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1.1. Constitucionalismo
1. Conceito:
Em sentido amplo: Constituição dos estados. Não há Estado sem constituição, ainda que não
escrita.
DUDHC/1789, Art. 16: “Toda sociedade na qual não é assegurada a garantia dos direitos, nem
determinada a separação dos poderes, não possui Constituição.”
2. Evolução histórica
2.1) Constitucionalismo antigo (Antiguidade => Século XVIII) - neste período as constituições
eram costumeiras ou consuetudinárias. Alguns historiariadores não consideram esta fase.
2.1.1) Estado hebreu: é considerada a primeira experiência constitucional da história - por ser
um Estado teocrático,
2.1.2) Grécia: durante dois séculos a Grécia foi um Estado político plenamente constitucional -
adotou a mais avançada
2.1.3) Roma: foi uma retrospectiva da experiência grega, fornecendo conceitos importantes
como a res publica.
2.1.4) Inglaterra: Magna Charta (1215); Petition of Rights (1628); Habeas Corpus Act (1679); Bill
of Rights (1689), Act of Settlement (1701).
Embora não existisse na Inglaterra uma constituição escrita, além dos precedentes judiciais e
dos costumes contribuiu
com documentos importantes que compõem até hoje a constituição inglesa.
Exemplos:
- Magna Charta (1215): outorgada pelo rei João Sem-Terra, fruto de um acordo com os súditos;
- Habeas Corpus Act (1679); Bill of Rights (1689); e Act of Settlement (1701).
2.2) Constitucionalismo moderno (Século XIII => 2ª GM) - alguns autores afirmam que o
constitucionalismo surge nesta época, pois são criadas as primeiras constituições escritas,
formais, rígidas e dotadas de supremacia (TJ/SP 2015): surge no final do século XVIII com as
revoluções liberais voltadas à
Nesta fase foi institucionalizado, pela primeira vez, o Estado de Direito (Estado liberal)
Neste período, o Estado de Direito era liberal assim como as respectivas constituições. Após a
Revolução Francesa o Estado de Direito é institucionalizado com certo caráter geral, sendo
liberal.
=> Características:
I) Abstencionista: o Estado liberal não intervém nas relações econômicas e sociais (esfera
individual), prezando apenas pela segurança e defesa da ordem e segurança pública. Ideia de
estado mínimo, só cuida do essencial.
IV) Princípio da legalidade: surge com o Estado de direito, sendo aplicado à Administração
Pública e no âmbito individual.
Estado social
Com as constituições sociais surge um novo modelo de Estado, chamado de Estado social - que
é o resultado da transformação na estrutura do Estado Liberal. A principal diferenciação do
Estado social para o Estado socitalista é a adesão ao capitalismo.
- Características:
II) Papel decisivo na produção e distribuição de bens: o Estado liberal, ao contrário do Estado
social, atuava apenas onde não interessava à iniciativa privada.
III) Garantia de bem-estar social mínimo: por se preocupar com a garantia do bem-estar social
mínimo existe o modelo de Estado social chamado de “Estado do bem-estar social” (Well Faire
State), que busca assegurar o mínimo de condições necessárias para que o indivíduo possua
uma vida digna. O professor cita como exemplo o benefício de prestação continuada voltados
à pessoas com deficiência/idosas (LOAS), assim como o Bolsa Família recentemente
substituído.
Embora nos EUA a constituição sempre tenha sido tratada como norma jurídica, na Europa a
constituição era vista como documento essencialmente político (e não jurídico). Por este
motivo, a parte que tratava de direitos fundamentais não vinculava o legislador, pois cabia a
ele a concretização e implementação de tais direitos. Com o passar do tempo restou
constatado que as muitas violações aos direitos fundamentais se originaram do Parlamento,
ocasião em que a constituição passou a ser norma jurídica que vincula todos os poderes
(Executivo, Legislativo e Judiciário).
Desta forma, as constituições deixam de ter caráter político e passam a ter o caráter normativo
plenamente reconhecido. Atualmente, todo o conteúdo de uma constituição é reconhecido
como norma jurídica - obrigatória e vinculante a todos os poderes -, podendo ser norma
princípio ou norma regra.
O professor destaca que o mesmo ocorreu na América Latina após as ditaduras militares,
citando como exemplo a constituição brasileira e a previsão de juros de 12% ao ano já
revogada.
No Brasil este fenômeno ficou conhecido como judicialização das relações políticas e sociais:
questões adstritas ao âmbito político ou social passam a ser levadas ao Poder Judiciário.
Exemplos: partidos políticos menores que se buscam o Judiciário para derrubar leis aprovadas
pelo Congresso; pesquisas com célula tronco embrionária, aborto e aborto de fetos
anencéfalos ao lado de discussão sobre título brasileiro de 1987, guarda de cães etc.)
III) Eficácia horizontal dos direitos fundamentais (TJ/PR 2017): quando começaram a ser
previstos nas constituições os direitos fundamentais eram aplicados apenas nas relações entre
Estado e particular. Com o passar do tempo, constatou-se que também existia violação de
direitos fundamentais nas relações entre particulares e, como os particulares possuem relação
de coordenação na aplicação dos direitos fundamentais, esta foi denominada de eficácia
horizontal dos direitos fundamentais.
- Características:
I) Direitos fundamentais: a preocupação deixa de ser com sua consagração e passa a ser
principalmente com a efetividade dos direitos e seu aspecto material.
II) Limitação do Poder Legislativo: deixa de ser meramente formal e passa a ser também
material.
III) Democracia substancial: atualmente, a democracia não pode ser compreendida apenas em
seu aspecto formal (como sinônimo de premissa majoritária). A democracia substancial no seu
cerne abarca a vontade da maioria, mas também abrange a proteção aos direitos básicos de
todos, inclusive das minorias.
Exemplo: se a grande maioria da população brasileira fossem Testemunhas de Jeová não seria
possível a edição de lei proibindo a transfusão de sangue para todas as pessoas - violaria a
liberdade religiosa e a liberdade de escolha dos indivíduos; o mesmo aconteceria com a edição
de lei para criminalizar condutas homossexuais apenas porque a maioria da população
brasileira é heterosexual. Nem sempre a vontade da maioria é necessariamente democrático e
constitucional.
Poder Constituinte
Conceito: O Poder Constituinte é aquele encarregado pela criação de nova constituição ou pela
modificação de constituição já existente.
1.1) Natureza
- Concepção jusnaturalista: acima do direito positivo existe o direito natural que é eterno,
universal, imutável e delimita a atuação do poder constituinte originário.
- Concepção positivista: para esta concepção não existe nenhum outro direito além do direito
positivo e a norma suprema/originária é a constituição.
Para os positivistas o poder constituinte originário está acima do direito e, por este motivo,
se trata de poder político ou de fato.
I) incondicionado juridicamente pelo direito positivo, mas condicionado pelo direito natural.
II) permanente: o poder constituinte não se esgota com seu exercício porque permanece
existindo após a elaboração da constituição do Estado.
I) inicial: não existe outro poder antes ou acima do poder constituinte originário, que é o
responsável por dar início ao ordenamento jurídico - a constituição é norma suprema e
originária.
II) autônomo: cada ao poder constituinte originário deve estabelecer a ideia de direito que
prevalecerá no Estado (exemplo: se será federativo ou unitário, quais serão os direitos
fundamentais consagrados, o sistema presidencialista ou parlamentarista etc.).
A concepção positivista prevaleceu em muitos países nos últimos anos, ao passo que o
jusnaturalismo prevaleceu por determinado período à época das revoluções liberais - com a
consagração das constituições o direito natural foi se esvaziando porque seus princípios
passaram a ser consagrados nas constituições democráticas. Atualmente a visão não positivista
do direito vem ganhando força. Esta visão não se trata do jusnaturalismo - o jusnaturalismo é
uma das visões não positivistas do direito.
O professor destaca ser possível a adoção do entendimento de que o direito positivo possui
suas limitações e que este entendimento não gera de forma automática a existência de um
direito natural superior, eterno, universal e imutável, podendo ser adotado outros valores e
institutos limitadores do direito positivo - como o direito internacional.
Para a visão não positivista do direito, o poder constituinte tem limitações que variam de
acordo com a concepção adotada. Tais limitações são chamadas de limites materiais ou
extrajurídicos.
II) Valores éticos, sociais e políticos (TJ/SP 2017): como o poder constituinte originário é
titularizado pelo povo, a constituição deve possuir valores que correspondam à vontade
popular sob pena de ser ilegítima.
III) Direitos fundamentais consolidados: os direitos fundamentais que foram conquistados pela
sociedade, sobretudo aqueles que possuem relação direta com a dignidade da pessoa humana,
não podem ser objeto de retrocesso quando da elaboração de uma nova constituição -
princípio da proibição do retrocesso. Desta forma, a proibição de retrocesso é uma limitação
ao poder constituinte originário. Exemplo: a pena de morte não pode ser consagrada em nova
constituição brasileira, salvo em caso de guerra declarada por assim ser previsto no
ordenamento atual - a consagração da pena de morte para outras hipóteses seria retrocesso
ainda que realizada pelo poder constituinte originário.
O Art. 4º, §3º da CADH prevê que “não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que
a hajam abolido” - este dispositivo encontra fundamento na proibição do retrocesso.
No estado unitário não existe o poder constituinte decorrente por não existirem Estados-
membros. Da mesma forma, não existe poder constituinte decorrente nos Municípios.
2.1. Natureza
- Constituinte (Anna Cândida da Cunha Ferraz): para a autora o poder constituinte decorrente
é constituinte por constituir o Estados-membros
– Derivado (Celso Bastos); (MP/SC 2016): para o autor o poder constituinte decorrente é
derivado por decorrer da Constituição Federal. Este foi o entendimento adotado em prova do
MP/SC no ano de 2016, que denominou o poder constituinte decorrente de poder constituinte
derivado.
- Dupla (Raul Machado Horta): para o autor a natureza do poder constituinte decorrente é
dupla - é constituinte em relação ao Estado (por criar a constituição estadual) e constituído em
relação a Constituição Federal (por derivar de suas normas).
(TJ/DFT 2014) Existem dois dispositivos na CRFB/88 que consagram o poder constituinte
decorrente:
I) Poder Reformador (CRFB/88, art. 60): realiza alterações específicas na CRFB/88, especificas e
pontuais. Trata-se de via ordinária de revisão.
II) Poder Revisor (ADCT, art. 3º): realiza alterações gerais na CRFB/88. Trata-se de revisão
extraordinária.
A revisão depende de voto da maioria absoluta em sessão unicameral (mais simples que o
quórum necessário para a realização de reforma: ⅗ + dois turnos de votação em cada casa).
- ADCT, Art. 3º A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso
Nacional, em sessão unicameral.
A revisão da constituição após 05 anos foi prevista em razão do art. 2º do ADCT: a realização
de plebiscito para definição do sistema e da forma de governo poderia acarretar profundas
alterações no texto constitucional em caso de escolha do sistema parlamentarista ou
monárquico pelo povo.
Alguns autores afirmam que a revisão não deveria ter sido realizada por não ter ocorrido a
mudança imposta pelo plebiscito, que era seu fundamento.
Contudo, prevaleceu o entendimento de José Afonso da Silva: a constituição pode ser alterada
independentemente da mudança do sistema e da forma de governo.
É possível uma nova revisão constitucional? As normas do ADCT possuem eficácia exaurida ou
exaurível - perdem eficácia quando aplicadas ao caso por elas previstos. Desta forma, com
base no art. 3º do ADCT, não é possível uma nova revisão constitucional.
É possível a previsão de nova revisão constitucional por meio de emenda desde que exista
mudança profunda nas circunstâncias fáticas, destacando que o tema é controverso e que não
existe jurisprudência ou precedente do STF, mas apenas decisões que indicam o
posicionamento da Corte no passado – STF.
– ADI 981 MC: “Após 5 de outubro de 1993, cabia ao Congresso Nacional deliberar no sentido
da oportunidade ou necessidade de proceder à aludida revisão constitucional, constitucional, a
ser feita uma só vez”; - STF
– ADI 1.722 MC: “Ao Poder Legislativo, Federal ou Estadual, não está aberta a via da
introdução, no cenário jurídico, do instituto da revisão constitucional”.
3.2) Limitações
O poder constituinte derivado deve observar os limites estabelecidos pela CRFB/88 que são os
limites temporais, circunstanciais, formais e materiais.
Exemplo: A constituição de 1824 possuía limitação temporal porque nos quatro primeiros anos
não admitiu alteração. - CIB/1824, art. 174. “Se passados quatro anos, depois de jurada a
Constituição do Brasil, se conhecer, que algum dos seus artigos merece reforma, se fará a
proposição por escrito, a qual deve ter origem na Câmara dos Deputados, e ser apoiada pela
terça parte deles;”
- Poder Revisor: cinco anos. Embora no art. 3º do ADCT possua limitação temporal de cinco
anos para o poder revisor, o professor destaca que a CRFB/88 não possui limitação temporal
para o poder reformador, citando como exemplo a proposta de emenda apresentada no dia
seguinte de sua promulgação na tentativa abolir a pena de morte. Além disso, o professor
destaca que a limitação prevista no art. 60, §5º da CRFB/88 não se trata de limitação temporal,
mas sim de limitação formal - impede que matéria objeto de proposta de emenda rejeitada
seja apresentada novamente na mesma sessão legislativa.
3.2.2) Circunstanciais
- Poder Reformador:
- CRFB/88, art. 60, § 1º. “A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio;”
O professor cita que existiram duas intervenções federais após a promulgação da CRFB/88,
sendo uma realizada em 18/02/2018 no Rio de Janeiro e a outra em 18/12/2018 - durante as
intervenções não foi possível emendar a constituição.
- Poder Revisor: idem - embora não exista previsão específica de limitação circunstancial ao
poder revisor na CRFB/88, a doutrina entende que as limitações previstas no art. 60, §1º
devem ser aplicadas por analogia.
3.2.3) Formais
- Poder Reformador (CRFB/88, art. 60, caput e §§ 2º, 3º e 5º): as limitações formais podem ser
objetivas ou subjetivas.
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. (MP/SC 2013)
- Quórum de ⅗ em dois turnos de votação (60% votos dos membros de cada casa);
- Promulgação: pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (e não pelo
Presidente da República);
- Matéria de emenda rejeitada não pode ser proposta novamente na mesma sessão legislativa.
- CRFB/88, Art. 60, § 2º “A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros;
Obs.: A sessão legislativa é anual, está prevista no art. 57 da CRFB/881 e não se confunde com
legislatura - esta última tem prazo de 4 anos, existindo, portanto quatro sessões legislativas
dentro de uma legislatura (art. 44, parágrafo único, da CRFB/882).
Dentro das sessões legislativas existem os períodos legislativos, que são semestrais.
3.2.4) Materiais
- Definição: as limitações materiais proíbem modificações violadoras do núcleo essencial de
determinados princípios e institutos consagrados na norma. São as cláusulas pétreas.
I) Finalidades
- Preservar identidade material: algumas matérias não podem ser alteradas para que a
identidade da constituição não seja modificada. Exemplo: transformação em Estado unitário. A
forma federativa de Estado é considerada cláusula pétrea e confere identidade material à
CRFB/88, assim como ocorre com a separação dos poderes.
- Quando a CF se refere a Clausula pétrea, poderá indicar a expressão “Tendente a abolir” (CF,
art. 60, § 4º): a expressão em questão deve ser entendida no sentido de que a cláusula pétrea
não significa intangibilidade literal do dispositivo, mas sim a proteção do núcleo essencial dos
princípios e institutos nele consagrados.
CRFB/88, Art. 60, §4º. “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
- STF – ADI 2.024 MC/DF: “[...] de resto as limitações materiais ao poder constituinte de
reforma, que o art. 60, § 4.º, da Lei Fundamental enumera, não significam a intangibilidade
literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a proteção do núcleo
essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege.” Exemplo: o STF já se
manifestou no sentido de que o princípio da anterioridade eleitoral é cláusula pétrea ainda
que não previsto no rol do art. 5º porque se trata de garantia individual do cidadão. Contudo,
ainda sendo cláusula pétrea, o art. 16 da CRFB/88 já foi objeto de emenda.
Controle de Constitucionalidade
Conceito
É a verificação entre a compatibilidade dos atos normativos infraconstitucionais com a CF.
Hoje temos modernamente a teoria do duplo controle, pela qual, as teorias estatais, devem
ser analisadas através de um duplo prisma, se compatíveis com a CF, bem como com os
tratados internacionais de direitos humanos e jurisprudências das cortes internacionais de
direitos humanos. O primeiro controle é constitucional. O segundo controle é de
convencionalidade.
Uma CF rígida é aquela que contêm normas cuja aprovação e alteração dependem de
procedimento rígido em relação as demais normas do sistema.
Cabe, desde 1891, ao Poder Judiciário, e inicialmente era somente por meio do controle difuso
(via incidental).
Princípio da supremacia da CF
Isso significa que se um ato normativo inferior não respeitar a CF será inconstitucional, ou seja,
é invalido e não produz efeito algum.
Segundo Kelsen é preciso que imaginemos como um fundamento de validade da CF. como não
há nada de fato, Kelsen coloca no mundo abstrato, a norma fundamental, que seja o
fundamento de validade da CF.
Na década de 1950, a supremacia do Parlamento foi superada pela supremacia da CF, que é
maioria nos países atualmente. Restam ainda Reino Unido e Holanda, que ainda permanecem
com a supremacia do Parlamento.
Aspectos Históricos
Surgimento: 415 a.C.
Criado em Atenas, chamado de ação pública ou grafe paranomon.
Instituto pelo qual ajuizava-se uma ação pública contra lei no poder judiciário da Grécia antiga,
aduzindo que violava a Constituição da Politéia Grega.
Votava-se contra projetos de lei, que tinha sua votação suspensa; ou contra ação já votada.
Se declara constitucional, se um cidadão que ajuizou a ação por três vezes perderia seus
direitos políticos.
Mas, no julgamento do caso Marbury x Madson declarou-se inconstitucional uma lei, por meio
de controle difuso.
Constituição de 1891
Inaugura-se o controle de constitucionalidade no Brasil, através da via difusa.
Constituição de 1934
Mantem o controle difuso da CF de 1891, e trouxe importantes novidades:
Se o STF declarasse inconstitucional uma lei, o presidente poderia provocar o legislativo, para
que, em maioria de 2/3, validasse ou invalidasse a decisão, e a lei.
Constituição de 1946
Constituição editada em processo de redemocratização.
Cria pela primeira vez a ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade. Não inaugura o controle
concentrado de constitucionalidade, eis que havia a ADInterventiva já.
Não foi criada pela CF originalmente, mas por meio de Emenda - EC 16/1965.
Como funcionava? O PGR, único legitimado, ingressava com ADI de lei federal ou estadual
perante o STF.
Constituição de 1988
Manteve o controle difuso, a cláusula de reserva de plenário, a modulação dos efeitos pelo
Senado.
Criou, ainda, a ADI por omissão, no controle concentrado. No controle difuso, criou o mandado
de injunção.
Criou a Arguição de Preceito Fundamental – ADPF, art. 102, §único, CF, apreciada pelo CF.
Criou pela primeira vez a Ação declaratória de Constitucionalidade – ADC. Inicialmente havia
menor rol de legitimados para ingressar com a ADC que previa para a ADI, mas após, pela EC
45.
A ADC tinha refeitos vinculantes de origem, e a ADI não, somente indicada na Lei 9868/99.
Contudo, a EC 45 igualou os efeitos vinculantes.
A CF 1988 prevê um controle jurisdicional misto, ou seja, pelo controle difuso (juízes) e
concentrado (STF).
O STF é considerado corte constitucional em sentido puro? Não. Quando falamos em corte
constitucional entende-se que somente um órgão realiza o controle constitucional, contudo,
no Brasil os Tribunais podem faze-lo pelo controle abstrato. Por isso, entende-se que o STF não
é corte constitucional.
Há a mitigação da nulidade.
No controle difuso decorre de construção jurisprudencial, via analogia das regras previstas
para o controle concentrado.
Vide:
Lei 9868/99, art. 27. Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e
tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou
de outro momento que venha a ser fixado.
Lei 9882/99, art. 11. Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no
processo de argüição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal,
por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou
decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento
que venha a ser fixado.
Ex: Caso de Mira Estela/SP. Ação Civil Pública declarou inconstitucional a previsão de 11
vereadores na cidade, devendo ser aplicado o mínimo legal de 9, diante do tamanho do
município. Como os efeitos retroativo causariam prejuízo, definiu-se que os efeitos seriam ex
nunc, por analogia – RE 197.917/SP.
Controle concentrado: Para que haja modulação dos efeitos é necessária decisão por 2/3 do
STF – não é maioria absoluta, mas 2/3!!!
Atenção para as exceções para modulação de efeitos nos casos concretos: O STF entende que
basta maioria absoluta dos membros para modulação de efeitos em julgamento de Recurso
Extraordinário Repetitivo, em Repercussão Geral , e que não haja declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo . STF 638115, ED-RE. Atenção: não pode haver
declaração de constitucionalidade/inconstitucionalidade.
2. EC 57/2008. Previu que municípios criados por lei até dezembro de 2006, seriam
validados.
Art. 1º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido do
seguinte art. 96: "Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e
desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de
2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época
de sua criação."
Nosso sistema em regra não admite a constitucionalidade superveniente, pois esta não se
convalida! Contudo, há as duas exceções acima.
Não é aceita para os atos editados antes da CF de 88 e após a CF de 88, por fundamentos
diversos. Há, contudo, exceções.
Por isso, para que sejam consideradas inconstitucionais, é necessário que o ato normativo seja
editado após a CF de 88.
d) Possibilidade de ADPF
f) Igualou-se o rol de legitimados ativos para propositura de ADC, que se tornou igual
à ADI.
Ex: lei que disciplina salário de servidores acima do subsídio do ministro do STF – art. 37, XI, CF.
Ex: lei que restringe acesso ao concurso com base em sexo ou idade – art. 5º, caput, 3º, VII, CF.
Ex: lei que é aprovada mediante compra de parlamentares para voto e aprovação da lei.
Ex: Ação Penal nº 470 houve compra de votos para aprovação da reforma da previdência – nº
41/2003 e 47/2005, diante disso foram ajuizadas as ADIs nº 4888 e 4889, contudo, como havia
prova somente de 7 parlamentares subornados, houve improcedência, pois não alteraria o
resultado da votação, ante a ausência de prova de suborno dos demais.
Há projetos de lei que não se submetem ao CCJ? Sim. São: projetos de MP, decretos e
resoluções dos tribunais.
O que ocorre se houver rejeição pelo CCJ? O projeto de lei é arquivado. O controle do
CCJ tem caráter terminativo, pois encerra o projeto de lei, arquivando-o, mediante
despacho de Presidente do Senado, é o que prevê o art. 101, §1º, da Resolução do
Senado.
b) Pelo Poder Executivo: Veto Jurídico pelo presidente da república, que rejeita o projeto
de lei por razões de constitucionalidade.
O presidente pode impor também veto político, mas esta não é forma de controle de
constitucionalidade.
O poder legislativo pode afastar o veto jurídico? Sim, mediante alguns requisitos – ar.
66, §4º, CF.
i. Reprova-lo no prazo de 30 dias de seu recebimento;
ii. Análise do veto e rejeição em sessão conjunta da Câmara e Senado;
iii. Maioria absoluta dos deputados e senadores;
iv. A sessão deve ser aberta, não podendo ser secreta – EC 76/2013.
Posterior ou Repressivo
É o exercido sobre lei pronta e acabada, cujo processo legislativo encerrou-se.
É realizado pelo Judiciário, em regra. Excepcionalmente será feito pelos demais poderes.
Após a CF de 88: Após a CF de 88, ainda que de forma mais tímida, o STF permite-se o
controle de constitucionalidade pelo Executivo, mediante decreto, determinar aos
seus subordinados que deixem de aplicar determinada lei ou ato – ADI 221-MC/DF de
1993.
O STJ segue a mesma linha, mas de forma mais clara, conforme precedente Resp
23121/GO de 1993.
A sumula 347, STF nos leva a crer que o Tribunal de Contas poderia realizar o controle de
constitucionalidade.
Contudo, a atual jurisprudência entende que não, pois não são órgãos jurisdicionais, de modo
que não podem efetuar controle de constitucionalidade.
E no caso de estado que contrata funcionários com base em lei inconstitucional, o CNJ e TC
não podem fazer nada? Podem sim, deverão anular o ato de contratação dos funcionários.
Além disso, poderá deixar de aplicar a lei inconstitucionalidade.
Ex: TJPA editou ato administrativo nomeando 100 assistentes, sem a realização de concurso
público. O CNJ determinou que o TJPA suspendesse o ato de contratação, contrário a
constituição. Pet. 4656. STJ, Plenário.
Quadro Sintético
Controle de Constitucionalidade quanto ao Órgão Exercente
Controle Político
Exercido por um órgão ou instituição que não faz parte de nenhum dos poderes do Estado. Ex:
na França quem faz o controle de constitucionalidade é órgão especifico, externo aos três
poderes, chamado Conselho Constitucional, composto por 9 conselheiros e os presidentes
anteriores são membros natos.
Segundo José Afonso da Silva: É o exercido por instituição politica, por poder do estado, desde
que não seja o Poder Judiciário.
Adotando o primeiro conceito, pelo qual o controle politico não faz parte dos poderes do
estado, o Brasil não faz controle politico.
Mas, pela segunda teoria, de José Afonso da Silva, o Brasil faz controle político, pois:
Controle Jurisdicional
É a regra no Brasil, exercido pelo Poder Judiciário.
No Brasil o Controle jurisdicional judiciário é misto, eis que realizado de forma concentrada e
abstrata.
Além disso, o modelo regra no Brasil é o repressivo, eis que realizado sobre lei pronta e
acabada.
Controle Híbrido
Algumas normas tem constitucionalidade controlada por órgãos políticos, e outras pelos
órgãos jurisdicionais.
Quadro Sintético
Não basta a aplicação do raciocínio logico jurídico dedutível, para obter a conclusão da legal.
Pelo método tópico a análise inicia-se no problema, para então amoldar à lei geral e à
constituição. Ou seja, a análise parte da realidade da vida.
A norma jurídica pelo positivismo há somente a lei posta pelo Estado, mas o método tópico
leva em consideração a realidade, fatos históricos, e sociedade como um todo.
Leva em consideração:
O idealizar do método é o jurista alemão, Fredrich Muller, segundo o qual o texto normativo é
apenas a ponta do iceberg. A norma não é apenas o texto normativo, mas pedação da
realidade social.
A norma não se confunde com o texto normativo, mas elemento da realidade social. É método
considerado, por isso, concretista.
Fatos legislativos são os dados fáticos que o legislador leva em consideração para redação da
norma. Ex: lei que permite uso de determinado medicamento para combate da Covid 19,
contudo, este medicamento é demonstrado pela ciência como prejudicial à saúde humana, e
não tem efeito para o tratamento, assim, a norma poderá ser considerada inconstitucional, se
além disso, violar a CF.
Prognoses legislativa é a previsão fática feita pelo legislador, para elaboração da norma.
Se esta prognoses for considerada incorreta e violadora da CF, poderá ser considerada
inconstitucional a norma.
Ex: lei alemão que pretendia controlar a quantidade de farmácias na Alemanha, em razão da
prognoses de que caso houvessem muitas farmácias, haveria disseminação na venda de
medicamentos, e doença para os alemães. Essa prognoses foi verificada como falsa,
comparando com países semelhantes, e por isso, considerada inconstitucional.
Em razão desta o STF julgou e reconheceu esta situação, e determinou algumas providenciais
para amenizar esta situação, foram:
Inconstitucionalidade Circunstancial
Fenômeno mediante o qual um ato é no geral constitucional, mas em determinadas
circunstancias é inconstitucional.
É o caso, de, nos termos lei, inclusive do MP, que proíbem a concessão de liminares contra o
poder público. O STF entendeu que estas previsões são constitucionais, mas em determinados
casos são inconstitucionais. Ex: servidor ingressa com ação para reintegração em sua função,
nas qual não poderá pleitear liminar, eis que vedada por lei, contudo, neste caso a vedação de
pleito de liminar é inconstitucional.
Uma lei é em geral válida, mas deixa de ser aplicada em situações específicas.
Toda cláusula que apresenta uma exceção, indicando “a menos que”, nas quais
excepcionalmente não será prevista.
Lei de 1950 que declara prazo em dobro para a defensoria pública. No Processo Penal não há
prazo em dobro para nenhuma parte, por isso, há discussão sobre a norma. O STF decidiu que
esta norma é constitucional diante da ausência de estrutura e organização da DP, mas a partir
da organização da DP como o MP, não será mais constitucional esta norma. Diante do ano de
redação da norma, o mais adequado seria a não recepção progressiva.
Ação civil ex delito, para apurar indenização civil em razão de delito penal. O CP prevê que
compete ao MP propor a ação neste caso, contudo, hoje o legitimado para atuar em nome dos
hipossuficientes é a DP. Como a DP não tem aparelhagem adequada para atuar da forma
correta, hoje esta norma é constitucional, contudo, assim que a DP estiver adequadamente
aparelhada, esta norma será inconstitucional. Atenção: Novamente, diante do ano de redação
da norma, o mais adequado seria a não recepção progressiva. RE 147.776/SP, STF.
Controle Concentrado
Limita-se a um ou a pouquíssimos órgãos do poder judicial.
Critério Formal
O importante não é quem realiza o controle, mas a forma.
A doutrina critica esta denominação, uma vez que a inconstitucionalidade pode estar também
nas peças de defesa, não somente na petição inicial.
2. O controle concentrado é realizado pela via principal ou abstrata, pois não é causa de
pedir, mas o pedido. É realizado pelo STF e TJs. Não se relaciona com um caso
concreto. Ex: ADI. É experencia derivada do sistema austríaco.
É possível controle concentrado pela via incidental? Ou seja, colocado como causa de pedir?
Sim. Há situações em que o STF julga originariamente uma demanda, por exemplo, HC de
ministro de estado, e, se nesta demanda tiver como causa de pedir a inconstitucionalidade de
ato normativo, haverá controle concentrado pela via incidental.
Outro exemplo é: A Mesa da Câmara dos Deputados detém informações sobre Joana, que as
solicitada. Contudo, a Mesa da CD denega o pedido. Assim, Joana ingressa com Habeas Data
perante o STF, tendo como causa de pedir a inconstitucionalidade de ato normativo. Assim,
pode ser realizado de forma concentrada o controle de constitucionalidade pela via incidental.
Controle Difuso
Aspectos Históricos
Após a questão do grafe paranomon, na Grécia antiga, houve importantes questões históricas
nos Estados Unidos, com destaque para o caso Caso Marbury x Madisom, julgado em 1803.
Na época os EUA eram uma colônia inglesa, prejudicada pelas leis da Inglaterra, e buscavam su
independência. Por isso, a constituição dos EUA visava proteger os EUA das regras inglesas. A
Constituição americana é de 1787, e tem por objetivo ser um instrumento superior às regras
inglesas.
Por 4 anos a Constituição passou por processo de ratificação, em razão dos contrapontos entre
os federalistas e os contra federalistas, que queriam manter a independência dos Estados.
Contudo, foi aprovada.
A ideia de controle de constitucionalidade foi proposta por Hamiltom, que indicou que a
Constituição seria superior às demais leis, bem como a possibilidade de controle difuso dos
atos normativos, em relação a CF, pelo Poder Judiciário.
John Adams perdeu a eleição para Thomas Jefferson, mas para manter-se no poder, John
Adams conseguiu a aprovação de uma lei que previa que o ex-presidente nomearia juízes de
paz.
No último dia de seu mandato, John Adams aprovou a lei e pediu que John Adams levasse a
carta de nomeação dos juízes de paz, mas não houve tempo para enviar a todos, e alguns
acabaram não sendo nomeados. Entre os não nomeados estava Marbury, do caso Marbury x
Madisom.
Na sequência, Thomas Jefferson toma posse, e seu secretário James Madisom. Thomas
Jefferson determina que Madisom não levaria as cartas de nomeação dos demais juízes de paz,
ou seja, de Marbury.
Assim, Marbury ingressa com uma ação, um Writ of mandamus, equivalente a um MS, em face
de Madisom, para que Marbury fosse nomeado em seu cargo, em face da omissão do
secretário do Estado.
Havia a possibilidade de se ingressar com ação cível em face de secretário de estado? Havia a
previsão de lei indicando a competência da Suprema Corte para julgar este caso, mas a
Constituição era omissa sobre o tema, e não havia previsão da ação para tal pretensão.
O juiz que julgou foi o Marshall, que havia nomeado os demais juízes de paz, pois Thomas
Jefferson disse que no caso de ser concedida a nomeação de Marbury, Jefferson ingressaria
com processo de impeachment contra os Juízes de Suprema Corte nomeados pelo antigo
presidente Adams havia indicado.
Essa foi a primeira análise difusa de constitucionalidade, em razão de lei incompatível com a
CF.
Temos ai o Judicial Review, pelo qual qualquer juiz poderá julgar a inconstitucionalidade de lei.
Noções Gerais do Controle Difuso
Revisão de conceitos importantes:
Se aplica no controle difuso e concentrado de inconstitucionalidade – art. 97, CF, e art. 23, Lei
8968.
“XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício
das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno,
provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal
pleno;”
O Plenário não julga a demanda, mas somente o incidente de constitucionalidade, sendo após
o julgamento, que proferido um segundo acordão, mas, após, a lide remetida ao órgão
fracionado.
É possível que o Estado ingresse com Resp, em face do julgamento do recurso de apelação.
O prazo para interposição de RE, assim como o instrumento recorrido, é o terceiro acordão,
que julga definitivamente a demanda. É da publicação deste que se conta o prazo recursal.
Não é do segundo acordão!! Essa é a previsão da Súmula 513, STF.
Quando o órgão fracionário, porém, indica que o ato normativo não se amolda ao caso,
afastando a aplicação total ou parcialmente de uma lei no caso concreto, através de
interpretação legal, não há ofensa a cláusula de reserva de plenário, vez que esta função
interpretativa incumbe a todos os órgãos do poder judiciário. STF, RCL 41275/2021, Ministro
Ricardo Lewandowski.
Exceções de aplicação da Cláusula de Reserva de Plenário
Há situações em que, por segurança jurídica, econômica processual, exigirão do órgão
fracionário a decisão da matéria, ainda que verse a respeito de inconstitucionalidade do ato
normativo.
Questão já decidida pelo Plenário do Tribunal Plenário já decidiu em lides passadas – art. 949,
§único, CPC e RE 190.727/PR, STF.
Questão baseada em sumula vinculantes do STF: quando for alvo de sumula vinculante do
STF. Rcl 10064/2014, STF.
Questão objeto de sumula não vinculante do STF: alvo de sumula não vinculante do STF – ARE
914045/2015, STF e 97, CF.
Questão já decidida por duas turmas do STJ: Quando a matéria da inconstitucionalidade já foi
decidida anteriormente por duas turmas do STF – AI, AgR 607616/2010, STF.
Atenção: Não é necessário que haja identidade da matéria do que foi alvo de decisão do STF,
TJs ou Plenário, basta que seja parecida, ou seja, que verse sobre a mesma tese de
inconstitucionalidade, para dispensa da Cláusula de Reserva de Plenário – STF, AI 607615,
Agr e STF, re 578.582, AgR.
Questão que verse sobre normas pré-constitucionais, não recepcionadas pela CF de 88: no
caso de matéria não recepcionada pela CF de 88, ou seja, seja incompatível com a CF, é
possível dispensar a cláusula de reserva de plenário – STF, Plenário, Rcl 14307, AgR, 2014.
Decisões dos Colégios Recursais, ou seja, colegiados dos Juizados Especiais: Como a Cláusula
97, CF prevê somente que os tribunais submetem-se a Cláusula de Reserva de Plenário, no
caso dos Colégios Recursais, não há submissão à esta norma. Portanto, podem decidir sobre a
inconstitucionalidade – STF, 2ª Turma, RE, AgR 792562 de 2014.
Decisões de juízes singulares: na mesma linha acima, não sendo Tribunal, não se submete à
cláusula de reserva de plenário. STF, 1ª Turma, HC 69921/1993.
Órgãos administrativos de controle, como TC, CNJ, CNMP : quando o STF, de forma reiterada,
ou o Plenário, de forma reiterada, já decidiram sobre a inconstitucionalidade de ato
normativo, dispensa-se a cláusula de reserva de plenário – STF, MS 26739/SF, 2016.
Lembrando que órgão administrativo não pode declarar inconstitucionalidade, mas deixar de
aplicar norma que entenda como inconstitucional. Nestes casos, submetem-se a Cláusula de
Reserva de Plenário!!! STF – Pet 4656/2017. Não é só cláusula de reserva de plenário. É
necessário que a decisão seja pela maioria absoluta dos membros – STF Plenário, Pet
4656/2017.
Caso fale-se em não recepção, estando esta constitucional sobre a égide anterior, dispensa-se
a cláusula de reserva de plenário.
a. Juízes: Os juízes e juízas de primeiro grau tem competência originaria para promover o
controle difuso de constitucionalidade, o que significa que não poderão fazê-lo em
grau recursal. Não há também competência para realizar o controle concentrado de
constitucionalidade.
b. Tribunais: Os Tribunais podem fazer o controle difuso incidental e em competência
originária. O STF, STJ, TJs, TRFs, TSTs, etc podem fazer controle difuso de
constitucionalidade incidental.
Competência Recursal no STF: No geral fazem controle recursal por meio do RE, mas podem
fazê-lo através de outro recurso.
O STF poderá realizar o controle difuso em sede recursal no caso de recurso extraordinário,
mas também em recurso ordinário. Isso porque o STF poderá julgar recurso ordinário
interposto em sede de HC, HB, MS, mandado de injunção, se denegatória a decisão – art. 102,
II, CF.
Controle difuso na competência recursal pelo STJ: recursos ordinários julgados pelo STJ,
previstos no art. 105, II, “a” e “c”, CF, ex: HC denegatório dos TJs.
A terceira corrente prevê que o STJ pode fazer controle difuso de forma abrangente,
independentemente de haver RE interposto ou não, sendo o STF também habilitado a decidir
sobre a questão – STF, AI 172527 AgR, 1996. O que não poder, somente, é ingressar com Resp
com base na violação constitucional, deverá fazê-lo alegando violação de lei federal,
observando o cabimento do recurso.
Contudo, em 2014, a mesma segunda turma do STF, entendeu que exigível à todos tribunais o
julgamento com reserva de plenário para controle difuso, conforme 97 e 92, CF – ARE 792562,
STF, 2ª Turma.
No ano de 2014, uma prova da Banca Cesp, aplicou o referido entendimento mais recente, de
observância à cláusula de reserva de plenário pelo STF, caso a questão não tenha sido
submetida ao Plenário inicialmente.
Síntese:
Em 2017 uma questão da FCC indicou que havia precedente de que o STF não se submeteria a
reserva de plenário.
O STF entende que a cláusula de reserva de plenário aplica-se também aos atos concretos do
poder público, haja vista que a característica por excelência do controle difuso é julgar casos
concretos, de forma que deverá ser admitida a cláusula de reserva de plenário sobre os atos
concretos do poder público, aplicando-se o artigo 97, CF.
Inconstitucionalidade arguida por Tribunal mas irrelevante para o julgamento – opter dictum
Neste caso, sendo a inconstitucionalidade arguida somente como retórica pelo Tribunal,
reforçando os motivos do julgamento, não se aplica a cláusula de reserva de plenário.
Precedente de Mira Estela: Mira Estela é um pequeno município que previu que teria
11 vereadores, sendo a base constitucional de 9 a 21, a depender do tamanho do
município. Eleitos os 11 vereadores, ingressou-se com pedido de declaração de
inconstitucionalidade do ato. O STF julgou inconstitucional, mas para segurança
jurídica, aplicou efeitos pro futuro, admitindo que durante o mandato fosse mantidos
os 11 vereadores – Plenário do STF, RE 197917, 2022. Ou seja, as eleições realizadas
não foram anuladas, por segurança jurídica.
Qual quórum para modulação de efeitos pelo STF em declaração de inconstitucionalidade??
2/3 da maioria dos membros do STF , conforme art. 27, lei 9868/99 e art. 11, 8882/99. É o que
preveem os precedentes RE 567985 e RE 580963, ambos de 2013, em RE com repercussão
geral 5846453 de 2013.
Atenção: se somente 2/3 da totalidade dos membros do STF poderá modular os efeitos,
somente o Plenário poderá faze-lo, por consequência logica. Além disso, quando a
proximidade do instituto com a declaração de constitucionalidade exigiria que esta fosse
realizada somente pelo Plenário, haja vista que seja para declarar a inconstitucionalidade,
ou para definir os limites desta, competirá ao Plenário faze-lo, dada a afetação resultantes
desta – STF. AI 417014 de 2006.
Para que a decisão passe a aplicar efeitos à terceiros – art. 52, X, C: o STF comunica o Senado
Federal, que edita uma resolução, suspendendo no todo ou em parte do ato normativo, que
tem competência privativa para editar esta resolução, que passa a ter efeitos erga omnes –
contra todos.
Deixa de ser concreto, somente atingindo às partes do processo, mas um grupo de pessoas
que não podem ser dimensionadas.
O Senado, após evolução social, passa a ter mera função de ampliar a publicidade da norma.
Críticas à objetivização:
Reclamação contra decisão de juiz da execução que negou a progressão de regime em crimes
hediondos – STF, Rcl 4335/AC, 2014, considerando inconstitucional o artigo 2º, §1º, da Lei dos
Crimes Hediondos, em linha do que fora decidido no HC 82.959.
Os demais ministros não concordaram com a tese, mas a Rcl ainda assim foi julgada
procedente.
A sumula vinculante 26, STF foi editada no mesmo sentido, sobre a inconstitucionalidade da
vedação de progressão de regime.
Contudo, a decisão de Gilmar Mendes foi no sentido de que seria dispensável a edição de
resolução pelo Senado Federal, sendo esta com fim somente de aumentar a publicização da
decisão, conforme ADI 3470, de 2017.
2º momento
Julgamento conjunto da ADI 3406/RJ e da ADI 3470/RJ, em 2017, pelo Plenário do STF.
O objeto destas ADIs era a declaração de inconstitucionalidade das leis estaduais que proibiam
a fabricação, extração e comércio do amianto.
Ainda, indicou que o Senado Federal somente ampliaria a publicidade da decisão, não sendo
necessário que o Senado suspenda a lei.
É possível, inclusive, no âmbito estadual, diante do principio da simetria, sendo possível que o
Senado Federal o faça com relação a leis estaduais.
Tem efeitos ex nunc, a partir da resolução, para todos, operando, com relação a administração
pública federal, direta e indireta, efeitos ex tunc.
O Senado tem discricionariedade política, não estando obrigado a editar a resolução para
ampliar os efeitos da decisão.
O Senado não pode revogar a resolução para que a lei volte a ter efeitos, tendo exaurido sua
competência através da publicação da resolução. Para que a matéria volte a ter efeitos é
necessário editar nova lei sobre o tema.
É destinado a dirimir somente uma questão constitucional, não havendo litigio entre partes
definidas (autor e réu).
A finalidade básica é a defesa da supremacia da CF. Há uma lei ou ato normativo cotejado com
a CF, sem uma disputa concreta.
ADPF incidental
Para que se ingresse com ADPF incidental, é necessária a existência de derivar de casos
concretos anteriores, sobre a questão.
Há quem alegue, por isso, que a ADPF incidental seria uma mistura de controle difuso e
incidental, porque, embora hipótese de controle concentrado, por decidir casos concretos,
com efeitos erga omnes. Trata-se de corrente minoritária
Contudo, não há que se falar em controle abstrato, mas controle concentrado, quando fala-se
em ADPF.
Conforme decidiu o STF, a natureza da ADPF embora tenha como requisito a existência prévia
de casos concretos sobre o tema, tem natureza de controle abstrato, que atinja todas as
pessoas, sem vincular-se a caso concreto. Sua decisão deve atingir a todos, e vincular-se a eles.
São ações em que veicula-se questão abstrata objetiva da defesa de CF, verificando se ato
normativo obedece o disposto na CF. Isso gera consequenciais fundamentais. São:
a) Ministro do STF pode invocar razões de foro intimo para não participar de ação de
controle concentrado (STF, ADI 3345, e ADI 6362). Nestas hipóteses, para garantir a
independência do magistrado, ele deixa de revelar a razão, indicando trata-se de razão
de foro íntimo.
b) Quando já participou antes do processo, como PGR ou AGU, antes de ser ministro do
STF – vide ADI 4, 2231, 2258 e 4125.
Diverso se passaria em uma ação de reparação de danos morais, por exemplo, em que se pode
desistir antes mesmo da citação da outra parte, ou após, desde que haja concordância do réu –
art. 485, IV, CPC.
Ministro do STF que participa do TSE e edita resolução
Não há impedimento ou suspeição, a inda que o Ministro tenha participado da edição da
resolução, vez que o critério do julgamento é objetivo, e visa a análise da constitucionalidade
da norma.
Acaso se tratasse de julgamento subjetivo, não é possível o julgamento, conforme artigo 144,
II, CPC.
Intervenção de terceiros
Não se admite, em regra, intervenção de terceiros, pois trata-se de processo objetivo, em que
não há terceiros interessados, não cabendo naturalmente intervenção de terceiros, como por
exemplo a oposição. STF Plenário, ADI 1350, de 2005.
Contudo, admite-se a assistência dos demais legitimados ativos. Isso porque se pode mais
(ingressar com a ação), também pode menos (atuar como assistente). (STF Plenário, ADI 807-2,
de 1993)
O Presidente ingressa com uma causa de pedir, mas o STF pode julgar indicando mais
descumprimentos da CF, não estando vinculado aos fundamentos indicados como causa de
pedir.
Somente a causa de pedir é aberta, o pedido não é. Logo, somente pode decidir que a lei
indicada é inconstitucional, e não outras. Isso decorre do princípio da especificação das
normas – ADI 561-MC, de 2001.
Isso porque atua como fiscal da CF, podendo opinar livremente, seja pela constitucionalidade
ou inconstitucionalidade.
Atuará no controle concentrado em geral, mas especialmente nas ADIs, pois deve atuar nas
ações de inconstitucionalidade em tese.
Portanto, das ADIs terá obrigatória participação. Mas e nas demais? Vejamos:
a) ADC: pela primeira corrente não deverá atuar, já que não há pedido de
inconstitucionalidade. Mas, pela segunda corrente, deve atuar, porque ADI e ADC são
ações dúplices, de forma que, se improcedente a ADC equivalerá a
inconstitucionalidade. De modo que, sendo possível a declaração de
inconstitucionalidade, essencial a participação do AGU.
b) ADO: atuação facultativa – art. 12-E lei da ADO. Isso porque não trata de
inconstitucionalidade de norma.
c) ADPF: atuação facultativa – art. 5º, §2º, da lei de ADPF. Isso porque não trata de
inconstitucionalidade de norma.
A atuação do AGU na ADI/ADC visa produzir decisão mais justa, através de quem defenda a
constitucionalidade, e forneça maior substrato fundamental ao STF no julgamento.
E se o AGU antes atuou como autor da demanda, ou em momento diverso tenha atuado da
parte contrária, como PGR, pro exemplo. Caso o ato normativo seja realmente
inconstitucional, o AGU poderá sim manifestar-se pela inconstitucionalidade
excepcionalmente. Ainda poderá faze-lo na hipótese do STF já ter se manifestado sobre a
constitucionalidade.
Hoje a posição do STF é que ele deve se manifestar pela inconstitucionalidade somente se o
STF já houve se manifestado neste sentido antes. Nos demais deverá defender a
constitucionalidade.
No caso de ato emanado dos estados, a PGE deste estado deverá se manifestar também pela
constitucionalidade do ato.
Ex: Nas ADPF 132/RJ e ADI 4277 discutiam o reconhecimento das uniões homoafetivas e
admitiu o ingresso do IBDFAM como amicus criae.
Em regra, não de admite intervenção de terceiros nas ADIs, conforme artigo 9º, Lei 9868/99.
Porem, é cabível na ADI, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos, desde
que haja:
a) Relevância da matéria;
b) Representatividade dos postulantes.
O artigo 7º da lei 9869/99 previa um prazo para manifestação do amicus curiae, contudo, este
artigo foi vetado pelo Presidente, de forma que até o julgamento da ADI poderia haver
ingresso do amicus curiae. Contudo, o STF passou a entender que até a liberação da pauta
para julgamento da ADI, poderá o amicus curiae intervir.
O amicus curiae poderá fazer sustentação oral – RISTF, art. 131, §3º.
O amicus curiae não poderá formular pedido, ou adita-lo, que somente poderá ser delimitado
pelo autor.
Nas demais ações não cabe expressamente amicus curiae mas prevalece entendimento de que
a intervenção do amicus curae é possível para ampliar o debate.
Natureza jurídica
Pessoas físicas ou naturais podem ser amicus curiae – art. 138, CF.
Recurso
O relator, por despacho irrecorrível, poderá admitir a intervenção de amicus curiae.
O amicus curiae também poderá recorrer contra decisão que julgar o incidente de demanda
repetitiva – art. 138, §3º, CPC.
Audiências Públicas
É possível, no caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstancia de fato, ou
na hipótese de notória insuficiência das informações existentes nos autos, que o relator fixe
data para realização de audiência publica, para ouvir pessoas com entendimento sobre a
matéria, ou seja, especialistas sobre o tema discutido.
Ex: julgamento da ADI 3510, sobre utilização de celular tronco embrionária para pesquisas.
Pode ser objeto de controle
Ato normativo: dotado de generalidade e abstração, já que não se aplica a um caso concreto;
dotado de autonomia jurídica, pois possui prerrogativa de inovar a ordem jurídica; dotado de
impessoalidade, pois não atinge pessoa específica. Ex: leis: MP, decretos.
Atos concretos não normativos: podem ser objeto de controle, ainda que não sejam dotados
de generalidade, abstração, autonomia jurídica e impessoalidade. Ex: determinação e prisão
inconstitucional por autoridade judicial ou polícia; omissão no Estado na prestação de saúde
que estava obrigado na CF.
Derivam da pirâmide normativa de Hans Kelsen, pela qual temos a CF como parâmetro
superior, e abaixo as lei, e depois ainda, os atos do Poder Público.
Bloco de Constitucionalidade
Conforme acima, a CF é parâmetro de validade para os atos normativos e concretos do poder
público, de acordo com a pirâmide kelsiana.
Tem origem na França, criado pelo jurista Hauriou, que criou o chamado “bloco de legalidade,
ou “bloco legal”. O leading case sobre o caso foi decidido no conselho constitucional da França,
e decidiu que o bloco legal abrangia não somente a CF de 1950 vigente, mas também a CF
anterior, e a Declaraçã Universal de Direitos do Homem e Cidadão. Ou seja, adotou-se a teoria
ampliativa do bloco de constitucionalidade, que contempla normas constitucional formal
(aprovadas desta forma) e materialmente constitucional (constitucional em matéria, mas que
não foram alvo de votação como a CF).
Pela teoria restritiva do bloco constitucional, somente são aceitas as normas formalmente
constitucional.
No Brasil adotou-se a teoria restritiva, mas para o STF, estas não se limitam à CF, havendo
outras que integram o bloco constitucional, são:
Preambulo da CF
O preambulo da CF é tido como função interpretativa à CF, mas não tem força normativa, por
isso, não integra o bloco constitucional – STF, ADI 2076/2002.
Normas Constitucionais
Normas Constitucionais interpostas não são parte do bloco constitucional, segundo o STF.
Ex: Art. 5º, XII, CF – “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal”.
É o que prevê o STF Plenário ADI 2122 e ADI 2344, ambas de 2000.
Prevista no artigo 97, CF, de forma ampla, indicando que aplica-se sempre no controle de
constitucionalidade.
A ADI 7464 sobre o ICMS sobre os combustíveis admitiu-se a possível celebração de acordo.
No caso do controle concentrado não se aplica esta disposição, do artigo 92, CF, de modo que
nunca houve discussão sobre a efetividade da decisão do STF neste caso.
Origem
Criada pela EC 16/1965, à constituição republicada de 1946, com nome de Ação Genérica de
Constitucionalidade.
Importância
É a principal ação de controle concentrado, e aplica-se como norma geral aos demais casos de
ações de controle concentrado.
STF como legislador negativo
Legislador positivo é aquele que cria a lei e a insere no ordenamento jurídico. Esse papel é
fundamentalmente do Poder Legislativo.
Por isso, a função do STF é contramajoritária, pois retiram e invalidam a lei que foi criada pela
atividade majoritária, da maioria do povo, exercida pelo Legislador.
O STF tem o dever de proteger a CF, por isso, pode realizar a função contramajoritária.
Antes da CF de 1988 o único legitimado ativo era o Procurador Geral da República, pela CF
autoritária de 1967. Ocorre que o PGR era nomeado pelo presidente da república, de forma
que havia um rol muito restrito de legitimados.
a) Presidente da república;
b) Mesa do senado federa;
c) Mesa do câmara;
d) mesa da assembleia legislativa (ou seja, dos Estados), ou câmara legislativa do DF;
e) governador dos estados ou do DF;
f) PGR;
g) Conselho nacional da OAB;
h) Partido politico com representação no CN;
i) Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional;
Por isso, o STF decidiu que pessoas estranhas ao rol taxativo não podem propor ADI – STF, ADI
5957.
Central sindical pode propor ADI? Não. STF Plenário, ADI 4913.
Pertinência Temática
Pertinência temática trata-se da correlação entre os objetivos institucionais do legitimado
ativo e a norma impugnada na ADI.
Ex: confederação sindical só pode ingressar com ADI em face de norma que tragam efeitos aos
trabalhadores.
São:
Presidente da república;
Mesa do senado;
Mesa da câmara;
PGR;
Conselho da OAB;
Partido de representatividade no CN.
São considerados legitimados universais pois todos tem como missão a defesa da CF.
Presidente de República
O Vice presidente da república ou vice governador não podem ingressar com ADI, exceto se na
posição de presidente ou governador.
O presidente pode ajuizar ADI na hipótese de sanção desta lei? Pode, não há
incompatibilidade, segundo o STF. Pode ser ajuizada pelo mesmo presidente ou por outro.
São eleitos pelos Senadores, a cada 2 anos, na sessão do dia 1º de fevereiro – art. 57, §4º, CF.
É composta pelo presidente, vice e 4 secretários.
Chefe do MPU, indicado entre os Procuradores da república, acima dos 35 anos, conforme
128, §1º, CF, dependendo da aprovação da maioria absoluta do Senado Federal. Pode ser
reconduzido ao cargo.
O PGR, além de ser um legitimado ativo, tem o dever de, antes do julgamento da ADI,
apresentar parecer sobre a inconstitucionalidade do ato normativo.
Ele pode ajuizar uma ADI e após, em seu parecer, livremente, indicar a constitucionalidade da
norma. O PGR não fica vinculado a indicar a inconstitucionalidade. Há liberdade de
manifestação plena.
Isso implica na desistência da ADI? Não! Pois há previsão expressa que veda a desistência – art.
169, §1º, RISTF e art. 5º, lei 9868/99.
Porque além se atuar na fiscalização da atividade dos advogados, o conselho federal da OAB
exerce a função de defesa dos direitos humanos e da democracia, em decorrência da história.
Durante a ditadura militar, o advogado que mais fez a defesa de presos políticos foi o Dr.
Modesto da Silveira. Em razão disso, em 1972, na Declaração de Curitiba, a OAB passou a ter
uma postura firma contra a ditadura militar, visando o reestabelecimento da democracia.
Atenção: Somente o conselho federal da OAB pode propor ADI, os órgãos seccionais da OAB,
por exemplo, não podem fazê-lo.
O órgão do partido com legitimidade para propor ADI é o Diretório Nacional, e não o Diretório
Regional, ou Executiva Regional, conforme STF Plenário, ADI 1528, de 2002.
E no caso de ato normativo que tenha somente efeitos regionais ou municipais? É necessário
que a propositura seja pelo Diretório Nacional? Sim, o mesmo julgado é aplicado.
Ex: CNI ingressou com ADI em face de norma do CADE, contudo, o STF indicou a ausência de
pertinência temática, diante da ausência de comprovação de correlação entre as industrias e a
norma, havendo mero prejuízo genérico, havendo, como indicado pelo STF, mera
potencialidade de dano. Por isso, a ADI foi extinta – STF Plenário, 4474, 2017.
São:
Inicialmente não estava previsto DF, sendo incluído após reforma do judiciário, EC 45/2004.
Governador do Estado ou DF
Necessário comprovar que o ato normativo fere os interesses dos respectivos estado ou DF.
A legitimidade é do cargo do governador, não da pessoa física, de forma que, ainda que
encerado o mandato do governador que ajuizou a ação, ela seguirá tramitando. Aplica-se o
principio da impessoalidade – STF Plenário, ADI 2728/2019.
O governador que esteja afastado, ainda que de forma cautelar temporária, do cargo de
governador, impede a propositura de ADI, conforme STF Plenário, ADI 6728, de 2021. O
afastamento quebra o nego logico-normativo entre o cargo e o ocupante, ainda que de forma
temporária.
Confederação Sindical
Composta por três federações, ao menos – art. 535, CLT. É o grau máximo de representação
sindical.
Não é possível que a federação sindical (composta por 5 sindicatos) ou sindicato proponham
ADI. O rol é taxativo.
Em um julgado, o STF aceitou a interposição de ADI por duas federações, portanto, que não se
tratava de confederação sindical, em razão da representatividade de uma destas federações
em âmbito nacional. É o caso da CNTE – Confederação nacional dos trabalhadores em
educação – STF Plenário, ADI 4079, de 2015.
Atenção: a CUT é a central única de trabalhadores, trata-se de uma central sindical, por isso,
não tem legitimidade para propor ADI – STF Plenário, ADI 271-MC, de 1992. A CUT não tem
caráter de confederação, pois não representa uma única classe de trabalhadores em nível
nacional. A lei 11648/2008 reconheceu as centrais sindicais, contudo, mesmo após a edição
desta lei, o entendimento do STF permaneceu, conforme STF Plenário, ADI 4224 de 2011, vez
que as centrais sindicais permaneceram abaixo das confederações, bem como em razão do
patrocínio em geral dos trabalhadores, e não de uma categoria profissional ou econômica.
A confederação sindical deve demonstrar pertinência temática, que seja relativa a eventual
direito ferido dos trabalhadores.
É necessário que a confederação tenha seus atos constitutivos registrados no ofício do registro
civil das pessoas jurídicas, e registro no ministério do trabalho – teoria do duplo registro – para
que seja legitimada ativa. STL Plenário, ADI 442, de 2014 e sumula 677, STF.
É preciso que tenha atuação transregional, não mero registro ou declaração formal nos
atos constitutivos -ADI 2827 de 2020.
Esse requisito foi dispensado no caso da ABERSAL, que não continha 1/3 das unidades
da federação, tendo o STF entendido que se trata de atividade de alta relevância
nacional, conforme STF Plenário, ADI 2866-MC, de 2003.
4) Homogeneidade
A entidade de classe deve representar apenas um segmento, e não vários, sob pena de
violar a homogeneidade. Requisito criado pela jurisprudência defensiva do STF.
Ex: sociedade de psicólogos em prol da segurança do trânsitos, que congrega diversas
profissões relacionadas ao tema, por isso, falta-lhe o requisito da homogeneidade –
STF Plenário, ADI 3381, de 2007.
Há, contudo, algumas exceções que dispensaram a homogeneidade, em razão da
grande representatividade no país, com atuação transregional - confederação das
associações comerciais e empresariais do Brasil (CACB), conforme STF Plenário, ADPF
nº 262); Confederação nacional da Agricultura e Agropecuária – STF Plenário,, ADI 403
DE 2002; Confederação Nacional da Industria (CNI), conforme STF Plenário, ADI 2588
DE 2014; Confederação Nacional do Comércio, STF Plenário, ADI 1332 de 1997.
Associações de associações civis podem propor ADI? A princípio não poderia, pois
congrega pessoas jurídicas, não pessoas físicas. Contudo, estes entendimento está
superado, conforme STF Plenário, ADI 3153 de 2004, pelo qual indicou que, ainda que
se trate de associação de associação, presenta as pessoas físicas das associações
representadas. O fato de ser composta por pessoas jurídicas não afasta a
representação das pessoas físicas. Além disso, a distinção impactaria em tratamento
diferenciado entre as associações civis não sindicais das demais.
Para que a categoria ingresse com ADI, deverá estar em funcionamento há pelo menos
um ano? Não, este é o requisito para MS coletivo, somente, conforme art. 5º, LXX, “b”,
CF.
O legitimado passivo é aquele que editou o ato normativo impugnado, que o fez. Ex:
assembleia legislativa do DF.
O relator poderá requerer informações destes legitimados passivos, conforme artigo 6º lei
9868/99, que deverá presta-las no prazo de 30 dias.
No caso dos legitimados ativos, todos precisaram ser representados por advogado? O artigo 3º
da Lei 9868 de 99 prevê que a petição da ADI será acompanhada de procuração, quando
subscrita por advogado.
Presidente da república;
Mesa do Senado;
Mesa da Câmara;
Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
Governador do Estado ou do DF;
PGR;
Conselho Federal da OAB.
Já os legitimados ativos que deverão ser representados por advogados, são:
O segundo requisito, referente a menção dos dispositivos impugnados, o STF tem amenizado o
requisito, aceitando a menção genérica – STF Plenário, ADI 3541 de 2021 e ADI 2728 de 2004.
Mas em caso deste vício, a ADI será extinta? Não, será concedido prazo para regularização –
STF Plenário, ADI 3541 de 2021, ADI 4409 de 2018, ADI 6051 de 2020. Se não corrigido o vício
no prazo, aí sim será extinta a ADI.
1. Terceiros não podem recorrer na ADI, inclusive outros legitimados ativos que não
propuseram o ADI – STF Plenário, ADI 1105 de 2011;
2. A pessoa jurídica a qual o legitimado ativo se vincula, não tem legitimidade recursal –
ex: ADI ajuizada pelo Governador do RJ, o Porcurador do RJ não poderá interpor
recurso, representando o Estado do RJ, conforme STF Plenário, RE 1003137 de 2018.
O recurso pode ser feito pelo Procurador do Estado, desde que assine também o Governador
ratificando o recurso – STF, RE 95.994 de 2018.
É possível, ainda, que o Governador outorgue poderes específicos para que o Procurador do
Estado assine sozinho a ADI ou seus recursos, desde que outorgue poderes para estes, de
forma expressa.
É possível que o Procurador do Estado recorra na ADI sem poderes para isso, quando a
Constituição do Estado atribuir ao Procurador do Estado o dever de defender o ato normativo
impugnado. Neste caso o Procurador do Estado terá poderes para fazer o recurso em nome
próprio, e não representando o Governador – STF Plenário, RE 570392 de 2014.
Imunidade Parlamentar
Aspectos Gerais
Origem
Constitucionalidade inglesa – Bill of Rights
a) Liberdade de fala
b) Imunidade contra prisão arbitrária
Conceito
Imunidade parlamentar são prerrogativas que garantem o exercício independente da função
parlamentar.
Irrenunciabilidade
Considerando que se trata de prerrogativa do cargo, do mandato, não sendo privilegio ou
questão particular, não podem ser renunciados, conforme STF, Inquérito 510.
Vigência
Inicia-se com a diplomação – art. 53, caput e parágrafos, CF.
Licença do Parlamentar
Caso o parlamentar peça licença do seu cargo, por exemplo, para atuar como Ministro.
Estando licenciado, há imunidade parlamentar? Não. A imunidade fica suspensa ate quando o
parlamentar retornar a sua função parlamentar – STF, Inquérito 2453, AgR.
Suplentes
Os suplentes tem imunidade parlamentar? Tendo em vista que a imunidade é relativa ao
exercício do mandato, e o suplente não esta no mandato, não está no mandato.
Espécies de Imunidade
Imunidade material, real, substantiva ou inviolabilidade
É a prerrogativa segundo a qual os parlamentares são invioláveis por palavras, opiniões e
votos. Imunidade esta que atinge ou que diz respeito a responsabilidade civil ou penal.
Imunidade processual, formal ou adjetiva
Imunidade formal é a prerrogativa que diz respeito tanto a prisão do parlamentar, quanto ao
processo penal.
Imunidades Materiais
Previsões nas CFs Brasileiras
As imunidades parlamentares foram previstas em todas as CFs Brasilieras, contudo, não forma
observadas na Constituição Polaca de 1824, e na CF dos períodos ditatoriais de 1934 e 1967.
Embora expressamente previstas na CFs destes períodos, não foram respeitadas, tendo
parlamentares presos pela manifestação de suas opiniões durante o período, em razão da
condição ditatorial.
Conceito
Prerrogativa que tem os parlamentares de não serem responsabilizados penal e civilmente
pelas opiniões, palavras e votos proferidas no âmbito da atividade parlamentar.
Valores protegidos
Liberdade Democrática
Decorre da proteção da democracia, dado que os parlamentares são os que, por excelência,
representam o povo – democracia representativa.
Pluralismo político
Possibilidade dos vários segmentos políticos serem representados pelo parlamentar.
Exemplo:
Exemplos:
Incitação ao crime de estupro. O STF recebeu parcialmente uma queixa crime de delito de
injuria, afastado o crime de calunia. Entendeu-se que não havia imunidade parlamentar no ato
– STF, Inquérito 3932 e Pet. 5243.
Na esfera cível, contudo, Jair Bolsonaro foi condenado ao pagamento de indenização por
danos morais à Deputada Maira do Rosário – STF, 1.642.310.
Avançou ainda mais o STF, indicando que deve ser analisado o caso em conjunto com a
proteção dos direitos humanos das mulheres, e conferências da ONU realizadas sobre a
matéria, incorporadas ao nosso ordenamento, denominado sistema global ou onosiano de
proteção dos direitos humanos das mulheres.
O STF passou a entender que discursos parlamentares que menosprezam a mulher e direitos
humanos em geral, não tem imunidade parlamentar absoluta – STF, 1ª Turma, Inq, 3932, 2016.
Conclusão:
Ainda que se de dentro da Casa Legislativa, presume-se cobertas pela imunidade parlamentar,
mas admitem prova em contrário, havendo, portanto, presunção somente relativa.
Logo, hoje entende-se que não há imunidade parlamentar material absoluta, ainda que no
recinto da casa legislativa.
O STF decidiu que o deputado Eder Mauro não estava protegido por imunidade parlamentar,
dado que o caso ocorreu fora da Casa Legislativa, e não ocorreu em função do exercício de seu
mandato. A prerrogativa visa garantir o princípio republicado, a luz da CF. Por isso, o deputado
Eder Mauro foi condenado pelo crime de difamação agravada. (STF, Ação Penal nº 1.021/DF,
de 2020)
Em suma, a prática de fake News não encontra proteção da imunidade parlamentar, haja vista
que não se correlaciona ao princípio republicano.
O deputado Federal Daniel Silveira foi condenado em 2022, por 9 votos a 2, a 9 meses de
reclusão, iniciando em regime fechado, e multa de 19 mil reais, em razão das práticas de
coação no curso do processo (344, CP), e tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes da
União (23, lei de segurança nacional), porém foi absolvido da acusação de animosidade entre
as forças armadas (26, CP).
O STF entendeu que não há imunidade parlamentar vez que não há proteção quando os
discursos são antidemocráticos, e visam a derrubada da ordem constitucional. A imunidade
parlamentar não pode ser utilizada como escudo para práticas ilícitas. (STF Plenário, AP 1044,
de 2022).
Discursos de ódio são discursos que preconizam o preconceito em razão de gênero, raça,
orientação sexual, etc, ou seja, das minorias, atentando contra os direitos humanos, e
atacando a ordem democráticas.
Não há imunidade parlamentar, haja vista que esta visa proteger e representar as inúmeras
correntes existentes em uma democracia, através do exercício, pelo parlamentar de seu
múnus, garantindo o pluralismo democrático e direitos humanos. Deste modo, quando a
função parlamentar visa menoscabar os direitos humanos e o pluralismo politico, ela perde
sua razão de ser. Por isso, manifestações que subjugam, destroem e atassalham a democracia,
não encontram proteção.
Por isso, seja dentro ou fora da Casa Legislativa, não haverá proteção pela imunidade
parlamentar material.
Síntese
Não encontram proteção pela imunidade parlamentar material seja dentro ou fora da casa
legislativa:
As fake News;
As antidemocráticas;
Os discursos de ódio.
Além disso, a jurisprudência do STF prevê que o excesso de linguagem pode configurar em
tese, quebra do decoro, e ensejar controle político (STF Plenário, Pet 8674, Roberto Barroso,
2021).
O ofendido poderá processar o parlamentar pelas ofensas? Não. Pois a manifestação feita
durante a função, a imunidade parlamentar será mantida de forma permanente, eis que no
exercício de seu mandato, e em razão da função.
Somente seria possível após o término do mandato, se a fala se der após este, dado que a
imunidade é prerrogativa do parlamentar.
Direito à Saúde
Trata-se de direito individual social, previstos no artigo 6º, CF.
São direitos de segunda geração, pois exigem uma atuação positiva do estado.
Nos termos do artigo 196, CF, tem-se que o direito a saúde constitui dever do Estado.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
O direito a saúde exige prestações do Estado, que nem sempre são atendidos.
Neste sentido, o direito a saúde prevê normas programáticas, ou seja, metas a serem
atendidas, mas que não exigem uma obrigação imediata do Estado?
Atualmente entende-se que não. Normas programáticas são normas que deixam para o futuro
a atuação do Estado. No caso de direito a saúde, em se tratando de direitos fundamentais, tem
aplicação direta e imediata. De forma que, se o Estado falha, o individuo poderá se recorrer do
Judiciário, para que esta falha seja sanada.
O SUS é organizado em cada esfera de governo, de forma descentralizada, ou seja, cada esfera
de governo tem sua organização decentralizada do SUS. Esta é uma diretriz do SUS (a
descentralização). Em razão da descentralização, a União, os Estados e os Municípios têm a sua
organização do SUS. Neste sentido:
Por isso, a OAB ingressou com ADPF alegando que a União estava descumprindo o direto à
saúde e à vida.
Deste modo, o STF julgou procedente a ADPF e autorizou os Estados a adotarem medidas
restritivas, desde que comprovadamente efetivas por pesquisas cientificas.
O STF entendeu que em matéria de saúde há competência concorrente para legislar, de forma
que cabe à União, Estados, DF legislar de forma concorrente, e ao Município, de forma
complementar, no que lhe atine, legislar – art. 23, II e XI, e 24, XII, CF.
Diretrizes do SUS
Art. 198, Caput, CF.
1. Descentralização
Como não são isoladas, devem ser exercidas pelos entes cooperativos de forma cooperativa,
considerando o federalismo cooperativo, conforme art. 30, inciso VII, CF (“prestar, com a
cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
população;”).
2. Atendimento integral
Com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.
O atendimento integral cabe ao Estado, e também à iniciativa privada, quando esta ultima
prestar serviços à saúde.
3. Participação da comunidade
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as
diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário
de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar
assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
cumprimento do referido piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63,
de 2010) Regulamento
§ 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios para pagamento do vencimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes
comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias não serão objeto de inclusão no
cálculo para fins do limite de despesa com pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
120, de 2022)
Custeio do Sus
Art. 195, CF.
O SUS é financiado pelo orçamento da seguridade social, as União, e dos Municípios, além de
outras fontes.
Contudo, o STF previu que esta sanção não pode ser aplicada retroativamente a sua
publicação, pois violaria o principio constitucional à legalidade.
Vide RE 858.075/RJ.
O dever primário, portanto, é primário, sendo possível à iniciativa privada fazê-lo, mas sempre
de forma complementar – art. 199, §1º, CF.
Portanto, a iniciativa privada não poderá prestar serviços de saúde de forma indiscriminada,
devendo seguir as diretrizes definidas pelo Estado, quando atuarem nas áreas privativas do
Estado.
Temas Jurisprudenciais
Reembolso ao SUS por atendimento aos conveniados
O SUS pode solicitar o reembolso das despesas no atendimento de pessoas com plano de
saúde? Sim. Conforme artigo 32 da Lei dos Planos de Saúde.
Os argumentos foram:
Neste caso o SUS deverá ressarcir os planos de saúde, seguindo os valores da Tabela da ANS,
que é o que a remunera geralmente (STF, RE 666.094, em repercussão geral, 2021).
Saúde complementar, através de convenio com o poder público, e neste caso devem
ser seguidas as normas do SUS.
Na saúde suplementar, ou seja, nos planos, não há relação aos serviços públicos do
SUS, por isso, as normas são as fixadas pela ANS.
Diante da divergência, a 2ª Seção julgou, e fixou tese, em 08/06/2022, indicando que o rol
seria taxativo mitigado.
Segundo a Ministra Nancy Andrighi, o artigo 10, da lei dos planos de saúde (lei 9656/1998), é o
que permite à ANS fixar o rol de procedimentos relacionados à saúde do usuário, no que se
refere às enfermidades classificadas pela CID (Classificação estatística internacional de doenças
e problemas relacionados à saúde).
Deste modo, todos os necessários ao tratamento das doenças indicadas na CID deverão
constar no rol.
O rol deverá respeitar a CF e a Lei 9656/98, bem como o CDC, conforme ADI 2095/RS.
O artigo 35-G, da lei 9656/98 previu que o CDC seria aplicado somente subsidiariamente nas
relações de plano de saúde, de forma que aplicado primeiramente a lei 9656/98. Este artigo foi
considerado violador da CF, dado que o CDC tem origem na CF, devendo ser apicados de forma
complementar.
Em especial, tendo em vista que tratam-se contratos de adesão, sendo necessária proteção
dos consumidores, haja vista que, principalmente, a saúde deverá ser protegida nestes
contratos, traduzindo as diretrizes da CF.
Além disso, sustentou a terceira turma os riscos aos usuários dos planos de saúde, uma vez
que além não ser possível que o consumidor, em sua vulnerabilidade técnica tenha
conhecimento de todas as técnicas previstas no rol, e pela ANS, diante da velocidade de
avanço da saúde, prever todos no rol tempestivamente, a ausência de um procedimento
poderia causar prejuízo à saúde do usuário, que está acima de qualquer prejuízo financeiro.
Entendimento taxativo:
A ANS foi criada pela lei 9961/2000, tendo a competência para elaborar o rol de
procedimentos, através de garantias cientificas, e para garantir os preços mais acessíveis aos
usuários.
Indicou que o rol é, a rigor, taxativo. Caso haja no rol outro tratamento, além do pleiteado, que
seja eficaz, efetivo e seguro para a doença, incorporado ao rol, estes deverá ser o adotado, não
havendo necessidade de nova cobertura.
Se não houve previsão de outro tratamento eficaz, seguro e efetivo no rol da ANS, deverá
haver a cobertura.
O medicamento deve ser autorizado pela Anvisa, ainda que não previsto na lista do SUS.
O órgão que auxilia o SUS para elaboração da lista de medicamentos é a Conitec, que
assessora o Ministério da Saúde.
Estes requisitos são exigidos desde sempre? Ou seja, antes da fixação deste entendimento?
Não. O STF modulou os efeitos, fixando data para os efeitos desta decisão, a partir do
julgamento, em 04 de maio de 2018. Nos casos anteriores, deve ser garantida a manutenção
dos requisitos anteriores, qual seja, a mera imprescindibilidade do medicamento para o
tratamento, em razão da segurança jurídica.
O poder judiciário não pode, em regra, determinar que o poder público forneça medicamento
não registrado pela Anvisa, vez que a Anvisa é quem atesta a confiabilidade e eficácia do
medicamento. Além disso, a Anvisa faz o controle dos preços, de forma que os não registrados
são de excessivo valor. Além disso, em nenhuma hipótese poderá ser fornecido mediamente
experimental.
No caso de medicamentos não experimentais, mas sem registro na Anvisa, é possível que o
poder judiciário determine o fornecimento do medicamento, se comprova a demora excessiva
da Anvisa em registra-lo.
As demandas para fornecimento de medicamentos deverá ser pleiteada contra o estado, união
ou municípios, vez que há responsabilidade solidária entre os entes.
Na hipótese de medicamento não registrado pela Anvisa, a ação terá que tramitar na Justiça
Federal, uma vez que a Anvisa é autarquia federal, e a ação terá que ser ajuizada em face
desta.
Fornecimento excepcional de medicamento não registrado pela Anvisa, mas que tenha
sido autorizada sua importação
Tema 1161, STJ, em 2021.
1- Caráter de excepcionalidade;
2- Comprovação de incapacidade econômica do paciente;
3- Imprescindibilidade clínica do tratamento;
4- Impossibilidade de substituição por outro previsto na lista de padronização do SUS.
Ex: Medicamento com base de canabidiol, que tenha sido prescrito por médico, de forma
fundamentada.
A divisão competência de cada entre está na Lei 8080/90, e decreto federal 7508/2011.
Por isso, o poder judiciário não poderá excluir, por exemplo, o município, da lide, em razão da
competência, mas deverá, em sentença determinar o cumprimento da obrigação pelo Estado,
ou ainda, indicar o ressarcimento pelo Estado ao Município.
No caso o medicamento seja a registrado pela Anvisa, mas não indicado no rol do SUS (o
RENAME), há divergência acerca da competência para ajuizamento desta demanda judicial.
O STJ indicou no julgamento do RMS 68602/GO, de 2022, que desnecessário no caso a inclusão
da União no polo passivo, sendo competência Estadual o julgamento, ainda que trate-se de
medicamento não incorporado na lista do SUS, mas registrado na Anvisa.
O STF, por sua vez, indicou a necessidade de inclusão da União, diante da sua competência
exclusiva para fundamentar as razões pelas quais o medicamento, embora registrado pela
Anvisa, não foi incorporado no RENAME. Vide: STF, 1ª Turma, AgR RE 1377282-RS, de 2022; e,
STF, 2ª Turma, ARE 1298325.
Tendo em vista que o STF está acima do STJ, especialmente no que tange o julgamento de
demandas constitucionais, deverá prevalecer, em uma prova, o entendimento do STF.
Possibilidade do Estado Membro de importar vacina contrata Covid 19, caso a Avisa
não se manifeste no prazo legal (STF)
Caso sobre a vacina Sputnik, pelo Estado da Maranhão.
O prazo legal de manifestação da Anvisa é de 30 dias – lei 14124/2021, art. 16, §4º.
Protocolado o pedido pelo Estado do Maranhão, a Anvisa silenciou, originando ação interposta
pelo Estado em face da União, que autorizou a importação.
Inclusive, julgamento destacou que judiciário deve atuar inclusive no caso de omissão
inconstitucional, conforme lição de José Afonso da Silva.
Nos termos da ADI nº 6.341-MC/DF, o redator Ministro Edson Fachin destacou que embora
haja competência específica da União para legislar sobre Vigilância Epidemiológica, esta não
afasta a competência concorrente dos Estados tem competência para legislar sobre saúde.
Estado do Maranhão teve recursos cortados da União para fornecimento de recursos para
combate à Covid.
Princípio da lealdade federativa: União tem o dever de auxiliar os demais Entes federativos,
inclusive no que tange a saúde, para cumprir os objetivos da CF.
Em razão da gravidade, o STF lecionou que e, razão a gravidade, a omissão e negligencia viola o
direito a vida, e do federalismo cooperativo.
E diante da gravidade, o Judiciário pode intervir, vez que atua em proteção ao respeito da CF.
Conforme a CF. art. 6º e 196, o direito a saúde deve ser igualitário e universal. Por isso, restrita
a discricionariedade administrativa da União sobre o tema, em especial em casos de urgência e
emergência, decorrentes de pandemia. A CF não compactua com retrocessos sociais, nas
quais omissões administrativas podem configurar crime. Não há nada mais urgente que o
direito de viver.
Resolução nº 6314 de 2010 da OMS que indica que crianças devem ser livres de publicidades
de produtos de baixo valor nutritivo.
Os entes federativos devem cooperar entre si para a resolução dos objetivos da CF.
A liberdade de culto coletiva pode ser restringida, conforme art. 5º, VIII, CF.
No que tange a constitucionalidade formal, foi destaca a competência estadual para promoção
de normas restritivas estaduais sobre o direito de culto coletivo, observando o federalismo
cooperativo na promoção dos direitos fundamentais da CF.
Além disso, a medida trata-se de prognose legislativa, para limitar o recrudescimento da Covid.
Dever do Poder Público de manter estoque específico de produtos contra doenças raras
O STF decidiu que há dever do Poder Público de manter estoque de medicamentos de doenças
raras.
Como o poder executivo esta falhando, cabe ao Judiciário intervir, não havendo lesão a divisão
de poderes. Não se trata de ativismo judicial.
Foi declarada inconstitucional a determinação de penhora destas verbas, ainda que para o
pagamento de verbas trabalhistas, eis que estas violam a divisão de poderes.
Igualmente, viola, o principio da legalidade orçamentária, pelo qual necessária lei previa para
alterar a destinação de receitar – art. 167, VI, CF.
Além disso, viola o principio da eficiência, vez que o Judiciário não tem capacitação técnica em
politicas públicas para definir a destinação da verba.
Ainda, viola o principio da continuidade dos serviços públicos, que seriam remunerados por
estas verbas.
O texto constitucional permite somente pagamento por precatórios, art. 100, CF.
Tal previsão decorre da teoria dos poderes implícitos, vez que, se pode defender o ato
impugnado, por consequência, terá poderes para recorrer nesta hipótese.
Além disso, a competencia recursal decorre do plano da simetria, de forma que, se o PGR pode
defender a CF e recorrer, poderá assim o procurador estadual fazê-lo.
E no caso do AGU?
O AGU atua na defesa do ato normativo constitucional. Assim, poderia este recorrer? A rigor
sim, pela teoria dos poderes implícitos, decorrendo logicamente desta atribuição o direito
recursal. Isso não é previsto na lei ou jurisprudência.
Objeto da ADI
Ato que pode ser impugnado na ADI. São leis ou atos normativos federal ou estadual – CF, 102,
I.
Lei ou ato normativo municipal pode ser objeto de ADI perante o STF?
Não!
A CF realiza silencio eloquente no CF, 102, I, de forma que não cabe ADI para atos municipais.
Podem, contudo, ser objeto de controle de constitucionalidade, mas não poder ADI. Podem
ser objeto de controle de constitucionalidade através de: controle difuso concreto; perante
ADPF (Lei 9992/92); por meio de ADI estadual proposta perante o TJ, quando a lei estadual
violar CF cuja norma seja de reprodução obrigatória na Constituição Estadual – ex: processo
legislativo;
Assim, quando o DF edita lei de competência estadual, cabe ADI no STF sobre esta.
Se, contudo, o DF edita lei de competencia municipal, não poderá ser impugnada em ADI no
STF, mas poderá ser objeto de controle de constitucionalidade na forma do controle realizado
às leis municipais – Sumula 642, STF.
Os atos normativos objetos de ADI são somente os indicados na CF, 59? Não. Regimentos
internos dos Tribunais, Tratados Internacionais, e Resoluções do CNMP e do CNJ não estão
listados e podem ser objeto de ADI.
Atos normativos é tudo aquilo que não é lei, ainda que não previsto na CF, 59.
A jurisprudência realiza tratamento diverso entre leis e atos normativos. As leis podem ser
objeto de ADI no STF ainda que seja de efeitos concretos, não sendo abstratas e gerais.
Contudo, para que seja passível de ADI no STF, o ato normativo deverá ser de efeitos gerais e
abstratos, não podendo ser de efeitos concretos.
Jurisprudência
Entendimento pretérito: Lei de efeitos concretos não é passível de ADI - ADI 286, STF.
Em 2008 o STF passou a admitir ADI em face de lei de efeitos concretos – STF, Plenário, ADI
4048/2008.
Após, passou a admitir para as Leis Orçamentarias de efeitos abstratos – ADI 2484, 2003.
Hoje admite-se ADI em face de lei de efeitos concretos ou abstratos STF, Plenário, ADI
4048/2008.
Contra leis em formação, segundo STF, denominadas leis “in fieri” não cabe ADI – STF, ADI 466,
1991.
Se durante o processo de ADI a lei for revogada, a ADI perde o objetoa, ainda que persistam
efeitos residuais concretos gerados por esta – ADI 2452/SC, 2017 e ADI 2010, 2002.
Os efeitos concretos da lei revogada poderão ser discutidos na via ordinária – STF, ADI 709/PR
de 1992.
Ainda, contra lei revogada cabe ADPF, pelo principio da subsidiariedade da ADPF, para sanar a
lesividade – ADPF 77-MC, 2014.
No caso de derrogação de uma lei, a ADI é extinta apenas quanto a estes dispositivos, havendo
mera prejudicialidade parcial – STF, ADI 2010/DF, de 2002.
1- Revogação da lei com o objetivo de fraudar a lei em controle abstrato, a fim de manter
seus efeitos, por exemplo – ADI 951/SC, 2016, ADI 3306, Plenário, 2011.
2- ADI que impugna lei de eficácia temporária e a impugnação ocorreu no tempo
adequado, ou seja, que seja pautada para julgamento antes da cessação da lei
temporária.
3- Pretensão de modificar em embargos de declaração o julgamento pela
inconstitucionalidade quando a parte não comunicou a revogação da lei.
Reconhecida a inconstitucionalidade, o legitimado passivo revoga a lei e apresenta EDs
como forma de manter os efeitos da lei até a revogação desta, ou seja, manipulando a
decisão do STF. Somente avisando o STF sobre a revogação se lhe aprouver.
STF Plenário, ADI 951/SC, 2016.
4- Inexistência de alteração substancial da norma por lei posterior: continuidade
normativa. Lei X revogada por lei Y, mas que não alterou de forma substancial a lei,
portanto, a ADI não é extinta. STF, ADI 5599, 2020.
Pode ser propor ADI cujo conteúdo está em dissonância com sua ementa?
Não, há somente mera crise de legalidade ou interpretação.
Diferentemente do que ocorria da CF de 1934, que previa ADI em caso de ementa diversa do
conteúdo da lei, conforme previa o artigo 49 daquela lei.
No caso de lei anterior a CF é necessário pedido sucessivo? Neste caso não é necessário, vez
que se trata de hipótese de não recepção. O STF poderá declarar a não recepção ainda que
não haja pedido expresso neste sentido. STF, ADI 3111/RJ, 2017 e STF Plenário, ADI 3660,
2008.
Ou seja, é necessário indicar todas as leis revogadas pela lei objeto da ADI que seja a
revogadora, exceto se tratar se lei anterior a CF, vez que sobre esta haverá não recepção. STF,
ADI 5260/RS, 2018.
E se o legitimado ativo indicar a lei não recepcionada nos pedidos, pedindo a revogação,
poderá faze-lo? Sim. Embora não seja necessário, poderá faze-lo.
Contudo, sobre as leis revogadas posteriores a CF e não indicadas, o STF poderá deverá
conceder prazo para correção pelo legitimado ativo, e, caso não o faça, haverá extinção da
ADI. STF, ADI 4711, 2021.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção
ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
Inconstitucionalidade formal
Medida provisória que viola os requisitos formais da CF.
Relevância: matéria de interesse público, que interesse à não. Ex: direito a educação. STF
Plenário, ADI 5599/DF, 2020.
Urgência: não pode aguardar o processo legislativo ordinário. STF, ADI 5599/DF, 2020.
O controle realizado pelo STF, porém, é de domínio estreito, de forma que é necessário que
haja prova cabal que afaste a urgência /ou a relevância. STF, RE 592.377, 2015. Tema 33 de
Repercussão geral.
Ou seja, o STF não poder julgar inconstitucional o que falte o requisito, porém a ausência deve
ser inquestionável sob pena de abuso do poder normativo do Executivo e controle judicial . STF
Plenário, ADI 4350, de 2014 e STF Plenário, ADI 41011, 2020
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Tendo em vista que os requisitos para tratar desta matéria são objetivos na CF, o controle de
constitucionalidade pode ser amplo neste caso.
ADI contra EC
É cabível em caso de violação de clausulas pétreas e violação de limites materiais e formais.
Controle de Convencionalidade
Qual diferença de controle de constitucionalidade e controle de convencionalidade?
É coadjuvante, devendo ser realizado somente se o controle interno dos Estados-parte falhar.
Competência consultiva: consulta abstrata realizada acerca da violação em tese das normas de
direitos humanos.
O efeito da análise é inter partes, exceto se houver mutação constitucional, com modulação de
efeitos.
Existe no Brasil desde a promulgação da CF de 1988, conforme artigo 105, III, CF.
Não foi previsto originalmente na CF de 1988, mas somente após a EC 45/2004, que permitiu a
promulgação de tratados internacionais através de aprovação equivalente às ECs, desde esta
passou a haver controle de convencionalidade concentrado.
Logo, abrange não somente a CADH, mas os demais tratados e convenções, denominado
corpus iuris de direitos humanos, de observância obrigatória dos Estados-parte, todos
podendo ser utilizados como parâmetro do controle de convencionalidade. Ex: Carta da
Organização dos Direitos Humanos.
Poderão ser aplicados, assim, inclusive normas que não sejam tratados, como exemplo os
princípios.
Controle de Supralegalidade
Controle de convencionalidade realizado através de tratados comuns, não de direitos
humanos.
Aplicável para os que entendem que os tratados internacionais de direitos humanos são
normas supralegais, fala-se em controle de supralegalidade.
André de Carvalho Ramos sustenta que são campos distintos, e que não se colidem.
Lei de Anistia
Lei 6683/79.
Foi ajuizada a ADPF 153 pela OAB, que sustentava que crimes políticos poderiam ser
anistiados, mas os conexos não poderiam, pois são crimes contra a humanidade, e assim,
imperdoáveis.
A OAB solicitou a análise conforme a CF, mas esta foi julgada improcedente.
Alguns meses após, a Corte Interamericana entendeu que haveria lesão à convencionalidade,
vez que no que tange a anistia dos crimes conexos, descumpriu a CADH, sendo determinado
que o Brasil puna os criminosos. O Estado Brasileiro instaurou a Comissão da Verdade e
indenizou algumas vitimas, mas não puniu os criminosos.
Assim, surgiu nova ADPF sobre o tema, para controle de convencionalidade pelo STF. O STF
terá de acatar o julgado da Corte Interamericana? Ou seria soberano?
Assim, temos:
Tal tema chegou ao STJ porque o TJCE entendeu que seria necessária prévia autorização do
Tribunal de Contas. Os argumentos foram:
Porém, ainda que não tenha fisionomia própria, poderá requisitar diretamente as informações,
porque:
a) Órgão de extração (previsão) constitucional – art. 73, I, e 130, CF.
b) Integrantes contam com garantias funcionais subjetivas próprias dos membros do MP.
Aliás, diante da função que desempenha, não pode ser substituído por:
O que é o direito de resposta? O direito das pessoas ofendidas por matérias publicadas, de
solicitar ao meio de comunicação, a publicação de sua resposta – art. 5º, V, CF.
Anteriormente era regulamentado pela Lei de Imprensa previa o direito de resposta, mas
entende-se que não foi recepcionada por ofender o direito de expressão – STF, Plenário, ADPF
130, 1999.
Com relação ao dispositivo que prevê a retratação não impede direito a indenização por dano
moral – art. 2º, §3º:
Direito de resposta não se confunde com a retratação, pois é o que faz em nome
próprio, com conteúdo proporcional ao agravo.
Direito a resposta instaura dialogo, permitindo informações unilaterais.
Principio da inafastabilidade da jurisdição: cabe a o judiciário verificar se é caso de
exercer ou não o direito de resposta, conforme a CF.
Direito de resposta é algo diverso da indenização por danos morais.
Com relação a proporcionalidade entre a resposta e a matéria que ensejou a resposta – art. 4º:
Deve ser rápido para que seja produzido no mesmo contexto da ofensa.
Juízo competente:
O ofendido pode optar entre o juízo de sua residência e local onde o agravo obteve
maior repercussão.
Sobre o efeito suspensivo das decisões de primeiro grau que concedem ou negam direito de
resposta ser concedido somente após juízo colegiado prévio – art. 10: deve ser respeitada a
escala hierárquica de jurisdição – art. 92, CF, que prevê: primeiro STF, em seguida os Tribunais
Superiores, após, Tribunais regionais, ... Deve ser observada esta ordem. O relator pode sim
decidir sobre o pedido de suspensão, não é necessária a decisão de um colegiado.
A liberdade de culto coletiva pode ser restringida, conforme art. 5º, VIII, CF.
No que tange a constitucionalidade formal, foi destaca a competência estadual para promoção
de normas restritivas estaduais sobre o direito de culto coletivo, observando o federalismo
cooperativo na promoção dos direitos fundamentais da CF.
Além disso, a medida trata-se de prognose legislativa, para limitar o recrudescimento da Covid.
Como se trata de prognose legislativa, o Judiciário pode verificar se a prognose é verdadeira, e
deste modo concluiu, conforme destacou o STF com as bases cientificas.
Estado do Maranhão teve recursos cortados da União para fornecimento de recursos para
combate à Covid.
Princípio da lealdade federativa: União tem o dever de auxiliar os demais Entes federativos,
inclusive no que tange a saúde, para cumprir os objetivos da CF.
Em razão da gravidade, o STF lecionou que e, razão a gravidade, a omissão e negligencia viola o
direito a vida, e do federalismo cooperativo.
E diante da gravidade, o Judiciário pode intervir, vez que atua em proteção ao respeito da CF.
Conforme a CF. art. 6º e 196, o direito a saúde deve ser igualitário e universal. Por isso, restrita
a discricionariedade administrativa da União sobre o tema, em especial em casos de urgência e
emergência, decorrentes de pandemia. A CF não compactua com retrocessos sociais, nas
quais omissões administrativas podem configurar crime. Não há nada mais urgente que o
direito de viver.
Resolução nº 6314 de 2010 da OMS que indica que crianças devem ser livres de publicidades
de produtos de baixo valor nutritivo.
Os vencidos tem direito a proteção, por isso, garante-se o direito das minorias. Caso a maioria
não aceite a instauração da CPI, a minoria poderá recorrer ao STF para que seja assegurado o
direito, de forma contra majoritária, para assegurar os direitos fundamentais da minoria,
garantindo o pluralismo.
Sabe-se que, em regra, não é possível que se faça controle de constitucionalidade concentrado
de norma da Constituição Estadual conforme a CF. Para tanto, são duas as situações
necessárias:
O STF entendeu que há constitucionalidade, uma vez que ao ofender-se uma pessoa em razão
das características de um grupo, nasce o direito de todo este grupo de obter defesa.
Constitucionalidade na inscrição dos defensores na OAB e defesa de PJs
Análise dos dispositivos da LC 80/2014 e 132/2019.
O STF entendeu que não há violação à CF na defesa das PJs pela Defensoria Pública, que
deverá defender todas as pessoas necessitadas, sejam físicas ou jurídicas.
Teoria da Constituição
O que é uma constituição
A Constituição hoje é uma norma jurídica, mas nem sempre foi assim.
No passado, a Constituição era tida como exortação política, sem força de impositividade.
Assim, ao invés de um único poder, surgem diversos pontos ou micropontos de poder local –
Idade Média. O poder passa a ser local.
Os burgueses anseiam por ascensão na estratificação social, e fazem união com o rei, e passa a
haver a unificação dos micropontos de poder. O poder dos reis, acreditava-se, decorria de
Deus.
Com isso, passa a haver uma regra única dentro deste espaço, o que beneficia os burgueses,
vez que facilita o mercado – moeda única.
Teoria da Soberania de Jean Boudain, pela qual a soberania teria atributos e predicados
divinos, sendo o poder superior dentro da localidade, e fora, vez que equânime aos demais
poderes soberanos externos.
Dentre os principais teóricos do absolutismo esta Thomas Hobbes, segundo o qual “o homem
é o lobo do homem”, sendo necessário um Estado para conservar a segurança de todos.
O direito deixa de ser decorrente do costume, mas da lei, que passa a ser fonte do direito.
Os monarquistas, por sua vez, entendiam que havia liberdade, conforme entendimento de
Hobbes, dado que o poder do rei decorrida da vontade do povo.
Ainda, uma terceira corrente, dos parlamentaristas, que entendiam que seria possível a
liberdade na monarquia, se limitada pelo parlamento.
Segundo Hobbes, não há nenhuma força que impeça o exercício da liberdade, de forma física.
O povo nomeia o rei como seu soberano para garantia de sua liberdade, segurança e vida de
forma consciente. Pela teoria de Hobbes, o servo que é obrigado a trabalhar não é escravo,
pois tem liberdade para se autodeterminar. Somente o acorrentado teria liberdade restrita. O
crime de condição análogo a escravo não se coaduna a tese de Hobbes, mas à tese
republicana.
Ocorre que a ideia do poder centralizado era de interesse da burguesia para que tal controle
viabilizasse o comércio, com regras mais estáveis. Contudo, no absolutismo, o Estado coincidia
com o soberano, que era instável.
Assim, surge a ideia da Revolução Francesa, do Estado assumir o poder das mãos do soberano
– Abade Siees. Em verdade, o parlamento passa a ser composto pela burguesia, que redige a
as leis do Estado.
Assim, o Direito decorre de um Contrato Social através da lei. A fonte do direito não é mais o
costume, mas a Lei. Surge o Estado de Direito. Sendo a lei realizada pelos burgueses, estes
passam a dominar a sociedade.
O estado de direito tem base em Locke, que parte das ideias de Hobbes, mas com algumas
diferenças. Hobbes entende que tudo é permitido, sendo necessária a lei para regular aquilo
que não o é, a fim de garantir a segurança, afinal, no estado de natureza, o homem é o lobo do
homem.
Para Locke, porém, nos somos donos daquilo que criamos, e Deus nos criou, logo, Deus é dono
de nos, assim, não posso gerar danos ao meu próximo. Assim, minha liberdade de ação é até o
que geraria dano ao outro. A liberdade é limitada ainda que no estado de direito, não
entrando em conflito. Os direitos não se chocam. Mas até onde vai a liberdade de cada um?
Locke analisa o direito a propriedade e define que esta é obtida pela força de trabalho e a terra
(força imaterial), em confusão química, que não mais se separam, e geram a aquisição da
coisa. Qual limite entre a propriedade de cada vizinho?
Surgem os inconvenientes do Estado, sendo necessário um terceiro que mediam este conflito,
e puna aquele que não respeitar a liberdade e propriedade do outro.
Assim, abre-se mão de uma parcela mínima da liberdade – Estado mínimo, para nomear um
terceiro que garanta a liberdade e propriedade.
Constitucionalismo moderno
O poder passa a ser contido por regras estáveis do parlamento, que não é, porém,
necessariamente democrático.
Ideia de estado que se abstém, que não interfere nos direitos e liberdade individuais.
Experiencia Inglesa
No caso dos Estados Unidos, a ruptura foi em um momento único, surgindo a Constituição
Americana.
No caso da Inglaterra, a limitação do poder foi faseado, conforme costumes, de forma que as
leis sedimentavam o que já estava efetivamente em vigor.
Há uma constituição não erscrita, que é formalmente flexível, mas materialmente rígida, vez
que segue os documentos antigos, especialmente o Bill of Rights.
Experiencia Francesa
Revolução Francesa: 1789 – Ruptura.
A confederação dependia de doação das 13 colonias, mas isso não funcionou bem. Nem todas
as Colonias contribuíam, e mantinham autonomia entre si, então era como se fosse um Estado
dentro de outro.
Assim, fez-se necessário uma federação, sedimentada pela Constituição, com competências
definidas, inclusive tributárias.
Há controle de constitucionalidade.
Na França e Inglaterra havia desconfiança do Poder Judiciário, que era decorrente dos nobres
e próximos ao rei.
Nos EUA, porém, o receio era do Parlamento, que fizeram as leis tributárias, enquanto os
juízes eram burgueses, assim preferia-se o controle de constitucionalidade e os veto players,
para que se evitasse a tirania do Parlamento.
Constitucionalismo Liberal
Visava garantir a liberdade das pessoas, criada em um contexto de sociedade estratificada, na
qual dificilmente era possível a ascensão social, organizada em reis, nobres, vassalos,
suseranos, servos, etc.
Tinha por objetivo a igualdade formal, todos são iguais perante a lei.
Teorias Constitucionais
Estas bases do constitucionalismo liberal são estampadas na CF de 1988 em diversos
dispositivos. Ex:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei ( igualdade formal), sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida (Hobbes), à liberdade (Locke), à igualdade (Rousseau), à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Revolução Industrial
O Constitucionalismo liberal, através da não intervenção e segurança, fez as bases ideais à
revolução industrial, diante da proteção da propriedade.
O contrato social é firmado de forma racional pelo homem, que visa a garantia de sua
liberdade, propriedade, e, em especial, a segurança.
Contudo, aquilo que foi conseguido, e os interesses que foram conseguidos não são em
verdade abstrato, mas o homem burguês. Os demais seguem, na pratica, submissos.
Sob estes auspícios, verifica-se no Código Napoleônico, e o CC de 1916 justamente esta ideia.
Baseado no patrimonialismo, inexistência de direitos da personalidade, paternalismo,
casamento entre pessoas de sexos opostos, pacta sunt servanda, individualismo.
Constitucionalismo Social
Surge o modelo do constitucionalismo social, diante das crises econômicas e sociais do final do
século XIX e inicio do século XX, que demandaram o realimanhento dos paradigmas liberais.
O movimento ganha força em 1917 e eclode a revolução russa, dando origem a União
Soviética, que implanta o regime comunista.
Na Europa central, o Papa Leão XIII edita a encíclica Rerum Novarum (“Das coisas novas”), em
1891, expressando a manifestação oficial da Igreja Católica em relação as questões sociais,
exigindo que o Estado e das classes dirigentes postura mais compreensiva sobre a necessidade
de regulação das relações trabalhistas, sem contudo, aderir à proposta socialista.
Os direitos sociais exigem uma prestação positiva do Estado, sendo responsável por uma série
de modificações institucionais, dentre as quais:
A EC nos EUA é bem mais complexa, sendo necessária aprovação não so do Congresso, mas
também de 3/5 dos Estados Membros. Por isso, surgiram leis locais com proteção social. As
leis incialmente foram consideradas inconstitucionais, pois exigiam intervenção do estado e
limitavam o comercio. Após 1930, em razão da crise econômica, a orientação jurisprudencial
passa a considerar as intervenções constitucionais, diante da lei criada para combate a crise.
Declínio do Estado Social: Crise econômica e ética
Em razão da ausência de recursos do Estado, muitas vezes há quebra do orçamento e
hiperinflação.
Ainda, na ética, verificou-se uma crise, pois passou-se a analisar o individuo de forma
organicista. O individuo não é um meio em si mesmo. O individuo deve cumprir uma função,
sob pena de desembocar em um regime organicista, como o comunismo e o fascimo.
Neocolonialismo
Tenta resgatar a autoridade da constituição, através da junção de valores nesta, atrelado a
dignidade da pessoa, e limitando o poder legislativo a fim de evitar o paradoxo e atrocidades
ocorridas no holocausto Alemão.
A ideia do Legislativo, por ser representante do povo, seria auto contido, mostrou-se ineficaz.
Nova hermenêutica que visa indicar as diretrizes, vez que nem tudo é permitido, a fim de
evitar as injustiças extremas.
Surge a dimensão objetiva e eficácia horizontal dos direitos fundamentais , todos resultantes
da ampliação da influência da constituição no ordenamento jurídico.
Liberalismo Igualitário
Surge de uma bipartição do movimento liberal.
O liberalismo propriamente dito nasce de Locke, e o estado mínimo, com ideia de liberalismo
negativo. Pela primeira vez há uma emancipação do indiivduo com a sociedade.
Em 1970, o filosofo John Raws desenvolve a corrente do liberalismo igualitário, amparado
também por Doworkin e Amartia Seng.
Princípio de mais abrangente liberdade básica para todos, e este deve ser compatível com um
sistema semelhante de liberdade para todos. A liberdade deve ser garantida para assegurar a
liberdade dos demais.
Portanto, garante não somente a liberdade, mas a liberdade positiva, ou seja, disposição dos
meios necessários para conferir igualdade de oportunidades, o que justifica a intervenção do
Estado na economia.
Mas isso não prejudicaria os que se esforçara, que seriam mais tributados? Não seria contrário
ao mérito, e desestimulante a criação de riqueza?
Ralws diz que o valor pago pela sociedade por aquilo que fazemos de melhor não é mérito
nosso, vez que não criado por nós, decorre de sorte. Ex: criança que ingressa no vestibular de
medicina geralmente tem família estruturada. Ex: salario dos jogadores de futebol. Trata-se de
questão de tempo da sociedade, e aquilo que é valorizado pelo mercado.
Em 1990, Rawl reformula sua teoria, através do livro O Liberalismo político, no qual indica que
sua teoria é direcionada a sociedades ocidentais liberais, não para todas as sociedades. Traz o
conceito de consenso sobreposto, pela qual as doutrinas razoáveis que toleram os demais,
coexistem pois são meios para liberdades civis e politicas, e assim há estabilidade do Estado.
Teoria de Robert Nozick aduz que, se não houvesse estado, estaríamos em situação de
anarquia, vez que seria necessário dedicar o tempo à segurança e não à outra atividade. Nesta
situação, o viável seria uma associação de mútua proteção, para que cada um seja responsável
em rodizio, isso resolve? Não, pois há monopólio natural da força, de forma que haverá uma
disputa entre essas associações até que uma destas domine, a associação protetiva
dominante. Ex: PCC nas favelas.
Liberarianismo de Spender diz que seria o caso de abandonar os menos favorecidos, para que
no futuro haja uma sociedade melhor.
Segundo Nozick, a justiça não deve afetar a condição social de cada um, podendo haver
somente uma compensação. A justiça distributiva do Estado visa atender somente a justiça na
aquisição, vez que a riqueza precisa ter origem legitima. Se o patrimônio não foi de fruto ilícito,
há direito de possui-lo.
A compensação seria necessária no caso de aquisição inicial ilícita, tributando mais caro aquele
que adquiriu o bem. Ex: grilagem.
Assim:
Utilitarismo Clássico
O estado é criado a partir do consenso, segundo Iluminismo.
O utilitarismo entende que o Estado visa majorar a felicidade, e o meio desta são os direitos
sociais.
Jeremy Bentham: a natureza colocou o gênero humano sob dois grandes senhores: dor e
prazer. Pelo principio do utilitarismo visa-se diminuir a dor e aumentar a dor.
O estado serve para garantir a liberdade e propriedade, por serem os meios para a felicidade.
Assim, se eu tirar 100 de quem tem muito, a utilidade para este é mínima, mas àquele que tem
nada, será muito. Nesta linha ampara-se a redistribuição de renda.
Não pode tributar demais, pois inviável, já que gera desestimulo à produção, e isso empobrece
a sociedade. Assim, necessário alcançar o ponto ótimo.
O que esta por trás desta política de redistribuição? Seria possível causar um pequeno dano a
um se isso causar um grande bem à maioria. Neste caso, eticamente seria valido matar um
para salvar 5.
Utilitarismo neoclássico
De John Stuart Mill e Vilfredo Pareto.
A existência do modelo utilitário promove a utilidade, para que cada um busque a felicidade. O
limite na busca da felicidade é o dano, não podemos buscar a felicidade causando dano.
O aumento da utilidade não é definido por um padrão, mas por cada um. Cada um é o indutor
de sua felicidade.
Ideia não intervencionista e sem distribuição de renda, o livre mercado deve reger as
negociações.
Marxismo
Não é corrente albergada por nossa constituição.
Decorre do iluminismo, segundo Shapiro, vez que decorre de uma logica racional, contudo.
Este não é o entendimento pacifico. Alguns alegam que seria iluminista pois gera direitos
individuais. Visa extirpar a exploração para gerar os direitos individuais.
Taxa de exploração – Karl Marx: o tempo de trabalho necessário e o trabalho excedente gera a
taxa de exploração do trabalhador, e a mais valia do funcionário.
Com o aumento da taxa de exploração no iniciou do século XX, com o inicio da industrialização
e revolução industrial, houve reação social, com movimentos grevistas e anti grevistas.
Socialismo x comunismo
Para Marx, o capitalismo iria colapsar (em razão de crises) e seria substituído pelo sistema
socialista, que é um modelo de transição para o comunismo.
Na sociedade capitalista o operário não identifica a exploração sobre ele, pois há uma
ideologia que falsifica a realidade, e o aliena.
Contudo, antes do modelo comunista, seria necessário passar pelo modelo socialista, no qual,
“cada um segundo sua capacidade e cada um segundo o seu trabalho”. Há coletivização dos
meios de produção, e fim da propriedade privada mas não é possível extirpar a exploração.
Cada um trabalhará o quanto é capaz, e receberá o equivalente. Mas, isso não acaba com a
exploração, pois cada um tem necessidades diferentes. No sistema comunista o salario seria o
que a pessoa necessita, não o respectivo ao que trabalha.
Conservadorismo/ Comunitarismo
Corrente anti ilumista. Veio como resposta ao iluminismo. Remonta a Aristóteles.
No final da Idade Média, a corrente em ascensão era a corrente iluminista liberal, e visava a
reconstrução da sociedade com base na valorização dos indivíduos.
Do outro lado da Europa, Edmund Burke verifica as ideias iluministas liberais eram mutáveis, e
assim a sociedade não poderia amparar-se nas ideias para construir a sociedade, mas na
tradição, pois tem as cautelas necessárias.
Seus pilares não são a razão e a ciência, mas a tradição e o interesse coletivo.
Gera a ideia de que o indivíduos deve colaborar com a sociedade, e não o inverso, não diretos
individuais – “ E assim, meus compatriotas americanos, não perguntem o que seu país pode
fazer por você, pergunte-se o que vocês podem fazer por seu pais”, John Kenedy.
Asladaira MacIntyre, em Depois da Virtude, defende que o iluminismo cometeu um erro, pois
o contrato social não é criado de repente, mas sempre existiu, desde o início, pois decorre da
coletividade.
A sociedade é motivista, o certo e errado é questão de opinião. E, por isso, as pessoas ficam
vazias, pois possui:
a) As práticas, que são coletivas, e surgem antes de nascermos, pois são criadas pela
sociedade.
b) Virtudes – Aristóteles diz que havia certas virtudes (honestidade, coragem e justiça),
que deveriam ser cultivadas em sociedade para promover a organização política. Estas
virtudes desde a antiguidade são internalizadas. Ex: bandido bom é bandido morte,
porque o individuo não coloca fé na justiça punitiva do Estado.
O conservadorismo admite mudanças, desde que paliativas, testadas pelo tempo. Ex:
casamento homossexual e aborto na Inglaterra.
Como conciliar a logica iluminista com a logica comunitária. Ex: como aceitar a punição física
realizadas em grupos indígenas, que fazem parte da cultura destes, mas é punição física?!
Democracia e Republicanismo
Trata-se de tradição antiga, anterior ao liberalismo. Surge em Atenas, e é replicada na
República Romana.
São sinônimos.
Após a queda da República Romana, é visto em Veneza e outras cidades italianas. Desaparece
e é revisto na Inglaterra.
O individuo precisa exercer de forma continua sua cidadania, votando e cobrando o poder
público, para garantir sua liberdade -neste ponto aproxima-se do conservadorismo.
Principais características:
1- Cidadão não tem somente direitos mas também deveres com a coisa pública – não
pode ser neutro;
2- Cidadão não é atomizado e desraizado, alheio à sociedade;
3- Grande ênfase à igualdade – se a coisa é publica, todos devem ser tratados com
igualdade e respeito, portanto, sem privilégios conferidos aos governantes o à elite. O
beneficio deve ser relativo ao cargo somente. Há, portanto, defesa à abertura teórica
para direitos sociais;
4- Separação entre o público e o privado. O governante não pode agir conforme suas
crenças somente, a moralidade pública deve ser observada. Ex: vedação ao nepotismo
– sumula 13.
5- A prestação de contas e a responsabilização dos agentes públicos. As decisões politicas
devem ser tomadas pela maioria, por isso, não é necessário e nem recomendável que
a constituição defina a forma que atuará em determinados temas. O Parlamento deve
definir tais tratamentos, afinal, assim a constituição vigorará por mais tempo, vez que
mais plástica. Não quer dizer que a Constituição não deverá prever direitos
fundamentais, desde que instruam a decisão, mas não a definam, sendo possível o
ativismo nestes casos.
II - a cidadania;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Valor intrínseco
O ser humano tem fim em si mesmo.
Decorre da ideia de Emanuel Kant, segundo o qual, devemos seguir um imperativo categórico,
ou seja, sempre fixo, vez que o certo, independente das consequência. O imperativo hipotético
é a linha em que a razão se altera conforme a consequência.
Ex: um trem irá atingir 5 pessoas amarradas no trilho por um criminoso. Se jogarmos um
gordo, o trem vai descarrilhar. Devemos empurrá-lo?
Para o imperativo categórico, não, vez que imoral, independente da consequência. O ser
humano tem fim em si mesmo, não podendo ser interpretado diversamente independente das
consequenciais.
Para o imperativo hipotético, se o gordo for velho e os 5 amarrados jovens, poderia ser
empurrado.
Na CF, todos são iguais perante a lei, sem distinção da natureza, não pode ser submetidos à
tortura, pena de morte, banimento etc., independentemente da consequência visada.
Direito a vida
Assim, o direito a vida deve ser garantido do nascimento até a morte. Não poderá matar, e
deverá impedir que os outros o façam.
Nos EUA é possível pois, embora seja garantida a dignidade da pessoa humana, a suprema
corte entende que a aplicabilidade da pena de morte não viola a dignidade da pessoa humana,
pois poderá ser aplicada somente em determinados casos que haja violação de outros
preceitos. No brasil permite-se a pena de morte em situação específica, em caso de guerra
declarada.
Além disso, é possível a destruição de aeronave hostil, pelo Código de Aeronáutica, artigo 303.
Essa pratica não seria de pena de morte? Essa questão nunca foi aplicada, por isso, não foi
analisada pelo STF.
Tal previsão foi prevista na Alemanha também, mas lá a suprema corte entendeu que a
destruição da aeronave seria inconstitucional, pois gera a instrumentalização das pessoas na
aeronave, não sendo possível fazê-lo de forma estatizada. Ainda que uma aeronave com vidas
inocentes dentro sejam arremessadas em um estádio, as mortes serão decorrentes do
terrorismo, não de ato do estado.
Não é admitida a tortura pois o individuo é fim em si mesmo, não sendo possível relativizar o
individuo em face do interesse de todos.
Por isso, seria absoluta a vedação da tortura, não podendo ser relativizada em nenhuma
hipótese. É o caso da doutrina do cenário bomba relógio, por que não podemos torturá-lo?
Pois parte-se do princípio de que aquele foi quem implantou a bomba, sendo afastado o
princípio da inocência.
Sobre o tema do direito à integridade, vide: Tema 173, STF; ADPF 779, de 2021; HC 70.389;
INQ 3412 de 2012; HC 71.373; ADPF 444; ADPF 54; ADI 3510
Superlotação de unidades prisionais - RE 592.581. O preso não pode ser punido além daquilo
previsto em lei, por isso, entende-se que as obras em unidades prisionais não constitui norma
programática, e deve ser respeitada para que não haja situação degradante,
HC 143641 – HC coletivo para liberdade de mulheres presas gravidas, com filhos menores ou
dependentes, em prisão preventiva de condição degradante, deveriam ser mantidas em
prisão domiciliar.
Autonomia
Auto normatividade – possibilidade de estar submetido às regras criadas pelo próprio
individuo, e não a sociedade envolvente. Ex: se vai casar, qual religião adotará, etc.
Para os antigos, autonomia era pública, somente, relativa a democracia. Por isso, Benjamin
Constant denomina a autonomia privada como autonomia dos modernos.
Liberdade de expressão como autonomia privada – art, 5º, IV e XIV, e 220, CF. o ser humano é
homem politico e necessita de troca com os demais, sendo necessária a garantia a liberdade
de expressão.
A liberdade de expressão permite que não seja penalizada um ato que poderia ser considerado
crime - HC 83996.