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TEORIA DO CRIME

[...]
 Tentativa perfeita ou crime falho: o agente
desenvolveu todas ações necessárias para o
Tipo penal: abstração que descreve a conduta. aperfeiçoamento do resultado, mas o resultado
não se produz.
 Elementos objetivos: EX: tiro em que a vítima não morre.

 Sujeito ativo Desistência voluntária (Art. 15): O agente,


 Sujeito passivo incialmente visava aperfeiçoar a conduta típica, mas
 Ação voluntariamente, desiste de prosseguir na execução.
 Bem jurídico
 Elementos descritivos
Arrependimento eficaz (Art. 15): quando o agente
 Nexo causal
impede que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados.
 Elementos subjetivos: compreende os elementos
relacionados ao mundo interior do agente, em sua Obs: não basta apenas ter a tentativa de impedimento
psiké. do resultado, mas ela tem de ser eficaz. Se, mesmo
tentando impedir, o crime se consumar, será punido
 Dolo conforme dispor a lei.

-Dolo direto
-Dolo eventual Obs: ambos as situações compreendem mecanismos
capazes de destipificar a tentativa.
 Culpa strictu sensu: ação causada por
negligência, imprudência ou imperícia,
Arrependimento posterior (Art. 16): Nos crimes
violando o dever do cuidado a todos
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
imposto.
reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
 Intenção: compreende o objetivo o voluntário do agente, a pena será reduzida de um a
específico do agente na sua conduta, dois terços.
expressa no termo “para”. A intenção não
exclui o dolo.
Crime impossível (Art. 17): Não se pune a tentativa
quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
Obs: na sua grande maioria, os delitos são dolosos.
absoluta impropriedade do objeto (ação), é impossível
consumar-se o crime.
Crime consumado: quando nele se reúnem todos os Ex: tentativa de aborto com medicamento totalmente
elementos de sua definição legal (tipo). diferente do necessário para abortar.
Obs: Súmula 145 STJ: “o flagrante preparado enseja a
Tentativa: quando, iniciada a execução de crime, mas ocorrência de um crime impossível”.
este não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

 Não há diferença entre a consumação e a


tentativa no seu aspecto subjetivo, haja vista a
presença do dolo.
 Pune-se a tentativa com a pena Erro sobre elementos do tipo
correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
 Tentativa imperfeita: houve interferência por crime culposo, se previsto em lei.
externa que impediu a consumação do crime
EX: tiro não é disparado contra a vítima por Compreende-se assim que um crime, cometido por um
impedimento de terceiro. indivíduo, mas que fora resultante de um erro, exclui o
dolo. Mas, se previsto em lei, admite a punição por
crime culposo. Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Obs: um sujeito, que está num bar, põe seu celular
sobre a mesa e distrai-se enquanto bebe. Dado um
Assim, se o titular do direito permanecer inerte, tem
tempo, este indivíduo retorna a mesa e pega um
como pena a perda da pretensão que teria por via
celular que pensava ser o seu, por se tratar do mesmo
judicial, constituindo uma sanção.
modelo, mas que na verdade era de um terceiro,
Havendo esse erro, há exclusão do dolo. Como não há
Na prescrição, o direito em si permanece inalterado,
previsão de furto culposo, este não sofrerá pena
mas o titular não possui proteção jurídica para
alguma.
solucioná-lo, haja vista a extinção da pretensão.
Descriminantes putativas Ex: Um banco empresta dinheiro a um indivíduo.
Este, por sua vez, não adimple com sua obrigação. O
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente banco tem o prazo de 5 anos para executar
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato judicialmente a dívida não paga. Passado o prazo, o
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há banco ainda tem o direito ao crédito, mas este não
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato pode exigi-lo judicialmente.
é punível como crime culposo
Assim, o instituto da prescrição constitui um
benefício em favor do devedor, diante da
O agente supõe uma situação fática, que se fato
necessidade do estabelecimento de segurança jurídica
existisse, tornaria legítima a ação do agente.
nas relações negociais.
Ex: David fala para Mateus que Kleber, seu antigo
A prescrição constitui um fato jurídico stricto sensu
desafeto, virá armado para matá-lo por conta de um
(fato jurídico natural), dado que sua origem está no
conflito amoroso. Crente na sinceridade de David,
decurso do tempo.
Mateus, também armado, atira em Kleber quando este
chega perto do estabelecimento onde estava. Mas
Prazo prescricional
observou-se depois que Kleber não estava armado,
tampouco pretendia matar Mateus. Dessa forma,
Mateus não será punido criminalmente por erro O instituto da prescrição consta do Art. 189 ao Art.
justificado pelas circunstâncias. 206 do Código Civil, com os prazos prescricionais
concentrados nos artigos 205 e 206.
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
Os prazos prescricionais são, por regras, definidos
erro;
em anos.
Ex: no caso concreto acima, Davi seria Por regra, o prazo prescricional geral é de 10 anos
responsabilizado criminalmente. para qualquer pretensão subjetiva.

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é


praticado não isenta de pena. Não se consideram, Os prazos de prescrição não podem ser alterados
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, por acordo das partes (Art. 192), ou seja, a
senão as da pessoa contra quem o agente queria prescrição tem origem legal, não podendo seus prazos
praticar o crime; serem alterados por ato volitivo.
Ex: atirar contra um indivíduo diverso do que era o
O início do prazo prescricional ocorre com o
pretendido não isentará de pena.
surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade
do direito subjetivo.
O indivíduo será responsabilizado tendo em vista a
pessoa que era o alvo da conduta típica, e não a que Obs: o STJ tem tido um entendimento jurisprudencial
sofreu. diferente, no qual o início da contagem prescricional
começa a partir do conhecimento da lesão do direito
subjetivo (Teoria actio nata). Esta parece mais
PRESCRIÇÃO compatível à boa-fé objetiva, sendo adotada no Art.
27 do CDC.
A prescrição compreende a extinção da pretensão à
prestação devida, ou sejam o direito violado continua A exceção prescreve no mesmo prazo em que a
existindo, mas não pode o violado exigir a reparação pretensão (Art. 190). Assim, os prazos aplicáveis às
mediante apreciação judicial. pretensões também devem regulamentar as defesas e
exceções correspondentes. O prazo também pode ter
início a partir da ciência da lesão do direito subjetivo,
uma vez que o Réu de uma ação poderá ter
conhecimento da lesão ao seu direito subjetivo
justamente pela propositura da ação por alguém que
também lhe deve determinada quantia.

No que tange ao prazo prescricional durante o curso


de uma demanda, a doutrina majoritária não é
adepta da prescrição intercorrente, ou seja, quando
o direito prescreve durante o trâmite de uma ação,
dada que a morosidade do Judiciário é um fato e que
este poderia comprometer o exercício de diversos
direitos.

Vale ressaltar que a prescrição iniciada contra uma


pessoa continua a correr contra a seu sucessor (Art.
196).

Renúncia da prescrição

É admitida a renúncia da prescrição por parte daquele


que dela se beneficia (devedor). Porém, esta somente
é possível após ocorrer a prescrição.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser


expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se
consumar; tácita é a renúncia quando se presume
de fatos do interessado, incompatíveis com a
prescrição. DECADÊNCIA
O instituto da decadência consta do Art. 207 ao Art.
A renúncia à prescrição poderá ser: 211, sendo que os prazos não encontrados nos Art.
205 e 206 são, por regra, decadenciais.
A) Expressa: há a declaração comprovada, idônea e
sem vícios por parte do devedor;
B) Tácita: quando se presume da conduta do devedor, Os prazos decadenciais podem estar dispostos em
incompatível com a prescrição, a exemplo do dias, meses e/ou anos.
pagamento de dívida prescrita.
C) Judicial: há a manifestação em juízo, ou de forma
extrajudicial.

A prescrição no trâmite processual

A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de


jurisdição pela parte a quem aproveita (Art. 193).

Originalmente, o Código Civilista determinava em seu


Art. 194 que “o juiz não pode suprir, de ofício, a
alegação de prescrição, salvo se favorecer
absolutamente incapaz”.
Entretanto, tal item foi revogado com a Lei
11.280/2006.
Com o novo CPC, o §5º do Art. 219 diz que “O juiz
pronunciará, de ofício, a prescrição”. Tal inovação
ocorrera em prol da celeridade processual.

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