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Souza & Galvão

Advogados Associados e Consultoria Jurídica

AO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIANA - ESTADO DE


PERNAMBUCO

Processo nº 0000570-67.2022.8.17.4980

JOSE CARLOS DE OLIVEIRA PINTO, já devidamente


qualificado nos autos em epígrafe, vem, a presença de V. Exa., através de seu Advogado
infra, para apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, evidenciando fundamentos defensivos
em razão da presente Ação Penal, consoante abaixo delineado:

SÍNTESE DOS FATOS

O acusado está sendo processado em razão da suposta prática


dia 16 de julho de 2022, no período da noite, por volta das 20h15min, na margem da PE
01, em um bar, nesta Comarca de Goiana/PE, José Carlos de Oliveira Pinto, desferiu
golpes de objeto cortocontundente, tipo punhal, em desfavor da vítima Valdemir Lopes
Feliciano, com o a Animo de ceifar-lhe a vida, nao conseguindo atingir o resultado
pretendido por circunstâncias alheias a sua vontade.

A denúncia foi recebida e determinada a instrução do feito.

Encerrada a instrução, foi ofertada, em audiência, as alegações


finais do MP, requerendo a procedência da peça portal.

Foi aberto o prazo da defesa para apresentação das alegações.

É a síntese.

DOS FUNDAMENTOS

DA ABSOLVIÇÃO NECESSÁRIA:

Conforme a informação contida nos autos é perceptível que não


houve a intenção de matar a vítima, quando ele foi até a vítima a sua vontade, era
apenas tentar resolver a pendencia que havia sido informado pelo acusado durante o seu
interrogatório, mas que no momento do discursão acabou desferindo os golpes contra a
vítima, logo o requerido não teve a vontade, e nem mesmo a intenção de cometer o
homicídio a forma tentada, logo não era da sua vontade que isto ocorresse.

Neste sentido, deve-se observar o disposto no artigo 14, II do


Código Penal:

Art. 14 – Diz-se o crime consumado quando:

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[...]

II- Tentado quando iniciada a execução não se consuma por


circunstancias alheia a vontade do agente.

Neste sentido, deve-se verificar que não se consumou o crime de


tentativa de homicídio, haja vista, que nada impediu para que o acusado ceifasse a vida
da vítima, e sendo assim não se consumou a tentativa de homicídio, pois se ele
realmente estivesse com desejo profundo de matar, haveria desferido mais golpes, mas
não o fez, assim vejamos:

I- No exame pericial, restou comprovado apenas lesões, que não


deixaram sequelas, contatando assim que o requerido jamais teve a intenção de matar
alguém.

II- Restando comprovado, que houve autoria sim, porem a


materialidade no que tange a intenção de efetivar o homicídio, não ficou constatado,
configurando-se apenas como lesão corporal leve.

Neste sentido, deve-se observar a Jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça;

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL


LEVE. ART . 129, CAPUT DO CP. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. CONDENAÇÃO MANTIDA. PENA READEQUADA. 1. A
palavra firme e homogênea da vítima, desde a fase policial, em conformidade com o
auto de exame de corpo de delito e com o depoimento das testemunhas, é suficiente para
lastrear a condenação, mormente em não se verificando que aquela tivesse qualquer
motivo para realizar uma falsa imputação contra o acusado. 2. O delito de lesão corporal
tem como elemento constitutivo do resultado do tipo penal um mínimo de violência
contra a pessoa, sob pena de o delito não se configurar, e admite a substituição da pena
corporal, própria para os delitos de menor potencial ofensivo, desde que não haja
excesso. Assim, em atenção ao artigo 44, I, do Código Penal, deve-se considerar em sua
exegese que a expressão "crime que não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa", abrange os delitos de menor potencial ofensivo em que a violência e a ameaça
são constitutivas do próprio tipo penal, viabilizando a substituição da reprimenda por
pena restritiva de direitos. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Crime
Nº 71005590849, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Luis Gustavo
Zanella Piccinin, Julgado em 22/02/2016).

Neste sentido, requer de Vossa Excelência a absolvição pelo


crime previsto no artigo, 121, § 2, inc. I E IV c/c art. 14 inc. II, do Código Penal, tendo
em vista a ausência da vontade de cometer o homicídio.

DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE LESÃO


CORPORAL

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Nesta mesma linha de raciocínio, no que tange a definição de


lesão corporal:

O núcleo do tipo é ofender a integridade corporal ou a saúde de


outrem, incluindo, pois, toda conduta que causar mal físico, fisiológico ou psíquico à
vítima. A ofensa pode causar um dano anatômico interno ou externo (ferimentos,
equimoses, hematomas, fraturas, luxações, mutilações). (MIRABETE, 2012, p. 71)

Em linhas gerais tipo objetivo de um crime é aquela conduta, o


verbo, que quando pratico caracteriza o crime. Muitos doutrinadores chamam de núcleo
do tipo.

O núcleo do tipo legal do art. 129 é ofender. Ofender a


integridade corporal ou a saúde de outrem.

As testemunhas de acusação deixaram claro que o acusado não


foi contido por ninguém no momento das agressões.

Outrossim, constituir-se-ia em verdadeiro constrangimento


ilegal submeter-se o réu ao veredicto popular, eis ausente o elemento tópico e
primordial para emprestar-se agnição a pronúncia, qual seja o dolo, o qual não restou
configurado e ou evidenciado, ainda que de forma rudimentar, na conduta palmilhada
pelo réu.

DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer:

I) O recebimento das Alegações Finais por Memoriais.

II) A absolvição necessária na hipótese trazida pela inexistência


da vontade de cometer o homicídio na forma tentada, conforme art. 386, VII do Código
de Processo Penal, prolatando a decisão de IMPRONUNCIA.

Nestes Termos,

Pede e aguarda deferimento.

Recife, 28 de outubro de 2022.

DENIS RICARDO RODRIGUES DE SOUZA

ADVOGADO–OAB/PE 31.629

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