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1. ESTUPRO............................................................................................................................................................... 5
2. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR ............................................................................................................................. 25
3. VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE ...................................................................................................................... 25
4. ASSÉDIO SEXUAL................................................................................................................................................... 29
5. ESTUPRO DE VULNERÁVEL ....................................................................................................................................... 30
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Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..... 157
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1. Estupro
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Sujeito ativo: tanto o homem quanto a mulher. Saliente-se, no que tange à conjunção
carnal, que a mulher pode ser coautora ou participe de um homem. A Lei 12.015/2009
transformou o delito de estupro em crime comum, assim, o sujeito ativo pode ser qualquer
pessoa (homem ou mulher), uma vez que o tipo penal não mais exige nenhuma qualidade
especial do agente. Assim, é possível que haja estupro cometido por homem contra mulher,
homem contra homem, mulher contra homem e mulher contra mulher.
Na Lei anterior era possível que mulher estuprasse?! E toda doutrina vinha e dizia
“não”. Lembrem-se do exemplo que dei do F....: mulher botou o revólver na cabeça e deu três
viagras pra ele estuprar a Fulana... Ele foi e estuprou. Quem é o autor do fato? A coação moral
retira a conduta do F..... Portanto a mulher é autora! Ela também pode praticar estupro.
Na Lei atual quando o legislador colocou “alguém” ele permitiu que qualquer pessoa
pudesse ser vítima de estupro, tanto homem quanto mulher. Qualquer pessoa pode ser afetada
em sua dignidade sexual. E esse foi o parâmetro que modificou da Lei anterior para a atual.
Antes o legislador se preocupava mais com o que pensava a população do que com a própria
liberdade sexual da pessoa. Com os novos parâmetros trazidos pela Lei 12.015 a conotação de
dignidade está acima – é o conceito mais amplo do Direito Constitucional Brasileiro.
Aqui não se fala mais, por exemplo, como se falava na violação sexual mediante fraude,
em mulher honesta. Ela para o legislador penal não existe mais no Brasil. Mulher honesta é
aquela que não tem nenhum conhecimento sobre o sexo. Mas o legislador na Lei anterior
protegia a mulher virgem! Protegia-a contra promessas de casamento! Gente, hoje é a mulher
que não quer casar mais!
Antes a mulher era maculada: era quebrada sua resistência com promessa de
casamento. Sabe o que tinha na Lei anterior, mais absurdo? Sujeito estuprava a moça, mas
vinha na presença do delegado e dizia “estuprei, mas quero casar com ela”. O delegado
forçava a barra pro cara casar, com o pai da moça, e casavam. O que acontecia com o crime de
estupro? Extinguia a punibilidade. A mulher era violentada duas vezes: violentada ao ser
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evidentemente estuprar uma mulher, desde que... Imprescindível é que o sujeito tenha se
utilizado de violência ou grave-ameaça.
No caso de estupro de vulnerável nem violência ou grave-ameaça! Basta que a vítima
esteja doente, enferma ou, por qualquer motivo, não tenha a capacidade de resistir, como
ingestão de bebida alcoólica. Então naquelas festinhas, quando pegam menina bêbada, não
coloquem na internet, tá? Dá zebra. Aconteceu na FAAP em São Paulo.
A aluna de Direito saiu da UNAERP... Sentou no ponto de ônibus frente à Telha Norte.
Sujeito mal-encarado chegou perto dela, um rapaz negro, ela de minissaia... Tirou a calcinha e
falou pro cara: “Pode fazer”. O cara “crau” e foi embora. Estamos diante de um Fato-Típico?!
A menina cedeu por temor? Sim, cedeu. Mas só posso falar em estupro sem violência
ou grave-ameaça quando a vítima é vulnerável. Ela no caso podia ofertar resistência? Sim,
podia. Cedeu por temor, mas houve uma conduta anterior do sujeito que provocou esse temor?!
O fato da pessoa ser negra?!
Qualquer ser humano normal que tenha atração pelo sexo oposto, vendo uma mulher
bonita, bem-vestida, tirando a calcinha na frente dele e abrindo as pernas... O cara não ia?!
O que estou perguntando quando indago se uma pessoa pode ser subjetivamente
estuprada?! Ela no seu âmago interpreta que está sendo coagida quando não está. Foi o caso da
moça da UNAERP. Houve conduta anterior do sujeito que a obrigou a ter aquele
comportamento? Ou foi preconceito dela, pelo fato do sujeito ser negro, estar malvestido e não
ter dois dentes? Todo sujeito malvestido, negro e sem dente, é estuprador?!
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ou, ainda, para fazer com que a vítima pratique ou permita que com ela se
pratique qualquer ato libidinoso.
O estupro, consumado ou tentado, em qualquer de suas figuras (simples ou
qualificadas), é crime hediondo (Lei 8.072/90, art. 1º, V).
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
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Quando tiver privação da liberdade para a prática de atos sexuais eu posso falar em
conexão entre o sequestro e o roubo ou extorsão? Não, ela é autônoma, portanto nesse caso eu
tenho estupro; tenho sequestro; tenho extorsão e tenho roubo. Qual é aí o concurso de crimes?!
Tive mais de uma conduta com mais de um resultado. Posso falar em Crime Continuado?!
Um dia foi um advogado fazer audiência e confundiu crime continuado com consunção
e conexão. Conseguiu! Vai estudar cara! Vai fazer audiência no JECRIM, 9.099... Leia a Lei,
pô! Vai gastar 10minutos.
A menina sentou, advogada indicada pela OAB, pra fazer o plantão... Ganha pra fazer
isso, hein... Sentou, perguntou: “O que vocês fazem aqui?!”. “Procedimento da Lei 9.099,
transação penal”. “O que é isso?”. “A gente faz proposta de pagamento de cestas básicas, de
valor pecuniário ou prestação de serviço pra pessoa se livrar do processo, mas no prazo de 05
anos ela não tem mais esse Direito”. Ela voltou a perguntar o significado disso. “É a barganha
como nos EUA, isto é, um modo de se livrar do procedimento desde que não se pratique outra
infração”.
Com isso a Lei quer prevenir a tomada de outros comportamentos iguais àquele. Mesmo
que o sujeito seja absolvido, aquilo consta em sua ficha pra sempre. Se alguém tirar sua FA
(Folha de Antecedentes) vai estar lá. Caso faça a transação nada constará. É muito melhor que
o sujeito pague uma prestação pecuniária ou serviço comunitário do que possa ser processado,
ainda que absolvido. “Explique aos seus clientes que é mais vantajoso”. E ela: “Melhor não,
prefiro não falar com bandido”. “O que tá fazendo aqui doutora?!”. “Ia trocar o plantão, mas
não deu tempo”. Olha o nível que chegamos... Uma coisa tão banal e corriqueira... Leia antes
pra não passar vergonha!
É possível falar em estupro sem violência ou grave-ameaça? Na forma do art. 213 não é
possível estupro sem violência ou grave-ameaça, mas é possível uma forma mais grave de
violência sexual sem violência ou grave-ameaça, na forma do art. 217-A (estudaremos depois).
Portanto é possível estupro sem violência ou grave-ameaça dependendo das condições
em que se encontrava a vítima. Se a vítima era doente, se era enferma ou não tinha por qualquer
circunstância capacidade de consentir, estupro de vulnerável. Fora desses parâmetros, se a
vítima não estava em nenhuma dessas situações, só posso ter estupro na forma do art. 213 com
violência ou grave ameaça. Sem a violência ou grave-ameaça não posso falar em estupro do art.
213, embora possa falar em infração mais grave se a vítima é menor, doente ou enferma ou não
tem capacidade de consentir.
Para constranger a vítima, pode o sujeito se valer da violência ou grave ameaça, que
são os meios de execução do crime de estupro, legalmente previstos no dispositivo legal em
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estudo. A fraude não é meio de execução do crime de estupro, caso em que o delito será o de
violação sexual mediante fraude . (CP, art. 215)
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,
aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Atentado ao pudor mediante fraude (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
No estupro há duas figuras típicas ungidas numa só. A prática da conjunção carnal e
“outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal” (qualquer outro ato, desde que praticado
com violência ou grave-ameaça, que tenha repercussão de desafogar o instinto sexual).
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Ato libidinoso é aquele que visa ao prazer sexual, com exceção da conjunção
carnal, tais como a masturbação, os toques íntimos, a introdução de dedos ou
objetos na vagina, o sexo oral, o sexo anal etc.
A vítima precisa ser despida? Tocada? Nenhuma das duas hipóteses! Posso praticar ato
libidinoso diverso da conjunção carnal sem penetrar a vítima. Coloco meu pênis pra fora e a
obrigo a fazer uma chupetinha. É necessário contato físico? Também não. Exemplo: coloca
um revólver na cabeça do F... e digo “penetre o Liberal”. Eu, autor do fato, estou tendo
contato físico com o F... ou com o prof. Liberal? Isso quer dizer que eu não pratiquei estupro?
Certo que não, contato físico não é necessário assim como desnudar a vítima não é necessário.
A vítima sequer precisa entender o caráter sexual do fato. O autor tem que ter sempre
inserido em seu dolo desafogar o instinto sexual?! Sempre?
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Chego aqui e falo um monte de coisa indecorosa para algumas das meninas. Isto
caracteriza estupro?! Para caracterizar estupro: violência ou grave ameaça. Xingamento pode
caracterizar crime contra a honra, importunação ofensiva ao pudor, mas não caracteriza
estupro. Indagando se é possível estupro por palavras, a resposta é sempre NÃO.
Suponhamos que determinado aluno de outro ano tenha dado beliscão na bunda de uma
menina no corredor: isso caracterizaria estupro?! Claro que falamos de estupro na segunda
modalidade, pois a primeira é conjunção carnal e isso não tem. Então o Aurélio deu um
beliscão na bunda de alguém no corredor: isso caracteriza estupro?! Em regra, gente, isso
caracterizaria estupro de vulnerável! Por quê? Peguei a vítima de surpresa! Ela passou no
corredor. Aproveitei-me do fato de não ofertar defesa para dar um beliscão. Você equiparia
um beliscão com uma penetração. Qual dos dois é mais grave? A penetração. O que o
legislador passou a interpretar? Apesar de que nos termos da Lei eu pudesse considerar
“estupro de vulnerável”, o beliscão para a Lei é “importunação ofensiva ao pudor”, descrito no
art. 61 da Lei de Contravenções Penais (mero delito anão).
“Se o beliscão não pode , o beijo também não pode!”. É assim? Depende do local do
beijo. Um beijo na vagina, à força: alguém tem dúvida em dizer que é estupro?! Ou um beijo
na bunda?
Vamos passar por tudo, há... Um beijo no seio à força? Estupro. Um beijo no cangote,
forçado? Um beijo na boca, com violência ou grave-ameaça, pode ser considerado estupro?!
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A jurisprudência faz uma distinção. O beijo pode ser considerado estupro desde que se
trate de beijo lascivo. Uma bicotinha em alguém, mesmo que à força, você não pode falar em
estupro, mas em importunação ofensiva ao pudor. Se lascivo pode, sim, ser considerado
estupro. Lascivo: beijo mais quente. O que pode ser considerado lascivo? Primeiro: um beijo
demorado. Segundo: seguido de carícia. Terceiro: que seja molhado. Quem diz isso é a
jurisprudência.
O beijo, pra ser considerado lascivo, requer apenas o uso de língua. O beijo
1) de língua,
2) molhado,
3) prolongado OU
4) seguido de carícia, é considerado lascivo.
Evidentemente que falamos do beijo de língua do sujeito ativo, pois se a vítima colocar
a língua ela tá gostando, tem alguma coisa errada (a não ser que o cara a force a pôr a língua
também).
Entendemos que o beijo na boca, ainda que “roubado”, jamais poderá caracterizar ato
libidinoso. Nesse caso, o crime poderá ser de constrangimento ilegal (CP, art. 146), ou a
contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor (LCP, art. 61), sob pena de ferir o
princípio da proporcionalidade ao entender que o ato de tomar à força um beijo na boca de
outrem possa ser considerado e punido severamente como crime hediondo.
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Como, por exemplo, no caso do carcereiro que, ciente da intenção dos demais detentos,
nada faz para impedir que estes estuprem um companheiro de sela.
Tipo subjetivo: O dolo elemento subjetivo do tipo, que é o especial fim de agir (para ter
conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso). Na doutrina tradicional é o “dolo
especifico”. Não há forma de culpa.
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b) Tentativa de estupro, quando o agente visa apenas outro ato libidinoso, mas não o
alcança por circunstâncias alheias à sua vontade. Ocorre quando, iniciada a execução com o
constrangimento da vítima, mediante violência ou grave ameaça, mesmo sem a realização de
qualquer ato libidinoso, caracterizando a tentativa de estupro porque o agente não alcançou o
resultado desejado (outro ato libidinoso).
Entendemos que essa é a melhor solução em relação à tentativa do delito, mesmo
reconhecendo o seguinte contra-senso: se o agente realiza qualquer ato libidinoso como
prelúdio da conjunção carnal não alcançada, responde por tentativa de estupro; mas, se realiza
qualquer outro ato libidinoso, quando não visa à conjunção carnal, responde por estupro
consumado.
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Crime continuado: com há reforma permitiu que existisse sim o crime continuado.
Concurso com outros crimes: pode haver concurso com os crimes de aro obsceno (CP,
art. 233) e perigo de contágio venéreo (CP, art.130). Caso haja de fato transmissão de doença
sexual do agente para a vitima, ver art. 234-A, IV, do CP (causa de aumento de pena). As
lesões corporais leves são absorvidas, mas as graves configuram a figura qualificada do §1º,
primeira parte, deste art. 213.
A lei vigente fez surgir uma polêmica doutrinária a respeito da natureza jurídica do
crime de estupro (CP, art. 213), ou seja, o crime passou a ser um tipo misto
alternativo (existem vários verbos que definem as hipóteses de realização do mesmo fato
delituoso, ou seja, há crime único), ou trata-se de tipo misto cumulativo (existem vários verbos
que definem unidades distintas do delito, ou seja, são crimes praticados em concurso), que têm
conseqüências jurídicas distintas.
Se o agente pratica vários estupros contra a mesma vítima em ocasiões distintas, se
preenchidos os demais requisitos legais, é possível reconhecer a continuidade delitiva (sistema
da exasperação).
Ausentes esses requisitos, o agente deverá responder pelos crimes de estupro em
concurso material (soma da penas)
Se eu tinha dois crimes e o legislador transformou em um, o que acontece com aqueles
presos por dois crimes?! A pena foi reduzida pela metade. Apesar do legislador vir a público e
dizer “Estamos combatendo os crimes contra a dignidade sexual, aumentando a pena”... É
verdade, mas o que adianta fazer isso ungindo as duas figuras? Todos presos pelos dois crimes
tiveram revisão da pena e saíram com metade do cumprimento da pena.
Tivemos o maníaco de Brasília. Tinha matado três. Depois matou mais dezessete
porque sua pena foi reduzida à metade.
A figura atual é retroativa ou irretroativa?!
Quando a Lei Penal nova retroage? Pra beneficiar o réu. Eu posso falar que os crimes
contra a dignidade sexual nunca retroagem?! Quando beneficia, quando não beneficia?!
Eu posso dizer, a priori, que sempre retroage? Ou que nunca retroage? Olha a salada
que o legislador fez... Eu tenho que analisar cada um dos casos concretos de per si. Às vezes
vai retroagir, às vezes não! Olha o trabalho que vai dar. E eu posso ter crimes que ocorreram
antes do advento da Lei? Antes do advento qual Lei eu aplico? 12.015/2009 ou a Lei
anterior?!
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Quando a Lei Penal retroage?! Quando em benefício do réu. Sempre vai ser a Lei Nova
menos grave do que a Lei anterior? Não. Vou ter que considerar cada um dos casos de per si.
Se o sujeito tinha praticado estupro e atentado violento ao pudor, e agora estão no mesmo
Tipo-Penal, qual a Lei menos-grave? A nova! Portanto ela retroage!
Se o cara só cometeu estupro qual a Lei mais grave?! A atual. Então ela não retroage!
Olha que absurdo!
E, mais: Ação Penal... Posso falar em retroatividade e irretroatividade? O crime foi
praticado antes do advento da Lei 12.015: qual a Ação Penal? Eu posso fazer... Que a Lei
Penal atual, a nova redação do art. 12.015... Retroaja nesse caso? Não. O que é melhor para o
réu? O fato de só a vítima poder ingressar com AP ou o fato de ela representar para que o MP
ingresse com Ação Penal? A vítima, portanto não será retroativa. Então pontos da Lei são
retroativos e outros pontos não são retroativos. O que eu tenho que indagar pra saber o que
retroage e o que não retroage? Tudo para beneficiar o réu retroage; para prejudicar não
retroage.
Às vezes o réu praticou duas condutas, penetrou a cavidade vaginal da vítima e
penetrou seu ânus... Na Lei anterior o que seria? Estupro e atentado violento ao pudor em
concurso material, pois não são crimes da mesma espécie. A pena era dobrada. Na Lei atual as
duas figuras estão no mesmo tipo, com a pena menor (a somada lá seria maior). Retroage?
Não. Então o sujeito só penetrou a cavidade vaginal antes do advento da Lei atual... Qual é
mais benéfica? A pena anterior de apenas um dos crimes era menor na Lei anterior... A Lei
pode retroagir? A Lei atual é mais grave que a Lei anterior que só houve penetração do pênis
na cavidade vaginal. Essa Lei pode abranger situações anteriores ao advento da Lei? Não
pode. Então tenho que analisar cada caso de per si pra saber se a Lei retroage ou não. Lei
muito mal elaborada.
O legislador queria punir com mais severidade as condutas atuais, mas quando faz as
coisas sem se aprofundar nas pesquisas, e a Lei sai da esfera de volitividade do legislador, ela
entra na nossa esfera de volitividade (interpretação). Qual a única interpretação a fazer quando
há dúvida? Aquela que mais beneficia o réu. Qual a que mais beneficia o réu? Aquela que
interpreta que dois tipos penais colocados no mesmo tipo passam a integrar uma única
conduta. Senão teríamos que falar... Vamos pensar num delito mais simples... Como posso
participar num suicídio? De três formas: induzimento, instigação e auxílio secundário
material.
F.... nunca pensou em se matar, coloquei aquilo na sua cabeça, mas mesmo assim ele
não se matou. Aumentei essa vontade, instiguei o tempo inteiro para que ele se matasse, e
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mesmo assim não se matou. Dei a arma para ele se matar, aí ele se matou finalmente. Pratiquei
as três condutas do art. 122. Cometi um único crime ou três? Cometi um único crime. Por quê?
Crime de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado. O que o legislador fez aqui? A mesma coisa.
Por erro?! Não importa. Na dúvida só posso interpretar em favor do réu. Portanto o Tipo-Penal
aqui, a tendência é que seja considerado Alternativo e não o Cumulativo.
Cumulativo é aquele tipo que permite que quando praticada as duas condutas dentro do
mesmo Tipo você responda por dois crimes. Não é o caso aqui, até porque o legislador se
utilizou de um verbo só: “constranger”... Quer dizer, obrigar, forçar.
Ação Penal : Sempre lembrando que a Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual
passou a ser, em regra, condicionada à representação, exceto se a vítima for menor ou não
puder consentir.
Na regra anterior era Ação Penal Privada: a vítima é quem tinha que entrar com a Ação.
O legislador fazia isso porque tinha em mente não a dignidade ou liberdade sexual, mas a
moralidade pública. A mulher podia não optar levar o fato ao conhecimento das autoridades. Só
o fato de dar a notícia, segundo o legislador antigo, já era uma condenação à mulher, afetava
sua moralidade, passava a ser dentro da sociedade uma vítima de estupro. Hoje a regra é Ação
Penal Pública Condicionada à Representação: depende da manifestação de vontade da vítima,
mas não é ela que ingressa com a Ação Penal; e ela não pode desistir da Ação Penal: não pode
mais casar com o réu pra apagar tudo. Passamos a ter agora uma visão da dignidade da pessoa
humana na livre manifestação do pensamento sexual, ao contrário da Lei anterior, em que se
dava maior status à moralidade pública. A partir da Lei 12.015/99 passou-se a valorizar a
integral dignidade do ser humano com vistas à manifestação da vontade sexual; a pena
liberdade do indivíduo no que tange aos atos sexuais.
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Isso é possível?! E veja que fazem aqui interpretação extensiva contra o réu corrigindo
equívoco. Não poderia! Olha o que fala: a pena é mais alta se a vítima é menor de 18 e maior e
14. Ele deveria dizer: “se a vítima tem entre 14 e 18 anos”. Pois se ela é menor de 14 não pode
consentir e não pode ter duas idades ao mesmo tempo. Estão interpretando como conjunção o
que não era.
E a segunda parte traz a qualificação pelo resultado. Vocês notarão que a pena é igual
ao homicídio qualificado quando do ato em si resulte lesão corporal de natureza grave ou
morte.
O resultado aqui pode ser doloso ou só pode ser preter doloso?! O resultado deve advir
de culpa ou o resultado pode advir de dolo? Eu posso querer matar a vítima durante o ato
sexual? Se matar a vítima durante o ato sexual respondo por estupro qualificado pelo resultado
ou respondo por estupro simples e mais homicídio?!
A redação é péssima.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
O que o legislador fez de diferente aqui, por exemplo, com relação ao roubo? No roubo
diz ele “se da violência resulta morte”. O que disse aqui? “Se da conduta”. Então incluiu o quê
aqui? A grave-ameaça. Não está incluída lá no roubo, está incluída aqui.
A pena, 12-30 anos, é idêntica ao homicídio qualificado por conexão teleológica
(quando se tem por finalidade). Você mata para estuprar... Aqui é o caminho inverso, você
estupra e mata.
Advindo o resultado por dolo, continuo podendo falar em estupro? Ao agredir a vítima
eu exagerei e por culpa matei... Aí ninguém vai ter dúvida: praeter dolo, estupro qualificado
pelo resultado-morte. Mas suponhamos que eu queira matar a vítima durante o ato sexual... Por
qual crime respondo? Mudemos um pouco: mato a vítima porque estuprei! Mudou alguma
coisa?!
Estuprei a vítima. Terminado o estupro... Na 1ª modalidade, com conjunção carnal,
penetrei a cavidade vaginal da vítima... Terminei o ato em si, coloquei minha roupa, dei dois
passos pra ir embora, pensei “Ela vai contar”, voltei e matei. Mudou alguma coisa?
Aqui, durante o ato sexual, matei a vítima. “Durante”, pois só teria prazer sexual
matando a vítima. Segunda hipótese... Terminei o estupro... Pensei: “Ela pode me delatar”.
Volto e mato a vítima. Mudou alguma coisa? Sim, mudou. Na primeira a morte tem conexão
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com o estupro (estupro qualificado por resultado morte). Na segunda hipótese matei a vítima
depois de consumado o estupro: estupro simples com homicídio qualificado.
O que tenho que indagar pra aplicar a qualificadora? Houve conexão do resultado com a
prática da violência ou grave-ameaça? Ou estupro qualificado pelo resultado? Não era mais
possível a conexão... Eu já tinha consumado o estupro e resolvi matar a vítima porque eu tinha
estuprado, pra garantir a impunidade e ocultação do crime anterior, aí não posso falar mais em
estupro qualificado pelo resultado. Falo em estupro mais homicídio qualificado pela conexão
consequencial: a morte foi consequência da prática de um crime anterior que eu pratiquei.
O resultado morte com culpa... Bati demais na vítima e por isso provoquei
culposamente o resultado... Preter dolo se enquadra sempre. Aqui o dolo é que às vezes não se
enquadra. Quando vai se enquadrar? Eu quero matar a vítima... Se eu quero matar a vítima, mas
a morte teve conexão, foi desdobramento causal do estupro: estupro qualificado pelo resultado-
morte. Quando não há mais desdobramento causal já cessei minha conduta. Já estuprei a vítima
e resolvi matá-la pra não contar que fui eu: há conexão entre estupro e resultado-morte? Não.
Sujeito responde por estupro mais homicídio qualificado pela conexão consequencial.
Suponhamos que a morte tenha decorrido por culpa da grave-ameaça: eu posso punir?
Isso é possível? Sim, é. Já tive caso assim. A vítima morreu de susto! Sujeito falou pra ela: “Ou
você dá pra mim ou eu te mato” – ela teve uma síncope cardíaca e morreu. O resultado adveio
da tentativa de estupro. Tenho conexão com o que o sujeito fez e o resultado? Sim, tenho.
Então tentativa de estupro qualificada pelo resultado. Por que não posso falar em estupro
consumado? Ele forçou a vítima... Quando a vítima tirou a roupa, ela teve uma síncope
cardíaca... Supondo que ele apenas exigiu o ato sexual... E a vítima morreu em decorrência da
grave-ameaça... Estupro qualificado pelo resultado só ocorreria se tivesse a penetração ou
qualquer ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Não tive aí, mas o sujeito tentou? Sim,
tentou. Por que não obteve? Por circunstâncias alheias à sua vontade dado que a vítima faleceu
em decorrência da grave-ameaça: tentativa de estupro qualificado pelo resultado .
a) Estupro qualificado pela lesão corporal de natureza grave (§ 1º, primeira parte)
Enquanto o estupro simples (tipo básico) tem pena de reclusão de 6 a 10 anos, o estupro
qualificado pela lesão corporal de natureza grave tem pena de reclusão de 8 a 12 anos.
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A expressão lesão corporal de natureza grave foi utilizada em sentido amplo, ou seja,
abrange as lesões corporais graves e gravíssimas (CP, art. 129, §§ 1º e 2º). Eventuais lesões
corporais leves, ou mera contravenção de vias de fato, decorrentes da violência empregada
pelo agente ficam absorvidas pelo crime-fim (estupro).
Essa qualificadora é exclusivamente preterdolosa, ou seja, pressupõe que haja dolo no
estupro e culpa em relação ao resultado lesão grave. Assim, se ficar demonstrado que houve
dolo (direito ou eventual) também em relação à lesão corporal, o agente responde por estupro
simples em concurso material com a lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, conforme
o caso.
b) Estupro qualificado pela idade da vítima (§ 1º, última parte) – Com a mesma
pena prevista para a qualificadora anterior, o estupro é qualificado se a vítima é menor de 18 e
maior de 14 anos. Se a vítima for menor de 14 anos, o crime é de estupro de vulnerável (CP,
art. 217-A), independentemente do emprego da violência ou grave ameaça.
Existe uma injustificável lacuna no texto legal em relação à vítima que é estuprada no
dia do seu 14º aniversário, isto porque no estupro de vulnerável a vítima é menor de 14 anos, e
no estupro qualificado pela idade, a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos. Então, nesse
caso, qual seria a melhor solução?
c) Estupro qualificado pela morte (§ 2º) – Enquanto o estupro simples (tipo básico)
tem pena de reclusão de 6 a 10 anos, o estupro qualificado pela morte tem pena de reclusão de
12 a 30 anos.
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c) Aumento de metade, se o crime resultar gravidez (CP, art. 234-A, III)– Esse
aumento de pena se justifica pelo fato do crime ofender a dignidade sexual e ainda resultar em
uma gravidez indesejada. Entretanto, observa-se que não se pune o aborto praticado por
médico, quando precedido do consentimento da gestante, e se a gravidez resulta de estupro
(CP, art. 128, II).
O art. 214 nós pularemos porque... Ele não existe mais! Foi revogado. Era o Ato
Libidinoso diverso da conjunção carnal. A partir da Lei 12015/09 o legislador uniu as duas
figuras. Tipo-Penal, então, cumulativo ou alternativo?! Tem só um verbo (constranger) e duas
ramificações.
“Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima:
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Esse crime, por meio da Lei 12.015/2009, veio a substituir o antigo delito de posse
sexual mediante fraude.
Chamado pela doutrina de estelionato sexual, distingue-se o crime de violação sexual
mediante fraude do estupro, porque naquele não há constrangimento empregado pelo agente
mediante violência ou grave ameaça, enquanto neste, o agente utiliza-se de métodos ardilosos
que viciam a vontade da vítima, induzindo-a em erro, burlando o seu consentimento, fazendo
com que tenha o seu exercício de livre liberdade sexual viciado.
Observe-se, então que, embora o nomen juris do crime seja violação sexual mediante
fraude, qualquer meio (e não só a fraude) que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima é apto para configurar esse delito. Ou seja, é cabível interpretação analógica
nesse caso.
O art. 215 do CP também sofreu relevantes alterações. Inicialmente, a Lei nº
11.106/2005, já havia retirado do tipo penal a controversa expressão “mulher honesta”, que
figurava com sujeito passivo do tipo penal. Não obstante, a Lei nº 12.015/2009 condensou os
antigos tipos penais previstos nos arts. 215 (Posse Sexual Mediante Fraude) e 216 (Atentado
Violento ao Pudor Mediante Fraude) em um só delito, revogando o art. 216 e dando a rubrica
“Violência Sexual Mediante Fraude” ao art. 215 do CP. 1.
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Elemento Objetivo:
a) Ação Nuclear
“Ter” e “praticar”
A vítima tem conjunção carnal ou pratica ato libidinoso com o autor, tendo ludibriada
sua liberdade sexual por meio de fraude ou outro ato similar que impeça ou dificulte a livre
manifestação da vontade.
b) Meios de execução
Fraude
Qualquer meio que iludindo a vítima provoca uma errada percepção da realidade e faz
com que ela consinta no ato sexual.
A fraude pode ser utilizada tanto para criar uma situação de engano na mente da vítima
como para mantê-la em tal estado para que, assim, seja levada ao ato sexual.
Elementar Tipo Penal : dever ser idônea a iludir a vítima acerca da realidade dos fatos.
Se a fraude for grosseira, facilmente perceptível, o crime não estará consumado. O tipo penal
não pune atos nos quais a vítima se entrega ao ato sexual por almejar algum tipo de vantagem
em troca do próprio corpo.
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Consumação: em relação à primeira parte do art. 215 do CP, o crime é consumado com
a penetração, ainda que parcial, do pênis na vagina. Já em relação à 2ª parte (atos libidinosos),
estará consumado o delito com o início da prática efetiva do ato libidinoso, quer com a
participação ativa do agente, quer somente com a participação da vítima, onde o agente figura
como um voyer (masturbação, dança erótica etc), independentemente da conclusão do mesmo.
Tentativa : admite-se, embora de difícil comprovação na prática. Admissível no
momento que o agente emprega fraude com o intuito de ter a conjunção carnal ou outro ato
libidinoso, mas não consegue por circunstâncias alheias à sua vontade.
Por força do art. 234-B, todos os processos que apurar delitos incursos no Título VI do
Código Penal devem correr em segredo de justiça.
Está contemplada no parágrafo único do art. 215, com a nova redação determinada pela
Lei n. 12.015/2009:
Nesse aspecto, a lei agravou a situação do réu, pois não havia qualquer previsão legal
sobre a pena de multa, se existente a finalidade econômica.
Mencione-se que não é necessária a efetiva obtenção da vantagem econômica para que
se configure o delito, bastando que se comprove tal finalidade.
Ex. A relação transcorre sem emprego de violência e estando a mulher enganada sobre a
identidade pessoal do agente, sendo a fraude descoberta somente depois dê consumado o ato.
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E se a vitima perceber antes e autor vir a usar da força se caracteriza estupro e não o que
dispõe o art. 215 do CP .
Ação penal : Crime que procede-se mediante ação penal pública condicionada à
representação (art. 225). Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se
a vítima é menor de 18 (dezoito) anos (225, par. ún.). Sendo que se a vítima é menor de 14
anos, o crime caracterizado é o do art. 217-A (estupro de vulnerável), e não do artigo 216.
4. Assédio Sexual
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, mulher ou homem, desde que seja superior hierárquico
da vítima ou tenha ascendência sobre ela, em razão de exercício de emprego, cargo ou função.
É crime próprio, exigindo do agente ativo uma especial condição.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, mulher ou homem. Também deve manter com o
mesmo a relação de sujeição hierárquica ou ascendência relacionadas ao emprego, cargo ou
função. Também em relação ao sujeito passivo é crime próprio
Tipo objetivo: o núcleo é constranger, que tem o sentido de forçar, compelir, obrigar. O
constrangimento é no intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual sempre de pessoa
hierarquicamente inferior ao autor, devendo o agente utilizar-se como instrumento de
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Ação Penal: segue a regra do art. 225 do CP, assim como os processos correm em
segredo de justiça, à luz do art. 234-B do CP.
Importante salientar que meras “cantadas” ou convites para jantar ou almoços,
destituídos de intenções de represália, em caso de rejeição, não se constituem assédio sexual
para fins criminais.
Não se caracteriza o delito quando envolve a relação professor x aluno, posto que não
há sujeição de hierarquia ou ascendência laboral.
5. Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 2o (VETADO).
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
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posso falar e estupro comum do art. 213? Não. Houve erro quanto à vulnerabilidade? Sim. Isso
exclui a tipicidade do fato, portanto não responde por crime nenhum.
Mas se o sujeito praticar violência ou grave ameaça contra menor, por qual crime
responde? Eu, por exemplo, peguei uma adolescente de 13 anos, dei uma pancada na cabeça,
ela desmaiou e aproveitei-me disso para penetrá-la: pratiquei estupro comum ou de vulnerável?
De vulnerável: ela não tinha condição de consentir. O que eu tenho aí? Ao mesmo tempo em
que era menor de 14 anos eu empreguei violência, prevista no art. 213. A vulnerabilidade está
no art. 217... O que tenho aí? Conflito aparente de normas! Eu resolvo por quais princípios o
conflito de normas? Consunção, absorção e especialidade. O que eu tenho entre esses dois
artigos? O art. 217 é específico com relação ao art. 213, portanto prevalece o art. 217-A!
Mas cuidado com o contexto causal! F.... está entrando em sala de aula... Venho por trás
e acerto sua cabeça. Espero alguns momentos, amarro ele, deixo ele amarrado na cama... Isso
no começo da manhã... No final da tarde eu venho e penetro ele: que crime eu cometi?! Estupro
ou estupro de vulnerável? Antes que respondam...
Mesmo contexto causal... Vou embora depois de cráu no F....... O Augusto vem atrás,
aproveita e cráu no F.... também. Tem diferença entre os crimes?! A primeira resposta então...
Dei a paulada, ele desmaiou, eu o amarrei, saí, fui tomar suco de frutas, voltei no final da tarde
e cráu nele: estupro ou estupro de vulnerável?!
Veja bem, inicialmente tive uma violência. Dela aproveitei-me e amarrei a vítima.
Nessa ocasião pratiquei crime contra a dignidade sexual? Não. Posteriormente, aproveitando-
me que ele estava amarrado voltei ao local e o penetrei. Qual estupro eu pratiquei? Do art. 213
ou do art. 217-A?!
Art. 217-A! Estava amarrado e não tinha resistência! Se eu tivesse consumado o crime
contra a dignidade sexual num primeiro momento eu teria estupro. Como prevaleci do fato da
vítima não ofertar resistência para penetrá-la posteriormente, cometi Estupro de Vulnerável. Aí
eu tenho que analisar conforme as circunstâncias e ver a tipicidade do fato.
Vamos ao segundo exemplo. Dei a pancada no F.... e imediatamente o penetrei: qual
crime eu pratiquei? Aí sim estupro, pois sua violação se deu em virtude da violência. Mas logo
em seguida veio o Augusto, aproveitando-se de que ele estava desmaiado... É partícipe ou
coautor, ou... Praticou crime completamente dissociado do primeiro? Totalmente dissociado!
Na segunda ocasião ele se prevaleceu do desmaio da vítima, portanto praticou crime mais
grave.
O que é mais grave? O sujeito que agrediu para consumar o ato ou o sujeito que
consumou após a agressão? Do ponto-de-vista da gravidade não teria nem diferença. Uso a
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tipicidade para enquadrar. Num primeiro momento F.... poderia ofertar resistência e não ofertou
porque agi com violência e dei-lhe uma cacetada. No segundo momento (do Augusto), F.... já
estava desmaiado, ele não poderia ofertar qualquer resistência, portanto estupro de vulnerável.
Mas pouco importa se emprego violência ou grave-ameaça para praticar o estupro de
vulnerável. O que vai prevalecer é o estupro de vulnerável. Agora, a circunstância de onde tá,
se foi estupro do art. 213 ou se foi estupro ou se for do art. 217-A...
No estupro de vulnerável, gente, sempre é importante destacar que é irrelevante o
consentimento do ofendido.
O Augusto foi ao pré-primário. Pegou uma menina de 07 anos de idade. Falou “Quero
fazer sexo com você” e a menininha “Você é gostoso, eu quero também”. Tem relevância o
consentimento da menina? Nenhum! A presunção é absoluta! A única coisa que poderia excluir
o crime é o erro quanto à vulnerabilidade. Mas dá pra confundir uma menina de 07 anos com
uma de 14? Evidente que não! Portanto considero vulnerável a vítima; portanto, estupro de
vulnerável do art. 217-A.
O art. 217-A traz formas qualificadas do crime, quando ocorre lesão de natureza grave
ou morte.
A pergunta: o resultado aqui é praeter doloso (vai decorrer só de culpa) ou pode ocorrer
também de dolo? Posso querer matar a vítima ou só posso causar a morte da vítima por culpa?!
O resultado, gente, pode advir de dolo? Sim, pode! Desde que a morte ou lesão-grave
tenham conexão com o estupro! O sujeito está estuprando uma criança... Durante o estupro ele
está batendo nela, “Quero que você morra sua vaca”, arrebentando. Matou a menina.
Resultado-morte durante o estupro? Pessoa vulnerável? Parágrafo quarto do art. 217-A: estupro
de vulnerável.
Mudando o exemplo. Depois do estupro levantou e falou: “Agora você tem que morrer
porque vai contar o que aconteceu”. Pega um pedaço de pedra e taca na cabeça da menina
(ocorrido recentemente em Ribeirão). Posso falar em estupro de vulnerável com resultado-
morte? Qual conexão eu estabeleci entre o estupro e a morte? Ou seja, a morte decorreu do
estupro? Não. A morte decorreu da prática do estupro consumado. Eu já tinha terminado o
estupro quando resolvi matar a vítima: estupro de vulnerável na modalidade simples e crime de
homicídio qualificado por conexão. Então vou ter os dois crimes. O fato é mais grave. Se há
conexão, se foi durante o estupro que provoquei lesão ou morte, respondo pela qualificadora do
art. 217-A. Se o resultado morte ou a lesão grave foi posterior à consumação do estupro, não
posso falar mais só no estupro de vulnerável, vou falar em dois crimes em concurso material:
penas somadas! Muito mais grave.
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Por que aqui a doutrina entende que o legislador abrangeu o resultado também doloso?
Pela gravidade da pena que ele impôs. Aqui a pena é simétrica ao Homicídio Qualificado. Ao
dar a mesma pena do homicídio qualificado, o que o legislador está dizendo? Que aqui o
resultado morte também poderia derivar de dolo, desde que tenha conexão com o homicídio.
A prática do estupro foi que levou ao resultado morte? Sim. Estupro de vulnerável, na
forma qualificada. A prática do homicídio foi posterior à consumação do estupro? Já não posso
mais falar só em estupro de vulnerável ou qualificado; vou falar em estupro de vulnerável
simples em concurso material com homicídio doloso qualificado pela conexão.
Disposições comuns dos crimes contra a honra...
Vocês verão que o legislador mais uma vez pecou pelo excesso e pela falta de
coerência. Há duas disposições comuns: contra os crimes contra a dignidade sexual e depois
uma disposição geral dos crimes contra a liberdade sexual (como se fossem crimes estanques,
diferentes; são os mesmos crimes!).
Mesmo que defenda a liberdade sexual, o nome in juris dos crimes trazidos pela Lei
12.015/09 são “crimes contra a dignidade sexual”. Pra quê duas?
A Lei 12.015/09 ab-rogou os artigos 223 e 224. Portanto estes artigos não existem mais.
Tá lá no Código, pode ver. Mas foram revogados por inteiro. Os artigos 225 e 226 foram
derrogados (parcialmente ab-rogados).
Aqui veremos um absurdo do legislador. O Artigo 225 trata da Ação Penal nos crimes
contra a dignidade sexual; e os crimes contra os costumes da Lei anterior são completamente
diferentes. Qual a regra geral na legislação anterior? A Ação Penal era Privada em regra:
somente a vítima poderia ingressar com a Ação (exceto se fosse pobre e o crime praticado por
pai, tutor, curador, que aí a Ação passava a ser pública condicionada à representação). Por que
este raciocínio? A vítima estuprada dar notícia do crime numa comunidade retrógrada não seria
pior pra mulher? Antes a vítima era só mulher, em regra. Falava em praticar conjunção carnal
com mulher, e não com “alguém”. A vítima dar notícia de estupro não era ruim pra ela?
Pensemos naquelas merdinhas que tem por aqui: Cajuru, Serra Azul, Morro Agudo, São
Simão, Santa Rosa do Viterbo, Santo Antônio da Alegria... Cidades pequenas. A notícia do
estupro... O que vai acontecer na cidade, hein?! Aquilo pra mulher era muito pior do que o
estupro! Ela era estuprada duas vezes: o povo aponta na rua “Foi ela que Fulano pegou no
matagal”!
Ao dar a ela a chance de pedir a investigação ou não acreditava-se proteger a mulher.
Como a Lei 12.015/09 está muito mais centrada na prática criminosa contra vulneráveis, o que
é que se passou a entender a partir da Lei? Que a vítima teria sim condição de brecar a
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investigação, mas por simples Representação. Qual a regra geral hoje?! A Ação em regra é
pública (órgão do Estado entra com Ação) desde que a vítima Represente, desde que ela tenha a
intenção de provocar a Ação Penal. Sempre?! Não, pois se menor de 18 anos ou vulnerável, a
Ação passa a ser Pública Incondicionada: há interesse do Estado que independentemente da
manifestação da vontade da vítima se coíba determinadas práticas na sociedade.
A partir daí a Ação Penal passou a ser mais grave do que a Lei anterior. Essa regra do
Art. 225 retroage ou não?! Regra anterior, Ação Penal Privada; regra atual, geral, Ação Penal
Pública Condicionada à Representação. Qual é mais grave?! Você ter o jus persequendi in
judicato pelo órgão MP ou pela vítima? Evidentemente pelo MP – portanto a regra é mais
grave. Ela retroage? Não retroage!
Veja o que o legislador criou! Os crimes contra a dignidade sexual retroagem ou não?
Aqui temos que colocar um “depende” do depende. A análise tem que ser feita em cada uma
das circunstâncias. O que eram dois crimes na Lei anterior (estupro e atentado violento a pudor)
virou um crime só (apenas estupro englobando atentado violento ao pudor).
Por que é interessante ainda falar do atentado violento ao pudor? Posso ter ainda
incidência da Lei Antiga? Sim, dependendo das circunstâncias do caso concreto. E posso ter
arremedo: uma parte eu aplico da outra Lei, outra parte da outra Lei. A incidência de uma Lei
Penal e a Ação Penal de outra, se ocorreu até 2009, por exemplo.
Então aplico sempre o que é menos grave. Na incidência das duas Leis preciso verificar
em cada caso concreto o que é mais grave, o que é menos grave, pra aplicar uma ou outra Lei.
Isso vai cair na prova, podem estudar!
Na Lei anterior, quando havia resultado-morte, havia uma Súmula 608 do STF: falava
da regra dos crimes complexos (estupro é sempre crime complexo).
Você tem a violência; a grave-ameaça; e tem também o crime sexual, você tinha mais
de uma infração dentro de uma outra infração – dessa forma, crime complexo. Aplica-se,
portanto, a regra de que a Ação é Pública Incondicionada.
O que o legislador falou no art. 225? Que a regra geral será Ação Penal Pública
Condicionada à Representação... Regra específica, se a vítima é menor de 18 anos ou
vulnerável, a regra é Ação Penal Pública Incondicionada. Pergunto: se a vítima morreu, qual a
regra?! Olha como não se pensa nas coisas no Brasil!
A vítima morreu... Ela não é vulnerável ou menor de 18. Qual a Ação Penal?! Pública
Condicionada à Representação!
Eu pergunto: A vítima morreu... Quem vai Representar?! Vocês dirão “Isso é raro” – já
tivemos casos! Já suscitou margem à dúvida por caso concreto ocorrido.
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De tamanho absurdo do legislador, tiveram que revigorar a Súmula 608 porque seria
incabível! Regra do crime complexo... O que o legislador deveria dizer? Se a vítima é menor de
18 anos houve estupro em qualquer das suas formas e resultou morte, Ação Penal Pública
incondicionada, até por coerência lógica do sistema. Ele simplesmente esqueceu!
Qual seria então a regra no caso-morte, sem inventar peripécias como inventou a
jurisprudência? Ação Penal Pública Condicionada à Representação. Aí teria que indagar:
quem pode ofertar a Representação?! Pra quê eu Represento? Para que o MP possa trabalhar.
Sem Representação ele não pode. Portanto ele mesmo não pode Representar, não teria sentido
(seria Incondicionada).
O legislador esqueceu-se da probabilidade: mais uma vez demonstrou desleixo, falta de
aptidão e de caráter! E a jurisprudência teve que corrigir e, ao meu ver, equivocadamente. A
regra deveria ser que só a família pode ofertar Representação, pela ordem: cônjuge, ascendente,
descendente...
O que antes estava revogada, a Súmula 608, não faria sentido... Levaram em
consideração o art. 101 do Código Penal. “Nos crimes complexos a Ação Penal é sempre
Pública Incondicionada”. Não é o caso aqui! O legislador tratou especificamente! Ele disse:
regra geral, Ação Penal Pública Condicionada à Representação... Regra específica: quando a
vítima é menor de 18 anos ou vulnerável. Se a vítima não é vulnerável nem menor de 18 anos,
regra APPCR. Mas o que vigora na jurisprudência? Nesses casos a Ação Penal é Pública
Incondicionada, em virtude da Súmula 608 do STF, que levou em consideração aquilo que está
esculpido no artigo 101 do CP.
Portanto quando há resultado-morte a regra é Ação Penal Pública Incondicional.
Quando a vítima morre a família normalmente vai entrar com Representação?! E já
escutei isso de familiar... O que a família passa a ponderar? “Se ele matou a vítima do estupro,
certamente pode vir na nossa casa e nos matar também, deixemos do jeito que tá”.
Foi boa decisão da jurisprudência? Sim. Mas está de acordo com o Direito? Não está.
Não podemos consertar equívoco do legislador.
O art. 226 do CP que também foi derrogado (modificado), trata de circunstâncias de
agravamento da pena. Em 1/4 quando há concurso de agentes (maior facilidade dos agentes
para a prática criminosa e menor a chance da vítima de se defender)... E aumento da metade se
o autor tem com relação à vítima ascendência, descendência, companheirismo, tutoria, uma
série de circunstâncias, incluídas nela companheiro e marido.
O legislador quando colocou como causa de aumento de pena o fato de ser companheiro
ou marido, o que ele está dizendo? Até pouco tempo havia dúvida, 50-50, sobre o fato do
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marido poder ou não estuprar a mulher! A maioria da doutrina e 50% da jurisprudência dizia
que o casamento cria obrigações para a mulher e dessa forma ela estaria obrigada a praticar
sexo com o marido, podendo ele recorrer à força para tê-lo. Agora o que o legislador fez?! Ele
inseriu como causa de aumento de pena de metade se o crime é praticado por marido ou
companheiro!
O que o legislador fez de forma autêntica? E aqui, um acerto. Quando inseriu esse
aumento de pena está dizendo que a mulher não é obrigada a servir sexualmente o homem.
Não há dúvida: a mulher pode sim ser estuprada pelo marido. Se nunca foi feito sexo,
anula-se o casamento; se já foi feito sexo, pode separar-se ou divorciar-se. Questão meramente
de caráter civil.
Já tive um procedimento na promotoria que o sujeito era impotente só com aquela
mulher. Mas quando saía para as “nights”... (Era funcionário do Judiciário inclusive)... Aí ele
conseguia pegar as meninas! Inclusive colegas de profissão, etc. e tal. Mas com aquela mulher
ele não conseguia, porque foi um trauma que pegou na 1ª tentativa, e isso foi provado por laudo
psiquiátrico. O que isso dá ensejo? Anulação do casamento. Viram como tem mulher broxante?
Um detalhe aqui. O estupro pode ser praticado contra homem e contra a mulher hein...
Se praticado contra a mulher dá ensejo a todas as medidas da Lei Maria da Penha, 11.340/06.
Por exemplo: medidas protetivas, mudança de identidade, perda de guarda, pagamento de
pensão, perda do Direito de Visitas, etc. e tal.
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parte dos seus lucros em troca de serviços de publicidade, proteção física, ou para fornecer um
local onde elas possam “atender” seus clientes.
A relação cafetão x prostituta pode ser abusiva, sendo baseada em técnicas de
intimidação psicológica, manipulação, força física e agressão sexual para controlar as
prostitutas (ou garotos de programa).
Este crime está tipificado no artigo 227 ao 230 do Código Penal Brasileiro.
Art. 227 CP: "Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena Reclusão, de um
a três anos."
A mediação é o ato que pode vir a fomentar o desejo de alguém se prostituir. No art.
218 o núcleo é induzir. A vítima é um menor de 14 anos, enquanto “outrem” é pessoa incerta e
indeterminada. Então, nos dois artigos referidos, não há o requisito prostituição, em que pese
ser uma figura de lenocínio.
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Sem induzimento, não há crime. Por que não? Pois aí estaremos dentro da esfera da
liberdade sexual da pessoa. Isso na mediação. O induzimento é o núcleo; sem induzimento,
caímos no puro exercício da liberdade sexual.
Figuras Qualificadas:
a) Se a vítima for menor de 18 anos e maior de 14 anos; O legislador incluiu aqui no art.
218 uma figura equiparada ao lenocínio, pois se assemelha ao art. 227.
Art. 218 CP “Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de
outrem”.
Este era o antigo crime de corrupção de menores. Era o antigo art. 218, bem como trazia
a Lei 2252/54.
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Induzi-lo a presenciar ato de libidinagem. O que é? Qualquer ato sexual. Pode ser
conjunção carnal, ou qualquer outro ato libidinoso. É uma figura parecida com a antiga
corrupção de menores. O que mudou? É que além do presenciar/induzir a presenciar, hoje o
crime não mais se chama corrupção de menores, e não temos mais o art. 218, que foi revogado
pela Lei 12015. A Lei 2252 previa outra figura de corrupção de menores, que era para a prática
de atos infracionais, ou seja, para infrações penais, norma que também foi revogada.
Essas duas figuras foram parar no Estatuto da Criança e do Adolescente. Aqui no
Código Penal o crime se chama de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou
adolescente.
Mas o sujeito passivo é quem mesmo? Quem é a vítima? Não é criança ou adolescente
como o ECA. É menor de 14. Então cuidado com isso. São todas as crianças, mas não todos os
adolescentes; são somente os que tenham 12 ou 13 anos. Muito cuidado.
Grifem ato de libidinagem em suas anotações. Não é conjunção carnal ou somente
outros atos libidinosos. Não exige contato físico, pois a norma fala em presenciar. Ato de
libidinagem não inclui filmes, mas presenciar o ato sexual. Até aqui temos crimes sexuais
contra vulneráveis, e precisavam de contato físico (até o art. 218). O art. 218-A dispensa o
contato físico com a vítima.
7. Favorecimento da prostituição
Art. 228 CP: "Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena - reclusão, de
2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. [...]"
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Tipo Subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de induzir, atrair, facilitar,
impedir ou dificultar, com o fim de satisfazer a luxúria ou o prazer sexual de terceiro;
Tentativa: Há quem considere que a tentativa é admissível e quem não sustente que
não cabe tentativa nas formas induzir e atrair, pois o crime depende da efetiva ocorrência da
prostituição. A tentativa é possível por se tratar de crime plurissubsistente (costuma se realizar
por meio de vários atos), permitindo o fracionamento do iter criminis.
Figuras Qualificadas:
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Compare os dois artigos agora. Vejam que aqui temos uma espécie maior de
vulneráveis, de sujeitos passivos. No art. 228 não se trata apenas dos vulneráveis. No 218-B
trata-se por vulnerável aquele que tem menos de 18 anos. Sempre fique atento na redação dos
tipos penais para não se enrolar. Cuidado hein! Até então os vulneráveis eram os menores de
14, deficientes mentais, os que não tinham discernimento e não poderiam oferecer resistência.
Agora é tudo isso, com a exceção de que não é mais o menor de 14 anos, mas sim o menor de
18 anos.
Regra geral: art. 228. Regra especial: art. 218-B.
Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa. Se efetivamente se favorece da prostituição alheia e se sustenta disso, há concurso
material com rufianismo.
Como comprovar que o sujeito se sustenta de rufianismo? Vendo como ele paga as
contas, se ele trabalha, onde ele passa o tempo. Se o marido deixa a mulher se prostituir e não
objeta, ele pode ou não ser rufião. Se o que entra em casa é para o sustento dele, ele é rufião.
Se houver concurso de pessoas, aplica-se também o art. 69, o que será levado em conta
na dosimetria.
8. Casa de prostituição
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I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as
práticas referidas no caput deste artigo.”
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, lembrando, porem que não pratica o crime a prostituta
que mantém lugar para explorar, ela própria e sozinha, seu comércio carnal.
Sujeito Passivo: A pessoa explorada sexualmente e, mais remotamente, a coletividade.
Tipo Objetivo: O verbo manter (sustentar, prover, conservar). Manter, por conta
própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja ou não intuito de
lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente.
É indiferente que o proprietário do local ali compareça, já que o tipo não pune a conduta
daquele que participa da exploração sexual, no local a ela destinada ou em qualquer outro.
Isso é uma grande Novidade. Por quê? Quem é que vai ser punido aqui? A prostituição
não está sendo favorecida, mas o ato sexual com menor de 18 anos está sendo praticado.
Veja que aqui temos dois detalhes importantes: a pessoa não favorece a prostituição
porque tem que ser um ato habitual. Aqui, o legislador quis incluir a conduta do cliente. Não
havia crime antes, só estupro, na pior das hipóteses. Quem contrata o serviço de prostituição,
pagando ou não, responde pelo crime na forma equiparada do § 2º. Quem pratica ato sexual
também pratica o crime de favorecimento, como figura equiparada.
Até hoje não tínhamos, no Direito Brasileiro, a figura do cliente da prostituição. Havia
somente a possibilidade de ele responder por estupro ou atentado violento ao pudor, desde que
comprovadas as elementares
Aqui, o vulnerável foi colocado não como o menor de 14 anos, mas o que tem entre 14
e 18. O Código Penal, como falamos antes, tinha essas duas categorias: o menor de 14, que,
caso praticasse ato sexual com alguém, o legislador presumia a ocorrência de violência contra
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ele (a), e o "menor", que é o maior de 14 e menor de 18, que também é vulnerável, mas que
tinha algum discernimento. Cuidado, então.
*Menor é o maior de 14 e menor de 18.
Nos crimes envolvendo prostituição, tem que haver dolo do cliente. Mas as presunções
do legislador permitem também entender que houve dolo eventual. Professora entende que o
legislador acabou com essa discussão, pois agora a presunção é absoluta. Será matéria de
defesa, pois a princípio o crime está tipificado.
Quanto às outras formas de vulnerabilidade, não se precisa ter uma demência tão
profunda e imperceptível. Tem que ser algo que o homem médio observaria.
Art. 218-B, § 2º, inciso II CP: “Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra
forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
O inciso I é a figura do cliente. Temos que ter uma cautela quanto a quem é considerado
“menor”, que é o menor de 18 e maior de 14 anos. Os responsáveis pelo estabelecimento
também responderão. Neste momento, importará a boa-fé: se tenho um apartamento, não moro
na cidade e alugo para uma pessoa, e depois de meses descubro que o imóvel está sendo usado
como casa de prostituição e promoção de encontros de natureza sexual, não responderei (talvez
eu tenha uma dor de cabeça na delegacia, ao explicar a situação). Importa saber quem gerencia
a casa. E se ele mantém a casa e não estamos falando de uma pessoa que tenha menos de 18
anos? Qual o crime? Casa de prostituição. Vale para quem tem a posse do espaço físico. Se
houver vulneráveis, art. 218, se não tiver, art. 229.
9. Rufianismo
Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, logo, trata-se de crime comum.
Sujeito Passivo: A pessoa que exerce a prostituição e, secundariamente, a coletividade.
O crime pode ser praticado na forma de omissão imprópria, quando a agente é garantidor do
sujeito passivo.
A ação penal nesta espécie de delito será sempre de natureza pública incondicionada.
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§ 2º, Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada
pela Lei nº 12.015, de 2009).
O rufião vem a utilizar de violência ou grave ameaça, a fim de ter participação dos
lucros da prostituta. É o caso mais comum na prática, quando o autor impõe “medo” à vítima a
fim de receber parte da quantia adquirida, e também oferece em troca proteção à prostituta.
Temos, nos § 3º tanto do art. 227 quanto do 228, a previsão de pena de multa para os
crimes de lenocínio e outras formas de exploração sexual. Com exceção do crime de
rufianismo, que não existe contra vulnerável, todas as outras figuras podem ter um acréscimo
de multa em razão do fim econômico querido pelo agente. Temos que lembrar que prostituição
para os efeitos penais não tem fim lucrativo. Para quem explora, pode ou não haver intuito de
lucro. Quem se sustenta da prostituição alheia também pratica o crime de rufianismo. Daí
temos a possibilidade de crime de rufianismo.
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§ 2o A pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I- a vítima é menor de 18 (dezoito) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu,
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
O tráfico de pessoas é uma prática criminosa mundial e sem fronteiras. É uma espécie
de máfia altamente rentável, movimentando bilhões de dólares por ano em todo o mundo,
chegando a atingir milhões de pessoas, forçadas a trabalhos escravos e sexuais.
Bem Jurídico Tutelado: é a liberdade (dignidade) sexual, sendo punido o tráfico para
exploração sexual de criança, adolescente, adulto e idoso.
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Tipo Subjetivo: O dolo, com a finalidade especial por parte do sujeito ativo de
promover a prostituição da pessoa que fez ingressar ou sair do país. Nas formas equiparadas,
transportar, transferir e alojar a vítima traficada deve o agente ter conhecimento de sua
condição. Se o crime for cometido também com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também a multa (§3º);
Qual é a teoria da ubiqüidade? Aplica-se a lei brasileira independente de onde ele
estiver, desde que dentro do território brasileiro. Aqui dentro só será discutida a competência
para julgar o crime. Temos alguns preceitos de Direito Processual Penal, como a prevenção do
juízo, que deverão ser levados em conta. O complicador só existe quando há
extraterritorialidade. Quem efetivamente investigará é a Polícia Federal e pedirá auxilio à
Interpol.
Aquele que aloja: suponhamos que uma pessoa que praticou tráfico de pessoas liga para
um amigo dizendo que não conseguiu cama para as amigas, na verdade, prostitutas. Não há o
condicionamento a lucro ou a resultado. O terceiro de boa-fé não responderá.
Não existe o crime de tráfico de pessoas a título de culpa. O dolo eventual pode ficar
evidente em alguns casos.
Diga que o crime ocorreu entre Brasil e Itália. Mas imagine que ele passe pelo espaço
aéreo de Marrocos. Pode o espaço aéreo marroquino ser considerado lugar do crime? Não, pois
não é ali o destino do crime, e não foi onde começou, e também por causa do direito de
passagem inocente. Considera-se espaço do crime o local onde se produziu a ação ou
resultado.
Todavia nada disso importa para a caracterização do crime: saiu do território brasileiro?
Já consumou. Saiu do território de um Estado estrangeiro? Consumou. A passagem inocente é
um tratado em que uma aeronave, que esteja em espaço aéreo de um outro Estado, se ali não
era a intenção de se realizar o resultado do crime, este não será punível à luz do ordenamento
daquele lugar.
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Hoje em dia o crime existe em quase todos os países e por força da Convenção de
Palermo e seus protocolos adicionais são, antes de tudo, vários tratados que visam o combate
ao crime organizado transacional. Existe uma grande necessidade de que se conjugue o referido
instrumento aos vários tratados de direitos humanos, isso porque a Convenção surgiu vinculada
a um tratado que trata da repressão ao crime organizado internacional.
O Protocolo de Palermo, em seu art. 3º, define tráfico de pessoas como sendo:
Art. 3º [...] o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o
acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de
coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de
vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o
consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de
exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de
outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados,
escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos.
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A referida alteração no dispositivo legal veio com o intuito de atender a nova idéia que
surgia, de que não somente mulheres podem ser acometidas como vítimas desse crime. O
dispositivo anterior tratava como vítima somente mulheres, pois não se imaginava que homens
poderiam exercer a prostituição. Entretanto, com a evolução do crime, também se tornou
necessário proteger o sexo masculino como sendo vítimas desse crime, pois a falta de proteção
viria a ofender os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade.
Os traficantes, agentes do crime de tráfico, cometem crimes graves ao traficar,
especialmente no local de trabalho ou no local onde a vítima é mantida sob trabalhos forçados,
servidão ou tratamento de modo escravo. Dentre os crimes cometidos, cita-se: agressão,
espancamento, estupro, tortura, abdução, venda de seres humanos, cárcere privado, homicídio,
negligência dos direitos trabalhistas, fraude, entre outros.
§ 1o. Incorre na mesma pena aquele que agenciar aliciar, vender ou comprar a
pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la,
transferi-la ou alojá-la.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa seja como promotor do tráfico de pessoas seja como
consumidor;
Sujeito Passivo: A pessoa que exerce a prostituição ou que é sexualmente explorada e,
secundariamente, a coletividade;
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Qualifica o crime a menor idade da vítima ou uma das relações entre ela e o
agente, referidas no preceito.
Alcança os professores, educadores, diretores de estabelecimentos de ensino, de
saúde, internatos, externatos, casas de internação de menores, enfim, pessoas que estejam
exercendo um poder de autoridade, decorrente das relações de tratamento e guarda.
Estando o agente nas condições referidas na norma, merecerá maior reprovação pela
violação decorrente do dever, legal ou jurídico, de proteger a vítima.
A segunda forma qualificada cuida dos meios empregados pelo agente para realizar a
conduta típica. Se usar violência, grave ameaça ou fraude, a pena será de reclusão de
quatro a dez anos.
Por violência física devem-se entender as lesões corporais, leves, graves ou
gravíssimas e também as v ias d e fato. Grave ameaça é a promessa da causação de
um mal importante.
Causas de aumento:
§ 2º: “A pena é aumentada da metade se:
I – a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II – a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato;
III – se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu,
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV – há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.”
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Fraude é o engodo, o engano, o meio que o agente emprega para manter a vítima
em erro ou levá-la a apreciar mal a realidade. Além da pena mais severa, o agente
responderá, em concurso material, pelo crime contra a pessoa decorrente do emprego
da violência – lesão corporal ou morte , a não ser quando tais resultados tenham derivado
de culpa, caso em que incidirá o art. 223, aplicável também ao delito do art. 231-A, por força
do que dispõe o art. 232.
Assim, se o agente, ao realizar a conduta típica com violência, causa-lhe lesões
corporais graves ou morte, por negligência, imprudência o u imperícia, sua pena será
reclusão de oito a doze ou de doze a vinte e cinco anos, respectivamente
Conclui-se que tanto o crime de tráfico internacional de pessoa quanto o tráfico interno
deve merecer atenção das autoridades públicas bem assim de toda a sociedade brasileira.
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.
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Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Ato obsceno: é o ato revestido de sexualidade e que fere o sentimento médio de pudor –
ex.: exposição de órgãos sexuais, dos seios, das nádegas, prática de ato libidinoso em local
público, micção voltada para a via pública com exposição do pênis, “trottoir” feito por travestis
nus ou seminus nas ruas etc.
Palavras e gestos obscenos: não caracteriza este crime, mas pode configurar “crime
contra a honra” ou a contravenção penal de “importunação ofensiva ao pudor”
Ato Obsceno é crime formal e de perigo. Por que crime formal? O legislador descreve a
conduta, descreve o resultado, mas não exige sua produção.
Tipo Objetivo: Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
Ato obsceno constitui uma conduta positiva do agente, com conteúdo sexual, atentatória ao
pudor público, suscitando repugnância.
É necessário que o ato seja visualizado para que eu possa falar em Ato Obsceno? Não!
Basta a probabilidade de afetar Lógico: dogmaticamente, claro. Na prática, se ninguém ver,
nada acontece (exemplo da Praça XV).
Mas para se falar dogmaticamente no crime é necessário que alguém veja? Não, basta a
probabilidade de ver.
Local ermo: posso falar na probabilidade de visão? Para a jurisprudência não. Ou seja,
tem que ser num local público que dê margem à visualização. Basta ser provável que alguém
passando ali pudesse ver.
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Ex. Sujeito assaltado, andando nu, está com dolo de ferir o pudor coletivo? Evidente
que não.
Tem que ter o potencial de ofender a moralidade média. Não precisa ser visualizado.
Do ponto de vista dogmático seria possível (mas improvável na prática) quando o sujeito fosse
impedido de realizar o ato. Quando seria possível então? Só quando ele falasse. “Vou mostrar
meu pirulito pra vocês” e começa a descer a calça e alguém o impede.
Na prática ninguém iria à polícia, pois foi evitado.
O fato do cara andar nu na rua obrigatoriamente caracteriza Ato Obsceno?!
Urinar na via pública é sempre Ato Obsceno também? Vai depender da circunstância.
Urinar é satisfazer a necessidade fisiológica, mas existem formas: pode urinar escondido ou
exibindo o órgão sexual.
Se fosse filmado, com as imagens mostrando que você tentava ocultar, Erro de Tipo.
Agora, tem gente que faz pra câmera. Vê a câmera do prédio, fica urinando, exibindo e dando
tchau. Há dúvida de que ele quer afetar a moralidade pública? Nenhuma.
Então a micção em público nem sempre é considerada ato de chocar a moralidade
pública. Também a mesma coisa de andar nu, vide o exemplo do sujeito que bateu a cabeça no
acidente de trânsito, rasgou a roupa e saiu correndo nu, mentalmente perturbado em virtude do
acidente.
Ou, por exemplo, durante o assalto. Uma pessoa andando na baixada por volta das 3h, o
traveco vem com a faca nas costas e manda “Tira a roupa”. Ele sai correndo com suas coisas e
logo chega a polícia. Posso falar em Ato Obsceno? Não. Qual a justificativa jurídica para o
Ato? Motivo de Força Maior. O que esse motivo de Força Maior exclui?! Força Maior exclui
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Tipo Objetivo: Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de
comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou
qualquer objeto obsceno.
Objeto Material:
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a) Desenho obsceno;
b) Escrito obsceno;
c) Pintura obscena;
d) Estampa obscena;
e) Qualquer objeto obsceno
Dano Efetivo: É dispensável que o escrito, desenho etc. realmente ofendam o pudor
público. Basta a possibilidade de dano.
Da mesma maneira, responderá aquele que vende, distribui ou expõe à venda ou ao
público qualquer dos objetos referidos acima. Ainda, quem realiza, em lugar público ou
acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou
qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter. Por fim, é punível aquele realiza, em
lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno;
Tipo Objetivo : do crime de escrito ou objeto obsceno, ele prevê vários verbos núcleos
da conduta incriminada:
a) fazer (fabricar/produzir);
b) importar (fazer entrar, introduzir, no país);
c) exportar (fazer sair para fora do país);
d) adquirir (obter a qualquer título);
e) ter sob sua guarda (guardar, possuir).
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E para a conduta ser passível de culpabilidade é preciso que seja destinado ao:
a) comércio,
b) distribuição
c) exposição pública; isto é, deve ter a finalidade especial, não caracterizando o crime
quando destinado ao uso próprio.
Aumento De Pena: Nos crimes previstos neste Título, a pena é aumentada de metade,
se do crime resultar gravidez; e de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. A transmissão de doença
sexualmente transmissível também gera aumento de pena;
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14. Bigamia
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada,
conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três
anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que
não a bigamia, considera-se inexistente o crime
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Art. 244 CP “Abandono material – Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência
do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de
ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente
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Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
Parágrafo único – Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de
qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.”
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Figuras Equiparadas :
Art. 244 § Único CP : “É considerado abandono material quando o agente,
sendo solvente ilude a vítima para não pagar a pensão alimentícia.”
Aqui o filho menor de 18 anos fica em perigo moral ou material. O que é perigo moral?
Deixar, por exemplo, viver em casa de prostituição ou com traficantes. Viver em casas de jogos
mal afamadas também. Enfim, tudo que possa levar à corrupção da criança ou adolescente.
E o abandono material? Muito cuidado agora. O artigo anterior tem nome jurídico
“abandono material”, e a redação deste é “...saber que o menor fica moral
ou materialmente em perigo: [...]” então temos aqui, também, um abandono material. A
diferença é que, no art. 244, o abandono é no sentido de deixar de prover os recursos para a
subsistência. Enquanto aqui, fala-se em perigo para a integridade da criança.
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Outro detalhe sobre o art. 245 é que a vítima deste crime, nas três hipóteses, é o filho
menor de 18 anos. Frisamos isso porque veremos, na aula que vem, a previsão semelhante no
Estatuto da Criança e do Adolescente. Lá há medidas parecidas, no tocante ao envio para o
exterior ou abandono. Mas não se fala, lá, apenas em filho, mas em criança ou adolescente em
geral.
São perigos morais também, mas neste artigo eles estão definidos e enumerados.
Temos, portanto, uma relação de especialidade deste artigo em relação ao 245.
Abandono Moral
Art. 247 CP: “Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou
confiado à sua guarda ou vigilância:
I – frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má
vida;
Núcleos Do Tipo: é permitir, que pode ser por ação ou omissão (crime
omissivo próprio), no sentido de consentir e deixar que o menor de 1 8 anos realize
qualquer d as condutas dos incisos I a IV do artigo.
Art. 246 CP : “Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em
idade escolar: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.”
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Sujeito Ativo: os pais do filho em idade escolar. Como o Direito Penal não
admite a analogia in malam partem para normas penais incriminadoras, os tutores ou
outros responsáveis legais pela guarda do menor não podem figurar como sujeito ativo
deste crime.
Sujeito Passivo: é o filho menor em idade escolar, necessitado de instrução primária.
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17. Epidemia
Elemento objetivo: Causar epidemia: “produzir, originar, provocar doença que surge
rapidamente em determinado lugar e acomete simultaneamente grande número de pessoas.”
Propagar deve ser entendido como espalhar, difundir. A lei não se preocupa com o
modo de propagação (inoculação, contaminação, disseminação), desde que seja idôneo de
contaminar inúmeras pessoas.
A propagação pode ocorrer por contato direto ou indireto (através de pessoas ou coisas
portadoras de micróbios), sendo que as vias de penetração pode ocorrer através da pele,
mucosas, sangue ou do sistema nervoso..
Elemento Subjetivo: É o dolo, ou seja, a vontade de causar epidemia, mediante a
propagação de germes patogênicos.
Na segunda parte do parágrafo cuida da figura qualificada pelo resultado, onde há culpa
na conduta antecedente e culpa no tocante ao resultado qualificador.
Resultado Qualificador: De acordo com o parágrafo 1º do art. 267 do CP, se o fato
resulta morte, a pena é aplicada em dobro o resultado morte é imputado ao agente a título de
culpa, na maioria das hipóteses, culpa consciente.
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Art. 70, caput, parte final, CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicar-se-lhe-a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um
sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art.
69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime continuado);
e) A epidemia agravada pela morte é crime hediondo (art. 1º, VII, Lei 8.072/90);
f) A epidemia agravada pela morte admite a prisão temporária (art. 1º, III, i, da Lei
7.960/89);
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Figura Típica Qualificadora: De acordo com parágrafo único do art. 268 do CP a pena
é aumentada de um terço se o agente é funcionário da saúde pública, ou exerce a profissão de
médico, dentista, farmacêutico ou enfermeiro. Para aplicação de aumento de pena é necessário
que o agente descumpra especial dever que lhe caiba em razão do cargo ou profissão exercida.
Sujeito Ativo : o crime é próprio, uma vez que só pode ser praticado por médico
Sujeito Passivo : é a sociedade que fica exposta ao risco de contaminação.
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Classificação: crime próprio (só pode ser sujeito ativo o médico), de mera conduta
(basta que o médico deixe de fazer a devida notificação); Omissivo; de perigo comum abstrato
(presumido pela lei).
Art. 282 CP- Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica - Exercer,
ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem
autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de seis meses a dois
anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Tal crime consiste em exercer a profissão de médico, dentista ou farmacêutico sem que
na verdade o seja, ou então mesmo que o seja, mas de forma abusiva, conforme o caput do
artigo.
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Neste viés, ainda que o atendimento prestado pelo falso médico, dentista ou
farmacêutico surta efeitos positivos, que a pessoa recupere a sua saúde, mesmo assim o crime
se consumou.
Tentativa: não se admite o conatus, pois é um crime habitual.
21. Charlatanismo
Objeto Material: É o anúncio da cura por meio secreto ou infalível. Cura secreta é o
tratamento de doença de maneira oculta, mediante a utilização de procedimentos ignorados
pelas ciências médicas. Cura infalível, por sua vez, é o tratamento plenamente eficaz, apto a
restabelecer, inevitavelmente, a saúde do paciente.
Sujeito Ativo : O crime é comum ou geral, podendo ser cometido por qualquer pessoa,
inclusive pelos profissionais da área da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentistas,
farmacêuticos etc.).
Sujeito Passivo : É a coletividade (crime vago).
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Núcleos Do Tipo: O tipo penal contém dois núcleos: “inculcar” e “anunciar”. Trata-se
de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, pois o tipo penal
contém dois núcleos, e a prática de ambos, no tocante ao mesmo objeto material e no mesmo
contexto fático, configura um único delito.
Charlatanismo e estelionato
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“A expressão vem do latim ciarlare, que significa falar muito, tagarelar, parlar etc. É
o crime do 12 ‘conversa-fiada’, do que, com lábia, ilude os incautos, fazendo-os crer
em curas maravilhosas, em processos infalíveis etc.”.
22. Curandeismo
Sujeito Ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito Passivo: é a coletividade (crime vago).
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Crime Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, que não possua conhecimentos
médicos;
Crime De Forma Vinculada; após definir de forma genérica a conduta (exercer
o curandeirismo), especifica, nos incisos , particularisadamente conhecimentos médicos.
Formas Qualificadas Pelo Resultado: Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos
crimes previstos neste Capítulo ,salvo quanto ao definido no art. 267 (epidemia).
Tipos Qualificados: pelos resultados morte e lesão corporal de natureza grave, O art.
258, a que faz remissão o art. 285, aplica-se aos delitos definidos nos arts. 268 a 284. Exceção
Do Crime De Epidemia (Art. 267) .
não tenha sua superstição: sexta-feira 13, gato preto em noite de lua cheia, passar por baixa de
escada, descer da cama ao acordar e pisar com o pé direito, e assim por diante.
Seguindo essa linha apresentam técnicas corriqueiras dos curandeiros:
Para a facilitação do parto, deve a mulher calçar os sapatos do marido e pôr seu
chapéu.
Picada de cobra é curada com água benta pelo curandeiro com um ramo de
alecrim.
Tosse rebelde (coqueluche) com chá de fezes secas de cachorro.
A febre é extinta abrindo-se ao meio uma pomba e calçando-a no pé da criança.
O sangue é estancado com a aplicação de teia de aranha. E assim outras práticas.
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apenas como meio de execução para a prática do crime de violação sexual mediante
fraude.
Art. 215 do CP - Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima.
Neste caso, o crime de curandeirismo foi utilizado como meio de execução para a
prática do crime de estupro de vulnerável, ficando o primeiro crime absorvido pelo
segundo.
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Inc. VI, da Lei Suprema assegura a liberdade de consciência e de crença, bem como o
livre exercício dos cultos religiosos: “é inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma
da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
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Meios De Execução: Qualquer meio, palavras, gestos, escritos etc. Pouco importa se
o agente incita publicamente à prática de crime determinado indivíduo, desde que, pelo
contexto no qual a conduta é realizada, possa ser percebida por indeterminado número
de pessoas.
A incitação genérica não é crime.
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trabalhava na editora deu notícia, o Poder Judiciário interviu, determinou a busca-e apreensão e
os panfletos foram apreendidos na casa do sujeito: tentativa de incitação ao crime. Tinha o
conteúdo, tinha o propósito, os panfletos seriam divulgados publicamente. Só não foram por
circunstância alheia à vontade do agente! É difícil pensar em qualquer outra hipótese de
tentativa, hein.
A gráfica normalmente não vai ler nem interpretar o que é dito, por ser um processo
grande e espaçado que muitas vezes nem é possível tomar ciência do conteúdo.
Incitar publicamente a prática de crime... O legislador está punindo meros atos
preparatórios de crimes posteriores autonomamente. Por que o legislador põe nos crimes contra
a paz pública de forma autônoma aquilo que seria meros atores preparatórios, portanto
impuníveis, de fatos posteriores?
Aqui o legislador demonstrou uma certa impaciência. O que ele quer?
O que pretendia o legislador ao instituir esses três crimes: incitação ao crime; apologia
ao crime ou criminoso; formação de quadrilha ou bando? Garantir o sentimento de segurança
da coletividade. Ao instituir as infrações penais o que o legislador visava? Que a sociedade
vivesse tranqüila, pois a prática de incitação ao crime, de apologia ao crime, de formação de
quadrilha ou bando, afetarão esse sentimento de segurança nacional e propiciarão a prática de
crimes posteriores. Portanto em razão só de praticar atos preparatórios o legislador pune
autonomamente.
Vamos supor que o sujeito, em virtude dessa incitação, viesse a praticar um crime
mesmo... Quem incitou responde por qual crime?!
Eu incitei o uma pessoa a estuprar a outra... Incentivei... Ele vai e faz. Que crime eu
pratiquei ?! O F... praticou, em tese, estupro? Que crime eu pratiquei? Só incitação ao crime?!
Participei de estupro também! Incitação ao crime e participação em crime de estupro, com
pena somada! Por quê? Aqui o legislador pune os atos preparatórios independentemente de
qualquer acontecimento. Se o fato acontecer eu respondo por participação, desde que haja
domínio do fato. Nesse caso há domínio do fato?
O que levou o F... a praticar estupro? O meu induzimento. Então respondo por incitação
ao crime e também pelo crime posterior.
Se o crime posterior não tivesse ocorrido? Se eu incentivar o F...... Vou lá à sala do
promotor, tranco a porta e falo: “Você tem que pegar a fulana a força”. Posso falar em
incitação ao crime? Não! Só posso falar em incitação ao crime quando o fizer publicamente,
perante certo número de pessoas – o sentimento deve estar dirigido a pessoas indistintamente.
Embora tenha voltado minha ação ao F... tenho que fazê-lo de forma pública: local público,
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Música, livro ou filme: posso falar em incitação ao crime?! Isto já chegou ao Supremo.
É absurdo falar que a música por si só faz incitação ao crime ou faz apologia ao crime ou
criminoso. Quando você faz uma música, ou um livro, o que se pretende?
Temos que dizer o seguinte então. O livro do Chateaubriand na França, que levou
pessoas à morte, poderia ele responder por crime de participação em suicídio? Evidente que
não! Quando se faz música, livro, filme, busca-se difundir a cultura. Aí evidentemente não há
dolo. Falar de fumar maconha... Isso obrigatoriamente quer dizer que as pessoas estarão
estimuladas a fumar maconha?
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sujeito não sabia se enrolava ou mascava? Poderia estar falando de um sem-número de coisas.
Aí seria censura.
O Direito Penal é a primeira razão ou a última razão? É o primeiro mecanismo ou o
segundo mecanismo? É a ultima ratio. O legislador não pensa numa probabilidade genérica,
mas específica.
Aqui basta a probabilidade de o sujeito ser incentivado à conduta. Mas se eu estimular a
praticar a contravenção penal? Estimulo as pessoas a darem tapa umas na cara das outras...
Posso falar em incitação ao crime? Legislador fala em incitação ao CRIME. Não é a mesma
coisa que o delito.
E se eu incentivar as pessoas a praticar atos imorais? Incentivo as pessoas a torcer pelo
São Paulo (ato de pederastia, ato imoral). Isto seria incitação ao crime?! Não. Por que não?
Tenho que incentivar a prática de Crime. Incentivo a atos de pederastia (são-paulinagem),
posso falar em incitação ao crime?! Cuidado aqui, hein!
Não falei em atos sexuais, mas pederastia. A pederastia poderia ser coito anal entre dois
homens. Não é crime? Depende! E se a vítima for menor de 14 anos? Enferma ou doente
mental? Ou naquelas circunstâncias não tem como resistir ao ato? Aí poderia estar incitando
estupro de vulnerável. Então nem sempre a priori, ao falar de uma prática em si, poderei falar
se é criminosa ou não. É preciso que o ato seja especificado! Não pode ser genérico.
Incentivar abortamento? Não serve. Tem que incentivar mulheres grávidas que possam
praticar de forma direta o abortamento. “Se estivesse grávida como vocês nessa circunstâncias
praticaria – vocês devem praticar o abortamento”! Não pode ser genérico: tem que ser
específico! Além da incitação ao crime haveria participação no aborto (desde que se estabeleça
o nexo causal).
E a invasão de terra pelo MST? É incitação ao crime?! Não? Por que não?!
O que eu tenho que observar, gente? Que tipo de terra o MST incentivava a invadir?
Terras devolutas, ou seja, terras que eram estatais, que não podiam ser objeto da usucapião,
estavam ilegalmente na mão de terceiros. Quem estava na terra é quem cometia ilegalidade e
dessa forma não posso falar em incitação ao crime.
Agora mudemos o exemplo. Terras produtivas que alguém incentive terceiros a
ingressar e colocar fogo, como aconteceu em Ribeirão... Aí eu falo em crime, incitação de
crime. Por quê? A terra tinha posse legítima de alguém; eu incentivei outro a ingressar na terra
e, mais, a causar incêndio. Portanto aí sim, desde que publicamente, e incitei a prática
criminosa.
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Por que não aplico o art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime nesses casos?!
Conflito aparente de normas: regra especial prevalece sobre a geral (há outras situações de
incitação ao crime como crime autônomo, regra específica).
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Normalmente a regra especial é mais grave, mas isso não importa. Se eu chamo um
particular de macaco, ou se chamo um PM, no exercício de suas funções (em razão de uma
multa), de macaco, tem diferença? Sim, numa circunstância eu tenho injúria qualificada pelo
preconceito social; na outra eu tenho desacato.
Qual o crime mais grave?! A injúria qualificada pelo preconceito é mais grave. Qual o
fato específico? O desacato. Ele prevalece mesmo sendo uma norma mais branda.
Portanto a regra especial sempre prevalece sobre a geral. Deveria ser mais grave
chamar o PM de macaco do que o particular. O legislador ao reformar as Leis não pensa de
forma sistemática. Esqueceu que havia outros tipos de ofensa que não aquelas da injúria.
Se eu incentivei o F... em público a estuprar a Laís e ele o fez, vou responder pela
incitação independentemente da prática de crime posterior, mas se tiver nexo causal, relevância
da minha conduta com a prática do crime posterior, vou responder em concurso material pelas
duas infrações penais: pela incitação ao crime e também como partícipe do crime posterior.
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constitui o delito porque é inconcebível que a paz pública, objeto jurídico, seja
ameaçada pela exaltação de crime decorrente de culpa.
É que não se pode admitir que alguém seja incitado (indiretamente) à prática de
fatos criminosos decorrentes da inobservância do cuidado objetivo necessário. Tal
apologia, se feita, resultaria inócua e não ofenderia o bem jurídico.
O fato criminoso deve ser determinado e ter realmente ocorrido anteriormente à
apologia criminosa. Não se exige fato definitivamente julgado, essa exigência não está no tipo.
Ao fazer propaganda indireta de fato criminosa ou seu autor eu preciso falar de um fato
no passado, incitando com isso indiretamente pessoas influenciáveis ou criminosas latentes a
praticar o crime.
Art. 296 CP - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
Incentivo a prática criminosa de algo que vai acontecer. Aqui incentivo crime ocorrido,
ou seu autor, propagandeando aquela conduta, incentivando as pessoas que influenciáveis ou
que têm a criminalidade latente, a praticarem crimes.
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Na incitação ao crime tenho estímulo direto à prática de infrações penais; aqui tenho
incentivo indireto.
Na incitação eu projeto a conduta de quem quero influenciar para o futuro. Na apologia
do crime ao criminoso falo de fato pretérito, narrando com elogios fato criminoso ou autor de
fato criminoso, de modo que possa influenciar de forma indireta as pessoas que estou
publicamente incentivando a praticar uma conduta igual ou tomar um comportamento idêntico
ao do criminoso, e eu tenho, gente, que estimular as pessoas com base no crime ou criminoso,
hein. Se apenas elogiar os aspectos pessoais do criminoso, sem me referir ao crime, posso falar
na apologia do crime ou criminoso?!
Se por exemplo a Maria chega à sala de aula e começa a dizer “Fernandinho Beira-Mar
é lindo e inteligente”: isso é apologia ao crime e ao criminoso? Não.
O que ela teria que fazer para se enquadrar no art. 287? Fazer, publicamente, apologia
de fato criminoso ou de autor de crime?
Lembrando que se eu falar genericamente (ex.: “é o melhor traficante do mundo”),
nunca se fala em incitação ou apologia ao crime ou criminoso.
“Você sabia que mesmo dentro daquele presídio o Fernandinho comanda o tráfico e
mandou matar dois delegados de polícia , fosse assim o Brasil seria um país melhor!”. Já estou
particularizando, individualizando e fazendo uma conexão do ato por ele praticado com sua
pessoa. Se eu apenas estabelecer elogios quanto à sua pessoa, não estou incentivando a prática
latente. Eu tenho que fazer a conexão entre o fato criminoso ou o autor do fato criminoso e
virtude do fato praticado e com isso incentivar indiretamente as pessoas a procederem da
mesma forma.
Então aqui posso tanto fazer apologia do crime em si, como da pessoa do criminoso,
desde que eu me refira aos fatos por ele praticados. Se eu só me referir à pessoa dele, só quiser
justificar a conduta, “Nasceu numa favela, não tinha outro jeito, sofrido, foi estuprado pelo
padrasto”, justificando, isso é apologia do crime ou criminoso? Não, porque não estabeleço
conexão do crime praticado ou do criminoso em virtude do crime por ele praticado.
Tenho que falar do crime, infração penal, ou dos aspectos pelos quais o criminoso pode
ser enaltecido pelo crime anterior. Não posso querer justificar o ato dele, ou simplesmente falar
de sua pessoa, por outros aspectos que não o crime ou o fato criminoso por ele praticado. Aí
não terei incitação direta ao crime. Tenho que sempre dizer respeito ao fato criminoso ou ao
autor do fato criminoso, mas sempre estabelecendo conexão com o crime (ou crimes) por ele
praticado(s).
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Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
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O art. 288 do Código Penal trata do chamado crime de quadrilha ou bando dispondo que
.No tipo penal da formação de quadrilha eram necessários no mínimo quatro agentes, passando
com a alteração trazida pela Lei 12.850/2013 a serem necessários somente três agentes.
Bem Jurídico : A paz pública , protegido pelo tipo penal e não há objeto material.
Requisitos:
Associação estável ou permanente: diferenciar quadrilha da associação
eventual (co-participação). É necessário aqui um vinculo associativo
permanente, não ocasional. Não preenche o tipo reunião eventual de 4 agentes
para praticar crimes determinados.
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Assim sendo, o núcleo associar diz respeito a uma reunião não eventual de pessoas
com caráter relativamente duradouro para a consecução de um fim comum. Quanto à quadrilha
ou bando, podemos assim definir: reunião estável ou permanente para o fim de perpetração de
uma indeterminada série de crimes, sendo necessárias a estabilidade e permanência de tal
aliança.
Cumpre ressaltar que o delito de quadrilha ou bando é crime formal, de consumação
antecipada que se configura na ocorrência da adesão do quarto sujeito ao grupo criminoso, que
terá por finalidade a prática de um número indeterminado de crimes não existindo a
necessidade que seja praticada uma única infração penal sequer em função da qual a quadrilha
foi formada. Existindo a prática dos delitos em razão dos quais a quadrilha ou bando foi
formado. Trata-se de infração permanente, crime autônomo, que independe dos crimes que
vierem a ser cometidos pelo bando conforme interpretação do art. 288 do CP.
Uma distinção entre o crime de quadrilha ou bando e a co-participação, é que na co-
participação a conjugação de esforços é transitória ou momentaneamente para o cometimento
de determinado crime.
Elemento Subjetivo: o dolo é o elemento exigido pelo tipo penal que prevê o delito de
quadrilha ou bando, pois não existe previsão para a modalidade culposa. Conforme a doutrina
majoritária, além do dolo, o agente deve atuar com um especial fim de agir, configurado na
finalidade de praticar crimes, ou seja, um número indeterminado de infrações penais.
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Registre-se que o art. 288 do CP é claro no sentido de exigir que a associação criminosa
tenha por finalidade a prática de crimes, pois restaria afastada do conceito de quadrilha ou
bando a associação, mesmo que permanente, destinada ao cometimento de contravenções
penais.
Em se tratando de quadrilha ou bando armado, a pena será aplicada em dobro. Existe
previsão para a forma qualificada do delito no art. 8º da Lei nº 8.072//90.
A pena culminada ao delito de quadrilha ou bando é de reclusão, de um a três anos e em
dobro se for armado.
Tratando-se de modalidade qualificada a pena será de três a seis anos de reclusão,
quando se tratar de crimes hediondos, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins ou terrorismo. Registre-se que se houver a formação de quadrilha ou bando, será
possível a decretação da prisão temporária dos agentes, conforme preceitua o art. 1º, III, 1, da
Lei nº 7.960, se presentes os demais requisitos por ela exigidos.
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a prática de um único crime, ou mesmo dois deles, em caráter eventual, não importa no
reconhecimento do delito em questão.
Para a doutrina majorante é perfeitamente possível o raciocínio do concurso de crimes,
sem a necessidade de ser afastada a qualificadora ou majorante, não entendendo pelo bis in
idem, devido ao fato de que as infrações penais cuidam de bens jurídicos distintos.
Prevê o art. 35 da lei nº 11.343/06, sobre a associação para o tráfico ilícito de drogas:
Art. 35CP. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34
desta Lei:
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Por fim, quando a reunião disser respeito a duas ou três pessoas somente, não poderá
denominá-la de quadrilha, pois que tal expressão diz respeito a uma reunião de quatro pessoas.
Fim de praticar crimes: reunião para pratica de crimes indeterminados.
Não é necessário que a quadrilha efetivamente pratique crimes, pois o crime do artigo
288 se consuma com a mera formação do bando. Pode haver quadrilheiro que não concorreu
efetivamente para nenhum dos crimes fins consumados.
Quadrilha para pratica de crime hediondo: Artigo 8º da lei 8072: Pena prevista no
artigo 288 será de reclusão de 3 a 6 anos quando se tratar de quadrilha formada para tortura,
crimes hediondos, trafico de drogas e terrorismo.
É cabível a majorante do parágrafo único do artigo 288 nestas hipóteses. Parágrafo
único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação
de criança ou adolescente.
Associação para trafico de drogas:
“Associarem-se 2 ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, os
crimes previstos nos artigos 33, caput,
Reclusão e detenção e §1º Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime
fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto,
salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou
média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
Sujeito ativo :Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo deste crime, sendo,
portanto, um crime comum.
Sujeito passivo : será a coletividade, pois não há uma pessoa específica atingida.
previstos no CP. Não há nada no ordenamento jurídico brasileiro que defina o que vem
a ser organização paramilitar, milícia particular, grupo de extermínio ou esquadrão.
Discussão a respeito da aplicação.
Trata-se de crime novo (instituído pela Lei 12.720/12) e de difícil aplicação, pois
o legislador não define os conceitos de “ organização paramilitar”, “milícia particular”,
“grupo” e “esquadrão”. A doutrina tenta definir estes conceitos, porém, também com
pouca precisão.
a) Organização paramilitar: Paramilitar é aquela que caminha ao lado da militar,
em situação ilegal. Possui a estrutura da organização militar, sem ser militar. Assemelha-se à
estrutura militar, podendo haver hierarquia, armamento, planejamento de ataque etc.
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§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja
circulação não estava ainda autorizada.”
Bem Jurídico: Credibilidade da moeda circulante. Moeda papel ou metal de curso legal
(que não podem ser recusadas como forma de pagamento) no país ou moeda aceita no Brasil
por Tratados Internacionais.
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Observações gerais:
a) Crimes de falso requisitos: Os crimes de falso reclamam três requisitos, a saber:
dolo;
imitação da verdade;
dano potencial.
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O tipo não exige o anumus lucrani, mas para maioria dos autores só se configura com o
enriquecimento ilícito. Ou seja, só se configura quando o agente repassa a moeda .
A Moeda deve ter curso legal forçado no país ou no estrangeiro. Se tiver valor
comercial, delito pode ser o de estelionato, deve está em vigor.
Falso deve ter idoneidade para enganar. Ex: fazer uma folha com 1 real e tentar
enganar alguém, não é crime do 389. É crime de patrimônio – Estelionato.
a) Imitação da verdade (imitativo veri): produzir moeda não muito simétrica parecida
com a original não tem como enganar e nesta hipótese não há crime, pois a falsificação é
grosseira, incapaz de enganar. Só terá o crime quando a imitação for simétrica a original. Isto é,
se for de tamanho diferente da original, por exemplo, não pode ser considerado crime, já que
não terá capacidade de enganar.
b)Potencial de causar prejuízo
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c) A junção de cédulas caracteriza moeda falsa? Sim, mas não é moeda falsa, pois
não falsificou nem alterou, apenas juntou células invalidadas, mas se juntar diferentes moedas
formando uma outra de valor maior será o 289, mas se junta moedas de um mesmo valor
colocando em circulação porque estavam invalidadas é o 290.
d) Valor menor
e) Curso legal tem validade para circulação
Obs: Para saber se aplica o 289, tem que saber se a moeda é de curso legal. Se falsificar
R$ 1.000,00 apenas por falsificar, sem qualquer intenção, é fato atípico,mas se falsificar no
intuito de enganar alguém é estelionato.
Necessidade de perícia: só posso falar que é falsa mediante perícia, pelo exame
documentoscópio. Perícia: Necessária para comprovar a veracidade da cédula.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Emissão de título ao portador sem
permissão legal
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Nas mesmas penas incorre, quem por contra própria ou alheia importa, exporta, adquire,
vende, troca, empresta, guarda ou introduz em circulação moeda falsa.
É indispensável à consequência da falsidade da moeda.
Concurso entre falsificação e circulação? Não há.
Quem falsifica pode colocar em circulação, normalmente quem falsifica faz com a
intenção de ter lucro, mas para o tipo penal nunca pode cometer os dois, então se já cometeu a
contrafação e colocou em circulação responde pela contrafação, só responde pela circulação se
não foi a pessoa que colocou em circulação que produziu. Tem que ter plena convicção de que
está colocando em circulação moeda falsa, se não tive consciência não é crime. Conhecimento
prévio da falsidade, má-fé existente desde o começo.
Figura privilegiada :
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a
restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis
meses a dois anos, e multa.
Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui a
circulação, depois de conhecer a falsidade.
Quando alguém recebe de boa-fé, depois repassa a cédula, Detenção: 6 meses a 2 anos.
Agente não inicia a circulação da moeda, apenas dar prosseguimento.
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OBS: Cédula bem feita = Artigo 289. Cédula mal feita = Estelionato.
Figuras qualificadas:
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público
ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
fabricação ou emissão.
É punido com reclusão de 3 a 15 anos + multa, o funcionário publico ou diretor,
gerente ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação de:
I – Moeda com titulo ou peso inferior ao determinado em lei;
Titulo : proporção que deve existir entre o metal fino e a liga metálica empregados na
confecção da moeda.
Crime próprio:
Inciso II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Deve proibir a fabricação de moeda sem lastro e emitir moeda em fraude. Somente
configura esse crime quando praticado pelas pessoas inclusas nesse parágrafo.
Desvio e circulação antecipada :
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação
não estava ainda autorizada.
Nas mesmas penas incorre quem desvia ou faz circular moeda, cuja circulação não
estava ainda autorizada. A moeda é verdadeira, mas o agente altera seu destino ou a coloca em
circulação antes da autorização da autoridade competente. OBS: Material: moeda legitima.
Pune a colocação em circulação não autorizada: Tem relação com o §3º (fabrica ou
emite), no §4º volta a ser crime comum, qualquer pessoa pode praticar, a conduta é posterior a
do §3º. Produz o mesmo efeito do §3º, mas a conduta não é a mesma.
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Dependendo da modalidade será crime comum, dependendo será próprio. Para que uma
moeda seja autorizada a circular é preciso checar tamanho, conteúdo, marcas d‟agua, marca de
segurança e números de série.
Moeda fabricada com defeito não pode ser colocada em circulação, se colocar incorre
no §4º (não é moeda falsa, é simplesmente não autorizada).
Moeda falsa e art. 290, caput do CP: Se o agente forma uma cédula com fragmentos de
notas verdadeiras, a ele será imputado o crime definido no art. 290, caput, 1ª figura, do CP.
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§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a
fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o,
nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de
trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Documento pode ser considerado qualquer objeto que sirva para comprovar um fato ou
a realização de um ato. Em um sentido amplo, documento pode ser entendido como qualquer
objeto que sirva para comprovação de um fato, tanto um escrito como qualquer outro objeto. O
documento a que se refere o artigo 297 é todo escrito que contenha um pensamento humano
que comprove um fato. O documento, que é uma peça escrita, pode ser digitado, datilografado
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ou manuscrito, sendo preciso que haja identificação e assinatura do autor do documento. Diante
deste conceito, não são considerados documento, para efeitos do artigo 297: cópia não
autenticada; escrito em um muro de uma casa; livro; composição musical; CD; DVD; escrito
anônimo (que não tem identificação ou assinatura).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, sendo que, caso o agente seja funcionário público, e
comete o crime prevalecendo-se do cargo, incidirá uma pena mais severa para este (§1º do art.
297 do CP).
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento
público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
aumenta-se a pena de sexta parte.
Sujeito Passivo: o Estado, bem como a pessoa prejudicada pelo ilícito penal.
Ação física
I- falsificar (total): Falsificar significa imitar um documento verdade. No todo,
significa criar um documento falso por inteiro, produzir, forjar um documento por inteiro,
contrafazer - Contrafação (criar um documento falso). Falsificar um documento por inteiro ou
falsificar em parte não tem o mesmo efeito.
II- alterar (parcial) : Alterar um documento significa modificar o que é verdadeiro, ou
suprime ou acrescenta dizeres ou substitui por outros. Falsificar no todo, portanto, não significa
alterar documento verdadeiro.
Existem documentos que são compostos de duas partes que podem ser individualizadas.
O contrato de locação e a fiança, por exemplo, é composto de duas partes que podem ser
separadas. Se for retirada a fiança, o contrato de locação continua a existir normalmente.
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Outro exemplo é a nota promissória e o aval, que são partes de um mesmo documento
que podem ser destacadas. Se existe uma promissória verdadeira e se falsifica o aval, falsifica-
se a promissória em parte.
Cópias/xerox: só serão documentos os autenticados e só esses podem ser objeto de
falsificação. Se não for autenticado não é documento, então não pode ter falsificação.
Documento nulo (não atende as prescrições legais) / inexistente (não atende nenhuma
prescrição legal) pode ser objeto de falsificação? Sim, pois apesar de não ter valor jurídico, ele
pode ser convalidado, e assim pode vir a ser falsificado se ele for validado.
Documento:
I-público: aqueles emitidos por autarquias . O documento é público quando expedido
por funcionário público no exercício de sua função pública e com observância das prescrições
legais.
Para que um documento público seja considerado autentico é preciso que seja expedido
por funcionário publico e que este funcionário esteja no exercício de suas funções e tenha
seguido as observâncias da lei. Também são considerados documentos públicos aqueles
providos de paraestatais, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de
sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. Todos os demais
documentos, assim são considerados públicos por equiparação ou particulares.
II- público por equiparação: título ao portador, cheque, nota promissória, email
(desde que o documento seja público) e esaj; são equiparados pela possibilidade de circulação.
III- privado: o legislador não define, é por exclusão. Ex: cartão.
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Concurso de crimes:
I- material
II- formal
III- absorção: o estelionato absorve a falsificação, já que o crime menos grave absorve o
mais grave. Quase não é praticado esse crime, pois sempre é absorvido pelo estelionato.
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Obs: falsificar documento privado a pena é muito menor do que falsificar documento
público.
Para que seja o delito tipificado, essencial que o documento seja hábil a enganar
terceiros, a ponto de não permitir o reconhecimento de sua falsidade, ou seja, que seja aceito
como se verdadeiro fosse.
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Requisitos ou características:
I- Forma escrita;
II- Autor determinado; (exclui delação anônima)
III- Conter manifestação de vontade; (mesmo que uma só vontade)
IV - Relevância jurídica;
V- Potencialidade lesiva;
VI- Rubrica. (não é sempre indispensável, basta saber de onde se partiu)
Petição Inicial: O STJ não considera documento, salvo ESSAJ – processo eletrônico:
Impressos sem assinatura: O STJ também não considera documento.
E-mails ainda no computador podem ser tidos como documentos, mas
impressos não.
Cheque em branco: Para o STJ só configura crime quando o cheque falso
estiver preenchido. Se ainda estiver em branco sem demonstrar a intenção de
estelionato, não configura crime.
Cartão de crédito
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Falsificação e uso: O crime de uso se configura no Art. 304 e não tem pena, uma vez
que se trata de crime acessório. A pena do uso de documento falso é a mesma da do crime
anterior. Se só usa o documento, responde pelo crime residual com a pena do crime de
fabricação de documento falso.
ART 304 CP- Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
O Crime Omissivo Próprio Ou Puro: pois o tipo penal, cujo núcleo é “omitir”,
descreve uma conduta negativa. Destarte, não se admite a figura da tentativa.
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“Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de
um a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento
é particular.
Bem Jurídico Tutelado: busca-se evitar, com a tipificação deste delito, a falsificação
de selo ou sinal público, protegendo, assim, a fé pública.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa. O art. 299 do Código Penal não prevê nenhuma
qualidade ou condição especial do agente.
Sujeito Passivo: o Estado, bem como a pessoa prejudicada pelo ilícito penal.
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Ação física:
I- conduta : Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante. Náo é omissivo, pois tem documento com várias declarações, sendo só
uma omitida, assim são condutas comissivas. É só um dado que é omitido dentro de um
conjunto de dados declarados por alguém.
II- Inserir: pessoalmente , fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante
III- Fazer inserir: elabora documento através de terceiro, mas a declaração é outra
pessoa que faz, não é o sujeito que insere, e sim faz terceiro inserir. O que caracteriza a
falsidade ideológica é a mentira, o engodo
Falsidade ideológica imediata ou direta: É aquela em que o sujeito, por conta própria,
insere no documento público ou particular a declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita.
Falsidade ideológica mediata ou indireta: Por sua vez, é aquela em que o agente se
vale de um terceiro para fazer inserir no documento público ou particular a declaração falsa ou
diversa da que devia ser escrita.
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Papel assinado em branco: pego folha em branco assinada e faço declaração que
compromete a pessoa (não pode ser financeiramente se não é estelionato), depende da forma
como obtive o documento. Se der o conteúdo da declaração é falsidade ideologia, mas se não
tenho a determinação de colocar o conteúdo não é falsidade ideológica. Tem que indagar como
o documento chegou nas minhas mãos.
a) Se o papel assinado em branco chegou às mãos do sujeito de forma legítima, e
este,possuindo autorização para fazê-lo, o preencheu de maneira diversa da convencionada
como signatário, estará configurado o crime de falsidade ideológica. Com efeito, o agente
praticou a conduta de “inserir declaração diversa da que devia ser escrita”;
b) O papel assinado em branco foi obtido de forma ilícita (exemplos: furto, roubo,
apropriação indébita etc.), e o agente o preencheu sem autorização para tanto. Cuida-se de
falsificação de documento (público ou particular), em decorrência da contrafação, que pode ser
total ou parcial, conforme seja preenchido todo o documento ou apenas parte dele.
Declaração sem relevância: a informação tem que ter relevância jurídica para se falar
em falsidade ideológica.
Dano potencial:
Falsidade em depoimento: é crime contra a administração da justiça, falso testemunho.
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Reserva mental: se omitir em declaração que estava obrigado a declarar. Tem que ser
funcionário público. Possível a pratica de falsidade ideológica por reserva mental, mesmo que o
sujeito não faça nada, pois ele tem o dever jurídico de conferir e manifestar.
Art 111, IV, CP: - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final,
começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro
civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Falsidade e estelionato: diferentes, pois o segundo tem que obter indevida vantagem
econômica em prejuízo alheio, e já na falsidade ideológica não tem essa intenção, vez que o
STJ já estabeleceu que se falsifico um documento para praticar o estelionato, eu só pratico
estelionato, sendo a falsificação ideológica é absorvida por este. Crime meio para prática do
estelionato.
Ex. Assinar lista de presença por outro é falsidade ideológica, pois a lista é verdadeira,
e a declaração de presença que é falsa.
Art 300 CP- Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou
letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a
três anos, e multa, se o documento é particular.
Esse crime é bem simples para ser explicado, assim como os outros o bem jurídico é a
fé pública, só que em relação a autenticidade de firma ou letra dos documentos (o que garante a
autenticidade provada e pública).
Firma: é a assinatura por extenso ou abreviada.
Letra :é o manuscrito integral do documento.
Consumação: ocorre pelo simples falso reconhecimento feito por funcionário público,
independente do prejuízo que poderá ocorrer.
Tentativa: é admissível, apenas para o Nucci que não (é viável verificar a razão dessa
afirmação do autor).
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Art. 301 CP- Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou
circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
O tipo penal é claro, ao exigir fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo
público (exemplo: certidão de antecedentes criminais, com conteúdo negativo, beneficiando
sujeito diversas vezes condenado por crimes contra a Administração pública), isenção de ônus
ou de serviço de caráter público (exemplo: certidão isentando seu beneficiário da atividade de
jurado, com fulcro no art. 437, X, do CPP), ou qualquer outra vantagem.
Sujeito Ativo: Cuida-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido
pelo funcionário público autorizado a emitir atestados ou certidões.
Sujeito Passivo: É o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada
pela conduta criminosa.
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“Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena -
detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também
multa.”
Sujeito Ativo : é somente o médico. Não pode ser o enfermeiro, atendente ou estagiário
de medicina. Trata-se de crime próprio, não se admitindo interpretação extensiva ou analógica.
Sujeito Passivo : é o Estado - Administração, a exemplo de todos os crimes previstos
neste capítulo, embora, igualmente, possa haver terceiro lesado ou prejudicado diretamente pela
falsidade, que também seria sujeito passivo.
Tipo Subjetivo: adequação típica - Elemento subjetivo geral é o dolo, constituído pela
vontade consciente de dar ou emitir atestado médico falso. A existência eventual do elemento
subjetivo especial do tipo (parágrafo único), consistente no especial fim de obter lucro,
configura a forma majorada.
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naturalístico para sua consumação), próprio (que exige qualidade especial do sujeito, que
somente pode ser médico), de forma livre (que pode ser praticado por qualquer meio ou forma
pelo agente), instantâneo de efeitos permanentes (consuma-se de pronto, mas seus efeitos
apenas), plurissubsistente (crime que, em regra, pode ser praticado com mais de um ato,
admitindo, em consequência, fracionamento em sua execução).
“Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.”
- A pena, nesse caso, varia se o documento é público, privado ou atestado médico.
- Só pode praticar este quem não praticou nenhum dos anteriores.
É delito acessório (de fusão ou parasitário), pois não tem existência autônoma,
reclamando a prática de crime anterior. De fato, somente se pode falar em uso de documento
falso quando um documento foi objeto de prévia falsificação.
Nesse contexto, submete à mesma pena o falsificador e o usuário, igualando a gravidade
da falsificação e do uso do documento falso.
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sua origem ilícita. Porém, se depois de descobrir sobre a falsidade, continuar usando o
documento, estará configurado o crime de uso.
Sujeito Ativo: Delito comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive
pelo dono do documento, quando dele não podia dispor.
Sujeito Passivo: Principal é o Estado. Secundariamente, quem sofre o dano
efetivo causado pela supressão de documento.
Elemento Objetivo do Tipo : Consiste em destruir, suprimir ou ocultar documento.
Originalidade: O documento deve ser original (JTA Crim). Não mais existindo este,
pode haver delito contra a cópia autêntica.
Não há crime, entretanto, quando a conduta visa à cópia autêntica do documento
que ainda existe.
Nesse caso, pela facilidade de obtenção de outros traslados, cópias e certidões,
não há dano à fé pública, inexistindo, por isso, o delito em tela, podendo subsistir outro,
como o dano e o furto.
Natureza Do Documento:
público;
particular .
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Benefício e prejuízo visados pelo agente: Podem ser de ordem material ou moral
“Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem,
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave.”
Dolo: Acrescido com um especial fim de agir. “para obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem”. A vantagem legalmente exigida pode ser
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Sujeito Ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, crime Comum, pode ser
cometido por qualquer pessoa. Praticado por funcionário público, aplicam-se, conforme o
fato, os §§ 1º e 2º da disposição.
Sujeito Passivo : O Estado.
Crime Funcional
ARTIGO 311, § 1º De exigir-se relação entre o delito e o exercício da função, sob
pena de atipicidade.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso
de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.
Bem jurídico: o novo tipo penal foi inserido no Título X, que trata dos “crimes contra a
fé pública”. Desse modo, segundo a posição topográfica, o bem jurídico protegido é a fé
pública. Apesar disso, quando o certame for promovido pelo Poder Público, tenho que o bem
jurídico protegido será também a própria Administração Pública.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum). O conteúdo sigiloso, a que se refere o
caput do dispositivo, não precisa ter sido obtido por pessoa com características especiais.
Vale ressaltar, no entanto, que se o fato é cometido por funcionário público a pena é aumentada
de 1/3 (um terço), conforme previsto no § 3º do art. 311-A do CP:§ 3º Aumenta-se a pena de
1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.
Sujeito Passivo: a coletividade. Secundariamente, tem-se que também são vítimas:
a) o ente público ou privado que deflagrou o certame (exs: União, Estado, Município, a
entidade privada, como o SEBRAE, SESI, a universidade privada, entre outros);
b) os demais candidatos prejudicados pela conduta do agente.
Divulgar: significa “tornar público ou conhecido”, ainda que apenas para uma única
pessoa, um conteúdo que ostenta o caráter de sigiloso.
Indevidamente: isto é, fora das hipóteses permitidas por lei, edital, contrato ou demais
regras inerentes ao certame. Com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
credibilidade do certame: trata-se de um especial fim de agir (o que a doutrina clássica
denomina de dolo específico).
Conteúdo sigiloso: é aquele conhecido por poucos e que não pode ser revelado. Não há
uma lei ou outro ato normativo que defina o que seja sigiloso, não sendo o tipo em comento
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uma norma penal em branco. Desse modo, “conteúdo sigiloso” é um elemento normativo do
tipo, ou seja, depende de um juízo de valor a ser feito pelo magistrado, no caso concreto.
O conteúdo sigiloso de um concurso ou seleção envolve não apenas as perguntas e
repostas das provas a serem aplicadas, podendo abranger toda e qualquer informação que não
seja de conhecimento público e que, se divulgada, tenha potencial para beneficiar alguém ou
comprometer a credibilidade do certame.
Assim, configura o crime em estudo a conduta de divulgar, antes das provas, de forma
não pública, isto é, para uma ou algumas pessoas, a quantidade de questões que serão cobradas
por disciplina, os nomes dos examinadores, a abordagem metodológica que prevalecerá na
prova (doutrina, jurisprudência ou texto de lei), enfim, informações que beneficiem, ainda que
em tese, determinados candidatos,por gerarem tratamento diferenciado.
Não importa o meio pelo qual o agente tenha obtido a informação de conteúdo
sigiloso: como dito, o crime é comum, de sorte que não se exige que o sujeito ativo seja
funcionário da Instituição organizadora do concurso, da empresa promotora da seleção etc.
Espécies de certame: o tipo penal trata da fraude em quatro espécies de certame, que
não se constituem em meros sinônimos, possuindo, cada um deles, sentido próprio.
a) Concurso público: consiste no procedimento administrativo utilizado pela
Administração Pública para selecionar, por meio de provas ou de provas e títulos, os
servidores, em sentido amplo, que irão ocupar cargos ou empregos públicos. O conceito de
concurso público é restrito, portanto, à Administração Pública.
b) Avaliação ou exame públicos: trata-se de um procedimento por intermédio
do qual o Poder Público, ou mesmo entidades privadas, por meio de provas, currículos ou
outros instrumentos impessoais de aferição do mérito, fazem a seleção de pessoas para o
desempenho de funções, para que tenham direito de acesso a cursos de vagas limitadas ou para
o gozo de outros benefícios decorrentes do êxito no certame.
Aqui se enquadram, por exemplo:
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Tenho como evidente que o sujeito que permite ou facilita o acesso de pessoas não
autorizadas às informações mencionadas no caput, em verdade, divulga ou utiliza,
indevidamente, o conteúdo sigiloso do certame.
A “cola eletrônica” passou a ser incriminada com esse novo dispositivo?
Ficou conhecida como “cola eletrônica” o procedimento fraudulento utilizado por alguns
candidatos que respondiam as provas de vestibulares ou de concursos públicos com a ajuda de
um “ponto eletrônico” (como os de apresentadores de TV) ou com outras formas de
comunicação escondida (celulares, p. ex.). Uma ou algumas pessoas contratadas, especialistas
nos temas do vestibular ou do concurso faziam a prova e, já do lado de fora da sala, passavam
as respostas corretas por meio dessas tecnologias ao candidato mancomunado que, com tal
auxílio, respondia a prova.
Com a previsão do art. 311-A do CP, não tenho dúvidas de que a “cola eletrônica”
passou a ser criminalizada.
O especialista contratado que faz o vestibular ou o concurso e, antes de terminar o prazo
de duração das provas, transmite, por meio eletrônico, as respostas corretas ao candidato que se
encontra fazendo ainda a prova pratica a conduta de divulgar, indevidamente, com o fim de
beneficiar a outrem, conteúdo sigiloso do certame.
Por outro lado, quem recebe os dados utiliza indevidamente o conteúdo sigiloso com o
fim de beneficiar-se, de sorte que é co-autor.
Com efeito, antes de terminar o prazo de duração da prova, as respostas que um
candidato deu são sigilosas com relação aos demais candidatos que ainda se encontram fazendo
a prova. Ao divulgá-las, a pessoa pratica os elementos descritivos e normativos do tipo penal
do art. 311-A do CP.
Não há, portanto, mais espaço para a alegação de atipicidade na prática da chamada
“cola eletrônica”.
E a “cola tradicional”, também encontra tipificação no art. 311-A do CP?
Sim. É o caso, por exemplo, de um candidato que, durante o período da prova, é flagrado no
banheiro do colégio consultando um livro de doutrina para conseguir responder corretamente as
questões. Na hipótese relatada, o agente estará utilizando informação de conteúdo sigiloso (as
questões da prova durante o período de sua realização) para consultar as respostas corretas no
livro (ou na cola que leve pronta para o concurso).
Crime de conduta livre: o delito em comento pode ser praticado por ação ou omissão.
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Obtenção de vantagem:O tipo não exige que o agente ou terceiro tenha obtido
qualquer vantagem. Tal situação, caso ocorra, poderá ser considerada nas circunstâncias
judiciais (art. 59 do CP).
O dano de que trata esse § 2º não é apenas o dano patrimonial, como poderia parecer em
uma análise rápida. Abrange, portanto, também o dano moral ou, como alguns autores preferem
no caso de pessoas jurídicas, o “dano institucional”. Essa conclusão é construída pelo fato de
que o tipo penal está incluído no Título que trata sobre os crimes contra a “fé pública”, de
modo que tutela a crença da sociedade no valor e legitimidade das Instituições e, no caso
específico, dos certames públicos.
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decretação de prisão preventiva, em virtude de a pena máxima ser inferior a 4 anos (art. 313, I,
do CPP).
Desse modo, caso o candidato que fraudou ou tentou fraudar o certame seja condenado,
se a pena privativa de liberdade for substituída por restritiva de direitos, revela-se
recomendável ao magistrado aplicar a novel sanção do art. 47, V, do CP. Essa proibição de
inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos durará pelo tempo da pena privativa de
liberdade imposta e que foi convertida.
A inserção desse inciso V ao art. 47 do CP revela que a intenção deliberada do
legislador, ao prever o preceito secundário do delito do art. 311-A do CP, foi justamente a de
possibilitar a aplicação da pena restritiva de direitos para o condenado pelo crime tanto que, já
antevendo tal situação, fez inserir nova espécie de interdição temporária de direitos específica
para o caso.
Esse art. 47, V, do CP não tem aplicação restrita à condenação pelo art. 311-A do CP
podendo ser utilizado como sanção restritiva de direitos pelo magistrado em outras hipóteses,
desde que haja relação com a conduta praticada. Seria o caso, por exemplo, de uma condenação
por crime contra a administração pública.
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Nem tudo que é improbidade é crime e nem tudo que é crime é improbidade.
Espécies:
I- Funcionário contra Administração Pública
II- Particular em geral
III- Particular estrangeiro
IV- Administração turística
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V- Finanças
Funcionário:
Administrativo: aquele que exerce cargo criado por lei, nominado pela lei, em
que teve provimento nesse cargo mediante concurso publico de provas e títulos e
deu Início à pratica dos atos funcionais inerentes ao seu cargo.
Penal: aquele que mesmo que transitoriamente e sem remuneração ocupa cargo,
emprego ou função pública.
I- nacional Equiparação:
a) paraestatal – componentes do Estado
b) contratada – Ex. da faxineira e adv. no fórum: Empresa -> Estado
c) conveniada – Ex. estagiário: Empresa se reporta à outra -> Estado
Crime funcional:
I- puro: condição de o agente ser funcionário público, senão haverá atipicidade.
II- impuro: retirada a condição de funcionário público ocorre a desclassificação para
outro crime.
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40. Peculato
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.”
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Etimologia: gado
Sujeito Ativo: O peculato é crime próprio ou especial, pois somente pode ser praticado
por funcionário público, ou seja, a condição de funcionário público em que se comunicar com o
particular e sempre por meio de co-autoria e participação, só não podendo ser autor, senão será
crime de furto ou de apropriação. Sujeito ativo: O peculato é crime próprio ou especial, pois
somente pode ser praticado por funcionário público.
Sujeito Passivo: Estado ou particular – desde que o bem esteja na posse do Estado.
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Espécies :
Peculato Próprio : apropriação: posse ou detenção do bem. Passa a se comportar como
se fosse dono; desvio: desvia o bem para outra finalidade fora da Administração Pública. É o
crime do funcionário público que arbitrariamente faz seu ou desvia em proveito próprio ou de
terceiro o bem móvel, pertencente ao Estado ou simplesmente sob sua guarda ou vigilância, de
que tem a posse em razão do cargo. Trata-se, portanto, de crime funcional impróprio, pois com
a exclusão da condição de funcionário público do agente afasta-se o peculato, mas subsiste o
delito de apropriação indébita. O peculato reclama por parte do agente a posse legítima da coisa
móvel de que se apropria, ou desvia do fim a que era destinada. Aposse antecedente do bem e a
infidelidade do sujeito ao seu dever funcional são elementos do peculato.
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Peculato Desvio: consuma-se quando o sujeito desvia a finalidade do bem para fora da
Administração Pública.
Culposo : tem expressa previsão legal e, portanto, o peculato pode ser punido a título
culposo.
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Prefeitos e militares: não são punidos pelo crime de peculato, pois é crime de
responsabilidade. Possuem leis próprias.
Peculato Impróprio
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer Outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
O agente, também servidor público típico ou atípico, não tem a posse, mas, valendo-se
da facilidade que a condição de funcionário lhe concede, subtrai (ou concorre para que seja
subtraída) coisa do ente público ou de particular sob custódia da administração (peculato furto).
Parece claro ser pressuposto do crime que o agente se valha, para galgar a subtração, de alguma
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facilidade proporcionada pelo seu cargo, emprego ou função. Sem esse requisito, haverá apenas
furto (art. 155 do CP).
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão,
de um a quatro anos, e multa.
Ex: comete o crime de peculato furto o policial que subtrai peças de uma motocicleta
furtada e que arrecadara em razão de suas funções.
Peculato Culposo
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
O peculato culposo nada mais é do que o concurso não intencional pelo funcionário
público, realizado por ação ou omissão infringe o dever de cuidado objetivo, criando condições
favoráveis à prática do peculato doloso, em qualquer de suas modalidades (apropriação, desvio,
subtração ou concurso para esta), mediante imprudência, negligência ou desídia – para a
apropriação, desvio ou subtração de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel pertencente
ao Estado ou sob sua guarda, por uma terceira pessoa, que pode ser funcionário público
(intraneus) ou particular (extraneus).
Ex: quem deixa a serventia de cartório por conta de outrem, irregularmente, sem
conhecimento oficial da autoridade superior, cria culposamente condições favoráveis à prática
de ilícitos administrativos criminais, respondendo pelo delito previsto no art. 312, § 2°, do CP.
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Sujeito Ativo: Cuida-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser praticado
pelo funcionário público.
Exercício de cargo :
Exemplo 1: Funcionário público que recebe de terceiro, por engano, dinheiro destinado
ao pagamento de determinado serviço prestado por outro setor da administração, e, mesmo
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ciente do equívoco, não comunica o fato à repartição competente. O erro do ofendido deve ser
espontâneo, pois, se provocado pelo funcionário, poderá configurar o crime de estelionato .
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de
réis.
Exemplo 2: Um fiscal vai aplicar uma multa ao determinado contribuinte e este paga o
valor direto ao fiscal, que embolsa o dinheiro para si, só que na verdade nunca existiu multa
alguma e esse dinheiro não tinha como destino os cofres Públicos, e sim o favorecimento
pessoal do agente. É um crime doloso.
41. Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena -
reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Sujeito Ativo: A concussão é crime próprio ou especial, pois somente pode ser
praticado por funcionário público. Com a utilização da expressão “ainda que fora da função ou
antes de assumi-la”, o tipo penal é claro: não é necessário esteja o agente no exercício das suas
funções. A concussão pode ser cometida no horário de descanso, e também no período de férias
ou licença do funcionário público, ou mesmo antes de sua posse (vale-se da expectativa).
Sujeito Passivo: Estado e particular lesado.
Verbo: exigir São grafadas, isto é, constam no orçamento do ano anterior. Ou seja,
prefeito não pode desviar finalidade.
Espécies de concussão:
a) Concussão explícita: quando inequívoca. Quando clara . Ex: paga $ ao policial
para não ser preso.
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Vantagem indevida: não precisa ser patrimonial e nem ocorrer, bastando a ameaça, por
se tratar de crime formal. Ex: menina que faz sexo oral no policial para não ser presa –
concurso de crimes: estupro + concussão.
São Diferentes:
Art. 316 é temor, é exigência com aquilo que estou pedindo;
Art. 317 é mera solicitação,não há temor de represália futura, o crime será corrupção
passiva. Ou seja, com temor será concussão e sem temor será corrupção passiva.
Excesso De Exação
art 316 § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou
deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza:
I- existência tributo: sabe ou deveria saber – indevido
II- devido-cobrança: vexatória ou onerosa
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Se a vantagem não for destinada ao próprio servidor público ou a pessoa indicada por
ele, mas para o próprio órgão ou ente público, também não ocorrerá concussão, mas outro
crime, denominado excesso de exação.
Diferencia o excesso de exação da concussão o fato de que a vantagem exigida pelo
agente público não é destinada a si mesmo, mas ao órgão ou ente público.
Além disso, a exigência deve referir-se à cobrança de tributo.
Define-se, ainda, uma forma mais grave do crime de excesso de exação. Ela ocorre
quando o funcionário público desvia, em proveito próprio ou de outra pessoa, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos. Nesse caso, a pena é de dois a doze anos de
reclusão, mais multa.
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Sujeito Ativo: Crime próprio, só ode ser cometido por funcionário público, admitindo-
se, entretanto, a participação de particular.
Sujeitos Passivos: O principal é o Estado. Em segundo lugar, o particular vítima da
conduta (como também outro funcionário).
Condutas Típicas:
1ª) exigência indevida de imposto ou contribuições sociais (PIS, PASEP, contribuições
securitárias etc.): nesse caso, o sujeito cobra do sujeito passivo essas contribuições,
consciente de que ele não as deve, são indevidos pelo contribuinte (não determinados por
lei; já saldados ou devidos a menor).
2ª) cobrança vexatória ou gravosa: nessa hipótese, o agente cobra as
contribuições, devidas pela vítima, de maneira injusta e não autorizada em lei. As
contribuições são devidas. O autor, entretanto, em sua cobrança, emprega meio vexatório ou
gravoso (não permitido em lei).
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Art 333 CP, Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:.
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Nos verbos receber (II) e aceitar promessa (III), a iniciativa é do corruptor (particular).
Com relação ao caráter da vantagem indevida solicitada, recebida ou prometida, prevalece a
interpretação mais ampla, considerando relevante qualquer espécie de retribuição, ainda que
não de natureza econômica.
Espécies de corrupção:
I- Corrupção própria: a que tiver por finalidade a realização de ato injusto. Ex:
solicitar vantagem para facilitar fuga de preso. Faz algo que é ilegal. (quando o ato a ser
praticado é ilegal)
II- Corrupção imprópria: visa a prática de ato legítimo. Ex: oficial de justiça que
solicita vantagem para realizar o legítimo ato processual. Faz algo legal, mas que não poderia
cobrar para fazê-lo. (quando o ato a ser praticado é legal)
III- Corrupção antecedente: é aquela cuja vantagem ou recompensa é dada ou
prometida em vista de uma ação futura. (vantagem é recebida antes do ato a ser praticado).
IV- Corrupção subsequente: se a vantagem ou recompensa é dada ou prometida por
uma ação já realizada . (vantagem é recebida após a prática do ato)
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modalidades receber (que pressupõe oferecer) e aceitar promessa (que pressupõe prometer). A
modalidade SOLICITAR, portanto, NÃO pressupõe a corrupção ativa.
§1º- concurso de crimes: pune-se mais severamente o corrupto que retarda ou deixa de
praticar ato de ofício ou o pratica com infração do dever funcional (exaurimento penalizado).
Aqui, o agente cumpre o prometido, realizando a pretensão do corruptor. Ainda em relação a
concurso de crimes, se a violação praticada pelo agente público constitui, por si só, um novo
crime, haverá concurso formal ou material (a depender do caso concreto) entre a corrupção
passiva e a infração dela resultante.
Nessa hipótese, no entanto, a corrupção deixa de ser qualificada, pois do contrário
estaríamos no campo do bis in idem. Exemplo: funcionário solicita vantagem para facilitar fuga
de preso. Já está consumado o crime de corrupção passiva. Se o corrupto, efetivamente, facilitar
a fuga do preso, responde pelo art. 317, caput Corrupção passiva
Art. 317, caput Corrupção passiva - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Concurso material :
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a
medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
vantagem indevida usando de coação, forçando a vítima a entregar-lhe o que quer. Esta
vantagem pode ser para si ou para outrem, mesmo fora da sua função, ou antes de assumi-la,
mas em razão dela. O crime se consuma com a exigência, sendo o pagamento mero
exaurimento.
Ex: O policial que para um motorista na blitz, verifica situação irregular do veículo e
exige dinheiro para liberá- lo. Já no crime de corrupção passiva (art. 317 caput, CP), os verbos
nucleares do tipo são Solicitar, Receber Ou Aceitar Promessa de vantagem indevida.
No núcleo solicitar não há coação na conduta criminosa. Existe um acordo de vontades.
Ressalta-se, contudo, que trata-se de um tipo misto alternativo, e por essa razão o crime pode
ser praticado pelo recebimento e pela aceitação de promessa de vantagem indevida. O crime se
consuma no instante em que a solicitação chega ao conhecimento do terceiro ou aceita a
promessa de sua entrega, sendo o pagamento da vantagem mero exaurimento do crime.
Ex: O policial que para o motorista na blitz, e solicita, recebe ou aceita promessa de
vantagem indevida.
Contrabando: Trazer para o território nacional, ou levar para outro, produto proibido,
total ou parcialmente, no Brasil. É a importação ou exportação de mercadorias cuja
comercialização seja proibida.
Descaminho: Trazer para o território nacional, ou enviar para outro, produto permitido
no Brasil, porém sem recolher os tributos devidos, a importação ou exportação de mercadorias
cuja comercialização seja legalmente permitida com a ocorrência de fraude no pagamento de
tributos.
Núcleo Do Tipo: É“ facilitar”, isto é, auxiliar, tornar mais fácil, simplificar a prática do
contrabando ou descaminho. Essa facilitação pode ser realizada por ação (retirando obstáculos
legalmente existentes) ou por omissão (deixando de criar obstáculos previstos em lei).
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Ou seja, o crime é praticado por funcionário público com violação ao dever ofício
(infração dever), e tem que ser mera participação. Sendo necessário que o funcionário público
esteja investido na função de fiscalizar a entrada e a saída de mercadorias do território nacional.
Distinção entre 318 e 334 e 334-A: exceção à teoria unitária. Se alguém facilita a
prática do delito previsto no art. 334 do CP deveria responder pelo delito previsto no art. 318
do CP (facilitação de contrabando ou descaminho) bem como pelo contrabando ou descaminho
(art. 334 do CP), entretanto, temos aqui mais uma vez a teoria pluralística sendo aplicada,
configurando mais uma exceção à teoria unitária, vez que uma pessoa é quem facilita o
contrabando ou descaminho e outra é quem pratica o contrabando ou descaminho.
45. Prevaricação
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Ato De Ofício: Funcionário público com atribuição para a prática do ato, em pleno
exercício da função.
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Crime omissivo próprio ou puro não admite tentativa, por este motivo poderá ou não
haver tentativa. Para as condutas omissivas não haverá tentativa, entretanto, para os crimes com
conduta comissiva, como “praticar ato de ofício contrário a lei”, haverá a forma tentada.
No peculato, se retirada a condição funcional do funcionário público, ocorre a
desclassificação e classifica-se furto ou apropriação indébita, já na prevaricação, se retirada a
condição funcional, ocorre a atipicidade.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos,
e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Quem leva: Terceiro que entra com o aparelho, é uma modalidade de favorecimento
real, criou um tipo para o funcionário que se omite 319-A e um para o terceiro que leva 349-A.
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Sujeito Ativo: O crime é próprio ou especial, pois somente pode ser praticado pelo
funcionário público. Exige-se a posição de hierarquia perante o autor da infração que não foi
responsabilizado ou teve sua conduta omitida do conhecimento da autoridade competente.
Dolo: Acrescido com um especial fim de agir, consistente na intenção de ser indulgente.
Não há previsão para a modalidade culposa. Destarte, não há condescendência criminosa
quando o superior hierárquico, por negligência, não toma ciência da infração cometida pelo
subalterno no exercício do cargo.
Indulgência/piedade: o fato que levou a não punir tem que ser a indulgência, senão não
é esse crime.
Omissão do superior hierárquico : por piedade em punir alguém que comete infração
administrativa ou deixa de levar a conhecimento o fato à quem tenha poderes para punir.
Trata-se de crime funcional, em que o funcionário público, investido de superioridade
em relação a seu subordinado, deixa de aplicar-lhe as sanções cabíveis referentes às infrações
cometidas ,colocando em risco o regular andamento do serviço público.
Não precisa ter prática criminal (crime formal).
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Sujeito Ativo: Não é advogado. O crime é próprio ou especial, pois somente pode ser
cometido pelo funcionário público.
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Qualificação: ilegítimo.
48. Resistência
Opor-se: Opor-se execução de ato legal executado por funcionário público. Ocorre com
o uso de violência ou ameaça durante a execução do ato contra o funcionário ou quem o está
auxiliando. É preciso que a oposição se realize através de uma ação positiva. Não basta a
resistência passiva
Ato Legal: O ato deve obedecer às formalidades de acordo com o direito. Não se
questiona a justiça / injustiça.
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Sujeito Ativo: Qualquer pessoa particular. Funcionário público também pode cometer o
crime, desde que não esteja no exercício de suas funções.
Sujeito Passivo: Estado, funcionário público ou particular (só se colaborando com o
agente público, podendo o auxílio ser prestado por qualquer pessoa, seja compulsória ou
espontaneamente, apoiando a ação do funcionário público competente).
Ilegalidade é diferente de injustiça = não precisa ser justo, bastando que seja legal
(formalidades e conteúdo).
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Agente embriagado: excluído o dolo de resistir na embriaguez, pois não tem ciência do
que está fazendo, mas SOMENTE se o agente estiver totalmente incapaz, isto é, sem qualquer
capacidade de discernimento.
Crime Formal: bastando o emprego da violência ou ameaça, não sendo necessário que
o ato se concretize.
Se o assaltante, logo após a prova do roubo, resiste à prisão dos policiais, comete este
crime? A princípio, sim, mas, segundo os tribunais, é absorvido pelo crime de roubo. Se o
policial disser “vamos à delegacia que eu quero ver sua ficha policial”, não é crime resistir, mas
o policial poderá dizer que deu voz de prisão.
49. Desobediência
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Sujeito Ativo: particular em regra, mas por exceção, o próprio funcionário público que
venha a agir como particular, ou seja, que não esteja no exercício de sua função e venha
desobedecer a ordem de funcionário público, também poderá configurar no polo ativo do
presente crime.
Sujeito Passivo: Estado e funcionário público . Obs: funcionário público não pode
praticar desobediência, só pode praticar prevaricação.
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50. Desacato
Sujeito Ativo: em regra qualquer pessoa. Funcionário público também pode ser sujeito
ativo do crime de desacato? Há divergências. São 3 correntes:
1ª corrente (minoritária) : A resposta é negativa. O fundamento é de que o delito de
desacato está previsto no capítulo que trata dos crimes praticados por particulares contra a
Administração Pública;
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Consumação: Trata-se de crime formal, uma vez que não importa se o funcionário se
sentiu ofendido ou não.
Racial: O desacato racial configura mesmo crime; de outro modo, a injúria racial
configura crime mais grave.
Publicidade Do Desacato: no desacato, a ofensa não precisa ser presenciada por outras
pessoas. A publicidade da ofensa não é requisito para a caracterização do crime. Pressupõe
apenas que a ofensa seja feita na presença do funcionário, pois somente assim ocorrerá o
desrespeito da função. Se ocorrer, por exemplo, por telefone ou via recado, não haverá
desacato, mas sim crimes contra honra.
Críticas genéricas não caracterizam desacato, pois tem que dirigir a ofensa à pessoa
certa e determinada. Estado de exaltação exclui o desacato
A ameaça é absorvida pelo crime de desacato. Se o agente desacata, desobedece e
ameaça o servidor público no exercício de suas funções, só responde pelo delito mais grave,
que é o crime de desacato, uma vez que os demais ilícitos ficaram absorvidos por este. Lesão
corporal leve também é absorvida pelo crime de desacato, já quanto a lesão corporal grave,
haverá concurso de crimes.
“Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
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Art. 332 CP - Solicitar, exigir, obrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a Retexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
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Comentários Gerais:
Configura-se como tipo de ação múltipla (alternativo) podendo a conduta do agente
comportar desde a solicitação até a exigência ou recebimento da vantagem indevida.
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Questões especiais:
a) Não deixa de ser uma espécie de exaurimento do crime: se, em razão da vantagem
ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional. Entretanto, se o funcionário pratica ato de ofício de natureza legal, não incide na
forma qualificada, e sim no caput do art. 333 do CP.
b) Tratando-se de corrupção ativa, para efeitos de reabilitação: não é exigível a
obrigação de reparar o dano, pois tal ônus incumbe diretamente ao funcionário corrupto
causador do prejuízo à administração pública, e não ao agente corruptor.
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Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
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Na calúnia (art. 138), imputa-se falsamente a alguém fato definido como crime. A pena
é de seis meses a dois anos, e multa (na forma simples).
Já na denunciação caluniosa (art. 339), também há a imputação falsa, como na calúnia,
mas o agente vai além, provocando, em desfavor do imputado,procedimento administrativo ou
judicial. Por isso, a pena é mais elevada: de dois a oito anos, e multa.
Tem-se, portanto, na denunciação caluniosa, hipótese de crime progressivo, em que o
agente, para alcançar o fim desejado – a instauração de procedimento administrativo ou
judicial, pratica a calúnia, ficando esta absorvida por aquela.
Qualquer que seja o procedimento, atenção: o fato imputado deve constituir crime.
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Indicação De Autor: Não deve o sujeito ter indicado o autor. Se isso acontece,
responde por denunciação caluniosa (art. 339), se presentes as suas elementares. Diversidade
jurídica e de f ato: É possível que o sujeito aponte um furto, quando realmente ocorreu
um roubo. Nesse caso, não há crime. Existe delito, contudo, quando o f ato apontado é
essencialmente diferente daquele que foi cometido (estupro ao invés de furto). Furto ao
invés de envolvimento em choque de veículos.
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Art 341 Auto-acusação falsa - Acusar-se, perante a autor idade, de crime inexistente
ou praticado por outrem: Pena - detenção, d e 3 (três) meses a 2 (dois) anos , ou
multa.
do auto -acusador). Exemplo: assumir a autoria do crime para livrar menor inimputável,
salvo se, com isso, se acusa de participação em contravenção .
Autoridade: A conduta deve ser realizada per ante a autoridade (judicial, policial
ou administrativa). Se for realizada perante funcionário público, que não seja autoridade,
não haverá delito. Da mesma forma, não haverá crime quando a auto-acusação se fizer
perante particular.
Meios Executórios: Não se exige que o fato seja cometido diante da autoridade,
como a princípio leva a entender a expressão "perante". O conhecimento da prática do
delito pode ser levado à autoridade por escrito, verbalmente, por nome suposto etc.
“Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo,inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
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§ 2º- O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.”
Objeto material: O falso testemunho tem como objeto material o depoimento prestado
perante a autoridade competente. A falsa perícia, de outro lado, pode ter como objeto material o
laudo pericial, o cálculo, a tradução ou a interpretação, sejam estas últimas orais ou escritas.
Cuida-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: há
um único crime quando a testemunha ou o perito pratica mais de uma conduta típica no tocante
ao mesmo objeto material. Também há um único crime quando a testemunha ou perito faz
afirmação falsa, nega ou cala a verdade reiteradamente, em fases sucessivas da mesma
atividade estatal de persecução penal.
Teoria Objetiva: A falsidade diz respeito a tudo aquilo que objetivamente não
corresponde à realidade. É o contraste entre a manifestação da testemunha (ou perito) e o que
efetivamente ocorreu no mundo real;
Hipóteses:
I- co-autoria : (sujeito que conjuntamente pratica o verbo núcleo do tipo): não pode. Na
prova testemunhal é impossível, uma vez que duas pessoas não podem testemunhar em
conjunto. Entretanto, na prova pericial é cabível, já que dois peritos podem assinar
conjuntamente o laudo pericial .Exceção: acareação (embora seja difícil). Ex: duas testemunhas
mentindo, desde que as duas combinaram a mentira.
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II- participação (aquele que colabora para pratica do verbo núcleo do tipo, embora não
o pratique):
1ª tese: crime de mão própria, portanto não admite participação,
2ª tese: exceção, suborno de testemunha pena superior; 3ª tese: suborno com mesma
pena.
Pessoas Sem Compromisso: informante (marido e mulher, pai e filho), não pode
cometer crime de falso testemunho, somente pessoas que prestam compromisso é que podem.
Se o juiz não faz advertência em audiência, a pessoa não comete o crime em análise.
Proibidas De Depor: Nos termos do art. 207 do Código de Processo Penal: “São
proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parteinteressada, quiserem dar o seu testemunho”.
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Falar A Verdade: Ainda que a testemunha conte a verdade dos fatos, se ela o fez por
ter ouvido de terceiros, e não por ter presenciado pessoalmente, estará cometendo crime de
falso testemunho, uma vez que não possuía o conhecimento direto do fato.
Crime Independente: Ainda que o réu seja absolvido do crime em que foi feito falso
testemunho, a testemunha ou o perito ainda poderão ser processados pelo crime de falso
testemunho.
Retratação (§ 2º): pode ser feita até a sentença ou no fim do procedimento no qual deu
o testemunho .Descaracteriza o ilícito. Poderá fazê-lo até o momento da sentença do crime em
que foi feito o falso testemunho. Porém, se o depoimento não se conclui por circunstancias
alheias à sua vontade, e acaba-se descobrindo tratar-se de falso testemunho, será caracterizada
tentativa.
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particular ou de terceiro, a autoridade pública, a parte ou outra pessoa que intervém nas lides
judiciais e administrativas.
Sujeito Ativo: Crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: O Estado.
Violência E Grave Ameaça: Trata -se de violência física exercida contra pessoa.
Não basta o emprego de ameaça. É necessário que seja grave, i. e., capaz de incutir
temor a um homem normal.
Esse, o mal prenunciado, pode ser justo ou injusto.
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Natureza Do Interesse: Não importa. Desde que tenha relação com o objeto do
processo, pode ser moral ou material. Exemplos: ameaçar o juiz para impedir a execução;
intimidar a mãe da vítima.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
embora legítima, s alvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, d e 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, o u multa, além d a pena
correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há em prego de violência,
somente se procede mediante queixa .
Sujeito Ativo: Crime comum, pode ser realizado por qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: O Estado.
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Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, menos o co -autor ou partícipe do delito
anterior.. Não há auto-favorecimento; No concurso de pessoas, se o partícipe prestar
auxílio aos outros, beneficiando-se também, não responde por este delito. Somente há
crime quando beneficiar apenas os comparsas.
Sujeito Passivo ; O Estado.
Elementos Objetivos Do Tipo Conduta: Consiste em prestar auxílio a autor de
crime com o fim de subtraí -lo à ação da autoridade pública.
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Omissão: O delito exige ação, não se configurando pela conduta negativa. Por
essa razão, não constitui o crime deixar de comunicar a ocorrência do delito à autoridade
policial.
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Sujeito Ativo: Crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa, com
exceção do participante do delito antecedente.
Sujeito Passivo : O Estado.
Co-Autoria: O legislador empregou a expressão no sentido amplo, abrangendo a
co-autoria propriamente dita e a participação.
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Art. 350 -Exercício arbitrário ou abuso de poder Art. 350 - Ordenar ou executar
medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com
abuso de poder: Pena - detenção, d e 1 (um) mês a 1 (um) ano.
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Sujeito Ativo: Por ser crime próprio, só pode ser o funcionário público que
exerce o cargo de carcereiro ou responsável por prisão ou estabelecimento destinado a
execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança detentiva (CP, arts. 96 e
98).
Sujeito Passivo: Estado e o indivíduo recebido ou recolhido.
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Sujeito Ativo: crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa (particular
ou funcionário público), menos pelo próprio preso ou internado (submetido a medida de
segurança). Este, ainda que induza ou instigue terceiro a lhe promover a fuga, não responde
pelo delito.
Sujeito Passivo : O Estado.
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Local Do Fato: Pode ser cometido intra ou extra muros, dentro ou fora de
estabelecimento prisional.
Omissão: Admite-se como meio de execução, desde que o sujeito tenha o dever
jurídico de impedir a fuga.
A Detenção Deve Ser Legal: É necessário que a pessoa esteja legalmente presa ou
submetida a medida de segurança. A expressão legalmente constitui elemento normativo do
tipo.
Se ilegal a prisão ou a submissão à imposição da medida de segurança, não há crime
por atipicidade do fato.
Tipo Culposo - Artigo 351, § 4º define um crime próprio, uma vez que só pode
ser come ido por "funcionário incumbido da custódia ou guarda". Inclui-se o oficial de
justiça que conduz o preso. A fuga pode ser executada pelo próprio detento ou
promovida por terceiro. Não havendo fuga, inexiste o delito. Assim, não há f alar -se
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em crime quando o carcereiro, por erro, liberta a pessoa errada (não ocorreu fuga).
Devem ser legais a prisão e a medida de segurança.
Preso Que Corrompe Guarda Para Fugir: Entendeu -se não cometer nenhum
delito, nem o de corrupção ativa, uma vez que a fuga sem violência física é fato atípico .
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Sujeito Ativo: Trata-se de crime próprio, só podendo ser cometido por preso ou
indivíduo submetido à imposição de medida de segurança detentiva.
Sujeito Passivo: Principal é o Estado.
Elementos Objetivos Do Tipo: Pune-se o fato quando o agente, preso ou inter nado,
emprega violência física para alcançar a liberdade.
Simples Fuga: Sem violência, não constitui delito, considerada conduta normal
(anseio de liberdade do indivíduo)..
Violência Contra Coisa E Grave Ameaça: Não são incriminadas. Ainda que a
ameaça seja exercida com arma. Mesmo havendo dano à coisa, hoje prevalece o
entendimento de que não há o delito do art. 163 do Código Penal.
Local Do Fato: O crime pode ocorrer intra ou extra muros ,dentro ou fora de
estabelecimento prisional ou de internação. O sujeito pode fugir de um edifício, de um
automóvel, de um lugar aberto etc.
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Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá -lo, do poder de que m o tenha sob
custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de 1 (u m) a 4 (quatro) anos, além da pena correspondente à
violência .
Sujeito Ativo: Crime comum, pode ser cometido por q ualquer pessoa, inclusive
o funcionário público.
Sujeitos Passivo : Principal é o Estado. De forma mediata, o preso arrebatado.
Objeto Material: É o preso, que o sujeito tira de quem o detém, à força, com o fim de
seviciá -lo.
Guarda Ou Custódia: Pode ser exercida por carcereiro, escolta policial etc.
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Prejuízo De Interesse: Não há crime quando não ocorre . Pode ser material ou
moral, mas concreto.
Deve ser produzido no curso do processo. Precisa ser legítimo. Não há crime
quando é prejudicado interesse ilegítimo, subsistindo apenas infração a dever profissional.
O prejuízo deve ser efetivo, não bastando o potencial.
Existência De Uma Causa Judicial: A traição precisa ocorrer "em juízo", como
diz o tipo, civil ou criminal.
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A "causa" deve ser a mesma, não sendo necessário que o f ato ocorra no mesmo
"processo" . Não há delito na atuação extrajudicial.
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Sujeito Ativo: Trata-se de crime próprio, somente podendo ser cometido por
advogado ou procurador judicial. Aquele deve estar inscrito na OAB.
Sujeitos passivos: Em primeiro lugar, o Estado; secundariamente, a pessoa
(física ou jurídica) a quem o comportamento causa dano.
Advogado em causa própria: Essa circunstância não afasta o crime.
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Pessoas Que Servem À Justiça : A lei expressamente cita as pessoas que servem
à justiça (juiz,jurado, órgão do Ministério Público, Funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha). O rol é taxativo, não podendo ser ampliado.
Qualificação Doutrinária
Na modalidade de solicitar, o crime é formal;
Na de receber, é material.
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