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CURSO GLIOCHE

Super Intensivão de Inspetor e Investigador da PCERJ


DISCIPLINA: Direito Penal
PROFESSOR: Mauro Cesar
E-MAIL: professormaurocesar@gmail.com
INSTAGRAM: @professormaurocesar

AULA 1 – 11/12/2021 (08:00 às 10:00 hrs)

ITER CRIMINIS

I – CONCEITO
- conjunto de fases que se sucedem cronologicamente e integram o
delito doloso.
- trata-se do CAMINHO percorrido pelo crime.

II – FASES

II.1 - Cogitação
- é a ideação do crime.
- é uma FASE INTERNA e, portanto, impunível (princípio da
exteriorização do fato).

II.2 – Preparação
- aqui, o agente procura criar condições para realizar a conduta delituosa
que idealizou internamente.
- em REGRA, são IMPUNÍVEIS, SALVO se configurarem DELITO
AUTÔNOMO.
ex: associação criminosa (artigo 228 do CP)

II.3 – Execução
- demonstram a maneira através da qual o agente atua no mundo
exterior para realizar o crime idealizado interiormente.
- em REGRA, aqui inicia-se a possibilidade de PUNIÇÃO.
- o ato de execução deverá ser IDÔNEO (sob pena de caracterizar-se
crime impossível) e INEQUÍVOCO (ou seja, evidentemente direcionado
ao cometimento do fato).

- ATOS EXECUTÓRIOS são aqueles que se realizam, de acordo com o


plano idealizado pelo agente, no PERÍODO IMEDIATAMENTE
ANTERIOR ao começo da execução típica.
ex: agente quer furtar uma televisão em uma casa e, para isso, escala o
muro da casa para furtá-la. Nesse momento, iniciaram-se os atos de
execução.

II.4 – Consumação
- demonstra o instante que o fato criminoso ocorre de maneira plena,
estando PRESENTES TODAS AS ELEMENTARES do tipo penal.

II.5 – Exaurimento
- é o acontecimento POSTERIOR ao término do iter criminis.
- NÃO influenciará na TIPICIDADE

TENTATIVA

I – Previsão legal (artigo 14 do CP)

Art. 14 – Diz-se o crime:


II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

II – Natureza Jurídica
- é uma NORMA DE EXTENSÃO temporal, de SUBSUNÇÃO INDIRETA
ou MEDIATA.

III – Elementos da Tentativa


- início da execução;
- dolo de consumação;
- não consumação do crime por CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS a vontade
do agente.
IV – Pena da tentativa
- a tentativa é punida com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de 1 a 2/3.

Art. 14.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços.”

V – Teoria Objetiva (adotada pelo CP)


- há comparação entre a consumação e a tentativa considerando o
CAMPO OBJETIVO do crime.
- como a tentativa é objetivamente menor (INACABADA) que a
consumação, percorrendo menos o iter criminis, a tentativa será punida
com PENA da consumação, porém DIMINUÍDA.

A) regra: SISTEMA OBJETIVO – em regra, será aplicada a pena da


consumação, reduzida de 1/3 a 2/3, de acordo com o iter criminis
percorrido.

B) exceção: SISTEMA SUBJETIVO – será aplicado quando o legislador


prever que a pena da tentativa será aplicada IGUAL à pena da
consumação, sem reduções.
Ex. art. 352, CP: evasão mediante violência contra pessoa (evadir-se ou
tentar evadir-se).
- tais crimes são denominados CRIMES DE ATENTADO ou DE
EMPREENDIMENTO.

VI – Tentativa qualificada ou abandonada


VI.1 – Previsão legal

Art.15, CP: “o agente que, voluntariamente, desiste de


prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza,
só responde pelos atos já praticados”

VI.2 – Desistência voluntária (1ª parte do artigo 15 do CP)


- conceito: o sujeito ativo abandona a execução do crime quando AINDA
LHE SOBRAVA, do ponto de vista objetivo, uma MARGEM DE AÇÃO.
- ele abandona por vontade própria que, não necessariamente, precisa
ser espontânea.
OBS: é necessário que a desistência seja VOLUNTÁRIA, o que não
significa dizer que precisa ser espontânea.

VI.3 - Diferença entre desistência voluntária e tentativa simples

TENTATIVA SIMPLES – art. 14, II DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA – art.


do CP 15 do CP
início da execução
não consumação por circunstâncias não consumação por circunstâncias
ALHEIAS à vontade do agente INERENTES à vontade do agente
o agente quer prosseguir, mas NÃO o agente pode prosseguir, mas NÃO
PODE QUER
consequência: aplica-se a pena da consequência: o agente só responde
consumação, reduzidade 1/3 a 2/3. pelos atos até então praticados.

VI.4 - Arrependimento eficaz (2ª parte do artigo 15 do CP)


- conceito: o sujeito ativo, do ponto de vista objetivo, ENCERRA TODOS
OS ATOS DE EXECUÇÃO que estavam a seu dispor.
- ocorre que, desejando retroceder na atividade delituosa percorrida,
desenvolve nova conduta, APÓS O TÉRMINO DA EXECUÇÃO
CRIMINOSA, impedindo a consumação do resultado.

VI.5 – Consequência
- o agente responderá somente pelos atos já praticados em ambos os
casos.
VI.6 - Diferença da desistência voluntária para o arrependimento
eficaz

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ


início da execução
não consumação por CIRCUNSTÂNCIAS INERENTES à vontade do
agente.
abandono do intento quando AINDA agente ESGOTA OS ATOS DE
HAVIA ATOS DE EXECUÇÃO a EXECUÇÃO e passa a retroceder
serem executados. no seu comportamento.

VII – Arrependimento Posterior


VII.1 – Previsão legal (artigo 16 do Código Penal)

Art. 16, CP: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave


ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”

- O ARREPENDIMENTO EFICAZ PRESSUPÕE UM DELITO


CONSUMADO!
- não pode ser confundido com arrependimento eficaz uma vez que, no
ARREPENDIMENTO EFICAZ, o agente EVITA A CONSUMAÇÃO,
enquanto que no ARREPENDIMENTO POSTERIOR, o agente MINORA
AS CONSEQUÊNCIAS do crime por ele praticado.

VII.2 – Natureza Jurídica


- é causa de DIMINUIÇÃO DE PENA.

VII.3 – Requisitos
a) crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa
b) reparação ou restituição integral – a VÍTIMA poderá concordar com a
reparação apenas PARCIAL.
c) reparação até o recebimento da inicial: a reparação do dano ou
restituição da coisa deverá ocorrer até o RECEBIMENTO da denúncia.
- caso ocorra APÓS O RECEBIMENTO da denúncia caracterizará mera
ATENUANTE GENÉRICA de pena (art. 65, III, “b” do CP).
d) ato voluntário do agente: é necessário que o ato seja VOLUNTÁRIO,
mas não se exige a espontaneidade.

VII.4 – Questões importantes


a) crimes violentos culposos – admitem o arrependimento posterior.
b) violência contra coisa – admite o arrependimento posterior.
Ex: furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I do
CP).

VII.5 – Redução de pena


- é a consequência do arrependimento posterior.

Art. 16 – “a pena será reduzida de um a dois terços”.

- a diminuição se dará conforme a PRESTEZA na reparação do dano ou


restituição da coisa.

CRIME IMPOSSÍVEL
- também é chamado de TENTATIVA INIDÔNEA ou QUASE CRIME.

I – Previsão Legal (artigo 17 do CP)

Art .17, CP: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia


absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime”.

II – Teoria Adotada pelo Código Penal


- o Código Penal adotou a TEORIA OBJETIVA TEMPERADA

OBS: teoria objetiva – para haver um resultado, que integra o fato típico
e, portanto, o crime, deverá ocorrer um DANO ou PERIGO DE DANO ao
bem jurídico tutelado.
- caso a execução não tenha potencialidade para gerar um dano ou
perigo de dano ao bem jurídico tutelado, configurar-se-á o CRIME
IMPOSSÍVEL.
a) teoria Objetiva Pura: o agente não responderá pela tentativa, sendo a
inidoneidade absoluta ou relativa.

b) teoria Objetiva Temperada: caso a INEFICÁCIA DO MEIO e a


IMPROPRIEDADE DO OBJETO sejam ABSOLUTAS, não haverá
punição pela tentativa. Se forem relativas, haverá.
- é a TEORIA ADOTADA NO BRASIL!!!

III – Elementos do Crime Impossível


a) início dos atos executórios;
b) não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente;
c) dolo de consumação;
d) resultado ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL de ser alcançado

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