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EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE BARREIRINHAS - MA

AUTOS Nº. 0800001-68.2023.8.10.0073

JOSÉ RAIMUNDO NEVES SANTOS, já devidamente qualificado nos


autos em epígrafe, por intermédio de seu procurador infra-assinado, nos autos do
processo em que o Ministério Público lhe move, vem, respeitosamente, à elevada
presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA A ACUSAÇÃO, com fulcro
nos artigos 396 e 396A do Código de Processo Penal, nos seguintes termos:

I - DOS FATOS

O denunciado é acusado pela prática do crime capitulado no art.


121, c/c art. 14, II, todos do Código Penal. Todavia, tal acusação não pode
prosperar, uma vez que a denúncia encontra-se totalmente desconexa e contrária
às provas produzidas nos autos.

Noticia a denúncia/inquérito policial que o acusado, dia


01.01.2023, por volta das 05:00hs, a vítima Jonas Batista Silva estava no Bar do
Ricardo comemorando o ano novo, quando Diego veio tomar satisfação por uma
desavença entre ambas as partes ocorrido dias antes.

Após um desentendimento entre a vítima e o Diego ambos


travaram luta corporal, tendo Diego conseguindo fugir em direção a casa do seu
tio, ora acusado, e a vítima correu em sua direção.

Quando a vítima entrou no terreno da casa do acusado, o mesmo


surpreendeu o mesmo lhe surpreendeu saindo de trás do mato do seu quintal e
desferiu três golpes de facão, sendo dois no abdômen do lado esquerdo e o outro
no abaixo do braço direito, ocasião em que Jonas conseguiu segurar a faca para
não ser mais golpeado e Ricardo, dono do Bar, chegou para lhe ajudar, fazendo
cessar as agressões.

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Ouvido em sede Policial, a testemunha Ricardo Vale dos Santos
afirmou que no dia dos fatos presenciou a confusão entre Jonas e Diego e o
momento em que o último fugiu em direção a casa de José Raimundo. Então viu o
momento em que Jonas estava caído ao chão após ser golpeado pelo acusado.

Interrogado em sede policial o acusado confessou autoria delitiva,


porém alega que não tinha a intenção de matar a vítima.

Acostado aos autos encontra-se o exame de corpo de delito


realizado na vítima onde é possível observar que as lesões causadas resultaram
em perigo de vida.

Ofertada a denúncia, foi aberto prazo para resposta, o que se faz


nesta assentada.

II - DO MÉRITO

DA DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO DE HOMICÍDIO EM SUA


MODALIDADE TENTADA PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL EM SUA
MODALIDADE SIMPLES (CAPUT, DO ART. 129 DO CP)

De início importante frisarmos que, o inquérito policial foi


conduzido e relatado de maneira incoerente, uma vez que não considerou alguns
elementos imprescindíveis para a elucidação do caso em questão, pois deixou de
ouvir várias testemunhas, bem como deixou de considerar elementos importantes
que surgiram ao longo da investigação, que de fato não ocorreu.

O mesmo aconteceu com a peça de denúncia, que foi


apresentada de maneira genérica, sem ao menos narrar detalhes importantes
devidamente colhidos durante a instrução do inquérito.

Em detida análise de todo o arcabouço processual nota-se que os


fatos se deram de maneira diversa do narrado na peça acusatória, não havendo
que se falar em tentativa de homicídio, como quer fazer crer a acusação, e sim,
que o fato foi cometido por legitima defesa, ou, quando no muito, houve uma
lesão corporal, pois foi a vítima quem agrediu o denunciado primeiro, conforme
depoimento do acusado um ancião de 73 anos de idade, fato que não foi sequer
considerado pelo inquérito e pela denúncia.

Ressalta-se que, a lesão sofrida pela vítima foi de natureza leve,


não causando perigo de vida, conforme se verifica do laudo indireto, inclusive, a
vítima foi liberada do hospital no mesmo dia, passando por uma cirurgia sem
grandes complicações.

Em relação ao fato propriamente dito, toda a confusão foi iniciada


pela vítima, já acostumado a praticar desordem e outros delitos na comunidade se

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autointitula como sendo um faccionado dos BONDE 40, para aterrorizar os
moradores.

Naquele fatídico dia, o denunciado estava em sua casa que fica


em frente ao local onde estava acontecendo a festa, quando percebeu que estava
ocorrendo uma confusão entre a vítima e um sobrinho do acusado, este foi
separar a briga momento em que foi covardemente agredido pela vítima com um
tapa no rosto. Ocasião em que o denunciado, muito nervoso, e para cessar uma
agressão iminente desferiu um único golpe de arma branca no abdome da vítima.

Ademais, o inquérito policial somente cuidou de ouvir


testemunhas suspeitas e contrárias ao denunciado, deixando de lado as demais,
que, talvez, pudessem elucidar a verdade e, via de consequência, contribuir com o
denunciado.

Em relação a vítima JONAS BATISTA SILVA, conforme informações,


ele é individuo dado a práticas criminosas, se autointitula como sendo um
faccionado dos BONDE DOS 40, motivo pelo qual está sendo protegido pelas
testemunhas que foram ouvidas até o momento.

O denunciado não pode ser culpado de uma conduta que ele nem
ao menos esperava, ele apenas utilizou dos meios disponíveis para se defender,
sendo assim o único responsável pelo resultado foi a própria vítima, agrediu e
provocou o acusado.

O denunciado em depoimento em sede policial afirmou não ter a


intenção de matar a vítima, mais sim se defender das agressões, tanto é que após
desferir um único golpe e a vítima cair foi embora e ficou aguardando a polícia
para se entregar.

Conforme se depreende dos autos, a acusação de homicídio


tentado não merece prosperar, pois estamos diante de um claro caso de
desistência voluntária, conforme dispõe art. 15 do Código Penal - CP. Vejamos:

"Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir


na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados. (Redação dada pela Lei nº  7.209, de 11.7.1984)"

Na ocorrência em tela, observa-se nitidamente o agente desistiu


de prosseguir com seu intento, isto é, tinha condições de prosseguir com a
conduta, mas desistiu.

Nesse caso, o defendente somente responderá pelos atos


eventualmente praticados que, no caso, se limitam ao mero cometimento de
lesão corporal leve, presente no art. 129, caput, do CP. Vejamos:

"Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem"

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No mais, o delito de lesão corporal simples exige representação
para seu prosseguimento, tendo em vista que se trata de delito de ação penal
pública condicionada a representação, sendo o Juizado Especial Criminal o
competente para julgá-lo.

Ante todo o exposto, roga-se pela reclassificação do delito


de homicídio, em sua modalidade tentada, para o delito de lesão corporal
simples, com a remessa do feito para o juízo competente (§ 2º, do art. 74 do CPP)
e, sendo acatada a desclassificação, o feito seja obstado por ausência de
condição de procedibilidade (falta de representação do ofendido).

Ora, após os esclarecimentos pertinentes ficará provado não


haver qualquer indício de dolo direto quanto ao delito de homicídio tentado. Não
havendo dúvidas de que o denunciado não tinha a intenção de causar qualquer
mal a vítima, e que todo o ato foi provado por ela mesmo.

Outrossim, importante citar que o denunciado é primário, possui


aposentado e ocupação lícita trabalha na roça tem residência fixa, tem filhos que
moram consigo e não é pessoa dada a práticas criminosas.

Isto posto, restando comprovada a inexistência do dolo direto ou


mesmo reconhecida a excludente da legitima defesa, não há possibilidade de
pronunciar o denunciado, o que, desde já, se requer.

III – DAS PROVAS

Protesta por todos os meios de provas admitidos em direito,


especialmente as testemunhas abaixo arroladas.

1) Fulana de Tal

CPF. xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

RUA xxxxxxxxxxx, Nº xx, xxxxxxxxxxxxxxxxxx

CEP. xxxxxxxxxxxxxxxxx

CIDADE: XXXXXXXXXXXXXXXX

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2) Siclano de Tal

CPF. xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

RUA xxxxxxxxxxx, Nº xx, xxxxxxxxxxxxxxxxxx

CEP. xxxxxxxxxxxxxxxxx

CIDADE: XXXXXXXXXXXXXXXX

3) Beltrano de Tal

CPF. xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

RUA xxxxxxxxxxx, Nº xx, xxxxxxxxxxxxxxxxxx

CEP. xxxxxxxxxxxxxxxxx

CIDADE: XXXXXXXXXXXXXXXX

V – DA CONCLUSÃO

Postas tais considerações e por entendê-las prevalecentes sobre as razões que


justificaram o pedido de pronúncia e futura condenação despendido pelo preclaro
órgão de execução do Ministério Público, confiante no discernimento afinado,
justo e perfeito de Vossa Excelência, a defesa requer, ainda nesta fase, a
impronúncia do denunciado e ou a desclassificação do tipo penal de tentativa de
homicídio qualificado para o de lesão corporal, com a devida remessa do feito ao
juízo competente, à guisa das teses ora esposadas.

Termos em que,

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pede deferimento.

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