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Direito Penal: Teoria do Crime I

2º Bimestre

Do crime doloso Alternativo: a intenção do agente se destina, com igual


Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de intensidade, a produzir um entre vários resultados previstos
11.7.1984) como possíveis.
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Eventual: a vontade do agente não esta dirigida para a
doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco obtenção do resultado; o que ele quer é algo diverso, mas,
de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) pretendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo o
risco de causá-lo.
❖ Teorias do dolo:
-teoria da vontade: age dolosamente quem pratica a ação -Dano: o agente deseja causar algum dano a outrem, ou seja,
consciente e voluntariamente. É necessário para sua a sua vitima.
existência, portanto, a consciência da conduta e do resultado -perigo: é o que ocorre quando o agente quer ou assume o
e que o agente pratique voluntariamente. risco de expor a perigo ou lesão um bem jurídico penalmente
tutelado.
-teoria da representação: o dolo é a simples previsão do
resultado, o que importa para essa posição é a consciência de -Genérico: quando a vontade do agente se limita a pratica da
que a conduta provocará o resultado. conduta típica, sem nenhuma finalidade específica. Vontade de
realizar o fato descrito na lei.
-teoria do assentimento: existe o dolo simplesmente quando o -específico: vontade de praticar a conduta típica, porém com
agente consciente em causar o resultado ao praticar a uma especial finalidade.
conduta.
❖ Elemento subjetivo nas contravenções penais:
O código penal brasileiro adotou a teoria da vontade quanto Art. 3º, lcp. Para a existência da contravenção, basta a ação ou
ao dolo direto e a teoria do assentimento ao conceituar o omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou
dolo eventual. a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer
efeito jurídico.
❖ Conceito:
É indispensável que se indague do conteúdo da vontade do Do crime culposo
autor do fato, ou seja, o fim que estava contido na ação, já
que a ação não pode ser compreendida sem que se considere a ❖ Conceito:
vontade do agente. O dolo é definido como a consciência e a Age com culpa quem realiza o fato legalmente descrito
vontade na realização da conduta típica, ou a vontade da ação por inobservância do dever de cuidado que lhe incumbe,
orientada para a realização do tipo. de acordo com as circunstâncias e suas condições
pessoais, e, no caso de representá-lo como possível, se
Logo são elementos do dolo a consciência (conhecimento do conduz na confiança de poder evitá-lo.
fato – que constitui a ação típica) e a vontade (elemento “O crime é culposo quando o agente, deixando de
volitivo de realizar esse fato) empregar a atenção ou diligência de que era capaz em
face das circunstâncias, não previu o caráter delituoso
❖ Espécies de dolo: ou o resultado desta, ou tendo-o previsto, supôs
-Direto: o agente realiza a conduta com o fim de obter o levianamente que não se realizaria” Magalhães
resultado. Noronha.
-Indireto:
❖ Elementos do crime culposo:
-conduta (os crimes culposos ocupam- se não com o fim -imprópria: o agente quer o resultado, mas sua vontade está
da conduta, mas com as consequências anti-sociais que a viciada por um erro que poderia, com o cuidado necessário,
conduta vai produzi) ter evitado.
-inobservância do cuidado objetivo (quem vive em
sociedade não deve, coo uma ação irrefletida, causar dano -presumida: não se indagando no caso concreto estão
a terceiro, sendo-lhe exigido o dever de cuidado presentes elementos da conduta culposa, o agente é punido
indispensável a evitar tais lesões) por determinação legal, que presume a ocorrência dela.
-Resultado lesivo involuntário (azar) (Forma de responsabilidade objetiva).
-Previsibilidade (é a possibilidade de conhecer o perigo
que a conduta descuidada do sujeito cria para os bens ❖ Graus de culpa:
jurídicos alheios, e possibilidade de prever o resultado Distinção originada no direito romano, esses graus, não
conforme o conhecimento do agente) distinguidos expressamente em lei, têm interesse somente na
-tipicidade aplicação da pena.
-grave (lata): qualquer pessoa poderia prever o evento.
Fim do dolo resultado -leve: somente o indivíduo bastante diligente poderia prever o
Fim da culpa conduta resultado.
-levíssima: só a excepcional cautela impediria o resultado
❖ Modalidades da culpa: (para alguns não deve ser punida)
as formas de manifestação da falta de cuidado objetivo estão
descriminadas no art. 18 do cp, inciso ii: imprudência, ❖ Tipicidade expressa no crime culposo:
negligencia ou imperícia. CP, art 18, Parágrafo único - Salvo os casos expressos em
lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,
Negligência Imprudência Imperícia senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº
A indiferença do Trata-se de uma A incapacidade, a 7.209, de 11.7.1984)
agente que, atitude que o falta e
podendo tomar as agente atua com conhecimento -toda vez que a lei quiser punir um crime sob a forma
cautelas precipitação, técnicos no culposa devera indicar expressamente.
exigíveis, não faz inconsideração, exercício de arte
por displicência o com afoiteza, sem ou profissão, Não Do crime preterdoloso ou preterintenional
preguiça mental. cautelas, não tomando o agente
usando seus em consideração o Há crimes pelas circunstâncias
poderes que sabe ou deve
inibidores. saber. Há crimes pelo resultado (doloso, culposo, caso
fortuito ou força maior)

❖ Espécies de culpa: CP, Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a


-inconsciente: existe quando o agente não prevê o resultado pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
que é previsível. culposamente.
-consciente: ocorre quando o agente prevê o resultado, mas
espera, sinceramente, que não ocorrerá. ❖ Conceito:
Avizinha-se do dolo eventual, mas não se confunde, pois O crime preterdoloso é um crime misto, em que há uma
prevê o resultado e corre o risco assim mesmo e produzi-lo. conduta eu é dolosa por dirigir-se a um fim típico, e que é
culposa pela causação de outro resultado que não era objeto
-própria: o agente não quer o resultado e nem assume o risco do crime fundamental pela inobservância do cuidado objetivo.
de produzi-lo.
Responsabilidade penal objetiva
Trata-se da responsabilidade atribuída a alguém m função da ❖ Momento da consumação:
pratica do fato, independente da demonstração de dolo ou Varia segundo a natureza do delito (importância da
culpa. classificação dos crimes).
A responsabilidade penal objetiva admite a persecução penal -crimes materiais (a consumação ocorre com o evento)
da pessoa em função do simples nexo causal entre a condutora -crimes permanentes (a consumação se prolonga no tempo)
e resultado, sem análise do elemento subjetivo. -crime complexo (a consumação o ocorre somente quando os
Entretanto, ao proclamar no art 18 do cp que o crime é crimes componentes estejam integralmente realizados)
doloso ou culposo, repele a chamada responsabilidade penal -delitos habituais (a consumação somente existam quando
objetiva. A responsabilidade penal deve ter por fundamento a houver a reiteração de atos, com a habitualidade, já que cada
vontade humana. um deles, isoladamente, é in diferente a lei penal)
“Nullum crimen sine culpa” -crimes culposos (só há consumação com o resultado)
Mas há em nossa legislação alguns resquícios de -crimes omissivos (a consumação ocorre no momento que o
responsabilidade objetiva. sujeito ativo deveria agir, mas não o fez)
-crimes qualificados (a consumação ocorre quando estiver
Do crime consumado a tentativa concretizado o resultado acrescido ao tipo fundamental)

CP, Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº


❖ Elementos da tentativa
7.209, de 11.7.1984)
A tentativa situa-se no inter criminis a partir da pratica de
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) um ato de execução, desde que n ao haja consumação por
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos circunstâncias alheias à vontade do agente.
de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de São os elementos:
11.7.1984) -conduta (ato de execução)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) -não consumação por circunstâncias independentes da vontade
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma do agente.
por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ❖ Espécies de tentativa:
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) -perfeita: quando a consumação não ocorre, apesar do agente
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se ter praticados os atos necessários para a produção do evento.
a tentativa com a pena correspondente ao crime -imperfeita: o sujeito até o não consegue praticar todos os
consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela atos necessários à consumação por interferência externa.
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
❖ Pena da tentativa:
❖ Inter criminis A teoria adotada para aplicação da pena nos rimes de tentativa
Na realização de um crime há um caminho, um itinerário a é a objetiva, propondo para a tentativa pena menor que a do
percorrer entre o momento da realização da ideia de sua crime consumado, já que a lesão é menor ou não ocorreu
realização ate aquele em que ocorre a consumação. qualquer resultado lesivo ou perigo de dano.

1. Cogitação (fase interna) CP, Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
2. Atos preparatórios de 11.7.1984)
3. Atos executórios (fase externa) Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984
4. Consumação I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
❖ Crime consumado: Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Esta consumado o crime quando o tipo esta inteiramente II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
realizado, ou seja, quando o fato concreto se submsume no circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei
tipo abstrato descrito na lei penal. nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O arrependimento posterior não repousa só na inexistência de
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a prejuízo, mas tem por fundamento indissociável a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, exteriorização do estado psíquico do agente, ou seja, o
diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de próprio arrependimento que identifica a causa da redução da
11.7.1984) pena. É indispensável se colha da restituição da res ou
reparação do dano uma evolução positiva na vontade do
❖ Crimes que não admitem tentativa agente, o repensar d atividade delituosa. Por isso somente a
-Crime culposo restituição ou reparação pelo agente e na por terceiros
-crime preterdoloso acarreta a redução da pena. Mas há decisões em contrario,
-crimes unissubsitentes aceitando reparações pelos familiares do acusado.
-crimes omissivos
-crime complexo (haverá tentativa sempre que se ❖ Requisitos:
consumarem os crimes componentes) a) Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa b)
-crime habitual Reparação do dano ou restituição da coisa
c) Até o recebimento da denúncia ou queixa
Desistência voluntária e arrependimento eficaz d) Ato Voluntário do Agente
CP, Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, ❖ Consequência – redução de um a dois terços.
só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei (obrigatória: O juiz pode reduzir de um a dois
nº 7.209, de 11.7.1984) terços, mas é obrigado a reduzir).
Arrependimento posterior É aplicável a todos os tipos de crimes (desde que satisfeitos
os requisitos legais):
Na desistência voluntária, o agente, embora tenha iniciado a dolosos, culposos;
execução, não a leva adiante, desistindo da realização típica tentados e consumados; simples,privilegiados e qualificados.
por iniciativa própria .
Do crime impossível
No arrependimento eficaz, o agente praticou todos os atos O crime só é praticado pelo agente empregando meio
possíveis para alcançar o resultado, mas evitou a ocorrência absolutamente ineficaz.
deste, voluntaria e eficazmente.
❖ Punibilidade do Crime Impossível Teorias:
Consequência: não haver punição para o fato que o agente A) Subjetiva – considera a intenção do agente
pretendia praticar (e desistiu ou se arrependeu) mas B) Objetiva – considera a impossibilidade material da
responde pelos atos já praticados. ocorrência do crime. az ou com objeto absolutamente
impróprio.
❖ Natureza jurídica:
-há extinção da punibilidade. Do crime putativo
-não houve tipicidade. É aquele que só existe na imaginação; é também chamado
imaginário. A lei nada dispõe a respeito do crime putativo.
Arrependimento posterior Impossível – o tipo existe
Putativo – o tipo não existe.
CP, Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o Crime de flagrante preparado
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. -flagrante esperado:
é a hipótese em que, por exemplo, após o recebimento de uma
denúncia anônima, os policiais se posicionam de forma a
observar se o crime efetivamente ocorrerá. Neste caso, a Erro de proibição: afasta a compreensão da ilicitude e exclui a
autoridade policial espera a ação ilícita para efetuar a prisão. culpabilidade.

-flagrante provocado: ❖ Espécies de erro no tipo:


O agente é in doído a pratica criminosa por terceiro para que Essencial- recai sobre elemento do tipo ou circunstâncias.
se efetue a prisão em flagrante. (ESCUSÁVEL E INECUSÁVEL)
Acidental- recai sobre elemento secundário ou acessórios do
Súmula 145 do STF: tipo, de modo que o delito existirá mesmo sem o erro.
“Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação”.

Do erro no direito penal

Erro: falsa representação da realidade


Ignorância: falta de representação da realidade, total
desconhecimento.

No caso de erro de tipo, desaparece a in alidade típica, ou


seja, não há no agente a vontade de realizar o tipo objetivo.

Cp, Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal


de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o
erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3 º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso,
as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa
contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

❖ Distinção entre erro de tipo e erro de proibição


Erro de tipo: exclui dolo.

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