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SUMÁRIO
EMENDATIO LIBELLI ....................................................................................... 3

MUTATIO LIBELLI ............................................................................................ 4

REFORMATIO IN PEJUS .................................................................................. 5

PRICÍNPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................... 6

INTER CRIMINIS ............................................................................................... 8

TENTATIVA ..................................................................................................... 10

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA X ARREPENPIMENTO EFICAZ ..................... 13

ARREPEDIMENTO POSTERIOR .................................................................... 15

CRIME IMPOSSÍVEL ....................................................................................... 17

ERRO DE TIPO................................................................................................ 21

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EMENDATIO LIBELLI

 Art. 383 CPP.


 Sentença tem que guardar relação com os fatos descritos na denúncia –
PRINCÍPIO DA CORRELÇAO - deve haver correspondência entre as
condutas que são consideradas pelo magistrado e aquelas que foram
expressamente imputadas.
 O fato está descrito na acusação (peça acusatória)
 O juiz ao proferir a sentença, sem qualquer modificação dos fatos
descritos na denúncia, dá definição jurídica diversa. (Definição jurídica é
alterada pelo juiz)
 Não depende de aditamento.
 Pode ocorrer em qualquer grau da jurisdição.
 Não há modificação do fato.
 Viabiliza a suspensão condicional do processo e alteração da
competência. (Súmula 337 STJ).

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MUTATIO LIBELLI

 Art. 384 CPP.


 Cabendo nova definição, encerrada a instrução, em consequência de
provas existente nos autos:
1. MP deverá aditar a denúncia ou queixa – prazo de 15 dias – reduzir
a termo o aditamento. (Depende de aditamento)
 O fato não está presente na acusação.
 A definição jurídica é alterada pelo MP, por consequência de alteração
fática.
 Não pode ocorrer em grau recursal – SÚMULA 453 STJ.
 É possível que ocorra a suspensão condicional do processo e alteração
da competência.

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REFORMATIO IN PEJUS

 Não é possível o tribunal reformar a decisão para piorar a situação do


réu, sem que o MP tenha colaborado. Consiste no agravamento da
situação jurídica do réu em face de recurso interposto exclusivamente
pela defesa.
 Pode ser classificada em:
1. REFORMATIO IN PEJUS DIRETA - Corresponde ao agravamento da
situação do réu, pelo próprio tribunal, ao julgar o recurso exclusivo da
defesa. Sempre proibida – Art. 617 CPP. Ex.: Réu condenado a 10 anos
de reclusão – interpõem apelação requerendo sua absolvição – ao julgar
o recurso, o Tribunal indefere o pleito absolutório e aumenta a pena para
15 anos – julgamento será NULO, pois agravou a pena imposta ao réu
sem que tenha havido recurso do MP - reformatio in pejus direta.
2. REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA – ocorre na hipótese em que,
anulada a sentença por força de recurso exclusivo da defesa, outra vem
a ser interposta, agora impondo pena superior, ou regime mais rigoroso,
ou o agente venha a ser condenado por crime mais grave, ou venha a
ser reconhecida circunstância que torne o fato mais gravoso ao
acusado. Ex.: Réu condenado a 10 anos de reclusão – recorre
invocando nulidade do processo – MP não apela da decisão para
aumentar a pena – o Tribunal acolhe o recurso da defesa – dá
provimento – determina a renovação dos atos processuais – a nova
sentença não poderá agravar a situação do réu.

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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

 Gera atipicidade da conduta.

 Tese de direito material.

 Tipicidade (fato penalmente típico) = tipicidade formal (adequação típica)


+ tipicidade material (tutela dos bens jurídicos relevantes) - Tanto na
hipótese de insignificância da conduta (ausência de ofensa significativa
ao bem jurídico protegido pela norma) quanto na hipótese de adequação
social da conduta (tolerância da sociedade frente a uma conduta que é
tipificada como crime), há exclusão do fato típico, eis que não haverá
tipicidade material.

 Causa de exclusão da tipicidade.

 Requisitos da insignificância (STF/STJ):

1. Mínima ofensividade da conduta do agente;

2. Nenhuma periculosidade social da ação;

3. Reduzido grau de reprovabilidade (conduta minimamente reprovável)

4. Inexpressividade da lesão jurídica provocada – valor = 10% do salário


mínimo vigente à época dos fatos.

 NÃO CABE PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PARA CRIMES


PRATICADOS COM VIOLÊNCIA (EX.: Roubo)

 A INSIGNIFICÂNCIA PODERÁ SER APLICADA AOS REINCIDENTES


CONFORME ANÁLISE DO CASO CONCRETO (STF/STJ)

 DESCAMINHO – Art. 334 CP – Art. 20 lei 10522/2002 – se aplica a


insignificância desde que o valor do tributo iludido não superar a R$
20,000,00. Portaria 75/2012 do Ministério da Fazenda.

 Consequências:

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1. Causas de extinção da tipicidade

2. Atipicidade material

 Resposta a acusação – absolvição sumária – Art. 397, III, CPP.

 Memorias/Apelação – absolvição – Art. 386, III CPP.

 Não cabe insignificância:

1. Crimes de violência contra a mulher

2. Crimes contra a administração pública – SÚMULA 589 STJ.

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INTER CRIMINIS

 Caminho do crime.

 Exclusão da tipicidade – fato atípico.

 Tese de direito material.

 Fases:

1. Cogitação – fase interna – agente idealiza internamente a prática


delituosa - nessa fase, por mais hediondo que seja o crime cogitado, não
pode haver punição ao autor do pensamento criminoso, sendo assim
inimputável.

2. Atos preparatórios – fase externa – agente exterioriza sua vontade –


prepara o cenário do crime – mas não dá início a execução – REGRA:
os fatos não constituem crime – ATIPICIDADE DA CONDUTA. EX.:
compra de uma arma de fogo para a prática do crime de homicídio. Via
de regra, não será punido.

 EXCEÇÕES: (atos preparatórios = crime autônomos = aquele que


tem conexão com o fundamental ou básico, mas descreve um crime
independente, com elementares próprias,)

A. Associação criminosa – Art. 288 CP – só o fato de ocorrer a


associação de 3 ou mais pessoas já configura o crime.

B. Falsificação de moeda – Art. 299 CP – o simples fato de possuir


uma máquina de falsificação já configura crime.

3. Execução – fase externa - já se fala em crime – na modalidade tentada.


O agente pratica a ação descrita no tipo penal, ainda que não venha a
consumar o delito. (Agente dá início ao ato executório) – Art. 14, II, CP –
tentativa.

4. Consumação – todas as fases estão completas – reúnem-se todos os


elementos do tio penal.

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Resposta acusação – Absolvição sumária – Art. 397, III CPP.

Memorias/Apelação – Absolvição – Art. 386, III, CPP.

Procedimento do Júri – Memoriais e RESE – Absolvição sumária –


Art.415, III, CPP.

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TENTATIVA

 Art. 14, II CP.

 Tese de direito material.

 Nos crimes tentados, por não haver sua consumação (ocorrência de


resultado naturalístico), não estarão presentes, em regra, os elementos
“resultado” e “nexo de causalidade”.

 O agente dá início a execução, mas não consuma o delito por


circunstâncias alheias à sua vontade.

 A tentativa pode ser:

1. Tentativa perfeita – O agente esgota completamente os meios de que


dispunha para lesar o objeto material;

2. Tentativa imperfeita – O agente, antes de esgotar toda a sua


potencialidade lesiva, é impedido por circunstâncias alheias. EX:
Marcelo possui um revólver com 06 projéteis. Dispara os 03 primeiros
contra Rodrigo, mas antes de disparar o quarto é surpreendido pela
chegada da Polícia Militar.

 Consequências:

1. Causa de diminuição da pena de1/3 a 2/3 – quanto mais distante da


consumação, maior será a diminuição – portanto, a fração de 2/3 é a
mais benéfica.

 Em regra, todos os crimes admitem tentativa. Entretanto, não admitem


tentativa:

1. Crime culposo - Nestes crimes o resultado naturalístico não é querido


pelo agente, logo, a vontade dele não é dirigida a um fim ilícito e,
portanto, não ocorrendo este, não há que se falar em interrupção
involuntária da execução do crime;

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2. Crime preterdoloso – (lesão corporal seguida de morte) –dolo na
conduta e culpa no resultado – morte é um resultado involuntário. A
conduta seguinte é culposa, não se admitindo, portanto, tentativa;

3. Contravenção penal – Não admite tentativa – Art. 4, decreto 3688/41;

4. Crimes omissivo próprios – (crimes de mera conduta) - o agente se


omite, e pratica o crime na modalidade consumada ou não se omite,
hipótese na qual não comete crime. EX.: Omissão de socorro.

5. Crime Unissubsistente – consumação ocorre no início do ato. São


aqueles que se produzem mediante um único ato, não cabendo
fracionamento de sua execução. Assim, ou o crime é consumado ou
sequer foi iniciada sua execução. EXEMPLO: Injúria. Ou o agente
profere a injúria e o crime está consumado ou ele sequer chega a
proferi-la, não chegando o crime a ser iniciado;

6. Crimes habituais - Nestes crimes, o agente deve praticar diversos atos,


habitualmente, a fim de que o crime se consume. Entretanto, o problema
é que cada ato isolado é um indiferente penal. Assim, ou o agente
praticou poucos atos isolados, não cometendo crime, ou praticou os atos
de forma habitual, cometendo crime consumado. EX.: Crime de
curandeirismo, no qual ou o agente pratica atos isolados, não praticando
crime, ou o faz com habitualidade, praticando crime consumado, nos
termos do art. 284, I do CP. Exercício ilegal da medicina.

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DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA X ARREPENDIMENTO EFICAZ

 Art. 15 CP

 Ocorre no início da execução.

 Não consumação por vontade própria:

1. Pôr o agente ter desistido

2. Por ter se arrependido.

 Agente responde pelos atos praticados.

 Causa de excludente de tipicidade - pois n‹o tendo ocorrido o resultado,


e também não tratando de hipótese tentada, não há como se punir o
crime nem a título de consumação nem a título de tentativa.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

 O crime não se consuma por vontade do agente;

 Agente dá início aos atos executórios;

 Não se esgotam, os meios executórios;

 Agente interrompe os atos executórios;

 Desiste de prosseguir na execução, mesmo podendo ir adiante (desiste


antes da consumação do resultado).

 Agente, por ato voluntário, desiste de dar sequência aos atos


executórios, mesmo podendo fazê-lo.

 FORMÚLA DE FRANK:

Na tentativa o agente quer, mas não pode prosseguir.


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Na desistência voluntária o agente pode, mas não quer
prosseguir.

Para que fique caracterizada a desistência voluntária é necessário


que o resultado n‹o se consume em razão da desistência do
agente.

 EX.: Agente que viola domicílio, com a intenção de subtrair objetos, mas
se evade do local sem nada levar, responderá por INVASÃO DE
DOMICÍLIO (Art. 150 CP)

 EX.: Se Poliana dispara um tiro de pistola em Jackson e, podendo


disparar mais cinco, não o faz, mas este mesmo assim vem a falecer.
Poliana responde por homicídio consumado (Art. 121 CP). Se, no
entanto, Jackson n‹o vem a óbito, Poliana não responde por homicídio
tentado, pois na desistência voluntária não cabe a tentativa.
Respondendo, portanto. Por LESÃO CORPORAL (Art. 129 CP).

ARREPENDIMENTO EFICAZ

 Processo de execução encerrado.

 Esgotam-se os meios executórios.

 A fase de execução se completa.

 Agente se arrepende e pratica uma conduta ativa para evitar o resultado.

 Ocorre antes da consumação, evitando o resultado.

 Agente responde pelos atos praticados.

 Se o arrependimento não for eficaz, o agente responde pelo delito


cometido.

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 O agente já praticou todos os atos executórios que queria e podia, mas
após isto, se arrepende do ato e adota medidas que acabam por impedir
a consumação do resultado.

 EX.: Poliana dispara todos os tiros da pistola em Jackson. Depois disso,


se arrepende do que fez e providencia o socorro de Jackson, que
sobrevive em razão do socorro prestado – ARREPENDIMENTO
EFICAZ.

 Para que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz


ocorram, é necessário que a conduta impeça a consumação do
resultado. Se o resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente
responde pelo crime, incidindo, no entanto, uma atenuante de pena
genérica, prevista no art. 65, III, b do CP.

 Há desistência voluntária quando o agente deixa de prosseguir na


execução para fazê-la mais tarde, por qualquer motivo, por
exemplo, para não levantar suspeitas.

 Se o crime for cometido em concurso de pessoas e somente um


deles realiza a conduta de desistência voluntária ou
arrependimento eficaz, esta circunstância se comunica aos demais,
pois como se trata de hipótese de exclusão da tipicidade, o crime
não foi cometido, respondendo todos apenas pelos atos praticados
até então.

 Tese de direito material.

 Se os atos não constituírem crime ABSOLVIÇÃO:

1. Resposta a Acusação – ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – ART. 397, III,


CPP.

2. Memoriais/apelação – ABSOLVIÇÃO – Art. 386, IIII, CPP.

3. Procedimento do júri – Memoriais/RESE – Art. 415, IIII, CPP.

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ARREPENDIMENTO POSTERIOR

ARREPENDIMENTO EFICAZ ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Art. 15 CP Art. 16 CP

Ocorre antes da consumação. Ocorre após a consumação do


delito até o recebimento da
denúncia.

Incide em crimes praticados se


violência ou grave ameaça.

Causa de diminuição de pena de


1/3 a 2/3.

Tese subsidiária.

 Tese de direito material – EXTINGUE A PUNIBILIDADE.

 Manifestação do arrependimento (pode ocorrer até o recebimento da


denúncia) (se ocorrer após atenua a pena Art. 65, III, b, CP):

1. Reparação do dano;

2. Restituição da coisa.

 Se o agente reparar o dano ou restituir a coisa até o a sentença


irrecorrível – EXTINÇÃO DA PENA.

 O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o crime, pois este já
se consumou, mas é causa obrigatória de diminuição da pena.

 EX.: Vigia que deixa a porta aberta, por ter pego no sono. Terceiro entra
e subtraí determinado objeto. O vigia contribuiu culposamente para o furto –
responderá por PECULATO CULPOSO. Se reparar o dano –EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE.

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 EX.: Imagine o crime de dano (art. 163 do CP), no qual o agente quebra
a vidraça de uma padaria, revoltado com o esgotamento do pão francês
naquela tarde. Nesse caso, se antes do recebimento da queixa o agente
ressarcir o prejuízo causado, ele responderá pelo crime, mas a pena aplicada
deverá ser diminuída de um a dois terços.

 Se a reparação ocorrer após o recebimento da denúncia/queixa – NÃO


CABE O ARREPENDIMENTO POSTERIOR – pena é atenuada Art. 65, III, b,
CP.

 EXCEÇÕES:

1. Peculato Culposo – Art. 312, § 3º CP – reparação do dano até a


sentença irrecorrível – extinta a punibilidade. Depois da sentença
irrecorrível redução da pena pela metade.

2. Estelionato por pagamento de cheque – Súmula 554 STF – reparação


antes da denúncia – extinção da punibilidade.

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CRIME IMPOSSÍVEL

 Art. 17 CP

 O instrumento utilizado para o delito será impossível de gerar o


resultado. Agente não atinge a consumação.

 Ocorre no início da execução por:

1. Ineficácia absoluta do meio;

2. Improbidade absoluta do objeto.

 Atipicidade da conduta.

 Tese de direito material.

 Consequência:

1. Resposta a Acusação – Absolvição sumária – Art. 397, III, CPP.

2. Memoriais/Apelação – Absolvição – Art.386, III, CPP.

3. Procedimento do Júri – Memoriais/RESE – absolvição sumária – Art.


415, III, CPP.

TENTATIVA CRIME IMPOSSÍVEL

Art. 14, II, CP. Art. 17 CP.

O agente inicia a execução do crime, O agente inicia a execução do delito,


mas por circunstâncias alheias à sua JAMAIS o crime se consumaria, em
vontade o resultado não se consuma. hipótese nenhuma, ou pelo fato de
que o meio utilizado ser
completamente ineficaz ou porque o
objeto material do crime é impróprio
para aquele crime.

 EX.: Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra Maria. Marcelo
chega na surdina, de noite, e percebendo que Maria dorme no sofá, desfere

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contra ela 10 facadas no peito. No entanto, no laudo pericial se descobre que
Maria já estava morta, em razão de um mal súbito que sofrera horas antes.
Nesse caso, o crime é impossível, pois o objeto material (a sogra, Maria)
não era uma pessoa, mas um cadáver. Logo, não há como se praticar o
crime de homicídio em face de um cadáver.

 EX.: Imagine que Marcelo pretenda matar sua sogra a tiros e,


surpreenda-a na servidão que dá acesso à casa. Entretanto, quando Marcelo
aperta o gatilho, percebe que, na verdade, foi enganado pelo vendedor, que o
vendeu uma arma de brinquedo. Nesse último caso o crime é impossível,
pois o meio utilizado por Marcelo é completamente ineficaz para causar a
morte da vítima.

INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO

 Guarda relação com o meio de execução ou instrumento utilizado pelo


agente, que por sua natureza, será incapaz de produzir qualquer resultado.
EX.: Arma defeituosa utilizada para, matar a vítima.

IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO

 Guarda relação com o objeto material, compreendendo a pessoa ou


coisa sobre o qual recai a conduta do agente. EX.: Pessoa que já está morta,
ao ser acertada com disparos, na intenção de provocar sua morte.

CUIDADO! A ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto devem ser


ABSOLUTAS, ou seja, em nenhuma hipótese, considerando aquelas
circunstâncias, o crime poderia se consumar. Assim, se Márcio atira em José
com a intenção de mata-lo, mas o crime não se consuma porque José usava
um colete a prova de balas, não há crime impossível, pois, o crime poderia se
consumar.

JURISPRUDÊNCIA - O STJ já decidiu que a presença de câmeras e


dispositivos eletrônicos de segurança em estabelecimentos comerciais não
afasta a possibilidade de consumação do crime de furto. Assim, se o agente
tenta sair do local com um produto escondido (furto), mas for detido pelos
seguranças não há crime impossível, pois havia uma possibilidade, ainda que

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pequena, de que ele conseguisse burlar o sistema e causar o prejuízo ao bem
jurídico tutelado (patrimônio do estabelecimento).

 A impossibilidade de punição da tentativa inidônea (crime impossível),


diz-se que o CP adotou a teoria OBJETIVA DA PUNIBILIDADE DO
CRIME IMPOSSÌVEL.

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ERRO DE TPO

 Art. 20, caput, CP.

 Erro sobre a elementar constitutiva do tipo.

 Falsa percepção da realidade – desenvolver conduta/vontade consciente


em relação a todos os elementos do tipo.

 Agente não sabe que está praticando conduta típica.

 ERRO – é um falso ou equivocado sentimento acerca da realidade.

 Exemplo: Você vai à feira e compra um tomate pensando que está


comprando uma maçã, você cometeu um erro, pois você teve um sentimento
equivocado da realidade.

 TIPO – na esfera penal, são os elementos que compõem o fato


incriminador, de modo que a ausência destes elementos implicaria na
inexistência do crime.

 Exemplo: art. 121. CP. “Matar alguém ”. Os elementos do tipo são


‘matar’ e ‘alguém’. O ‘alguém’ refere-se à pessoa humana, logo, se eu matar
um animal, eu não pratico o crime previsto neste artigo.

 O erro de tipo pode ser:

1. INVENCÍVEL/INEVITÁVEL/ESCUSÁVEL – sujeito não tinha como saber


que estava errando – qualquer pessoa na mesma circunstância erraria.
Quando o agente atua ou se omite, sem ter consciência da ilicitude do
fato em situação na qual não é possível lhe exigir que tenha esta
consciência. Excluí o dolo e a culpa – fato atípico (não há conduta
típica)

Ex.: caçador que, em selva densa, à noite, avista vulto vindo em sua
direção e dispara sua arma em direção ao que supunha ser um animal
bravio, matando outro caçador que passava pelo local.

2. VENCÍVEL/EVITÁVEL/INESCUSÁVEL - erro poderia ter sido evitado. O


agente responde pelo crime na modalidade culposa desde que haja

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previsão. Ocorre quando pode ser evitado pela observância de cuidado
objetivo pelo agente, ocorrendo o resultado por imprudência ou
negligência. Exclusão do dolo – agente responde pela forma culposa
prevista em lei. Se não existir modalidade culposa – fato atípico –
ausência de previsão legal.

Exemplo: caçador que, percebendo movimento atrás de uma moita,


dispara sua arma de fogo sem qualquer cuidado, não verificando tratar-se
de homem ou de um bicho (animal), matando outro caçador que lá se
encontrava. (Agente responderá por homicídio doloso).

 Consequências:

1. Resposta a Acusação – Absolvição Sumária – Art. 397, III, CPP.

2. Memoriais/Apelação – Absolvição – Art. 386, III, CPP.

3. Procedimento do júri – Memoriais/RESE – Absolvição sumária – Art.


415, III, CPP.

ERRO ACIDENTAL

 Não excluí o dolo.

 Recai sobre os elementos secundários do tipo.

 O agente tem a vontade de praticar o tipo penal e, de fato, pratica.


Contudo, confunde ou se engana quanto ao objeto material por ele visado,
atingindo objeto diverso. Logo, em razão de uma percepção equivocada sobre
o objeto material pretendido, no momento da execução atinge objeto diverso,
devido à confusão.

 Pode ser sobre objeto material ou sobre a coisa ou pessoa.

 Se divide em:

1. ERRO SOBRE O OBJETO - o agente supõe que sua conduta recai


sobre determinada coisa, sendo que na realidade ela incide sobre outra. O erro
aqui é irrelevante para a imputação do delito cometido, de modo que o agente
responde pelo crime como se não houvesse o erro.

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EX.: O agente furta um quadro pensando que fosse um valioso quadro original,
todavia, este quadro era uma réplica cujo valor de mercado não ultrapassa R$
50,00 (cinquenta reais). Nesse caso, o furto poderia ser considerado furto
de bagatela (Art. 155, § 2º, CP), porém estamos diante de um erro de tipo
acidental sobre o objeto, o agente, por uma falsa percepção da realidade,
acabou furtando coisa diversa da pretendida, tornando assim o erro
irrelevante para aplicação do tipo penal supracitado – aplica-se o Art. 155,
caput, CP – furto simples.

2. ERRO SOBRE A PESSOA – ART. 20, § 3º, CP – sujeito pretende


praticar uma conduta contra determina pessoa (pessoa pretendida), entretanto,
por erro na identificação atinge pessoa diversa da pretendida. Agente
responde como se tivesse acertado a pessoa pretendida.

Erro na execução ou erro por acidente.

EX.: Paulo quer matar Cris. Paulo vai até a casa de Cris, avista uma
pessoa no escuro, e achando ser Cris, atira. A pessoa atingida era
Roberto, irmão gêmeo de Cris.

EX.: O agente que queria atingir com golpes de faca seu tio, ao aguardar
em uma esquina onde a vítima supostamente passaria no local naquele
momento, o agente atinge com golpes de faca seu pai, irmão gêmeo do
seu tio, vindo este a falecer. O agente responde por homicídio qualificado
(artigo 121, § 2º, IV, do CP), quando há indícios de que seria cometido “à
traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”. Caso fosse o
contrário, ele responderia com a incidência da agravante genérica
prevista no art. 61, II, CP.

3. ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) – ART. 73, CP. Sujeito


quer atingir uma pessoa determinada, mas por erro na execução acaba
atingindo pessoa diversa (por acidente). Considera-se as condições e
qualidades da pessoa pretendida.

EX.: Paulo quer matar Cris, erra o tiro e acerta Débora – erro na pontaria –
erro na execução.

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 Agente acerta pessoa pretendida + pessoa diversa – com uma
única conduta produz dois resultados – concurso formal de crimes.

A. Pessoa certa – homicídio doloso

B. Pessoa diversa – homicídio culposo.

Pena do crime mais grave aumentada de 1/3 – Resultado duplo.

 Se o agente querendo atingir um agressor e atinge pessoa idônea –


legítima defesa – causa excludente de ilicitude.

4. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO CRIMINIS) –


ART. 74, CP. Sujeito por erro na execução ou acidente produz resultado
diverso do pretendido. O agente responde pelo crime na forma culposa (se o
tipo penal permitir). Se não existir forma culposa, o agente responde pelo crime
na forma tentada.

EX.: Agente deseja praticar crime de dano (Art.163 CP), ao atirar uma pedra
com a intenção de quebrar uma janela. Mas por acidente ou erro na execução,
produz resultado diverso do pretendido, acertando uma pessoa que vem a
óbito.

Exemplo: o agente pretende atingir o automóvel de seu amigo, mas, ao lançar


uma pedra em direção ao carro, atinge terceiro que trafegava pela rua. O
agente responderá pelo resultado ocorrido, mas na modalidade culposa. Caso
não exista a modalidade culposa para o resultado atingido, o agente poderá
responder na modalidade tentada.

5. ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL – Não excluí o crime, não excluí a


tipicidade, não isenta de pena, não afasta a responsabilização do
agente. Ocorrerá quando o agente, mediante um único ato, atingir o
resultado pretendido. Porém, a causa do resultado é diversa da que
pretendia.

EX.: Carlos desejava matar seu inimigo afogado, empurrando-o de um


penhasco. Durante a queda, a vítima bate a cabeça contra uma rocha, sendo
este o fato que causou sua morte, e não o afogamento visado pelo agente.

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6. ERRO DE TIPO ACIDENTAL POR DOLO GERAL (ERRO SUCESSIVO
OU ABERRATIO CAUSAE) - Ficará caracterizado quando o sujeito
ativo, mediante pluralidade de atos, provocar o resultado desejado,
porém, com nexo causal diferente do que imaginava ter ocorrido.

 O agente pensando já ter consumado o crime, realiza outra conduta, e


essa segunda conduta é a que de fato efetiva a consumação do crime
sem o conhecimento do autor do crime.

EX.: Enzo atira em Arthur e, entendendo que Arthur está morto, arremessa seu
corpo no rio, vindo este a falecer em razão de afogamento, e não pelos tiros
recebidos. O agente será punido por crime único. Aquele que desejava
alcançar desde o início, na mesma modalidade. Será considerado o nexo de
causalidade que realmente se passou.

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