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2019-2020
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE
OCORRÊNCIA
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7.1.1. O fato é uma infração penal?............................................................................................... 39
7.1.2. Existe flagrante delito?......................................................................................................... 39
7.1.3. A infração é de menor potencial ofensivo?..........................................................................40
7.1.4. O autor assume o compromisso de comparecer em juízo?.................................................41
7.2. Consolidando o que vimos........................................................................................................... 41
8. Utilizando o Procedimento Policial Padronizado.............................................................................. 43
8.1. Introdução.................................................................................................................................... 43
8.2. Três Procedimentos Operacionais Padronizados.........................................................................43
8.3. Padrão de Procedimento Policial (PPP) nº 1 ou (POP) 01............................................................ 43
8.4. Padrão de Procedimento Policial (PPP) nº 2 ou (POP) 02............................................................ 44
8.5. Padrão de Procedimento Policial (PPP) nº 3 ou (POP) 03............................................................ 45
9. Elaboração do Termo Circunstanciado............................................................................................. 47
9.1. Introdução.................................................................................................................................... 47
9.2. Sobre o local e a forma de elaboração do Termo Circunstanciado............................................. 47
9.3. Dados básicos da ocorrência e qualificação dos envolvidos........................................................47
9.4. Dados gerais e identificadores da ocorrência.............................................................................. 47
9.5. Dados gerais do envolvido........................................................................................................... 49
9.6. Termo de manifestação do ofendido........................................................................................... 50
9.7. Termo de compromisso do(s) autor(es).......................................................................................50
9.8. Requisição de Exame de Corpo de Delito.................................................................................... 51
9.9. Termo de apreensão e/ou depósito.............................................................................................51
10.Exercitando a elaboração.................................................................................................................. 52
10.1. Introdução.......................................................................................................................... 52
10.2. Exercício..............................................................................................................................52
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Apresentação
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Capacitação para o Termo Circunstanciado - Introdução
Finalidade da Instrução
Propiciar aos participantes as competências necessárias para a confecção do Termo
Circunstanciado no atendimento policial a ocorrências.
Objetivo de desempenho
Ao finalizar a Instrução de TCO os participantes, diante de uma situação simulada e
aplicando os procedimentos preconizados na capacitação, dispondo dos materiais e formulários
necessários, deverão confeccionar corretamente um Termo Circunstanciado e os documentos
complementares em tempo estimado de 30 minutos.
Estrutura da Instrução
Nesta capacitação basicamente você aprenderá quando e como elaborar corretamente
o termo circunstanciado ao atender ocorrências que envolvam infrações penais de menor potencial
ofensivo.
Vamos revisar alguns conceitos básicos respondendo às perguntas: porque e quando
uma pessoa pode ser presa, e quem pode efetuar a prisão? Para isso, vamos falar sobre os temas
básicos a respeito do que é infração penal, o que é prisão em flagrante e quando ela ocorre, o
conceito de autoridade policial no contexto da legislação e decisões judiciais que tratam do tema e
finalmente a questão das polícias e suas responsabilidades.
Vamos ver que a partir da Lei 9.099 de 1995 algumas infrações penais passaram a
receber um tratamento diferenciado, por serem consideradas de menor potencial ofensivo,
permitindo que não se lavre o flagrante contra o ofensor se houver condições de conduzi-los
imediatamente à presença de um juiz ou, não havendo, se ele se comprometer a comparecer em
juízo na data a ser estabelecida, além disso, com a nova legislação, ficou aberta a possibilidade de
que estas infrações possam ser resolvidas por meio de uma transação penal.
Trabalharemos também com um tema mais prático: afinal, como diferenciar as situações
onde a lei 9.099/95 se aplica, ou seja, como identificar as infrações de menor potencial ofensivo?
Vamos ver nesta unidade onde isso está definido e estudar as principais infrações, exercitando este
aspecto que é fundamental para a aplicação da Lei 9.099.
Aproveitando que já sabemos diferenciar as infrações de menor potencial ofensivo
daquelas de maior potencial ofensivo, iremos passar para o passo seguinte, que é definir as etapas a
seguir em cada uma das situações que podem ocorrer.
Por último, vamos realmente colocar a mão na massa, aprendendo os detalhes sobre a
elaboração do termo circunstanciado, incluindo as dicas práticas sobre o local da lavratura, a
obtenção dos dados, a redação do relatório e a solicitação de exames. Neste módulo vamos estudar
alguns exemplos de Termo Circunstanciado e exercitar a sua elaboração.
Metodologia de ensino
A instrução será desenvolvida utilizando o método de ensino interativo, valorizando a
construção do conhecimento por meio da interação dos participantes com o instrutor, com os
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demais participantes e com o próprio objeto do conhecimento, empregando para isto as técnicas de
apresentação interativa, além do uso de dinâmicas, vivências de grupo e simulados, fazendo
contraste com situações de rotina policial e exemplos do dia-dia.
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1. Aspectos legais básicos - Porque prender?
Objetivos
Ao finalizar esta unidade espera-se que o participante tenha alcançado os seguintes objetivos:
Conceituar prisão e infração penal.
Descrever as características da infração penal: tipicidade e antijuridicidade, destacando os
excludentes de ilicitude.
Identificar, em um caso descrito, as características de uma infração penal.
Buscar o auto aperfeiçoamento por meio de leituras sobre o assunto.
1.1. Introdução
Você já parou para pensar o que é prender e porque as pessoas são presas?
Do ponto de vista do senso comum, prender é capturar alguém, privando esta pessoa de
sua liberdade, por ter feito algo considerado errado. No sentido jurídico, prender é privar ou limitar
alguém do direito de ir e vir por ter praticado algo contrário a lei.
No serviço policial, nós usamos a expressão prender normalmente associada à legislação
penal, tanto para a ação física de conter alguém, privando ou limitando seu direito de ir e vir, como
para os atos formais que se seguem à ação física.
Prender é restringir a liberdade de alguém para ir e vir porque infringiu a legislação
penal, cometendo uma ou mais infrações penais. Pode ser em flagrante delito ou depois, por ordem
de uma autoridade judiciária competente.
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Antijuridicidade: Entretanto, ao contrário do que poderia parecer, é preciso ainda que o fato
típico seja também ilícito, ou seja, contrário a lei. Embora pareça que executar qualquer fato
típico é sempre antijurídico, existem circunstâncias em que o fato típico não é ilegal. Estas
condições são chamadas de excludente de ilicitude.
1.4. Culpabilidade
A culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma
infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação
exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas
pressuposto para imposição de pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração
penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do crime, como seu elemento, e fora,
como juízo externo de valor do agente. Para censurar quem cometeu um crime, a culpabilidade deve
estar necessariamente fora dele.
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caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, imputável é o agente
plenamente capaz, que possuí ao tempo da ação ou da omissão, condições de compreender o
caráter ilícito da ação e agir de modo diverso conforme o direito.
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3º, incisos II). Dois excludentes específicos muito próximos ao serviço policial são os previstos no art.
150, § 3º:
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas
dependências:
I – Durante o dia, com a observância das formalidades legais, para efetuar prisãoou
outra diligência;
II – A qualquer hora do dia ou da noite, quando o crime está sendo ali praticado ou
na iminência de o ser.
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de 3 de outubro de 1941) em seu Art. 4º: “Art. 4º. Não é punível a tentativa de
contravenção”.
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2. Aspectos legais básicos - Quando prender?
Objetivos
Enumerar as hipóteses de prisão em flagrante previstas no artigo 302 do Código de Processo
Penal, destacando a diferença entre o flagrante esperado e o preparado.
Descrever os direitos de quem é preso em flagrante delito e a impossibilidade de prender em
flagrante delito os menores de 18 anos.
Identificar quem pode prender em flagrante delito e quem tem o dever de fazê-lo.
2.1. Introdução
Agora que vimos porque uma pessoa pode ser presa (porque comete uma infração
penal) vamos ver quando ela pode ser presa.
A resposta está na própria Constituição Federal, que estabelece:
“Art. 5º, Inciso LXI. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
e fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão disciplinar ou
crime propriamente militar, definidos em lei. ”
Embora o policial possa prender em qualquer uma das situações, ordem judicial ou
flagrante delito, iremos nesta unidade dar atenção à segunda: prisão em flagrante delito.
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Se você, policial, encontra uma pessoa que acabou de cometer um crime (por exemplo,
acabou de matar alguém) ela não está mais em flagrante delito?
Segundo o Código de processo Penal, há diversas modalidades de flagrante delito além
daquela em que alguém é surpreendido cometendo o crime:
Art. 302. Considera-se em flagrante quem:
I - Está cometendo a infração penal;
II - Acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração.
2.8. Prisão em flagrante nas infrações de ação penal pública condicionada ou ação penal
privada
Neste momento, relembrando seu trabalho como policial, você provavelmente está
refletindo sobre uma questão importante: então quando eu posso prender uma pessoa por estar em
flagrante delito se a infração penal em questão depender da manifestação da vítima ou ofendido?
A conclusão é de que o fato de a vítima ter solicitado a intervenção policial no local, para
intervir no caso em andamento ou logo após, tornou evidente e manifesta sua vontade de que o
Estado adotasse os atos materiais que, em determinadas ocasiões, serão suficientes para a cessação
da atividade danosa do acusado, restando satisfeita a vítima.
Nestes casos pode ocorrer (e podemos dizer que é bastante comum em algumas
infrações penais) que antes de lavrar o Auto de Prisão em Flagrante, a mesma vítima que chamou a
polícia manifeste que não quer processar o autor da infração penal.
É importante então destacar que isto não torna ilegal o primeiro conjunto de ações do
policial, pois o cerceamento inicial da liberdade do autor está amparado nos dispositivos legais
referentes à prisão, e não trazem a necessidade de representação ou queixa-crime para a sua
efetivação.
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Resumindo, quem está em flagrante delito deve ser preso (prisão material).
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3. Aspectos legais básicos – Quem pode prender
Objetivos
Ao finalizar esta unidade espera-se que o participante tenha alcançado os seguintes objetivos:
Identificar quem pode prender em flagrante delito e quem tem o dever de fazê-lo.
Discutir, a partir de um caso descrito, a obrigatoriedade de prender.
3.1. Introdução
Agora que respondemos às duas primeiras perguntas que norteiam este módulo
(porque e quando uma pessoa pode ser presa?) Vamos nos dedicar à discussão da terceira e última
pergunta deste módulo? Então vejamos, segundo a nossa legislação quem pode prender em
flagrante delito?
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Assim, surge o Sistema de Segurança Pública, tendo os órgãos que o compõe as
seguintes competências:
Polícia Federal: órgão do sistema de segurança pública, a quem compete, nos termos do art.
144, CF, a apuração de infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de
bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas,
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e
exija repressão uniforme, segundo dispuser a lei. Também lhe compete prevenir e reprimir o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo
da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência. Ainda
lhe cabe exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. Por fim, lhe
cabe exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
Polícia Rodoviária Federal: Órgão do sistema de segurança pública, a quem compete, nos
termos do art. 144, CF, a função de patrulhamento ostensivo nas rodovias federais.
Polícia Ferroviária Federal: Órgão do sistema de segurança pública, a quem compete, nos
termos do art. 144, CF, a função de patrulhamento ostensivo nas ferrovias federais.
Polícia Civil: Órgão do sistema de segurança pública, a quem compete, nos termos do art.
144, CF, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e de apuração de
infrações penais, exceto as militares.
Polícia Militar: Órgão do sistema de segurança pública, a quem compete, nos termos do art.
144, CF, as funções de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.
Em relação às Polícias Militares, polícia ostensiva, é uma expressão nova. Foi adotada
por dois motivos: o primeiro, de estabelecer a exclusividade constitucional e, o segundo, para marcar
a expansão da competência além do "policiamento" ostensivo. A preservação da Ordem Pública dá-
se em duas fases distintas: a primeira em situação de normalidade, quando esta é assegurada com
ações preventivas através do exercício da Polícia Ostensiva (não confundir com Policiamento
Ostensivo); e a segunda, em situação de anormalidade, ou seja, na quebra da ordem pública, quando
tem que ser restabelecida através de ações de Polícia Ostensiva repressivas enérgicas e imediatas.
Desta nova definição constitucional, juntamente com a Legislação dos Juizados Especiais
Criminais, especialmente a Lei nº 9.099/95, é que o entendimento contemporâneo sobre o conceito
de autoridade policial se ampliou.
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4. Juizados Especiais Criminais e o Termo Circunstanciado
Objetivos
Descrever os aspectos históricos relacionados à criação dos Juizados Especiais Criminais e à
elaboração do Termo Circunstanciado em infrações penais de menor potencial ofensivo.
Identificar, criticamente, os benefícios da elaboração do termo circunstanciado em infrações
penais de menor potencial ofensivo para a população, para a justiça e para o sistema de
segurança pública.
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A Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999, possibilitou a criação dos
Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal.
Como você pode perceber a partir do texto legal, o dispositivo constitucional cria a
necessidade de serem criados juizados especiais e permite que eles sejam providos tanto por juízes
togados (juízes togados são os pertencentes à carreira da magistratura) como por juízes leigos.
Estabelece que estes Juizados especiais não serão competentes apenas para a
conciliação, mas também para o julgamento e execução de infrações penais de menor ofensivo.
Estabelece ainda que sejam procedimentos orais e sumaríssimos, e que nas hipóteses
previstas em lei se admitiria a transação penal para resolução célere e restaurativa do conflito
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procedimento comum, sem que se prejudique o resultado da prestação jurisdicional.
Contudo, isso não quer dizer que as causas num juizado especial às vezes devam prescindir,
por exemplo, de uma perícia. Até também uma perícia pode ser simples, ou mesmo
simplificar um processo.
Informalidade: com a oralidade temos uma maior informalidade na busca de um
encaminhamento, tornando a justiça nestes casos mais parecida com a maneira como
resolvemos problemas no nosso dia-a-dia;
Economia processual: a valorização da oralidade e informalidade será apoiada pela busca da
redução de etapas e procedimentos processuais meramente formais, simplificando a ação do
ministério público e do magistrado;
Celeridade: finalmente, se buscará maior rapidez (celeridade é rapidez) na solução final,
reduzindo a demora que tanto angustia as pessoas que dependem da justiça quando está é
tardia.
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procedimento conciliatório pelo qual as partes interessadas, fazem concessões mútuas, que
previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas.
Aceita a proposta, o Juiz aplicará uma pena restritiva de direitos ou multa, que será
registrada no processo apenas para impedir que o benefício não se repita no prazo de cinco anos.
Mas e se não houver acordo, o autor recusar a transação ou mesmo se ele não
preencher as condições para ser beneficiado pela transação penal?
Por outro lado, caso haja recusa deste benefício ou o autor do fato não preencha os
requisitos legais, o Ministério Público oferecerá denúncia na própria audiência, de forma oral, e o
processo correrá normalmente aplicando-se os demais institutos vigentes ao processo ordinário até
se chegar à sentença.
Fica assim dispensado o retorno do encaminhamento para a elaboração de um inquérito
policial ou mesmo o exame de corpo delito, se houver exames médicos que comprovem a
materialidade da infração penal.
O termo circunstanciado, assim, serve para promover a oralidade, simplicidade, a
informalidade, a economia processual e a celeridade mesmo que não haja a transação penal e o
processo prossiga para outras instâncias do judiciário.
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Damásio de Jesus, outro famoso especialista, sustenta que: “[...] 'autoridade policial',
para os estritos fins da Lei comentada, compreende qualquer servidor público que tenha atribuições
de exercer o policiamento, preventivo ou repressivo”.
Rogério Lauria Tucci, autor reconhecido, citado na monografia de Farias entende que:
“Em suma, qualquer órgão específico da administração direta, regularmente investido no exercício
de função determinante, quer interna, quer externamente, da segurança pública, submete-se no
conceito de polícia e, como tal, é dotado de autoridade de polícia”.
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O Fórum Nacional dos Juizados Especiais – FONAJE, através do Enunciado Criminal 34,
expressou a possibilidade da lavratura de termo circunstanciado pela Polícia Militar.
Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, através do Provimento
n. 34, de 28 de dezembro de 2000:
A autoridade policial, civil ou militar, que tomar conhecimento da ocorrência,
lavrará termo circunstanciado, comunicando-se com a secretaria do juizado
especial para agendamento da audiência preliminar, com intimação imediata dos
envolvidos.
“Art. 2º Para os fins previstos no art. 69, da Lei nº 9.099/95, entende-se por
autoridade policial, apta a tomar conhecimento da ocorrência, lavrando o termo
circunstanciado, encaminhado imediatamente, ao Poder Judiciário, o agente do
Poder Público investido legalmente para intervir na vida da pessoa natural,
atuando no policiamento ostensivo ou investigatório”.
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Termo Circunstanciado, regulamenta o que já é previsto no artigo 69, da Lei Federal n. 9.099, de 26
de setembro de 1995.
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5. Reconhecendo as infrações de menor potencial ofensivo
Objetivos
Conceituar infração penal de menor potencial ofensivo.
Identificar, corretamente, as infrações de menor potencial ofensivo.
5.3. Principais infrações penais de menor potencial ofensivo, previstas no Código Penal
A seguir, serão apresentados os principais aspectos das infrações penais de menor
potencial ofensivo, mais comuns, tipificadas no Código Penal:
Aspectos importantes:
Considera-se lesão corporal qualquer ofensa à integridade física de uma pessoa e, quando
essa lesão é leve (de pequena gravidade) ou culposa (não intencional, ou seja, praticada sem
querer e independentemente de sua gravidade) é considerada infração de menor potencial
ofensivo.
A ação penal é pública condicionada à representação da vítima (assunto tratado no Módulo 1
deste Curso) para as lesões corporais leves e lesões corporais culposas, por força do art. 88
da Lei nº 9.099/95. Neste caso, para condenação na Justiça, é necessária representação da
pessoa lesionada (vítima), ou seja, depende de que a vítima declare que quer a
responsabilização penal do autor da lesão. O policial pode esclarecer à vítima que, na Justiça,
ela poderá mudar de ideia e não dar seguimento ao processo.
As lesões corporais leves são aquelas que não apresentam maior gravidade, pela
superficialidade e pequena extensão do ferimento, como é o caso dos arranhões,
hematomas e pequenos cortes. A gravidade da lesão, entretanto, será possível avaliar
através do que constar no boletim de atendimento médico, considerando-se a lesão descrita,
o atendimento realizado e a pronta liberação da pessoa lesionada.
As lesões corporais culposas (que são aquelas em que o autor não tinha a intenção de ferir,
aquelas que foram praticadas sem querer, mas que aconteceram por falta de cuidado ou
atenção do autor), independentemente da maior ou menor gravidade do (s) ferimento (s)
produzido (s), a infração é considerada de pequeno potencial ofensivo.
Nas lesões corporais culposas praticadas na direção de veículo automotor nos acidentes de
trânsito, é aplicável o art. 303 do CTB (Lei nº 9.503/97), que fixou em 2 anos de detenção a
pena máxima cominada, logo também é considerada de menor potencial ofensivo.
5.3.3. Calúnia (Art. 138 do CP)
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§2º É punível a calúnia contra os mortos.
Aspectos importantes:
Imputar significa atribuir, enquanto propalar significa propagar e divulgar significa tornar
público. Então o caput se aplica ao inventor da falsidade e o parágrafo único, a quem a
multiplica.
Caluniar significa acusar de forma falsa uma pessoa de um crime.
É elementar do tipo a falsidade, portanto o autor deve ter a intenção de praticar o falso;
acreditando ser verdadeira a imputação não há crime.
O fato imputado deve ser definido como crime, ou seja, deve ser típico e ilícito. Além disso,
não pode ser genérico, pois o tipo exige divulgação de fato, certo e preciso.
A calúnia se consuma quando terceira pessoa tem conhecimento do falso.
Não há calúnia, por ausência do elemento subjetivo do delito, se é fruto de incontinência
verbal e provocada por explosão emocional no decorrer de acirrada discussão (TACrSP, RT
544/381).
Aspectos importantes:
Difamar é atribuir a uma pessoa um fato ofensivo a sua boa fama, ou seja, ofender a sua
imagem perante as demais pessoas em comunidade.
Esse fato imputado à pessoa, ao contrário do que se dá no crime de calúnia, não precisa ser
falso nem pode ser definido como crime.
Mesmo que verdadeiro o fato ofensivo à reputação, estará caracterizado o delito, exceto se
o imputado for funcionário público em razão do exercício de suas funções.
A imputação deve ser de fato determinado e não de defeitos ou qualidades negativas de
determinada pessoa.
É necessário, também, que esse fato chegue ao conhecimento de outra pessoa que não o
ofendido.
De regra, a ação penal é de exclusiva iniciativa privada.
Será pública condicionada se praticada contra o Presidente da República ou contra
funcionário público em razão de suas funções, exigindo requisição do Ministro da Justiça no
primeiro caso e representação do ofendido, no segundo.
Aspectos importantes:
Na injúria, ao contrário da calúnia e da difamação, não há imputação de fatos, mas a emissão
de conceitos negativos sobre a vítima, atingindo sua honra subjetiva, ou seja, o conceito de
honorabilidade que o ofendido tem a respeito de si mesmo.
A injúria pode ser praticada de várias formas: gestos, palavras, sinais, atitudes, etc.
É necessária que chegue ao conhecimento do ofendido ou de qualquer outra pessoa.
Na injúria a ação penal é privada para a injúria simples (art. 140, caput) e pública
incondicionada para a injúria qualificada (art. 140, § 2º), quando da violência resultar lesão
corporal, por força do que dispõe o art. 145 do Código Penal.
Está-se formando um entendimento de que a ação é pública condicionada no caso de
resultarem lesões corporais leves (art. 88 da Lei nº 9.099/95), mas, em princípio, na fase
policial, vai-se dar andamento à ocorrência, independentemente de representação por parte
da vítima, devendo a questão ser dirimida em juízo quanto à necessidade de representação.
Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou
origem (§ 3º do art. 140), a infração deixa de ser de pequeno potencial ofensivo devido ao
estabelecimento de pena de um a três anos de reclusão para esse caso específico.
Aspectos importantes:
Ameaçar é procurar “meter medo” em alguém, intimidar alguém através de quaisquer meios,
como indica o enunciado legal.
Há o crime, também, se posteriormente a ameaça é transmitida à vítima.
A alegação de “processar” alguém, de “procurar a justiça” ou de pedir providências à
autoridade não caracterizam a ameaça, já que não constituem um “mal injusto”, mas tão-
somente o exercício de um direito.
É crime de ação pública condicionada à representação da vítima.
Jurisprudência selecionada: “O dano anunciado deve ser futuro, embora de próxima
realização, mas não deve produzir-se no próprio instante da ameaça, com o que o fato
tomaria outro caráter”. (TACRIM-SP, RT 569/377).
Esta infração penal pode ser formulada por várias formas, ou seja, através de palavras,
gestos ou outros meios simbólicos (qualquer atitude ameaçadora que faça com que a vítima
identifique estar sendo intimidada), podendo, ainda, a intimidação, ser feita por escrito. Daí
a importância de o Policial consignar, ao confeccionar o relatório da ocorrência, quando do
preenchimento do TC, qual o meio utilizado pelo autor da infração e qual a expressão, ou
expressões ameaçadoras formuladas (quais as palavras ou frases, qual o gesto ou atitude
empregados, etc.). Se a ameaça for por escrito, deve ser apreendido o objeto que contenha o
escrito, para encaminhamento ao Juizado Especial.
Aspectos importantes:
Pratica o delito qualquer pessoa que se aponha à execução de ato legal, mesmo que esteja
sendo executado contra terceira pessoa. Comete o delito, por exemplo, quem intervém,
mediante violência ou ameaça, na atuação de policiais, que estão prendendo pessoa que
acabou de cometer um delito (JTACrSP 26/263). Também há o delito se for direcionado
contra pessoa que está auxiliando o agente público na execução do ato (JTACRIM 74/385).
A oposição à execução do agente deve ser feita com violência ou grave ameaça (RT 525/353).
A violência aqui é física. A ameaça pode ser real (ex.: apontar uma arma de fogo) ou verbal.
A execução do ato por parte do agente tem que ser legítima para configurar-se a resistência,
caso contrário não há o delito (RT 519/363).
A pessoa que comete o delito deve ter consciência de que está se opondo a ato legal do
funcionário, ou seja, só se configura na modalidade dolosa.
Se o ato em razão da resistência não se executa o crime deixa de pertencer aos de menor
potencial ofensivo, pois a pena alcança 3 (três) anos.
O crime de resistência é punido sem prejuízo das penas referente às lesões que poderão ser
leves, graves ou gravíssimas, conforme prevê o art. 129 do CP.
5.3.9. Desobediência (Art. 330 do CP)
Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa.
Aspectos importantes:
Só se configura a desobediência quando a ordem do funcionário público é legal. Não poderia
ser diferente, pois o cidadão só é obrigado a fazer ou deixar de fazer aquilo que é legal.
Ordem ilegal não se cumpre.
A ordem deverá ser dada diretamente pelo Funcionário Público, podendo ser utilizado
instrumento legal para a ordem como, por exemplo, através de mandado de busca.
O Funcionário que dá a ordem deverá, ainda, ser competente para dar a ordem.
Se o não cumprimento da ordem é seguido de violência ou ameaça, o delito é o do art. 329
(Resistência).
Jurisprudência selecionada: a) “O crime de desobediência reclama que a ordem seja legal.
Acrescente-se: legalidade substancial, legalidade formal e autoridade competente. Além
disso, inexistirá delito havendo impossibilidade material de cumprimento da determinação”.
(STJ, RSTJ 28/178); b) “O simples desatendimento de uma regra de trânsito por si não
constitui crime de desobediência”. (TJSP, RT 518/347); c) “Desobediência. Caracterização.
Agente que, dirigindo sem habilitação legal, não atende ordem de parada emanada de
guarda de trânsito, evadindo-se do local”. (TACRIM-SP, RJ 218/129).
5.3.10. Desacato
Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Aspectos importantes:
Desacatar significa humilhar, espezinhar, desprestigiar, ofender. O desacato admite qualquer
forma de execução como: palavras, gestos, ameaças, etc. Sujeito passivo primordial é o
Estado e de forma secundária o funcionário ofendido. Dessa forma, pouco importa, para
caracterizar o delito, se o funcionário se sentiu ou não ofendido.
O dispositivo legal prevê duas hipóteses para que haja o desacato: a) que a ofensa seja feita
contra funcionário que esteja no exercício de suas funções, ou seja, que esteja trabalhando
(dentro ou fora da repartição) no momento em que é ofendido; b) que seja feita contra
funcionário que esteja de folga, desde que a ofensa se refira às suas funções.
Qualquer pessoa pode cometer o delito, inclusive o próprio funcionário público, pois ao
ofender o outro se despe da qualidade de funcionário público e se equipara a um particular,
respondendo pelo delito. (TACRSP: “O funcionário público também pode ser sujeito ativo de
desacato, desde que despido dessa qualidade ou fora de sua própria função”. JTACRIM
70/372).
Para a configuração do desacato as ofensas devem ser dirigidas na presença do funcionário
público, pois caso contrário o crime será o de injúria qualificada (art. 140 c/c o art. 141, II, do
CP).
O crime de desacato é punido na modalidade dolosa, ou seja, na vontade de praticar a ação
ou proferir a palavra injuriosa com o propósito de ofender ou desrespeitar o funcionário a
quem se dirige.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: A denúncia por crime de desacato deve descrever o meio de
execução, inclusive as palavras de baixo calão proferidas. Assim, o policial quando preencher
o relatório do Termo Circunstanciado deverá fazer constar todas as ofensas, gestos, ameaças,
etc. que lhe foram dirigidos.
5.4. Principais infrações penais de menor potencial ofensivo, previstas na Lei de
Contravenções Penais
5.4.1. Vias de fato
Art. 21 - Praticar vias de fato contra alguém:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato não
constitui crime.
Aspectos importantes:
Constitui vias de fato a execução de atos violentos contra outra pessoa com o objetivo de lhe
causar mal físico. Diferencia-se do crime de lesão corporal, pois não gera sinais da violência,
tais como rupturas da pele, hematomas, corrimento de sangue, entre outros, o que
configuraria pratica de lesão corporal.
São atos que configuram as vias de fato: empurrões agressivos, arrancamento ou
rasgamento de vestes, puxões de cabelos, esbofeteamentos e outras atitudes afrontosas em
relação à vítima.
Havendo ofensas só por palavras caracterizar-se-á o crime de injúria.
Jurisprudência selecionada: a) “Só ocorre a contravenção de vias de fato quando houve
violência física real, embora sem vestígios. ” (RT 246/321); b) “A agressão a socos e pontapés,
de que não resulta em ferimentos na vítima caracteriza a contravenção de vias de fato. ” (RT
451/466).
Aspectos importantes:
Nesta contravenção, a perturbação deve ser coletiva. Assim, para a caracterização de que
está havendo uma perturbação coletiva do sossego, deve haver, no mínimo, três pessoas
incomodadas pela situação provocada pelo (s) autor (es) da infração.
Cabe destacar que esta contravenção penal, assim como em todas as contravenções, a ação
penal é pública incondicionada, logo a identificação das “pessoas incomodadas” é necessária
para a caracterização do fato, não sendo preciso que exerçam seu direito de representação.
Aspectos importantes:
Para que se configure a contravenção penal é preciso que a perturbação da tranquilidade
seja determinada por acinte (por “pirraça”, a fim de incomodar) ou motivo reprovável
(adverso aos sentimentos morais, sociais e jurídicos)
No caso desta infração, diferente do que ocorre na contravenção do art. 42 (perturbação do
trabalho ou sossego alheios), em que a perturbação se caracteriza através de critérios bem
objetivos, há necessidade de que fique caracterizada qual a atitude de acinte ou motivo
reprovável pela qual se dá a perturbação do sossego, devendo constar no Relatório do
Boletim de Ocorrência lavrado pelo Policial a descrição da atitude.
5.5. Principais infrações penais de menor potencial ofensivo, previstas no Código Brasileiro de
Trânsito
5.5.1. Lesão Corporal Culposa na Direção de Veículo Automotor
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Aspectos importantes:
Comete esta infração penal o condutor de veículo automotor que ofender a integridade física
ou saúde de outrem em acidente de trânsito, de forma culposa (ou seja sem a intenção).
Não ocorrendo danos físicos aos envolvidos no acidente, por maiores que sejam os danos
materiais causados não ocorre o cometimento de infração penal, devendo-se, somente,
confeccionar a documentação administrativa do acidente de trânsito, a fim de que os
interessados possam buscar o ressarcimento através de ação na esfera cível, se for o caso.
Portanto, o acidente de trânsito somente com danos materiais trata-se de um fato atípico.
Aspectos importantes:
Para a caracterização do delito é necessário que a direção inabilitada se dê em via pública.
Não há o cometimento da infração no caso de o condutor não portar o documento de
habilitação, o que caracteriza somente infração administrativa de trânsito prevista no Art.
232 do CTB, uma vez que para caracterizar o crime de trânsito o condutor não deve ser
habilitado através do processo regular instituído em lei (art. 140 do CTB), ou que esteja com
o direito de dirigir cassado.
A condução de veículo de categoria diferente daquela para a qual o motorista está habilitado
constitui apenas a infração administrativa do art. 143 do CTB.
Para a configuração da infração, é exigido pelo tipo, também, que, além da falta de
habilitação, seja gerado, pela conduta, perigo de dano à segurança no trânsito. Dessa forma,
é desnecessário que, no caso concreto, tenha havido risco para certa e determinada pessoa,
bastando que a condução do veículo seja feita desrespeitando normas de segurança no
trânsito. Logo, se a condução do veículo é feita sem que o condutor gere perigo para o
trânsito em geral, não haverá responsabilização penal para o condutor não habilitado,
respondendo ele somente pela infração administrativa do art. 162, I, do CTB.
Se o condutor exibe documento de habilitação falso, responde pelo crime de uso de
documento falso do art. 304 do Código Penal e se dirigia gerando perigo de dano, responde
também pelo crime de direção inabilitada deste art. 309. Se não gerava perigo de dano,
responderá pelo uso de documento falso e por infração administrativa de direção não
habilita do art. 162, I, do CTB.
5.5.3. Entrega da direção de veículo a pessoa não habilitada
Art. 310 - Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Aspectos importantes:
Para a caracterização do delito é necessário que o fato seja flagrado em via pública.
O tipo penal ocorre se o autor pratica uma das três ações: “permitir” (consentir, autorizar,
tolerar), “confiar” (depositar fé e “entregar” (passar para outrem), assim a conduta pode ser
praticada tanto por ação como por omissão, ou seja, tanto aquele que expressamente
permite, entrega ou confia o veículo a pessoa não autorizada quanto aquele que, sabendo
que a pessoa irá sair com o veículo a isso não se opõe ou toma providência no sentido de
impedi-la.
A “pessoa não habilitada” que recebe o veículo para conduzir na via pública é aquela que
nunca teve Carteira de Habilitação ou Permissão para Dirigir. Se ela não está portando o
documento de habilitação ou está com o documento de habilitação com prazo de validade
vencido, apesar disso, para os efeitos penais, é considerada habilitada, respondendo
somente pelas infrações administrativas cometidas.
6. Procedimentos Policiais
Objetivos
Descrever os passos mínimos recomendados para o Procedimento Policial Padronizado em
atendimentos policiais.
6.1. Introdução
Cada organização policial possui seus próprios procedimentos policiais padronizados
para o atendimento de ocorrências,
Dependendo da organização eles podem ser chamados de diretrizes operacionais,
instruções gerais, procedimentos operacionais padronizados, protocolos ou outras expressões
quaisquer.
Eles orientam com maior ou menor detalhe a sequência de decisões e procedimentos a
serem adotados pelos policiais nas diversas situações com que se defrontam, e variam de local para
local de acordo com a doutrina e as peculiaridades regionais.
Entretanto, de um modo geral, estes procedimentos policiais padronizados seguem uma
lógica que leva ao atendimento rápido, seguro e legal ao cidadão, preconizando passos muito
semelhantes aos integrantes da força policial.
6.10. Exercício
A partir da situação descrita no histórico distribuído pelo instrutor identifique as etapas do
atendimento preconizadas no Procedimento Policial.
7. Definindo o procedimento legal
Objetivos
Enumerar os passos preconizados para a definição do procedimento legal a ser adotado em
uma ocorrência policial.
Identificar em uma situação descrita, com auxílio do fluxograma, o procedimento legal a ser
adotado em uma ocorrência policial.
7.1. Introdução
Mantendo o foco do Programa de Treinamento, que é a elaboração do Termo
Circunstanciado em ocorrências envolvendo o flagrante de infrações penais de menor potencial
ofensivo, daqui para frente abordaremos apenas a etapa em que os procedimentos legais são
realizados, mas sempre mantendo em mente que todas as etapas, organizadas da forma como
apresentamos ou apresentadas de outra forma, são importantes.
A partir do que vimos nos módulos anteriores, podemos montar agora alguns passos ou
etapas para verificar se um atendimento preenche os requisitos para que se aplique o prescrito pela
Lei 9.099/95, elaborando o Termo Circunstanciado, solicitando os exames de corpo de delito
necessários e obtendo o compromisso do autor em comparecer em juízo para então liberar todos
ainda no local dos fatos.
Para facilitar, vamos avançar na tomada de decisão por meio de perguntas simples e
objetivas, cujas respostas indicarão os próximos passos
Objetivos
Descrever os três Procedimentos Policiais Padronizados aplicáveis aos procedimentos legais
em uma ocorrência policial.
Identificar em uma situação descrita, com auxílio do fluxograma, o Procedimento
Operacional Padronizado aplicável aos procedimentos legais em uma ocorrência policial.
8.1. Introdução
Como vimos, a sequência de perguntas e resposta nos guia na direção da tomada de
decisão sobre o procedimento a ser adotado. Você já deve ter percebido que estamos agora no
centro do nosso curso, e que a competência para identificar se em uma determinada situação estão
os requisitos para a aplicação da Lei 9.099/95 e a elaboração do Termo Circunstanciado é
fundamental para o curso. Agora, vamos ver os procedimentos a serem adotados para as principais
situações caracterizadas quando seguimos a sequência anterior de perguntas e respostas.
ADVERTÊNCIA
Lembre-se, entretanto, que este é um guia e que nada substitui o julgamento de um
policial bem formado e experiente que está no local dos fatos. Por isso mesmo, os procedimentos
não serão explicitados, mas apenas enumerados.
Objetivos:
Enumerar os principais grupos de informações de um Termo Circunstanciado.
Descrever a sequência de registros a ser utilizada na elaboração do histórico do Termo
Circunstanciado.
Descrever os aspectos mais importantes na elaboração do histórico do Termo
Circunstanciado.
9.1. Introdução
Nesta aula vamos abordar a elaboração em si do Termo Circunstanciado, ou seja, a
produção do documento. Para isto, é importante que você se recorde de alguns aspectos que
envolvem a produção deste relatório de ocorrência específico para o registro das situações
envolvendo infrações penais de menor potencial ofensivo, em flagrante delito, que sejam de ação
penal pública ou em que a vítima se manifeste por queixa ou representação.
Em primeiro lugar, a Lei 9.099/95 estabelece a elaboração do Termo Circunstanciado
como um relato dos fatos, que substitui a condução dos envolvidos ao Juizado Especial Criminal
quando isto não for possível no momento. Este relato então servirá de base para todos os
procedimentos que se seguirem, desde a composição pela transação penal até o oferecimento da
denúncia pelo Ministério Público, e por isso a sua elaboração é uma grande responsabilidade.
Por outro lado, ele não deve dificultar o que a legislação pretendia facilitar, nem
tampouco retardar o que o legislador desejava acelerar. Por isso, deve-se ter em mente os princípios
encontrados na Lei 9.099/95, para preencher este relato de forma simples e direta.
Embora cada Estado possa estabelecer um padrão próprio de formulário ou de
elaboração, de um modo geral todos registrarão um conjunto de informações muito parecidas,
mesmo que usando uma ordem ou apresentação diferentes.
Fato
Natureza: apontar, de maneira resumida, o tipo penal e/ou a situação não delituosa responsável pela
presença da Polícia Militar.
Endereço: registrar o tipo (rua, avenida, estrada, etc.) e nome do logradouro, com informações sobre
o número da residência/estabelecimento onde ocorreu o fato ou em caso de fato ocorrido em via
pública o número da residência ou quilômetro em frente do qual ocorreu, o bairro e município.
Município: inserir o Município, ou se for o caso, o Distrito em que ocorreu o fato.
Ponto de referência: informar ponto de referência ou coordenada geográfica do local do fato.
Histórico: Relatório lavrado pelo policial militar que atender a ocorrência com descrição e conclusão
com base nas provas colhidas e nas oitivas realizadas em que deverão ser observados os seguintes
princípios:
Fornecer ao Ministério Público e ao magistrado os elementos para instrução do feito e para
sentença;
Ser objetivo, descritivo e sucinto, indicando todas as circunstâncias consideradas relevantes,
sua materialidade/autoria e as provas colhidas e fazendo uso das informações contidas nas
declarações prestadas pelo autor, ofendido e eventuais testemunhas.
Direcionar a construção do relatório como forma de ENCERRAMENTO do atendimento da
ocorrência.
Providências adotadas: Seção do boletim de ocorrência destinado a registrar as providências
adotadas para dar consequência ao atendimento da ocorrência, tais como, condução a hospital,
solicitação de exames periciais, juntada de documentos, entre outros. Esta seção é composta dos
seguintes campos:
Documentos – assinalar os tipos de documentos correlatos que foram lavrados em virtude daquela
ocorrência policial
Na sequência desta seção são formulados os seguintes questionamentos:
Fotografado? Caso o local da infração tenha sido fotografado pela guarnição, assinalar SIM, do
contrário, assinalar a opção NÃO;
A Polícia Civil foi acionada? Caso a equipe da Delegacia de Polícia Civil responsável pela área em que
houve a prática do delito tenha sido acionada pela Guarnição PM ou pelo CIOP/CO, nos termos
previstos nesta resolução, consignar SIM, do contrário, marcar a opção NÃO;
Polícia Civil esteve no local? Se uma equipe da Polícia Civil esteve no local da infração, assinalar SIM,
do contrário, marcar NÃO;
O perito esteve no local? Se uma equipe do Instituto de Criminalística esteve no local da ocorrência,
assinalar SIM, do contrário, marcar NÃO.
Nome e Cargo do Responsável – Registrar o nome do responsável pela equipe da Polícia Civil e/ou
Instituto de Criminalística que foi contatada ou que esteve no local, consignando cargo, nome e
lotação.
No campo “outras providências” serão registradas todas as medidas adotadas pelos policiais
militares em virtude daquela ocorrência, como condução a hospital, juntada de documentos,
autuações, número da VTR de atendimento pré-hospitalar e etc.
Registrado por: Registrar posto/graduação, RE e nome do(s) atendente(s) da ocorrência, colhendo
suas assinaturas. Importante salientar que o(s) Policial(is) Militar(es) que atenderem a ocorrência
jamais figurarão como envolvido(s) e, sim, como atendentes da ocorrência, de modo que serão
qualificados apenas neste campo do BO. Caso o registro seja feito por policial militar diverso do que
atendeu a ocorrência, aquele deve inserir o nome do responsável pelo atendimento no histórico,
ficando responsável apenas pelo registro da ocorrência.
Objetivos
Elaborar um termo circunstanciado a partir de uma situação descrita.
10.1. Introdução
Agora que vimos alguns aspectos sobre a elaboração do Termo Circunstanciado, você
deve estar curioso para ver alguns modelos preenchidos e praticar, você mesmo, o preenchimento.
Como você percebeu, não é muito difícil, desde que tenha em mente os conceitos e as
recomendações aqui feitas.
10.2. Exercício
Leia o histórico que será entregue pelo instrutor, que descreve uma situação e verifique
as informações. Agora que você leu, releia focalizando sua atenção no relatório, que é um dos
aspectos de elaboração mais trabalhosa, pois precisa ser claro, completo e conciso, apesar de não ser
difícil. Elabore o termo circunstanciado sobre o fato, com todos os documentos necessários,
conforme ensinado!