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AFO/Direito Financeiro Intervenção e funções do orçamento

Intervenção e funções do
orçamento

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Sumário
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA ....................................................................................................... 4
BENS PÚBLICOS PUROS ................................................................................................................................................... 6
BENS SEMIPÚBLICOS (OU BENS MERITÓRIOS) ........................................................................................................................ 7
EXTERNALIDADES ......................................................................................................................................................... 12
DEMAIS FALHAS DE MERCADO.......................................................................................................................................... 14
Participantes do mercado com grau elevado de influência sobre os preços e a quantidade produzida (monopólios e
oligopólios, especialmente os monopólios naturais); ................................................................................................... 14
Assimetria de informações ....................................................................................................................................... 14
Mercados incompletos............................................................................................................................................. 14
Ocorrência de desemprego e inflação ........................................................................................................................ 15

FUNÇÕES DO ORÇAMENTO ............................................................................................................................ 16


FUNÇÃO ALOCATIVA ...................................................................................................................................................... 17
FUNÇÃO DISTRIBUTIVA ................................................................................................................................................... 19
FUNÇÃO ESTABILIZADORA .............................................................................................................................................. 21

QUESTÕES COMENTADAS – CEBRASPE ........................................................................................................... 24


INTERVENÇÃO NA ECONOMIA........................................................................................................................................... 24
FUNÇÕES DO ORÇAMENTO .............................................................................................................................................. 26

LISTA DE QUESTÕES – CEBRASPE ................................................................................................................... 36

GABARITO – CEBRASPE .................................................................................................................................. 41

QUESTÕES COMENTADAS – CEBRASPE ........................................................................................................... 42


INTERVENÇÃO NA ECONOMIA........................................................................................................................................... 42
FUNÇÕES DO ORÇAMENTO .............................................................................................................................................. 45

LISTA DE QUESTÕES – FGV ............................................................................................................................. 51


INTERVENÇÃO NA ECONOMIA........................................................................................................................................... 51
FUNÇÕES DO ORÇAMENTO .............................................................................................................................................. 52

GABARITO – FGV ............................................................................................................................................ 55

CONCEITOS INICIAIS: O QUE É ORÇAMENTO PÚBLICO? .................................................................................... 56

ESPÉCIES E TÉCNICAS DE ORÇAMENTO ........................................................................................................... 58


ORÇAMENTO TRADICIONAL (CLÁSSICO) .............................................................................................................................60
Orçamento incremental........................................................................................................................................... 61
ORÇAMENTO DE DESEMPENHO (OU POR REALIZAÇÕES)......................................................................................................... 63
PPBS (PLANNING, PROGRAMMING AND BUDGETING SYSTEM) ................................................................................................. 65
ORÇAMENTO BASE-ZERO (OBZ) .....................................................................................................................................68
ORÇAMENTO-PROGRAMA ............................................................................................................................................... 72
Histórico ................................................................................................................................................................ 72
Conceito ................................................................................................................................................................ 75
Estrutura ............................................................................................................................................................... 77

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Limitações e críticas ................................................................................................................................................ 80


Comparativo com o orçamento tradicional ................................................................................................................ 81
ORÇAMENTO POR RESULTADOS ....................................................................................................................................... 84
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ........................................................................................................................................... 85

TIPOS DE ORÇAMENTO................................................................................................................................... 90
ORÇAMENTO LEGISLATIVO .............................................................................................................................................90
ORÇAMENTO EXECUTIVO................................................................................................................................................ 91
ORÇAMENTO MISTO ...................................................................................................................................................... 92

ORÇAMENTO AUTORIZATIVO VS. ORÇAMENTO IMPOSITIVO............................................................................ 94

ORÇAMENTO NO BRASIL ................................................................................................................................ 97


HISTÓRIA – CONSTITUIÇÕES PRETÉRITAS ............................................................................................................................ 97
NATUREZA JURÍDICA DO ORÇAMENTO BRASILEIRO ................................................................................................................98

QUESTÕES COMENTADAS – FGV .................................................................................................................... 102

LISTA DE QUESTÕES – FGV ............................................................................................................................ 113

GABARITO – FGV .......................................................................................................................................... 116

RESUMO DIRECIONADO ................................................................................................................................ 117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................................................124

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Intervenção do Estado na Economia


Em determinadas situações, o Estado intervém na economia. E ele pode fazer isso de forma direta ou de forma
indireta (conforme ensina Giovanni Pacelli, em seu livro “Administração Financeira e Orçamentária 3D, 3ª edição,
2020).

Na intervenção direta, o Estado atua na produção de bens e serviços e no processo de acumulação de capital.
Dentre as formas de intervenção direta, destacam-se:

 a política de gastos: representada pela produção de bens públicos, produção de serviços sociais e
investimentos em infraestrutura. A política de gastos é refletida no orçamento. Aqui o Estado atua como
principal cliente do mercado interno (compras governamentais); e

 as empresas estatais: que atuam em setores estratégicos da indústria.

Já na intervenção indireta, o Estado atua interferindo nas decisões de produção do setor privado mediante
alteração dos preços relativos. O Estado pode fazer isso de jeito direto, por meio de regulação, utilizando-se de
medidas legais que se traduzem em tabelamentos, quotas e regulamentações sobre preço, qualidade e
quantidade. Ou de jeito indireto, por meio de políticas macroeconômicas: política fiscal, monetária e cambial.
Dentre as formas de intervenção indireta, destacam-se:

 a política de receitas: está diretamente relacionada ao sistema tributário e compreende a adoção de


medidas como o aumento de impostos ou a renúncia de receitas; e
 a regulação: feita pelas agências reguladoras. Aqui o Estado interfere no preço, na qualidade e na
quantidade das concessões públicas.

“E por que o Estado faz isso, professor? Por que ele intervém na economia?”

Bom, o Estado faz isso com o objetivo de satisfazer as necessidades coletivas, manter a estabilidade econômica,
promover o crescimento econômico e melhorar a distribuição de renda. E ele faz isso porque existem falhas de
mercado.

Falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance o estágio de welfare economics ou
máximo Estado de Bem-Estar Social (ótimo de Pareto), através do livre mercado, sem interferência do Governo.
A atuação do Estado na economia ameniza as falhas de mercado com vistas a melhorar o bem-estar da população.
(PALUDO, Augustinho. Orçamento público: Administração Financeira e Orçamentária e LRF, 5ª ed., 2015). Uma
falha de mercado seria uma situação em que o mercado por si só fracassa ao alocar recursos com eficiência: uma
situação que a “mão invisível do mercado” não é capaz de resolver.

Pois é. No mundo real, mercados perfeitamente competitivos são raros. As falhas de mercado existem. E elas
justificam a intervenção do governo.

De acordo com o autor Augustinho Paludo, de forma geral a teoria das finanças públicas gira em torno da existência das falhas
de mercado que tornam necessária a presença do Governo, o estudo das funções do Governo, da teoria da tributação e do
gasto público.

Preste atenção!

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São as falhas de mercado que justificam a intervenção do Estado na economia.

“Certo, professor. Mas que falhas de mercado são essas?”

Os exemplos mais comuns de falhas de mercado são:

 Existência dos bens públicos (bens públicos puros, bens semipúblicos ou meritórios);

 Externalidades (positivas ou negativas);


 Participantes do mercado com grau elevado de influência sobre os preços e a quantidade produzida
(monopólios e oligopólios, especialmente os monopólios naturais);

 Assimetria de informações;
 Mercados incompletos;
 Ocorrência de desemprego e inflação;

“Professor, bens públicos? Externalidades? Pode falar mais sobre isso?”

Claro!

Bens públicos são bens que são consumidos por diversas pessoas ao mesmo tempo (ruas, praças, segurança
pública, iluminação pública, justiça, etc.). Seu consumo é coletivo, de forma que uma pessoa utilizando um bem
público não tira o direito de outra também utilizá-lo.

Por exemplo: eu posso utilizar a praia e isso não tira o seu direito de também fazê-lo. Todos nós podemos usufruir da praia
juntos! Só não agora, tá? Vamos primeiro terminar essa aula!

Mas preciso detalhar ainda mais. Vou primeiro falar dos bens públicos puros. Em seguida, eu falo sobre os bens
semipúblicos, sobre as externalidades e sobre as demais falhas de mercado.

Questões para fixar


1) CEBRASPE – TJ-RR – Administrador – 2012

Entre os motivos que ensejam a intervenção do Estado na economia inclui-se a existência de bens públicos e de
externalidades.

Comentários:

Sim. As falhas de mercado, a exemplo da existência de bens públicos e de externalidades, justificam a


intervenção do Estado na economia. A existência das falhas de mercado torna necessária a presença do Governo,
o estudo das funções do Governo, da teoria da tributação e do gasto público.

Gabarito: Certo

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Bens públicos puros


Um bem público puro é aquele cujo consumo não é rival e cuja exclusão não é desejável. Desse modo, pode-se
afirmar que os bens públicos puros atendem ao princípio da não-rivalidade e da não-exclusão (ao contrário dos
bens privados, que são caracterizados pela rivalidade e exclusividade).

A não rivalidade é a característica de dois ou mais consumidores poderem consumir uma mesma unidade do bem
(consumo conjunto), ou seja, o consumo do bem por um consumidor não reduz a quantidade disponível para
consumo desse bem por outro consumidor.

Por exemplo: uma loja está fazendo promoção de um determinado modelo de Smart TV na Black Friday. No entanto, serão
vendidas apenas 2 unidades desse modelo. Há 100 pessoas interessadas. Obviamente, não vai dar para todo mundo. Quem
chegar primeiro compra! É competição! Rivalidade!

A não-rivalidade acontece quando o custo marginal de adicionar outro consumidor ao consumo do bem é igual a zero. Ou
seja: posso adicionar outro consumidor, sem problemas, sem custo (marginal).

Já a propriedade da exclusão significa que o consumidor é excluído no caso de não pagamento. A exclusão não
ser desejável é a característica inerente ao fato de não existirem custos adicionais em ter um consumidor extra.

Por exemplo: sua banda favorita está na cidade e vai se apresentar numa casa de show. O ingresso custa R$ 100,00. Se você
não pagar, você não entra. Você fica excluído do show se não pagar. Simples assim. E outra: quanto mais consumidores, mais
custos a organização da banda terá, pois deverá providenciar um espaço maior, mais cadeiras, mais banheiros, mais
estacionamento, etc.

Já no caso de uma estrada sem pedágio, que é um bem público puro, você não precisa pagar nada para utilizá-la. E qual é o
custo adicional de mais um carro circulando por aquela via? Nenhum! E é desejável que seja assim mesmo.

Vejamos agora a lição do mestre em ciências econômicas Fábio Giambiagi (preste bastante atenção):

É justamente o princípio da "não exclusão" no consumo dos bens públicos que torna a solução de mercado,
em geral, ineficiente para garantir a produção da quantidade adequada de bens públicos requerida pela
sociedade. O sistema de mercado só funciona adequadamente quando o princípio da "exclusão" no
consumo pode ser aplicado, ou seja, quando o consumo por um indivíduo A de um bem específico significa
que A tenha pago o preço do tal bem, enquanto B, que não pagou por esse bem, é excluído do consumo do
mesmo. Em outras palavras, o comércio não pode ocorrer sem que haja o direito de propriedade que
depende da aplicação do princípio de exclusão. Sem este, o sistema de mercado não pode funcionar de
forma adequada, já que os consumidores não farão lances que revelem sua preferência à medida que
podem, como "caronas", usufruir dos mesmos benefícios. É por esta razão que a responsabilidade
pela provisão de bens públicos recai sobre o governo, que financia a produção desses bens através da
cobrança compulsória de impostos.

Entendeu? Deixa eu lhe dar mais um exemplo para facilitar ainda mais:

O exemplo clássico é o da luz do farol para a navegação. Todos podem se utilizar dessa luz, mesmo aquele navio que não
pagou por esse serviço. Visto que não se consegue excluir ninguém de utilizar esse bem, os usuários perceberiam que podem
utilizá-lo sem pagar, tendo um fortíssimo incentivo a não pagar e simplesmente “pegar carona” (free riding). O pensamento
é: “ora, para que eu vou pagar se a luz vai estar lá do mesmo jeito?”.

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Nessa brincadeira, ninguém ou quase ninguém vai pagar pelo serviço, e em breve o fornecedor de luz do farol vai à falência.

Veja que essa situação dificulta ou até mesmo impossibilita que o fornecedor obtenha lucros. Se o fornecedor não vai obter
lucros, ele não vai oferecer o serviço. Então não vai ter serviço.

E agora? Vai todo mundo ficar sem luz do farol para navegação? Quem poderá nos salvar? O Chapolin Colorado?

É aí que entra o Estado. Se o mercado não dispõe, a solução é a intervenção do Estado. E é por isso que existência de bens
públicos é considerada uma falha de mercado.

Iluminação pública é outro bom exemplo. Não há rivalidade no consumo de iluminação pública (a utilização por
um consumidor não impede a utilização de outro consumidor) e tampouco há exclusão (não tem como excluir o
consumidor pelo não pagamento: a Administração não vai e nem consegue lhe impedir de usufruir da iluminação
pública, mesmo que você não pague a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Publica – COSIP).
Qualidade ambiental, defesa nacional, segurança pública e justiça pública são outros bons exemplos.

Preste atenção!
Os consumidores não revelam suas preferências no que diz respeito a bens públicos.

O sistema de mercado só funciona adequadamente quando o princípio da "exclusão" no consumo pode ser
aplicado.

A característica de exclusão dos bens semipúblicos favorece o surgimento dos free-riders (caronas).

Detalhe: agora que você sabe o que são bens públicos, é interessante que você saiba também o que não são bens
públicos.

Então observe (Giancturco, 2021):

1. Os bens públicos não são os bens fornecidos pelo estado.


2. Bem público não é qualquer um fornecido pelo estado.
3. Nem todos os bens fornecidos pelo estado são públicos.
4. Há também bens públicos que não são fornecidos pelo estado.
5. Bens importantes como hospitais e escolas não são bens públicos.

Bens semipúblicos (ou bens meritórios)


“E os bens semipúblicos, professor?”

Bens semipúblicos (ou bens meritórios) são aqueles que não apresentam todas as características de bens públicos
puros (geralmente são ou não rivais ou não excludentes), mas, ainda assim, o mercado se interessa em ofertá-los.

De acordo com James Giacomoni (2019), os bens meritórios, por um lado, se assemelham aos bens privados, pois
atendem as regras de mercado e sujeitam o consumidor ao princípio da exclusão. Por outro lado, seus benefícios
têm grande importância para a população, devendo ser usufruídos por todos, inclusive pela parcela da população
com menor ou sem capacidade de pagamento.

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Assim, apesar de os bens semipúblicos possuírem natureza de bem privado, a sua utilidade social é
predominante, o que justifica a sua provisão (financiamento) pelo Governo (por meio da tributação). Em outras
palavras: os bens meritórios geram externalidades positivas (daqui a pouco veremos isso) e sua provisão deve
ser estimulada pelo governo via, por exemplo, o estabelecimento de subsídios à produção pelo setor privado.

Detalhe é que, diferentemente dos bens públicos (que têm natureza especial porque a mesma quantidade deve
ser usufruída por todos, ainda que isso não ocorra sempre), os bens meritórios por serem também bens privados,
sujeitam-se às preferências do consumidor.

Observação: existe uma distinção entre provisão de bens e produção de bens públicos e meritórios. Na lição de James
Giacomoni:

“O plano orçamentário contempla recursos tanto para a produção de bens por parte da administração pública como para a
provisão, caso em que organizações do setor privado, mediante contratação, produzem os bens. Entre os inúmeros
exemplos de bens públicos contratados estão as obras públicas dos mais diversos tipos e os armamentos de defesa; entre
bens meritórios providos pelo Estado estão os medicamentos a serem distribuídos gratuitamente, as bolsas de estudos, a
merenda escolar, os serviços de saúde pública fornecidos pela rede particular etc.

Exemplos de bens meritórios são os serviços de saúde e de educação. Mesmo não havendo exclusão (você não precisa pagar
para utilizar um hospital público ou uma escola pública, portanto não ficará excluído desse consumo no caso de não
pagamento), ainda há a presença da rivalidade: o consumo do bem por um consumidor reduz a quantidade disponível
para outro consumidor. A quantidade de leitos é limitada. As vagas nas creches são limitadas. Existe uma certa
competição (rivalidade) para o consumo desses bens.

Pois bem.

Na economia, os bens podem ser agrupados segundo as características da exclusão e da rivalidade. Preste atenção
nesta tabela, em que se apresenta a classificação do bem, seguida de exemplos:

Exclusividade Não Exclusividade

Bens privados Bens comuns ou quase públicos


Rivalidade Comida, vestuário, combustível, Recursos naturais: peixes em um
eletrodomésticos etc. lago, caça, praia etc.

Bens públicos (puros)


Bens semipúblicos (bens de
clube) Segurança pública, justiça, farol na
Não Rivalidade orla marítima, iluminação pública,
Cinema, museus, parques
ruas não congestionadas, estradas
privados, serviços de streaming de
vazias, shows de fogos de artifício
músicas e vídeos etc.
etc.

Fonte: Giancturco, 2021.

Eu gosto de visualizar essa tabela em forma de "X”. Numa extremidade, temos os bens privados e os bens públicos
puros (ambos em laranja). Na outra extremidade, temos os bens de clube e os bens comuns (em azul).

“Mas como assim bens de clube e bens comuns, professor?”

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Boa pergunta!

Bens de clube são bens não rivais, mas em que já possibilidade de exclusão. Dentro de um clube fechado, esses
bens funcionam como bens públicos puros: não há rivalidade.

Um bom e atual exemplo de bens de clube são os serviços de streaming de vídeos. Para entrar, você precisa pagar
(exclusividade). Mas uma vez que você está dentro, você pode assistir quantos filmes quiser e o fato de você assistir um filme
não impede outras pessoas de o assistirem também.

Bens comuns são geralmente recursos naturais. São bens rivais (isto é, se alguém consumir, o consumo das outras
pessoas será afetado), mas não excludentes (não há como excluir, não precisa pagar). É por isso que esses bens
geram a conhecida “tragédia dos comuns”.

A tragédia dos comuns refere-se a uma situação em que os indivíduos, agindo de forma independente, racional e de acordo
com seus próprios interesses, atuam contra os interesses de uma comunidade, esgotando os bens comuns. O livre acesso
resultaria na superexploração de recursos finitos, provocando o seu esgotamento.

Vamos facilitar com alguns exemplos.

Exemplo 1: lá na Europa medieval, existiam os feudos, certo? Os criadores de gado moravam dentro dos feudos, e fora deles
existiam áreas de pastagem. Essas áreas eram públicas (“não eram de ninguém”, “não eram dos feudos”), todo mundo as
utilizava, sem custo e sem limitação.

Com o tempo, as áreas de pastagens foram se desgastando e se esgotando, até o momento que não sobrou mais nenhuma
área de pastagem. A criação de gado ficou impossível e a sociedade agora ficou sem os produtos derivados do gado.

Viu como a superexploração de recursos finitos (e comuns), em prol de interesses pessoais, resultou num efeito contrário ao
interesse da comunidade? Que tragédia!

Exemplo 2: num lago, há um número finito de peixes. Eles são importantes tanto para a comunidade que lá vive quanto para
o equilíbrio ambiental. Acontece que os pescadores descobriram que o peixe desse lago é delicioso (e pode ser vendido por
um preço maior). Então cada pescador resolve pescar o máximo que puder desse lago.

Com o tempo, adivinha o que vai acontecer?

Não vai sobrar nenhum peixe! A comunidade será afetada, o equilíbrio ambiental será afetado. Ou seja: uma verdadeira
tragédia! A tragédia dos comuns!

De acordo com Adriano Giancturco (2021), a única solução tecnicamente possível para a tragédia dos comuns é:
privatizar, liberalizar, instituir direitos de propriedade.

Outra coisa interessante de saber é que: um bem público pode deixar de ser bem público.

Pense numa rua vazia. É um bem público. Você não paga nada para utilizá-la (ninguém pode lhe excluir desse consumo) e
você não a disputa com ninguém, usa quanto e como você quiser.

Agora, na medida em que a rua se torna congestionada, ela deixa de ser um bem público, porque o uso excessivo a torna um
bem rival. Agora você tem que disputar o espaço com outros carros. E o “consumo da rua” por parte desses outros carros afeta
o seu consumo da rua.

Entendeu? Atenção para isso!

Para finalizar, ainda segundo o supramencionado autor, existem também os bens não meritórios, cujo consumo
traz prejuízos para a população, devendo Estado adotar medidas restritivas ao consumo.

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Por exemplo: a ação pública terá caráter repressivo no caso das drogas ilícitas e imporá restrições ao consumo das drogas
lícitas – fumo e bebidas – limitando os pontos de venda e de consumo e, principalmente, por meio de taxação elevada.

Questões para fixar


2) [Q497032] FGV – CONDER - Economista – 2013

Leia o fragmento a seguir:

“Os bens meritórios apresentam algum grau de _____. Por isso podem ser providos pelo setor privado. Um
exemplo é o da _____, que gera externalidades positivas para toda a sociedade. Este motivo faz com que o setor
público também oferte este tipo de bem ou serviço, sendo financiado via _____”

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do fragmento acima.

A) exclusão – iluminação nas ruas – tributação.

B) exclusão – educação – tributação.

C) inclusão – saúde – subsídio cruzado.

D) rivalidade – educação – subsídio cruzado.

E) rivalidade – saúde – subsídio cruzado.

Comentários:

De acordo com James Giacomoni (2019), os bens meritórios, por um lado, se assemelham aos bens privados, pois
atendem as regras de mercado e sujeitam o consumidor ao princípio da exclusão. Por outro lado, seus benefícios
têm grande importância para a população, devendo ser usufruídos por todos, inclusive pela parcela da população
com menor ou sem capacidade de pagamento.

Assim, apesar de os bens semipúblicos possuírem natureza de bem privado, a sua utilidade social é predominante,
o que justifica a sua provisão (financiamento) pelo Governo (por meio da tributação).

Exemplos de bens meritórios são os serviços de saúde e de educação.

Gabarito: B

3) FGV – Prefeitura de Niterói - RJ - Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – 2018

Acerca do conceito de bens públicos, analise as afirmativas a seguir.

I. O bem público é aquele não rival e não exclusivo, tal como uma praça ou parque.

II. A característica de rivalidade dos bens semipúblicos favorece o surgimento dos free-riders (caronas).

III. Os recursos naturais são exemplos de bens meritórios, já que dependem de políticas públicas para a sua
manutenção.

Está correto o que se afirma em:

A) I, apenas.

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B) II, apenas.

C) III, apenas.

D) I e II, apenas.

E) I, II e III.

Comentários:

I. Correta. Os bens públicos (puros) atendem ao princípio da não-rivalidade e da não-exclusão.

II. Errada. É o princípio da não-exclusão que favorece o surgimento dos free-riders (caronas). Na lição de Fábio
Giambiagi:

“É justamente o princípio da "não exclusão" no consumo dos bens públicos que torna a solução de mercado, em
geral, ineficiente para garantir a produção da quantidade adequada de bens públicos requerida pela sociedade. O
sistema de mercado só funciona adequadamente quando o princípio da "exclusão" no consumo pode ser aplicado,
(...). Sem este, o sistema de mercado não pode funcionar de forma adequada, já que os consumidores não farão
lances que revelem sua preferência à medida que podem, como "caronas", usufruir dos mesmos benefícios.”

III. Errada. Recursos naturais são exemplos de bens públicos puros.

Gabarito: A

4) [Q863345] FGV – SEFIN-RO - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais– 2018

Quando uma rua é inaugurada, ela pode ser considerada um bem público. Com o trânsito em determinados
horários, no entanto, ela deixa de ser um bem público, porque

A) perde a característica de não excludência.

B) o uso excessivo a torna um bem rival.

C) há a presença de transporte público e carros particulares.

D) gera poluição, incorrendo em externalidade negativa.

E) a existência de trânsito gera o mesmo efeito da implementação de um pedágio.

Comentários:

Lembre-se do que eu falei: um bem público pode deixar de ser bem público.

É um caso de uma rua não congestionada (bem público) que começa a ser rival por causa de um congestionamento,
deixando, portanto, de ser um bem público.

Gabarito: B

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Externalidades
Externalidades são efeitos colaterais de uma decisão sobre aqueles que não participaram dela. Existe uma
externalidade quando há consequências para terceiros que não são levadas em consideração por quem toma a
decisão.

As externalidades podem ser:

 positivas (quando o valor social ou ambiental for maior que o valor privado); ou

 negativas (quando o valor social ou ambiental for menor que o valor privado).

Externalidades positivas
(valor social ou ambiental > valor privado)

Externalidades negativas
(valor social ambiental < valor privado)

A tabela a seguir explica melhor:

Externalidade positiva Externalidade negativa

A ação de um indivíduo
A ação prejudica ou impõe um
Descrição beneficia pessoas que não
custo sobre terceiros
participaram diretamente dela

Exemplo Plantar uma árvore Poluição ambiental

Interessante destacar que uma situação só pode apresentar, ao mesmo tempo, externalidades negativas e
positivas.

Por exemplo: uma fábrica polui o meio ambiente: externalidade negativa. Grande prejuízo para sociedade e custo baixíssimo
para a fábrica (especialmente se ela não receber nenhuma multa). Mas essa mesma fábrica também gera empregos e doa
parte de seus lucros para instituições carentes da região: externalidades positivas. Grande benefício para a sociedade e não
requer muito esforço por porte da fábrica.

O papel do governo é agir no sentido de inibir as atividades que causem externalidades negativas e incentivar as
atividades causadores de externalidades positivas. O que é bom deve ser incentivado e o que é ruim deve ser
desencorajado, não é mesmo?

“E como o governo faria isso, professor?”

Por meio de políticas públicas de comando e controle (utilizando-se da regulamentação) ou por meio de políticas
públicas baseadas no mercado (utilizando-se de taxas corretivas, subsídios ou licenças de poluições negociáveis).

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No caso de externalidades positivas, o governo torna algum comportamento obrigatório (regulamentação) ou


dá incentivos governamentais (como subsídios e desonerações de tributos). E, no caso de externalidades
negativas, acontece o contrário: uma proibição de algum comportamento (regulamentação) ou um desincentivo
governamental (como maior tributação, multas, restrições, etc.). Esse é o caso de um uma taxa pigouviana (ou
imposto pigouviano), defendido pelo economista britânico Arthur C. Pigou. O imposto pigouviano é um tributo
aplicado a uma atividade de mercado que esteja gerando externalidades negativas. É possível falar também
em subsídio pigouviano, que seria o contrário: subsídios concedidos a uma atividade de mercado que esteja
gerando externalidades positivas.

Aprofundando
O teorema de Coase, que leva o nome de seu desenvolvedor, Ronald Coase, estabelece que: “se os agentes econômicos
privados puderem negociar, sem custo, a alocação de recursos, então o mercado privado sempre solucionará o problema das
externalidades e alocará recursos com eficiência.”

Isso significa que o próprio mercado privado seria capaz de solucionar a questão das externalidades, contanto que sejam
respeitadas duas condições: a) garantia do direito de propriedade; e b) capacidade de os agentes econômicos negociarem
sem custo a alocação de recursos.

Questões para fixar


5) CEBRASPE – ABIN - Agente Técnico de Inteligência - Área de Contabilidade – 2010

As externalidades positivas ou negativas são os efeitos diretos e indiretos sobre determinados agentes do sistema
econômico e decorrem de transações sobre as quais esses agentes não exercem controle.

Comentários:

Externalidades são efeitos colaterais de uma decisão sobre aqueles que não participaram dela.

Gabarito: Certo

6) CEBRASPE – TCE-ES – Auditor de Controle Externo – 2012

Proibir a produção ou consumo de um bem considerado nocivo a terceiros é uma forma comum de intervenção da
administração pública na economia. Segundo o Teorema de Coase, em condições ideais, esse tipo de intervenção
não seria necessária no caso de haver externalidades negativas, sendo suficientes, nesse caso, a definição clara
dos direitos de propriedade e a possibilidade de livre negociação entre as partes afetadas pelo consumo do bem.

Comentários:

O teorema de Coase estabelece que o próprio mercado privado seria capaz de solucionar a questão das
externalidades, contanto que sejam respeitadas duas condições: a) garantia do direito de propriedade; e b)
capacidade de os agentes econômicos negociarem sem custo a alocação de recursos.

Gabarito: Certo

7) CEBRASPE – TJ-CE – Analista judiciário – 2014 - adaptada

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As externalidades negativas ocorrem quando as ações de um indivíduo ou empresa implicam benefícios a outros
agentes econômicos.

Comentários:

Na verdade, são as externalidades positivas que ocorrem quando as ações de um indivíduo ou empresa implicam
benefícios a outros agentes econômicos.

Gabarito: Errado

Demais falhas de mercado

Participantes do mercado com grau elevado de influência sobre os preços e a quantidade produzida
(monopólios e oligopólios, especialmente os monopólios naturais);

Os governos possuem dois papéis distintos quando se refere aos monopólios. O primeiro, de combate, através de
políticas antitruste e regulação desses mercados para evitar abusos, como os cartéis. O segundo, que caracteriza
os monopólios coercivos, é quando o governo garante os direitos de propriedade, direitos autorais e patentes,
criando monopólios legais.

Os monopólios naturais acontecem quando só uma empresa consegue ofertar um bem ou um serviço a um
mercado inteiro a um custo menor do que ocorreria se existissem duas ou mais empresas no mercado.
Dependendo do mercado, pode ser vantajoso ter apenas uma empresa produtora.

Um bom exemplo é o fornecimento de água pelo Estado. Considerando o custo de instalações de redes de tubulações, o custo
total médio da água é menor quando apenas uma empresa supre o mercado.

Assimetria de informações

O Estado deve introduzir legislações que forneçam maior transparências nas transações no mercado, já que a
informação é um bem público e o mercado por si só não fornece dados suficientes para que os consumidores
tomem suas decisões.

Mercados incompletos

Quando um bem ou serviço não é ofertado em determinado mercado, mesmo que seu custo de produção seja
menor que o preço ofertado pelos consumidores desejosos desse bem ou serviço esse mercado é dito incompleto.

A existência dessa falha se dá pelo fato de que, mesmo se tratando de atividades de mercado, o setor privado pode
não estar desejoso de assumir determinados riscos. Assim, em determinadas circunstâncias, há necessidade de
intervenção do Estado mediante processo de planejamento exercendo a função coordenadora.

Imagine uma região com elevado número de habitantes, mas com poucas empresas interessadas a se instalarem lá, devido à
falta de infraestrutura, dificuldade de acesso ou qualquer outro motivo que encareça os seus custos de tal forma que torne o
investimento não atrativo. Há demanda, mas não há oferta (pelo menos não há oferta proporcional). Nesse caso, o mercado
está incompleto.

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Ocorrência de desemprego e inflação

O governo deve atuar para combater a inflação e o desemprego, amparando os desempregados e viabilizando a
sua inserção no mercado de trabalho.

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Funções do orçamento
O Estado possui uma importante ferramenta para intervir na economia: o orçamento público! O orçamento
público, inclusive, pode até ser considerado como o principal instrumento de ação estatal na economia.

Só que o Estado não desempenha uma só função. E o orçamento também não. Na verdade, o orçamento possui
três diferentes funções, que coexistem simultaneamente. Às vezes ele serve para ajustar a alocação de recursos.
Mas ele também pode se prestar a promover ajustamentos na distribuição de renda ou manter a estabilidade
econômica.

O economista Richard Musgrave foi quem melhor classificou as funções econômicas do Estado. Sua classificação,
chamada de funções fiscais ou funções do orçamento, tornou-se clássica. Por isso, é ela que é cobrada nos
concursos públicos.

“Que funções são essas, professor?”

São três funções clássicas (típicas) do orçamento:

 Função alocativa;

 Função distributiva;

 Função estabilizadora.

Depois de ler esse capítulo, você vai entender o que um orçamento público faz, qual papel ele está
desempenhando, para que ele serve.

Questões para fixar


8) CEBRASPE – TCE-PA – Auditor de Controle Externo – 2016

Cabe ao governo executar as funções econômicas exercidas pelo Estado, as quais se dividem em alocativa,
distributiva e estabilizadora.

Comentários:

Sim. Essa questão caiu em prova. Pode acreditar! É daquelas questões que: quem estudou marcou rapidinho e
quem não estudou perdeu esse ponto fácil.

Veja como essa classificação (de Richard Musgrave) é a cobrada em concurso público.

De fato, as funções econômicas do Estado são: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora.

Gabarito: Certo

9) CEBRASPE – FUB – Administrador – 2015

O orçamento público possui três funções distintas que coexistem simultaneamente: alocativa, distributiva e
estabilizadora.

Comentários:

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Exatamente! Essas são as três funções do orçamento: alocativa, distributiva e estabilizadora.

Como dissemos, elas coexistem simultaneamente, ou seja, o orçamento não desempenha só a função alocativa,
só a função distributiva ou só a função estabilizadora. Ele desempenha as três ao mesmo tempo!

Gabarito: Certo

Função alocativa
A função alocativa visa promover correções (ajustamentos) na alocação dos recursos.

Repare nas marcações. Alocação: essa é nossa palavra-chave. Quando você a vir, abra o olho: provavelmente
estaremos falando da função alocativa.

“Mas como assim correções na alocação de recursos, professor?”

Vamos lá!

Nem sempre o dinheiro, os investimentos, de uma economia estão alocados onde o Estado e a população
gostariam. Isso normalmente acontece porque a iniciativa privada não tem interesse em investir naquilo. É nessa
hora que o Estado pode intervir. Em outras palavras: a função alocativa se justifica nos casos em que não houver
a necessária eficiência por parte do mecanismo de ação privada (sistema de mercado) e nos casos de provisão
de bens públicos (puros) ou bens semipúblicos (bens meritórios), ou seja, quando ocorrerem falhas de mercado.

Preste atenção!
A função alocativa se justifica nos casos:

1. Em que não houver a necessária eficiência por parte do mecanismo de ação privada (sistema de mercado).

2. De provisão de bens públicos (puros) ou bens semipúblicos (bens meritórios).

Por exemplo: imagine um país que não possui infraestrutura de telecomunicações. Lá “não pega” celular. É claro que a
sociedade e o Estado querem resolver isso, mas não tem uma empresa que queira investir em telecomunicações nesse país,
porque o investimento é muito alto e o retorno é lento... e agora?

Agora o governo pode se utilizar da função alocativa do orçamento e investir diretamente nessa infraestrutura ou então
incentivar as empresas privadas a fazerem isso.

Você percebeu como antes não havia recursos nessa área e agora os recursos estão sendo alocados para lá?

É exatamente isso que a função alocativa faz!

Dei o exemplo de telecomunicações, mas isso pode acontecer também nos transportes, saneamento básico,
energia e outros.

Por isso que dizemos: a função alocativa é o Estado oferecendo determinados bens e serviços necessários e
desejados pela sociedade, porém que não são produzidos ou providos pela iniciativa privada.

Com efeito, na função alocativa, o Estado atua, por exemplo:

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 Na provisão de bens públicos (puros) e semipúblicos (bens meritórios); ou então

 Na criação condições para que o mercado ofereça bens privados, investindo, por exemplo, em infraestrutura.
Ou seja: investimentos na infraestrutura econômica.

Preste atenção!
Exemplos de atuação estatal na função alocativa: provisão de bens públicos e semipúblicos; e
investimentos em infraestrutura econômica.

Por último, lembra das externalidades? Pois é. É a função alocativa do orçamento que busca inibir atividades que
causam externalidades negativas e incentivar atividades causam de externalidades positivas.

Questões para fixar


10) CEBRASPE – ICMBIO – Analista administrativo – 2014
Acerca do orçamento público e do papel do Estado nas finanças públicas, julgue os itens a seguir.

A função alocativa do orçamento justifica-se nos casos de provisão de bens públicos.

Comentários:

A função alocativa se justifica nos casos em que não houver a necessária eficiência por parte do mecanismo de
ação privada (sistema de mercado), ou seja, ocorrer uma falha de mercado.

Bens públicos são falhas de mercado. Portanto, a função alocativa do orçamento se justifica sim nos casos de
provisão de bens públicos.

Gabarito: Certo

11) CEBRASPE – FUB – Administrador - 2015


O bem público resultante da função alocativa do orçamento caracteriza-se pela rivalidade em seu consumo e pela
não exclusão do consumidor no caso de não pagamento.

Comentários:

Opa, opa!

Os bens públicos caracterizam-se pela não rivalidade em seu consumo. A questão só falou “rivalidade”, tirando o
“não” da frente. Por isso, leia as questões com atenção!

A questão até acertou quando falou da “não exclusão do consumidor no caso de não pagamento”, mas derrapou
na outra parte.

Gabarito: Errado

12) CEBRASPE – MME - Assistente Financeiro - 2013

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A função do Estado responsável pela oferta de bens meritórios e semipúblicos é denominada.

A) controle.

B) distributiva.

C) legislativa.

D) estabilizadora.

E) alocativa

Comentários:

A função alocativa se justifica nos casos de provisão de bens públicos (puros) ou bens semipúblicos (bens
meritórios).

Gabarito: E

Função alocativa: visa promover correções (ajustamentos) na alocação dos recursos. Justifica-se nos casos em que não
houver a necessária eficiência por parte do sistema de mercado (investimentos em infraestrutura econômica) e nos casos de
provisão de bens públicos (puros) ou bens semipúblicos (falhas de mercado).

Função distributiva
A função distributiva tem tudo a ver com a distribuição de renda. Ela busca fazer correções na distribuição de
renda, tornando a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, isto é, seu objetivo é diminuir as
desigualdades sociais e inter-regionais. É tirar dos ricos e dar aos pobres, ao estilo Robin Hood mesmo.

Nós vivemos no sistema capitalista e você sabe que, nesse sistema, uns ganham mais e outros ganham menos.
Por inúmeros motivos, a distribuição da riqueza não é uniforme. Essas são características inerentes a esse sistema.
E, apesar de ser eficiente, ele nem sempre é justo e equitativo. Para corrigir isso, o Estado pode se utilizar da função
distributiva do orçamento. Em outras palavras: a função distributiva justifica-se como correção às falhas de
mercado, inerentes ao sistema capitalista.

Preste atenção!
A função distributiva justifica-se como correção às falhas de mercado

“E como o Estado faz isso, professor?”

Através de alguns instrumentos! E os principais instrumentos utilizados são as transferências e os tributos.

Transferência é quando o Governo pega um recurso e repassa a alguém. Simples assim. Normalmente isso é feito
por meio de programas, a exemplo do “Fome zero”, “Bolsa família”, e outros.

Já nos tributos, o melhor e mais eficaz exemplo é o Imposto de Renda progressivo. Ele funciona basicamente
assim: “quem ganha mais, paga mais. Quem ganha menos, paga menos”. Veja como é:

Base de cálculo (R$): renda do contribuinte Alíquota (%)

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Até 1.903,98 0

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5

De 2.826,66 até 3.751,05 15

De 3.751,06 até 4.664,68 22,5

Acima de 4.664,68 27,5

Acontece que o retorno é igual para todos (ou até maior para a camada mais humilde da população). Assim, quem
é rico está pagando R$ 100,00, mas recebendo em retorno R$ 50,00, enquanto que quem é pobre paga R$ 5,00, e
recebe em retorno os mesmos R$ 50,00 (ou até mais, em programas direcionados exclusivamente para essa
camada da população). Por isso que, na prática, o governo está redistribuindo a renda: tirando dos mais ricos e
dando aos mais pobres.

Subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população, também são outros
instrumentos da função distributiva. Perceba que aqui a expressão “alocação de recursos” também pode aparecer.
Por isso que você deve entender a essência do que está acontecendo. Faça a pergunta: “o Estado está tirando
dinheiro dos mais ricos e dando aos mais pobres? Está melhorando a distribuição de renda?” Se sim, então
estamos falando da função distributiva!

Aprofundando
De acordo com James Giacomoni, há um princípio, em economia, chamado de Ideal de Pareto (ótimo de Pareto), segundo
o qual “há eficiência na economia quando a posição de alguém sofre uma melhoria sem que nenhum outro tenha sua situação
deteriorada”. O autor, então, afirma que:

“A função pública de promover ajustamentos na distribuição de renda justifica-se, pois, como correção às falhas do mercado.
Para tanto, deve-se fugir da idealização de Pareto: a melhoria da posição de certas pessoas é feita às expensas de outras.
O problema é fundamentalmente de política e de filosofia social, cabendo à sociedade definir o que considera como níveis
justos na distribuição da renda e da riqueza.”

Explicando melhor: o Ideal de Pareto é definido como um estado de alocação de recursos em que é impossível realocá-los tal
que a situação de qualquer participante seja melhorada sem piorar a situação individual de outro participante. A intenção do
Ideal de Pareto é fazer com que alguém melhore sem piorar a situação de outro.

A função distributiva é o contrário disso: a melhoria da posição de alguém será feita às custas de outro alguém, isto é, para
alguém ganhar, alguém vai ter que perder. Por isso que o autor diz que “deve-se fugir da idealização de Pareto”. O problema
é definir o quanto será tirado de uns para dar a outros. Cabe à sociedade definir o que ela considera níveis justos na distribuição
da renda e da riqueza.

Resumindo: o Ideal de Pareto diz: "há eficiência quando a posição de alguém sofre uma melhoria sem que nenhum outro tenha
sua situação deteriorada". A função distributiva tem que ser o contrário disso: tem que melhorar a posição de certas pessoas
às expensas de outras.

Questões para fixar


13) CEBRASPE – TCE-PR – Auditor – 2016

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A função do orçamento público que visa melhorar a posição de algumas pessoas em detrimento de outras e, com
isso, corrigir falhas do mercado é denominada função

a) controladora.

b) alocativa.

c) distributiva.

d) estabilizadora.

e) econômica.

Comentários:

Estamos falando em “melhorar a posição de algumas pessoas em detrimento de outras”. Isso não se parece
com uma melhoria da distribuição de renda? Tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza?

Sim, é claro! Então que função do orçamento é essa? A função distributiva!

Gabarito: C

Função distributiva: busca fazer correções na distribuição de renda, tornando a sociedade menos desigual em termos de
renda e riqueza. Justifica-se como correção às falhas de mercado, inerentes ao sistema capitalista. Principais instrumentos:
transferências e tributos.

Função estabilizadora
A última e mais moderna das três funções clássicas do orçamento é a função estabilizadora. Quando você vir esse
nome, pense logo na palavra estabilizar.

“Tá. Mas estabilizar o que?”

A economia!

Você também pode pensar na letra E. “E” de “estabilizadora”. “E” de “economia”.

“E como é que se estabiliza a economia?”

Mexendo em variáveis como o nível geral de preços, o nível de emprego, o valor da moeda nacional, crescimento
econômico, etc. O objetivo da função estabilizadora é a estabilidade econômica e o orçamento público é um
importante instrumento da política de estabilização.

Preste atenção!
O objetivo da função estabilizadora é a estabilidade econômica

Para fazer isso, o governo utiliza instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de
intervenção econômica. Assim, o governo pode decidir aumentar ou diminuir as alíquotas tributárias, a taxa SELIC,
imprimir mais papel moeda, aumentar ou diminuir a taxa de redesconto, de empréstimos compulsórios, dentre

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várias outras medidas. Você não precisa saber exatamente o que são todos esses conceitos e para que eles servem,
mas precisa saber que eles estão associados à função estabilizadora!

A política fiscal possui 4 (quatro) objetivos, os quais compõem o campo de ação da função estabilizadora. São eles:

 Estabilidade nos níveis de preços;

 Manutenção de elevado nível de emprego;

 Equilíbrio no balanço de pagamentos;


 Razoável taxa de crescimento econômico.

Dos quatro, os mais importantes são os dois primeiros!

Preste atenção!
A função estabilizadora envolve a aplicação das diversas políticas econômico-financeiras a fim de, principalmente, manter a
estabilidade nos níveis de preços e manter elevado o nível de emprego.

Ah! Você também precisa saber que a função estabilizadora age na demanda agregada.
“Como assim?”
Demanda agregada é a quantidade de bens que os consumidores desejam e estão dispostos a consumir. A
função estabilizadora busca aumentar ou diminuir a demanda agregada, dependendo do objetivo do governo.

Perceba que, diferentemente das outras duas funções econômicas do Estado, a função estabilizadora não faz
destinação de recursos. Ela não aloca recursos, só realiza algumas medidas, aplica algumas políticas, utiliza
alguns instrumentos...

Beleza! Agora vamos nos utilizar novamente das palavras do mestre Fábio Giambiagi. Ele fez um resumo muito
bom das funções do orçamento. Lá vai:

A ação do governo através da política fiscal abrange três funções básicas. A função alocativa diz respeito
ao fornecimento de bens públicos. A função distributiva, por sua vez, está associada a ajustes na
distribuição de renda que permitam que a distribuição prevalecente seja aquela considerada justa pela
sociedade. A função estabilizadora tem como objetivo o uso da política econômica visando a um alto nível
de emprego, à estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa apropriada de crescimento econômico.

Questões para fixar


14) CEBRASPE –EBSERH – Analista administrativo – 2018
Acerca dos conceitos básicos de orçamento público, julgue o item a seguir. A função estabilizadora do orçamento
público diz respeito à capacidade do governo de combater os desequilíbrios regionais e sociais por meio dos gastos
públicos.

Comentários:

Por acaso eu comentei alguma coisa sobre “combater os desequilíbrios regionais e sociais” na parte de função
estabilizadora? Não, né?

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A função estabilizadora está preocupada na estabilidade econômica, utilizando para tal objetivo,
principalmente, instrumentos de política fiscal e monetária, atuando sobre a demanda agregada.

Portanto, a questão não está falando da função estabilizadora. Está falando é da função distributiva. Essa sim
está relacionada à distribuição de renda e combate a desequilíbrios regionais e sociais.

Você verá muitas questões que tentam confundir o candidato trocando as características e conceitos das funções
econômicas do Estado. Por exemplo: a questão vai descrever a função alocativa e dizer que se trata da função
distributiva. São questões fáceis pro examinador elaborar. É só trocar uma palavra e a questão está pronta.

Gabarito: Errado

Função estabilizadora: visa a estabilidade econômica, principalmente por meio da estabilidade nos níveis de preços e
manutenção de um elevado o nível de emprego.

Agora eu quero facilitar a sua memorização! Então eu lhe pergunto:

Você já tomou suco ADEs?


• Alocativa
• Distributiva
• Estabilizadora

Alocativa
•Fornecimento de bens públicos

•Incentivar externalidade positivas e inibir externalidades


negativas

Distributiva
•Distribuição de renda

•Tornar a sociedade menos desigual

Estabilizadora
•Estabilizar a economia

•Níveis de preços, nível de emprego, balanço de pagamentos e


crescimento econômico

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Questões comentadas – CEBRASPE

Intervenção na economia

1. CEBRASPE – ABIN – Oficial técnico de inteligência – 2018


Acerca da economia do setor público e da estrutura tributária e orçamentária no Brasil, julgue o item a seguir.

Bens meritórios ou semipúblicos são providos pelo Estado, embora possam ser providos pelo setor privado, por
gerarem altos benefícios sociais e externalidades positivas.

Comentários:

Os bens meritórios ou semipúblicos só podem ser usufruídos por quem tem dinheiro para pagar por eles. No
entanto, por conta da sua importância para a sociedade, podem (e devem) ser ofertados também pelo Estado,
justamente para evitar que a população de baixa renda seja excluída do seu consumo. Bons exemplos são: saúde
e educação (existem hospitais e escolas públicas e privadas, não é mesmo?). Assim, a questão está correta ao
afirmar que esses bens, embora também possam ser providos pelo setor privado, são providos pelo Estado, porque
geram altos benefícios sociais e externalidades positivas (situação em que o valor social é maior que o valor
privado).

Gabarito: Certo

2. CEBRASPE – TCE-RN – Auditor– 2015


Com relação ao orçamento público e à atuação do governo na economia, julgue o item a seguir.

A intervenção do Estado na economia justifica-se quando há segmentos do mercado em que produtos somente
podem ser ofertados mediante investimentos de grande porte, com longos prazos de retorno e custos marginais
muito baixos.

Comentários:

Exatamente! A função alocativa se justifica nos casos em que não houver a necessária eficiência por parte do
mecanismo de ação privada (sistema de mercado). Lembra daquele exemplo que demos sobre o país que não
possui infraestrutura de telecomunicações? Pois é, assemelha-se muito a esse exemplo! Se a iniciativa privada não
consegue prover, o Estado intervém na economia e dá um “empurrãozinho”.

Detalhe é que esse não é o único caso em que a função alocativa é justificável. Ela também se justifica nos casos
de provisão de bens públicos ou bens semipúblicos (bens meritórios).

Gabarito: Certo

3. CEBRASPE – CNJ – Analista judiciário– 2013

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A atuação em situações conhecidas como falhas de mercados é uma forma clássica de intervenção da
administração na economia, sendo a provisão de bens públicos puros, cujo consumo é não excludente e não rival,
um exemplo desse tipo de ação. Nesses termos, a oferta de serviços públicos de saúde poderia ser definida como
típico caso de provisão de bens públicos.

Comentários:

Vamos por partes:

A atuação em falhas de mercados é uma forma de intervenção do Estado na economia? Sim!

A função alocativa, por exemplo, se justifica nos casos em que não houver a necessária eficiência por parte do
mecanismo de ação privada (sistema de mercado) e nos casos de provisão de bens públicos ou bens semipúblicos
(bens meritórios), ou seja, quando ocorrerem falhas de mercado.

E a provisão de bens públicos puros é um exemplo desse tipo de ação? Com certeza! Acabamos de ver isso. Quem
faz isso é a função alocativa.

O consumo de bens públicos puros é não excludente e não rival? Sim, também! Os bens públicos são
caracterizados pela não rivalidade e não exclusão.

A questão está indo muito bem. Tudo certo até aqui.

Mas agora: a oferta de serviços públicos de saúde poderia ser definida como típico caso de provisão de bens
públicos? Aí não! Serviços públicos de saúde são bens semipúblicos (e não bens públicos). Por isso que a questão
ficou errada!

Bens semipúblicos (ou bens meritórios) são bens que só podem ser usufruídos por quem tem dinheiro para pagar
por eles. No entanto, eles são importantes todo mundo, para toda a sociedade. Por isso podem (e devem) ser
ofertados também pelo Estado, justamente para evitar que a população de baixa renda seja excluída do seu
consumo. Os bens semipúblicos podem e são oferecidos tanto pelo Estado quanto pelo mercado (particulares,
empresas privadas). Dois bons exemplos de bens semipúblicos são: saúde e educação.

Gabarito: Errado

4. CEBRASPE – TJ-RR – Administrador– 2012


Entre os motivos que ensejam a intervenção do Estado na economia inclui-se a existência de bens públicos e de
externalidades.

Comentários:

Sim! As falhas de mercado, a exemplo da existência de bens públicos e de externalidades, justificam a


intervenção do Estado na economia. A existência das falhas de mercado torna necessária a presença do Governo,
o estudo das funções do Governo, da teoria da tributação e do gasto público.

Gabarito: Certo

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Funções do orçamento

5. CEBRASPE – SEFAZ-AL - Auditor de Finanças e Controle de Arrecadação da Fazenda Estadual – 2020


Após a aprovação da reforma da previdência social, o governo correu para estabelecer uma agenda de reformas
econômicas. Batizado de Mais Brasil, o plano do governo propõe transformar radicalmente o Estado —
racionalizando os gastos públicos. Entre as propostas encontra-se a previsão de gatilhos, que possibilitam a
redução de salários de servidores, de forma a evitar que o governo descumpra a chamada regra de ouro.

Internet: <www.economia.ig.com.br> (com adaptações).

Com relação ao assunto abordado no texto precedente, julgue o item a seguir.

A proposta de emenda constitucional voltada a permitir que o governo possa reduzir o salário dos servidores
públicos em caso de grave desequilíbrio orçamentário qualifica-se, essencialmente, como um instrumento do
Estado para o exercício de sua função distributiva.

Comentários:

Ok. São três as funções clássicas, né?

• Função alocativa;
• Função distributiva;
• Função estabilizadora.

Pois bem, a função distributiva tem tudo a ver com a distribuição de renda. Ela busca fazer correções na
distribuição de renda, tornando a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, isto é, seu objetivo é
diminuir as desigualdades sociais e inter-regionais. É tirar dos ricos e dar aos pobres, ao estilo Robin Hood mesmo.
Os principais instrumentos utilizados pela função distributiva são transferências e tributos.

Agora me diga: onde é que está acontecendo correção na distribuição de renda aí? O governo quer reduzir o salário
dos servidores públicos, mas esse dinheiro, por acaso está sendo redirecionado para as camadas mais pobres, com
o intuito de diminuir as desigualdades sociais e inter-regionais?

Não. Não é isso que o enunciado diz. Não é esse o objetivo do governo aí na questão. O objetivo, já que se está
diante de um grave desequilíbrio orçamentário, é estabilidade econômica.

E olha que coincidência: a estabilidade econômica é justamente o objetivo da função estabilizadora, que envolve
a aplicação das diversas políticas econômico-financeiras a fim de, principalmente, manter a estabilidade nos níveis
de preços e manter elevado o nível de emprego. Perceba que, aqui não há destinação de recursos nem alocação
de recursos, o que é característico da função estabilizadora.

Sendo assim, concluímos que a questão está errada, pois essa proposta de emenda constitucional qualifica-se,
essencialmente, como um instrumento do Estado para o exercício de sua função estabilizadora (e não
distributiva).

Gabarito: Errado

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6. CEBRASPE – TJ-PA - Analista Judiciário - Área Administrativa – 2020


O papel do Estado e sua atuação nas finanças públicas são explicados pelas funções econômicas por ele
desempenhadas. Assinale a opção que apresenta a correta definição para cada uma das funções econômicas
indicadas.

A) Alocativa: promove ajustamentos na alocação de recursos; distributiva: realiza ajustamentos na distribuição de


renda; estabilizadora: mantém a estabilidade econômica.

B) Alocativa: promove a alocação de recursos na distribuição de renda; distributiva: realiza o equilíbrio no balanço
de pagamentos; estabilizadora: mantém a estabilidade no nível de preços.

C) Alocativa: promove ajustamentos na alocação de recursos; produtiva: fomenta a geração de empregos;


estabilizadora: mantém a estabilidade econômica.

D) Distributiva: realiza ajustamentos na distribuição de renda; produtiva: fomenta a geração de empregos nos
diversos segmentos de governo; estabilizadora: mantém a estabilidade econômica.

E) Distributiva: realiza o equilíbrio no balanço de pagamentos; produtiva: fomenta a produção de bens de serviços
nos diversos segmentos de governo; estabilizadora: mantém a estabilidade do nível de preços.

Comentários:

Essa questão é boa para revisar as principais características das funções do Estado na economia.

A função alocativa visa promover correções (ajustamentos) na alocação dos recursos.

A função distributiva busca fazer correções (ajustamentos) na distribuição de renda.

E a função estabilizadora visa a estabilidade econômica, principalmente por meio da estabilidade nos níveis de
preços e manutenção de um elevado o nível de emprego.

Para finalizar, trago trecho da obra “Orçamento Governamental - Teoria - Sistema - Processo”, de James
Giacomoni:

O modelo normativo de Richard Musgrave busca associar o orçamento ao cumprimento de três objetivos
da economia pública: eficiência, equidade e estabilidade. Para tanto, identifica as três funções do
orçamento: promover ajustamentos na alocação de recursos; promover ajustamentos na distribuição
de renda; e manter a estabilidade econômica.

Parece que a banca se inspirou no autor, não é mesmo?

Gabarito: A

7. CEBRASPE – TCE-RO - Auditor de Controle Externo -Economia – 2019


O Estado realiza intervenções na economia para garantir a provisão de bens e serviços públicos financiados pelo
poder público, uma vez que indivíduos e organizações não possuem disponibilidade para pagar por eles
voluntariamente. Essa intervenção do Estado na economia é denominada função

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A) legislativa.

B) jurisdicional.

C) distributiva.

D) alocativa.

E) estabilizadora.

Comentários:

A questão está se referindo à função alocativa.

Nem sempre o dinheiro, os investimentos, de uma economia estão alocados onde o Estado e a população
gostariam. Isso normalmente acontece porque a iniciativa privada não tem interesse em investir naquilo. É nessa
hora que o Estado pode intervir. Em outras palavras: a função alocativa se justifica nos casos em que não houver
a necessária eficiência por parte do mecanismo de ação privada (sistema de mercado) e nos casos de provisão
de bens públicos (puros) ou bens semipúblicos (bens meritórios), ou seja, quando ocorrerem falhas de mercado.

Por isso que eu digo: a função alocativa é o Estado oferecendo determinados bens e serviços necessários e
desejados pela sociedade, porém que não são produzidos ou providos pela iniciativa privada.

Com efeito, na função alocativa, o Estado atua, por exemplo:

• Na provisão de bens públicos (puros) e semipúblicos (bens meritórios); ou então


• Na criação condições para que o mercado ofereça bens privados, investindo, por exemplo, em
infraestrutura.

Na lição de Augustinho Paludo, em sua obra “Orçamento público, AFO e LRF”:

Função alocativa – relaciona-se à alocação de recursos por parte do Governo a fim de oferecer bens e
serviços públicos puros (ex.: rodovias, segurança, justiça) que não seriam oferecidos pelo mercado ou
seriam em condições ineficientes; bens meritórios ou semipúblicos (ex.: educação e saúde); e criar condições
para que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores, corrigir imperfeições no sistema de
mercado (como oligopólios) e corrigir os efeitos negativos de externalidades.

Gabarito: D

8. CEBRASPE – SEFAZ-RS – Auditor do Estado – 2018


A função alocativa, uma das funções básicas do governo, visa

A) ofertar bens e serviços públicos que não seriam oferecidos pelo mercado privado ou que seriam ofertados em
condições ineficientes.

B) combater choques monetários, com o ajuste no nível geral de preços, estabilização da moeda, alteração do
câmbio e modificação da taxa de juros.

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C) interferir no ambiente econômico e elevar o nível de emprego e bem-estar da população por meio do emprego
de instrumentos de política fiscal.

D) gerar condições para a oferta de bens privados no mercado pelos produtores, corrigindo imperfeições no
sistema de mercado e, também, criando externalidades negativas.

E) distribuir a riqueza na sociedade de modo a torná-la menos desigual, com o emprego de mecanismos como
tributos, transferências financeiras governamentais, subsídios e incentivos fiscais.

Comentários:

Questão direta. Então seremos diretos também:

a) Correta. A função alocativa faz isso mesmo!

Lembra daquele exemplo do país que não possui infraestrutura de telecomunicações? Esse serviço de
telecomunicação não seria oferecido pelo mercado privado (ou seria ofertado em condições ineficientes), porque
investimento é muito alto e o retorno é lento. Ninguém quer investir lá!

Mas a população quer esse serviço!

E agora? Quem poderá nos salvar?

Não... não é o Chapolin Colorado.

É o Estado! O Estado, por meio da sua função alocativa, irá oferecer determinados bens e serviços necessários e
desejados pela sociedade, porém que não são produzidos ou providos pela iniciativa privada. A função alocativa
se justifica nos casos em que não houver a necessária eficiência por parte do mecanismo de ação privada
(sistema de mercado).

Assim, na função alocativa, o Estado atua, por exemplo:

• Na provisão de bens públicos (puros) e semipúblicos (bens meritórios); ou então


• Na criação condições para que o mercado ofereça bens privados, investindo, por exemplo, em
infraestrutura.

b) Errada. A alternativa está se referindo à função estabilizadora. Veja que, diferentemente das outras funções,
não há nenhuma alocação de recursos aqui! Só estão sendo feitas algumas alterações, modificações, ajustes...

c) Errada. Mais uma vez: a alternativa se refere à função estabilizadora. Ela visa a estabilidade econômica,
principalmente por meio da estabilidade nos níveis de preços e manutenção de um elevado o nível de emprego.

d) Errada. Opa! Começou bem, mas no final a alternativa vem nos dizer que a função alocativa vem criar
externalidades negativas? NÃO!

O que é bom deve ser incentivado e o que é ruim deve ser desencorajado, certo?

Por isso, a função alocativa do orçamento busca inibir atividades que causam externalidades negativas e
incentivar atividades causam de externalidades positivas.

e) Errada. A alternativa começa logo com “distribuir a riqueza...”. Já pode parar por aqui. Ela está falando da função
distributiva.

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Gabarito: A

9. CEBRASPE – IPHAN – Auxiliar institucional – 2018


Em relação ao orçamento público e seus preceitos, julgue o próximo item.

O orçamento público tem, entre outras funções, a de reduzir as desigualdades entre as diversas regiões do país.

Comentários:

Tem?

Tem sim! O Estado intervém na economia para atingir os seus objetivos. Reduzir as desigualdades entre as
diversas regiões do país é um dos objetivos do Estado. Isso até está na CF/88, veja só:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...)

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

Para atingir os seus objetivos, o Estado possui uma importante ferramenta: o orçamento público! Portanto, uma
das funções do orçamento é reduzir as desigualdades entre as diversas regiões do país.

Como se isso não bastasse, veja o que mais a CF/88 fala:

Art. 165, § 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I (Orçamento Fiscal) e II (Orçamento de Investimento),


deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir
desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

Ah! E para arrematar o comentário: na classificação de Musgrave, que função econômica do Estado é essa? Função
distributiva!

Gabarito: Certo

10. CEBRASPE – TCE-SC – Auditor fiscal de controle externo – 2016


Acerca das funções, dos princípios e dos principais documentos relacionados ao orçamento público, julgue o
próximo item.

O orçamento público viabiliza a intervenção do governo na atividade econômica com vistas à geração de emprego
e renda.

Comentários:

Isso! O orçamento público é considerado o principal instrumento de ação estatal na economia, portanto está
correto afirmar que o orçamento público viabiliza a intervenção do governo na atividade econômica. Ademais,
uma das funções clássicas do orçamento é a função estabilizadora, que busca a estabilidade econômica, por meio
da estabilidade nos níveis de preços, manutenção de um elevado o nível de emprego, equilíbrio no balanço de
pagamentos e razoável taxa de crescimento.

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Gabarito: Certo

11. CEBRASPE – DPU – Agente administrativo – 2016


A respeito de orçamento público, julgue o item que se segue.

A função alocativa do orçamento visa à intervenção do governo na economia, com o objetivo de diminuir as
desigualdades sociais no que se refere ao acesso a renda, bens e serviços públicos e benefícios da vida em
sociedade.

Comentários:

Vamos lá. Permita-nos, primeiro, falar um pouco sobre a função distributiva e a função alocativa do orçamento.

A função distributiva busca fazer correções na distribuição de renda, tornando a sociedade menos desigual em
termos de renda e riqueza, isto é, seu objetivo é diminuir as desigualdades sociais e inter-regionais. É tirar dos ricos
e dar aos pobres, ao estilo Robin Hood mesmo.

A função alocativa, por sua vez, visa promover correções (ajustamentos) na alocação dos recursos. É o Estado
oferecendo determinados bens e serviços necessários e desejados pela sociedade, que não são produzidos ou
providos pela iniciativa privada.

E agora: você acha mesmo que a questão está se referindo à função alocativa? Óbvio que não! Ela está se referindo
à função distributiva. Basta substituir a palavra “alocativa” por “distributiva” para a questão ficar correta (ou
oferecer a definição correta da função alocativa).

Gabarito: Errado

12. CEBRASPE – DPU – Agente administrativo – 2016


A respeito de orçamento público, julgue o item que se segue.

O orçamento público, como instrumento de política de estabilização, visa promover o equilíbrio econômico com
mudanças na receita e na despesa.

Comentários:

Huuum! Orçamento público como instrumento de política de estabilização... a qual função do orçamento a
questão estaria se referindo?

Isso! Função estabilizadora!

Nessa função, o orçamento realmente é tido como instrumento de política de estabilização. O objetivo da função
estabilizadora é estabilidade econômica (ou equilíbrio econômico, como a questão colocou). O governo faz isso
principalmente por meio de instrumentos de política fiscal e monetária, atuando na demanda agregada.

Além disso, lembre-se que o orçamento é o documento legal que contém a previsão de receitas e fixação de
despesas, por isso a última parte da questão também está correta (“com mudanças na receita e na despesa”).

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Gabarito: Certo

13. CEBRASPE – TRE-MT – Analista judiciário – 2015


Entre as funções econômicas do Estado, a defesa nacional mediante manutenção das Forças Armadas com
recursos do orçamento público cumpre a função

A) de segurança nacional.

B) alocativa.

C) distributiva.

D) estabilizadora.

E) de especialização.

Comentários:

Vamos resolver por exclusão!

Segurança nacional (alternativa A) e especialização (alternativa E) não são funções econômicas do Estado,
portanto já estão fora de cogitação.

A função distributiva (alternativa C) busca fazer correções na distribuição de renda, tornando a sociedade menos
desigual em termos de renda e riqueza. Diga-nos: o que a defesa nacional, mediante manutenção das Forças
Armadas, tem a ver com a distribuição de renda? Nada!

Já a função estabilizadora (alternativa D) visa a estabilidade econômica, principalmente por meio da estabilidade
nos níveis de preços e manutenção de um elevado o nível de emprego. Isso também não tem nada a ver com as
Forças Armadas.

Só restou a alternativa B: função alocativa. E faz todo sentido, porque a função alocativa é o Estado oferecendo
determinados bens e serviços necessários e desejados pela sociedade, porém que não são produzidos ou
providos pela iniciativa privada. A iniciativa privada não é capaz de prover a defesa nacional (e segurança pública).
Esse é um bem público. Portanto, a defesa nacional mediante manutenção das Forças Armadas com recursos do
orçamento público cumpre mesmo a função alocativa.

Gabarito: B

14. CEBRASPE – TCU – Auditor federal de controle externo– 2015


Com referência aos aspectos doutrinários e históricos da administração financeira e orçamentária, julgue o item a
seguir.

A situação do ótimo de Pareto decorre da atuação do Estado na economia.

Comentários:

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Primeiro, vamos relembrar o que é o ótimo de Pareto (ou Ideal de Pareto): “há eficiência na economia quando a
posição de alguém sofre uma melhoria sem que nenhum outro tenha sua situação deteriorada”.

Acontece que quando o Estado atua (intervém) na economia, sobretudo utilizando-se da função distributiva do
orçamento, ele vai na direção contrária do Ideal de Pareto. Tira dos ricos e dá aos pobres. Faz correções na
distribuição de renda, torna a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, diminui as desigualdades
sociais e inter-regionais. Ou seja: a melhoria da posição de alguém será feito às custas de outro alguém, isto é,
para alguém ganhar, alguém vai ter que perder.

Portanto, a situação do ótimo de Pareto não decorre da atuação do Estado na economia.

Gabarito: Errado

15. CEBRASPE – TCU – Auditor federal de controle externo – 2013


Com relação às funções do governo, julgue o item a seguir.

A existência de externalidades é um dos exemplos de falhas de mercado. O governo pode incorporá-las ao custo
ou ao benefício privado, refletido pelo sistema de preços. Quando o governo abre mão de parcela de seus recursos,
mediante a concessão de incentivo fiscal a determinado setor ou produto, isso constitui uma externalidade
positiva para as respectivas empresas.

Comentários:

Primeiro, lembremos que falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance o estágio de
Estado de Bem-Estar Social (welfare economics), através do livre mercado, sem interferência do Governo.

E externalidades são exemplos de falhas de mercado? Sim!

Essas externalidades, ou consequências (para simplificar), podem ser positivas (quando o valor social for maior
que o valor privado) ou negativas (quando o valor social for menor que o valor privado). A função alocativa do
orçamento busca inibir atividades que causam externalidades negativas e incentivar atividades causam de
externalidades positivas.

Portanto, se o governo está abrindo mão de parcela de seus preciosos recursos, mediante a concessão de incentivo
fiscal, só pode ser porque ele quer incentivar atividades causam de externalidades positivas, quer aumentar o valor
social, como o aumento da oferta de empregos ou a redução dos índices de poluição (isso beneficia todo mundo).
Para as respectivas empresas, isso constitui uma externalidade positiva.

Gabarito: Certo

16. CEBRASPE – Polícia Federal – Agente– 2012


Julgue os itens seguintes, acerca de noções de economia.

Os governos exercem função alocativa para corrigir a alocação de recursos utilizados na produção de bens
geradores de externalidades negativas; na presença de externalidades positivas, a intervenção governamental é
desnecessária.

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Comentários:

Opa! A função alocativa se justifica quando ocorrerem falhas de mercado e externalidades (tanto as negativas
quanto as positivas) são exemplos de falhas de mercado.

Portanto, a intervenção governamental é necessária:

 Na externalidade negativa: caso em que deverá haver um desincentivo governamental (maior tributação,
multa, restrições, etc);
 Na externalidade positiva: caso em que deverá haver um incentivo governamental (desoneração de
tributos, subsídios, etc).

O que é bom deve ser incentivado e o que é ruim deve ser desencorajado, certo?

Mas a questão disse: o que é ruim deve ser desencorajado, mas o que é bom não precisa ser incentivado, afirmando
que a atuação estatal no caso de externalidades positivas é desnecessária. Por isso que ela ficou errada!

Gabarito: Errado

17. CEBRASPE – PEFOCE – Perito criminal– 2012


A respeito dos princípios de planejamento e de orçamento públicos, julgue o item seguinte.

Escolhas orçamentárias na busca da estabilidade de preços, visando ao crescimento econômico, é uma função
alocativa do orçamento.

Comentários:

Opa, opa! Estamos falando de estabilidade de preços e crescimento econômico. Essa é uma função alocativa do
orçamento? NÃO! Estamos falando da função estabilizadora, que tem como objetivo o uso da política econômica
visando a um alto nível de emprego, à estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa apropriada de
crescimento econômico.

Você viu como as questões vão tentar lhe confundir somente trocando os conceitos das funções do orçamento?

Gabarito: Errado

18. CEBRASPE – TCU – Analista de controle externo – 2008


Aspectos culturais, históricos, sociais e políticos evoluem ao longo do tempo, alterando a intensidade e a natureza das
demandas da sociedade por maior ou menor intervenção do Estado na vida socioeconômica de um país. Em economias
de mesmo tamanho, as necessidades de atuação estatal sofrem a influência de desigualdades regionais e sociais, cuja
correção não dispensa a ação coletiva voltada para a eliminação dos fatores que concorrem para a preservação dessas
disparidades.

Fernando Rezende. Finanças públicas. 2.ª ed., São Paulo: Atlas, 2001, p. 34-5 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial, julgue os itens a seguir.

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A teoria de finanças públicas consagra ao Estado o desempenho de três funções primordiais: alocativa,
distributiva, e estabilizadora. A função distributiva deriva da incapacidade do mercado de suprir a sociedade de
bens e serviços de consumo coletivo. Como esses bens e serviços são indispensáveis para a sociedade, cabe ao
Estado destinar recursos de seu orçamento para produzi-los e satisfazer sua demanda.

Comentários:

De fato, existem três funções econômicas primordiais do Estado: alocativa, distributiva e estabilizadora.

Agora, o Estado produzindo e provendo bens e serviços públicos é função distributiva? Negativo! Isso é função
alocativa!

A função alocativa se justifica, dentre outros motivos, nos casos em que não houver a necessária eficiência por
parte do mecanismo de ação privada (sistema de mercado), ou, como colocou a questão, “da incapacidade do
mercado de suprir a sociedade de bens e serviços de consumo coletivo”.

A função alocativa é o Estado oferecendo determinados bens e serviços necessários e desejados pela sociedade,
porém que não são produzidos ou providos pela iniciativa privada. Por isso, na função alocativa, o Estado atua,
por exemplo:

 Na provisão de bens públicos (puros) e semipúblicos (bens meritórios); ou então

 Na criação condições para que o mercado ofereça bens privados, investindo, por exemplo, em infraestrutura.

Já a função distributiva preocupa-se com a distribuição de renda. Ela busca fazer correções na distribuição de
renda, tornando a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza. Seus principais instrumentos são os
tributos (a exemplo do Imposto de Renda progressivo) e as transferências.

Gabarito: Errado

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Lista de questões – CEBRASPE

1. CEBRASPE – ABIN – Oficial técnico de inteligência – 2018


Acerca da economia do setor público e da estrutura tributária e orçamentária no Brasil, julgue o item a seguir.

Bens meritórios ou semipúblicos são providos pelo Estado, embora possam ser providos pelo setor privado, por
gerarem altos benefícios sociais e externalidades positivas.

2. CEBRASPE – TCE-RN – Auditor– 2015


Com relação ao orçamento público e à atuação do governo na economia, julgue o item a seguir.

A intervenção do Estado na economia justifica-se quando há segmentos do mercado em que produtos somente
podem ser ofertados mediante investimentos de grande porte, com longos prazos de retorno e custos marginais
muito baixos.

3. CEBRASPE – CNJ – Analista judiciário– 2013


A atuação em situações conhecidas como falhas de mercados é uma forma clássica de intervenção da
administração na economia, sendo a provisão de bens públicos puros, cujo consumo é não excludente e não rival,
um exemplo desse tipo de ação. Nesses termos, a oferta de serviços públicos de saúde poderia ser definida como
típico caso de provisão de bens públicos.

4. CEBRASPE – TJ-RR – Administrador– 2012


Entre os motivos que ensejam a intervenção do Estado na economia inclui-se a existência de bens públicos e de
externalidades.

5. CEBRASPE – SEFAZ-AL - Auditor de Finanças e Controle de Arrecadação da Fazenda Estadual – 2020


Após a aprovação da reforma da previdência social, o governo correu para estabelecer uma agenda de reformas
econômicas. Batizado de Mais Brasil, o plano do governo propõe transformar radicalmente o Estado —
racionalizando os gastos públicos. Entre as propostas encontra-se a previsão de gatilhos, que possibilitam a
redução de salários de servidores, de forma a evitar que o governo descumpra a chamada regra de ouro.

Internet: <www.economia.ig.com.br> (com adaptações).

Com relação ao assunto abordado no texto precedente, julgue o item a seguir.

A proposta de emenda constitucional voltada a permitir que o governo possa reduzir o salário dos servidores
públicos em caso de grave desequilíbrio orçamentário qualifica-se, essencialmente, como um instrumento do
Estado para o exercício de sua função distributiva.

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6. CEBRASPE – TJ-PA - Analista Judiciário - Área Administrativa – 2020


O papel do Estado e sua atuação nas finanças públicas são explicados pelas funções econômicas por ele
desempenhadas. Assinale a opção que apresenta a correta definição para cada uma das funções econômicas
indicadas.

A) Alocativa: promove ajustamentos na alocação de recursos; distributiva: realiza ajustamentos na distribuição de


renda; estabilizadora: mantém a estabilidade econômica.

B) Alocativa: promove a alocação de recursos na distribuição de renda; distributiva: realiza o equilíbrio no balanço
de pagamentos; estabilizadora: mantém a estabilidade no nível de preços.

C) Alocativa: promove ajustamentos na alocação de recursos; produtiva: fomenta a geração de empregos;


estabilizadora: mantém a estabilidade econômica.

D) Distributiva: realiza ajustamentos na distribuição de renda; produtiva: fomenta a geração de empregos nos
diversos segmentos de governo; estabilizadora: mantém a estabilidade econômica.

E) Distributiva: realiza o equilíbrio no balanço de pagamentos; produtiva: fomenta a produção de bens de serviços
nos diversos segmentos de governo; estabilizadora: mantém a estabilidade do nível de preços.

7. CEBRASPE – TCE-RO - Auditor de Controle Externo -Economia – 2019


O Estado realiza intervenções na economia para garantir a provisão de bens e serviços públicos financiados pelo
poder público, uma vez que indivíduos e organizações não possuem disponibilidade para pagar por eles
voluntariamente. Essa intervenção do Estado na economia é denominada função

A) legislativa.

B) jurisdicional.

C) distributiva.

D) alocativa.

E) estabilizadora.

8. CEBRASPE – SEFAZ-RS – Auditor do Estado – 2018


A função alocativa, uma das funções básicas do governo, visa

A) ofertar bens e serviços públicos que não seriam oferecidos pelo mercado privado ou que seriam ofertados em
condições ineficientes.

B) combater choques monetários, com o ajuste no nível geral de preços, estabilização da moeda, alteração do
câmbio e modificação da taxa de juros.

C) interferir no ambiente econômico e elevar o nível de emprego e bem-estar da população por meio do emprego
de instrumentos de política fiscal.

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D) gerar condições para a oferta de bens privados no mercado pelos produtores, corrigindo imperfeições no
sistema de mercado e, também, criando externalidades negativas.

E) distribuir a riqueza na sociedade de modo a torná-la menos desigual, com o emprego de mecanismos como
tributos, transferências financeiras governamentais, subsídios e incentivos fiscais.

9. CEBRASPE – IPHAN – Auxiliar institucional – 2018


Em relação ao orçamento público e seus preceitos, julgue o próximo item.

O orçamento público tem, entre outras funções, a de reduzir as desigualdades entre as diversas regiões do país.

10. CEBRASPE – TCE-SC – Auditor fiscal de controle externo – 2016


Acerca das funções, dos princípios e dos principais documentos relacionados ao orçamento público, julgue o
próximo item.

O orçamento público viabiliza a intervenção do governo na atividade econômica com vistas à geração de emprego
e renda.

11. CEBRASPE – DPU – Agente administrativo – 2016


A respeito de orçamento público, julgue o item que se segue.

A função alocativa do orçamento visa à intervenção do governo na economia, com o objetivo de diminuir as
desigualdades sociais no que se refere ao acesso a renda, bens e serviços públicos e benefícios da vida em
sociedade.

12. CEBRASPE – DPU – Agente administrativo – 2016


A respeito de orçamento público, julgue o item que se segue.

O orçamento público, como instrumento de política de estabilização, visa promover o equilíbrio econômico com
mudanças na receita e na despesa.

13. CEBRASPE – TRE-MT – Analista judiciário – 2015


Entre as funções econômicas do Estado, a defesa nacional mediante manutenção das Forças Armadas com
recursos do orçamento público cumpre a função

A) de segurança nacional.

B) alocativa.

C) distributiva.

D) estabilizadora.

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E) de especialização.

14. CEBRASPE – TCU – Auditor federal de controle externo– 2015


Com referência aos aspectos doutrinários e históricos da administração financeira e orçamentária, julgue o item a
seguir.

A situação do ótimo de Pareto decorre da atuação do Estado na economia.

15. CEBRASPE – TCU – Auditor federal de controle externo – 2013


Com relação às funções do governo, julgue o item a seguir.

A existência de externalidades é um dos exemplos de falhas de mercado. O governo pode incorporá-las ao custo
ou ao benefício privado, refletido pelo sistema de preços. Quando o governo abre mão de parcela de seus recursos,
mediante a concessão de incentivo fiscal a determinado setor ou produto, isso constitui uma externalidade
positiva para as respectivas empresas.

16. CEBRASPE – Polícia Federal – Agente– 2012


Julgue os itens seguintes, acerca de noções de economia.

Os governos exercem função alocativa para corrigir a alocação de recursos utilizados na produção de bens
geradores de externalidades negativas; na presença de externalidades positivas, a intervenção governamental é
desnecessária.

17. CEBRASPE – PEFOCE – Perito criminal– 2012


A respeito dos princípios de planejamento e de orçamento públicos, julgue o item seguinte.

Escolhas orçamentárias na busca da estabilidade de preços, visando ao crescimento econômico, é uma função
alocativa do orçamento.

18. CEBRASPE – TCU – Analista de controle externo – 2008


Aspectos culturais, históricos, sociais e políticos evoluem ao longo do tempo, alterando a intensidade e a natureza das
demandas da sociedade por maior ou menor intervenção do Estado na vida socioeconômica de um país. Em economias
de mesmo tamanho, as necessidades de atuação estatal sofrem a influência de desigualdades regionais e sociais, cuja
correção não dispensa a ação coletiva voltada para a eliminação dos fatores que concorrem para a preservação dessas
disparidades.

Fernando Rezende. Finanças públicas. 2.ª ed., São Paulo: Atlas, 2001, p. 34-5 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial, julgue os itens a seguir.

A teoria de finanças públicas consagra ao Estado o desempenho de três funções primordiais: alocativa,
distributiva, e estabilizadora. A função distributiva deriva da incapacidade do mercado de suprir a sociedade de

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bens e serviços de consumo coletivo. Como esses bens e serviços são indispensáveis para a sociedade, cabe ao
Estado destinar recursos de seu orçamento para produzi-los e satisfazer sua demanda.

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Gabarito – CEBRASPE

1. Certo 11. Errado

2. Certo 12. Certo

3. Errado 13. B

4. Certo 14. Errado

5. Errado 15. Certo

6. A 16. Errado

7. D 17. Errado

8. A 18. Errado

9. Certo

10. Certo

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Questões comentadas – CEBRASPE

Intervenção na economia

1. FGV - SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais - Administração e Finanças – 2022


Assinale a opção que apresenta características dos bens públicos.

A) São artificialmente escassos, em que o consumo de um agente não reduz a disponibilidade para os demais
agentes.

B) Abrangem recursos comuns, como os rios limpos, que podem ser usufruídos por qualquer indivíduo.

C) São não excludentes, como as ruas públicas, que apesar de atingir contágio elevado, não há, em geral, proibição
de circulação de pessoas ou veículos.

D) Incluem os bens de clube, em que após o pagamento de determinada taxa, todos se beneficiam das opções de
lazer.

E) Não há impedimento de consumo e nem redução de disponibilidade para qualquer agente, como, por exemplo,
o show de fogos de artifício.

Comentários:

Vamos analisar as alternativas, em busca daquela que apresenta as características da não-exclusividade e da não-
rivalidade.

a) ERRADA. Em se tratando de bens públicos, é verdade que o consumo de um agente não reduz a disponibilidade
para os demais agentes. Essa é a característica da não-rivalidade. Mas não é verdade que eles são artificialmente
escassos.

b) ERRADA. Os recursos comuns são bens comuns ou quase públicos, os quais não são excludentes, mas são rivais.

c) ERRADA. Os bens públicos são não excludentes. Essa parte é verdade. Mas uma vez que há “contágio elevado”
(como menciona a questão) a circulação de pessoas ou veículos poderá ser restringida.

d) ERRADA. Bens de clube são bens não rivais, mas em que já possibilidade de exclusão.

e) CORRETA. De fato, não há impedimento de consumo (não-exclusividade) e nem redução de disponibilidade


(não-rivalidade) para qualquer agente, como, por exemplo, o show de fogos de artifício.

Gabarito: E

2. FGV - PC-AM - Perito Criminal - 4ª Classe – Economia – 2022


Dos exemplos a seguir, assinale o que não pode ser considerado bem público.

A) O ar que respiramos.

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B) A defesa sobre a soberania nacional provida pelas forças armadas.

C) Uma estrada que acabou de ser inaugurada, sem trânsito e sem pedágio.

D) A educação provida pelas escolas públicas e privadas.

E) Uma praça recém-inaugurada ainda sem visitas.

Comentários:

Os bens públicos puros atendem ao princípio da não-rivalidade e da não-exclusão. Nos bens públicos, não há
impedimento de consumo e nem redução de disponibilidade para qualquer agente. Beleza. Então vamos para as
alternativas:

a) ERRADA. Eu e você não pagamos para respirar o ar. Ninguém pode nos impedir de consumir o ar. E o meu
consumo de ar não afeta o seu consumo de ar.

b) ERRADA. A defesa nacional é um exemplo de bem público: não é rival e não é excludente.

c) ERRADA. Essa estrada é um bem público, porque, por estar sem trânsito, ela não é rival. E por estar sem
pedágio, ela não é excludente.

d) CORRETA. Serviços de saúde e de educação são exemplos clássicos de bens semipúblicos (meritórios).
Mesmo não havendo exclusão (você não precisa pagar para utilizar um hospital público ou uma escola pública,
portanto não ficará excluído desse consumo no caso de não pagamento), ainda há a presença da rivalidade: o
consumo do bem por um consumidor reduz a quantidade disponível para outro consumidor. A quantidade de leitos
é limitada. As vagas nas creches são limitadas. Existe uma certa competição (rivalidade) para o consumo desses
bens.

e) ERRADA. Ninguém pode nos impedir de usufruir da praça (não-exclusividade) e o fato de ela estar sem visitas
faz com que ela não apresente a característica da rivalidade.

Gabarito: D

3. FGV – SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual - Ciências Econômicas – 2022


Dentre as características de um bem público, é possível mencionar o fato de que

A) o seu consumo reduz a quantidade disponível para outro consumidor.

B) o custo necessário para excluir seu acesso por parte de quem não possui não é impeditivo.

C) apresentam baixa rivalidade e baixo custo de exclusão.

D) é não-rival e não-excludente.

E) é sujeito à “Tragédia dos Comuns”.

Comentários:

Vamos analisar as alternativas:

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a) ERRADA. O consumo de um bem público reduz a quantidade disponível para outro consumidor. Por isso se diz
que os bens públicos não são rivais.

b) ERRADA. Na verdade, o custo necessário para excluir seu acesso por parte de quem não possui é impeditivo.
Nos bens públicos, ninguém consegue impedir o consumo de outras pessoas (ou, se consegue, o custo é
impeditivo). Lembre-se do exemplo da luz do farol para a navegação.

c) ERRADA. Os bens públicos não apresentam rivalidade ou exclusão.

d) CORRETA. Os bens públicos puros atendem ao princípio da não-rivalidade e da não-exclusão. Nos bens
públicos, não há impedimento de consumo e nem redução de disponibilidade para qualquer agente.

e) ERRADA. São os bens comuns (ou quase públicos) que estão sujeitos à “Tragédia dos Comuns”.

Gabarito: D

4. FGV – CGU - Auditor Federal de Finanças e Controle - Auditoria e Fiscalização – 2012


Uma das funções do Estado na execução da política regulatória é mitigar as denominadas falhas de mercado em
que a intervenção governamental na economia busca o atingimento do nível de alocação socialmente ótimo.

Nesse sentido, é correto afirmar que:

A) o meio ambiente sustentável é considerado um recurso comum, não rival e não exclusivo, e, devido à existência
do problema do holdout, o governo falha em garantir seu uso racional;

B) a existência de um monopólio natural no setor de infraestrutura é uma falha de mercado e exige que o governo
implemente uma política regulatória para que as tarifas ofertadas sejam iguais ao custo marginal da firma;

C) as externalidades não são falhas de mercado, pois há um benefício externo à sociedade advindo da decisão dos
agentes, sendo eventualmente necessária a intervenção governamental via imposição de quotas de produção;

D) um governo probo e eficiente pode ser visto como um bem público puro apesar de ser possível excluir algum
cidadão do benefício de um bom governo, de forma que a legislação que permite o controle social evitaria o
problema do carona (free rider);

E) os bens meritórios, apesar de não apresentarem todas as características de bens públicos puros, geram
externalidades positivas e sua provisão deve ser estimulada pelo governo via, por exemplo, o estabelecimento de
subsídios à produção pelo setor privado.

Comentários:

Questão bem elaborada. Vamos analisar as alternativas:

a) ERRADA. "O meio ambiente sustentável é considerado um recurso comum”. Isso está correto. Acontece que os
recursos comuns são bens comuns (ou quase públicos), que se caracterizam por serem bens rivais (isto é, se alguém
consumir, o consumo das outras pessoas será afetado), mas não excludentes (não há como excluir, não precisa
pagar).

A questão diz que ele é “não rival e não exclusivo”, por isso ela está errada.

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Observação: o problema de resistência (holdout) surge quando os direitos de propriedade são atribuídos a mais de
uma pessoa.

b) ERRADA. Essa alternativa está bem relacionada com economia. Então vou deixar que o professor Jetro
Coutinho explique: “o monopólio natural possui custos marginais próximos de zero. Assim, se o governo resolver
igualar a tarifa cobrada pelo monopolista natural ao custo margina, a tarifa vai ser próxima de zero e a firma
quebrará (e aí, não teremos empresa nenhuma ofertando nesse mercado)! Portanto, se o governo resolver regular
o monopólio natural, ele não pode igualar a tarifa cobrada ao custo marginal (ele, na verdade, vai igualar a tarifa
ao custo médio).”

c) ERRADA. As externalidades são falhas de mercado sim! Já podemos parar por aqui. Externalidades são efeitos
colaterais de uma decisão sobre aqueles que não participaram dela. Existe uma externalidade quando há
consequências para terceiros que não são levadas em consideração por quem toma a decisão.

d) ERRADA. Ora, se é um bem público puro, não é possível excluir algum cidadão do benefício de um bom governo,
já que os bens públicos puros atendem ao princípio da não-rivalidade e da não-exclusão. Detalhe se fosse possível
excluir o cidadão, de fato se evitaria o problema do carona (free rider), já que é a característica de exclusão dos
bens semipúblicos favorece o surgimento dos free-riders (caronas).

e) CORRETA. Bens semipúblicos (ou bens meritórios) são aqueles que não apresentam todas as características
de bens públicos puros (geralmente são ou não rivais ou não excludentes), mas, ainda assim, o mercado se
interessa em ofertá-los. Assim, apesar de os bens semipúblicos possuírem natureza de bem privado, a sua
utilidade social é predominante, o que justifica a sua provisão (financiamento) pelo Governo (por meio da
tributação). Em outras palavras: os bens meritórios geram externalidades positivas (daqui a pouco veremos isso)
e sua provisão deve ser estimulada pelo governo via, por exemplo, o estabelecimento de subsídios à produção
pelo setor privado.

Gabarito: E

Funções do orçamento

5. FGV – SEFAZ-AM - Técnico da Fazenda Estadual– 2022


Assinale a opção que indica um objetivo direto da função distributiva do Governo.

A) Combate de desequilíbrios sociais e regionais.

B) Correção dos efeitos negativos de externalidades.

C) Correção de imperfeições no sistema de mercado.

D) Oferecimento de bens e serviços públicos eficientes.

E) Criação de condições para que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores.

Comentários:

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A função distributiva é aquela que busca fazer correções na distribuição de renda, tornando a sociedade menos
desigual em termos de renda e riqueza, isto é, seu objetivo é diminuir as desigualdades sociais e inter-regionais.

Já a função alocativa visa corrigir falhas de mercado, se justificando nos casos:

1. Em que não houver a necessária eficiência por parte do mecanismo de ação privada (sistema de mercado).

2. De provisão de bens públicos (puros) ou bens semipúblicos (bens meritórios).

Agora olhe para as alternativas. A alternativa A fala em “Combate de desequilíbrios sociais e regionais”. Isso está
totalmente em linha com o objetivo da função distributiva. Já as demais alternativas se referem à função alocativa.

Gabarito: A

6. FGV – SEFAZ-AM - Técnico da Fazenda Estadual– 2022


A aplicação de políticas econômico-financeiras a fim de ajustar o controle da inflação, melhorar o nível de emprego
e promover o crescimento econômico, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal ou outras
medidas capazes de aumentar ou diminuir o nível da demanda agregada, é denominada função

A) social.

B) alocativa.

C) igualitária.

D) distributiva.

E) estabilizadora.

Comentários:

De acordo com Richard Musgrave, as três funções clássicas (típicas) do orçamento são:

• Função alocativa;

• Função distributiva;

• Função estabilizadora.

Então já pode eliminar as alternativas A e C, que falam de função “social” e “igualitária”.

A questão está se referindo à função estabilizadora, pois esta tem como objetivo o uso da política econômica
visando a um alto nível de emprego, à estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa apropriada de crescimento
econômico.

Gabarito: E

7. FGV – Prefeitura de Niterói-RJ – Analista – 2018

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A Lei Orçamentária Anual (LOA) é o orçamento propriamente dito, com vigência de 1 (um) ano, e compreende
três orçamentos: o fiscal, o de investimento de empresas estatais e o da seguridade social, tendo, cada um deles,
uma função específica.

Sobre o orçamento fiscal, assinale a opção que indica sua função específica.

A) Distributiva, a qual visa à redução das desigualdades.

B) Alocativa, a qual visa à produção de bens e serviços não providos pelo mercado.

C) Distributiva, a qual visa a garantir o pleno emprego e manter a economia aquecida.

D) Estabilizadora, a qual visa à produção de bens e serviços não providos pelo mercado.

E) Estabilizadora, a qual visa a garantir o pleno emprego e manter a economia aquecida.

Comentários:

Comentando cada uma das alternativas...

a) Correta. Aqui a questão primou pelo texto a CF/88, observe:

Art. 165, § 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria
do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
Público.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão
entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

Quer dizer:

Os orçamentos Fiscal (OF) e de Investimento (OI) terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-
regionais, segundo critério populacional.

Por isso, a questão está correta ao afirmar que o orçamento fiscal tem como função específica a função
distributiva. A função distributiva é aquela que busca fazer correções na distribuição de renda, tornando a
sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, isto é, seu objetivo é diminuir as desigualdades sociais e
inter-regionais. É tirar dos ricos e dar aos pobres, ao estilo Robin Hood mesmo.

b) Errada. A LOA também tem a função alocativa dentre as suas funções, mas, como comentamos na alternativa
anterior, a questão priorizou o texto da nossa CF/88.

c) Errada. É a função estabilizadora que visa a garantir o pleno emprego e manter a economia aquecida.

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d) Errada. É a função alocativa que visa à produção de bens e serviços não providos pelo mercado.

e) Errada. De forma análoga ao comentário da alternativa B, LOA também tem a função estabilizadora dentre as
suas funções, mas a questão priorizou o texto da nossa CF/88.

Essa FGV...

Gabarito: A

8. FGV – TCE-RJ – Auditor substituto – 2015


Texto 1: “O Ministério da Educação (MEC) não tem dinheiro para assinar novos contratos do Fundo de Financiamento
Estudantil (FIES) neste semestre, disse o secretário executivo da pasta, Luiz Cláudio Costa. Ele informou que o MEC
ainda não foi notificado da determinação judicial para reabertura do prazo de inscrições, mas adiantou que a pasta
recorrerá da decisão.

Segundo Costa, “mesmo que [o prazo para inscrições] seja reaberto, será inútil”. Ele informou que foram reservados
R$ 2,5 bilhões para o FIES, o limite foi atingido e não será possível financiar novos contratos neste semestre.

O FIES oferece cobertura da mensalidade de cursos em instituições privadas de ensino superior a juros de 3,4% ao ano.
O estudante começa a quitar o financiamento 18 meses após a conclusão do curso. O programa acumula 1,9 milhão
de contratos e abrange mais de 1,6 mil instituições.”

Fonte: Agência Brasil (http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2015-05/mecesta-sem-dinheiro-para-novos-


contratos-do-fies)

A função econômica do Estado a que se refere o programa mencionado no texto 1 é:

A) alocativa, por tratar de um bem público puro;

B) alocativa, por se referir à provisão de um bem meritório;

C) distributiva, por ser um bem semi-público;

D) distributiva, por promover ajustamentos na distribuição de renda;

E) distributiva, por convergir com o Ideal de Pareto.

Comentários:

Muito bem! O texto fala sobre o que? Sobre o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). E o FIES é um programa
relacionado à educação.

Já as alternativas falam em bem público puro e bem público meritório.

Bens meritórios (ou semipúblicos) são bens que só podem ser usufruídos por quem tem dinheiro para pagar por
eles. No entanto, eles são importantes todo mundo, para toda a sociedade. Por isso podem (e devem) ser
ofertados também pelo Estado, justamente para evitar que a população de baixa renda seja excluída do seu
consumo. Assim como os bens públicos puros, eles também são financiados pela tributação (são os tributos
arrecadados pelo Estado que pagam pelos custos dos bens públicos e semipúblicos). Portanto, os bens

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semipúblicos podem e são oferecidos tanto pelo Estado quanto pelo mercado (particulares, empresas privadas),
porque não possuem as características de indivisibilidade e não exclusão.

Dois excelentes exemplos de bens meritórios são: saúde e educação.

Ah, olha a educação aí!

Beleza! Agora falta descobrir qual função econômica do Estado é essa do texto: alocativa ou distributiva?

A função alocativa é o Estado oferecendo determinados bens e serviços necessários e desejados pela sociedade,
porém que não são produzidos ou providos pela iniciativa privada.

A função distributiva busca fazer correções na distribuição de renda, tornando a sociedade menos desigual em
termos de renda e riqueza.

Qual você acha que é?

É a função alocativa!

“Mas, professores, o FIES colocou muita gente na universidade! Não teve redistribuição de renda aí?”

Olha, é até possível que tenha tido, mas você consegue enxergar que a função alocativa está muito mais
evidente? O governo está criando condições (por meio de empréstimos do FIES) para que o mercado ofereça
bens e isso é justamente o que a função alocativa faz!

Por isso, nosso gabarito é mesmo a alternativa B.

Gabarito: B

9. FGV – SEFAZ-MT – Auditor Fiscal – 2014


A intervenção do Governo sobre o crescimento das despesas privadas e governamentais de consumo ou de
investimentos por meio do controle dos gastos públicos, dos créditos e do nível de tributação, relaciona-se à
função

A) estabilizadora.

B) distributiva.

C) alocativa.

D) reguladora.

E) monetária

Comentários:

Vamos primeiro entender o que o governo está fazendo. É isso que você deve fazer nesse tipo de questão.

O governo está intervindo sobre despesas (públicas e privadas) de consumo e de investimentos. Está controlando
os gastos públicos, os créditos, os níveis de tributação...

Você viu algum recurso sendo alocado aí?

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Você viu fornecimento de bens públicos? Falhas de mercado? Viu sociedade se tornando menos desigual em
termos de renda e riqueza?

Agora, você viu uma tentativa de estabilização da economia? De conter os níveis de preços, para manter uma
razoável taxa de crescimento?

Acho que você já está entendendo o que nós queremos dizer...

Essa intervenção do governo está relacionada à função estabilizadora! É a função estabilizadora que visa a
estabilidade econômica, principalmente por meio da estabilidade nos níveis de preços e manutenção de um
elevado o nível de emprego.

Lembre-se que, diferentemente das outras duas funções econômicas do Estado, a função estabilizadora não faz
destinação de recursos. Ela não aloca recursos, só realiza algumas medidas, aplica algumas políticas, utiliza
alguns instrumentos...

A intervenção do governo não está relacionada à função alocativa, porque não vimos nenhuma correção na
alocação de recursos e nenhum fornecimento de bens.

Também não é a função distributiva, porque não vimos nenhuma correção na distribuição de renda, tornando a
sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, diminuindo as desigualdades sociais e inter-regionais.
Porém foi uma questão perigosa, porque falou em “nível de tributação”. E a tributação é justamente um dos
principais instrumentos utilizados na função distributiva (lembra do Imposto de Renda progressivo? ).

Gabarito: C

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Lista de questões – FGV

Intervenção na economia

1. FGV - SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais - Administração e Finanças – 2022


Assinale a opção que apresenta características dos bens públicos.

A) São artificialmente escassos, em que o consumo de um agente não reduz a disponibilidade para os demais
agentes.

B) Abrangem recursos comuns, como os rios limpos, que podem ser usufruídos por qualquer indivíduo.

C) São não excludentes, como as ruas públicas, que apesar de atingir contágio elevado, não há, em geral, proibição
de circulação de pessoas ou veículos.

D) Incluem os bens de clube, em que após o pagamento de determinada taxa, todos se beneficiam das opções de
lazer.

E) Não há impedimento de consumo e nem redução de disponibilidade para qualquer agente, como, por exemplo,
o show de fogos de artifício.

2. FGV - PC-AM - Perito Criminal - 4ª Classe – Economia – 2022


Dos exemplos a seguir, assinale o que não pode ser considerado bem público.

A) O ar que respiramos.

B) A defesa sobre a soberania nacional provida pelas forças armadas.

C) Uma estrada que acabou de ser inaugurada, sem trânsito e sem pedágio.

D) A educação provida pelas escolas públicas e privadas.

E) Uma praça recém-inaugurada ainda sem visitas.

3. FGV – SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual - Ciências Econômicas – 2022


Dentre as características de um bem público, é possível mencionar o fato de que

A) o seu consumo reduz a quantidade disponível para outro consumidor.

B) o custo necessário para excluir seu acesso por parte de quem não possui não é impeditivo.

C) apresentam baixa rivalidade e baixo custo de exclusão.

D) é não-rival e não-excludente.

E) é sujeito à “Tragédia dos Comuns”.

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4. FGV – CGU - Auditor Federal de Finanças e Controle - Auditoria e Fiscalização – 2012


Uma das funções do Estado na execução da política regulatória é mitigar as denominadas falhas de mercado em
que a intervenção governamental na economia busca o atingimento do nível de alocação socialmente ótimo.

Nesse sentido, é correto afirmar que:

A) o meio ambiente sustentável é considerado um recurso comum, não rival e não exclusivo, e, devido à existência
do problema do holdout, o governo falha em garantir seu uso racional;

B) a existência de um monopólio natural no setor de infraestrutura é uma falha de mercado e exige que o governo
implemente uma política regulatória para que as tarifas ofertadas sejam iguais ao custo marginal da firma;

C) as externalidades não são falhas de mercado, pois há um benefício externo à sociedade advindo da decisão dos
agentes, sendo eventualmente necessária a intervenção governamental via imposição de quotas de produção;

D) um governo probo e eficiente pode ser visto como um bem público puro apesar de ser possível excluir algum
cidadão do benefício de um bom governo, de forma que a legislação que permite o controle social evitaria o
problema do carona (free rider);

E) os bens meritórios, apesar de não apresentarem todas as características de bens públicos puros, geram
externalidades positivas e sua provisão deve ser estimulada pelo governo via, por exemplo, o estabelecimento de
subsídios à produção pelo setor privado.

Funções do orçamento

5. FGV – SEFAZ-AM - Técnico da Fazenda Estadual– 2022


Assinale a opção que indica um objetivo direto da função distributiva do Governo.

A) Combate de desequilíbrios sociais e regionais.

B) Correção dos efeitos negativos de externalidades.

C) Correção de imperfeições no sistema de mercado.

D) Oferecimento de bens e serviços públicos eficientes.

E) Criação de condições para que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores.

6. FGV – SEFAZ-AM - Técnico da Fazenda Estadual– 2022


A aplicação de políticas econômico-financeiras a fim de ajustar o controle da inflação, melhorar o nível de emprego
e promover o crescimento econômico, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal ou outras
medidas capazes de aumentar ou diminuir o nível da demanda agregada, é denominada função

A) social.

B) alocativa.

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C) igualitária.

D) distributiva.

E) estabilizadora.

7. FGV – Prefeitura de Niterói-RJ – Analista – 2018


A Lei Orçamentária Anual (LOA) é o orçamento propriamente dito, com vigência de 1 (um) ano, e compreende
três orçamentos: o fiscal, o de investimento de empresas estatais e o da seguridade social, tendo, cada um deles,
uma função específica.

Sobre o orçamento fiscal, assinale a opção que indica sua função específica.

A) Distributiva, a qual visa à redução das desigualdades.

B) Alocativa, a qual visa à produção de bens e serviços não providos pelo mercado.

C) Distributiva, a qual visa a garantir o pleno emprego e manter a economia aquecida.

D) Estabilizadora, a qual visa à produção de bens e serviços não providos pelo mercado.

E) Estabilizadora, a qual visa a garantir o pleno emprego e manter a economia aquecida.

8. FGV – TCE-RJ – Auditor substituto – 2015


Texto 1: “O Ministério da Educação (MEC) não tem dinheiro para assinar novos contratos do Fundo de Financiamento
Estudantil (FIES) neste semestre, disse o secretário executivo da pasta, Luiz Cláudio Costa. Ele informou que o MEC
ainda não foi notificado da determinação judicial para reabertura do prazo de inscrições, mas adiantou que a pasta
recorrerá da decisão.

Segundo Costa, “mesmo que [o prazo para inscrições] seja reaberto, será inútil”. Ele informou que foram reservados
R$ 2,5 bilhões para o FIES, o limite foi atingido e não será possível financiar novos contratos neste semestre.

O FIES oferece cobertura da mensalidade de cursos em instituições privadas de ensino superior a juros de 3,4% ao ano.
O estudante começa a quitar o financiamento 18 meses após a conclusão do curso. O programa acumula 1,9 milhão
de contratos e abrange mais de 1,6 mil instituições.”

Fonte: Agência Brasil (http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2015-05/mecesta-sem-dinheiro-para-novos-


contratos-do-fies)

A função econômica do Estado a que se refere o programa mencionado no texto 1 é:

A) alocativa, por tratar de um bem público puro;

B) alocativa, por se referir à provisão de um bem meritório;

C) distributiva, por ser um bem semi-público;

D) distributiva, por promover ajustamentos na distribuição de renda;

E) distributiva, por convergir com o Ideal de Pareto.

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9. FGV – SEFAZ-MT – Auditor Fiscal – 2014


A intervenção do Governo sobre o crescimento das despesas privadas e governamentais de consumo ou de
investimentos por meio do controle dos gastos públicos, dos créditos e do nível de tributação, relaciona-se à
função

A) estabilizadora.

B) distributiva.

C) alocativa.

D) reguladora.

E) monetária

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Gabarito – FGV

1. E 6. E

2. D 7. A

3. D 8. B

4. E 9. C

5. A

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Conceitos iniciais: o que é orçamento público?


Relembrando alguns conceitos da nossa aula inicial, vamos começar respondendo a seguinte pergunta: o que
é orçamento público?

Mas, primeiro, temos que saber o que é um orçamento. O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(MCASP), em sua 8ª edição, e o Manual Técnico de Orçamento (MTO) definiram esse conceito para nós:

O orçamento é um importante instrumento de planejamento de qualquer entidade, seja pública ou privada,


e representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicações de recursos em determinado período.

Veja só: o orçamento é um instrumento. E ele pode ser utilizado tanto pelo setor público quanto pelo setor
privado. Por meio da previsão de ingressos e de aplicações de recursos, ele permite que seja feito um
planejamento para um determinado período.

Beleza! E orçamento público?

Essa o professor Aliomar Baleeiro responde para nós. Para ele, orçamento público:

É o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo período de tempo, a
execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.

Aqui no Brasil, o orçamento é uma lei. Quem propõe (elabora) essa lei é o Poder Executivo. Quem aprova é o
povo, representado pelo Poder Legislativo.

Essa lei orçamentária tem o que todo orçamento tem: previsão de receitas e fixação das despesas.

E o orçamento também não é para sempre. Ele só serve para um determinado período de tempo: o exercício
financeiro, que, aqui no Brasil, coincidirá com o ano civil (Lei 4.320/64, art. 34). Lembra do princípio da
anualidade (ou periodicidade)?

Numa visão moderna, o orçamento é mais que uma simples previsão da receita ou estimativa de despesa. Ele
é, ao mesmo tempo, um relatório, uma estimativa e uma proposta, traçando um programa de trabalho para o
exercício financeiro seguinte.

Ah! Vale lembrar também que, segundo o artigo 24, II, da CF/88, a competência para legislar sobre orçamento
público é concorrente. Lembre-se do Tri Fi Pen Ec Ur O (direito tributário, financeiro, penitenciário,
econômico e urbanístico; orçamento) ou do PUFETO (Penitenciário, Urbanístico, Financeiro, Econômico,
Tributário e Orçamento).

Questões para fixar


15) CESPE – MPE-PI – Técnico ministerial – 2018
Julgue o item seguinte, relativo ao orçamento público. O orçamento, importante instrumento de planejamento
de qualquer entidade pública ou privada, representa o fluxo previsto de ingressos financeiros e a aplicação
desses recursos em determinado período de tempo.

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Comentários:

Ah! Aquele famoso copia e cola, não é mesmo? Veja que a banca retirou essa questão do MCASP e do MTO.
É a definição de orçamento. Não de orçamento público. Só orçamento!

Gabarito: Certo

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Espécies e técnicas de orçamento


Antes de começar a falar sobre as espécies e técnicas do orçamento, imagine que você vai montar o seu próprio
orçamento para o próximo ano. Você nem pensa muito e já vai anotando os gastos que terá durante o ano.
Então, você acaba elaborando um orçamento bem tradicional (clássico):

• Supermercado = R$ 2.000,00
• Energia elétrica = R$ 1.000,00
• Mensalidade da academia = R$ 1.200,00
• Suplementos = R$ 500,00
• Cinema = R$ 200,00
• Restaurantes = R$ 500,00

Beleza! O ano passou e está tudo tranquilo. O preço de tudo aumentou, então você simplesmente incrementa
o orçamento do ano passado, aplicando um aumento percentual, de forma que ele agora fica assim:

• Supermercado = R$ 2.100,00
• Energia elétrica = R$ 1.100,00
• Mensalidade da academia = R$ 1.300,00
• Suplementos = R$ 600,00
• Cinema = R$ 300,00
• Restaurantes = R$ 600,00

Ok. Mas agora você está percebendo que a academia não está lhe trazendo tantos resultados assim. Seu
objetivo não é “ir à academia”. Seu objetivo é “perder peso”. Você não está preocupado com o que você gastar.
Você quer resultados, desempenho! Por isso você decide entrar no CrossFit!

• Supermercado = R$ 2.100,00
• Energia elétrica = R$ 1.100,00
• Mensalidade do CrossFit = R$ 2.000,00
• Suplementos = R$ 600,00
• Cinema = R$ 300,00
• Restaurantes = R$ 600,00

Só que, infelizmente, o CrossFit não deu muito resultado nesse ano! Não satisfeito, você decide elevar o seu
jogo. Você se planeja para o longo prazo: traça objetivos e metas para os próximos 4 anos. E tem mais: você
percebe que, para cumprir o seu planejamento, é muito melhor classificar os objetos de gastos em programas.
Finalmente, o seu orçamento fica assim:

• Programa Moradia = R$ 3.200,00;


o Supermercado = R$ 2.100,00
o Energia elétrica = R$ 1.100,00
• Programa Saúde = R$ 2.600,00
o Mensalidade do CrossFit = R$ 2.000,00
o Suplementos = R$ 600,00
• Programa Diversão = R$ 900,00
o Cinema = R$ 300,00
o Restaurantes = R$ 600,00

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Percebeu como há várias formas de elaborar o seu orçamento? Percebeu que você foi desenvolvendo técnicas
cada vez melhores de elaboração do orçamento e ele foi ficando cada vez mais robusto e conectado ao seu
planejamento, seus objetivos, suas metas?

Pois é! O mesmo aconteceu com o orçamento público!

Olha só o que o mestre James Giacomoni tem a falar sobre isso:

O orçamento é um dos mais antigos e tradicionais instrumentos utilizados na gestão dos negócios públicos. Foi
concebido inicialmente como um mecanismo eficaz de controle político dos órgãos de representação sobre os
Executivos, e sofreu, ao longo do tempo, mudanças no plano conceitual e técnico para acompanhar a própria
evolução das funções do Estado.

Hoje, o orçamento é um moderno instrumento da Administração Pública, que integra o planejamento ao


orçamento e ajuda o governo a atingir resultados. Em sua nova concepção, o orçamento é algo mais que uma
simples previsão da receita ou estimativa de despesa. O orçamento é, ao mesmo tempo, um relatório, uma
estimativa e uma proposta. Segundo Allan D. Manvel:

O orçamento é um plano que expressa em termos de dinheiro, para um período de tempo definido, o programa
de operações do governo e os meios de financiamento desse programa.

Mas nem sempre foi assim...

Com o passar do tempo, o orçamento foi evoluindo: diversas formas de se elaborar um orçamento e diversas
espécies de orçamentos foram criadas. As técnicas foram se aperfeiçoando. Veremos agora as principais delas,
começando pelo orçamento tradicional e indo até o orçamento-programa (a mais moderna técnica de
orçamento).

Ressalte-se que existe uma classificação simples, mas útil, que divide a história da evolução conceitual e técnica
do orçamento público em dois períodos: tradicional e moderno. Eles são caracterizações ideais das situações
extremas dessa evolução. É como se numa extremidade de uma linha tivéssemos o orçamento tradicional e na
outra extremidade tivéssemos o orçamento moderno. Por ser ideal, esse orçamento moderno é inalcançável.
Veja: à medida que os orçamentos reais vão se aproximando do orçamento moderno ideal, esse conceito já
evoluiu e já se distanciou. Ou seja: os orçamentos reais estão sempre em busca daquele orçamento ideal. Além
disso, nem sempre uma técnica ou um modelo é integralmente substituído por outro mais atual. Normalmente
só uma parte das orientações é incorporada, de forma que as disposições novas são incorporadas e passam a
conviver com as antigas1.

1
GIACOMONI, James. Orçamento Público, 16ª edição, editora Atlas, 2012.

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Tradicional Moderno

Questões para fixar


16) CESPE – TJ-ES – Analista judiciário – 2011
Julgue o item seguinte, relativo a planejamento e orçamento público. O orçamento pode ser classificado em
tradicional ou clássico ou em orçamento-programa ou moderno.

Comentários:

Viu? Do jeitinho que eu falei! Numa extremidade da linha temos o orçamento tradicional e na outra temos o
orçamento-programa.

Gabarito: Certo

Orçamento tradicional (clássico)


O orçamento tradicional (ou orçamento clássico) é um mero instrumento contábil: um pedaço de papel que
prevê receitas e fixa despesas. Só isso! Sua ênfase é no gasto, isto é, ele simplesmente mostra com que o
dinheiro público foi gasto. É como se o governo estivesse dizendo assim: “olha, sociedade, eu gastei e vou gastar
o dinheiro público com isso aqui”.

Ok. É bom que se faça isso. Mas é muito pouco!

Pense conosco: não seria legal se houvesse um planejamento? Um estudo das maiores deficiências do ente,
das maiores necessidades da população e um plano minunciosamente traçado para resolver isso? Com
objetivos, metas e muito mais?

Seria ótimo! Mas isso não existe no orçamento tradicional!

Essa é uma das principais características do orçamento tradicional: a falta de planejamento da ação
governamental. Aqui não há preocupação com o planejamento: não há qualquer menção a objetivos ou
metas a serem atingidas. É uma completa dissociação entre planejamento e orçamento!

Também não há preocupação com as necessidades da população. A preocupação é atender as necessidades


financeiras dos órgãos públicos (das unidades organizacionais) e pronto. Sua ênfase é nos aspectos
contábeis (adotava linguagem contábil-financeira), nos meios (o que se compra), não nos resultados. Não é à
toa que o orçamento tradicional ganhou o rótulo de “Lei de Meios” (ainda muito utilizado pelo jargão jurídico).
O Estado está preocupado em cumprir suas tarefas.

É tanto que as principais classificações adotadas pelo orçamento tradicional eram suficientes apenas para
instrumentalizar o controle de despesas. Era um controle simples: somente da legalidade e honestidade do
gestor público. Um controle político! As classificações adotadas eram duas:

• por unidades administrativas (classificação institucional: quem é o responsável por fazer?); e

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• por elementos de despesa (objeto do gasto).

Além disso, era o aspecto jurídico do orçamento (o fato dele ser uma lei) que tinha destaque. O interesse pelas
implicações econômicas era pequeno: o aspecto econômico assumia posição secundária. O orçamento era
considerado por muitos como uma lei que fixa a despesa e estima a receita. Só isso!

Observe este exemplo de elaboração do orçamento:

A Administração alega: “o órgão X precisa comprar 10 novos computadores. Vamos separar R$ 10.000,00 do orçamento
para fazer isso”.

Então alguém questiona: “mas a população não está precisando disso! Não é isso que a população quer!”

E o governo responde: “não interessa! O órgão está precisando desses recursos. Além disso, ano passado eles receberam
5 novos computadores. Esse ano receberão 10”.

É assim que o orçamento tradicional funciona.

Preste atenção!

A falta de planejamento da ação governamental é uma das principais características do orçamento tradicional

E tem mais uma característica marcante do orçamento tradicional nesse exemplo que eu dei: a sua vinculação
ao passado, ao orçamento do exercício anterior. Chamamos isso de incrementalismo.

Orçamento incremental

O orçamento incremental simplesmente melhora, ajusta, dá uma incrementada ( ) no orçamento do


exercício anterior. É o orçamento feito através de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa. “É
aquele que, a partir dos gastos atuais, propõe um aumento percentual para o ano seguinte, considerando
apenas o aumento ou diminuição dos gastos, sem análise de alternativas possíveis2”.

LOA LOA
10%
2019 2020

“Ah, professor, mas é bom que o orçamento melhore!”

2
PALUDO, Augustinho. Orçamento público, AFO e LRF, 5ª edição, editora Método, 2015.

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Sim, é bom! Mas e se ele tiver sido planejado errado desde o começo? E se, desde o começo, ele tiver
sido elaborado sem considerar as prioridades da população? Seria um desperdício enorme. E esse erro nunca
seria corrigido, porque “sempre foi assim e continuará sendo assim, só que melhor”. Essa é a ideia (a
“filosofia”) de um orçamento incremental.

Para fechar, vamos lembrar daquela música do Wesley Safadão:

Vai na paz e não volta jamais / Quem vive de passado é museu...

Opa! O orçamento incremental também!

Mero instrumento contábil (ênfase


nos aspectos contábeis)

Falta de planejamento da ação


governamental

Destaque para o aspecto jurídico


do orçamento
Orçamento tradicional
Necessidades financeiras das
unidades organizacionais (não da
população)

Classificações: por unidades


administrativas e por elementos

Incrementalismo

Questões para fixar


17) CESPE – DPU – Contador – 2016
A respeito do orçamento público e das receitas e despesas públicas, julgue o item que se segue.

O orçamento tradicional ou clássico adotava linguagem contábil-financeira e se caracterizava como um


documento de previsão de receita e de autorização de despesas, sem a preocupação de planejamento das
ações do governo.

Comentários:

É isso ai! O orçamento tradicional era um mero instrumento contábil. A ênfase era nos aspectos contábeis e
na previsão de receitas e fixação de despesas (lembre-se: não troque por “fixação de receitas” e “previsão de
despesas”!). Não havia preocupação nenhuma com o planejamento de ações do governo.

Por sinal, essa é uma das principais características do orçamento tradicional: a falta de planejamento da ação
governamental. A preocupação é atender as necessidades financeiras dos órgãos públicos (das unidades
organizacionais).

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Gabarito: Certo

18) CESPE – STM – Técnico Judiciário – 2018


Com relação a técnicas e princípios orçamentários, julgue o item seguinte.

O orçamento incremental tem como base as receitas e despesas ocorridas no período anterior, sobre as quais
são feitos ajustes marginais.

Comentários:

O orçamento incremental simplesmente melhora, ajusta, dá uma incrementada ( ) no orçamento do


exercício anterior. É o orçamento feito através de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa.

Gabarito: Certo

Orçamento de desempenho (ou por realizações)


O orçamento de desempenho (ou orçamento por realizações, orçamento funcional ou ainda performance
budget) surgiu, nos EUA, após o término da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), sendo aperfeiçoado
durante a década de 503. O orçamento de desempenho foi, basicamente, uma evolução do orçamento
tradicional. É aqui que o gestor começa a se preocupar com os benefícios e com os objetivos dos gastos e não
apenas com o seu objeto ou natureza do gasto (como era no orçamento tradicional). Procura-se saber o que o
governo faz, e não simplesmente o que o governo compra.

Orçamento
•Objeto do gasto
tradicional

Orçamento de
•Objetivo do gasto
desempenho

“Como assim, professor?”

3
Na lição de James Giacomoni (“Orçamento Público”, 15ª edição, 2010): orçamentos com base em custos
elaborados no período de 1913-15 no Burgo de Richmond marcaram o início dessa nova concepção técnica: o
Orçamento de desempenho (performance budget) - que viria a dominar a reforma orçamentária que se seguiu
após o término da Segunda Guerra Mundial.

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Por exemplo: o gestor não está mais preocupado em comprar uma cadeira. Ele está interessado nos benefícios que essa
cadeira pode trazer. Essa cadeira pode melhorar as condições de trabalho de um servidor e assim melhorar o desempenho
do serviço público. Esse é o objetivo da cadeira. Essa é a nova preocupação do gestor!

É por isso que se diz que o orçamento de desempenho enfatiza o resultado dos gastos e não apenas o gasto
em si. O foco passa a ser na busca de eficiência e economia nas repartições públicas e não mais na adequação
dos seus produtos às necessidades coletivas (aquela preocupação com as necessidades financeiras das
unidades organizacionais é coisa do orçamento tradicional). Mas os resultados são avaliados em termos de
eficácia (não efetividade). Em outras palavras: a ênfase é no desempenho organizacional. É daí que vem o
nome “orçamento de desempenho”.

O orçamento desempenho é um “processo orçamentário que se caracteriza por apresentar duas dimensões do
orçamento: o objeto de gasto e um programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas4”. Por isso,
constitui um processo orçamentário que inova em relação ao orçamento tradicional por incluir, além da
explicitação dos itens de gasto de cada unidade, uma dimensão programática, ou seja, a explicitação do
programa de trabalho (programa e ações) que deve ser realizado com os recursos que estão sendo destinados
à unidade. Por isso, o orçamento de desempenho se mostra como um instrumento da Administração!

Mas preste atenção! Isso não significa que há um enorme planejamento por trás da elaboração desse
orçamento. Apesar da evolução, o orçamento de desempenho ainda está desvinculado de um planejamento
central das ações do governo, isto é, não havia vinculação dos orçamentos anuais com um sistema de
planejamento, que resultasse na consecução dos objetivos governamentais de longo prazo. Por isso, ele não
pode ser considerado ainda como um orçamento-programa.

Preste atenção!
No orçamento desempenho, não havia vinculação dos orçamentos anuais com um sistema de planejamento.

Se uma questão perguntar se existe vinculação entre o planejamento e o orçamento, diga que não!

Essa é a grande deficiência do orçamento de desempenho: a desvinculação entre planejamento e


orçamento. Essa vinculação só vai surgir no orçamento programa, que estudaremos a seguir!

Questões para fixar


19) CESPE – MPU – Analista – 2015

4
Glossário da Secretaria do Tesouro Nacional – STN.

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A respeito da administração financeira e orçamentária, julgue o item a seguir.

O orçamento de desempenho, por considerar o resultado dos gastos e os níveis organizacionais responsáveis
pela execução dos programas, distingue-se do orçamento clássico.

Comentários:

Questão perfeita! Foi isso mesmo que nós vimos!

O orçamento de desempenho enfatiza o resultado dos gastos (o desempenho organizacional) e não apenas o
gasto em si, não apenas o objeto do gasto. Quem fazia isso era o orçamento clássico. Por isso, ele distingue-
se mesmo do orçamento clássico.

Gabarito: Certo

20) CESPE – TRT-8ª – Técnico judiciário – 2013


Assinale a opção que apresenta orçamento com ênfase no objetivo do gasto público que não constitui
instrumento de planejamento.

A) orçamento por objeto

B) orçamento base-zero

C) orçamento programa

D) orçamento por desempenho

E) orçamento clássico

Comentários:

No orçamento de desempenho (ou orçamento por desempenho), o gestor começa a se preocupar com os
benefícios e com os objetivos dos gastos e não apenas com o objeto do gasto. Essa técnica orçamentária
enfatiza o resultado dos gastos e não apenas o gasto em si. Apesar da evolução, o orçamento de desempenho
ainda está desvinculado de um planejamento central das ações do governo, portanto ainda não constitui
instrumento de planejamento.

Gabarito: D

PPBS (Planning, Programming and Budgeting System)


O PPBS - Planning, Programming and Budgeting System (Sistema de Planejamento, Programação e
Orçamento) surgiu no Estados Unidos da América (EUA) na década de 60 como uma evolução do orçamento
de desempenho (performance budget) ao acrescentar o elemento do planejamento ao orçamento.

O PPBS pode ser considerado o embrião do orçamento moderno, porque evidenciava a forte tendência da
aproximação entre o planejamento e o orçamento. Além disso, continha programas quantificados,
objetivos e metas definidas, e acompanhamento e avaliação de resultados.

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Foi implementado por Robert McNamara na Secretaria de Defesa e estendido ao restante da administração
federal civil pelo presidente americano Lyndon B. Johnson em 1965. Essa nova técnica de orçamento
representou o coroamento de uma série de estudos e aplicações práticas realizadas nos órgãos militares dos
Estados Unidos.

No entanto, o PPBS fracassou!

“Por que, professor? Ele parecia tão bom: integrava o planejamento e o orçamento e tudo mais...”

Bom, o PPBS foi adotado numa fase em que a economia americana apresentava grande pujança e investia em
programas públicos ambiciosos (como a Guerra do Vietnã, por exemplo). Assim, os recursos foram se
acabando, a crise econômica foi se agravando... Além disso, existiam dificuldades políticas e técnicas
(faltavam técnicos especializados). Alguns autores também argumentam que o fracasso do PPBS decorreu-se
por conta do incrementalismo (de forma que os novos programas teriam que competir com os programas
atuais, em busca dos escassos recursos) e porque o PPBS tentava enquadrar as grandes decisões em processos
racionais e científicos (e sabemos que essas decisões não são tão “fáceis” assim. Também envolvem questões
políticas e sociais). Em 1970, o então presidente americano Nixon recomendou que o cumprimento do PPBS
fosse dispensado pelos órgãos federais dos Estados Unidos, e assim foi feito. Esse foi o fim do PPBS!

“Então, com o fracasso do PPBS, retornamos ao orçamento tradicional?”

Não! O fracasso do PPBS não representou uma proposta de retorno ao orçamento tradicional, e também nem
causou sérios abalos ao conceito moderno de orçamento. Foi o famoso: “não fede e nem cheira!”

Surgiu nos EUA na década de 60

Embrião do orçamento-programa: aproximação


entre o planejamento e o orçamento

PPBS

Fracassou por motivos de escassez de recursos,


dificuldades políticas e técnicas

O fracasso não foi um retorno ao orçamento


tradicional. Também não abalou o conceito de
orçamento moderno

Questões para fixar


21) CESPE – FNDE – Especialista – 2012
Considerando o orçamento como importante instrumento no planejamento das ações governamentais, julgue
os itens a seguir, relativos a orçamento público.

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O PPBS (planning, programming and budgeting system), dada a facilidade de sua implantação em órgãos
públicos, foi amplamente adotado, a partir da década de setenta do século XX, em todo o mundo.

Comentários:

O PPBS, que surgiu nos EUA na década de 60, não teve essa facilidade de implantação (mencionada pela
questão). E, devido a escassez de recursos e dificuldades políticas e técnicas, o PPBS fracassou! Portanto, não
foi amplamente adotado em todo o mundo, como afirma a questão.

Gabarito: Errado

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Orçamento Base-Zero (OBZ)


Preste atenção agora, porque o Orçamento Base-Zero (OBZ) é um tema muito legal e muito cobrado em provas!

O Orçamento Base-Zero (OBZ) surgiu depois do PPBS, já na década de 70. Foi desenvolvido orginalmente por
uma empresa privada, chamada Texas Instruments, e adaptado para o setor governamental e adotado pelo
estado da Geórgia em 1973, governado por Jimmy Carter, que posteriormente assumiu a presidência dos EUA
e o introduziu na administração federal americana. Ao final da década de 70, muitas empresas privadas e
organizações públicas já adotavam o sistema.

Muito bem!

Você lembra do orçamento incremental? Aquele que vive de passado... Lembra que a filosofia dele é
melhorar o que foi feito no exercício anterior, porque “sempre foi assim e continuará sendo assim, só que
melhor”?

Pois é... o Orçamento Base-Zero (OBZ) é justamente o contrário disso! A filosofia do orçamento base-zero é
romper com o passado! E na técnica de elaboração de orçamento base-zero não há direito adquirido.

“Como assim não há direito adquirido, professor? Virou aula de direito administrativo agora?!”

É o seguinte: aqui no OBZ, toda despesa é considerada despesa nova. Não interessa se é uma despesa de
caráter contínuo. Nada está garantido! A cada ano é feita uma análise crítica de todas as despesas. Durante a
elaboração da proposta orçamentária para o exercício seguinte, todo conhecimento prévio acerca das
execuções em exercícios anteriores seria desconsiderado. Resumindo: é como se todo ano um novo orçamento
fosse elaborado partindo-se do “zero”. Por isso que o nome é “orçamento base-zero”!

Preste atenção!

No OBZ não há direito adquirido

Você também lembra que uma das falhas do orçamento incremental é que, se ele tiver sido planejado errado
desde o começo, os erros nunca serão corrigidos e o desperdício de recursos será enorme, não é mesmo?

Então, o orçamento base-zero surgiu justamente para combater isso. Para combater o aumento dos gastos,
a ineficiência na utilização e alocação dos recursos e para evitar a perpetuação de erros históricos. Por isso,
sua ênfase é na eficiência. Ele quer saber o porquê de cada despesa realizada. E esse questionamento será feito
todos os anos!

Assim, o gestor precisa justificar cada despesa que planeja realizar, cada dotação solicitada em seu orçamento,
nos mínimos detalhes, tomando como base os critérios definidos pela alta gerência e sempre pensando no
custo-benefício de sua decisão. Todos os anos, é necessário provar as necessidades de orçamento,
comparando e competindo com outras prioridades e projetos.

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Imagine que um planejamento orçamentário fixou despesas de R$ 400.000,00 para sinalização de vias públicas durante 4
anos, sendo R$ 100.000,00 a cada ano. No primeiro ano, beleza. No segundo ano, tudo continua normal, não se discute
nada. No terceiro e quarto ano, já nem precisava de todos esses recursos, mas já estava planejado, portanto não se discutiu
nada.

No OBZ, isso não aconteceria: já no segundo ano, deveria haver o questionamento dessa despesa: “será que precisamos
de R$ 100.000,00 mesmo para sinalização de vias esse ano? Não seria mais eficiente alocar esses R$ 100.000,00 em
iluminação pública?”. Então o administrador iria justificar por que continuar investindo na sinalização pública.

“E, professor, se o OBZ vai fazer esse questionamento todo ano, será que ele combina com algum planejamento de
longo prazo?”

A resposta é: não! O OBZ é incompatível com qualquer planejamento de médio ou longo prazo.

Beleza!

Agora, você está percebendo que o OBZ não é exatamente método de organizar ou apresentar o orçamento
público? Na verdade, ele é uma técnica, um sistema voltado, antes de tudo, para a avaliação e tomada de
decisão sobre despesas.

Falando em avaliação e decisão, no OBZ, todas as despesas precisam ser analisadas sistematicamente e as
melhores alternativas deverão ser selecionadas. Para facilitar isso, elas serão organizadas em pacotes de
decisão.

As ações de um programa governamental (ou parte dessas ações) constituem unidades de decisão cujas
necessidades de recursos são avaliadas em pacotes de decisão. Os pacotes de decisão, por sua vez, descrevem
os elementos significativos das ações: finalidades, custos, benefícios, medidas de desempenho, etc. Os pacotes
de decisão nada mais são do que as alternativas das quais o gestor público dispõe. É como uma estrada que se
divide em dois caminhos: o planejamento orçamentário pode escolher o caminho 1 ou o caminho 2, sabendo
que cada um deles apresenta o seu próprio custo, seus próprios benefícios e suas próprias metas.

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Só que a decisão não precisa ser tão difícil e “às cegas” assim. Os pacotes de decisão são organizados em ordem
de prioridade, de forma que a decisão sobre qual pacote entrará no orçamento fica bem mais fácil. “Os pacotes
de decisão devidamente analisados e ordenados, forneceriam as bases para as apropriações dos recursos nos
orçamentos operacionais5”. Mais ou menos assim:

Pacote A

Pacote B

Pacote C

Viu como o OBZ, de fato, é uma técnica voltada para a avaliação e tomada de decisão?

“Professor, então o orçamento base-zero é muito bom! Foco na eficiência, maior participação e
comprometimento dos gestores, maior chance de atingir os objetivos...”

Sim, tudo isso é verdade! Mas nem tudo são flores! Você só está enxergando as vantagens.

Temos também desvantagens: fazer tudo isso dá muito trabalho! E custa muito caro! Com essa técnica, a
elaboração do orçamento torna-se difícil, trabalhosa, lenta e muito cara!

Mas só porque há desvantagens, não significa que o OBZ tenha que ser descartado. Por conta de toda essa
ênfase no planejamento e dessa constante e recorrente revisão de despesas, o OBZ revela-se é muito útil em
fases de recessão da economia ou em situações em que as despesas públicas são limitadas por um teto de
gastos (como aconteceu com a aprovação da EC 95/16, que instituiu o Novo Regime Fiscal no âmbito dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios financeiros).

Para fechar, vamos resumir em uma frase o que é o OBZ: o orçamento base-zero (OBZ) é uma técnica
orçamentária que pressupõe um reexame crítico dos dispêndios de cada área governamental após cada ciclo
orçamentário, de modo que não haja direitos adquiridos sobre o montante dos gastos do exercício anterior.

5
GIACOMONI, James. Orçamento Público, 16ª edição, editora Atlas, 2012.

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Está confuso acompanhar a evolução até agora? Então olha esse quadro aqui contendo alguns dos estágios da
reforma orçamentária no Estados Unidos (inspirado na obra de James Giacomoni):

Período Concepção Ênfase

Administração
Década de 1950 Orçamento de Desempenho
Economia e eficiência

Planejamento
Sistema de Planejamento,
Década de 1960 Programação e Orçamento – Avaliação
PPBS
Eficácia

Orçamento base-zero Planejamento

Década de 1970 e 1980 Orçamento base-equilibrada Priorização

Orçamento base-meta Redução do orçamento

Questões para fixar


22) CESPE – TRE-BA – Técnico Judiciário – 2017
O procedimento segundo o qual todas as unidades de uma mesma entidade planejam seu orçamento
anualmente como se cada ano fosse independente um do outro é denominado orçamento

A) de base zero.

B) diretriz.

C) plurianual.

D) padrão.

E) meta.

Comentários:

No orçamento base-zero, todo ano a elaboração do orçamento começa “do zero”. O planejamento independe
do orçamento do exercício anterior. É justamente o contrário do que acontece no orçamento incremental.

O examinador viajou nas outras alternativas! Esses orçamentos aí não existem!

Gabarito: A

23) FGV – IBGE – Analista – 2016


Desde as primeiras tentativas de se elaborar um orçamento no âmbito governamental até os dias atuais, vários
modelos de orçamento foram propostos, tendo em vista contribuir para uma melhor destinação dos recursos
públicos.

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O modelo de orçamento em que as ações de um programa governamental constituem unidades de decisão


cujas necessidades de recursos são avaliadas em pacotes de decisão é o orçamento:

A) base zero;

B) gerencial;

C) participativo;

D) por desempenho;

E) por programa

Comentários:

Falamos sobre isso!

O Orçamento Base-Zero (OBZ), como uma verdadeira técnica de elaboração do orçamento voltada para a
avaliação e tomada de decisão sobre despesas, organiza as ações de um programa governamental em
unidades de decisão cujas necessidades de recursos são avaliadas em pacotes de decisão. Essa é uma
característica, uma metodologia, do OBZ! Por isso, o gabarito é a alternativa A.

Vejamos as demais alternativas:

b) Errada. Orçamento gerencial não existe!

c) Errada. Orçamento participativo é uma técnica orçamentária que envolve a participação direta da
população.

d) Errada. O orçamento desempenho não faz isso, apesar de já apresentar duas dimensões do orçamento: o
objeto de gasto e um programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas.

e) Errada. Orçamento por programa era o orçamento de desempenho dos Estados Unidos. No Brasil, tem-se o
orçamento-programa, que é um plano de trabalho que integra planejamento e orçamento com objetivos e
metas a alcançar

Gabarito: A

Orçamento-programa
Agora sim! Chegamos no tão esperado orçamento-programa! Esse tema é bastante explorado em provas,
então preste atenção!

Histórico

O orçamento-programa é a técnica de elaboração do orçamento público atualmente adotada no Brasil. Para


nós aqui no Brasil, orçamento moderno é o orçamento-programa. Em outras palavras: no Brasil, a idealização
do orçamento moderno está representada no orçamento-programa.

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A concepção básica desse sistema foi extraída da experiência do governo federal norte-americano com a
implantação do orçamento de desempenho (performance budget), que começou ainda nos anos da Segunda
Guerra Mundial (1939 – 1945), quando os departamentos militares utilizaram os orçamentos por programas.
Esse sistema, então, foi recomendado e aperfeiçoado durante a década de 50.

Como você sabe, o orçamento de desempenho (performance budget) já continha programas, tanto que a
própria Organização das Nações Unidas (ONU) ofereceu um conceito muito próximo ao orçamento de
desempenho e o chamou de orçamento por programa. Muitas vezes o próprio orçamento de desempenho era
chamado de orçamento por programa.

Mais tarde, adicionou-se o planejamento, dando origem ao PPBS (Planning, Programming and Budgeting
System)! Percebeu a primeira palavra, né? Planning! Planejamento!

Pois bem...

O modelo que foi trazido para o Brasil equivale ao PPBS, mas aqui ele foi traduzido para o português como
orçamento-programa, sendo que, como acabamos de ver, ele equivale ao PPBS e, portanto, é diferente do
orçamento por programa (orçamento de desempenho) dos Estados Unidos. A literatura faz um pouco de
confusão nessa parte, mas aqui estou eu esclarecendo isso para você.

“Tá certo, professor. Então, deixa eu ver se eu entendi. Você está me dizendo que o nosso orçamento-programa
aqui no Brasil nasceu do orçamento de desempenho dos Estados Unidos, que também era chamado de orçamento
por programa?”

Sim!

“Mas o nosso orçamento-programa equivale ao PPBS?”

Correto!

Outro detalhe é só que, ao longo dos anos, o orçamento-programa foi evoluindo e incorporando novos
conceitos, de forma que hoje ele é meio que uma concepção híbrida. Se você lembrar bem, eu até falei que o
PPBS pode ser considerado o embrião do orçamento moderno.

Preste atenção!
O orçamento-programa no Brasil equivale ao PPBS nos EUA

No Brasil, como não poderia ser diferente, a história do orçamento-programa é um pouco complicada. É um
tema polêmico, na verdade! Vejamos!

Alguns autores entendem que foi a Lei 4.320/64 que introduziu o orçamento-programa no Brasil, isso porque
ela menciona “programas de trabalho” em diversos de seus artigos. Mas outros autores consideram que a
referida lei somente deu condições para a instituição do orçamento-programa no Brasil, mas não obrigou a
adoção do mesmo. Segundo o autor Teixeira Machado, mesmo referindo-se a “programas” em diversos de
seus dispositivos, a Lei 4.320/64 não deve ser entendida como a norma que “estabeleceu as bases para a
implantação do orçamento-programa nas três esferas do governo no Brasil”. James Giacomoni, renomado
autor (por isso as bancas elaboram muitas questões baseadas em suas obras e por isso eu as utilizo aqui no
curso ), defende que a Lei 4.320/64 “não criou as condições formais e metodológicas necessárias à

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implantação do Orçamento-programa no Brasil”. Esse é o entendimento que recomendo que você leve para a
prova!

Há autores que consideram que o Decreto-Lei 200/67 é que obrigou a adoção do orçamento-programa no
Brasil, afinal, veja só o que nele está previsto:

Art. 16. Em cada ano, será elaborado um orçamento-programa, que pormenorizará a etapa do
programa plurianual a ser realizada no exercício seguinte e que servirá de roteiro à execução coordenada
do programa anual.

No entanto, o Decreto-Lei 200/67 não conseguiu que esta técnica de orçamentação pública fosse consolidada.
O motivo é simples: era necessário que houvesse a integração entre o planejamento e o orçamento.

Em 1974 veio a Portaria 9/74, que introduziu a classificação funcional-programática e a estendeu todos os
níveis governamentais, padronizando funções, programas e subprogramas. Foi um passo importante para
alcançar essa tão sonhada ( ) integração entre planejamento e orçamento.

Em 1988, veio a Constituição Federal (CF/88), que deu grande importância ao tema orçamentário e trouxe
diversas inovações, a exemplo da instituição do Plano Plurianual (PPA) como principal instrumento de
planejamento governamental e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Juntos, PPA e LDO compõem o
sistema orçamentário e o ciclo ampliado da gestão orçamentária e financeira pública.

Preste atenção!

O PPA e LDO são inovações trazidas pela CF/88

Pronto, agora sim! Finalmente chegou aquela integração entre o planejamento e o orçamento que faltava!
Por isso, considera-se que a CF/88 implantou definitivamente o orçamento-programa no Brasil. Ela
consolidou a adoção do orçamento-programa ao vincular o processo orçamentário ao PPA e à LDO.

“Então agora foi, não é, professor?”

Nem tanto! Você sabe que o Brasil não é para amadores, não sabe?

Só com o Decreto 2.829/98 e com a Portaria 42/99, que introduziram a classificação funcional e a
classificação programática é que os esforços de implantação do orçamento-programa (na área federal)
tiveram início efetivamente. Com essas e demais normas emanadas do Decreto 2.829/98, foi elaborado o PPA
2000-2003, e, assim, o orçamento-programa (finalmente) tornou-se realidade. Mais de 30 anos de “luta”!

Então vem a pergunta: quando, exatamente, o orçamento-programa surgiu aqui no Brasil? Em 1967, com o
Decreto-Lei 200/67? Em 1988, com a CF/88? Ou só em 1999, com o Decreto 2.829/98 e com a Portaria 42/99?

Entendeu a polêmica agora?

Faça o seguinte: leve para a prova o que eu acabei de lhe ensinar. E, na hora da prova, use o bom senso, analise
a questão. É isso!

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1964
Lei 4.320/64: 1998 e
Não criou 1999
condições 1974 Decreto
formais e Portaria 9/74: 2.829 e
metodológicas introduziu a Portaria
para a classificação 42/99: o OP
implantação do funcional- tornou-se
OP programática realidade

1967 1988
Decreto-Lei CF/88: implantou
200/67: definitivamente o
obrigou a OP no Brasil ao
adoção do trazer a
OP integração entre o
planejamento e o
orçamento por do
PPA e LDO
(sistema
orçamentário)

Questões para fixar


24) CESPE – MPE-PI – Analista – 2018
Julgue o próximo item, relativo aos tipos de orçamentos públicos.

A Constituição Federal de 1988 consolidou a adoção do orçamento-programa ao vincular o processo


orçamentário ao plano plurianual e à Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Comentários:

Tema polêmico, não é mesmo? Mas se você levar para a prova o que eu lhe ensinei, você vai se dar bem!

Veja que o Cespe adotou, em 2018, exatamente o posicionamento que eu defendi durante a explicação: a CF/88
implantou definitivamente o orçamento-programa no Brasil, justamente por causa da implantação do PPA
e da LDO. Com eles, chegou aquela integração entre o planejamento e o orçamento que faltava!

Gabarito: Certo

Conceito

“Está certo, professor. Mas o que é esse orçamento-programa, que já chegou ‘causando’?”

Boa!

O orçamento-programa é um plano de trabalho que integra planejamento e orçamento com objetivos e


metas a alcançar. Ele consiste em um método de orçamentação por meio do qual as despesas públicas são
fixadas a partir da identificação das necessidades públicas sob a responsabilidade de um certo nível de governo
e da sua organização segundo níveis de prioridades e estruturas apropriadas de classificação da programação.

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Um documento da Organizações das Nações Unidas (ONU) de 1959 definia o orçamento-programa como “um
sistema em que se presta particular atenção às coisas que um governo realiza mais do que às coisas que
adquire. As coisas que um governo adquire (...) não são, naturalmente, senão meios que emprega para o
cumprimento de suas funções”.

Até aqui, nenhuma novidade, pois já vimos essa ênfase nas realizações no orçamento de desempenho. A
novidade do orçamento-programa está na sua organicidade: todos os componentes estão bem articulados,
isto é, comunicam-se um com o outro. Antigamente, não ficava clara, nos sistemas orçamentários, a relação
entre as coisas que o governo adquire e as coisas que o governo realiza.

Por exemplo: a pura e simples construção de uma escola não faz a educação do país melhorar. A escola é somente um
meio (uma coisa que o governo adquire) para cumprir a função de educar a população.

Quer dizer, construir uma escola não é garantia de que a educação irá melhorar. É bem possível que o governo construa
uma escola e utilize esse espaço como um curral! E aí, eu lhe pergunto qual é a relação entre construir uma escola e
oferecer educação para a população? Viu como essa relação não está clara?

Portanto, o orçamento-programa representou uma evolução do orçamento tradicional e de desempenho.

“Mas por que motivo, mesmo?”

Porque o orçamento-programa está intimamente ligado ao planejamento. Ele é, verdadeiramente, um


instrumento de planejamento da ação do governo. Aqui, sim, temos vinculação entre planejamento e
orçamento, um elo entre planejamento, orçamento e gestão (e era justamente isso que faltava às técnicas
orçamentárias anteriores).

“Ok, professor. Mas como acontece essa vinculação entre planejamento e orçamento?”

Por meio de programas! Daí o nome: orçamento-programa!

Preste atenção!

O orçamento-programa consiste na interligação entre o planejamento e o orçamento por meio de


programas de governo.

“Mas o que são esses programas, professor?”

Programas são os elos de união entre o planejamento e o orçamento. De acordo com o MCASP 8ª edição:
programa é o instrumento de organização da atuação governamental que articula um conjunto de ações
que concorrem para a concretização de um objetivo comum preestabelecido, visando à solução de um
problema ou ao atendimento de determinada necessidade. E tem mais: eles são mensurados por indicadores
estabelecidos no Plano Plurianual (PPA).

Por isso dizemos que, no orçamento-programa, o orçamento expressa, financeira e fisicamente, os programas
de trabalho do governo, possibilitando a integração do planejamento com o orçamento.

Resumindo...

Programa é o instrumento de organização da ação governamental visando à concretização dos


objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores.

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Planejamento

Programas:
ações, produtos,
objetivos, metas,
indicadores.

Orçamento

Vale ressaltar também que o plano termina no programa e o orçamento começa no programa, quer dizer,
um começa exatamente onde o outro terminou. Isso confere a esses instrumentos uma integração desde a
origem e nos permite concluir que há, de fato, uma integração efetiva entre planejamento e orçamento (cujos
elementos de ligação são os programas, lembre-se disso! )

Plano

Programa

Orçamento

Estrutura

No tocante à estrutura do orçamento-programa, cumpre dizer que o orçamento está todo organizado em
programas, que representam o nível máximo de classificação do trabalho a ser executado pelas unidades
administrativas superiores.

Os programas se dividem em:

• Programas finalísticos: conjunto de ações orçamentárias e não orçamentárias, suficientes para


enfrentar problema da sociedade, conforme objetivo e meta;

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• Programas de gestão: conjunto de ações orçamentárias e não orçamentárias, que não são
passíveis de associação aos programas finalísticos, relacionadas à gestão da atuação
governamental ou à manutenção da capacidade produtiva das empresas estatais.

Finalísticos enfrentar problema da sociedade

Programas
gestão da atuação governamental e
de gestão manutenção da capacidade produtiva das
empresas estatais

A partir dos programas são relacionadas as ações. As ações são operações das quais resultam produtos (bens
ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de um programa (o objetivo faz parte da programação
qualitativa e busca responder à pergunta: “o que se pretende alcançar com a implementação da Política
Pública?”). As ações podem ser desmembradas em:

• Projetos: operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a
expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo;
• Atividades: operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um
produto necessário à manutenção da ação de governo;
• Operações especiais: não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não
resulta um produto, e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.

Naturalmente, para se obter um produto, são necessários insumos. E cada um desses produtos é quantificado
por uma unidade de medida (por exemplo: quilômetros, unidade, percentual de execução, etc.), dando origem
a uma meta (a meta é quantificada, faz parte da programação quantitativa e busca responder à pergunta:
“quanto se pretende entregar no exercício?” ).

De acordo com o professor James Giacomoni, são elementos essenciais do orçamento-programa:

• Os objetivos e propósitos perseguidos;


• Os programas;
• Os custos dos programas, mensurados pela identificação dos meios e insumos necessários para
a obtenção de resultados;
• As medidas de desempenho (indicadores), a fim de medir as realizações e os esforços
despendidos na execução dos programas.

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Programa

Objetivos
Metas
Custo
Indicadores

Ação 1: projeto Ação 2: atividade Ação 3: op. especial

O que eu quero é que você perceba que o orçamento-programa não vai simplesmente nos dizer quem é a
unidade administrativa responsável e qual é o objeto do gasto, como é feito no orçamento tradicional. O
orçamento-programa vai nos dizer em qual área o gasto será realizado. Essa é a classificação funcional.
Também vai nos dizer em qual programa ele está, quais são os objetivos, as metas, e os indicadores. Essa é a
classificação programática. Lembrando que a classificação funcional e a classificação programática foram
introduzidas pelo Decreto 2.829/98 e Portaria 42/99, do Ministério Planejamento, Orçamento e Gestão, e
substituíram a classificação funcional-programática, que havia sido introduzida pela Portaria 9/74, do então
Ministério do Planejamento e Coordenação Geral.

Com efeito, a estrutura do orçamento-programa está voltada para os aspectos administrativos e de


planejamento (e não nos aspectos contábeis, como acontecia no orçamento tradicional), e o principal critério
de classificação é o funcional-programático, isto é, utiliza-se a classificação funcional (em que áreas de
despesa a ação governamental será realizada?) e a classificação programática (qual o tema da Política
Pública?).

Vou lhe dar um exemplo:

Imagine um programa na área de educação. O nome do programa é “Brasil mais educado”. Dentro desse programa nós
temos a ação “Ensino fundamental”. O produto final é mensurado em “alunos matriculados”. O objetivo é melhorar o
ensino fundamental em todo o país. A meta, que sempre deve ser quantificada, é aumentar em 10% o número de alunos
matriculados. E o indicador é “alunos matriculados por crianças naquela faixa etária”. Essa é a estrutura do orçamento-
programa.

“Mas que complicação, professor! Pra que tudo isso? Pra que organizar as ações do governo em programas?”

Justamente para facilitar o alcance dos objetivos! Para proporcionar maior racionalidade e eficiência na
Administração Pública, visibilidade dos resultados e benefícios, e transparência pública. Afinal, a ênfase do
orçamento-programa é nas realizações (e não no que se compra).

Preste atenção!

No orçamento-programa, a ênfase é no que se realiza e não no que se compra

As decisões orçamentárias são todas tomadas com base em avaliações e análises técnicas das alternativas
possíveis, e não com base nas necessidades das unidades organizacionais (como acontecia no orçamento
tradicional).

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Além disso, os resultados são avaliados pela sua eficácia, eficiência e efetividade e todo gasto público no
orçamento-programa deve estar vinculado a uma finalidade. Enquanto no orçamento tradicional, que é um
mero instrumento contábil, o controle era só para verificar a legalidade e a honestidade do gestor público, no
orçamento-programa o controle visa a eficácia, eficiência e efetividade.

Por exemplo: o controle de legalidade e honestidade era só para conferir se o gestor comprou as 10.000 vacinas que
estavam previstas no orçamento. Se ele comprou por um preço exorbitante e as deixou apodrecer no estoque, não
interessa. O que interessa é que ele as comprou e cumpriu todos os requisitos formais. Esse era o controle no orçamento
tradicional.

Já o controle que visa a eficácia, eficiência e efetividade que saber se as vacinas foram aplicadas, se os objetivos foram
cumpridos (eficácia), se foram despendidos o mínimo de esforços para o máximo de resultados (eficiência) e se houve
impactos na realidade (efetividade). Bem diferente do orçamento tradicional, não é?

Ademais, o orçamento-programa é um instrumento de racionalização da gestão financeira pública, que busca


conciliar as necessidades de realizações com os escassos recursos existentes. É por isso que o seu sistema de
mensuração associa mensuração física (realizações) e mensuração financeira (custo dos recursos).

Limitações e críticas

Ok! O orçamento-programa é muito lindo! Mas será que tudo são flores? Você já sabe que não!

A riqueza conceitual do orçamento-programa era, ao mesmo tempo, sua grande força e uma forte limitação,
“pois implicava vencer, além da natural resistência às mudanças, típica da administração pública, as
concepções e os princípios de uma área cheia de tradições” (GIACOMONI, James. Orçamento Público, 16ª
edição, editora Atlas, 2012).

Você acha que é fácil implementar o orçamento-programa? Imagine aquele técnico de orçamento que simplesmente
incrementava o orçamento de um exercício para o outro agora tendo que aprender o que é programa, ação, medidores de
desempenho...

Por isso, uma grande limitação que o orçamento-programa encontrou foi a necessidade de que os novos
conceitos sejam conhecidos por todos os órgãos executores de atividades e programas, por todas as
autoridades e por todos os técnicos que elaboram e avaliam o orçamento.

Outras dificuldades foram a definição de produtos finais e o fato de certas atividades relevantes do Estado
serem intangíveis (e seus resultados não se prestarem a medições).

Por exemplo: qual é o produto final e como medir a atividade de policiamento ostensivo (os policiais que ficam nas ruas)?
O produto final é “o número de cidadãos que não foram assaltados”? Tentativas de crimes evitadas? Sensação de
segurança? E como vamos medir isso?

Vamos resumir as informações mais importantes sobre o orçamento-programa em um único esquema?

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integração entre
planejamento e orçamento

objetivos, metas e
indicadores

classificações funcional e
Orçamento-programa
programática

ênfase nos aspectos


administrativos e de
planejamento

controle de eficácia,
eficiência e efetividade

Comparativo com o orçamento tradicional

Muitas questões exploram as diferenças entre o orçamento-programa e o orçamento tradicional. São aqueles
dois extremos que eu comentei: o orçamento tradicional e o orçamento moderno. O melhor jeito de lhe mostrar
isso é por meio de uma tabela. Vamos lá fazer esse comparativo:

Orçamento tradicional Orçamento-programa

Desvinculação entre planejamento e orçamento Integração entre planejamento e orçamento

Meios (o que se compra) Objetivos e metas (resultados)

Classificação por unidades administrativas Classificações funcional e programática

Controle de legalidade e honestidade do gestor Controle da eficácia, eficiência e efetividade


público

Não há medição do trabalho e sistemas de Indicadores, medição do trabalho e avaliação de


acompanhamento dos resultados resultados

Estrutura dá ênfase aos aspectos contábeis (“mero Estrutura dá ênfase aos aspectos administrativos e
instrumento contábil”) de planejamento

São consideradas as necessidades financeiras das São considerados todos os custos dos programas,
unidades organizacionais inclusive os que extrapolam o exercício

Decisões tomadas com base nas necessidades das Decisões tomadas com base em avaliações e
unidades organizacionais análises técnicas das alternativas possíveis

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Questões para fixar


25) CESPE – TRT-8ª –Técnico judiciário – 2016
Assinale a opção correta que apresenta o tipo de orçamento moderno, que enfatiza a vinculação entre
planejamento e orçamento e o estabelecimento de metas e objetivos.

A) orçamento participativo

B) orçamento de desempenho ou por realização

C) orçamento tradicional

D) orçamento de base zero

E) orçamento-programa

Comentários:

Qual é a característica mais marcante do orçamento-programa? Que faltava às técnicas orçamentárias


anteriores?

É a vinculação entre planejamento e orçamento!

O orçamento-programa é, verdadeiramente, um instrumento de planejamento da ação do governo. Aqui,


sim, temos um elo entre planejamento, orçamento e gestão.

Além disso, o orçamento-programa envolve o estabelecimento de metas e objetivos e, no Brasil, é a


idealização do orçamento moderno.

Gabarito: E

26) CESPE – FUB –Assistente em administração – 2016


Julgue o item a seguir, relativo ao orçamento público e à administração financeira dos entes estatais.

O orçamento-programa detalha as despesas e as atividades programáticas de um ente estatal, incluindo


minimamente os objetivos e propósitos da instituição em questão, os programas necessários para o
atingimento desses objetivos, os custos programáticos e as medidas de desempenho.

Comentários:

Mas que belo resumo de tudo que a gente viu, não é? A questão está toda certa!

O orçamento-programa conterá os programas, os objetivos e propósitos, o custo dos programas e as


medidas de desempenho (indicadores). Por sinal, esses são os elementos essenciais do orçamento-
programa, de acordo com o professor James Giacomoni.

Gabarito: Certo

27) FCC – TCE-RS – Auditor Público Externo – 2014


É uma característica do Orçamento Programa:

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A) principal critério de classificação é o funcional-programático.

B) ênfase no alcance das metas.

C) ênfase no objeto de gasto.

D) ênfase no desempenho organizacional.

E) principal critério de classificação é o institucional.

Comentários:

Questão bem direta! Vejamos as alternativas:

a) Correta. Sim! O orçamento-programa utiliza-se a classificação funcional e a classificação programática.

b) Errada. Essa é a ênfase do orçamento de desempenho, apesar de o orçamento-programa conter mesmo


objetivos e metas.

c) Errada. Essa é a ênfase do orçamento tradicional.

d) Errada. Essa é a ênfase do orçamento de desempenho.

e) Errada. O principal critério de classificação não é o institucional (quem é o responsável por fazer?). As
classificações utilizadas no orçamento-programa são a classificação funcional (em que áreas de despesa a ação
governamental será realizada?) e classificação programática (qual o tema da Política Pública?).

Gabarito: A

28) CESPE – TCE-RO –Analista – 2013


Acerca do orçamento público, julgue os itens subsequentes.

O orçamento-programa é aquele que tem entre seus elementos essenciais os programas de governo
consubstanciados em instrumentos de integração dos esforços governamentais no sentido da concretização
dos objetivos.

Comentários:

Sim! Lembre-se que um dos elementos essenciais do orçamento-programa são os próprios programas, e estes
são, de fato, instrumentos de integração dos esforços governamentais no sentido da concretização dos
objetivos.

Gabarito: Certo

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Orçamento por Resultados


O orçamento por resultados surgiu no início da década de 90, também nos EUA, com as seguintes
nomenclaturas: budgeting for results, budgeting for outcomes ou results based budgeting.

Segundo Giacomoni, a ideia central aqui é a seguinte: “ao sustentarem a administração pública por meio dos
impostos, os cidadãos devem sentar no banco da direção e explicitar quais os resultados que eles querem
em contrapartida aos recursos repassados ao setor público. Nesse sentido, os orçamentos devem basear-se
em resultados e administração pública deve ser controlada e responsabilizada por eles”. O ponto de partida
é avaliar o preço do governo: quanto os cidadãos estão dispostos a gastar pelos serviços públicos?

Veja que aqui nós elevamos o nível, subimos a barra: no orçamento-programa, preocupamo-nos com produtos,
por exemplo, uma estrada construída. Aqui no orçamento por resultados, a preocupação é com os resultados
(outcomes).

Por exemplo, a estrada pode estar construída, mas ela trouxe resultados de verdade? Facilitou o escoamento de produtos,
diminuiu o número de acidentes, integrou diversos municípios? Ou essa estrada liga nada a lugar nenhum e foi só um
desperdício de recursos públicos?

Portanto, o foco é comprar resultados que são importantes para os cidadãos em relação às ofertas de
concorrentes.

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Orçamento participativo
Para começo de história, o orçamento participativo não é bem uma espécie de orçamento público. Ele é uma
“técnica orçamentária em que a alocação de alguns recursos contidos no Orçamento Público é decidida com
a participação direta da população, ou através de grupos organizados da sociedade civil, como a associação
de moradores”6.

A ideia é bem simples: em vez de termos discussões somente nos Poderes Executivo e Legislativo, temos
também a participação direta da população na elaboração e discussão do orçamento. É por isso que o nome é
orçamento participativo!

É no orçamento participativo que nós temos as famosas audiências públicas, nas quais a população (ou
determinados grupos) decide onde e como os recursos públicos devem ser investidos. As audiências públicas,
inclusive, são incentivadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. Vejamos:

Art. 48, § 1º A transparência será assegurada também mediante:

I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de


elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos;

A população participa diretamente da elaboração e discussão do orçamento público, definindo as prioridades


de investimento do governo. Afinal, quem melhor para saber das necessidades da sociedade do que a própria
sociedade?

Essa técnica orçamentária estimula o exercício da cidadania, o compromisso da população com o bem
público, e gera corresponsabilização entre governo e sociedade sobre a gestão dos recursos públicos. É o
fortalecimento da democracia!

“Ok, professor! Muito legal! A população participando do processo de elaboração do orçamento. Mas e aí? Quer
dizer que o poder agora está de fato nas mãos do povo?”

Bom, de acordo com nossa Constituição: “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente”. Então teoricamente o poder já está nas mãos do povo.

Mas vejamos o seguinte exemplo:

Numa audiência pública foi decidido que seria construído um novo hospital na cidade, em vez de uma ponte que o prefeito
havia prometido construir.

6
PALUDO, Augustinho. Orçamento público: Administração Financeira e Orçamentária e LRF, 5ª ed., 2015.

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Ótimo. Só que a proposta enviada à Câmara Municipal continha a previsão orçamentária para a construção da ponte, e
não do hospital.

E agora? Pode isso? Adivinha... pode sim!

Então, veja que, apesar de ser uma ideia interessante, o orçamento participativo é meramente consultivo! Em
outras palavras: ele não é vinculante! A população pode decidir por “A” e o Poder Executivo decidir por “B” na
sua proposta orçamentária: legalmente, não há nada de errado nisso.

No orçamento participativo, não há perda de participação e muito menos perda de legitimidade do Poder
Legislativo. O que acontece é, simplesmente, um aperfeiçoamento de uma etapa que se desenvolveria apenas
no Poder Executivo. A população, portanto, é vista como parceira do Poder Executivo no processo
orçamentário. Agora é o seguinte: o Poder Executivo não é obrigado a seguir as sugestões da população, mas
ele tem que ouvi-las! Ele deve ouvi-las!

A ressalva é que o povo é quem elege seus representantes. Caso eles não estejam escutando a população e não
façam um bom trabalho, o “ideal” seria não os reeleger.

Preste atenção!

O orçamento participativo é meramente consultivo.

O Poder Executivo deve ouvir as sugestões da população, mas não é obrigado a segui-las!

Vale ressaltar que no orçamento participativo considera-se que há uma perda da flexibilidade.

“Como assim ‘perda de flexibilidade’, professor?”

É o seguinte: quando a decisão está nas mãos de poucos, é muito mais fácil realizar uma mudança de direção.
Há muito mais flexibilidade! Mas quando a decisão é responsabilidade de muitos, essa mudança fica muito mais
difícil e trabalhosa.

Por exemplo: você e sua família decidiram, ainda na quinta-feira, que iriam jantar pizza no sábado à noite. No entanto,
quando chegou sábado à noite, você não queria mais comer pizza. Queria sushi.

Se fosse só você decidindo, não haveria problema. Você pediria o sushi e estaria tudo resolvido.

Mas como o jantar é em família, você precisa combinar essa mudança com seus familiares. Acontece que todos ainda
querem a pizza. Vai dar trabalho convencê-los a comer sushi, não é?

O orçamento participativo é assim: são realizados vários debates, audiência e consultas públicas para se chegar
a uma conclusão. Mas há a parte boa disso: a legitimidade das decisões comunitárias e a maior fidelidade à
programação de investimentos (uma garantia maior que aquela programação de investimentos não será
alterada).

É interessante destacar também que o orçamento participativo não se opõe ao orçamento-programa! Na


verdade, ele busca romper com a visão política tradicional (na qual só os representantes eleitos participam
dos processos orçamentários) e colocar o cidadão como protagonista ativo da gestão pública. O orçamento
participativo pode até funcionar juntamente com o orçamento-programa.

“E por que não se ouve muito falar nesse orçamento participativo?”

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É porque ele ainda está “em ascensão”. Só existe em alguns municípios. Começou em Porto Alegre, em
1989, num contexto de mudanças constitucionais aliadas à vontade popular e política. Muitas outras
prefeituras também adotaram a participação popular, baseando-se no modelo adotado pela capital do estado
do Rio Grande do Sul.

Por isso, é importante frisar: o governo federal não utiliza a técnica de orçamento participativo!

Preste atenção!

O governo federal não utiliza a técnica de orçamento participativo!

Agora muito cuidado! A lei 10.257/01, que regulamenta os artigos 182 e 183 da CF/88 e estabelece diretrizes
gerais da política urbana, está caindo em prova! Vejamos os artigos dessa lei que nos interessam e depois eu
os comentarei:

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os
seguintes instrumentos:

I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal;

II – debates, audiências e consultas públicas;

III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal;

IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

V – (VETADO)

Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f do inciso III do
art. 4º desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas
do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição
obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.

Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão
obrigatória e significativa participação da população e de associações representativas dos vários
segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno
exercício da cidadania.

Os dispositivos versam sobre a gestão democrática da cidade e a gestão orçamentária participativa.

Você lembra que, no orçamento participativo, o Poder Executivo deve ouvir a população? Pois é. A realização
de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas de PPA, LDO e LOA é condição obrigatória
para sua aprovação pela Câmara Municipal. Quer dizer: se não fizer audiência pública, a proposta de
orçamento não poderá ser aprovada! No âmbito dos municípios, o orçamento participativo é de
observância obrigatória! Guarde com carinho esse artigo 44!

Preste atenção!

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A realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas de PPA, LDO e LOA é
condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.

No âmbito dos municípios, o orçamento participativo é de observância obrigatória.

A própria CF/88 já preceitua que os municípios reger-se-ão por lei orgânica, que atenderá o preceito da
cooperação das associações representativas no planejamento municipal (art. 29, XII).

Por último, veja a importância dada à participação da população, ao controle direto e ao exercício da cidadania,
expressos no artigo 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas deverão
incluir a participação da população. E não vale incluir só uns “gatos pingados” (isto é, pouquíssimos cidadãos
ou associação que não possuem representatividade). Essa participação é obrigatória e deve ser significativa!

Questões para fixar


29) CESPE – TCE-PB –Auditor de Contas Públicas – 2018
Um instrumento de gestão pública no qual a população é convidada a definir anualmente as prioridades de
investimento do governo em seu município é

A) a conferência municipal.

B) a parceria entre sociedade e Estado.

C) o orçamento participativo.

D) a ouvidoria municipal.

E) o fundo municipal.

Comentários:

Essa questão foi do meu concurso! Eu fiz essa prova!

Enfim, o instrumento de gestão pública no qual a população é convidada a definir anualmente as prioridades
de investimento do governo em seu município é o orçamento participativo, que acabamos de estudar.

No orçamento participativo, a população participa diretamente da elaboração e discussão do orçamento


público, definindo as prioridades de investimento do governo. Quem melhor para saber das necessidades da
sociedade do que a própria sociedade?

Vale lembrar, no entanto, que o orçamento participativo é meramente consultivo! A sociedade exprime sua
opinião e suas prioridades, mas os Poderes Executivo e Legislativo não são obrigados a segui-las. Ressalva-se,
porém, que o povo é quem elege seus representantes. Caso eles não façam um bom trabalho, o “ideal” seria
não os reeleger.

Para finalizar, eu acertei a questão na prova, viu?

Gabarito: C

30) CESPE – TCE-PE –Analista de Controle Externo – 2017

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Acerca dos processos participativos de gestão, julgue o item a seguir.

Embora debates, audiências e consultas públicas acerca de propostas de planos plurianuais, de lei de diretrizes
orçamentárias e do orçamento anual devam ser incluídos em uma gestão orçamentária participativa, sua
realização não representa condição obrigatória para a aprovação desses dispositivos na câmara municipal.

Comentários:

Nada disso! Na verdade, segundo o artigo 44 da lei 10.257/01, a realização de debates, audiências e consultas
públicas sobre as propostas de PPA, LDO e LOA é condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara
Municipal.

Estou alertando! Guarde esse dispositivo com carinho!

Gabarito: Errado

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Tipos de orçamento
Alguns autores chamam de tipos, outros chamam de espécies. Nessa aula, adotamos a nomenclatura “espécies”
para o que você acabou de ver (orçamento tradicional, de desempenho, orçamento-programa e orçamento por
resultados) e a nomenclatura “tipos” para isto que veremos agora.

São 3 (três) os tipos de orçamento:

• Orçamento legislativo;
• Orçamento executivo;
• Orçamento misto.

Orçamento Legislativo
Nesse tipo de orçamento, o Poder Legislativo faz quase tudo! Ele só não faz a execução, que fica a cargo do
Poder Executivo. Esse tipo de orçamento é normalmente adotado em países parlamentaristas e ele já foi
adotado no Brasil na Constituição Federal de 1891 (por sinal, essa Constituição instituiu um Tribunal de Contas
).

•Legislativo •Legislativo

Controle Elaboração

Discussão e
Execução
votação

•Executivo •Legislativo

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Orçamento Executivo
Nesse tipo de orçamento, o Poder Executivo ficou guloso! Ele faz tudo!

“Poxa, professor! E o Legislativo não faz nada?”

É isso mesmo! O Poder Legislativo não faz nada! É o Poder Executivo que elabora, vota, executa e é ele
mesmo que controla e avalia tudo.

Esquisito um Poder controlar ele mesmo, não é? Dá a impressão de que esse Poder não tem limites e pode fazer
o que quiser...

É...

Não é à toa que esse tipo de orçamento é adotado em regimes autoritários. E nós já passamos por isso aqui no
Brasil, viu?! A Constituição Federal de 1937, por exemplo, era assim!

•Executivo •Executivo

Controle Elaboração

Discussão e
Execução
votação

•Executivo •Executivo

Questões para fixar


31) Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2020
Considerando que, no modelo executivo, o Poder Executivo elabora, vota, executa e controla o orçamento
público, é correto afirmar que, no modelo legislativo, o Poder Legislativo é quem vai assumir todas essas
atribuições.

Comentários:

Olha a pegadinha aí, gente!

No modelo executivo (no orçamento do tipo executivo), é o Poder Executivo realmente o Poder Executivo que
elabora, vota, executa e é ele mesmo que controla e avalia tudo. Mas, no modelo legislativo (no orçamento do

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tipo legislativo), o Poder Legislativo não faz tudo! Ele faz quase tudo! Ele só não faz a execução, que fica a
cargo do Poder Executivo.

Gabarito: Errado

Orçamento Misto
Só pelo nome você já imagina, não é?

O orçamento misto vai fazer uma mistura entre os dois tipos de orçamento que vimos anteriormente.

Esse é o tipo de orçamento adotado atualmente no Brasil (na CF/88), portanto frise-se: nosso país já vivenciou
todos os três tipos de orçamento!

Aqui o orçamento será elaborado pelo Poder Executivo e levado à discussão e votação pelo Poder
Legislativo. Depois que o povo (por meio de seus representantes) aprovar o plano (fazendo as mudanças que
entenda oportunas e necessárias), o Poder Executivo procede para a execução do mesmo, prestando contas,
posteriormente, justamente para quem lhe deu poderes para executá-lo: o povo (o Poder Legislativo).

•Legislativo •Executivo

Controle Elaboração

Discussão e
Execução
votação

•Executivo •Legislativo

Visto de outra forma:

Orçamento tipo... Elaboração Votação e aprovação Execução Controle

Legislativo Legislativo Legislativo Executivo Legislativo

Executivo Executivo Executivo Executivo Executivo

Misto Executivo Legislativo Executivo Legislativo

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Questões para fixar


32) CESPE – Auditor Federal de Controle Externo – 2015
Com referência aos aspectos doutrinários e históricos da administração financeira e orçamentária, julgue o item
a seguir.

Considerando a evolução conceitual da terminologia usada em referência ao orçamento, o Brasil utilizou o


orçamento legislativo, o executivo e o misto ao longo de sua história.

Comentários:

Como eu disse: o Brasil já vivenciou os três tipos de orçamento! Veja só:

Orçamento Legislativo: CF 1891;

Orçamento Executivo: CF 1937;

Orçamento Misto: CF 1988.

Gabarito: Certo

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Orçamento autorizativo vs. Orçamento impositivo


Para compreender melhor a dinâmica do orçamento público brasileiro, você tem que entender a diferença
entre orçamento autorizativo e orçamento impositivo.

No orçamento autorizativo, a Administração Pública está autorizada, e não obrigada, a realizar aquilo que
está no orçamento. O orçamento público simplesmente autoriza a Administração Pública a executar as
despesas ali fixadas.

Então o que acontece é que o Poder Legislativo, onde estão os representantes do povo (verdadeiro dono dos
recursos públicos), dá o aval para que, no decorrer do exercício financeiro, o gestor público verifique a real
necessidade e utilidade de realização da despesa.

Isso significa que não há garantia de que aquilo que está no orçamento será executado, isto é, não
necessariamente aquilo que está escrito no orçamento se tornará realidade.

Por exemplo: o orçamento autoriza a aquisição de 10 veículos, mas a Administração Pública não precisa comprar os 10.
Ela pode comprar 0, 1, 2, 3, até mesmo os 10 veículos. Ela está autorizada a comprar até 10 veículos. Pode comprar todos
ou nenhum!

Quer outro exemplo?

O orçamento público pode prever a construção de um hospital que a população tanto precisa, mas se esse hospital não
tiver sido construído ao término do exercício, não prosperará uma ação na justiça contra a Administração Pública,
acusando-a de crime ou ilegalidade. Ela somente está autorizada, e não obrigada, a construir o hospital.

Ok. E por que eu enfatizei tanto que a Administração Pública não está obrigada?

Porque é justamente o contrário disso que acontece no orçamento impositivo. No orçamento impositivo, a
Administração está obrigada a realizar o que está no orçamento. O orçamento deve ser executado
integralmente pelo Executivo, salvo nos casos de impedimentos de ordem técnica. É como se o orçamento
impositivo fizesse uma imposição ao gestor público: “gestor, você tem que fazer exatamente aquilo que está
no orçamento!”

Portanto, aqui o gestor público não realiza análise de necessidade e utilidade de realização da despesa, não há
discricionariedade para o gestor público. Ele é obrigado a executar aquilo que está no orçamento.

Por exemplo: se o orçamento prever a aquisição de 10 veículos, a Administração Pública precisa comprar os 10! Se o
orçamento prever a construção de um novo hospital, a Administração Pública é obrigada a fazê-lo!

“Entendi. E o orçamento público brasileiro é o que, professor? Autorizativo ou impositivo?”

Bom, eu diria que os dois!

“Poxa, professor. Como assim?”

É o seguinte...

O orçamento público brasileiro é autorizativo, mas possui traços de orçamento impositivo. Uma pequena
parte do nosso orçamento público (eu diria que cerca de 2%) tem caráter impositivo, o restante (98%) tem

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caráter autorizativo. É como se fosse a Vampira, do X-Men: cabelo todo preto, mas com uma só mecha branca
(sim, sou meio nerd! Adoro essas coisas!)

Vampira ajudando os alunos a lembrar que o orçamento público brasileiro é autorizativo, mas possui traços de
orçamento impositivo.

Mas atenção: você não pode dizer que o orçamento público brasileiro possui caráter impositivo, porque ele é
considerado autorizativo! Embora uma pequena parcela seja impositiva, o orçamento público brasileiro é
considerado autorizativo!

Preste atenção!

Embora contenha alguns traços de orçamento impositivo, o orçamento público brasileiro é


considerado autorizativo!

E nossos traços de orçamento impositivo foram inseridos na Constituição Federal pelas Emendas
Constitucionais (EC) 86/15, 100/19, 102/19 e 105/19.

Veremos mais sobre orçamento impositivo e essas emendas em momento oportuno.

Questão para fixar


33) CESPE – TJ-RR – Administrador – 2012
O orçamento público fixado na Lei Orçamentária Anual não determina os gastos de modo impositivo ou
obrigatório.

Comentários:

No ano em que essa questão apareceu em prova, 2012, essa questão estava indubitavelmente correta. Hoje,
após a Emenda Constitucional 86/2015 ter introduzido as emendas individuais impositivas, ela está errada!

O orçamento público brasileiro é considerado autorizativo, mas possui alguns traços de orçamento impositivo,
de forma que a Lei Orçamentária Anual (LOA) determina sim alguns gastos de modo impositivo ou
obrigatório.

Gabarito à época: Certo

Gabarito hoje: Errado

34) Quadrix – CREA-GO – Analista – 2019

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O orçamento público brasileiro possui caráter impositivo, ou seja, se uma despesa constar da lei orçamentária
anual, o Estado será obrigado a executá‐la.

Comentários:

Embora contenha alguns traços de orçamento impositivo, o orçamento público brasileiro é considerado
autorizativo!

Nossos traços de orçamento impositivo foram inseridos na Constituição Federal pelas Emendas Constitucionais
(EC) 86/2015, 100/19, 102/19 e 105/19. Mas isso não é suficiente para dizer que nosso orçamento é impositivo.
Nosso orçamento é autorizativo!

Isso significa que a Administração Pública está autorizada, e não obrigada, a realizar aquilo que está no
orçamento. O orçamento público simplesmente autoriza a Administração Pública a executar as despesas ali
fixadas.

Portanto, ao contrário do que afirma a questão, o orçamento público brasileiro não possui caráter impositivo.

Gabarito: Certo

35) IBADE – IPM-JP – Técnico previdenciário – 2018


Uma das características do Orçamento materializa-se no fato de conter o aval do legislativo para que, no
decorrer do exercício financeiro, o gestor público verifique a real necessidade e utilidade de realização da
despesa. Essa característica específica é denominada Orçamento:

A) impositivo.

B) obrigatório.

C) autorizativo.

D) fiscal.

E) versátil.

Comentários:

É no orçamento autorizativo que o Poder Legislativo dá o aval para que o gestor público verifique a real
necessidade e utilidade de realização da despesa. Aqui a Administração Pública está autorizada, e não
obrigada, a realizar aquilo que está no orçamento.

No orçamento impositivo seria o contrário: o gestor público estaria obrigado a realizar aquilo que está no
orçamento. Ao gestor público não caberia análise de necessidade e utilidade de realização da despesa. Ele
simplesmente teria que executar aquilo que está no orçamento.

Gabarito: C

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Orçamento no Brasil

História – constituições pretéritas


Vamos fazer um breve histórico do orçamento público no Brasil, analisando o tema orçamentário em nossas
constituições pretéritas:

1824: nessa época, o Brasil ainda era um império! Mas a Constituição Imperial de 1824 fazia menção ao
orçamento. Ela instituiu a obrigatoriedade do orçamento formal por parte das instituições do período imperial.
Nela, a competência da elaboração da proposta era do Executivo e a competência da aprovação era do
Legislativo.

1891: agora já somos uma república (proclamação da república foi em 15/11/1889) e esta foi a nossa primeira
Constituição Republicana. Ela trouxe mudanças: a elaboração da proposta tornou-se competência privativa
do Congresso Nacional. Portanto, aqui temos um orçamento legislativo. E uma curiosidade: essa
Constituição também instituiu um Tribunal de Contas.

1934: governo de Getúlio Vargas (que chegou ao poder depois da Revolução de 1930). A Constituição de 1934
conferiu destaque ao orçamento público. E também fez modificações: a elaboração da proposta orçamentária
volta a ser competência do Executivo e a sua aprovação é competência do Legislativo. Isto é: orçamento
misto. Além de votar o orçamento, o Legislativo também julgava as contas do Presidente da República,
contando para tal com o auxílio do Tribunal de Contas (olha aí o modelo atual surgindo... ).

1937: a Constituição de 1937 (também conhecida como Polaca) foi outorgada e marca o início do período
conhecido como Estado Novo (1937 – 1946), caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo,
anticomunismo e por seu autoritarismo. É interessante saber disso, porque (veja a esperteza...) a norma previa
que a elaboração da proposta era competência do Executivo e a competência da aprovação era da Câmara
dos Deputados e do Conselho Federal (composto por membros nomeados pelo Presidente da República). Só
que essas duas câmaras legislativas nunca foram instaladas e o orçamento sempre foi elaborado e decretado
pelo próprio presidente. Esse é o nosso exemplo de orçamento executivo.

1946: redemocratização. Voltamos ao orçamento misto. Agora o Poder Legislativo pode fazer emendas à
proposta orçamentária. Os dispositivos constitucionais consagraram princípios orçamentários básicos
(unidade, universalidade, exclusividade...) e definiram o papel do Tribunal de Contas de forma mais clara.

1967: Regime Militar (1964 – 1985), de caráter autoritário e nacionalista. O tipo de orçamento continuava
misto, isto é, o Executivo elabora a proposta e o Legislativo vota e aprova. No entanto, o Legislativo não
podia fazer emendas relevantes, e isso o enfraqueceu muito (viu a esperteza de novo? ). O Legislativo não
podia propor emendas que causassem aumento de despesas ou visassem modificar o seu montante, natureza
ou objetivo. Se não pode mudar isso, o que é que o Legislativo pode mudar? Praticamente nada!

1988: democracia! O tema orçamentário ganhou destaque na Constituição Federal de 1988. As novidades aqui,
no âmbito orçamentário, são: a) devolução ao Poder Legislativo da prerrogativa de propor emendas; b)
explicitação do sentido da universalidade (quais receitas e despesas devem integrar o orçamento público?); c)
instituição do Plano Plurianual (PPA) e Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

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Para finalizar, uma tabela resumindo tudo isso7:

Constituição Elaboração Aprovação Característica


de...

1824 Executivo Legislativo Império

1891 Legislativo Legislativo Orçamento legislativo

1934 Executivo Legislativo Orçamento misto

1937 Executivo Legislativo (mas na prática era o Orçamento executivo


Executivo)

1946 Executivo Legislativo Legislativo pode fazer emendas

1967 Executivo Legislativo Legislativo praticamente não pode


fazer emendas

1988 Executivo Legislativo Emendas, universalidade, PPA e LDO

Natureza jurídica do orçamento brasileiro


Qual é a natureza jurídica do orçamento público brasileiro? De cara, vou logo lhe dar a resposta e depois
comentá-la. A Lei Orçamentária Anual (LOA) brasileira é:

• Lei formal e material;


• Lei ordinária;
• Lei temporal (ou temporária);
• Lei especial.

“O que seria uma lei formal e material, professor?”


Bom, a doutrina costuma classificar as leis em: lei em sentido formal e lei em sentido material. Lei em sentido
formal é toda norma que seja produzida em atenção ao processo legislativo previsto nos arts. 49 a 59 da

7
PALUDO, Augustinho. Orçamento público: Administração Financeira e Orçamentária e LRF, 5ª ed., 2015.

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Constituição Federal. Não importa o que estiver escrito nesse ato normativo. O conteúdo desse ato normativo
não importa, é irrelevante! Passou por um processo legislativo? É lei em sentido formal.

Já a lei em sentido material é o contrário: o conteúdo é que é importante. Não interessa se a norma passou
por um processo legislativo. O importante é que seu conteúdo tem caráter geral e abstrato, isto é, suas normas
são dotadas de abstração e generalidade, isto é, aplicam-se a um número indeterminado de indivíduos e
situações futuras.

Com efeito, podemos muito bem ter leis que são, ao mesmo tempo, formais e materiais. Podemos ter leis
somente materiais. E podemos ter leis somente formais, que são conhecidas como leis de efeitos concretos
(ou leis individuais), porque seu conteúdo não é próprio de lei, mas é o ato normativo é uma lei mesmo assim.

Ok! Depois de toda essa explicação e embasados pela nova jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF),
podemos dizer que o orçamento público brasileiro é considerado uma lei formal e material.

Após anos de jurisprudência no sentido de que o orçamento público brasileiro seria apenas lei formal, o STF
consolidou o entendimento, em 2016, que as leis orçamentárias podem ser objeto de controle abstrato (e
concentrado) de constitucionalidade. A tese é que o controle concentrado de constitucionalidade se mostra
adequado quando a lei orçamentária revela contornos abstratos e autônomos, abandonando o campo da
eficácia concreta.

Observe trechos do julgado:

Leis orçamentárias que materializem atos de aplicação primária da Constituição Federal podem ser submetidas a
controle de constitucionalidade em processos objetivos.
É possível a impugnação, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, de leis orçamentárias. Assim, é cabível
a propositura de ADI contra lei orçamentária, lei de diretrizes orçamentárias e lei de abertura de crédito
extraordinário.
STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016

De acordo com Marcus Abraham, “ao superar a sua defasada concepção de que haveria uma suposta ausência
de normatividade, abstração e generalidade nas leis orçamentárias (...), o STF passa a absorver os bons
ventos dos novos tempos, deixando para trás a obsoleta influência da teoria do jurista germânico Paul Laband
(de meados do século XIX), o qual forjou a tese da natureza de lei formal do orçamento público como mero ato
administrativo autorizativo, passando a reconhecer materialidade e substancialidade ao seu conteúdo.”

Preste atenção!

Segundo jurisprudência do STF (2016), a LOA é lei formal e material e é possível o controle de
constitucionalidade de leis orçamentárias.

A LOA também é uma lei ordinária e não uma lei complementar. A LOA não exige quórum qualificado para
sua aprovação. Apesar de toda sua importância, é necessária somente a maioria simples. Quando a CF/88
demanda lei complementar, ela fala expressamente em “lei complementar”. Se falar somente em “lei”,
entenda lei ordinária. Observe o seguinte dispositivo constitucional:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

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II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

A CF/88 falou somente em “leis”, viu? Então entende-se que são leis ordinárias.

Além disso, a LOA também é temporal! A sua vigência é limitada! Lembra do princípio orçamentário da
anualidade (ou periodicidade)? O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período
de tempo, geralmente de 12 meses, chamado de exercício financeiro. Para comprovar isso, observe só esse
trecho do art. 1º da lei 13.587/18, a Lei Orçamentária Anual da União para o exercício de 2018:

Art. 1º Esta Lei estima a receita da União para o exercício financeiro de 2018 (...)

A lei orçamentária brasileira também é especial, porque possui matéria específica (previsão de receitas e
fixação de despesas) e processo legislativo diferenciado, mais célere que o processo legislativo ordinário.

Controle abstrato de
Lei formal e material
constitucionalidade

Não é lei complementar.


Lei ordinária Não exige quórum
qualificado
LOA

Vigência limitada (princípio


Lei temporal
da anualidade)

Matéria específica e
Lei especial processo legislativo
diferenciado

Questões para fixar


36) CESPE – ANTT – Técnico administrativo – 2013
A CF em vigor confere ao orçamento a natureza jurídica de lei formal e material. Por esse motivo, a lei
orçamentária pode prever receitas públicas e autorizar gastos.

Comentários:

Primeiro, observe o ano da questão: 2013. Segundo, lembre-se do ano em que o STF consolidou o
entendimento de que o orçamento público brasileiro é lei formal e material: 2016.

Agora perceba que, à época da questão, o gabarito seria errado, pois considerava-se que o orçamento público
tinha natureza jurídica de lei formal. Hoje, o gabarito seria certo.

Gabarito: Errado, à época. Hoje: certo.

37) CESPE – TCE-PE – Auditor de Controle Externo – 2017

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Prevalece no Brasil a compreensão de que o orçamento público é lei apenas em sentido formal, visto que é
aprovado pelo Poder Legislativo, mas é substancialmente ato de natureza político-administrativa, insuscetível
de hospedar normas gerais ou abstratas próprias de lei em sentido material.

Comentários:

Essa foi uma questão bem polêmica na época do concurso. A banca recebeu uma enxurrada de recursos, mas
manteve o gabarito!

Mais uma vez, repare na data da realização do concurso: 2017. Após a jurisprudência do STF. O
entendimento atual é que o orçamento público brasileiro tem natureza jurídica de lei formal e material, sendo
suscetível sim de hospedar normas gerais ou abstratas próprias de lei em sentido material. A questão utilizou o
entendimento antigo, afirmando que “o orçamento público é lei apenas em sentido formal”. Por isso, a questão
ficou errada.

Gabarito: Errado

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Questões comentadas – FGV

1. FGV – Prefeitura de Niterói-RJ – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – 2018


A edição do Decreto Federal nº 2.829/98, que disciplinou o plano plurianual, tornou o orçamento-programa uma
realidade no país.

Sobre o orçamento-programa, assinale a afirmativa correta.

A) É elaborado a partir de ajustes incrementais nas receitas e despesas, com base nos orçamentos anteriores.

B) Integra o orçamento com o planejamento, quantificando objetivos e fixando metas.

C) Contempla a participação direta da população no processo decisório sobre a alocação dos recursos públicos.

D) Enfatiza a legalidade das ações do gestor e a aquisição dos meios.

E) Evidencia o objeto dos gastos, pautando-se nas necessidades financeiras de cada unidade.

Comentários:

Bem, aqui está uma pergunta polêmica: “quando, exatamente, o orçamento-programa surgiu aqui no Brasil?” Os
autores divergem. Mas uma coisa eu posso lhe dizer: somente com o Decreto 2.829/98 é que o orçamento-
programa se tornou realidade aqui no Brasil!
Beleza. Agora vamos para as alternativas:

a) Errada. Este aqui é a técnica orçamentária do incrementalismo, também conhecida como orçamento
incremental.

b) Correta. O orçamento-programa é um plano de trabalho que integra planejamento e orçamento com


objetivos e metas a alcançar. Ele consiste em um método de orçamentação por meio do qual as despesas públicas
são fixadas a partir da identificação das necessidades públicas sob a responsabilidade de um certo nível de
governo e da sua organização segundo níveis de prioridades e estruturas apropriadas de classificação da
programação.
c) Errada. Essa é uma característica do orçamento participativo, que também não é uma espécie de orçamento
propriamente dita, mas sim uma técnica orçamentária. No orçamento participativo, a alocação de alguns recursos
é decidida com a participação direta da população e não somente em discussões no âmbito do Poder Executivo e
Legislativo.
d) Errada. Essa é uma característica do orçamento tradicional (clássico). No orçamento tradicional, o controle era
somente da legalidade e honestidade do gestor público.

e) Errada. Mais uma característica do orçamento tradicional (clássico). No orçamento tradicional, não há
preocupação com as necessidades da população. A preocupação é atender as necessidades financeiras dos órgãos
públicos (das unidades organizacionais).

Gabarito: B

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2. FGV – Prefeitura de Niterói-RJ – Auditor – 2018


O governante de um pequeno país, preocupado com as finanças públicas, decide pesquisar uma nova espécie de
orçamento para adotá-la em sua administração. Ele entende que a espécie de orçamento ideal é aquela que
justifica anualmente cada uma das despesas, enfatizando as necessidades do momento. Sendo assim, a espécie
de orçamento adequada às necessidades desse país é o

A) base zero.

B) tradicional.

C) legislativo.

D) autorizativo.

E) típico.

Comentários:

Hum!

Que espécie de orçamento é essa que justifica anualmente cada uma das despesas?

Essa foi uma dica muito forte que a banca lhe deu para resolver a questão.

Então vejamos as alternativas:

a) Correta. Sim! No Orçamento Base Zero (OBZ), o gestor precisa justificar cada despesa que planeja realizar, cada
dotação solicitada em seu orçamento, nos mínimos detalhes. Todos os anos, é necessário provar as necessidades
de orçamento (as necessidades do momento, como afirmou a questão), comparando e competindo com outras
prioridades e projetos.

É assim porque no OBZ, toda despesa é considerada despesa nova. A cada ano é feita uma análise crítica de
todas as despesas. É como se todo ano um novo orçamento fosse elaborado partindo-se do “zero”. Por isso que
o nome é “orçamento base-zero”!

b) Errada. O orçamento tradicional (ou orçamento clássico) é um mero instrumento contábil: um pedaço de
papel que prevê receitas e fixa despesas. Não tem essa de justificar anualmente cada uma das despesas.

c) Errada. “Legislativo”, na verdade, é um tipo de orçamento, e não uma espécie de orçamento (segundo a
nomenclatura que adotamos). De qualquer forma, o orçamento legislativo é aquele no qual o Poder Legislativo
faz quase tudo! Ele só não faz a execução, que fica a cargo do Poder Executivo. Isso não tem nada a ver com o
que a questão perguntou.

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•Legislativo •Legislativo

Controle Elaboração

Discussão e
Execução
votação

•Executivo •Legislativo

d) Errada. “Autorizativo” também não é uma espécie de orçamento. No orçamento autorizativo, a Administração
Pública está autorizada, e não obrigada, a realizar aquilo que está no orçamento. O orçamento público
simplesmente autoriza a Administração Pública a executar as despesas ali fixadas. E isso também não tem nada a
ver com o que a questão pediu.

e) Errada. Típico? Esse a gente não viu, porque ele não existe! Existe o orçamento clássico ou tradicional, mas
típico não!

Gabarito: A

3. FGV – Câmara de Salvador-BA – Analista legislativo – 2018


Um dos modelos orçamentários difundidos a partir da aplicação da lógica empresarial no setor público tem como
base para elaboração do orçamento atual a não vinculação com os montantes de despesa ou nível de atividade do
exercício anterior. Embora de difícil operacionalização, o modelo propicia reavaliações constantes das alocações
de recursos.

Esse modelo orçamentário é denominado orçamento:

A) programa;

B) base-zero;

C) incremental;

D) operacional;

E) com teto móvel.

Comentários:

O modelo orçamentário (utilizando a linguagem da banca) que estamos buscando se caracteriza pela:

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• não vinculação com os montantes de despesa ou nível de atividade do exercício anterior;


• difícil operacionalização;
• reavaliações constantes das alocações de recursos.

Que modelo é esse?

SIM! O Orçamento Base Zero (OBZ)!

Você lembra do orçamento incremental? Aquele que vive de passado... Lembra que a filosofia dele é melhorar
o que foi feito no exercício anterior, porque “sempre foi assim e continuará sendo assim, só que melhor”?

Pois é... o Orçamento Base-Zero (OBZ) é justamente o contrário disso! A filosofia do orçamento base-zero é
romper com o passado! Por isso, aqui não há vinculação com os montantes de despesa ou nível de atividade do
exercício anterior.

No OBZ, não há direito adquirido. Isso significa que toda despesa é considerada despesa nova. A cada ano é
feita uma análise crítica de todas as despesas. O gestor precisa justificar cada despesa que planeja realizar, cada
dotação solicitada em seu orçamento, nos mínimos detalhes. Ou seja: temos constantes reavaliações das
alocações de recursos.

E você acha que isso é fácil de fazer?

É nada! Dá um trabalhão!

Por isso que o OBZ é de difícil operacionalização. Aqui a elaboração do orçamento torna-se difícil, trabalhosa,
lenta e muito cara!

Gabarito: B

4. FGV –ALERJ – Especialista legislativo – 2017


O orçamento surgiu no setor público como instrumento de controle. A consolidação da democracia e o
crescimento das atribuições do Estado criaram a necessidade de desenvolvimento de modelos orçamentários
condizentes com as necessidades da Administração Pública.

Um elemento que caracteriza a concepção moderna de orçamento público é:

A) ausência de integração entre planejamento e orçamento;

B) ênfase na redução dos gastos públicos;

C) influência da lógica empresarial;

D) neutralidade das finanças públicas;

E) papel secundário do aspecto econômico.

Comentários:

Vamos lá. Estamos procurando por algo relacionado a “concepção moderna de orçamento público”.

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a) Errada. A ausência de integração entre planejamento e orçamento é uma caraterística, por exemplo, do
orçamento clássico (ou tradicional). A concepção moderna de orçamento público preceitua justamente o
contrário: a existência de integração entre planejamento e orçamento.

b) Errada. Essa também é uma característica do orçamento clássico, cuja ênfase é no gasto.

c) Correta. Agora sim! Integração entre planejamento e orçamento com certeza é uma característica do
orçamento moderno! No início, não havia integração nenhuma: o orçamento público era um mero instrumento
de controle. Com o passar dos anos, houve a necessidade de desenvolvimento de modelos orçamentários
condizentes com as necessidades da Administração Pública, modelos que aumentassem as chances de alcance
dos objetivos. E é aí que entra a integração entre o planejamento e orçamento.

d) Errada. Essa também era uma característica do orçamento tradicional.

e) Errada. De novo: orçamento tradicional. E para finalizar, vamos transcrever um trecho da obra de James
Giacomoni, que deve ter servido de inspiração para a questão

“No orçamento tradicional, o aspecto econômico tinha posição secundária. As finanças públicas
caracterizavam-se por sua “neutralidade”: o equilíbrio financeiro impunha-se naturalmente e o volume do
gasto público não chegava a pesar significativamente em termos econômicos. Os tratadistas clássicos
preferiam analisar questões ligadas à tributação e seus efeitos, considerando a despesa pública como um
mal necessário.”

Gabarito: C

5. FGV –ALERJ – Procurador – 2017


A Emenda Constitucional nº 86/2015 (que torna obrigatória a execução de emendas individuais ao projeto de lei
orçamentária no limite de 1,2% da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Executivo, sendo
que a metade desse percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde), veio a consagrar, ainda que
parcialmente, aquilo que em sede doutrinária convenciona-se denominar orçamento:

A) facultativo;

B) discricionário;

C) impositivo;

D) autorizativo;

E) formal.

Comentários:

No orçamento impositivo, a Administração está obrigada a realizar o que está no orçamento. O orçamento deve
ser executado integralmente pelo Executivo, salvo nos casos de impedimentos de ordem técnica.

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O orçamento público brasileiro é autorizativo, mas possui traços de orçamento impositivo. E nossos traços de
orçamento impositivo foram inseridos na Constituição Federal pelas Emendas Constitucionais (EC) 86/15,
100/19, 102/19 e 105/19.

Gabarito: C

6. FGV –MRE – Oficial de chancelaria – 2016


O modelo orçamentário vigente para as entidades públicas brasileiras é o denominado Orçamento-Programa.

De acordo com esse modelo:

A) a alocação de recursos visa à aquisição de meios;

B) a elaboração do orçamento tem caráter incremental;

C) as ações governamentais não devem impactar a economia;

D) o controle visa a avaliar a eficiência das ações governamentais;

E) o principal critério de classificação da despesa é por elemento.

Comentários:

Questão sobre o orçamento-programa. Então vejamos o nosso esquema para nos recordar das principais
características desse modelo orçamentário:

integração entre
planejamento e
orçamento

objetivos, metas e
indicadores

classificações funcional
Orçamento-programa
e programática

ênfase nos aspectos


administrativos e de
planejamento

controle de eficácia,
eficiência e efetividade

Ok! Agora vamos para as alternativas:

a) Errada. É no orçamento tradicional (ou clássico) que a alocação de recursos visa à aquisição de meios. A ênfase
desse modelo orçamentário é nos meios (o que se compra), e não nos resultados. Não é à toa que o orçamento
tradicional ganhou o rótulo de “Lei de Meios”.

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b) Errada. A elaboração do orçamento-programa (da concepção do orçamento moderno) não tem caráter
incremental. Quem tem caráter incremental é o orçamento tradicional (ou clássico). É o tal do incrementalismo
ou orçamento incremental.

“E o que é mesmo esse negócio de ‘incrementalismo’, professor”?

É só pegar o orçamento anterior, aplicar um aumento percentual e pronto: o orçamento do ano seguinte está
feito! Simples assim!

LOA 2019 10% LOA 2020

c) Errada. As ações governamentais não devem impactar a economia? Como assim? Na concepção moderna, o
orçamento público é um importante instrumento de planejamento das ações governamentais. E mais: o
orçamento é um importante instrumento de intervenção do Estado na economia.

O orçamento-programa consiste na interligação entre o planejamento e o orçamento por meio de programas


de governo. E um programa é justamente instrumento de organização da ação governamental visando à
concretização dos objetivos pretendidos.

Além disso, era o no orçamento tradicional que o aspecto econômico tinha posição secundária e as finanças
públicas caracterizavam-se por sua “neutralidade”.

d) Correta. Enquanto 0 controle no orçamento tradicional visa avaliar a honestidade dos agentes governamentais
e a legalidade no cumprimento do orçamento, o controle no orçamento-programa visa avaliar a eficiência, a
eficácia e a efetividade das ações governamentais.

e) Errada. Novamente: esse é o orçamento tradicional. No orçamento-programa o principal critério de


classificação da despesa é o funcional-programático.

Gabarito: D

7. FGV – TJ-PI– Analista judiciário – 2015


Sob influência das práticas orçamentárias desenvolvidas nos Estados Unidos a partir do século XX, a concepção
moderna do orçamento público tem como objetivo:

A) aperfeiçoar sua eficácia como forma de controle político;

B) direcionar seu uso como instrumento de administração;

C) evitar ao máximo a expansão dos gastos públicos;

D) fortalecer a eficácia do caráter jurídico do orçamento;

E) reduzir o impacto dos gastos governamentais na economia.

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Comentários:

Hoje, o orçamento é um moderno instrumento da Administração Pública, que integra o planejamento ao


orçamento e ajuda o governo a atingir resultados. Em sua nova concepção, o orçamento é algo mais que uma
simples previsão da receita ou estimativa de despesa. O orçamento é, ao mesmo tempo, um relatório, uma
estimativa e uma proposta.

Já deu pra matar a questão?

Então, vejamos:

a) Errada. De acordo com James Giacomoni, a principal função do orçamento tradicional era a de controle
político, possibilitando aos órgãos de representação um controle político sobre os Executivos. Era um controle
simples: somente da legalidade e honestidade do gestor público.

b) Correta. Como dissemos: o orçamento moderno é visto como um instrumento da Administração Pública. É no
orçamento que a Administração planeja, executa e controla seus objetivos, suas realizações. E, de acordo com o
autor supracitado, a função principal do orçamento moderno é a de servir de instrumento de administração.

c) Errada. Não, não. Esse não é o objetivo do orçamento-programa. Menores gastos públicos não implicam
diretamente equilíbrio nas contas públicas e melhor qualidade de vida para a população. O orçamento-
programa consiste em um método de orçamentação por meio do qual as despesas públicas são fixadas a partir da
identificação das necessidades públicas sob a responsabilidade de um certo nível de governo e da sua
organização segundo níveis de prioridades e estruturas apropriadas de classificação da programação.

d) Errada. Quem tem caráter jurídico muito forte (e aspecto econômico secundário) é o orçamento tradicional.

e) Errada. Na concepção moderna, o orçamento público é um importante instrumento de planejamento das ações
governamentais. E mais: o orçamento é um importante instrumento de intervenção do Estado na economia. É
no orçamento tradicional que as finanças públicas são caracterizadas pela sua “neutralidade”.

Gabarito: B

8. FGV – TJ-RO – Administrador– 2015


Os conceitos de orçamento tradicional e orçamento moderno não são modelos definidos, mas concepções
extremas a partir das quais os modelos e técnicas orçamentárias são elaborados. Uma das características da
concepção tradicional do orçamento público é:

A) a alocação de recursos com vistas à aquisição de meios;

B) a existência de associação entre orçamento e planejamento;

C) a preponderância do aspecto econômico, que reflete a intervenção do Estado;

D) a utilização do orçamento como instrumento de administração;

E) o controle com vistas a avaliar a eficiência e eficácia das ações.

Comentários:

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Existe uma classificação simples, mas útil, que divide a história da evolução conceitual e técnica do orçamento
público em dois períodos: tradicional e moderno. Eles são caracterizações ideais das situações extremas dessa
evolução.

Tradicional Moderno

Essa é uma boa questão para consultarmos novamente a nossa tabela comparativa:

Orçamento tradicional Orçamento-programa

Desvinculação entre planejamento e orçamento Integração entre planejamento e orçamento

Meios (o que se compra) Objetivos e metas (resultados)

Classificação por unidades administrativas Classificações funcional e programática

Controle de legalidade e honestidade do gestor Controle da eficácia, eficiência e efetividade


público

Não há medição do trabalho e sistemas de Indicadores, medição do trabalho e avaliação de


acompanhamento dos resultados resultados

Estrutura dá ênfase aos aspectos contábeis (“mero Estrutura dá ênfase aos aspectos administrativos e de
instrumento contábil”) planejamento

São consideradas as necessidades financeiras das São considerados todos os custos dos programas,
unidades organizacionais inclusive os que extrapolam o exercício

Decisões tomadas com base nas necessidades das Decisões tomadas com base em avaliações e análises
unidades organizacionais técnicas das alternativas possíveis

Muito bem! Agora vamos às alternativas. Estamos buscando aquele que se refere ao orçamento tradicional!

a) Correta. É no orçamento tradicional (ou clássico) que a alocação de recursos visa à aquisição de meios. Não é
à toa que o orçamento tradicional ganhou o apelido de “Lei de Meios”.

b) Errada. É no orçamento-programa que temos a integração entre planejamento e orçamento.

c) Errada. Esse é Orçamento-programa. No orçamento tradicional, as finanças públicas são caracterizadas pela
sua “neutralidade” e o aspecto econômico desempenha um papel secundário, pois o que predomina é o aspecto
jurídico do orçamento.

d) Errada. O orçamento-programa é, de fato, um instrumento de administração: essa é sua principal função. A


principal função do orçamento tradicional era o controle político.

e) Errada. Enquanto 0 controle no orçamento tradicional visa avaliar a honestidade dos agentes governamentais
e a legalidade no cumprimento do orçamento, o controle no orçamento-programa visa avaliar a eficiência, a
eficácia e a efetividade das ações governamentais.

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Gabarito: A

9. FGV – DPE-RO – Analista da Deferensoria Pública – 2015


Uma característica do orçamento-programa, que se baseia em uma concepção moderna de orçamento, que o
diferencia das práticas orçamentárias tradicionais é o(a):

A) ênfase na função de controle;

B) ênfase no aspecto jurídico do orçamento;

C) foco nos insumos;

D) posição secundária do aspecto econômico;

E) vinculação entre orçamento e planejamento.

Comentários:

O orçamento-programa está intimamente ligado ao planejamento. Ele é, verdadeiramente, um instrumento


de planejamento da ação do governo. Aqui, sim, temos vinculação entre planejamento e orçamento, um elo
entre planejamento, orçamento e gestão (e era justamente isso que faltava às técnicas orçamentárias anteriores).

Então qual é uma característica bem marcante do orçamento-programa?

A vinculação entre orçamento e planejamento!

Encontramos nosso gabarito na alternativa E. Todas as outras trazem características do orçamento tradicional.

Gabarito: E

10. FGV – INEA-RJ –Técnico administrativo – 2013


As alternativas a seguir apresentam elementos essenciais do orçamento programa, à exceção de uma. Assinale-a.

A) Os objetivos e os propósitos perseguidos pela instituição.

B) Os programas para concretização dos objetivos.

C) Os custos dos programas para a obtenção dos resultados.

D) As medidas de desempenho para as realizações dos programas

E) As realizações passadas como base dos orçamentos futuros.

Comentários:

Quais são os elementos essenciais do orçamento-programa? De acordo com James Giacomoni, são esses aqui:

• Os objetivos e propósitos perseguidos pela instituição;

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• Os programas: instrumentos de integração dos esforços governamentais no sentido da


concretização dos objetivos;
• Os custos dos programas, mensurados pela identificação dos meios e insumos necessários para a
obtenção de resultados;
• As medidas de desempenho (indicadores), a fim de medir as realizações e os esforços despendidos
na execução dos programas.

Agora você nos diz qual é o gabarito. Vai!

É a alternativa E! No orçamento-programa, as realizações passadas não servem como base para orçamentos
futuros. Quem tem caráter incremental é o orçamento tradicional (rimou! ).

Gabarito: E

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Lista de questões – FGV

1. FGV – Prefeitura de Niterói-RJ – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – 2018


A edição do Decreto Federal nº 2.829/98, que disciplinou o plano plurianual, tornou o orçamento-programa uma
realidade no país.

Sobre o orçamento-programa, assinale a afirmativa correta.

A) É elaborado a partir de ajustes incrementais nas receitas e despesas, com base nos orçamentos anteriores.

B) Integra o orçamento com o planejamento, quantificando objetivos e fixando metas.

C) Contempla a participação direta da população no processo decisório sobre a alocação dos recursos públicos.

D) Enfatiza a legalidade das ações do gestor e a aquisição dos meios.

E) Evidencia o objeto dos gastos, pautando-se nas necessidades financeiras de cada unidade.

2. FGV – Prefeitura de Niterói-RJ – Auditor – 2018


O governante de um pequeno país, preocupado com as finanças públicas, decide pesquisar uma nova espécie de
orçamento para adotá-la em sua administração. Ele entende que a espécie de orçamento ideal é aquela que
justifica anualmente cada uma das despesas, enfatizando as necessidades do momento. Sendo assim, a espécie
de orçamento adequada às necessidades desse país é o

A) base zero.

B) tradicional.

C) legislativo.

D) autorizativo.

E) típico.

3. FGV – Câmara de Salvador-BA – Analista legislativo – 2018


Um dos modelos orçamentários difundidos a partir da aplicação da lógica empresarial no setor público tem como
base para elaboração do orçamento atual a não vinculação com os montantes de despesa ou nível de atividade do
exercício anterior. Embora de difícil operacionalização, o modelo propicia reavaliações constantes das alocações
de recursos.

Esse modelo orçamentário é denominado orçamento:

A) programa;

B) base-zero;

C) incremental;

D) operacional;

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E) com teto móvel.

4. FGV –ALERJ – Especialista legislativo – 2017


O orçamento surgiu no setor público como instrumento de controle. A consolidação da democracia e o
crescimento das atribuições do Estado criaram a necessidade de desenvolvimento de modelos orçamentários
condizentes com as necessidades da Administração Pública.

Um elemento que caracteriza a concepção moderna de orçamento público é:

A) ausência de integração entre planejamento e orçamento;

B) ênfase na redução dos gastos públicos;

C) influência da lógica empresarial;

D) neutralidade das finanças públicas;

E) papel secundário do aspecto econômico.

5. FGV –ALERJ – Procurador – 2017


A Emenda Constitucional nº 86/2015 (que torna obrigatória a execução de emendas individuais ao projeto de lei
orçamentária no limite de 1,2% da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Executivo, sendo
que a metade desse percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde), veio a consagrar, ainda que
parcialmente, aquilo que em sede doutrinária convenciona-se denominar orçamento:

A) facultativo;

B) discricionário;

C) impositivo;

D) autorizativo;

E) formal.

6. FGV –MRE – Oficial de chancelaria – 2016


O modelo orçamentário vigente para as entidades públicas brasileiras é o denominado Orçamento-Programa.

De acordo com esse modelo:

A) a alocação de recursos visa à aquisição de meios;

B) a elaboração do orçamento tem caráter incremental;

C) as ações governamentais não devem impactar a economia;

D) o controle visa a avaliar a eficiência das ações governamentais;

E) o principal critério de classificação da despesa é por elemento.

7. FGV – TJ-PI– Analista judiciário – 2015

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Sob influência das práticas orçamentárias desenvolvidas nos Estados Unidos a partir do século XX, a concepção
moderna do orçamento público tem como objetivo:

A) aperfeiçoar sua eficácia como forma de controle político;

B) direcionar seu uso como instrumento de administração;

C) evitar ao máximo a expansão dos gastos públicos;

D) fortalecer a eficácia do caráter jurídico do orçamento;

E) reduzir o impacto dos gastos governamentais na economia.

8. FGV – TJ-RO – Administrador– 2015


Os conceitos de orçamento tradicional e orçamento moderno não são modelos definidos, mas concepções
extremas a partir das quais os modelos e técnicas orçamentárias são elaborados. Uma das características da
concepção tradicional do orçamento público é:
A) a alocação de recursos com vistas à aquisição de meios;
B) a existência de associação entre orçamento e planejamento;
C) a preponderância do aspecto econômico, que reflete a intervenção do Estado;
D) a utilização do orçamento como instrumento de administração;
E) o controle com vistas a avaliar a eficiência e eficácia das ações.

9. FGV – DPE-RO – Analista da Deferensoria Pública – 2015


Uma característica do orçamento-programa, que se baseia em uma concepção moderna de orçamento, que o
diferencia das práticas orçamentárias tradicionais é o(a):

A) ênfase na função de controle;

B) ênfase no aspecto jurídico do orçamento;

C) foco nos insumos;

D) posição secundária do aspecto econômico;

E) vinculação entre orçamento e planejamento.

10. FGV – INEA-RJ –Técnico administrativo – 2013


As alternativas a seguir apresentam elementos essenciais do orçamento programa, à exceção de uma. Assinale-a.
A) Os objetivos e os propósitos perseguidos pela instituição.
B) Os programas para concretização dos objetivos.
C) Os custos dos programas para a obtenção dos resultados.
D) As medidas de desempenho para as realizações dos programas
E) As realizações passadas como base dos orçamentos futuros.

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Gabarito – FGV
1. C 5. C 9. E

2. A 6. D 10. E

3. B 7. B

4. C 8. A

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Resumo direcionado
1. Falhas de mercado

 Existência dos bens públicos (bens públicos puros, bens semipúblicos ou meritórios);

 Externalidades (positivas ou negativas);


 Participantes do mercado com grau elevado de influência sobre os preços e a quantidade produzida
(monopólios e oligopólios, especialmente os monopólios naturais);

 Assimetria de informações;

 Mercados incompletos;
 Ocorrência de desemprego e inflação;
1.1. Bens públicos puros e semipúblicos (ou meritórios)

Um bem público puro é aquele cujo consumo não é rival e cuja exclusão não é desejável. Desse modo, pode-se
afirmar que os bens públicos puros atendem ao princípio da não-rivalidade e da não-exclusão (ao contrário dos
bens privados, que são caracterizados pela rivalidade e exclusividade).

Bens semipúblicos (ou bens meritórios) são aqueles que não apresentam todas as características de bens públicos
puros (geralmente são ou não rivais ou não excludentes), mas, ainda assim, o mercado se interessa em ofertá-los.
A sua utilidade social é predominante, o que justifica a sua provisão (financiamento) pelo Governo.

Exclusividade Não Exclusividade

Bens privados Bens comuns ou quase públicos


Rivalidade Comida, vestuário, combustível, Recursos naturais: peixes em um
eletrodomésticos etc. lago, caça, praia etc.

Bens semipúblicos (bens de Bens públicos (puros)


clube)
Segurança pública, justiça, farol na
Não Rivalidade Cinema, museus, parques orla marítima, iluminação pública,
privados, serviços de streaming de ruas não congestionadas, estradas
músicas e vídeos etc. vazias etc.

1.2. Externalidades

Externalidades são efeitos colaterais de uma decisão sobre aqueles que não participaram dela. Existe uma
externalidade quando há consequências para terceiros que não são levadas em consideração por quem toma a
decisão.

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Externalidades positivas
(valor social ou ambiental > valor
privado)

Externalidades negativas
(valor social ambiental < valor
privado)

Externalidade positiva Externalidade negativa

A ação de um indivíduo
A ação prejudica ou impõe um
Descrição beneficia pessoas que não
custo sobre terceiros
participaram diretamente dela

Exemplo Plantar uma árvore Poluição ambiental

2. Funções do orçamento:

O orçamento público é considerado o principal instrumento de ação estatal na economia.

Funções do orçamento: Alocativa, Distributiva e Estabilizadora. “Suco ADEs”

• Função Alocativa: visa promover correções (ajustamentos) na alocação dos recursos. Justifica-se
nos casos em que não houver a necessária eficiência por parte do sistema de mercado e nos casos
de provisão de bens públicos (puros) ou bens semipúblicos (nos casos de falhas de mercado).
• Função Distributiva: busca fazer correções na distribuição de renda, tornando a sociedade menos
desigual em termos de renda e riqueza. Justifica-se como correção às falhas de mercado, inerentes
ao sistema capitalista. Principais instrumentos: transferências e tributos.
• Função Estabilizadora: visa a estabilidade econômica, principalmente por meio da estabilidade nos
níveis de preços e manutenção de um elevado o nível de emprego.

Alocativa
•Fornecimento de bens públicos
•Incentivar externalidade positivas e inibir externalidades
negativas

Distributiva
•Distribuição de renda
•Tornar a sociedade menos desigual

Estabilizadora
•Estabilizar a economia
•Níveis de preços, nível de emprego, balanço de
pagamentos e crescimento econômico

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3. Conceitos iniciais: o que é orçamento público?

Orçamento:

O orçamento é um importante instrumento de planejamento de qualquer entidade, seja pública ou


privada, e representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicações de recursos em determinado período.

Orçamento público:

É o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo período de tempo, a
execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela
política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.

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4. Espécies e técnicas de orçamento:

Orçamento Orçamento de Orçamento Orçamento- Orçamento


tradicional desempenho base-zero programa participativo

Características Mero instrumento Evolução do Rompimento Interligação entre o Participação


contábil. Falta de orçamento com o passado. planejamento e o direta da
planejamento da tradicional, mas Análise e orçamento por meio população.
ação ainda há avaliação de de programas de Consultivo.
governamental. desvinculação todas as governo. Observância
entre despesas. obrigatória no
“Lei de meios”. Objetivos, metas,
planejamento e âmbito dos
indicadores.
Incrementalismo orçamento. municípios.
(%)

Histórico Espécie mais antiga Surgiu após o Surgiu depois do Tema polêmico. No Porto Alegre, em
de orçamento. orçamento PPBS, já na Brasil: Lei 4.320/64 1989.
tradicional. Nos década de 70. citou, mas não
EUA, na década Desenvolvido obrigou. DL 200/67
de 50. orginalmente por obrigou. CF/88
uma empresa consolidou a adoção
privada (Texas (com o PPA e LDO).
Instruments). Tornou-se realidade
com Dec. 2.829/98 e
Port. 42/99.

Ênfase Aspectos contábeis. Desempenho Eficiência na Realizações Prioridades de


organizacional. alocação de (produtos). Aspectos investimento.
Objeto do gasto.
Resultados recursos. administrativos e de
(eficácia). planejamento.

Classificação Por unidades Duas dimensões: Não considera Classificação -


administrativas objeto de gasto e importante (OBZ funcional e
(classificação programa de não é um método classificação
institucional) e por trabalho de organizar o programática.
elementos de orçamento
despesa (objeto do público).
gasto).

Finalidade Controle político Instrumento da Combater Controle visa eficácia, Gestão


(controle de Administração. aumento dos eficiência e orçamentária
legalidade e gastos, efetividade. participativa;
ineficiência na
honestidade do transparência
alocação dos
gestor público). recursos e evitar pública;
a perpetuação de cidadania;
erros históricos. democracia.

O orçamento-programa no Brasil equivale ao PPBS nos EUA

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Orçamento tradicional Orçamento-programa

Desvinculação entre planejamento e orçamento Integração entre planejamento e orçamento

Meios (o que se compra) Objetivos e metas (resultados)

Classificação por unidades administrativas Classificações funcional e programática

Controle de legalidade e honestidade do gestor Controle da eficácia, eficiência e efetividade


público

Não há medição do trabalho e sistemas de Indicadores, medição do trabalho e avaliação de


acompanhamento dos resultados resultados

Estrutura dá ênfase aos aspectos contábeis (“mero Estrutura dá ênfase aos aspectos administrativos e de
instrumento contábil”) planejamento

São consideradas as necessidades financeiras das São considerados todos os custos dos programas,
unidades organizacionais inclusive os que extrapolam o exercício

Decisões tomadas com base nas necessidades das Decisões tomadas com base em avaliações e análises
unidades organizacionais técnicas das alternativas possíveis

5. Tipos de orçamento:
5.1. Orçamento misto:

•Legislativo •Executivo

Controle Elaboração

Discussão e
Execução
votação

•Executivo •Legislativo

6. Orçamento autorizativo vs. Orçamento impositivo:

No orçamento autorizativo, a Administração Pública está autorizada, e não obrigada, a realizar o que está no
orçamento.

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No orçamento impositivo, a Administração está obrigada a realizar o que está no orçamento.

O orçamento público brasileiro é autorizativo, mas possui traços de orçamento impositivo (lembre-se da
Vampira, do X-Men).

Nossos traços de orçamento impositivo foram inseridos na Constituição Federal pelas Emendas Constitucionais
(EC) 86/2015, 100/19, 102/19 e 105/19.

7. Orçamento no Brasil:
7.1. História – constituições pretéritas:

Constituição Elaboração Aprovação Característica


de...

1824 Executivo Legislativo Império

1891 Legislativo Legislativo Orçamento legislativo

1934 Executivo Legislativo Orçamento misto

1937 Executivo Legislativo (mas na prática era o Orçamento executivo


Executivo)

1946 Executivo Legislativo Legislativo pode fazer emendas

1967 Executivo Legislativo Legislativo praticamente não pode


fazer emendas

1988 Executivo Legislativo Emendas, universalidade, PPA e LDO

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7.2. Natureza jurídica do orçamento brasileiro:

Controle abstrato de
Lei formal e material
constitucionalidade

Não é lei complementar.


Lei ordinária Não exige quórum
qualificado
LOA
Vigência limitada
Lei temporal
(princípio da anualidade)

Matéria específica e
Lei especial processo legislativo
diferenciado

Segundo jurisprudência do STF (2016), a LOA é lei formal e material e é possível o controle de
constitucionalidade de leis orçamentárias.

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Referências bibliográficas
GIAMBIAGI, et al. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil, 5ª ed., 2016.

GIACOMONI, James. Orçamento público. 15ª edição, 2010.

GIACOMONI, James Orçamento governamental: teoria, sistema, processo. São Paulo: Atlas, 2019.

GIANTURCO, Adriano. A ciência da política: uma introdução, 3ª ed., 2021.

PALUDO, Augustinho. Orçamento público: Administração Financeira e Orçamentária e LRF, 5ª ed., 2015.

PALUDO, Augustinho. Orçamento público: Administração Financeira e Orçamentária e LRF, 10ª ed., 2020.

PACELLI, Giovanni. Administração Financeira e Orçamentária 3D. 3ª edição, 2020.

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