Você está na página 1de 35

DIREITO PENAL

Direito Penal – Conjunto de normas que regulam o direito de punir (do Estado).

CRIME (Dec.Lei 2848/40) e Leis

extravagantes especiais -
INFRAÇÃO PENAL:

CONTRAVENÇÃO (Dec.Lei 3688/41)

O Direito Penal versa sobre as infrações penais, que por sua vez, podem ser tanto “CRIMES”, quanto
“CONTRAVENÇÕES”.

Existem algumas questões técnicas que distinguem os dois institutos, porém, neste momento, iremos nos ater,
exclusivamente, apenas a um ponto que difere os dois citados acima, ou seja, onde estão localizados.

Os crimes estão localizados no Código Penal (dec.lei 2848/40) e leis especiais, como por exemplo: Lei
11.343/2006 (Lei de Drogas).

Já as Contravenções estão dispostas na Lei de Contravenção Penal (dec. Lei 3688/41).

TEORIA GERAL DE CRIME/DELITO

CRIME: Conceito analítico (teoria tripartida):


O conceito analítico de crime, determina que para que o fato seja entendido como crime, é necessário que
possua os três institutos citados acima: Tipicidade, Ilicitude/Antijuridicidade e Culpabilidade.

É importante destacar que a ILICITUDE também pode ser chamada de ANTIJURIDICIDADE.

Desta forma, para que não caia no esquecimento, lembre-se: Crime é TIC/TAC.

Para que seja considerado crime, é NECESSÁRIO que possua AS TRÊS CARACTERÍSTICAS.

Obs.: Parte minoritária das doutrinas, coloca a PUNIBILIDADE como instituto que conceitua CRIME, sendo
assim, seriam quatro institutos: Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade e Punibilidade.

Porém, a maior parte da doutrina, entende que a punibilidade não pode conceituar CRIME, uma vez que ela só será
utilizada quando já estiver caracterizado o crime, portanto, a ausência de uma destas características, não permite que
ocorra a punibilidade, logo, a mesma não pode servir para conceituar o crime.

Uma vez definido o conceito de crime e suas particularidades, iremos, a partir deste momento, explicar os
elementos citados no conceito, começando com:

TIPICIDADE:

- Adequação da conduta com o que o legislador diz que é crime.


- Fato relevante para o Direito Penal, pois incide sobre o fato, uma norma penal incriminadora.
- Todo fato relevante, o suficiente, para a sociedade, que o legislador precisou tutelálo.

Curso Pódio Mais


O estudo da TIPICIDADE se divide em:

- CONDUTA: a) Conceito;
b) Ausência de conduta (Excludentes);
c) Classificação; e
d) Dolo/Culpa - NEXO CAUSAL
a) Relação de causalidade; e
b) Concausas.
- RESULTADO CRIMINOSO

- TIPICIDADE PROPRIAMENTE DITA


a) Tipicidade formal; e
b) Tipicidade material.

_____________________________________________________________________

CONDUTA

CONCEITO – TEORIA FINALISTA:

- É todo comportamento humano, voluntário e consciente direcionado a um determinado resultado.


EXCLUDENTES:

- Atos reflexos / Movimentos reflexos: Movimentos humanos que o sujeito não possui controle.
- Estado de inconsciência: Ato que o sujeito teria cometido, sem ter absoluta consciência do que fez.
- Coação física irresistível: Atuação fruto de uma pressão física exterior.

Obs.: Não confundir Coação FÍSICA irresistível com Coação MORAL irresistível, pois, a primeira trata-se de uma
pressão física para o cometimento de uma conduta, o que por sua vez, é uma excludente de conduta, logo, exclui a
tipicidade, sendo assim, não há crime. Já a segunda, trata-se de uma pressão moral para o cometimento de uma conduta,
o que por sua vez, é uma excludente de culpabilidade (por inexigibilidade de conduta diversa – veremos este conteúdo
mais para frente), sendo assim, não há crime também, contudo, por razões diferentes.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À CONDUTA:

Comissivos:

Fruto de um comportamento POSITIVO (por uma AÇÃO). Fazer algo, como descrito nos tipos penais, ex.:
Homicídio - Art. 121, CP – Matar alguém.

O tipo penal exige que a conduta seja positiva, quando determina que para cometer o delito de homicídio, é necessário
MATAR alguém, ou seja, verbo direcionado a uma conduta de AÇÃO e não de omissão.

Omissivos:

Curso Pódio Mais


Fruto de um comportamento NEGATIVO (por uma OMISSÃO). Deixar de fazer algo.

O comportamento omissivo poderá ser PRÓPRIO ou IMPRÓPRIO (também conhecido como Comissivo por
Omissão).

OMISSIVO PRÓPRIO – A própria omissão está descrita no tipo penal, ou seja, o tipo penal estará descrito como
“deixar de...”, por exemplo, o crime de abandono intelectual, descrito no artigo 246, CP.

OMISSIVO IMPRÓPRIO (COMISSO POR OMISSÃO) – Quando por uma omissão, o agente deixa de agir em
uma situação onde está ocorrendo um crime comissivo. Ex.: a mãe que sabe que o marido estupra sua filha e deixa de
agir para evitar o crime, por amar o marido. Neste caso, ela está se OMITINDO, mediante um tipo penal que descreve
uma conduta COMISSIVA, logo OMISSÃO + COMISSÃO = Comissivo por omissão.

Neste sentido, somente pode se enquadrar em um delito Comissivo por omissão, o agente que for caracterizado como
AGENTE GARANTIDOR (as figuras previstas no artigo 13, §2º, CP).

Relevância da omissão

§ 2º- A omissão é penalmente relevante quando o omitente DEVIA E PODIA


AGIR PARA EVITAR O RESULTADO. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

O AGENTE GARANTIDOR é quem DEVE e PODE agir para evitar o resultado, mas não age.

O DEVER é determinado pelo artigo citado acima, onde diz que será agente garantidor quem tenha por lei obrigação
de cuidado, proteção ou vigilância e não agiu quando podia agir; ou quem de outra forma assumiu a responsabilidade
e não agiu quando podia agir; ou quem com seu comportamento anterior, criou o risco e não agiu quando podia agir.

O PODER agir, se caracteriza pela situação em que NÃO se coloque o agente em risco pessoal, ou seja, ele tem o dever
de agir e aquela situação não causa risco ao mesmo, mas ainda assim, não agiu.

Obs.: O agente garantidor responde pelo delito como se tivesse cometido, podendo ser a título de DOLO (se a
omissão for dolosa), ou a título de CULPA (se a omissão for culposa – caso haja modalidade culposa para o tipo
penal).

DOLO/CULPA:

- Base legal: Artigo 18, I (prevê o DOLO) e II (prevê a CULPA).

Dolo: A vontade consciente de produzir um resultado.

Culpa: A falta de vontade de produzir um resultado. Resultado produzido por falta de cuidado devido.

Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime doloso

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de


produzi-lo;

Crime culposo

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,


negligência ou imperícia.

Curso Pódio Mais


Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.

Obs.: TODO tipo penal é previsto na modalidade DOLOSA, porém alguns possuem modalidade CULPOSA, como é o
caso do crime de homicídio (art. 121, §3º, CP) ou do crime de lesão corporal (art. 129, §6º, CP). Isso está determinado
no Parágrafo único (acima) do artigo 18 do CP. Desta forma, se a conduta for cometida por CULPA e o crime não
possuir modalidade CULPOSA, o fato se torna ATÍPICO, portanto, não há crime.

DOLO CONCEITO:
A vontade consciente de produzir um resultado.

DIVISÃO:

O dolo pode ser dividido em DOLO DIRETO e DOLO EVENTUAL.

- Dolo direto é a intenção direta de cometer o delito, que por sua vez, poderá ser dividido em dolo direto de primeiro
grau (elemento preponderante é a vontade) e dolo direto de segundo grau (elemento preponderante é a consciência).

- Dolo eventual é quando o agente (ASSUME O RISCO + NÃO SE IMPORTA C/ O RESULTADO CRIMINOSO). Aqui,
não há uma intenção direta de produzir o resultado, apenas há um risco assumido pelo agente e ausência de importância
quanto ao acontecimento do resultado criminoso.

CULPA CONCEITO:
Ausência de intenção de produzir o resultado. Resultado produzido pela fatal de cuidado devido.

DIVISÃO:

A culpa pode ser dividida em CULPA INCONSCIENTE e CULPA CONSCIENTE.

- Na culpa inconsciente, deverá existir uma ação/omissão, um resultado criminoso (comligação com a ação/omissão),
uma falta de cuidado devido por IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA ou IMPERÍCIA e a previsibilidade (o fato
tem que ser previsível – não se pune o agente por culpa mediante o acontecimento de um fato totalmente imprevisível).

FALTA DE CUIDADO DEVIDO:

a) Imprudência: é a falta de cuidado devido por um comportamento positivo (agir)


b) Negligência: é a falta de cuidado devido por um comportamento negativo (não agir)
c) Imperícia: é a falta de cuidado devido tanto por um comportamento positivo, quanto por um comportamento
negativo, porém no âmbito técnico do agente (profissional especializado).

- Na culpa consciente, o agente (ASSUME O RISCO + NÃO ACREDITA NA OCORRÊNCIA DO RESULTADO


CRIMINOSO). Aqui, o agente confia o suficiente nas suas habilidades, para entender que, mesmo assumindo o risco, o
resultado criminoso não irá ocorrer, pois não acredita que poderá falhar.

Curso Pódio Mais


Obs.: Na culpa consciente, deverá possuir todos os elementos da culpa inconsciente (ação/omissão, resultado
criminoso, falta de cuidado devido e previsibilidade), além de que também deverá possuir a PREVISÃO (ou seja, além
de ser previsível, o fato tem que ter sido previsto pelo agente).

NEXO CAUSAL

RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

- É a ligação entre a CONDUTA (já foi conceituada) e o RESULTADO NATURALÍSTICO. Portanto, se o resultado
naturalístico decorreu da conduta do agente, mantém-se o nexo causal, e o agente deverá responder pelo
RESULTADO, contudo, se o resultado naturalístico não decorreu da conduta do agente, rompe-se o nexo causal, e o
agente deverá responder pelos atos até então praticados.

Obs.: Cuidado com o regresso ao infinito!!

CONCAUSAS

- É o estudo de duas causas que convergem para a produção do mesmo resultado criminoso, sendo causa paralela que
concorre com a causa objeto da análise.

As concausas podem ser ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES:

- Quando, apesar das duas causas buscarem o mesmo resultado, elas não possuem ligação uma com a outra, portanto,
se a causa paralela gerar o resultado naturalístico, o agente que gerou a causa objeto da análise, deverá responder,
exclusivamente, pelos atos até então praticados, uma vez que ROMPE O NEXO CAUSAL.

- A causa paralela pode ser: preexistente (quando ocorre antes da causa objeto da análise), concomitante (quando
ocorre ao mesmo tempo da causa objeto da análise) ou superveniente (quando ocorre após a causa objeto da análise).

As concausas podem ser RELATIVAMENTE INDEPENDENTES:

- Quando, a causa paralela e a causa objeto da análise possuem uma ligação, ou seja, uma só ocorreu pela existência
da outra, portanto, o agente que gerou a causa objeto da análise, deverá responder pelo resultado naturalístico, uma vez
que NÃO ROMPE O NEXO CAUSAL.

- A causa paralela pode ser: preexistente (quando ocorre antes da causa objeto da análise), concomitante (quando
ocorre ao mesmo tempo da causa objeto da análise) ou superveniente (quando ocorre após a causa objeto da análise).

Obs.: As concausas supervenientes e relativamente independentes, podem ser divididas em dois tipos:

Quando por si só não produz resultado (Trata-se de uma causa que não tem o condão de produzir um resultado
sozinha, desta forma, o agente permanece respondendo pelo resultado naturalístico – final, pois ainda não há o
rompimento do nexo causal); e

Quando por si só produz resultado (Trata-se de uma causa tão poderosa, que sozinha é capaz de produzir um
resultado naturalístico, desta forma, o agente responde pelos atos até então praticados – pois há o rompimento do nexo
causal). – Art. 13, §1º, CP.

TIPICIDADE PROPRIAMENTE DITA

Tipicidade formal:

Curso Pódio Mais


- É a leitura fria da adequação da conduta com o que o legislador determina como crime, ou seja, se o agente cometeu
o que está descrito no tipo penal, então possui tipicidade formal, sem a análise da necessidade ou do ferimento do bem
jurídico tutelado.

Tipicidade material:

- Trata-se de questões mais subjetivas, como a análise da necessidade de punição ou do ferimento do bem jurídico
tutelado.

O Direito serve para tutelar o bem jurídico relevante, se o ferimento ao bem jurídico for irrelevante, não há a
necessidade de aplicação do Direito Penal.

Ex.: Furtei uma caneta da fábrica da empresa BIC (formalmente típico, pois subtraí, coisa alheia móvel, sem violência
e grave ameaça, conduto, o crime de furto possui como bem jurídico tutelado, o PATRIMÔNIO. Não há o que se falar
em diminuição, suficiente, do patrimônio da empresa BIC pelo furto de UMA caneta, nem há o que se falar em
instauração de Inquérito Policial ou Processo criminal pelo furto de UMA caneta de uma empresa que nem teve seu
patrimônio “arranhado”. Não há necessidade de punição criminal, bem como não há destruição do bem jurídico
tutelado).

Desta forma, deverá ser aplicado o PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA(não tem previsão legal, é uma construção
doutrinária e jurisprudencial).

PRINC. Da INSIGNIFICÂNCIA:

- Será insignificante toda conduta que, embora formalmente típica, for materialmente atípica, ou seja, possuir ARMI
PROL:

AUSÊNCIA PERICULOSIDADE

REDUZIDA REPROVABILIDADE

MÍNIMA ONEROSIDADE

INEXPRESSIVA LESÃO JURÍDICA

Obs.: O STF e o STJ vêm considerando como insignificante, a conduta que violar o bem jurídico tutelado do patrimônio,
em valor de 10% do salário mínimo, CONTUDO, ISTO É BASTANTE RELEVANTE, pois 10% do salário mínimo
para uma empresa grande, pode ser considerado pouco, porém para uma pessoa que não possua condição financeira,
pode ser considerado relevante, assim, não seria aplicado o princípio da insignificância. SEMPRE deve ser observado
o caso concreto.

Obs.: No caso do crime de Descaminho (art. 334, CP), há uma aplicação específica do princípio da insignificância.

Art. 334 - Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou


imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos

Neste caso, quem executa o pagamento de tributo (dado o não pagamento devido) é a Procuradoria da Fazenda
Nacional, porém, o valor mínimo gasto para realizar a execução é de R$ 20.000,00, portanto, a Procuradoria da Fazenda
Nacional considera insignificante qualquer valor inferior a este citado acima, não ocorrendo a execução, de acordo com
a Lei 10.522/02 e pela Portaria 75/201.

Sendo assim, o STJ e o STF entenderam que se é insignificante para executar o não pagamento do imposto,
também é insignificante para aplicação do Direito Penal.

DIREITO PENAL

Curso Pódio Mais


ILICITUDE / ANTIJURIDICIDADE

Para estudar Ilicitude, precisamos compreender que ao analisá-la, entende-se que a conduta já é típica (pois, caso não seja
típica, não há motivos para a análise da ilicitude da conduta), desta forma, basta saber se a conduta, além de típica, é ilícita (algo
contra a lei).

O estudo deste instituto penal, deverá ser feito utilizando o método de exceção.
Partiremos da premissa de que toda conduta típica será ilícita, COM EXCEÇÃO DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE, que são:
Estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito, previstas no artigo 23 do
CP, além da excludente supralegal (não prevista em lei), que é o consentimento do ofendido.

Assim, não haverá ilicitude da conduta, se a situação se enquadrar em uma das excludentes citadas acima, e, por consequência lógica,
também não haverá crime.

Dito isso, partiremos para o exame, separadamente, de cada excludente mencionada.

- ESTADO DE NECESSIDADE:

Será considerado estado de necessidade, quando o agente, para salvar direito próprio ou alheio, sacrifica um bem jurídico de menor ou
de igual importância do bem jurídico salvo, em uma situação de perigo atual, da qual, o mesmo não criou e nem poderia evitar.

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para


salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Nota-se que o artigo usa a expressão “cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”. Esta expressão é o principal
fator do estado de necessidade, sendo utilizada para determinar a seguinte ideia: Se for para salvar um bem jurídico MAIS importante
ou de IGUAL importância, o agente poderá sacrificar um de MENOR importância, pois não será razoável exigir de alguém que
sacrifique um bem jurídico de MAIOR importância, para salvar um menor.

Para elucidar, utilizaremos o seguinte exemplo:

O apartamento 203 está pegando fogo e há uma criança lá dentro, gritando por socorro. Alguma pessoa passa por perto e escuta o
pedido, analisa a situação e entende que o melhor jeito seria adentrar pelo apartamento ao lado (o 201), para tanto, a pessoa arromba a
porta do apto 201, invade a propriedade, quebra a janela de vidro e consegue entrar no apto que está em chamas, por consequência,
consegue salvar a criança.

Vamos ao exame da situação: a conduta do agente se torna típica ao violar um domicílio (art. 150, CP) e danificar a porta e a janela
(art. 163, CP), porém, o agente estava em uma situação de perigo atual, que não provocou e nem podia evitar, e sacrificou bem jurídicos
inferiores (domicílio e dano) para salvar um bem jurídico maior (vida da criança), portanto, embora a conduta seja típica, não é ilícita,
pois a conduta do agente se enquadra em uma excludente de ilicitude, qual seja, em Estado de Necessidade, desta forma, NÃO
HÁ CRIME.

É importante destacar que, por obviedade, aquele que causar, intencionalmente, a situação de perigo e depois sacrificar um bem de
menor importância para salvar um de maior importância, NÃO PODERÁ UTILIZAR DO ESTADO DE NECESSIDADE, pois o artigo
é claro em definir “...que não provocou por sua vontade…”.

Já o agente que causar a situação de perigo de forma culposa, ou seja, não ter a intenção de causar, poderá utilizar da excludente de
ilicitude.

E o caso do indivíduo que não causou a situação de perigo atual e nem poderia evitar, mas na hora de agir salvou um bem jurídico de
menor importância e sacrificou um de maior importância?

R.: Neste caso, o Art. 24, §2º do CP, vai estabelecer que o agente responderá pela ilicitude, ou seja, não se enquadrará na excludente,
porém, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3.

§ 2º- Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a


pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

Curso Pódio Mais


Lembrando que, se excluir qualquer elemento do TIC/TAC, a conduta não pode ser entendida como crime.

Obs.: Quando a situação de perigo envolver um animal, teremos duas formas de lidar com ela. A primeira: se o animal criou a situação
de perigo sem ser incentivado por qualquer ser humano, o agente que reagir contra o animal para se salvar ou salvar alguém, estará
dentro de estado de necessidade. Já a segunda: se o animal criou a situação de perigo por incentivo de um ser humano, o agente que
reagir contra o animal para se salvar ou salvar alguém, estará dentro de legítima defesa, em ambas as situações, ocorre a exclusão da
ilicitude, e consequentemente, não haverá crime.

Ex. 1: Um cachorro se solta e ataca o filho do Tício, para evitar que o filho seja atacado pelo cachorro, Tício atira no animal, causando
a morte do mesmo. Temos um caso de estado de necessidade, tendo em vista que o ataque do animal ocorreu sem incentivo humano.

Ex. 2: Caio quer ferir Tício, e ao vê-lo passar na rua, Caio solta seu cachorro e manda o animal atacar Tício, o cachorro cumpre a ordem,
já Tício, para se defender, atira no cachorro, que vem a falecer. Temos aqui, um caso de legítima defesa, uma vez que o Tício apenas
repeliu uma injusta agressão, pois a agressão veio do Caio, que utilizou o
cachorro como uma arma para atacar Tício.

Obs.: Em caso de Furto Famélico – Aquele que ocorre quando a pessoa em situação de pobreza extrema, com intenção de satisfazer a
sua própria fome ou de terceiros, subtrai, coisa alheia móvel, sem violência ou grave ameaça – o entendimento majoritário, é de que,
demonstrada a situação citada acima, o agente estará dentro do Estado de Necessidade, excluindo a ilicitude, e por consequência, não
havendo crime. (as situações devem ser analisadas em caso a caso).

- LEGÍTIMA DEFESA:

Será considerado legítima defesa, quando o agente, repelir injusta agressão, a direito próprio ou alheio, atual ou iminente, utilizando
moderadamente dos meios necessários.

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos


meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem.

Desta forma, se o agente cometer um fato típico (como por exemplo, uma agressão – lesão corporal), mas exclusivamente com a
finalidade de repelir (defender-se) de uma outra agressão, que está acontecendo ou prestes a acontecer, desde que esteja repelindo de
forma moderada e com os meios necessários, não poderá ser responsabilizado pelo crime, pois, mesmo que a conduta seja TÍPICA, não
é ILÍCITA, por se tratar de uma excludente de ilicitude.

É importante destacar que, tanto no estado de necessidade, quanto na legítima defesa, se o agente que está incluso nestas situações,
se exceder nos atos, ele poderá responder pelo excesso, de forma dolosa ou culposa, conforme estipulado no Art. 23, Parágrafo único,
CP.

Excesso punível

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,


responderá pelo excesso doloso ou culposo

Utilizaremos dois casos de legítima defesa em excesso para exemplificar e facilitar o entendimento dos leitores:

Ex. 1: Caio, portando um chinelo em sua mão e com a intenção de lesionar Tício, se aproxima do mesmo para dar uma “chinelada”,
contudo, para se defender da agressão, Tício pega a sua arma e desfere tiros em Caio, que vem a falecer.

No exemplo acima, percebe-se que embora o conflito tenha iniciado por conta do Caio, através de uma agressão injusta, o Tício não
utilizou dos meios necessários para cessar a agressão, uma vez que há uma desproporcionalidade enorme entre “atacar com um chinelo
e defender com uma arma de fogo”, cabendo outros inúmeros meios proporcionais para a defesa.

Ex. 2: Caio pretende matar Tício, e para isso saca a arma de fogo e aponta em direção ao mesmo. Ocorre que, Caio não contava que
Tício seria ágil o suficiente para desarmá-lo e imobilizá-lo, o que aconteceu. Após imobilizar o Caio, o mesmo já não apresentava
perigo e nem aparentava ter intenção de fuga, porém, mesmo assim, Tício pega a arma de Caio e atira nele, causando a morte do
agressor inicial.
Neste exemplo, Tício já havia imobilizado e utilizado dos meios necessários para cessar a agressão, porém não agiu de forma moderada,
uma vez que mesmo após agir em legítima defesa, o mesmo atirou em Caio, se tornando, desta vez, o agressor final.

Curso Pódio Mais


Obs.: Para a situação do agente policial que “troca tiro” em uma ação policial e acaba por ferir o agressor, haviam discussões sobre
qual seria o entendimento desta situação, ou seja, se seria caso de legítima defesa ou de estrito cumprimento do dever legal (veremos a
seguir), contudo, o pacote-anticrime definiu, no parágrafo único do artigo 25, CP, que a referida situação trata-se de legítima defesa.

Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,


considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que
repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a
prática de crimes.

Obs.: Não poderá alegar legítima defesa, o agente que agir por vingança. O agente só poderá repelir a injusta agressão enquanto ela
acontece ou quando estiver na iminência de acontecer, se a agressão cessar e só aí, o agente agir, não poderá alegar legítima defesa.

Ex.: Caio e Tício estão discutindo em uma boate no Rio de Janeiro, após trocarem xingamentos, Caio se aproxima de Tício e dá um
soco na cara dele. Após levar o soco, Tício não reage e naquele momento, a agressão de Caio cessa. Ocorre que, algum tempo depois
de cessar a agressão, Caio está se dirigindo a saída da boate para ir embora, porém, Tício movido pelo sentimento de vingança e pela
humilhação, decide pegar uma cadeira e bater nas costas de Caio.

Essa conduta de Tício não poderá se enquadrar em legítima defesa, pois não havia agressão atual e nem iminente, apenas uma agressão
passada.

- ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL:


Trata-se da situação em que a lei concede uma permissão para o agente agir, tornando uma conduta que seria ilícita (se a lei não
permitisse que o agente fizesse tal conduta), em lícita, por se enquadrar em uma excludente de ilicitude.

Geralmente, o estrito cumprimento do dever legal alcança o agente público que pratica fato típico, que a lei impõe (permite) a ele.

Ex. 1: Oficial de justiça com mandado de busca e apreensão, durante o dia, que deverá adentrar a residência do réu para cumprir o
mandado. (a lei permite que ele faça tal conduta)

Ex. 2: Policial utilizando da força (proporcional) para algemar alguém, dentro das condições que a lei permite.

- EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO:


Trata-se da situação em que o cidadão civil pratica um fato típico por um direito que lhe é atribuído.

Ex. 1: Violência desportiva – Dois lutadores de MMA, ao realizar a luta, estariam cometendo várias lesões corporais entre si, contudo,
se estiverem dentro da regra do esporte e com um contrato assinado, a lei permite que ambos possam “trocar” lesões.

Obs.: Tanto o estrito cumprimento do dever legal, quanto o exercício regular do direito, não possuem um artigo próprio para explicá-
los (como é o caso do estado de necessidade e legítima defesa), apenas são citados no inciso III do artigo 23, do CP.

- CONSENTIMENTO DO OFENDIDO:

Consiste em uma causa SUPRALEGAL (fora da lei, além da lei) de excludente de ilicitude, portanto, não há uma previsão legal,
contudo, a doutrina e a jurisprudência já adotam esta causa e aplicam a exclusão da ilicitude.

O consentimento do ofendido ocorre quando a “vítima” (o ofendido) consente em dispor do bem jurídico tutelado, fazendo com que o
agente possua uma conduta típica, porém não ilícita.

Para que seja possível a exclusão da ilicitude por consentimento do ofendido, o bem jurídico tutelado deverá ser disponível
(ex.: patrimônio) não sendo permitido o referido instituto para bem jurídico indisponível (ex.: vida), e além disso, o ofendido deverá
ser absolutamente capaz (maior de idade e sem doença mental que altere a idade mental).

Curso Pódio Mais


Ex. 1: Caio, plenamente capaz, dá seu celular para Tício, que feliz em ganhar uma aparelho novo, o guarda na mochila e vai para casa,
posteriormente, descobre-se que Caio registrou um B.O alegando que o Tício furtou o seu celular. Ocorre que, Tício subtraiu, coisa
alheia móvel, sem violência ou grave ameaça, tornando sua conduta típica, como descrito no Art. 155 do CP, porém, a “subtração” do
patrimônio do Caio só ocorreu com o CONSENTIMENTO do mesmo, desta forma, Tício não poderá responder pelo crime de furto,
pois está enquadrado em uma excludente supralegal de ilicitude.

CULPABILIDADE

A culpabilidade é o último elemento que conceitua crime. Diferente dos elementos anteriores (tipicidade e ilicitude – dos
quais a análise era feita sobre a conduta do agente), neste instituto, a análise recairá sobre o próprio indivíduo e não sobre sua conduta.

Para observar a culpabilidade do indivíduo, partiremos da premissa que o fato já é típico e ilícito (caso contrário, nem seria
necessário analisar a culpabilidade), portanto, nos resta entender se o indivíduo poderá ser responsabilizado.

A culpabilidade possui três elementos, são eles: Imputabilidade (ser imputável – passível de aplicação de responsabilidade
criminal), Potencial conhecimento da ilicitude do fato (saber da existência de proibição para a conduta cometida) e Exigibilidade de
conduta diversa (ser exigível do indivíduo, uma conduta diversa da praticada).

Para melhor entendimento destes elementos, faremos da seguinte forma: iremos estudá-los através das suas excludentes, ou
seja, analisaremos a Inimputabilidade, a falta de potencial conhecimento da ilicitude do fato e inexigibilidade de conduta diversa.

- INIMPUTABILIDADE:
O critério biopsicológico define que o indivíduo será inimputável quando por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
(menor de 18 anos) ou retardado (embora biologicamente maior de 18 anos, a idade mental é menor), era, no momento da ação ou
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determina-se de acordo com este, conforme demonstrado no
Art. 26 do CP.

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

É importante destacar que ao menor de 18 anos, ou seja, com desenvolvimento mental incompleto, será aplicado medidas sócio
educativas. Já para o indivíduo que possuir doença mental, que o torne inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, no
momento da ação ou omissão, será aplicado medida de segurança. NÃO CONFUNDA!

É válido ressaltar que ao doente mental nas condições citadas acima, ao ser julgado, será aplicado uma SENTENÇA ABSOLUTÓRIA
IMPRÓPRIA, a qual determinará uma medida de segurança para tratamento ambulatorial ou internação em hospital de custódia, de
acordo com o Art. 97 do CP.

A internação em hospital de custódia e o tratamento ambulatorial que se referem acima, durará pelo tempo máximo cominado para o
delito que ele teria cometido. Antes deste entendimento vigorar, era discutido sobre a possibilidade de aplicação destas medidas de
segurança pelo tempo que durasse a insanidade do indivíduo, contudo, o STJ, definiu, através da súmula 527, que não poderia ser
aplicado dessa forma, pois correria o risco de aplicação perpétua, o que é vedado pela Constituição Federal de 1988.

Também existe a figura do “semi-imputável”, presente no parágrafo único do Art. 26 do CP, a qual se traduz no indivíduo que
perturbação mental que não retira de forma completa a capacidade de compreensão, sendo assim, NÃO era inteiramente incapaz de
entender e compreender o caráter ilícito do fato. A este indivíduo, será aplicado uma sentença condenatória, porém com redução de
pena.

Curso Pódio Mais


Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,


em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Obs.: A inimputabilidade também poderá ser alcançada por embriaguez, quando a mesma ocorrer de forma COMPLETA
(completamente bêbado) e ACIDENTAL. O semiimputável por embriaguez também existirá e terá a mesma responsabilidade aplicada
no texto acima, sobre redução de pena, porém a embriaguez deverá ser incompleta e acidental.

Embriaguez acidental: em decorrência da embriaguez fica inteiramente incapaz de compreender/determinar o caráter ilícito do fato,
sendo que tem que decorrer por motivo de força maior (alguém forçou o indivíduo a beber) ou de caso fortuito (quando não tem
conhecimento do potencial para deixá-lo embriagado – ou não tem conhecimento do que está de fato ingerindo).

- FALTA DE POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE DO FATO:

Trata-se do desconhecimento da lei, bem como o erro sobre a ilicitude do fato, quando o sujeito supõe que a conduta cometida é
permitida, mas na verdade não é.

O que se tem quando a situação acima é retratada, é o que chamamos de: Erro de proibição (será explicado na aula sobre erros),
previsto no artigo 21 do CP.

Erro sobre a ilicitude do fato

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude


do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um
sexto a um terço.

O erro de proibição poderá ser inevitável/escusável/invencível/desculpável (quando não havia como evitar de cometer este erro),
desta forma, será excluído a culpabilidade, logo, não haverá crime (isento de pena).

O erro de proibição também poderá ser evitável/inescusável/vencível/indesculpável (quando havia possibilidade de evitar
o cometimento do erro), neste caso, será aplicado a pena com uma redução de 1/6 a 1/3.
.

- INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:


Trata-se da situação em que se torna INEXIGÍVEL esperar que o indivíduo tenha uma conduta diversa da que teve. Este instituto
apresenta dois fatores que demonstram quando é inexigível, são eles: obediência hierárquica superior e coação moral irresistível,
ambos previstos no artigo 22 do CP.

Obediência hierárquica superior, ocorre quando o agente recebe uma ordem de um superior hierárquico (estamos falando em questão
militar), porém se trata de uma ordem não manifestamente ilegal (possui aparência de legal, mas é ilegal), e o subordinado cumpre a
ordem.

Neste caso, o subordinado teria uma conduta típica e ilícita, mas não possui culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa (não
era exigível que ele não cumprisse uma ordem – que aparentava ser legal – de um superior hierárquico), portanto, não haverá crime.
Somente será punido, o superior que emanou a ordem.

A coação moral irresistível, ocorre quando o agente é coagido moralmente a cometer um delito.

Ex.: Caio coage Tício a matar Mévio, alegando que se não o fizer, matará a mãe de Tício.

No exemplo acima, não é possível esperar que Tício tenha uma conduta diferente da que Caio está obrigando a fazer.

Obs.: Não confundir coação moral irresistível com coação física irresistível, em ambas, não haverá crimes, porém por justificativas
diferentes, sendo que a primeira exclui a exigibilidade de conduta diversa e por sua vez, exclui a culpabilidade, já a segunda exclui a
conduta e por sua vez, exclui a tipicidade.

Curso Pódio Mais


Obs.: Se a coação moral for RESISTÍVEL, o indivíduo responderá pelo crime, mas com aplicação da atenuante prevista no Art. 65, III,
“c” do CP.

- DESCRIMINANTES PUTATIVAS

Trata-se das condutas em que o indivíduo IMAGINA estar em situação de excludente de ilicitude, que se realmente estivesse,
a conduta seria lícita, mas não está, como observado pelo Art. 20, §1º do CP.

Ex.: Tício em discussão aflorada com Caio acerca de trabalho, coloca a mão no bolso de trás, Caio percebe e imagina que
Tício vai pegar sua arma e matá-lo, por este motivo, Caio pega a sua arma primeiro e atira contra Tício, que vem a falecer. Com as
imagens da câmera ao local, é possível identificar que Tício não estava armado e que o que estava no bolso de trás, era sua carteira de
trabalho, sendo certo que sua intenção era mostrá-la para o Caio.

Neste caso, Caio imaginou estar em uma situação de legítima defesa e agiu para repelir uma injusta agressão iminente e
imaginária.

Descriminantes putativas

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas


circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo.

Portanto, o indivíduo que por erro, imagina estar numa situação de excludente de ilicitude, em que não se encontra, também
terá excluído a culpabilidade, logo não haverá crime. Lembrando que, se o fato for punível com culpa e o erro derivar de uma falta de
cuidado devido, o indivíduo responderá pela culpa.

PRINCÍPIOS

Legalidade: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena ou medida de segurança sem prévia combinação legal. Constitui-
se, assim, uma forma de limitação do poder punitivo do Estado.

Pessoalidade da pena: somente o autor do delito é que pode se submeter às sanções penais a ele aplicadas.

Humanidade: veda a criação, aplicação ou execução de pena, ou qualquer outra medida que atentar contra a dignidade humana.
Segundo o artigo 5º, XLVII, há proibição das seguintes de morte (salvo em caso de guerra declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos
forçados, de banimento e cruéis.

Adequação social: se a conduta for considerada socialmente adequada, não se poderá reprimi-la. Além disso, o legislador deve
repensar os tipos penais e retirar do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente
à evolução da sociedade.

Intervenção mínima: pressupõe que o Direito Penal só deve se preocupar com a proteção dos bens mais importantes e necessários
da vida em sociedade.

Curso Pódio Mais


Anterioridade penal: Não será responsabilizado criminalmente, os indivíduos que praticarem o fato ANTES da entrada em vigor da
lei penal, que definiu o fato como crime.

Irretroatividade da lei penal: A lei posterior não retroage, salvo em benefício do Réu.

- Novatio Legis in Mellius: A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Ocorre a novatioin melliusquando a lei posterior, mantendo a
incriminação do fato, torna menos gravosa a situação do réu.

- Novatio Legis in Pejus: É a nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu, sendo irretroativa, devendo ser aplicada a lei vigente
quando do tempo do crime.

- Novatio Legis Incriminadora: É a hipótese da lei nova que vem a tornar fato anteriormente não incriminado pelo direito penal
como fato típico. A lei nova que incrimine o praticante de fato que ao tempo da prática não era típico, não poderá ser aplicada, pois
é irretroativa.

- Abolotio criminis: Ocorre o fenômeno da abolitio criminis (EX.: Lei n. 11.106, de 28 de março de 2005, que aboliu os crimes de
sedução, rapto e adultério). Sempre que uma lei nova deixa de incriminar fato anteriormente considerado um ilícito penal. É aplicado
o artigo 2º, “caput” do CP.

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.

DIREITO PENAL

TEORIA DAS PENAS:

- Antes de analisar as teorias existentes sobre as penas, precisamos destrinchar o tipo penal e ressaltar a diferença entre PRECEITO
PRIMÁRIO e PRECEITO SECUNDÁRIO.

Preceito primário: Descreve a conduta tipificada no artigo.

Preceito secundário: Cominação da pena que poderá ser aplicada. (descrição da pena)

Ex.: ART. 121 – HOMICÍDIO SIMPLES


- Matar alguém: (Preceito primário)
- Reclusão de seis a vinte anos (Preceito secundário)

TEORIAS:

Absoluta/Punitiva: Trata-se da teoria que determina que a pena possui um caráter apenas punitivo, ou seja, uma punição pela conduta
criminosa.

Relativa/Preventiva: Trata-se da teoria que determina que a pena possui um caráter apenas preventivo, ou seja, a pena não servirá para
punir, mas sim para evitar que o indivíduo volte a cometer condutas criminosas (preventivo pessoal) e para evitar que a sociedade
cometa condutas criminosas, demonstrando o que ocorre quando alguém comete tal conduta (preventivo social).

Mista: Aplicação das duas teorias juntas, ou seja, a pena possui um caráter punitivo, com o intuito de punir o indivíduo pelo crime
cometido, bem como também possui um caráter preventivo, buscando evitar que o mesmo volte a delinquir ou que a sociedade cometa
tal delito. A TEORIA APLICADA NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO É ESTA.

Curso Pódio Mais


PENAS:

As penas, existentes no ordenamento jurídico brasileiro, podem ser divididas em três tipos: Privativa de liberdade; Restritiva de
direitos; e Multa.

- A PRIVATIVA DE LIBERDADE é a espécie de pena mais conhecida pela sociedade, pois refere-se às penas de prisão, ou seja, onde
há o enclausuramento do indivíduo (privação da liberdade dele – por isto o nome).

As penas privativas de liberdade serão cumpridas por reclusão (cumprido em regime fechado, semiaberto e aberto), detenção
(cumprido em regime semiaberto e aberto) ou prisão simples (apenas em contravenção penal e cumprimento em regime semiaberto
e aberto).
OBS.: REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA - FORMA:

Art. 33, §1º do Código Penal:


Regime Fechado: Cumprimento em estabelecimento prisional (penitenciária).

Regime Semiaberto: Cumprimento em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.

Regime aberto: Cumprimento em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

OBS.: APLICAÇÃO DO REGIME:

Art. 33, §2º do Código Penal:

Regime Fechado: O condenado a pena superior a 8 (oito) anos.

Regime Semiaberto: O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito).

Regime aberto: O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos.

- A RESTRITIVA DE DIREITOS é a espécie de pena que determina a restrição de algum direito do agente que cometeu o crime,
diferente da privação da liberdade dele.

As restritivas de direito estão previstas no artigo 43 do Código Penal:

Penas restritivas de direitos


Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

I - prestação pecuniária; II - perda

de bens e valores;

III - limitação de fim de semana.

IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana.

A MULTA é a espécie de pena que determina o pagamento, ao fundo penitenciário, da quantia fixada na sentença e calculadas em dias-
multa. Pode ser aplicado de forma alternativa ou cumulativa.

OBS.: O pagamento da multa, por sentença condenatória, é feito usando o artigo 49, §1º, CP, sendo certo, que o valor fica entre, no
mínimo de 1/30 do salário-mínimo vigente no momento do cometimento da conduta, e 5 vezes o valor do salário-mínimo vigente na
época.

OBS.: Os dias-multa, serão determinados em, no mínimo 10 dias e no máximo 360 dias, em conformidade com o artigo 49, CP.

EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA (não paga), POR SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM
JULGADO:

Curso Pódio Mais


O juiz definirá a aplicação da pena de multa por sentença penal condenatória, na qual, deverá ocorrer o trânsito em julgado da mesma
(sem possibilidade de recurso).

Após o referido trânsito em julgado, o agente que foi condenado deverá pagar o valor definido em sentença. Desta forma, o que ocorrerá
se o agente NÃO pagar o valor da multa defina em sentença?

R.: A multa definida por sentença penal condenatória transitada em julgado e não paga, deverá ser convertida em dívida de valor (dívida
ativa da Fazendo Pública) e executada pelo Ministério Público, através do Juízo de Execução Penal.

________________________________________________________________________

FASES DO CRIME:

O crime possui 04 (quatro) fases – INTER CRIMINIS, são elas: Cogitação; Preparação; Execução; e Consumação, além destas, há
doutrinas que incluem, como fase de crime, o Exaurimento (Para a maioria, não é considerado fase do crime, porque se trata apenas
da vantagem adquira com o crime).

Cogitação: Fase de imaginar. De cogitar cometer o crime – (Não há crime nesta fase);

Preparação: Fase em que começa a preparar para o cometimento do crime – (Em regra, não há crime, exceto se, for crime de perigo
= ex.: art. 288 CP – associação criminosa e art. 291 CP – falsificação de moeda);

Execução: Início do cometimento do crime (Há crime);

Consumação: Final do crime. Quando produz o resultado (Há crime).

TENTATIVA:

Art. 14, II, CP

- Ocorre a tentativa quando o agente, por circunstâncias alheias a sua vantagem, inicia o crime (fase de execução), mas não consegue
consumar o crime (fase de consumação).

- Para o crime tentado, será determinado a aplicação da pena com a diminuição de 1/3 a 2/3 da pena referente ao crime consumado.
OBS.: Existem situações que NÃO admitem tentativa, são elas: Crime culposo; Crime preterdoloso (dolo no primeiro momento e
culpa no segundo); Contravenção penal; Crimes omissivos próprios; Crimes habituais; Crime atentado; e unissubsistente.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e ARREPENDIMENTO EFICAZ:

Art. 15 do CP
- Diferente da tentativa, ambos institutos ocorrem quando há o início da execução de um crime, mas por circunstância da própria
vontade do agente, o crime não se consuma.

-O agente que estiver na situação destes institutos, responderá apenas pelos atos praticados, porém, se não conseguir evitar a
consumação do crime, responderá pelo crime consumado (Não havendo a aplicação do art. 15 do CP).

- A diferença entre os dois é que:


A desistência voluntária, ocorre o início da execução, porém DURANTE a execução e antes da consumação do delito, o agente desiste
de praticar o ato criminoso e evita o resultado criminoso.

O arrependimento eficaz, ocorre o início da execução, porém LOGO APÓS CESSAR a execução e antes da consumação, o agente
se arrepende do que fez e evita o resultado criminoso.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR:

Art. 16 do CP

Curso Pódio Mais


- Diferente das situações trazidas nos institutos anteriores, o arrependimento posterior ocorre quando, após a consumação do crime, o
agente se arrepende e age para, de certa forma, ressarcir a vítima.

- Só poderá ocorrer em crimes praticados sem violência ou grave ameaça, com reparação do dano ou restituição da coisa, desde
que tal reparação/restituição seja feita até o recebimento da denúncia ou queixa e que seja espontaneamente.

- Para o agente que se enquadrar neste instituto, será aplicado a pena pelo crime consumado, mas com a diminuição de 1/3 a 2/3 da
pena.

OBS.: No crime de peculato culposo (art. 312, §2º do CP), quando há uma reparação do dano antes da sentença irrecorrível, ocorre a
extinção da punibilidade e não o arrependimento posterior.

________________________________________________________________________

JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL – JECRIM – LEI 9.099/95

- Trata-se de uma legislação especial que tutela sobre os crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, aqueles que a pena máxima
cominada não ultrapassa 02 (dois) anos, bem como para as contravenções penais, desde que ambos não tenham conexão com outro
delito - que não seja de JECRIM – art. 60, parágrafo único do CP - e que não hajam situações complexas (como perícia para
descriptografar mensagem – pois necessita de um especialista no processo, indo em contradição com a celeridade que o JECRIM
deve ter – art. 77, §2º da lei 9.099/95).

- A Lei 9.099/95, na parte do JECRIM, traz alguns institutos interessantes para o nosso estudo, uma vez que é possível destacar as
medidas despenalizadoras, que são: Composição Civil dos Danos; Transação Penal; e Suspensão Condicional do Processo.

As medidas despenalizadora ou institutos despenalizadores, servem como uma espécie de acordo entre as partes envolvidas, para que
seja possível cessar a persecução penal, aplicando uma responsabilidade diversa da prisão ao indivíduo.

- Composição civil dos danos (art. 74 da lei 9.099/95):


Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

- Transação Penal (art. 76 da lei 9.099/95):


Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

- Suspensão Condicional do Processo (art. 89 da lei 9.099/95):


Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena.

Não confundir com suspensão condicional da pena (SURSIS)!!

OBS.: Para o crime de lesão corporal leve ou culposa, será processado mediante ação penal pública condicionada à representação, de
acordo com o art. 88 da lei 9.099/95.

OBS.: No processo penal comum, no que se refere à competência territorial, para processar e julgar, é aplicado a teoria do resultado
(O local para processar e julgar é o local da consumação), PORÉM, no caso de JECRIM, a teoria aplicada é a teoria da atividade
(considera-se o local do crime, o local onde ocorreu a execução do crime).

OBS.: Na justiça militar, não é possível a aplicação da 9.099/95, como regra. (como exceção, se a justiça militar da união julgar e
processar um civil, poderá ser aplicado a 9.099/95.

OBS.: JECRIM – na MARIA DA PENHA (lei 11.340/06):

Curso Pódio Mais


- Não se aplica a lei 9.099/95 em caso de Maria da Penha!!

- Súm. 536 do STJ: A suspensão Condicional do Processo e a Transação Penal não se aplicam nas hipóteses de lei Maria da Penha!!

- Súm. 542 do STJ: Os crimes de lesão corporal leve e culposa, quando se tratar de caso de Maria da Penha, será processado e julgado
por ação penal pública incondicionada.

- No JECRIM não há lavratura do Inquérito Policial, e sim do Termo Circunstanciado.

________________________________________________________________________

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP)

Art. 28-A do Código de Processo Penal

- Trata-se de uma espécie de acordo, inserido no ordenamento jurídico brasileiro através do pacote anticrime (lei 13.964/19), para
cessar a persecução penal em relação ao autor do fato, desde que cumpridos os requisitos, são eles: Crime praticado sem violência
ou grave ameaça; Pena mínima inferior a 04 (quatro) anos; Confissão.

- A proposta de ANPP será feita durante a investigação criminal (inquérito policial).

- O acordo será realizado desde que cumprido as condições estabelecidos no mesmo (cumulativamente ou alternativamente), podendo
ser: Reparação de dano (salvo impossibilidade de fazer); Renunciar aos bens que sejam produto/proveito do crime; Prestar
serviços comunitários (pelo tempo de pena mínima do delito que está sendo investigado); Prestação pecuniária; ou Qualquer
outra condição indicada pelo Ministério Público (desde que proporcional).

- Não caberá o ANPP (art. 28-A, §2º, CPP), se for cabível transação penal, se o agente for reincidente, se, caso for primário, for
criminoso habitual, se já foi beneficiado nos últimos 05 anos ou se o crime for cometido no contexto de violência
doméstica/familiar contra a mulher.
DIREITO PENAL

ERRO DE TIPO

- É o erro sobre o elemento constitutivo do tipo penal, ou seja, é desenvolver a conduta, sem ter ciência de que estaria
cometendo-a.

O erro de tipo, conforme conceituado acima, ocorre quando o agente comete uma conduta criminosa, sem
saber que está cometendo tal conduta. Ex.: Atirar em algo sem saber que é uma pessoa.

No exemplo citado acima, o agente achava estar atirando em um objeto, portanto, não sabia que estaria
cometendo o crime de homicídio.

- Efeitos: O erro de tipo possui dois tipos de efeitos diferentes, dada a sua natureza. Ele pode ser um erro
inevitável/invencível/escusável ou ele pode ser um erro evitável/vencível/inescusável.

Ocorre o erro de tipo inevitável quando qualquer pessoa também teria errado, logo, mesmo tomando todas as medidas
cabíveis, não seria possível evitar tal erro, portanto, se o crime foi cometido em situação de erro de tipo inevitável, o
agente não poderá ser responsabilizado, uma vez que será excluído tanto o dolo, quanto a culpa.

Já no caso do erro de tipo evitável (o contrário do citado acima), ou seja, trata-se de um erro que era possível ser
evitado, o agente vai responder, pelo crime, na modalidade culposa, se houver.

Obs.: No caso do erro de tipo evitável, se o crime em questão não possuir modalidade culposa, o agente não responderá
pelo crime, por conta da atipicidade da conduta.

ERRO DE TIPO ACIDENTAL

Curso Pódio Mais


- Aquitratamos de erro meramente secundário, ou seja, que não possui o condão de excluir a responsabilidade, mas
ocorre um tratamento diferente para o indivíduo.

Os erros de tipo acidental, poderão ser divididos em: Erro sobre o objeto; Erro sobre a pessoa; Erro na execução;
eResultado diverso do pretendido.

Veremos abaixo a explicação de cada instituto citado:

- Erro sobre o objeto: Ocorre quando por erro do agente, o crime incide sobre outro objeto, neste caso, responderá
pelo objeto atingido.

Ex.: O agente quer furtar um relógio de prata e furta um de ouro. Responderá pelo furto do relógio de ouro.

- Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º do CP): Ocorre quando por erro do agente, o mesmo se confunde quanto a pessoa
que pretendia atingir e acaba por atingir outra pessoa, neste caso, responderá pela pessoa pretendida e não pela atingida.

Ex.: O agente queria matar A, mas por confusão quanto a aparência de A e B, o agente acaba por matar o B. Responderá
como se o crime tivesse sido cometido contra o A e não o B.

- Erro na execução (art. 73, CP): Ocorre quando o agente (sabendo quem é a vítima) erra na execução do crime e
acaba por acertar outra pessoa, neste caso, responderá pela pessoa pretendida e não pela atingida.

Ex.: O agente queria matar A, porém tremeu a mão, errou o tiro e matou B. Responderá como se o crime tivesse sido
cometido contra o A e não o B.

Obs.: A diferença entre Erro sobre a pessoa e erro na execução, é que no primeiro destes, o agente CONFUNDE a
pessoa que pretendia. Já no outro, o agente sabe exatamente quem é a pessoa, mas ERRA na execução do crime e acerta
outra.

- Resultado diverso do pretendido (art. 74, CP): Ocorre quando o agente queria atingir um resultado criminoso e
acaba por atingir outro, neste caso, responderá pelo resultado que efetivamente causou e não o que pretendia. No caso
de causar os dois resultados, responderá pelos dois em concurso.

Ex.: O agente queria tacar uma pedra na cabeça de A, para isso, pegou o pedregulho no chão e arremessou em A que
estava sentado em sua casa, mas o que o agente não contava era que a janela estava fechada (vidro bem limpo) e, por
isso, o pedregulho quebrou a janela, causando o crime de dano. Responderá pelo crime que causou e não o que queria
causar (se ocorrer os dois, responderá pelos dois).

CONCURSO

Quando, no Direito Penal, falamos em Concurso, estamos nos referindo a pluralidade.

Estudaremos os três tipos de concurso pertinentes para a turma, que são: Concurso de normas; Concurso de Crimes;
e Concurso de pessoas.

Desta forma, faremos o estudo de situações onde ocorre mais de uma norma para o mesmo caso, bem como situações
onde ocorre mais de um crime e situações onde o crime é cometido por mais de uma pessoa.

Passaremos a explicação de cada item citado:

CONCURSO DE NORMAS:

- Ocorre o concurso de normas, quando houver um aparente conflito entre duas normas, ou seja, em uma situação onde,
aparentemente, um caso se encaixaria em duas normas legais.

Ex.: A, dirigindo um veículo automotor, atropela e mata B, de forma culposa. Existem duas normas que, aparentemente,
conflitam – Art. 121, §3º, CP (homicídio culposo) e Art. 312, CTB (homicídio culposo na direção de veículo automotor).

A questão que surge é a seguinte: Qual das duas normas citadas acima será aplicada ao caso narrado?

Curso Pódio Mais


Para saber como tratar essas situações, existe uma dica: Sempre que enxergar algum conflito de normas, CASE.

Consunção
Alternatividade
Subsidiariedade
Especialidade

Partiremos para a análise de cada um dos princípios citados acima:

Especialidade: Determina que a norma utilizada será a norma especial para o caso concreto, ou seja, a norma mais
específica para o caso. No exemplo citado acima, se o “A” causou o crime, de forma culposa e na direção de veículo
automotor, o tipo penal aplicado para ele seria o art. 312 do CTB, que determina EXATAMENTE o homicídio culposo
na direção de veículo automotor.

Subsidiariedade: Contrário do principal. Quando há uma impossibilidade de aplicação da norma principal, utiliza-se
a norma subsidiária. A divisão pode ser:

Expressa: A própria lei vai dizer que a norma é subsidiária – o tipo penal estará descrito da seguinte forma: “se
resultar em…” ou “se o fato não constituir crime mais grave..., ou seja, expressamente descrito no artigo referente ao
crime. Ex.: Lesão corporal seguida de morte – Art. 129, §3º, CP.

Tácita: Não está expressamente descrito, mas sim, tacitamente (apesar de não estar escrito, está implícito) – a norma
subsidiária estará contida como elementar do crime principal. Ex.: Art. 148, CP – Sequestro e art. 159, CP – Extorsão
mediante sequestro – O crime de sequestro está dentro do crime de extorsão mediante sequestro, porém quando houver
uma extorsão, será aplicado o crime do artigo 159, caso não exista extorsão, será aplicado o crime do artigo 148,
ambos do CP.

Alternatividade: Conflito aparente dentro do mesmo tipo penal. Quando o tipo penal descreve mais de um verbo
elementar. Neste caso, o agente responderá uma vez por aquele crime, independente de quantos verbos possuir
tipicidade, por se tratar de crime único. Ex.: A produziu, guardou, expôs a venda, vendeu e trouxe consigo drogas
ilícitas. Neste caso, ele cometeu 05 verbos do tipo penal de tráfico de drogas (art. 33 da lei 11.343/06). O que o princípio
da alternatividade vai dizer é que, mesmo que ele tenha cometido 5 verbos, ele só responderá UMA vez pelo crime do
art. 33 da referida lei, por conta da previsão do próprio tipo penal.

Consunção: Quando o crime meio é absorvido pelo crime fim, ou seja, todo crime cometido que tenha sido um meio
para chegar em outro crime, será absorvido pelo crime final. Ex.: “A” desejava furtar o “B”, e para isso entrou no
domicílio do B, sem a permissão do mesmo, causando o crime de violação de domicílio (art. 150, CP), logo após
adentrar, o “A” furta (art. 155, CP) a televisão do “B” e vai embora. Neste caso, o crime de violação de domicílio foi
apenas um MEIO para chegar no objetivo FINAL, que era o crime de furto, portanto, o crime do art. 150 será absorvido
e o agente responderá apenas pelo crime do art. 155 do CP.

Poderá ocorrer de duas formas: Crime progressivo (quando o agente deseja desde o início o resultado mais grave e
para isso vai cometendo crimes menos graves como um meio) ou Progressão criminosa (quando o agente deseja o
crime mais leve, porém após conseguir, começa a produzir crimes mais graves – neste caso, há substituição do dolo).

CONCURSO DE CRIMES:

- Ocorre o concurso de crimes, na situação em que há mais de um crime cometido, podendo ser através de uma
ação/omissão, duas ou mais ações/omissões ou condutas continuadas dentro do mesmo contexto fático.

O estudo deste instituto é dividido em 03 pontos: Concurso material; Concurso formal; e Crime continuado.
Analisaremos cada um citado, como é de costume.

Concurso material – art. 69, CP: Trata-se da situação na qual, o agente, por mais de uma ação/omissão acaba
cometendo mais de um crime. A responsabilização do agente, para a aplicação da pena, vem por meio do sistema de
cúmulo material, que determina a soma das penas dos crimes
(aplicadas).

Concurso formal – art. 70, CP: Trata-se da situação na qual, o agente, por, apenas, uma ação/omissão acaba cometendo
mais de um crime. A responsabilização do agente, para a aplicação da pena, vem por meio do sistema de exasperação,
que consiste em separar uma das penas (se estivermos falando de crimes iguais, será a pena de qualquer um deles, se

Curso Pódio Mais


estivermos falando de crimes diferentes, será a pena do crime mais grave), aplicar a pena deste crime separado somado
de 1/6 até ½ (concurso formal perfeito).

Obs.: Art. 70, parte final, CP - Fique atento!! Se os crimes surgiram por desígnios autônomos (vontade de produzir
cada crime) e a ação/omissão for dolosa, o artigo citado acima, determina que o sistema de aplicação será o de cúmulo
material (conforme o concurso material), ou seja, ocorrerá a soma das penas, aplicadas, dos crimes (concurso forma
imperfeito).

Obs.: Art. 70, parágrafo único, CP - Fique atento!! Caso o sistema de exasperação for prejudicial ao réu, em relação
ao sistema de cúmulo material, ou seja, se somar as penas dos crimes ao invés de separar um e aumentar de 1/6 até ½,
for mais benéfico para o réu, será aplicado o sistema de cúmulo material (regra do cúmulo material benéfico).

Crime continuado – art. 71, CP: Trata-se da situação na qual, o agente comete mais uma conduta e resulta em mais
de um crime, contudo, todos os crimes dentro do mesmo contexto fático (crimes da mesma espécie, com conexão
temporal, conexão espacial, modo de execução semelhantes e com a intenção de ser produzido em continuidade).

Obs.: O sistema, para a aplicação da pena, também será o de exasperação, porém com aumento de 1/6 a 2/3, contudo,
caso os crimes cometidos se tratarem de crimes dolosos contra vítimas distintas e com violência ou grave ameaça, o
juiz poderá aplicar até o triplo da pena do crime mais grave.

CONCURSO DE PESSOAS:

- Ocorre o concurso de pessoas quando há o cometimento do crime por mais de uma pessoa.

Todas as pessoas que concorrerem para a produção do resultado criminoso, responderá por este na medida da sua
culpabilidade, para isso, temos as 3 figuras que podem concorrer: Autor/Coautor, Autor Intelectual e Partícipe(art.
29 e 30 do CP).

Obs.: Existem crimes que adotam a teoria monista, ou seja, todas as pessoas que concorrerem ou participarem daquele
crime, vão responder juntos, dada a sua responsabilidade (art. 121, CP – todos que concorrerem para o homicídio, vão
responder juntos pelo crime – dada a sua responsabilidade). Também existem crimes que adotam a teoria pluralista,
ou seja, há um tipo penal separado para cada pessoa que cometeu o crime, portanto, não há como todos responderem
pelo mesmo crime (Ex.: aborto – art. 124, CP e aborto provocado por terceiro com consentimento – art. 126, CP –
Quem abortou vai responder pelo artigo 124, porém o terceiro que realizou o aborto, irá responder pelo artigo 126).

Obs.: É necessário que as pessoas que estão concorrendo para o crime, possuam, ao menos, um liame subjetivo entre
elas, ou seja, ao menos a ideia de que estão cometendo em conjunto, pois, se não estiverem cometendo em conjunto,
não há o que se falar em concurso de pessoas.

Autor/Coautor: Segundo a Teoria Restritiva, será autor do crime quem pratica a conduta principal descrita no tipo
penal.

A teoria acima é limitada, uma vez que ela apenas responsabiliza quem praticou o fato, mas não pune quem mandou
praticar, para isso, nasce a figura do Autor Intelectual.

Autor Intelectual: Segundo a teoria do domínio do fato, será autor intelectual quem tem o poder de cessar o crime no
início, meio ou fim dele, ou seja, quem possui o domínio do fato.

Partícipe: É quem não comete a conduta principal do tipo penal, mas concorre para a produção dele de alguma forma,
ou seja, em um exemplo de homicídio, o partícipe não matou e nem mandou matar, mas ajudou para que alguém
matasse.

Obs.: Se a participação for de menor importância, o partícipe responderá pelo crime, mas com diminuição de 1/6 a 1/3
da pena.

Obs.: Segundo a teoria da acessoriedade limitada, o fato deverá ser típico e ilícito e o crime chegar a ser tentado, para
que o partícipe responda também, pois, se o autor não responder pelo crime por esses motivos, o partícipe também não
vai responder.

Obs.: A participação deverá ser relevante para a produção do resultado criminoso, se for irrelevante, o partícipe não
responderá pelo crime.

Curso Pódio Mais


Obs.: Se o partícipe quis participar de um crime menos grave e acabou envolvido em um crime mais grave, ele
responderá pela aplicação do crime MENOS grave, contudo, se tiver sido previsível (a ocorrência do mais grave), o
partícipe responderá, ainda pela aplicação do crime MENOS grave, mas com a pena aumentada (deste crime) até a
metade.

Art. 30, CP: Para todas as situações apresentadas acima, as circunstâncias de caráter pessoal de cada um, não irá se
comunicar (alcançar o outro), salvo se for uma circunstância elementar do tipo penal.
DIREITO PENAL

LEI PENAL NO TEMPO:

Trata-se do estudo sobre conflito temporais acerca de normas na linha do tempo, ou seja, se uma norma posterior poderá
alcançar ou não um fato anterior.

Para começar o estudo, é importante destacar que a teoria que define o momento do crime, é a teoria da atividade.

- Teoria da atividade: A teoria da atividade considera o momento em que o crime foi praticado, independente do
momento em que se consumou o crime.

Destaca-se um princípio norteador acerca do tema, o princípio da irretroatividade da lei penal.

- Irretroatividade da lei penal: A lei posterior não retroage, salvo em benefício do Réu.

- Novatio Legis in Mellius: A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Ocorre a novatioin melliusquando a lei
posterior, mantendo a incriminação do fato, torna menos gravosa a situação do réu.

- Novatio Legis in Pejus: É a nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu, sendo irretroativa, devendo ser aplicada
a lei vigente quando do tempo do crime.

- Novatio Legis Incriminadora: É a hipótese da lei nova que vem a tornar fato anteriormente não incriminado pelo
direito penal como fato típico. A lei nova que incrimine o praticante de fato que ao tempo da prática não era típico,
não poderá ser aplicada, pois é irretroativa.

- Abolotio criminis: Ocorre o fenômeno da abolitio criminis (EX.: Lei n. 11.106, de 28 de março de 2005, que aboliu
os crimes de sedução, rapto e adultério). Sempre que uma lei nova deixa de incriminar fato anteriormente
considerado um ilícito penal. É aplicado o artigo 2º, “caput” do CP.

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Além das situações citadas acima, podemos destacar também, a lei temporária e a lei excepcional.

- Lei temporária: Aparece no sistema jurídico-penal já com a data do término de sua vigência previamente agendada
(possui tempo determinado para perder seus efeitos desde o início da sua criação). Ex.: lei criada para olimpíadas,
regida apenas durante o evento.

- Lei excepcional: Lei excepcional é aquela que visa atender a situações anormais da vida social (terá vigência
enquanto não cessada a tal situação). Ex.: lei que surge em relação a uma pandemia/guerra durante a calamidade.

LEI PENAL NO ESPAÇO:

Curso Pódio Mais


Quando falamos sobre lei penal no espaço, buscamos estudar e entender melhor situações que ocorrem algum tipo de
conflito espacial, ou seja, quanto à localidade da conduta. Ex.: execução realizada na comarca do Rio de Janeiro, mas
consumação em Niterói. O TJ de qual município vai julgar?

Antes de analisar qualquer conflito e de citar os artigos, precisaremos entender sobre jurisdição e competência.

Jurisdição:

É a forma de resolver o conflito dizendo o direito, ou seja, é dizer o direito (condenar, absolver...).

A jurisdição, em regra, pertence ao Estado (no sentido de governo), desta forma, é fácil entender que quem deverá dizer
o direito, é o Estado. Ocorre que, na prática, é fisicamente impossível dizer o direito por todo território brasileiro, sendo
uma única pessoa, por conta disso, a jurisdição (o dizer o direito) teve que ser limitada. E essa limitação é chamada de
competência.

Competência:

É o limite da jurisdição. Esse limite pode ocorrer de três formas:

- QUANTO À MATÉRIA: Juiz criminal só julgará o cometimento de crimes, bem como juiz cível julgará ilícito
civil...;

- QUANTO À PESSOA: Deputado federal e senador serão julgados pelo STF, governador pelo STJ...; e

- QUANTO AO LOCAL: Visa definir, qual localidade física será responsável por processar e julgar determinado
delito. No exemplo citado no primeiro parágrafo da lei penal no espaço, demonstra uma situação de divergência
quanto à localidade do crime. Precisaremos analisar 03 (três) teorias para definir qual é a localidade do crime, ou seja,
o local do crime, são elas: Teoria da atividade; Teria do resultado; e Teoria da ubiqüidade.

- TEORIA DA ATIVIDADE:
Trata-se da teoria que define o local do crime como o local da execução da conduta, ou seja, o local onde o
crime foi executado, independentemente de onde fora consumado.

Essa teoria NÃO é a teoria adotada, em regra, pelo ordenamento jurídico brasileiro, contudo, será
aplicada quando se tratar de crimes de menor potencial ofensivo (regidos pela lei 9099/95 – no art. 63 da referida lei)
e quando se tratar de crimes contra a vida (não há artigo em lei que defina isso, mas o STF e o STJ vêm entendendo
desta forma – por ser mais fácil investigar um crime onde ele foi executado, do que onde ele foi consumado).

Sendo assim, quando o assunto versar sobre os casos citados acima, o local do crime vai ser onde a conduta foi
praticada, não onde o crime foi consumado.

- TEORIA DO RESULTADO:
Trata-se da teoria que define o local do crime como o local da consumação, independentemente de onde ocorreu a
execução, de acordo com o art. 70 do CPP.

Essa É a teoria adotada pelo Código de Processo Penal, portanto, será aplicada em geral, salvo quando estiver
tratando das exceções.

Sendo assim, quando o assunto não versar sobre alguma das situações descritas no tópico anterior e posterior, o local
do crime vai ser onde o crime se consumou, não onde foi praticado.

- TEORIA DA UBIQUIDADE:
Trata-se da teoria que define o local do crime tanto como o local onde foi praticada a conduta, quanto o local onde foi
consumado o crime, de acordo com o art. 6º do CP.

Essa teoria somente será adotada quando tratarmos de crimes à distância (quando a conduta é praticada em um país
e a consumação ocorre em outro).

Curso Pódio Mais


Sendo assim, quando o assunto versar sobre crimes à distância, o local do crime poderá ser tanto onde foi
praticado, quanto onde foi consumado.

OBS.: Não se esqueça de fazer a leitura do artigo 70 e seus parágrafos, bem como do artigo 71 e 72, todos do CPP.

OBS.: A territorialidade, ou seja, a definição do que é território brasileiro, está definida no art. 5º e seus parágrafos, do
CP. (A lei brasileira se aplicará dentro do território brasileiro, em regra).

OBS.: Já a extraterritorialidade, ou seja, quando, embora não seja território brasileiro, a lei brasileira será aplicada, está
definida no art. 7º seus incisos e seus parágrafos, do CP.

OBS.: Quando se tratar de crime de contrabando (art. 334-a do CP), o local do crime (que terá competência para
processar e julgar o crime) será o local da apreensão dos bens.

DOSIMETRIA DA PENA:

Trata-se do cálculo, utilizado pelos juízes, para definir a aplicação de pena ao indivíduo condenado pelo crime.

A análise de tal instituto é feita com base no Art. 59 do CP, o qual foca em 04 (quatro) pontos:

Qual será a pena aplicada? – Priv. Liber.; Rest. Dir.; ou/e multa

Quantidade da pena – (hom. Simples: 6 a 20 anos)


Art. 59, CP
Regime inicial de cump. de pena – Fech, S.A. ou aberto

Substituição da pena priv. lib. por rest. dir. – art. 44, CP

Conforme observado acima, ao sentenciar o indivíduo, no primeiro momento, o juiz definirá qual a espécie de pena
será aplicada. Vamos entender utilizando a seguinte situação:

A, subtrai um bem de B, sem utilizar de violência ou grave ameaça. É seguido todos os trâmites legais desde o crime
até o momento da sentença.

Curso Pódio Mais


Com base no caso retratado acima, o juiz vai definir qual espécie de pena será aplicada pelo delito cometido, ou seja,
pelo crime de furto (art. 155, CP). Tal delito prevê reclusão de 1 a 4 anos, logo, o crime prevê uma pena privativa de
liberdade.

Seguimos então, com a análise do artigo 59 do código penal, desta forma, o segundo passo do juiz é definir a
quantidade da pena. Para isso, o juiz utilizará do sistema trifásico, que indica que a quantidade da pena será defina
em 03 (três) partes, são elas:

- Pena base (circunstâncias judiciais): análise das situações do crime e do indivíduo, como culpabilidade, bons ou
maus antecedentes, personalidade do agente, entre outras.

- Agravantes e Atenuantes: as agravantes (juiz aumentará a pena – ex.: crime cometido com utilização de fogo;
Reincidência, entre outras) estão previstas nos arts. 61 e 62; Já as atenuantes (juiz diminuirá a pena – ex.: confissão
espontânea, entre outras) estão previstas nos arts. 65 e 66 todos do código penal.

- Causa de aumento e causa de redução: diferente das citadas acima, as causas de aumento ou as de redução estão
espalhadas pelo código, bem como nos artigos dos tipos penais (são situações que podem aumentar ou diminuir a
pena).

Sendo assim, o juiz fixará uma pena base. Vamos supor que seja de 03 (três) anos (ainda estamos no exemplo do crime
de furto), continuamos supondo que não houve incidência de agravantes/atenuantes, muito menos de causas de
aumento/redução, portanto, o juiz definiu a quantidade da pena em 03 (três) anos.

Desta forma, partiremos para a terceira etapa, na qual o juiz, baseado na quantidade da pena escolhida, irá
definir o regime inicial de cumprimento da pena, podendo ser fechado (mais de 08 anos); semiaberto (mais de 04 a
08 anos); aberto (inferior ou igual a 04 anos), em conformidade com o artigo 33 do CP. Portanto, seguindo o referido
artigo, se no caso retratado, o juiz aplicou a pena de 03 anos, logo, o regime inicial de cumprimento de pena será o
regime aberto.

E finalizamos com a quarta e última etapa, que se trata do momento em que o juiz vai analisar se é possível a
substituição da pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos. Essa análise será feita utilizando o artigo
44 do CP:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e


substituem as privativas de liberdade, quando:

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos


e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;

II – o réu não for reincidente em crime doloso;

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a


personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

Como no caso concreto, o juiz definiu a pena em 03 (três) anos por um crime de furto, o mesmo terá que aplicar a
substituição que trata o artigo 44, tendo em vista que o crime de furto não possui violência ou grave ameaça e a pena
aplicada foi não superior a 04 (quatro) anos. Sendo assim, o agente não sofrerá a pena privativa de liberdade (embora
definida pelo juiz na primeira etapa), mas sim a restritiva de direitos (por força do artigo 44 do CP), supondo ainda
que o agente não seja reincidente em crime doloso (inciso II) e com circunstâncias favoráveis a ele (inciso III).

Portanto, a dosimetria da pena ficou assim:

- Pena: Privativa de liberdade (furto – art. 155,CP)

Curso Pódio Mais


- Quantidade: 03 anos;

- Regime inicial: Aberto;

- Substituição da pena priv. lib por rest. de dir.: SIM


É disto que se trata a dosimetria da pena, ou seja, do cálculo e análise das situações para definir a sentença do condenado
por algum crime.

OBS.: Se não for possível a aplicação do artigo 44 do CP, terá que ser analisado a possibilidade de aplicação do art. 77
do CP (suspensão condicional da pena).

Curso Pódio Mais


DIREITO PENAL

PRESCRIÇÃO:

Trata-se do lapso temporal que o Estado tem para buscar a pretensão punitiva ou a pretensão executória, ou seja, o
tempo que o Estado tem para investigar, processar e julgar o indivíduo pelo cometimento de uma conduta delituosa,
tendo em vista que ninguém deverá responder ou ficar na iminência de responder eternamente.

Vale ressaltar que a prescrição é um dos incisos da extinção da punibilidade, sendo assim, uma vez alcançada a
prescrição, a punibilidade resta extinta.

Cabe ainda informar, que o cálculo da prescrição é feito utilizando os moldes do artigo 109, CP.

- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA:


Ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Ocorrerá dentro dos moldes do art. 111
do CP, ou seja - em caso de crime instantâneo - o tempo vai ser regulado do momento desde a consumação do crime até
o trânsito em julgado.

Agora que sabemos o momento em que a prescrição citada ocorre, precisamos entender qual é tempo. A
pergunta seria: Se a prescrição da pretensão punitiva ocorre entre a consumação do crime e o trânsito em
julgado, quanto tempo (dentro desse espaço) o Estado terá para investigar, processar e julgar?

Para responder essa pergunta, precisamos separar esta prescrição em abstrato e em concreto (em concreto
poderá ser retroativa ou superveniente).

- Em abstrato:
Trata-se da espécie de prescrição da pretensão punitiva, quando não há definição de pena para o agente, ou
seja, entre a consumação do crime e a sentença penal condenatória com trânsito em julgado.

Precisamos entender que para realizar o cálculo da prescrição, devemos observar o artigo 109 do CP. Nele
perceberemos uma tabela, determinando quanto tempo de prescrição equivale para cada situação. Ex.: Se a pena for
inferior a 01 ano, o tempo de prescrição será 03 anos.
Portanto, quando estamos falando de prescrição em abstrato, não teremos uma pena aplicada (não houve
sentença ainda) para aplicar na tabela do art. 109, sendo assim, como calcularemos o tempo de prescrição?

R.: O tempo de prescrição será calculado pelo tempo máximo descrito no preceito secundário do tipo penal
e aplicado na tabela citada acima, ou seja, pelo tempo máximo cominado ao delito. Ex.: crime de furto (pena de 01 a
04 anos), sendo assim, o tempo de prescrição para o crime de furto será de 08 anos (tabela do 109, CP – determina que
quando a pena máxima é superior a 02 anos e não excede a 04 anos, a prescrição será em 08 anos).

Nesse sentido, o Estado terá, em tese, 08 anos para investigar, processar e julgar o agente pelo cometimento do crime
de furto, entretanto, existem causas que impedem que o tempo de prescrição corra – suspensão da prescrição (art. 116,
CP), bem como causas que interrompem a prescrição (art. 117, CP).

Isso implica em dizer que quando ocorrer a “suspensão” da prescrição, pelos motivos citados no artigo 116 do CP, este
tempo que o Estado terá para investigar, processar e julgar, ficará suspenso (sem correr) e quando cessar o motivo,
retornará de onde parou.

Já para o caso de interrupção da prescrição, ocorrendo um dos casos descritos no art. 117 do CP, o tempo de prescrição
será zerado e, logicamente, voltará a correr no zero. Ex.: 08 anos para investigar, processar e julgar o crime de
furto, mas a Polícia e o Ministério Público investigam em 07 anos, oferecem a denúncia e ela é recebida (inciso I do
artigo 117 do CP), sendo assim, o tempo de prescrição zera e os 08 anos voltam a correr do zero até a próxima causa
que interromper.

Obs.: Não confundir o tempo máximo cominado ao crime com o tempo de prescrição. O tempo máximo cominado ao
crime serve para ser utilizado na tabela do art. 109 do CP – este sim, por sua vez, definirá o tempo de prescrição.

Curso Pódio Mais


- Em concreto:
Conforme já mencionado, em concreto poderá ser retroativa ou superveniente.

- Retroativa:
É a espécie de prescrição da pretensão punitiva em concreto que deverá ser analisada de forma retroativa,
desta forma, só ocorrerá quando houver o trânsito em julgado para a acusação (não cabe mais recurso que possa
aumentar a pena).
Nesse sentido, se o juiz já definiu, em sentença, o tempo da pena do indivíduo que cometeu o crime e se não
tem mais como a pena aumentar (por conta do trânsito em julgado para a acusação), não tem porque definir o cálculo
como a prescrição em abstrato. Sendo assim, o cálculo será feito utilizando a pena que o juiz determinou aplicada
na tabela do art. 109 do CP.

Conforme mencionado, a prescrição deverá ser analisada de forma retroativa, isso implica em dizer que o juiz
vai aplicar uma pena e nós vamos olhar para antes da sentença até o recebimento da denúncia/queixa (não pode ter
análise para antes do recebimento da denúncia/queixa) e analisaremos se já passou o tempo de prescrição, caso a
resposta seja positiva, a punibilidade estará extinta.

Seguiremos a lógica do exemplo da prescrição anterior, ou seja, houve o cometimento do crime de furto (pena
de 01 a 04 anos – prescrição em abstrato em 08 anos), contudo, o juiz aplicou a pena de 02 anos. Se analisarmos a
tabela, veremos que se a pena é igual a 02 anos, o crime prescreverá em 04 anos, portanto, o que faremos na prescrição
retroativa é analisar se dentre o recebimento da denúncia/queixa até a sentença, passaram-se 04 anos
(caso positivo – crime prescrito e extinção da punibilidade).

- Superveniente:
É a espécie de prescrição da pretensão punitiva em concreto que ocorre quando há o trânsito em julgado para a acusação
(a pena não tem como aumentar mais), porém será analisada dentre a sentença condenatória e o trânsito em julgado
para a defesa, utilizando da pena aplicada pelo juiz, em sentença.

Usaremos o mesmo exemplo.: Juiz definiu a pena em 02 anos, não tem como aumentar mais a pena (trânsito em julgado
para a acusação), o Estado terá 04 anos para julgar qualquer tipo de recurso da defesa, pois é a prescrição entre a
sentença e o trânsito em julgado para a defesa. Caso, o Estado demore mais do que 04 anos para julgar os recursos da
defesa, ocorrerá a prescrição e, logicamente, a extinção da punibilidade.

- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA:


Trata-se da prescrição depois do trânsito em julgado, na situação em que a pena já está definida e não há mais como
aumentar ou diminuir, sendo assim, só resta ao Estado efetivar a punição ao indivíduo que cometeu o delito, portanto,
terá o tempo de prescrição contado a partir do trânsito em julgado para a acusação.

No caso do crime de roubo (pena de 04 a 10 anos) e o juiz aplicou 04 anos, já passou por todo trâmite analisado
anteriormente (na prescrição punitiva) e não prescreveu. Agora o Estado terá 08 anos (pena determinada pelo juiz
aplicada ao artigo 109 do CP) para efetivar a prisão do indivíduo, ou seja, para, de fato, executar a pena aplicada pelo
juiz.

Obs.: Em todos os casos de prescrição (punitiva ou executória) se o agente for, no tempo do cometimento do crime,
menos de 21 ou se for, no tempo da sentença, maior de 70 anos, TODOS os prazos contidos no art. 109 do CP serão
reduzidos pela metade.

Obs.: No caso da Prescrição da pretensão executória (apenas – súm. 220 do STJ), se ocorrer a reincidência do agente,
TODOS os prazos contidos no art. 109 do CP serão aumentados em 1/3.

Obs.: Em concurso de crimes (pluralidade de crimes) para prescrição, não considera a soma das penas, a prescrição
será analisada separadamente para cada crime – Art. 119 do CP.

Obs.: Os recursos que forem meramente protelatórios (que a defesa opor/interpor apenas para ganhar tempo e alcançar
a prescrição) serão inadmissíveis, portanto, a prescrição ficará suspensa da interposição do recurso até a decisão de
definiu a inadmissibilidade dele – Art. 116, III do CP.

Curso Pódio Mais


Obs.: O tempo de prescrição ficará suspenso enquanto não for cumprido o Acordo de Não Persecução Penal – Art. 116,
IV do CP.

CRIME IMPOSSÍVEL

Ocorrerá o fenômeno do crime impossível (art. 17 do CP) quando, da forma que aconteceu a situação, era impossível
que ocorresse a consumação do crime.

Sendo assim, quando por ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto, for impossível
consumar o crime, têm-se a figura do crime impossível, portanto, não havendo punibilidade ao agente.

Estudaremos a partir de agora, as duas modalidades de crime impossível.

- Ineficácia absoluta do meio:


Trata-se de quando o meio (instrumento) utilizado para tentar realizar o crime, é totalmente ineficaz.

Ex.: A pretende matar B disparando contra o mesmo com uma arma de brinquedo (sem saber que é de brinquedo), no
momento que seria o do disparo, percebe que se trata de um brinquedo.

No caso retratado acima, o meio utilizado (instrumento) é totalmente ineficaz para o crime pretendido, logo, aquele
crime (homicídio) jamais teria acontecido naquela situação, portanto, trata-se de um crime impossível, no qual o agente
não deverá ser responsabilizado.

- Absoluta impropriedade do objeto:


Trata-se de quando o objeto sob o qual recai a conduta do agente, é absolutamente impróprio.

Antes do exemplo, precisamos relembrar que todo tipo penal foi feito para proteger algum bem jurídico, logo, se o
objeto (que está sendo protegido) for impróprio (naquela situação), o crime jamais seria consumado, portanto, seria
um crime impossível.

Ex.: A quer matar B, se aproveita do fato de que B está deitado e de olhos fechados, pega uma faca e esfaqueia B,
contudo, ao ser realizado a autópsia, é constatado que B havia morrido de um problema cardiovascular horas antes da
ação de A.

Neste exemplo, estamos falando de um crime de homicídio, que existe para proteger a vida, porém, B já não tinha mais
vida. Sendo assim, o objeto sob o qual a conduta de A recaiu (a vida do B) é absolutamente impróprio (porque não
havia mais vida). Nesse sentido, o crime de A jamais teria acontecido naquela situação, portanto, trata-se de crime
impossível, no qual o agente não deverá ser responsabilizado.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Ocorrerá quando, mesmo ocorrendo o crime (possuindo o TIC/TAC), o agente não será responsabilizado porque a
punibilidade, por alguns dos motivos abaixo, foi extinta.

As situações que extinguem a punibilidade estão dispostas no art. 107 do CP, são elas:

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte do agente;

Curso Pódio Mais


II - pela anistia, graça ou indulto;

III- pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como
criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela


renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Portanto, ocorrendo alguma dessas situações acima, o agente, mesmo tendo cometido o crime, não deverá ser
responsabilizado.

NORMA PENAL EM BRANCO

Trata-se de toda norma que, ao tipificar o crime, encontra-se incompleta, genérica ou indeterminada de alguma forma.

Sendo assim, ela precisa ser complementada, uma vez que fora criada com um “vazio”, ou seja, incompleta. Essa
complementação pode ser observada de várias formas e são essas formas que trataremos aqui.

Antes de iniciarmos o assunto em questão, precisamos lembrar que o tipo penal é composto por dois preceitos: o
primário (tipificação da conduta) e o secundário (cominação da pena).

No preceito primário ocorre a descrição da conduta, detalhada e precisa, porém, em alguns casos essa descrição não
aparece de forma completa, sendo assim, é necessário que seja complementado.

Ex.: A lei de tráfico de drogas, traz, no caput do art. 33, a tipificação do seguinte crime:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa

O Tipo Penal demonstra várias ações que tipifica a conduta ligada às drogas, mas em momento algum, determina o que
é droga. Nesse sentido, temos uma norma penal em branco, pois o tipo penal precisa ser complementado de alguma
forma, caso contrário, não teria como sabermos o que é ou quais são as drogas cabíveis para esse tipo penal.

Conforme observado acima, o preceito secundário foi atendido (ao ser estipulado a pena) mas o preceito primário não,
pois precisa ser completado de outra forma. O estudo é direcionado a este ponto: entender quais são os tipos de norma
penal em branco através das formas de sua complementação.
As normas penais em branco podem ser classificadas como: Norma Penal em branco heterogênea; Norma penal em
branco homogênea –
sendo esta dividida em homovitalina e heterovitalina;

Norma penal em branco heterogênea:

Curso Pódio Mais


Norma penal em sentido estrito e norma penal própria são algumas das nomenclaturas utilizadas para
designar o que chamamos aqui de norma penal em branco heterogênea. A necessidade de complementação ocorre no
preceito primário.

De modo geral, ocorre quando a norma penal em branco precisa ser complementada por uma fonte que não é o
legislador (é quem cria as leis), ou seja, sua complementação está em outras fontes sem ser os códigos (penal, civil,
trabalhista...).

Sendo assim, sua complementação ocorrerá através de portaria, decretos, atos normativos, resoluções, entre outros
documentos, mas não virá pelo legislador.

Norma penal em branco homogênea:

A norma penal em branco homogênea é chamada também de norma penal imprópria ou norma penal em sentido
lato. Assim como ocorre na forma heterogênea, aqui também é o preceito primário que recebe complementação.

Nesse caso, ocorrerá quando a complementação vier da mesma natureza jurídica, ou seja, da mesma fonte legisladora
(código penal, código civil...), ou seja, a norma que complementará também é um lei.

Contudo, quando tratamos de normal penal em branco homogênea, a sua complementação, embora determinada como
advinda da mesma fonte legisladora, precisa ser ressaltada, pois poderá ocorrer de duas formas, são elas: norma penal
em branco homogênea homovitalina e norma penal em branco homogênea heterovitalina.

Homovitalina:

Ocorrerá a homovitalina quando a complementação estiver no mesmo código de origem da norma que precisa ser
complementada, ou seja, se a norma penal em branco estiver no código penal, a sua complementação também deverá
estar no código penal.

Ex.: Crime de peculato (art. 312 CP):


Art. 312 – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.

O crime de peculato é a tipificação da conduta acima, porém, em momento algum descreve o que seria “funcionário
público”, portanto, trata-se de uma norma penal em branco, consequentemente, necessita ser complementada.

Ocorre que, a complementação desta norma está no próprio código penal, porém em outro artigo, uma vez que
observamos isso no art. 327 do CP:

Art. 327 – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

Sendo assim, temos um caso de norma penal em branco homogênea homovitalina.

Heterovitalina:

Diferentemente da anterior, a heterovitalina ocorrerá quando a norma penal em branco homogênea for completada por
uma outra norma, porém que não esteja no mesmo código dela, ou seja, que não esteja no código penal.

Ela terá que ser tipificada no código penal, mas necessitando de uma complementação e esta complementação deverá
estar em outro código, como o código civil, código florestal, por exemplo.

Curso Pódio Mais


Obs.:Existem outras classificações de norma penal em branco que são menos usuais, são elas: norma penal em branco
ao avesso (quando a complementação não está no preceito primário e sim no secundário – ou seja, a complementação
deverá ocorrer na pena cominada – Ex.: lei de genocídio – explica o que é genocídio, mas não determina pena, ou
seja, a pena deverá ser retirada do código penal) e norma penal em branco ao quadrado (quando a norma precisa
ser complementada duplamente, ou seja, a norma precisa de uma complementação de outra norma, porém esta outra
norma também precisa de uma complementação, sendo assim, ao quadrado).

DIREITO PENAL

PARTE ESPECIAL – CÓDIGO PENAL:

Trata-se da parte do Código Penal que cuida dos tipos penais (crimes).

Cada crime, tipificado no código penal, possui classificações doutrinárias que determinam a forma como devemos observar
este tipo penal.

Analisaremos abaixo as classificações necessárias para realizarmos nossos estudos, são elas:

CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS:

COMUM OU PRÓPRIO

- Os crimes comuns são aqueles que podem ser cometidos por qualquer pessoa.

- Crimes próprios são aqueles que exigem que o crime seja cometido por um sujeito determinado, ou seja, podem ser
praticados somente por certas pessoas, com determinadas qualidades.

• INSTANTÂNEO OU PERMANENTE

- Os crimes instantâneos são aqueles que se consumam de forma instantânea, em um único instante.

- Já os delitos permanentes são aqueles que se consumam com uma só conduta, porém a situação antijurídica prolonga-
se no tempo enquanto for da vontade do agente.

• COMISSIVOS OU OMISSIVOS

- São crimes comissivos aqueles praticados por uma ação.

- Omissivos são aqueles cometidos através de uma omissão.

• FORMAL OU MATERIAL

- Crimes formais são aqueles que não exigem o resultado naturalístico para sua consumação.

- Crimes materiais são aqueles que exigem a ocorrência de resultado naturalístico, sem o qual não há consumação.

Curso Pódio Mais


• DE DANO OU DE PERIGO

- Os crimes de dano consumam-se com a ocorrência efetiva do dano ao bem jurídico protegido pelo nosso ordenamento.

- Os delitos de perigo consumam-se apenas pela probabilidade de ocorrência de dano.

• UNISSUBJETIVO OU PLURISSUBJETIVO

- São aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admitese a co-autoria e a participação.

- São aqueles que exigem dois ou mais agentes para a prática do delito em virtude de sua conceituação típica,

• UNISSUBSISTENTE OU PLURISSUBSISTENTE

- Os delitos unissubsistentes são aqueles praticados através de um único ato (não admitem tentativa).

- Os plurissubsistentes são aqueles que necessitam de vários atos, que formam uma ação, para sua configuração
(admitem tentativa).

CRIMES:

CONTRA A VIDA:

HOMICÍDIO – Art. 121

IND., INST. E AUX. AO SUICÍDIO – Art. 122

INFANTICÍDIO – Art. 123

ABORTO - Art. 124

CONTRA A INTEGRIDADE FÍSICA:

LESÃO CORPORAL – Art. 129

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE:

PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – Art. 130

ABANDONO DE INCAPAZ – Art. 133

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO – Art. 134

Curso Pódio Mais


OMISSÃO DE SOCORRO – Art. 135

MAUS TRATOS – Art. 136

CONTRA A HONRA

CALÚNIA – Art. 138

DIFAMAÇÃO – Art. 139

INJÚRIA – Art. 140

CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

CONSTRANGIMENTO ILEGAL –Art. 146

AMEAÇA –Art. 147

PERSEGUIÇÃO (STALKER) – Art. 147-A

SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO – Art. 148

CONTRA A INVIOLABILDADE DO DOMICÍLIO

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO – Art. 150

CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO – Art. 155

ROUBO – Art. 157

EXTORSÃO – Art. 158

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Art. 159

DO DANO

DANO – Art. 163

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

APROPRIAÇÃO INDÉBITA – Art. 168

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA – Art. 168-A

APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO – Art. 169

DAS FRAUDES

ESTELIONATO – Art. 171

DA RECEPTAÇÃO

Curso Pódio Mais


RECEPTAÇÃO –Art. 180

CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

ESTUPRO – Art. 213

VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE – Art. 214

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL – Art. 215

ASSÉDIO SEXUAL – Art. 216-A

DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL

REGISTRO NÃO AUTORIZADO DE INTIMIDADE SEXUAL – Art. 216-B

CONTRA DIGNIDADE SEXUAL DE CRIANÇA E ADOLESCENTE

ESTUPRO DE VULNERÁVEL – Art. 217-A

CORRUPÇÃO DE MENORES – Art. 218

SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DO MENOR – Art. 218-A

FAVORECIMENTO DE PROSTITUIÇÃO DE MENOR – Art. 218-B

DIVULGAÇÃO DE CENA – Art. 218-C

CONTRA A FAMÍLIA

BIGAMIA – Art. 235

INDUZIMENTO A ERRO NO CASAMENTO – Art. 236

CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR

ABANDONO MATERIAL – Art. 244

ABANDONO INTELECTUAL – Art. 246

CONTRA A INCOLUMIDADE PUBLICA

INCÊNDIO – Art. 250

CONTRA A PAZ PÚBLICA

INCITAÇÃO AO CRIME – Art. 286

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA – Art. 288

CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA – Art. 288-A

DA MOEDA FALSA

Curso Pódio Mais


MOEDA FALSA – Art. 289

DA FALSIDADE DOCUMENTAL

FALSIFICAÇÃO DE DOC. PÚBLICO – Art. 297

FALSIFICAÇÃO DE DOC. PARTICULAR – Art. 298

FALSIDADE IDEOLÓGICA – Art. 299

DE OUTRAS FALSIDADES

FALSA IDENTIDADE

DOS CRIMES CONTRA A ADM. PÚBLICA

PECULATO – Art. 312

CONCUSSÃO – Art. 316

CORRUPÇÃO PASSIVA – Art. 317

PREVARICAÇÃO – Art. 319

CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – Art. 320

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – Art. 321

VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – Art. 325

CORRUPÇÃO ATIVA –Art. 333

DESCAMINHO – Art. 334

CONTRABANDO – Art. 334-A

CONTRA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – Art. 339

FALSA COMUNICAÇÃO DE CRIME – Art. 340

FAVORECIMENTO PESSOAL – Art. 348

FAVORECIMENTO REAL - Art. 349

Curso Pódio Mais

Você também pode gostar