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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA

JULGADOS RELEVANTES

RETA FINAL – DELEGADO PARANÁ

TURMA 3 - SEMANA 01

CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
SEMANA 02

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
DELEGADO GOIÁS
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
JULGADOS RELEVANTES - SEMANA 02/14

COMO UTILIZAR O MATERIAL

O presente material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que,
por meio da leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ.
Em caso de dúvida sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site
Dizer o Direito e estude o informativo na íntegra.

Sumário
Sumário ............................................................................................................................. 3
SEMANA 02 .................................................................................................................... 4
12. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ............................................................................... 4
13. CRIME DE VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL (ART 184 DO CP) .................................. 9
14. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL....................................................................... 9
15. CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA ......................................................................... 13
16. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA ................................................................................ 13
17. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................ 14
17.1 Crimes Diversos .............................................................................................................................. 15
17.2 Descaminho.................................................................................................................................... 17
17.3 Contrabando (Art. 334 A) ............................................................................................................... 18
17.4 Denunciação Caluniosa (Art.339) ................................................................................................... 18
17.5 Conceito de Funcionário Público e Causa de Aumento do Art. 327§2° do CP ............................... 18
18. OUTROS CRIMES DO CÓDIGO PENAL E LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS............... 19
19. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (LEI 7.492/86) ..................... 20
20. RACISMO (LEI 7.716/89) ........................................................................................... 21
21. CRIMES NO ECA ........................................................................................................ 22

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SEMANA 02
12. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de fechadura
da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de fogo, efetuar
subtração patrimonial da residência, configuram meros atos preparatórios que impedem a
condenação por tentativa de roubo circunstanciado.

Nota: Existem algumas teorias que buscam definir em que momento se dá a passagem dos
atos preparatórios para os atos executórios.
Veja como o tema é tratado por Jamil Chaim Alves (Manual de Direito Penal. Salvador:
Juspodivm, 2020, p. 370-371): a) Teoria subjetiva Leva em consideração a vontade criminosa,
o plano interno do autor. Logo, não há distinção entre atos preparatórios e atos executórias.
Uma vez detectada a vontade de praticar a infração, é possível a punição. b) Teoria da
hostilidade ao bem jurídico Atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico,
retirando-o do “estado de paz”. Era defendida por Nelson Hungria. c) Teoria objetivo-formal
ou lógico-formal Atos executórios são aqueles que iniciam a realização do núcleo do tipo
penal (denomina-se “formal” porque parâmetro é a lei, ou seja, a prática do verbo nuclear
descrito no tipo). Era defendida por Frederico Marques. d) Teoria objetivo-material Atos
executórias são aqueles que iniciam a realização do núcleo do tipo penal e também os
imediatamente anteriores, de acordo com a visão de um terceiro observador. e) Teoria
objetivo-individual A tentativa começa com a atividade do autor que, segundo o seu plano
concretamente delitivo, se aproxima da realização. A origem dessa teoria remonta a Hans
Welzel.
Em que momento se consuma o crime de roubo?
Existem quatro teorias sobre o tema:
1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o
agente e a coisa alheia. Se tocou, já consumou.
2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída passa
para o poder do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo
perseguido pela polícia ou pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do
agente, isso significa que houve a inversão da posse. Por isso, ela é também conhecida como
teoria da inversão da posse. Vale ressaltar que, para esta corrente, o crime se consuma
mesmo que o agente não fique com a posse mansa e pacífica. A coisa é retirada da esfera de
disponibilidade da vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia da esfera de
vigilância da vítima (não se exige que o agente tenha posse desvigiada do bem).

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3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um


lugar para outro.
4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão para
tê-la a salvo.

Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada.
STJ. 5ª Turma. AREsp 974.254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques
sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou
por meio da transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio
da vítima, em razão da superveniência de Lei nº 14.155/2021, ainda que os fatos tenham
sido anteriores à nova lei.

STJ. 3ª Seção. CC 180.832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A reincidência específica tratada no art. 44, § 3º, do Código Penal somente se aplica quando
forem idênticos, e não apenas de mesma espécie, os crimes praticados.
Nota: MUDANÇA DE ENTENDIMENTO
O que se entende por reincidente específico para os fins do § 3º do art. 44? É o indivíduo que
cometeu um novo crime doloso idêntico. • se o condenado tiver praticado um novo crime
doloso idêntico: não terá direito à substituição. Ex: João foi condenado por furto simples.
Depois, foi novamente condenado por furto simples. Não terá direito à substituição porque a
reincidência se operou em virtude da prática do mesmo crime. • se o condenado tiver
praticado um novo crime doloso da mesma espécie (mas que não seja idêntico): pode ter
direito à substituição. Ex: Pedro foi condenado por furto simples (art. 155, caput). Depois, foi
novamente condenado, mas agora por furto qualificado (art. 155, § 4º). Em tese, o juiz
poderia conceder a substituição porque o furto simples e o furto qualificado são crimes da
“mesma espécie”, mas não são o “mesmo crime”.
STJ. 3ª Seção. AREsp 1.716.664-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2021 (Info 706).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Retroatividade da representação no crime de estelionato:
Nota: Em 09.06.2020 - O STJ entendeu que a retroatividade da representação do crime de
estelionato deve se restringir à fase policial, já que a representação tem natureza de
CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE e não condição de prosseguibilidade (HC 573.093).

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04.08.2020 - A decisão do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica e de conteúdo
normativo penal, deve retroagir atingindo também as ações penais (HC 583.837-SC). “A
retroatividade da representação prevista § 5º do art. 171 alcança todos os processos em
curso.” STJ. 6ª Turma. HC 583.837/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/08/2020
(Info 677).

14.09.2020 - Entretanto, a 5a Turma do STJ decidiu no sentido anterior, posicionamento


REITERADO no dia 21.09.20: pela irretroatividade.
14.10.2020 - No mesmo sentido, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação
retroativa do parágrafo 5º do artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento
da denúncia a ação era incondicionada e não se exigia representação (HC 187.341/SP).
Em 24.03.2021 , a 3a Seção do STJ decidiu: A retroatividade da representação no crime de
estelionato não alcança aqueles processos cuja denúncia já foi oferecida.
Ocorre que, em 22.06.2021, a 2ª Turma do STF decidiu que a alteração promovida pela Lei
nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o
exercício da pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa ofendida, DEVE SER
APLICADA DE FORMA RETROATIVA A ABRANGER TANTO AS AÇÕES PENAIS NÃO INICIADAS
QUANTO AS AÇÕES PENAIS EM CURSO ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO. STF. 2ª Turma. HC
180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/6/2021 (Info 1023).

Divergência: STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/6/2021 (Info 1023) X STJ. 3ª Seção. HC
610.201/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021. (Info 691)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do CP, não
possui vício de inconstitucionalidade formal .

Nota: não é possível o controle jurisdicional em relação à interpretação de normas


regimentais das Casas Legislativas, sendo vedado ao Poder Judiciário, substituindo-se ao
próprio Legislativo, dizer qual o verdadeiro significado da previsão regimental, por tratar-
se de assunto interna corporis, sob pena de ostensivo desrespeito à Separação de Poderes,
por intromissão política do Judiciário no Legislativo. Tese fixada pelo STF: “Em respeito ao
princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal, quando
não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo
legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à
interpretação do sentido e do alcance de normas meramente regimentais das Casas
Legislativas, por se tratar de matéria ‘interna corporis’.”
STF. Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1120) (Info 1021).

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Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal, basta


que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a maior
precariedade da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período e, por consectário,
a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato das
vítimas não estarem dormindo no momento do crime, ou, ainda, que tenha ocorrido em
estabelecimento comercial ou em via pública, dado que a lei não faz referência ao local do
crime.
STJ. 5ª Turma. AgRg-AREsp 1.746.597-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 17/11/2020.
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1849490/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha, julgado em 15/09/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do Código Penal na hipótese em que o
crime de furto qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu quando os
proprietários não se encontravam no imóvel, não havendo que se falar, portanto, em
ameaça à vítima ou em benefício do agente para a prática delitiva em razão de sua condição
de fragilidade.
Nota: “Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime: II - ter o agente cometido o crime: h) contra criança, maior de 60 (sessenta)
anos, enfermo ou mulher grávida.”
Por se tratar de agravante de natureza objetiva, a incidência do art. 61, II, “h”, do CP não
depende da prévia ciência pelo réu da idade da vítima, sendo, de igual modo, desnecessário
perquirir se tal circunstância, de fato, facilitou ou concorreu para a prática delitiva, pois a
maior vulnerabilidade do idoso é presumida.

STJ. 5ª Turma. HC 593.219-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2020. (Info 679)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Configura o crime de roubo (e não estelionato) a conduta do funcionário de uma empresa
que combina com outro indivíduo para que este simule assalta o empregado com uma arma
de fogo e, dessa forma, leve o dinheiro da empresa.
STF. 1ª Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020. (Info 980)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato
majorado por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do
hospital.
Nota: no julgado, fala-se em estelionato qualificado, mas é majorado.
AgRg no HC 548.869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe 25/05/2020.
(Info 672-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir


o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias
pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, recomendando a aplicação do
princípio da insignificância.
HC 553.872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 11/02/2020, DJe 17/02/2020.
(Info 665- STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A dívida de corrida de táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de
configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais.
Nota: não se pode comparar “dívida de transporte” com a “coisa alheia móvel”, sob pena de
violação dos princípios da tipicidade e legalidade.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.757.543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019. (Info 658)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do
que o real consumo de energia elétrica configura estelionato.
Nota: o agente desvia a energia por meio de ligação clandestina (gato) = furto; o agente altera
o sistema de medição = estelionato.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/05/2019. (Info 648)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade.
NOTA: o furto de energia elétrica não pode receber o mesmo tratamento dado ao
inadimplemento tributário. O pagamento do débito antes do recebimento da denúnica não
configura causa extintiva de punibilidade, mas causa de redução de pena relativa ao
arrependimento posterior (art. 16, CP).
RHC 101.299-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 13/03/2019, Dje
04/04/2019. (Info 645)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo com a modificação
operada pela Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal.
Nota: Observe-se que houve abolitio criminis, devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada
retroativamente para excluir a referida causa de aumento da pena imposta aos réus
condenados por roubo majorado pelo emprego de arma branca. Trata-se, pois da aplicação
da novatio legis in mellius prevista no art. 5º, XL, da CF/88.

Veja também:

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HC 556.629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
03/03/2020, DJe 23/03/2020. (Info 668-STJ)

Nos casos em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do emprego de arma
branca, no crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora (art. 59 do CP).
Nota: Com o advento da Lei 13.654, de 23 de abril de 2018, que revogou o inciso I do artigo
157 do CP, o emprego de arma branca no crime de roubo deixou de ser considerado como
majorante, a justificar o incremento da reprimenda na terceira fase do cálculo dosimétrico,
sendo, porém, plenamente possível a sua valoração como circunstância judicial
desabonadora, nos moldes do reconhecido pelas instâncias ordinárias.
STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018. (Info 626)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para
a tipificação do crime de furto.
Nota: Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.
STF. 1ª Turma. HC 111278/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018. (Info 897)

13. CRIME DE VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL (ART 184 DO CP)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no
artigo 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.193.196. Súmula 502-STJ

14. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”, para os fins do tipo do
art. 213 do Código Penal.

Nota: A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”. Isso porque a
“grave ameaça” deve ser analisada com base no sentimento unilateral que é provocado no
espírito da vítima subjugada. A existência de grave ameaça não depende do risco objetivo e
concreto a que a vítima foi efetivamente submetida.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.916.611-RJ, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em
21/09/2021 (Info 711).

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O “cliente” da exploração sexual (art. 218-B do CP) pode ser punido sozinho, ou seja,
mesmo que não haja um proxeneta.
Nota: O delito previsto no art. 218-B, § 2º, inciso I, do Código Penal, na situação de
exploração sexual, não exige a figura do terceiro intermediador. STJ. 3ª Seção. EREsp
1.530.637/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 690).
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.530.637/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021. (Info 690)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para que se configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e vítima.
Assim, doutrina e jurisprudência sustentam a prescindibilidade do contato físico direto do
réu com a vítima, a fim de priorizar o nexo causal entre o ato praticado pelo acusado,
destinado à satisfação da sua lascívia, e o efetivo dano à dignidade sexual sofrido pela
ofendida.

Nota: Segundo a posição majoritária na doutrina (ex. Cleber Masson e Rogério Sanches, por
exemplos), a simples contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito nos arts.
213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja
contato físico entre ofensor e ofendido. É o mesmo entendimento do STJ. 5ª Turma. RHC
70976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587).
Assim, a 6ª Turma do STJ no informativo (685) decidiu assim como a doutrina e jurisprudência
que sustentam a PRESCINDIBILIDADE DO CONTATO FÍSICO DIRETO DO RÉU COM A VÍTIMA, A
FIM DE PRIORIZAR O NEXO CAUSAL ENTRE O ATO PRATICADO PELO ACUSADO, DESTINADO À
SATISFAÇÃO DA SUA LASCÍVIA, E O EFETIVO DANO À DIGNIDADE SEXUAL SOFRIDO PELA
OFENDIDA.
Veja ainda: Em situações excepcionais, tem-se que o crime de estupro pode se caracterizar,
inclusive, em situações nas quais não há contato físico entre o agente e a vítima. STJ. 5ª
Turma. HC 611.511/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 15/10/2020.
STJ. 6ª Turma. HC 478.310, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em 09/02/2021. (Info 685)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A irmã de vítima do crime de estupro de vulnerável responde por conduta omissiva
imprópria se assume o papel de garantidora.
Nota: Para que uma pessoa responda por um crime omissivo impróprio é preciso que, na
situação concreta, ela tivesse o dever legal de agir e, mesmo assim, deixou de atuar, o que
acabou auxiliando na produção do resultado delituoso e há três hipóteses legais acerca do
dever de agir: art. 13, §2°, do CP: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade
de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.”

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No caso concreto, a irmã assumiu a responsabilidade ao levar a criança para a sua casa sem a
companhia da genitora e criou risco da ocorrência do resultado ao não denunciar o agressor,
mesmo ciente de suas condutas, bem como ao continuar deixando a menina sozinha em casa.
STJ. 5ª Turma. HC 603.195-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/10/2020. (Info 681)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não há nenhuma nulidade quando o Juiz refuta o exame pericial não esclarecedor nos
crimes de estupro de vulnerável sem conjunção carnal, para, acolhendo as demais provas,
principalmente o depoimento da vítima e das testemunhas, concluir pela condenação do
réu, porque no sistema jurídico penal brasileiro vigora o princípio do “livre convencimento
motivado” do julgador.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no RHC 127.089/MG, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, julgado em 24/11/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


No crime sexual cometido durante vulnerabilidade temporária da vítima, sob a égide do
art. 225 do Código Penal com a redação dada pela Lei n. 12.015/2009, a ação penal pública
é condicionada à representação.
Nota: DIVERGÊNCIA -Em casos de vulnerabilidade da ofendida, a ação penal é pública
incondicionada, nos moldes do parágrafo único do art. 225 do CP. Esse dispositivo não fez
qualquer distinção entre a vulnerabilidade temporária ou permanente, haja vista que a
condição de vulnerável é aferível no momento do cometimento do crime, ocasião em que há
a prática dos atos executórios com vistas à consumação do delito. Em outras palavras, seja a
vulnerabilidade permanente ou temporária, no caso de estupro de vulnerável a ação penal é
sempre incondicionada. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1103678/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 26/02/2019.

ATENÇÃO: A discussão acima exposta existia antes da Lei nº 13.718/2018. Atualmente não
interessa mais, salvo para definir situações pretéritas. Isso porque a Lei 13.718/2018 alterou
a redação do art. 225 do CP e passou a prever que TODOS os crimes contra a dignidade
sexual são de ação pública incondicionada (sempre). Não há exceções!
REsp 1.814.770-SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 05/05/2020, DJe
01/07/2020. (Info 675 STJ)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. RHC 148.695/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonsenca, julgado em 17/08/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A conduta caracterizada como “beijo lascivo”, contra criança de 05 (cinco) anos de idade, se
subsome a prática do crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal.
Não é possível desclassificar essa conduta para a contravenção penal de molestamento (art.
65 do Decreto-Lei nº 3.668/41).
STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1/10/2019. (Info
954)

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) é geralmente associado à superioridade
hierárquica em relações de emprego, no entanto pode também ser caracterizado no caso de
constrangimento cometido por professores contra alunos.
STJ. 6ª Turma. REsp 1759135/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
13/08/2019 (Info 658).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é possível a desclassificação da figura do estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) para o
crime do art. 215-A do CP (importunação sexual). Isso porque o tipo penal do art. 215-A é
praticado sem violência ou grave ameaça e o delito do art. 217-A inclui a presunção absoluta
de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos.
STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.969/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/06/2019.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime previsto no inciso I do § 2º do artigo 218-B do Código Penal se consuma
independentemente da manutenção de relacionamento sexual habitual entre o ofendido e o
agente.
Nota: basta um único contato para configuração do crime. Além disso, o cliente pode ser punido
sozinho, ainda que não exista um proxeneta.
HC 371.633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, por unanimidade, julgado em 19/03/2019, DJe 26/03/2019. (Info 645)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


No artigo 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o
menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência.
Nota: imaturidade associada à má situação financeira o torna vulnerável.
HC 371.633-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, por unanimidade, julgado em 19/03/2019, DJe 26/03/2019. (Info 645)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A conduta consistente em manter casa para fins libidinosos, por si só, não mais caracteriza
crime, sendo necessário, para a configuração do delito, que haja exploração sexual, assim
entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a mercancia carnal.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.683.375-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/08/2018. (Info 631)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009. Assim,
em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada
mesmo após a Lei nº 12.015/2009.
STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/2/2018. (Info 892)

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15. CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código Penal, com
redação dada pela Lei nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese
prevista no seu § 1ºB, I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no
órgão de vigilância sanitária.

Nota: Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na
redação originária (reclusão, de 1 a 3 anos, e multa).
STF. Plenário. RE 979962/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 1003). (Info 1011)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


NÃO será possível aplicar para o réu que praticou o art. 273, § 1º-B do CP a causa de diminuição
prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, por ausência de previsão legal.
Nota: Divergências
Para a 5ª Turma: SIM, é possível. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1810273/SP, Rel.
Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 01/10/2019.
O § 1º-B foi inserido no art. 273 do CP por força da Lei 9.677/98. O objetivo do legislador foi o de
punir pessoas que vendem determinados “produtos destinados a fins terapêuticos ou
medicinais” e que, embora não se possa dizer que sejam falsificados, estão em determinadas
condições que fazem com que seu uso seja potencialmente perigoso para a população. A pena
prevista pelo legislador para o § 1º-B foi de 10 a 15 anos de reclusão. Ocorre que essa pena é
muito alta e, por conta disso, começou a surgir entre os advogados que militam na área a
constante alegação de que essa reprimenda seria inconstitucional por violar o princípio da
proporcionalidade. A tese foi acolhida pelo STJ? SIM. O STJ decidiu que o preceito secundário do
art. 273, § 1º-B, inciso V, do CP é inconstitucional por ofensa aos princípios da proporcionalidade
e da razoabilidade. O que o STF entende a respeito? O Plenário do STF ainda não se manifestou
sobre o tema. No entanto, existem precedentes da Corte em sentido contrário ao que decidiu o
STJ, ou seja, acórdãos sustentando que o § 1º-B do art. 273 é CONSTITUCIONAL (RE 829226 AgR,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/02/2015; RE 844152 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
02/12/2014). Para fins de concurso, você deve estar atento para o modo como a pergunta será
formulada. Se indagarem a posição do STJ, é pela inconstitucionalidade. Se perguntarem sobre o
STF, este possui precedentes sustentando que o art. 273, § 1º-B, do CP é constitucional. Caso o
enunciado não diga qual dos dois entendimentos está sendo exigido, assinale a posição STJ
porque esta foi divulgada em Informativo e é mais conhecida. STJ. Corte especial. AI no HC
239363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2015 (Info 559). STJ. 5ª Turma. AgRg
no AREsp 1192979/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/12/2018.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1740663/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/06/2019.

16. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A empresa ostensiva, ou seja a importadora aparente, que não indica o verdadeiro importador
das mercadorias pratica o delito tipificado no art. 299 do Código Penal (falsidade ideológica).
Nota: demais, considera-se como local da infração a sede fiscal da pessoa jurídica responsável
pela inserção, na Declaração de Importação, de seu nome como importadora ostensiva,
sabedora de que o real importador é outro.
STJ. 3ª Seção. AgRg no CC 175.542/PR, Rel. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/02/2021

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Na falsidade ideológica, o termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão
punitiva é o momento da consumação do delito (e não o momento da eventual reiteração de
seus efeitos).
Nota: A falsidade ideológica é crime formal e instantâneo, cujos efeitos podem se protrair no
tempo.
STJ. 3ª Seção. RvCr 5233-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/05/2020 (Info 672).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Adulterar placa de veículo reboque ou semirreboque não configura o crime do art. 311 do CP.
STJ. 6ª Turma. RHC 98058-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/09/2019 (Info 657).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para tipificar o crime do art. 291 do CP, basta que o agente detenha a posse de petrechos
destinados à falsificação de moeda, sendo prescindível que o maquinário seja de uso exclusivo
para esse fim.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.758.958-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/09/2018. (Info 633)

17. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A conduta de ingressar em estabelecimento prisional com chip de celular não se subsome ao
tipo penal previsto no art. 349-A do Código Penal.
Nota: Cuidado para não confundir: A posse de chip de telefone celular pelo preso, dentro de
estabelecimento prisional, configura falta disciplinar de natureza grave, ainda que ele não esteja
portando o aparelho (STJ. 5ª Turma. HC 260122-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
21/3/2013).
STJ. 5ª Turma. HC 619776/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/04/2021 (Info 693).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime de exercício arbitrário das próprias razões é formal e consuma-se com o emprego
do meio arbitrário, ainda que o agente não consiga satisfazer a sua pretensão.

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Nota: Na doutrina, há posição de que o crime é material (Nelson Hungria e Mirabete, por
exemplos): Se o agente não conseguiu o resultado pretendido, ele não fez justiça pelas
próprias mãos. Logo, o delito não se consumou.

Entretanto, para o STJ, o tipo penal afirma que o sujeito age “para satisfazer” a sua pretensão
sendo, então, suficiente, para a consumação do delito, que o agente tenha praticado atos
para fazer justiça com as próprias mãos, ainda que não tenha conseguido.
FRISA-SE QUE NÃO É NECESSÁRIO QUE O AGENTE TENHA ATINGIDO EFETIVAMENTE O SEU
OBJETIVO. E, POR FIM, RESSALTA-SE QUE A SATISFAÇÃO, SE OCORRER, CONSTITUI MERO
EXAURIMENTO DA CONDUTA.

STJ. 6ª Turma. REsp 1.860.791, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/02/2021. (Info 685)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Aquele que compra o prestígio de alguém que alegava ter influência junto a órgão público para
impedir um ato de fiscalização, apesar de praticar ato antiético e imoral, não comete nenhum
ilícito se, ao fim e ao cabo, é enganado e não obtém o resultado esperado.
STJ. 5ª Turma. RHC 122.913, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime do art. 359-C do CP é próprio considerando que somente pode ser sujeito ativo do
delito o agente público que tenha poderes para contrair obrigação em nome do ente que
representa.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.415.425-AP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 19/09/2019. (Info 657)

17.1 Crimes Diversos

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para tipificação do art. 317 do Código Penal - corrupção passiva -, deve ser demonstrada a
solicitação ou recebimento de vantagem indevida pelo agente público, não configurada
quando há mero ressarcimento ou reembolso de despesa.
Nota: Não comete crime o médico do SUS que cobra do paciente um valor pelo fato de utilizar,
na cirurgia, a sua máquina particular de videolaparoscopia (que não é oferecida na rede
pública).

STJ. 5ª Turma. HC 541.447-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/09/2021 (Info 709).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato, foi recepcionada
pela Constituição de 1988.

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Nota: De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do


Supremo Tribunal Federal, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e, em casos de
grave abuso, é legítima a utilização do direito penal para a proteção de outros interesses e
direitos relevantes.
STF. Plenário. ADPF 496, Rel. Roberto Barroso, julgado em 22/06/2020. (Info 992)
Mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/03/2018. (Info 894)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem indevida para interceder
junto a diretor da Petrobrás com o intuito de que fazer com que a empresa faça acordo com
empresa privada e pague a ela determinadas quantias em atraso.
Nota: o julgado trouxe novo entendimento indo ao encontro do julgado STJ 6ª Turma no Resp
1745410, de 02/10/2018 (Informativo 635).
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020. (Info 981)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Configura o crime de peculato-desvio o fomento econômico de candidatura à reeleição por
Governador de Estado com o patrimônio de empresas estatais.
REsp 1.776.680-MG, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 11/02/2020, DJe 21/02/2020. (Info 666-
STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O administrador que desconta valores da folha de pagamento dos servidores públicos para
quitação de empréstimo consignado e não os repassa a instituição financeira pratica peculato-
desvio, sendo desnecessária a demonstração de obtenção de proveito próprio ou alheio,
bastando a mera vontade de realizar o núcleo do tipo.
APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, por maioria, julgado em
06/11/2019, DJe 04/02/2020. (Info 664, STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Deputado Federal que recebe propina para apoiar permanência de diretor de estatal comete
crime de corrupção passiva.
STF. 1ª Turma. Inq 3515/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019. (Info 955).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O diretor de organização social pode ser considerado funcionário público por equiparação para
fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as organizações sociais que celebram contratos
de gestão com o Poder Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos
do art. 327, § 1º do CP.
Nota: São considerados funcionários públicos para fins penais: Diretor de organização social STF.
1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).

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Administrador de Loteria STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 11/09/2018. Advogados dativos STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). Médico de hospital particular
credenciado/conveniado ao SUS (após a Lei 9.983/2000) STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1101423/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/11/2012. Estagiário de órgão ou
entidade públicos STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
25/06/2012.
STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/09/2018. (Info 915)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Pratica corrupção passiva o Deputado que concede apoio político à permanência de Diretor
da Petrobrás em troca do recebimento de propina.
STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018. (Info 904)

17.2 Descaminho

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para aplicação da majorante prevista no art. 334, § 3º, do Código Penal, é necessária a
condição de clandestinidade.
Nota:
A majorante somente pode ser aplicada quando houver uma maior reprovabilidade da
conduta, caracterizada pela atuação do imputado no sentido de dificultar a fiscalização
estatal, por meio da clandestinidade.
Em sentido contrário: STJ e 1ª Turma do STF: NÃO.
O art. 334, § 3º, do Código Penal prevê a aplicação da pena em dobro se “o crime de
contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo”.
Se a lei não faz restrições quanto à espécie de voo que enseja a aplicação da majorante, não
cabe ao intérprete restringir a aplicação do dispositivo legal, sendo irrelevante que o
transporte seja clandestino ou regular.
STJ. 5ª Turma. HC 390.899/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/11/2017.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1850255/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
26/05/2020.
O art. 334, § 3º, do CP, ao versar sobre o aumento da sanção nos casos de descaminho
praticado
em transporte aéreo, não distingue os casos de voos clandestinos ou regulares.
STF. 1ª Turma. HC 169846, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/11/2019.
STF. Plenário. HC 162553 AgR/CE, relator Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/9/2021
(Info 1030).
Em sentido contrário: STJ e 1ª Turma do STF

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda


que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta.
STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018. (Info 635)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior constituição
do crédito tributário para a configuração do crime de descaminho (art. 334 do CP), tendo em
conta sua natureza formal.
STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2018. (Info 904)

17.3 Contrabando (Art. 334 A)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Configura CONTRABANDO (e não descaminho) a conduta de importar, à margem da disciplina
legal, arma de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola.
Não é possível aplicar o princípio da insignificância mesmo que a arma de ar comprimido
importada seja de calibre inferior a 6 mm, já que este postulado é incabível para contrabando.
STF. 2ª Turma. HC 131943/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 7/5/2019. (Info 939)
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. REsp 1428628/RS, julgado em 28/04/2015/STJ. 6ª Turma. REsp 1.427.726-RS, julgado em
14/10/2014.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito
previsto no art. 334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria estrangeira,
permitida pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de pagamento de
imposto de importação.
STJ. CC 159.680-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 08/08/2018, DJe 20/08/2018.

17.4 Denunciação Caluniosa (Art.339)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se, em razão da comunicação falsa de crime, houve a instauração de inquérito policial, sendo
a falsidade descoberta durante os atos investigatórios nele realizados, o delito cometido é o
de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP. O fato de o indivíduo apontado
falsamente como autor do delito inexistente não ter sido indiciado no curso da investigação
não é motivo suficiente para desclassificar a conduta para o crime do art. 340.
STJ. 6ª Turma. REsp 1482925-MG, Rel. Min. Sebastião Reis, julgado em 6/10/2016. (Info 592)

17.5 Conceito de Funcionário Público e Causa de Aumento do Art. 327§2° do CP

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Resumão: São considerados funcionários públicos para fins penais: Diretor de organização social
STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
Administrador de Loteria STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 11/09/2018. Advogados dativos STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). Médico de hospital particular
credenciado/conveniado ao SUS (após a Lei 9.983/2000) STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1101423/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/11/2012. Estagiário de órgão ou
entidade públicos STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
25/06/2012.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A causa de aumento do art. 327, § 2º, do CP não se aplica para autarquias.
Nota: Isso porque o dispositivo legal menciona apenas órgãos, sociedade de economia mista,
empresas públicas e fundações.
STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019. (Info 950)

18. OUTROS CRIMES DO CÓDIGO PENAL E LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A contratação de detetive particular não é suficiente para justificar ação penal por
perturbação da tranquilidade.

STJ. 5ª Turma. RHC 140114/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Comete crime de desobediência o indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial de
justiça na ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo.
Nota: a Lei afirma expressamente que a aplicação da multa ocorre sem prejuízo de
responsabilização na esfera penal.
STF. 1ª Turma. HC 169417/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/4/2020. (Info
975)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O porte de arma branca é conduta que permanece típica na Lei das Contravenções Penais, art.
19, não havendo que se falar em violação ao princípio da intervenção mínima ou da legalidade.
RHC 56.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 10/03/2020, DJe 26/03/2020. (Info 668-
STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A materialidade do delito de incêndio deve ser comprovada, em regra, mediante exame
de corpo de delito, podendo ser suprida por outros meios caso haja uma justificativa para
a não realização do laudo pericial.

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Nota: conforma autoriza o art. 167 do CPP.

HC 136964/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.2.2020. (HC-136964)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Mero fato de o Ministro ter pedido vista do processo sem saber que estava impedido,
devolvendo na sessão seguinte e declarando seu impedimento, não configura indício de que ele
tenha praticado tráfico de influência (art. 332, caput, do Código Penal).
STF. 1ª Turma. Inq 4075/DF, rel orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/9/2019. (Info
951)

19. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (LEI 7.492/86)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O delito do art.19 da lei 7.492/86, "obter mediante fraude financiamento em instituição
financeira não exige, para a sua configuração, efetivo ou potencial abalo ao Sistema Financeiro
Nacional.
TJ. 5ª Turma. gRg no AgRg no AREsp 1642491/SP, Rel Min. Joel Ilan, julgado em 19/05/2020.
Mesmo sentido: STJ. 3ª Seção. CC 161707/MA, Rel Min. Joel Ilan, julgado em 12/12/2018

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal julgar a conduta de réu que faz oferta pública de contrato de
investimento coletivo em criptomoedas sem prévia autorização da CVM.
Nota: Se a denúncia imputa a oferta pública de contrato de investimento coletivo (sem prévio
registro), não há dúvida de que incide as disposições contidas na Lei nº 7.492/86 (Lei de Crimes
contra o Sistema Financeiro), especialmente porque essa espécie de contrato caracteriza valor
mobiliário, nos termos do art. 2º, IX, da Lei nº 6.385/76. Logo, compete à Justiça Federal apurar
os crimes relacionados com essa conduta. Compete à Justiça Federal julgar crimes relacionados
à oferta pública de contrato de investimento coletivo em criptomoedas.
STJ. 6ª Turma. HC 530563-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/03/2020 (Info 667).

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A aplicação financeira realizada por meio da aquisição de cotas de fundo de investimento no
exterior sem que isso seja declarado ao BACEN configura o crime do art. 22, parágrafo único,
parte final, da Lei nº 7.492/86
STJ. 5ª Turma. AREsp 774.523-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/05/2019. (Info 648)

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A simulação de consórcio por meio de venda premiada, operada sem autorização do Banco
Central do Brasil, configura crime contra o sistema financeiro, tipificado pelo art. 16 da Lei
nº 7.492/86, o que atrai a competência da Justiça Federal.
STJ. 3ª Seção. CC 160.077-PA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018. (Info 637)

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20. RACISMO (LEI 7.716/89)

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A lei nº 7.716/89 pode ser aplicada para punir as condutas homofóbicas e transfóbicas.
Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os
mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da
República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem
aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem
expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por
identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de
incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese
de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código
Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”).
Nota: o conceito de racismo é construção social. Julgado muito importante. Recomenda-se
a leitura completa.
STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 13/6/2019. (Info 944)

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Palestra proferida por Bolsonaro com críticas aos quilombolas e estrangeiros não
configurou racismo
Nota: O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no auditório de determinado
clube e ali fez críticas e comentários negativos a respeito dos quilombolas e também de povos
estrangeiros. No trecho mais questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um
quilombola em El Dourado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas.
Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de
reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais material em implementos
agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxada,
pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que? Porque eles
revendem tudo baratinho lá. Não querem nada com nada.”
O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime de racismo (art. 20 da
Lei nº 7.716/89). As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão
prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de também estarem cobertas pela imunidade
parlamentar (art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação,
supressão ou eliminação dos quilombolas ou dos estrangeiros.
O pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de demarcação e proveito
econômico das terras e configuram manifestação política que não extrapola os limites da
liberdade de expressão. Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas
com a sua função de parlamentar. Inclusive, o convite para a palestra se deu em razão do
exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua visão geopolítica e econômica do
País. Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra com os

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pronunciamentos do parlamentar na Câmara dos Deputados, de sorte que incide a imunidade


parlamentar.
STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018. (Info 915)

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A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. Assim,
é possível, a depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime
de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/89) por ter proferido discursos de ódio público
contra outras denominações religiosas e seus seguidores.
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893).

21. CRIMES NO ECA

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Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e
compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil.
Nota: Isso porque o cometimento de um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela
prática do outro. No entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada
caso, quando as duas condutas guardem, entre si, uma relação de meio e fim estreitamente
vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo de dependência entre a sucessão de
fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é absolutamente
autônomo, sem relação de subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos,
em concurso material. A distinção se dá em cada caso, de acordo com suas especificidades.
STJ. 6ª Turma. REsp 1579578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).

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O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente é ínsito ao crime descrito no art. 241-A da Lei n.
8.069/1990, não sendo justificável a exasperação da pena-base a título de conduta social
ou personalidade.
REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por maioria, julgado em 04/02/2020, DJe 17/02/2020. (Info 666-
STJ)

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O delito do art. 240 do ECA é classificado como crime formal (consumação antecipada),
comum, de subjetividade passiva própria (criança ou adolescente), consistente em tipo
misto alternativo.
Obs: Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.
STJ. 5ª Turma. PExt no HC 438.080-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/08/2019. (Info 655)

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É válida a extinção de medida socioeducativa de internação quando o juízo da execução,
ante a superveniência de processo-crime após a maioridade penal, entende que não restam
objetivos pedagógicos em sua execução.
HC 551.319-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe 18/05/2020. (Info 672-STJ)

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Tratando-se de medida socioeducativa aplicada sem termo, o prazo prescricional deve ter
como parâmetro a duração máxima da internação (3 anos), e não o tempo da medida, que
poderá efetivamente ser cumprida até que o socioeducando complete 21 anos de idade.
AgRg no REsp 1.856.028-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe
19/05/2020. (Info 672-STJ)

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A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,
enquanto não atingida a idade de 21 anos.
Terceira Seção, aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018. (Info 620)
STJ.SÚMULA N. 605

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