devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo.
STJ. 5ª Turma. AgRg-HC 549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários de acordo com o montante
definido em parâmetro estabelecido para a propositura judicial de execução fiscal.
Nota:
⚠ DIVERGÊNCIA.
SIM. É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários e de descaminho quando
o débito tributário verificado NÃO ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto
no art. 20 da Lei nº 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do
Ministério da Fazenda.
STF. 2ª Turma. HC-AgR 160.239-SP, Rel. Min. Gilmar Mendes; Julg. 22/05/2020. STF. 2ª Turma. HC-AgR 174.329-SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski;
Julg. 05/11/2019; DJE 18/11/2019. STJ. 3ª Seção. HC 535.063-SP. Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; Julg. 10/06/2020; DJE 25/08/2020.
STF. 1ª Turma. HC-AgR 144.193-SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É POSSÍVEL aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 20,00 mesmo que o
agente tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais.
Nota: A existência de antecedentes criminais (habitualidade criminosa) pode servir como argumento do
juiz para afastar a aplicação do princípio da insignificância.
No entanto, NÃO se trata de uma vedação absoluta, podendo ser, EXCEPCIONALMENTE, aplicado o
princípio, COM BASE NAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO.
Nesse sentido: STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911), STF. 2ª Turma. HC 159435 AgR, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 28/06/2019, STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1517800/TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/02/2020.
Ainda vale o conhecimento da jurisprudência em Teses do STJ (ed. 47):
Tese 7: O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu
faz do crime o seu MEIO DE VIDA, ainda que a coisa furtada seja de pequeno
valor.
STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020. (Info 966)
Mesmo sentido: STF. Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP, HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793) e STF.
2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020. (Info 973)

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de transmitir sinal de internet como
provedor SEM autorização da ANATEL (art. 183 da Lei nº 9.472/97)?
Art. 183, Lei nº 9.472/1997. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil
reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrer para o crime.
• No STJ: é pacífico que NÃO:
↳ Súmula nº 606, STJ: NÃO SE APLICA o princípio da insignificância a CASOS DE TRANSMISSÃO
CLANDESTINA DE SINAL DE INTERNET VIA RADIOFREQUÊNCIA, que caracteriza o fato típico previsto no art.
183 da Lei nº 9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018. (Info 622)
• No STF: prevalece que não.
Assim, é inaplicável o princípio da insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet,
por configurar o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, que é crime formal, e, como tal, prescinde de
comprovação de prejuízo para sua consumação (STF. 1ª Turma. HC 124795 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23/08/2019).
Para o STF é possível, em situações excepcionais, o reconhecimento do princípio da insignificância desde
que a rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos grandes centros e em
situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade.
STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853). STF. 2ª Turma. HC 142738 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 04/04/2018.
STF. 2ª Turma. HC 157014 AgR/SE, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min Ricardo Lewandowski, julgado em 17/9/2019. (Info 952)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STF concedeu ordem de habeas corpus para fixar o regime inicial aberto em favor de condenado pelo
furto de duas peças de roupa avaliadas em R$ 130,00.
Nota: neste caso, não se absolveu o réu, mas utilizou a insignificância como exceção jurisprudencial à regra
do art. 33, § 2º, do CP (base na proporcionalidade).
STF. C 135164/MT, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 23.4.2019. (Info 938)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O princípio da bagatela NÃO SE APLICA ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei nº
9.605/98.
Nota:
Art. 34 da Lei nº 9.605/98: “Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:
Pena - detenção de 1 (um) ano a 3 (três) anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: [...]
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não
permitidos;”
Obs.: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não
se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto
do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca
ilegal.
⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA: Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese
em há a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602).
STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08/05/2018. (Info 901)

1.2 RECONHECE-SE a aplicação do princípio da insignificância

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:

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É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo
que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja
reincidente.
STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020. (Info 973)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o
Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena restritiva de direitos, afastando o óbice do
art. 44, II, do CP.
STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018. (Info 913)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra ação penal pelo
mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o princípio da insignificância mesmo em se tratando
de bem de reduzido valor.
EXCEPCIONALMENTE, no entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar o afastamento
dessa regra e a aplicação do princípio, com base na ideia da PROPORCIONALIDADE.
É o caso, por exemplo, do furto de um galo, quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de
feijão, bens avaliados em pouco mais de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve emprego de
violência. Enfim, é caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido grau de
reprovabilidade e inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em desfavor do réu outra ação penal
instaurada por igual conduta, ainda em trâmite, a hipótese é de típico crime famélico.
A excepcionalidade também se justifica por se tratar de hipossuficiente. Não é razoável que o Direito Penal
e todo o aparelho do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-se no sentido de atribuir relevância a estas
situações.
STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/08/2018. (Info 911)

1.3 Crimes nos quais a Jurisprudência REJEITA a aplicação do princípio da insignificância

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A MULTIRREINCIDÊNCIA específica somada ao fato de o acusado estar em prisão domiciliar durante as
reiterações criminosas são circunstâncias que INVIABILIZAM a aplicação do princípio da insignificância.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.957.218-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por maioria, julgado
em 23/08/2022. (Info 746)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO SE APLICA o princípio da insignificância para o CRIME DE CONTRABANDO.
Nota:
Exceção: No STJ, há um precedente ISOLADO em sentido contrário, admitindo a aplicação do princípio da
insignificância ao crime de contrabando de pequena quantidade de medicamento destinada a uso próprio.
Trata-se de um caso extremamente específico em que o STJ reconheceu a mínima ofensividade da conduta
do agente, ausência periculosidade da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e
inexpressividade da lesão jurídica provocada, autorizando excepcionalmente a aplicação do princípio da
insignificância:STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1708371/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/04/2018.
STJ. ProAfR no REsp 1.971.993-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 12/04/2022, DJe 29/04/2022. (Tema
1143)

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O simples fato de CARTUCHOS apreendidos estarem desacompanhados da respectiva arma de fogo NÃO
IMPLICA, por si só, a ATIPICIDADE da conduta, de maneira que as peculiaridades do caso concreto devem
ser analisadas a fim de se aferir os requisitos.
REQUISITOS:
↳ O dolo do réu revelar:
• mínima ofensividade da conduta do agente;
• nenhuma periculosidade social da ação;
• reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e
• inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Nota: Na hipótese dos autos, embora com o embargado tenha sido apreendida apenas uma munição de
uso restrito, desacompanhada de arma de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes
descritos nos arts. 33, caput, e 35, da Lei nº 11.343/06 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), o que
afasta o reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas a mínima ofensividade
da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade.
No mesmo sentido: Não se reconhece a incidência excepcional do princípio da insignificância ao crime de
posse ou porte ilegal de munição, quando acompanhado de outros delitos, tais como o tráfico de drogas.
STF. 1ª Turma. HC 206977 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2021.
⚠ CUIDADO! O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena quantidade de
munição, desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.856.980, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/09/2021. (Info 710)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO SE APLICA o princípio da insignificância para o CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA.
Nota: INDEPENDENTEMENTE DO VALOR DO ILÍCITO, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência
da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade da conduta do agente que atenta
contra este bem jurídico supraindividual.
STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019.
Mesmo sentido: STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 21/06/2016.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO SE APLICA o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário de
associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato.
STJ. 6ª Turma. RHC 93.472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/03/2018. (Info 622)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O STJ e o STF NÃO ADMITEM a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos
CRIMES E CONTRAVENÇÕES PRATICADOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA CONTRA A MULHER, no
âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta.
Nota: Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado NÃO significa atipicidade material da conduta
ou desnecessidade de pena.
STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016. (Info 825)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/10/2015.

2. DOSIMETRIA DA PENA

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O fato de o réu mentir em interrogatório judicial, imputando prática criminosa a terceiro, não autorização
a majoração da pena-base.
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Nota: Ainda que o falseamento da verdade eventualmente possa, a depender do caso e se cabalmente
comprovado, justificar a responsabilização do réu por crime autônomo, isso não significa que essa prática,
no interrogatório, autorize a exasperação da pena-base do acusado.
STJ. HC 834.126-RS, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 5/9/2023, DJe 13/9/2023. (Info 789)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É idônea a mensuração da repercussão internacional do delito na majoração da pena-base pelas
consequências do crime.
Nota: A pena-base comporta aumento em virtude da repercussão internacional do delito, por se referir a
consequências que desbordam do tipo penal.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 22/8/2023, DJe 28/8/2023.
(Info 786)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


No crime de furto contra empresa de segurança e transporte de valores, o prejuízo está inserido no risco
do negócio e não autoriza a exasperação da pena basilar, porquanto ínsito ao tipo penal.
STJ. AgRg no REsp 2.322.175-MG, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 30/5/2023. (Info 777)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A aplicação da agravante prevista no art. 61, II, "f", do Código Penal, em condenação pelo delito do art.
129, § 9º, do CP, por si só, não configura bis in idem.
STJ. AgRg no REsp 1.998.980-GO, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 8/5/2023, DJe 10/5/2023. (Info
775)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Os fundamentos utilizados na dosimetria da pena somente devem ser reexaminados se evidenciado,
previamente, o cabimento do pedido revisional.
STJ. RvCr 5.247-DF, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Rel. para acórdão Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Terceira Seção, por maioria, julgado em
22/3/2023, DJe 14/4/2023. (Info 772)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É idônea a valoração negativa dos motivos do crime na hipótese em que o agressor se utiliza de ameaças
para constranger a vítima a desistir de requerer o divórcio e pensão alimentícia em benefício dos filhos.
STJ. AgRg no HC 746.729-GO, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 19/12/2022, DJe 21/12/2022. (Info 767)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A dosimetria da pena é uma fase independente do julgamento, razão pela qual todos os ministros possuem
o direito de se manifestar, independentemente de terem votado no sentido da absolvição ou condenação
do réu.
STF. QO na AP 1.024/DF, relator Ministro Edson Fachin, redator do acórdão Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
26.5.2023. (Info 1096)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A confirmação pelo tribunal do júri da dissimulação e do uso de meio que dificultou a defesa da vítima
deve ensejar uma única elevação em decorrência da qualificadora contida no art. 121, § 2º, inciso IV, do
Código Penal, ainda que quesitadas individualmente e não guardem relação de interdependência entre si.
STJ. Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023. (Info 764)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A atenuante da confissão, mesmo qualificada, pode ser compensada integralmente com qualificadora
deslocada para a segunda fase da dosimetria em razão da pluralidade de qualificadoras.

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
DELEGADO PERNAMBUCO – TURMA 5
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SEMANA 01/21

Nota: No caso, a atenuante da confissão, mesmo qualificada, pode ser compensada integralmente com a
qualificadora do motivo fútil, que fora deslocada para a segunda fase da dosimetria em razão da pluralidade
de qualificadoras.
Isso, porque são circunstâncias igualmente preponderantes, conforme entende este Tribunal Superior, que
define que "tal conclusão, por certo, deve ser igualmente aplicada à hipótese dos autos, por se tratarem de
circunstâncias igualmente preponderantes, que versam sobre os motivos determinantes do crime e a
personalidade do réu, conforme a dicção do art. 67 do CP" (HC 408.668/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
21/9/2017).
STJ. AgRg no REsp 2.010.303-MG, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 14/11/2022, DJe
18/11/2022. (Info 761)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


No concurso entre AGRAVANTES e ATENUANTES, a atenuante da confissão espontânea deve preponderar
sobre a agravante da dissimulação, nos termos do art. 67 do Código Penal.
Nota: Esta Corte Superior entende que a confissão espontânea é circunstância preponderante, e a agravante
da dissimulação não está prevista como circunstância preponderante por não se encaixar nos quesitos
previstos no art. 67 do Código Penal. Assim, a reprimenda deve ser reduzida na segunda fase da dosimetria.
STJ. 6ª Turma. HC 557.224-PR, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 19/08/2022. (Info
745)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a COMPENSAÇÃO integral da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, seja ela específica ou não.
Todavia, nos casos de MULTIRREINCIDÊNCIA, deve ser reconhecida a preponderância da agravante prevista
no art. 61, I, do Código Penal, sendo admissível a sua compensação proporcional com a atenuante da
confissão espontânea, em estrito atendimento aos princípios da individualização da pena e da
proporcionalidade.
Art. 61, CP. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência;
Nota:
⚠ CUIDADO! Há DIVERGÊNCIA: A posição do STF é a de que a agravante da REINCIDÊNCIA prevalece.
A teor do disposto no art. 67 do Código Penal, a circunstância agravante da reincidência, como
preponderante, prevalece sobre a confissão. STF. 2ª Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
18/03/2014.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67, CP. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do
agente e da reincidência.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022. (Info 742)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 620640, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A condição de policial militar que pratica o crime de extorsão indica maior reprovabilidade e censura da
conduta praticada, o que justifica a majoração da pena base.
Nota: o fato de ser policial militar justifica a maior reprovabilidade da conduta (culpabilidade) e, por
conseguinte, a exasperação da pena-base, uma vez que o comportamento dele esperado seria exatamente
o de evitar a prática de crimes. A referida característica não é elementar do crime de extorsão, não havendo
que se falar em bis in idem.
STJ. EDcl no AgRg no REsp 1.903.213-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 07/06/2022, DJe 10/06/2022.

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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A atenuante da menoridade relativa deve ser considerada circunstância preponderante na exasperação da
pena.
↳ A atenuante da menoridade relativa, assim como a da confissão espontânea, por estarem relacionadas com a
personalidade do agente, devem ser consideradas preponderantes, nos termos do art. 67 do CP.
Nesse sentido: "1. O Superior Tribunal de Justiça já firmou o entendimento de que a confissão espontânea (Recurso
Especial Representativo de Controvérsia 1.341.370/MT) e a menoridade relativa, sendo atributos da personalidade do
agente, são igualmente preponderantes com a reincidência e os motivos do delito, consoante disposto no art. 67 do
Código Penal." (AgRg no REsp 1627502/RO, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 28/11/2017, DJe 01/12/2017).
STJ. AgRg no HC 693.079-SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 14/06/2022, DJe 20/06/2022.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O réu fará jus à atenuante do art. 65, III, 'd', do CP quando houver admitido a autoria do crime perante a
autoridade, independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da
sentença condenatória, e mesmo que seja ela parcial, qualificada, extrajudicial ou retratada.
↳ Circunstâncias atenuantes
Art. 65, CP. São circunstâncias que sempre ATENUAM a pena:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
Nota: o direito subjetivo à atenuação da pena surge quando o réu CONFESSA (momento constitutivo), e não
quando o juiz cita sua confissão na fundamentação da sentença condenatória (momento meramente
declaratório). Ademais, viola o princípio da legalidade condicionar a atenuação da pena à citação expressa
da confissão na sentença como razão decisória, mormente porque o direito subjetivo e preexistente do réu
não pode ficar disponível ao arbítrio do julgador.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022. (Info 740)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Ameaçar a vítima na presença de seu filho menor de idade justifica a valoração negativa da culpabilidade
do agente.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.964.508-MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 29/03/2022, DJe 01/04/2022. (Info
731)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O roubo em transporte coletivo vazio é circunstância concreta que NÃO justifica a elevação da pena-base.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 693.887-ES, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 15/02/2022. (Info 727)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da
sanção pecuniária, pelo condenado que comprovar impossibilidade de fazê-lo, NÃO obsta o
reconhecimento da extinção da punibilidade.
Nota:
Regra: obsta! Exceção: se o condenado comprovar a impossibilidade de pagar a sanção pecuniária, neste
caso, será possível a extinção da punibilidade mesmo sem a quitação da multa. Bastará cumprir a pena
privativa de liberdade e comprovar que não tem condições de pagar a multa.
Isso porque o STF, ao julgar a ADI 3150/DF, declarou que, à luz do preceito estabelecido pelo art. 5º, XLVI, da
Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de liberdade e de outras restrições – perda de bens,
prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos –, é espécie de pena aplicável em
retribuição e em prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua natureza de sanção penal. Logo, em

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regra, não se pode declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de
liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.785.383-SP e REsp 1.785.861/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgados em 24/11/2021. (Recurso Repetitivo - Tema 931)
(Info 720)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É manifestamente ILEGAL a negativação dos antecedentes e a aplicação da agravante da reincidência,
quando fundamentadas em condenações, ainda que transitadas em julgado, por fatos posteriores àquele
sob julgamento.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1903802/ES, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/09/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, exclui circunstância judicial reconhecida na sentença, isso
deve gerar a diminuição da pena.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.826.799-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 08/09/2021, DJe 08/10/2021.
(Info 713)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Condenações criminais transitadas em julgado, não consideradas para caracterizar a reincidência, somente
podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes criminais, NÃO se admitindo
sua utilização para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente.
STJ. 3ª Seção. Tema 1077.REsp 1794854-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/06/2021. (Recurso Repetitivo – Tema 1077) (Info 702)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a exasperação da pena-base, pela existência de
circunstâncias judiciais negativas, deve seguir o parâmetro da fração de 1/6 para cada circunstância judicial
negativa, fração que se firmou em observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
Nota:
⚠ A maioria da doutrina afirma que deveria ser aplicada a fração de 1/8 para cada circunstância judicial
negativa. Isso porque existem oito circunstâncias judiciais. Assim, se o juiz detectasse a existência de três
circunstâncias judiciais desfavoráveis, aumentaria a pena-base em 3/8.
⚠ O STJ, contudo, não possui uma posição pacífica existindo decisões em vários sentidos.
• Para elevação da pena-base, podem ser utilizadas as frações de 1/6 sobre a pena mínima ou de 1/8 sobre
o intervalo entre as penas mínima e máxima, exigindo-se fundamentação concreta e objetiva para o uso de
percentual de aumento diverso de um desses.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp n. 1.942.233/DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 24/5/2022.
• Não há um critério matemático para a escolha das frações de aumento em função da negativação dos
vetores contidos no art. 59 do Código Penal, sendo garantida a discricionariedade do julgador para a fixação
da pena-base, dentro do seu livre convencimento motivado e de acordo com as peculiaridades do caso
concreto.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC n. 665.698/RS, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 10/5/2022.
• A jurisprudência deste Tribunal Superior é firme em garantir a discricionariedade do julgador, sem a fixação
de critério aritmético, na escolha da sanção a ser estabelecida na primeira etapa da dosimetria.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC n. 670.044/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2022.
• Não há direito subjetivo do réu ao emprego da fração de 1/6 por cada circunstância judicial desfavorável,
para elevação da reprimenda básica.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.037.079/TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 26/04/2022.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 647642/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/06/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É possível o aumento de pena-base fundado nos abalos psicológicos causados à vítima sobrevivente.

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Nota: no caso concreto, a pena-base foi exasperada em razão do abalo psicológico causado à ofendida que
precisou vender sua residência por valor muito inferior ao de mercado, pois não conseguia conviver com as
lembranças que o local lhe trazia e precisou adquirir com urgência outro imóvel para morar. A presença de
sequelas psicológicas decorrentes do crime tem sido considerado fundamento idôneo para justificar o
afastamento da pena-base do piso legal, pois demonstra que a conduta do agente extrapolou os limites
ordinários do tipo penal violado, merecendo, portanto, maior repreensão. Para tanto, a exasperação da
pena-base deve estar fundamentada em dados concretos extraídos da conduta imputada ao acusado, os
quais devem desbordar dos elementos próprios do tipo penal.
STJ. 5ª Turma. HC 624.350/SC, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/12/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Havendo pluralidade de causas de aumento de pena e sendo apenas uma delas empregada na terceira
fase, as demais podem ser utilizadas nas demais etapas da dosimetria da pena.
Nota: A etapa judicial adotou O SISTEMA TRIFÁSICO DA DOSIMETRIA, conforme explicitado no item 51 da
Exposição de Motivos da Parte Geral do Código Penal e delineado no art. 68 do Código Penal. Assim, a
dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:
• 1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
• 2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
• 3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado pela
jurisprudência pátria: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
19/03/2013.
O deslocamento da majorante sobejante para outra fase da dosimetria, além de não contrariar o sistema
trifásico, é a que melhor se coaduna com o princípio da individualização da pena.
STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020 (Info 684).
OBS.: esse mesmo raciocínio empregado no caso das qualificadoras pode também ser utilizado para os casos
em que há pluralidade de causas de aumento de pena.
STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020. (Info 684)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O forte vínculo de parentesco com o adolescente induzido à prática do crime torna a conduta dos pacientes
mais repreensível.
STJ. 5ª Turma. HC 614.998/PE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/10/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A circunstância de se tratar de réu da carreira da polícia – DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL – denota
reprovabilidade especial a justificar o aumento da pena-base, tratando-se de culpabilidade que ultrapassa
aquela ínsita aos delitos pelos quais condenado, previstos nos arts. 312 e 311 do CP.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.885.525, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/10/2020.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do Código Penal na hipótese em que o crime de furto
qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu quando os proprietários não se encontravam no
imóvel, não havendo que se falar, portanto, em ameaça à vítima ou em benefício do agente para a prática
delitiva em razão de sua condição de fragilidade.
Nota:
Art. 61, CP. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: [...]
II - ter o agente cometido o crime: [...]
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida.”

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Por se tratar de agravante de natureza objetiva, a incidência do art. 61, II, “h”, do CP não depende da prévia
ciência pelo réu da idade da vítima, sendo, de igual modo, desnecessário perquirir se tal circunstância, de
fato, facilitou ou concorreu para a prática delitiva, pois a maior vulnerabilidade do idoso é presumida.
STJ. 5ª Turma. HC 593.219-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2020. (Info 679)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


NÃO se aplica para o reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
Nota:
⇾ A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a 5 (cinco) anos, contado da extinção da
pena, poderá ser considerada como maus antecedentes? Após o período depurador, ainda será possível
considerar a condenação como maus antecedentes?
• SIM. As condenações atingidas pelo período depurador quinquenal do art. 64, inciso I, do CP, embora
afastem os efeitos da reincidência, NÃO impedem a configuração de maus antecedentes, na primeira etapa
da dosimetria da pena.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 558.745/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/09/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 471.346/MS, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019.
• NÃO se aplica para o reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
STF. Plenário. RE 593818/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/8/2020. (Repercussão Geral - Tema 150)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Demonstrada mera falta de técnica na sentença, o habeas corpus pode ser deferido para nominar de forma
correta os registros pretéritos da paciente, doravante chamados de maus antecedentes, e NÃO de conduta
social, SEM afastar, todavia, o dado desabonador que, concretamente, existe nos autos e justifica
diferenciada individualização da pena.
STJ. HC 501.144-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 10/03/2020, DJe 17/03/2020. (Info 669)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Nos casos em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do EMPREGO DE ARMA BRANCA,
NO CRIME DE ROUBO, como circunstância judicial desabonadora (art. 59 do CP).
Nota: com o advento da Lei 13.654, de 23 de abril de 2018, que revogou o inciso I do artigo 157 do CP, o
emprego de arma branca no crime de roubo deixou de ser considerado como majorante, a justificar o
incremento da reprimenda na terceira fase do cálculo dosimétrico, sendo, porém, plenamente possível a sua
valoração como circunstância judicial desabonadora, nos moldes do reconhecido pelas instâncias
ordinárias.
STJ. HC 556.629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 03/03/2020, DJe 23/03/2020. (Info 668)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A qualificadora do meio cruel é compatível com o dolo eventual.
CASO: réu atropelou pedestre, não parou o veículo e o arrastou por 500 metros.
STJ. REsp 1.829.601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 04/02/2020, DJe 12/02/2020. (Info 665)
Mesmo sentido: STJ, 5ª Turma. AgRg no Resp 157389/SC, julgado em 09/04/2019.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A folha de antecedentes criminais é um documento válido para comprovar maus antecedentes ou
reincidência.
Veja também: é possível que a reincidência do réu seja demonstrada com informações processuais extraídas
dos sítios eletrônicos dos tribunais.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018/STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 16/6/2020 (Info 982).

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• Súmula nº 636, STJ. A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus
antecedentes e a reincidência.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 26/06/2019, DJe 27/06/2019. (Info 650).
Súmula 636-STJ

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O descumprimento REITERADO de medidas protetivas de urgência é fundamento idôneo para valorar
negativamente a personalidade do agente, porquanto tal comportamento revela seu especial desrespeito
e desprezo tanto pela mulher quanto pelo sistema judicial.
STJ. 6ª Turma. HC 452.391/PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 28/05/2019.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Para ter direito à atenuante da confissão espontânea no caso do crime de tráfico de drogas, é necessário
que o réu admita que traficava, NÃO podendo dizer que era mero usuário.
Nota: a incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige
o reconhecimento da traficância pelo acusado, NÃO bastando a mera admissão da posse ou propriedade
para uso próprio.
• Súmula nº 630, STJ. A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse
ou propriedade para uso próprio.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 24/04/2019, DJe 29/04/2019. (Info 646)
Súmula 630-STJ

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Condenações anteriores transitadas em julgado NÃO podem ser utilizadas como personalidade ou conduta
social desfavorável.
Nota: não se admite a utilização de condenações criminais para desvalorar a personalidade ou a conduta
social do agente. A conduta e personalidade do agente não se confundem com antecedentes criminais. A
atuação do réu no contexto familiar, na comunidade, no trabalho etc. é conduta social; o seu temperamento
e características do seu caráter é sua personalidade social.
STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019. (Info 947)
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018 (Info 639) / STJ, 5ª Turma. HC
475.436/PE, julgado em 13.12.2018; STF, 2ª Turma, RHC 130132, julgado em 10/05/2016. (Info 825)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A existência de condenações definitivas anteriores NÃO se presta a fundamentar a exasperação da pena-
base como personalidade voltada para o crime.
Condenações transitadas em julgado NÃO constituem fundamento idôneo para análise desfavorável da
personalidade do agente.
STJ. 6ª Turma. HC 472.654-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/02/2019. (Info 643)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 466.746/PE, julgado em 11/12/2018.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não se mostra correto o magistrado utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como
“conduta social desfavorável”. NÃO é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em
julgado como fundamento para negativar a conduta social.
NOTA: não se pode confundir conduta social (comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de
trabalho e no relacionamento com outros indivíduos) com antecedentes criminais.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018. (Info 639)
Mesmo sentido: STJ, 5ª Turma. HC 475.436/PE, julgado em 13.12.2018; STF, 2ª Turma, RHC 130132, julgado em 10/05/2016. (Info 825)
Mais recente: STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019. (Info 947)

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2.1 Pena de Multa

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Em adequação ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, o INADIMPLEMENTO da pena de multa
obsta a extinção da punibilidade do apenado.
Nota: O STF decidiu na ADI 3.150/DF que a multa é espécie de pena.
⚠ CUIDADO! Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o
inadimplemento da sanção pecuniária, pelo condenado que comprovar impossibilidade de fazê-lo, não
obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade. STJ. 3ª Seção. REsp 1785861/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
24/11/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 931).
STJ. AgRg no REsp 1.850.903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 28/04/2020, DJe 30/04/2020.
(Info 671)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O MINISTÉRIO PÚBLICO possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal
condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública.
Nota: a Súmula 521-STF fica superada e deverá ser cancelada.
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
Nota: O presente caderno é de jurisprudência e o julgado postado é do Plenário do STF na ADI 3.150 -DF
que, apesar de ser de 2018, foi publicado somente em junho de 2020 no sentido de legitimação prioritária
do MP, podendo a multa ser cobrada pela Fazenda se o MP não houver atuado em prazo razoável (90
dias).
Tal posição foi REAFIRMADA pelo STF em decisão publicada em outubro de 2020: […]
1. Execução penal em que foi extinta a pena privativa de liberdade pelo indulto. Não obstante, subsistente o
dever jurídico de pagamento da pena de multa.
2. O juízo da execução penal é competente para a execução da multa se houver atuação do Ministério
Público, que é o legitimado prioritário (12ª QO na AP nº 470, de minha relatoria; ADI nº 3150, em que fui
designado redator para o acórdão).
3. Por outro lado, havendo atuação da Fazenda Pública, legitimado subsidiário, a execução da multa deve
ocorrer perante o juízo da execução fiscal.
4. Na hipótese, a PGFN noticia que a multa criminal é objeto de execução fiscal. Assim, não há motivo para o
prosseguimento desta execução penal porque já ajuizada a respectiva execução fiscal no juízo cível.
5. Arquivamento da execução penal. […] (Execução Penal nº 12/DF, STF, Rel. Min. Roberto Barroso, decisão
de 16.10.2020, publicado no DJ em 19.10.2020).
Obs. há um julgado da 5ª Turma do STJ publicado em novembro no sentido que cabe ao juízo das execuções
penais, sem ressalvas, a competência da execução da pena de multa.
Assentou o STJ:
[…] II - O Plenário do Excelso Pretório, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, via dotada
de eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação aos demais órgão do Poder Judiciário
nacional, reconheceu ser atribuição prioritária do Ministério Público, Federal ou Estadual, promover a
execução da pena de multa, o que fará conforme o procedimento descrito nos artigos 164 e seguintes da Lei
n. 7.210/1984, perante o Juízo das Execuções Penais.
III - No caso vertente, colhe-se da decisão de primeiro grau, transcrita no acórdão guerreado (fls. 51-57), que
à época em que requerida a declaração do indulto da sanção pecuniária perante o juízo das execuções penais,
ainda não havia sido encaminhada informações quanto ao débito à Procuradoria da Fazenda Nacional para
inscrição em dívida ativa.

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
DELEGADO PERNAMBUCO – TURMA 5
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
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IV - Ainda que assim não fosse, proveito algum decorreria da declaração de incompetência do juízo das
execuções penais, eis que, conforme a atual redação do artigo 51 do Código Penal, recentemente alterada
pela Lei n. 13.964/2019, cabe ao juízo das execuções penais, SEM RESSALVAS, a competência para
execução da pena de multa. É de conhecimento geral que as alterações nas regras processuais relativas à
competência material têm aplicação imediata, independentemente das que vigiam à época do cometimento
do crime. […] (Agravo Regimental no Recurso Especial nº 1.869.371-PR, STJ, 5ª Turma, julgado em
17.11.2020, publicado no DJ em 24.11.2020)
Em conclusão, depois da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, a execução da pena de multa deverá ser,
necessariamente, perante o Juízo da Execução Penal, com atribuição exclusiva do Ministério Público, sendo
descabido falar, desde então, em atribuição subsidiária da Fazenda Pública perante a Vara de Execuções
Fiscais, nos termos em que decidido pelo STF (segundo a redação da disposição anterior) na ADI nº 3.150-
DF.

⚠ CUIDADO! MODULAÇÃO DOS EFEITOS:


O STF, em embargos de declaração, decidiu modular os efeitos do entendimento acima e afirmou que existe
competência concorrente da Procuradoria da Fazenda Pública quanto às execuções findas ou iniciadas até a
data do trânsito em julgado da presente ação direta de inconstitucionalidade (STF. Plenário. ADI 3150 ED, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020).

⚠ ATENÇÃO TAMBÉM! Não cabe a determinação do pagamento da pena de multa, de ofício, ao juízo da
execução (STJ. AgRg no AREsp 2.222.146-GO, Rel. Ministro Reynaldo Soares Da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 9/5/2023,
DJe 15/5/2023 - Info 779).
STF. Plenário. ADI 3150/DF, Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018. (Info 927)

3. CONCURSO FORMAL E CRIME CONTINUADO

3.1 Crime Continuado

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não incide a regra a continuidade delitiva especifica nos crimes de estupro praticados com violência
presumida.
Nota: De fato, "A violência de que trata a continuidade delitiva especial (art. 71, parágrafo único, do Código
Penal) é real, sendo inviável aplicar limites mais gravosos do benefício penal da continuidade delitiva com
base, exclusivamente, na ficção jurídica de violência do legislador utilizada para criar o tipo penal de estupro
de vulnerável, se efetivamente a conjunção carnal ou ato libidinoso executado contra vulnerável foi
desprovido de qualquer violência real." (PET no REsp 1.659.662/CE, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta
Turma, DJe de 14/5/2021).
Nesse sentido, "A jurisprudência desta Corte Superior decidiu que, nas hipóteses de crimes de estupro ou de
atentado violento ao pudor praticados com violência presumida, não incide a regra do concurso material
nem da continuidade delitiva específica. (REsp 1.602.771/MG, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta
Turma, DJe de 27/10/2017).
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 5/9/2023, DJe
8/9/2023. (Info 786)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É proporcional a aplicação da fração máxima de 2/3 na hipótese de a conduta criminosa corresponder a 7
ou mais infrações em continuidade delitiva.
Nota: A jurisprudência do STJ entende que "a fração a ser aplicada a título de continuidade delitiva deve ser
proporcional ao número de infrações cometidas, sendo aplicada a fração máxima de 2/3 no caso de 7 ou
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
DELEGADO PERNAMBUCO – TURMA 5
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mais infrações." (AgRg no AREsp n. 2.067.269/SP, Ministro Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, DJe
de 5/8/2022).
2 crimes aumenta 1/6

3 crimes aumenta 1/5

4 crimes aumenta 1/4

5 crimes aumenta 1/3

6 crimes aumenta 1/2

7 ou mais aumenta 2/3


STJ. AgRg no REsp 1.945.790-MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 13/09/2022. (Info 749)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O reconhecimento da continuidade delitiva não importa na obrigatoriedade de redução da pena definitiva
fixada em cúmulo material, porquanto há possibilidade de aumento do delito mais gravoso em até o triplo,
nos termos do art. 71, parágrafo único, in fine, do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 301.882-RJ, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 19/04/2022, DJe
26/04/2022. (Info 734)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Os delitos de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária,
previstos, respectivamente, nos arts. 168-A e 337-A do CP, embora sejam do mesmo gênero, são de
espécies diversas; obstando a benesse da continuidade delitiva.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1868826/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/02/2021.

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em conjunto. Isso
porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies diversas.
STF. 1ª Turma. HC 190909, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/10/2020.
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/4/2018 (Info 899). TJ. 5ª Turma. AgInt no AREsp 908.786/PB, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 06/12/2016.

4. INDULTO

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Para fins de alcançar o requisito objetivo tutelado pelo Decreto Presidencial n. 11.302/2022 (pena máxima
em abstrato não superior a 5 anos), deve-se considerar a pena do delito que se pleiteia o indulto e não o
somatório das penas da execução.
STJ. HC 853.365-SP, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 3/10/2023. (Info 789)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A melhor interpretação sistêmica da leitura conjunta dos arts. 5º e 11 do Decreto n. 11.302/2022 é a que
entende que o resultado da soma ou da unificação de penas efetuada até 25/12/2022 não constitui óbice
à concessão do indulto àqueles condenados por delitos com pena em abstrato não superior a 5 (cinco)
anos, desde que (1) cumprida integralmente a pena por crime impeditivo do benefício; (2) o crime
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
DELEGADO PERNAMBUCO – TURMA 5
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indultado corresponda a condenação primária (art. 12 do Decreto); e (3) o beneficiado não seja integrante
de facção criminosa (parágrafo 1º do art. 7º do Decreto).
STJ. AgRg no HC 824.625-SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 20/6/2023, DJe 26/6/2023.
(Info 781)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


É inconstitucional — por violar os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF/1988,
art. 37, “caput”) e por incorrer em desvio de finalidade — decreto presidencial que, ao conceder indulto
individual (graça em sentido estrito), visa atingir objetivos distintos daqueles autorizados pela Constituição
Federal de 1988, eis que observa interesse pessoal ao invés do público.
STF. ADPF 967/DF, relatora Ministra Rosa Weber, julgamento finalizado em 10.5.2023. (Info 1094)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O indulto é instituto da execução penal, não se estendendo os benefícios da norma instituidora aos presos
cautelarmente com direito à detração penal.
Nota: a jurisprudência da Corte, é no sentido de que o indulto é instituto da execução penal, não se
estendendo os benefícios da norma instituidora, no caso o Decreto Presidencial n. 9.246/1997, aos presos
cautelarmente com direito à detração penal, mas apenas aos que cumpriam prisão-pena na ocasião da edição
da norma.
STJ. AgRg no AREsp 1.887.116-GO, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade,
julgado em 03/05/2022, DJe 06/05/2022. (Info 736)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


O INDULTO extingue somente a pena ou medida de segurança, NÃO interferindo nos efeitos secundários
da condenação.
Nota:
⚠ Já a ANISTIA extingue os efeitos primários e secundários.
• Súmula nº 631, STJ. O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas
não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.
3ª Seção. Aprovada em 24/04/2019, DJe 29/04/2019. (Info 646)

5. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Dadas as peculiaridades do caso concreto, admite-se que ao réu primário, condenado à pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, seja fixado o regime inicial aberto, ainda que negativada
circunstância judicial.
Nota: A despeito de o § 3º do art. 33 do Código Penal dispor que para a escolha do modo inicial de
cumprimento da pena deverão ser observados os critérios do art. 59, não fica o julgador compelido a fixar
regime mais gravoso do que o cabível em razão do quantitativo da sanção imposta, ainda que presente
circunstância judicial desfavorável.
Assim, embora a definição da pena-base acima do mínimo legalmente previsto autorize, nos termos do art.
33, § 3º, do Código Penal, a fixação do regime inicial imediatamente mais grave do que o estabelecido em
razão do quantum da pena aplicada, nada impede que o julgador deixe de recrudescer o modo prisional se
entender que aquele cominado ao montante da pena imposta se mostra suficiente à reprovação do delito.
É possível, portanto, concluir que a negativação de circunstâncias judiciais, ao contrário do que ocorre
quando reconhecida a agravante da reincidência, confere ao julgador a faculdade - e não a obrigatoriedade
- de recrudescer o regime prisional.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.970.578-SC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF1ª Região), Sexta Turma, por maioria, julgado em
03/05/2022. (Info 735)
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DELEGADO PERNAMBUCO – TURMA 5
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
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No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


A reincidência delitiva do paciente, que praticou o quinto furto em pequeno município, eleva a gravidade
subjetiva de sua conduta.
Nota: João, reincidente, foi condenado a uma pena de 1 ano e 4 meses de reclusão, em regime inicial fechado,
pela prática do crime de furto simples (art. 155, caput, do CP). A defesa postulou a aplicação do regime aberto
com base no princípio da insignificância, considerado o objeto furtado ter sido apenas uma garrafa de licor.
O STF decidiu impor o regime semiaberto. Entendeu-se que, de um lado, o regime fechado deve ser afastado.
Por outro, não se pode conferir o regime aberto para um condenado reincidente, uma vez que isso poderia
se tornar um incentivo à criminalidade, ainda mais em cidades menores, onde o furto é, via de regra,
perpetrado no mesmo estabelecimento.
STF. 1ª Turma. HC 136385/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. julgado em 07/08/2018. (Info 910)

No Concurso Será Cobrado Da Seguinte Forma:


Se todas as circunstâncias judiciais são favoráveis, de forma que a pena-base foi fixada no mínimo legal,
então, neste caso, NÃO cabe a imposição de regime inicial mais gravoso.
Nota: o STJ possui um enunciado nesse sentido:
• Súmula nº 440, STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é VEDADO o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
STF. 2ª Turma. RHC 131133/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/10/2017. (Info 881)

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