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UNIDADE IV

AULA 10 - CULPABILIDADE

- Juízo de reprovação pessoal do injusto.


- Tem como pressuposto lógico a liberdade de decisão do homem.
- Teoria normativa pura (há juízos de valor, de reprovação):
1) imputabilidade;
2) consciência da ilicitude;
3) exigibilidade de conduta diversa.

1) Capacidade de culpabilidade (imputabilidade)


a) Maturidade – art. 27 do CP e 228 da CF

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando


sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

b) Saúde mental – art. 26 do CP

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento

Critério bio-psicológico: capacidade fática de entendimento da


conduta + entendimento mental.

c) Semi-imputabilidade - § único do art. 26 do CP

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em


virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
d) Embriaguez por caso fortuito ou força maior – art. 28, §1º e 2º
- Fortuita (imprevisível) ou por força maior (previsível, mas inevitável).
- Embriaguez incompleta; completa; letárgica.

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº


7.209, de 11.7.1984)

(...)

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos


análogos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de


caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,


proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

e) Emoção, paixão e embriaguez voluntária ou culposa – art. 28 CP

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

I - a emoção ou a paixão;

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos


análogos.

- Teoria da actio libera in causa.


2) Potencial consciência da ilicitude
Erro de proibição.

Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,


se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a


consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.

3) Exigibilidade de comportamento conforme o direito / conduta diversa


Art. 22 do CP

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a


ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem.

a) Coação moral irresistível

b) estrita obediência hierárquica


-Relação de subordinação hierárquica fundada no Direito Público;
-A ordem não pode ser manifestamente ilegal;
- Execução da ordem limita-se à sua estrita observância.

c) Outras hipóteses supralegais


- Excesso escusável
- Estado de necessidade exculpante
AULA 11 – TENTATIVA E CONSUMAÇÃO

Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição


legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

- O iter criminis: os estágios de realização do crime:

COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO EXAURIMENTO

Cogitação não é punível, pois não lesa bens jurídicos: princípio da


ofensividade.
Preparação, em regra, não é punível, somente se expresso em lei: crimes
autônomos.
Execução – Consumação: punição da tentativa.

2) O tipo de tentativa:
- Tentativa: mesma pena do crime consumado, diminuída de 1/3 a 2//3.
- Requisitos:
a) a decisão de realizar o crime (elemento subjetivo);
b) dolo eventual é compatível com a tentativa?
STJ HC 503.796/RS; STJ AgRg no REsp 1322788/SC. Reconheceram a
compatibilidade do dolo eventual e da tentativa.

c) o início da execução (elemento objetivo);


- teoria objetivo-subjetiva (STJ Resp 1.252.770-RS): une a teoria objetiva-
material e aspectos subjetivos (plano do autor). STJ, no plano real, adota
essa teoria.
- STJ: adota-se a Teoria objetivo-material: diz que o início da tentativa é
caracterizado pela exposição concreto do bem jurídico ao perigo, e
pela imediatidade entre o comportamento do agente e o bem jurídico.

d) a ausência de resultado (elemento negativo).

3) Objeto da tentativa

- Quais crimes podem ser tentados?


a) Os plurissubsistentes;
b) comissivos dolosos;
c) Crime culposo? Não. Na tentativa, há vontade sem resultado. No
crime culposo, há resultado sem vontade;
d) crimes omissivos? Controvérsia doutrinária.
e) art. 4º Lei de Contravenções Penais: “não é punível a tentativa de
contravenção”.

4) Tentativa inidônea (crime impossível)


- Se uma conduta é praticada com o emprego de um meio ineficaz ou
sobre um objeto impróprio: um crime em tese tentado, mas que em
nenhuma hipótese real poderia conduzir à consecução do resultado
pretendido pelo agente.
- STJ: “teoria objetiva individual ou temperada” cf. AgRg no REsp
980972/RN: se a idoneidade for absoluta o crime é impossível, se a
inidoneidade for relativa, será hipótese de tentativa.
- meio absolutamente inidôneo; Impropriedade absoluta do objeto.

5) Desistência voluntária e arrependimento eficaz


Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

- Teoria da ponte de ouro


- Na desistência voluntária, a pessoa opta por dar desistência. Ela pode
continuar com o crime, mas não quer.
- No arrependimento eficaz, findam-se os atos executórios, mas o agente
impede a produção do resultado. Só responde pelo o que já causou.

6) Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

AULA 12 – AUTORIA E PARTICIPAÇÃO

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de


um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á


aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

1) Conceito de autor
- Conceito restritivo: “O conceito restritivo de autor, por sua vez, tem
como ponto de partida o entendimento de que nem todos
os intervenientes no crime são autores. Além disso, preceitua que
somente é autor quem realiza a conduta típica descrita na lei, isto é,
apenas o autor (ou coautores) pratica(m) o verbo núcleo do tipo”

- Conceito extensivo: todos seriam autor, com regras de limitação e


diminuição da responsabilidade, havendo partícipes.
“O conceito extensivo tem como fundamento dogmático a ideia básica
da teoria da equivalência das condições, de tal forma que sob o prisma
naturalístico da causalidade não se distingue a autoria da participação.
Todo aquele que contribui com alguma causa para o resultado é
considerado autor. Com esse ponto de partida, inclusive instigador e
cúmplice seriam considerados autores, já que não se distingue a
importância da contribuição causal de uns e outros”.

- Teoria do domínio do fato (claus roxin):

“Autor, segundo essa teoria, é quem tem o poder de decisão sobre a


realização do fato. Mas é indispensável que resulte demonstrado que
quem detém posição de comando determinou a prática da ação,
sendo irrelevante, portanto, a simples “posição hierárquica superior”, sob
pena de caracterizar autêntica responsabilidade objetiva. Autor, enfim,
é não só o que executa a ação típica, como também aquele que se
utiliza de outrem, como instrumento, para a execução da infração penal
(autoria mediata)”.
- crimes de domínio = crimes comuns comissivos dolosos.
- Domínio da AÇÃO (autoria imediata)
- Domínio da VONTADE (autoria mediata)
- Coação (exercida sobre o homem da frente). Ex: art. 22 do CP.
- Erro
- Domínio por meio de um aparato organizado de poder:
Ordem a partir de uma posição de poder de dentro de uma organização
verticalmente estruturada.
Dissociada do direito (ex: máfias, grupos terroristas e ditaduras).
Fungibilidade dos executores.
- Domínio FUNCIONAL (coautoria): divisão de tarefas.

2) Participação em sentido estrito


- Acessoriedade
a) Quantitativa – art. 31 O ajuste, a determinação ou instigação e o
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o
crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
b) Qualitativa – acessoriedade limitada

3) Punibilidade no concurso de pessoas


- Participação de menor importância – art. 29, §1º, CP

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de


um sexto a um terço;

- Participação dolosamente distinta (desvio subjetivo) – art. 29, §2º, CP:


§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.

- Comunicabilidade de circunstâncias, condições e elementares – art.


30 do CP:

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,


salvo quando elementares do crime.

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