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Classificações de crime

Teoria do crime:
Critérios para diferenciar as infrações penais:

Teoria bipartida(majoritária):o crime é composto por fato típico e fato ilícito


(antijurídico); SEPARA-SE AS INFRAÇÕES EM CRIMES (apenados com
reclusão e detenção - mais nocivos para a sociedade) E
CONTRAVENÇÕES (MENOR GRAVIDADE, comportamentos sociais
negativos)

Nessa teoria a culpabilidade não compõe o conceito de crime, sendo esta


apenas um pressuposto da pena;

Teoria tripartida: o crime é composto por fato típico, fato ilícito (antijurídico) e
fato culpável; CRIME (violação de direitos naturais), DELITO (violam os
contratos sociais) E CONTRAVENÇÃO (comportamentais) - França,
Espanha

CONCEITO DE CRIME
→ CONCEITO LEGAL DE INFRAÇÃO PENAL:crime e a infração penal a que a lei
combina reclusão, detenção ou multa (normalmente cumulativa). A contravenção é
apenada com prisão simples e multa.

→ CONCEITO FORMAL: tanto crime quanto contravenção são fatos que


contrariam a lei de âmbito penal. Conduta proibida por lei sob ameaça de sanção (a

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qual ter como denominador comum, no geral, a privação de liberdade)
→ CONCEITO MATERIAL: é ação ou omissão consciente e voluntária definida em
lei e que criam um risco proibido e relevante. Ação ou omissão que, a juízo do
legislador, contrataste violentamente com os valores interesses do corpo social de
modo a exigir que seja proibida sob ameaça de sanção.

→ CONCEITO ANALÍTICO: crime é a ação típica, antijurídica e culpável.

CLASSIFICAÇÕES DE CRIME

1. Classificação quanto ao resultado (dizem respeito à relação entre a


conduta e o resultado naturalístico - modificação do mundo exterior)

→ CRIME MATERIAL OU DE RESULTADO: o tipo penal descreve um resultado


naturalistico, o qual é imprescindível para sua consumação. O resultado
naturalistico é traduzido pela modificação do mundo físico; aquele em que o tipo já
prevê o resultado vinculado por um nexo causal (Leonir)

A não ocorrência desse resultado configura tentativa

A ação e o resultado são, em regra, cronologicamente distintos

EXEMPLOS: homicídio (art.121) - a conduta é “matar alguém” e o


resultado naturalístico ocorre com o falecimento da vítima, operando-se
com ele a consumação; furto (art. 155)

→ CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO: duas hipóteses:

Dolo no antecedente e culpa no consequente: lesão seguida de morte - a


intensão era a lesão corporal

Culpa no antecedente e dolo no consequente: lesão corporal com


omissão de socorro - no primeiro momento o agente é imprudente ao dirigir
seu veículo (culpa), seguidamente não par para socorrer a vitima (dolo)

→ CRIME FORMAL (consumação antecipada ou resultado cortado): o tipo penal


até descreve o resultado naturalístico, porém, este é dispensável para a
consumação do crime, constituindo mero exaurimento.

O crime estará consumado com a mera pratica da conduta;

EXEMPLOS:

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extorsão (art. 158) - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa;

Ainda que a vantagem econômica não seja obtida pelo agente, o


crime estará consumado com a realização da conduta

Ameaça (art. 147) - a vítima pode até se sentir amedrontada com a


promessa de mal injusto e grave, mas isso não é necessário para a
consumação do crime.

→ CRIME DE MERA CONDUTA

O tipo penal descreve somente a conduta, sendo indiferente ao resultado


naturalístico. Consuma-se com a simples realização da conduta descrita. O
resultado nunca é verificado.

EXEMPLOS:

Ato obsceno (art. 233), violação de domicilio (art. 150)

2. Classificação quanto a forma de agir

→ CRIME COMISSIVO: realização de uma ação positiva visando um resultado


ilícito. O agente faz o que a lei proíbe.

É maioria do tipos penais: homicídio, furto, roubo, etc.

→ CRIME OMISSIVO PRÓPRIO OU PURO: o agente deixa de realizar


determinada conduta quando tem o dever jurídico de fazê-la. Consuma-se com a
simples omissão, independente do resultado, desde que pudesse e devesse agir
para evitar.

Exemplo: omissão de socorro (art.135); art. 269

→ CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO OU OMISSIVO IMPRÓPRIO: o agente


produz o resultado por meio da omissão. O agente responde pelo resultado e
não pela omissão, pois tinha o dever jurídico de agir.

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hipóteses do artigo 13, parágrafo 2 - casos em que o agente tem o dever
juridico de impedir o resultado (é o agente garantidor).

Existe uma classe especial de pessoas (chamadas de agentes garantidores)


que podem praticar crimes comissivos (violação da lei proibitiva) não através
de uma ação, mas através de uma omissão. Isso só é possível para eles.
Tais agentes são pessoas que tem o DEVER JURÍDICO (causalidade
normativa) de evitar um resultado.

Por exemplo, uma mãe que, por omissão no cuidado do filho, deixa que ele
morra vai responder pelo crime comissivo de homicídio.

3. Classificação quanto ao momento do crime

→ CRIME INSTANTÂNEO: se esgota com a ocorrência do resultado, sem


continuidade temporal.

se perfaz inteiramente no momento do resultado;

Exemplo: lesão corporal

→ CRIME PERMANENTE: aquele em que a consumação se prolonga no tempo.

permite-se a prisão em flagrante a qualquer momento ja que a consumação


se prolonga no tempo;

Se uma norma penal ais travosa entra em vigor, ela poderá ser aplicada no
caso concreto porque o crime ainda está em consumação;

Exemplo: sequestro e cárcere privado

Obs. Não confundir com o CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS


PERMANENTES, pois a permanência não diz respeito à continuidade da
conduta, não dependendo do agente

→ CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES: o crime vai atingir


sua consumação quando satisfeitos todos os seus elementos, sendo que seus
efeitos são eternos/permanentes.

o resultado independe da vontades agente;

Exemplo: o crime de homicídio é um crime instantâneo cujos efeitos


são permanentes.

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→ CRIME CONTINUADO (prof não passou esse): quando crimes de mesma
espécie são praticados nas mesmas condições de tempo (dentro de 30 dias),
lugar e modo de execução.

4. Classificação quanto a lesão do bem

→ CRIME DE DANO: exige a lesão efetiva ao bem jurídico.

Homicídio, lesão corporal.

→ CRIMES DE PERIGO: não há um dano efetivo, mas apenas a criação de um


perigo real. O perigo pode ser:

Concreto: a criação do perigo deve ser comprovada, ou seja, deve haver


efetivo risco ao bem jurídico.

Exemplo: art. 309, do CTB: Dirigir, veículo automotor em via pública, de


corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição o
demonstração de pericia em manobra de veículo automotoras, não
autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à
comunidade pública ou privada.

Exemplo. Art. 132

Abstrato: há presunção absoluta de perigo, não havendo necessidade de


comprovação de risco efetivo. O comportamento, por si só, ja é perigoso.

Exemplo: embriaguez ao volante (art. 306, CTB); porte ilegal de arma


de fogo.

Individual: atingem uma pessoa ou um numero determinado de pessoas, tal


como no perigo de contágio venéreo (artigo. 130); abandono de incapaz.

Coletivo: atingem um numero indeterminado de pessoas, como no caso da


explosão criminosa (artigo. 251); 250.

5. Classificação quanto ao sujeito

→ CRIME COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa, sem se exigir dela
qualquer condição especial.

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→ CRIME PRÓPRIO (especial): exige uma qualidade ou condição especial do
agente.

Exemplos: infanticídio; corrupção passiva.

→ CRIME DE MÃO PRÓPRIA: o tipo penal externalidade especial do agente e,


ainda, que realize a conduta pessoalmente, não se admitindo coautoria ou
autoria mediata.

Exemplos: falso testemunho; prevaricação; autoaborto.

→ CRIME DE CONCURSO NECESSÁRIO: impõe que pelo menos duas


pessoas estejam no evento criminoso - por exemplo, o crime de bigamia deve,
necessariamente, ser cometido por mais de uma pessoa.

6. Classificação quanto ao bem jurídico

→ CRIME UNIOFENSIVO: aquele que lesa um só bem jurídico

Exemplo: lesão corporal (ofende exclusivamente o corpo ou a saúde); art.


129.

→ CRIME PLURIOFENSVO: o bem juridico lesado é plural, mais de um.

Exemplo: Roubo (art.157) → o primeiro bem lesado é o patrimônio, mas ao


mesmo tempo está fazendo isso mediante grave ameaça (crime contra a
liberdade pessoal e contra a pessoa) e violência.

Exemplo: latrocínio - ofensa a três bens jurídicos: patrimônio, liberdade e


vida.

7. Classificação quanto ao número de atos

→ CRIME UNISSUBSISTENTE: constitui-se de ato único, não havendo


fracionamento, consumando-se no mesmo momento da conduta. O processo
executivo é unitário. Logo, não há o que falar em tentativa.

Exemplo: injuria verbal.

→ CRIME PLURISSUBSISTENTE: a conduta pode ser fracionada em vários


atos sucessórios. Assim, admite-se a tentativa caso o agente não atinja o
resultado durante o fracionamento dos atos.

Exemplo: homicídio.

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OBS: a injuria por escrito será plurissubsistente, admitindo tentativa. Ex. Carta
injuriosa ou e-mail que fica no spam.

8. Classificação quanto a descrição da ação no tipo (depende do verbo


núcleo do tipo penal )

→ CRIME DE AÇÃO ÚNICA: o tipo penal tem apenas um verbo (art. 155:
subtrair para si ou para outrem coisa alheia…)

→ CRIME DE AÇÃO MÚLTIPLA VARIÁVEL: o tipo penal prevê vários verbos


que podem se praticados e que o configuram (Lei de Drogas - artigo 33/ auxilio
ou instigação ao suicídio)

→ CRIME COMPLEXO

9. Outras espécies de crime

→ DELITO HABITUAL: se consuma com a reiteração dos atos criminosos. É


uma atividade costumeira do agente, ou seja, um estilo de vida. Não admite
tentativa.

Exemplo: art. 229 (manutenção de casa de prostituição); art. 248


(curandeirismo); art. 282 (exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
farmacêutica)

→ CRIME VAGO: não há pessoa determinada como sujeito passivo do crime;


crime em que figura como sujeito passivo uma entidade destituída de
personalidade jurídica, como a família ou a sociedade.

Exemplo: violação a sepultura (art. 210) → morto não é sujeito passivo;


Tráfico de Drogas (Lei 11.343)

Todos os crimes contra mortos (arts. 209 a 212)

→ CRIMES REMETIDOS: crimes cuja definição típica se reporta a outro crime,


que passa a integrá-lo, como no uso de documentos falsos (art. 304).
→ CRIME DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO: a tentativa do crime é
punida com a mesma pena que a do crime consumado, ou seja, a tentativa é
uma forma de realização do crime. A tentativa é possível, mas a pena não
será reduzida.

Exemplo: art. 352 - evadir-se ou tentar evadir-se […] / art. 309 do C. Eleitoral
- votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem.

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Diferença entra crime progressivo e progressão criminosa:

→ CRIME PROGRESSIVO (de passagem): para alcançar o resultado


pretendido, agente deve, obrigatoriamente, violar a norma menos grave.

Exemplo: homicídio - lesão corporal anterior / furto em residência - violação


a domicilio

→ PROGRESSÃO CRIMINOSA: há alteração no dolo inicial do agente,


buscando um resultado mais grave.

Exemplo: agente comete uma lesão corporal e muda o dol decidindo matar a
vítima.

OBS: aplica-se o principio da consunção em ambos.

https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/

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