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Vitória Ferreira Da Silva

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tualizado
Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com

Olá, tudo bem? Sou Professor Erick Lima e vou ajudar você a ser
aprovado no seu tão sonhado cargo público.
Tenho uma vasta experiência em Concursos Públicos, sou Policial
Militar e atualmente estou graduando em Direito. Uso todos os meus
conhecimentos e técnicas de estudos para auxiliar na aprovação dos
meus alunos.
Deixa eu te fazer algumas perguntas: você tem dificuldade nos estudos
? Está procurando conteúdo totalmente atualizado e direcionado para
sua prova ? Quer encurtar o caminho até a aprovação ? Ótimo, então
você está no lugar certo. Temos o que você precisa para realizar esse
grande sonho de ser Servidor público.
CRONOGRAMA
CRONOGRAMA POR DISCIPLINA
1º DIA 2º DIA 3º DIA 4º DIA

Português RLM Atualidades Administração

História Seg. Pública Direito


Ética
do Ceará Processual Penal

5º DIA 6º DIA 7º DIA


Direito Penal
Constitucional Revisão Geral
Militar
/ Exercícios
Direitos Criminologia / Simulados
Humanos

Vitória Ferreira Da Silva


vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
CRONOGRAMA POR HORAS
1º DIA 2º DIA 3º DIA 4º DIA 5º DIA 6º DIA
1º Disciplina 2h 2:30h 1:30h 2h 2h 2h

2º Disciplina 2h 1:30h 2:30h 2h 2h 2h

Total 4h 4h 4h 4h 4h 4h

Avante, Imparáveis! Dá uma olhada nesse modelo de cronograma de estudos para PMCE incluindo todas as
matérias e com ênfase nas disciplinas pós edital. Seguindo o cronograma, você vai estudar cada disciplina 1x
por semana, além de reservar um dia para revisão e exercícios. Vamos dar uma olhada nas instruções:
O modelo de cronograma apresentado tem como meta 4 horas de estudo líquido diário.
Os dias no cronograma não representam os dias da semana, você pode, por exemplo, começar os estudos do 1º
dia numa quarta e seguir sucessivamente. Se você não conseguir estudar as matérias de um dia qualquer e
voltar ao estudo, volte de onde parou. Essa é a parte boa de dividir em dias sem levar em conta os dias da
semana, assim você tem um estudo mais dinâmico e adaptável à sua rotina.
O sétimo dia é reservado para revisar, exercitar e fazer simulados. Você pode fazer essas três coisas ou
escolher entre elas a depender da sua forma de estudo, mas são todas muito importantes.

profericklima Professor Erick Lima


EDITAL
VERTICALIZADO
POLÍCIA MILITAR
DO CEARÁ (PMCE)
CONHECIMENTOS BÁSICOS
LÍNGUA PORTUGUESA
Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Leitura, compreensão e interpretação de textos.
Estruturação do texto e dos parágrafos.
Ar culação do texto: pronomes e expressões
referenciais, nexos, operadores sequenciais.
Significação contextual de palavras e expressões.
Equivalência e transformação de estruturas.
Sintaxe: processos de coordenação e
subordinação.
Emprego de tempos e modos verbais.
Pontuação.
Estrutura e formação de palavras.
Funções das classes de palavras. Vitória Ferreira Da Silva
Flexão nominal e verbal. vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Pronomes: emprego, formas de tratamento e
colocação.
Concordância nominal e verbal.
Regência nominal e verbal.
Ortografia oficial.
Acentuação gráfica.

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Estrutura lógica de relações arbitrárias entre
pessoas, lugares, objetos ou eventos fic cios;
dedução de novas informações das relações
fornecidas e avaliação das condições usadas para
estabelecer a estrutura daquelas relações.
Compreensão e análise da lógica de uma
situação, u lizando as funções intelectuais:
raciocínio verbal, raciocínio matemá co,
raciocínio sequencial, orientação espacial e
temporal, formação de conceitos, discriminação
de elementos.
Operações com conjuntos.
Raciocínio lógico envolvendo problemas
aritmé cos, geométricos e matriciais.

profericklima Professor Erick Lima


VADE MECUM
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EDITAL VERTIZALIZADO

ATUALIDADES
Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Meio ambiente e sociedade: problemas, polí cas
públicas, organizações não governamentais,
aspectos locais e aspectos globais.
Descobertas e inovações cien ficas na atualidade
e seus impactos na sociedade contemporânea.
Mundo Contemporâneo: elementos de polí ca
internacional e brasileira; cultura internacional e
cultura brasileira (música, literatura, artes,
arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais,
revistas e televisão); elementos de economia
internacional contemporânea; panorama da
economia brasileira.

HISTÓRIA DO CEARÁ
Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
O período colonial: a ocupação do território:
disputas entre na vos e portugueses; acesso à
terra: sesmarias e a economia pecuária.
O período imperial: o Ceará na Confederação do
Vitória
Equador; importância da economia do algodão; a Ferreira Da Silva
escravidão negra no Ceará. vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
O Ceará e a “República Velha”: a polí ca
oligárquica: coronelismo e clientelismo;
movimentos sociais religiosos e “bandi smo”;
O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-
Novo; repercussões da redemocra zação;
“indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.
Os governos militares e o “novo” coronelismo; a
“modernização conservadora”.
A “nova” República: os “governos das
mudanças”.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO


Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Caracterís cas básicas das organizações formais
modernas: pos de estrutura organizacional,
natureza, finalidades e critérios de
departamentalização.
Processo organizacional: planejamento, direção,
comunicação, controle e avaliação.
Organização administra va: centralização,
descentralização, concentração e
desconcentração;
Organização administra va da União;

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VADE MECUM
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Administração direta e indireta;


Gestão de processos.
Gestão de contratos.
Planejamento estratégico.
Princípios da Administração Pública.
Inovações introduzidas pela Cons tuição de
1988: agências execu vas;
Serviços essencialmente públicos e serviços de
u lidade pública;
Delegação de serviços públicos a terceiros;
Agências reguladoras;
Convênios e consórcios.
Relações humanas no trabalho.
É ca e cidadania.
Lei de Improbidade Administra va (lei 8.429/92)
e suas alterações.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Noções de Direito Constitucional
Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Direitos e garan as fundamentais: direitosVitória
e Ferreira Da Silva
deveres individuais e cole vos, direitos sociais e
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direitos polí cos.
Organização do Estado: organização polí co-
administra va; União; Estados, Distrito Federal,
Municípios e Territórios.
Poder Legisla vo: Congresso Nacional, Câmara
dos Deputados, Senado Federal; parlamentares
federais, estaduais e municipais.
Poder Execu vo: atribuições do Presidente da
República e dos Ministros de Estado.
Poder Judiciário: disposições gerais e Conselho
Nacional de Jus ça (CNJ).
Funções essenciais à jus ça: Ministério Público,
advocacia e Defensorias Públicas.
Das Forças Armadas.
Da Segurança Pública.

Noções de Direito Humanos


Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Conceito e fundamentação.Direitos Humanos e
responsabilidade do Estado.
Direitos Humanos na CRFB/88.
Polí ca Nacional de Direitos Humanos.
Violências de gênero. Violência domés ca.

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Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/16).
Racismo.
Racismo ins tucional.
Estatuto da Igualdade Racial.
Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Direito das pessoas moradoras de favelas.
Direito das ví mas de violência de Estado.
Diversidade sexual. Direito das pessoas
LGBTQIA+. Homofobia, discriminação por
orientação sexual e iden dade de gênero e o
crime de racismo.
Tortura. As Garan as Judiciais e os direitos pré-
processuais. Direito a não ser torturado.
População em situação de rua.
Conceito e Princípios das Polí cas Públicas
Recolhimento Compulsório

Noções de Direito Penal Militar / Processo Penal Militar


Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Vitória Ferreira Da Silva
Aplicação e especificidades da lei penal militar.
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Crime.
Imputabilidade penal.
Concurso de agentes.
Penas: aplicação da pena; suspensão condicional
da pena; livramento condicional; penas
acessórias; efeitos da condenação.
Medidas de segurança.
Ação penal.
Ex nção da punibilidade.
Crimes militares em tempo de paz.
Crimes propriamente militares e crimes
impropriamente militares.
Crimes contra a pessoa.
Crimes contra o patrimônio.
Crimes contra a administração militar.
Crimes em tempo de guerra.

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Noções de Direito Penal


Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Aplicação da lei processual no tempo, no espaço
e em relação às pessoas.
Disposições preliminares do Código de Processo
Penal.
Inquérito policial.
Ação penal.
Prisão e liberdade provisória.
Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária).
Processo e julgamento dos crimes de
responsabilidade dos funcionários públicos.
O habeas corpus e seu processo.
Disposições cons tucionais aplicáveis ao Direito
Processual Penal.

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º

O crime como fato social. Vitória Ferreira Da Silva


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Ins tuições sociais relacionadas com o crime: as
Polícias, o Poder Judiciário, o Ministério Público,
os sistemas penitenciários etc.
A extensão da criminalidade no mundo e no
Brasil.
O crime como fenômeno de massa: narcotráfico,
terrorismo e crime organizado.
O crime como fenômeno isolado: estudo do
homicídio.
Classificação de pos criminosos: criminoso nato;
criminoso ocasional; criminoso habitual ou
profissional; criminoso passional; criminoso
alienado; criminoso menor (delinquência
juvenil); a mulher criminosa.
As a vidades repressivas, preven vas e
educacionais para diminuir os índices de
criminalidade.

SEGURANÇA PÚBLICA
Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Direitos Humanos: desarmamento e combate
aos preconceitos de gênero, étnico, racial,
geracional, de orientação sexual e de diversidade
cultural.

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Exercícios Revisão
Assunto Teoria
Total Erros Acertos 1º 2º 3º
Criação e fortalecimento de redes sociais e
comunitárias.
Ins tuições de segurança pública e do sistema
prisional.
Enfrentamento do crime organizado e da
corrupção policial.
Garan a do acesso à Jus ça.
Valorização dos espaços públicos.
Par cipação da sociedade civil.
Programa Nacional de Segurança Pública com
Cidadania (PRONASCI)

Polícia Militar do Ceará


CONHECIMENTOS BÁSICOS: MÍNIMO 20 PONTOS
Área de Conhecimento Nº de Itens Valor por Questões Valor Total
(Pontos) (Pontos)
Língua Portuguesa e Interpretação de Texto 12 1 12
Raciocínio Lógico Vitória Ferreira Da 10
Silva 1 10
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Atualidades e História do Ceará 10 1 10
Noções de Administração Pública e É ca no Serviço Público 08 1 08

Total de Questões e Pontos 40 Questões 40 Pontos

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS: MÍNIMO 30 PONTOS


Noções de Direito Cons tucional 12 1 12
Noções de Direitos Humanos 10 1 10
Noções de Direito Penal Militar / Processo Penal Militar 12 1 12
Noções de Direito Penal 12 1 12
Noções de Criminologia 08 1 08
Segurança Pública 06 1 06

Total de Questões e Pontos 60 Questões 60 Pontos

profericklima Professor Erick Lima


SUMÁRIO
DIREITO PENAL MILITAR 01

PROCESSO PENAL 57

DIREITO CONSTITUCIONAL 85

DIREITOS HUMANOS 119

CRIMINOLOGIA
Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com 191

SEGURANÇA PÚBLICA 219

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 239

DIREITO ADMINISTRATIVO 255

ÉTICA 293

profericklima Professor Erick Lima


Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Tempo do crime
Art. 5º Considera-se praticado o crime no
momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o do resultado.
Lugar do crime
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lu-
gar em que se desenvolveu a atividade criminosa,
LIVRO ÚNICO no todo ou em parte, e ainda que sob forma de
participação, bem como onde se produziu ou de-
TÍTULO I veria produzir-se o resultado. Nos crimes omissi-
DA APLICAÇÃO vos, o fato considera-se praticado no lugar em que
deveria realizar-se a ação omitida.
DA LEI PENAL MILITAR
Territorialidade, Extraterritorialidade
Princípio de legalidade Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem pre-
juízo de convenções, tratados e regras de direito
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o
internacional, ao crime cometido, no todo ou em
defina, nem pena sem prévia cominação legal.
parte no território nacional, ou fora dele, ainda
Lei supressiva de incriminação que, neste caso, o agente esteja sendo processa-
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato do ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
que lei posterior deixa de considerar Vitória
crime, Ferreira
ces- DaTerritório
Silva nacional por extensão
sando, em virtude dela,vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
a própria vigência de sen- § 1° Para os efeitos da lei penal militar consi-
tença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos deram-se como extensão do território nacional as
efeitos de natureza civil. aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que
Retroatividade de lei mais benigna se encontrem, sob comando militar ou militarmen-
te utilizados ou ocupados por ordem legal de auto-
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro
ridade competente, ainda que de propriedade pri-
modo, favorece o agente, aplica-se retroativamen-
vada.
te, ainda quando já tenha sobrevindo sentença
condenatória irrecorrível. Ampliação a aeronaves ou navios estran-
geiros
Apuração da maior benignidade
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorá-
crime praticado a bordo de aeronaves ou navios
vel, a lei posterior e a anterior devem ser conside-
estrangeiros, desde que em lugar sujeito à admi-
radas separadamente, cada qual no conjunto de
nistração militar, e o crime atente contra as insti-
suas normas aplicáveis ao fato.
tuições militares.
Medidas de segurança
Conceito de navio
Art. 3º As medidas de segurança regem-se § 3º Para efeito da aplicação deste Código,
pela lei vigente ao tempo da sentença, prevale- considera-se navio toda embarcação sob coman-
cendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao do militar.’
tempo da execução.
Pena cumprida no estrangeiro
Lei excepcional ou temporária
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro ate-
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, em- nua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
bora decorrido o período de sua duração ou ces- quando diversas, ou nela é computada, quando
sadas as circunstâncias que a determinaram, apli- idênticas.
ca-se ao fato praticado durante sua vigência.

1
Crimes militares em tempo de paz d) ainda que fora do lugar sujeito à adminis-
tração militar, contra militar em função de natureza
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em
militar, ou no desempenho de serviço de vigilân-
tempo de paz: cia, garantia e preservação da ordem pública, ad-
I - os crimes de que trata este Código, quando ministrativa ou judiciária, quando legalmente re-
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou quisitado para aquele fim, ou em obediência a
nela não previstos, qualquer que seja o agente, determinação legal superior.
salvo disposição especial; § 1º Os crimes de que trata este artigo, quan-
II – os crimes previstos neste Código e os do dolosos contra a vida e cometidos por militares
previstos na legislação penal, quando pratica- contra civil, serão da competência do Tribunal do
dos: (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017) Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou as- § 2o Os crimes de que trata este artigo, quan-
semelhado, contra militar na mesma situação ou do dolosos contra a vida e cometidos por militares
assemelhado; das Forças Armadas contra civil, serão da compe-
b) por militar em situação de atividade ou as- tência da Justiça Militar da União, se praticados
semelhado, em lugar sujeito à administração mili- no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
tar, contra militar da reserva, ou reformado, ou I – do cumprimento de atribuições que lhes fo-
assemelhado, ou civil; rem estabelecidas pelo Presidente da República
c) por militar em serviço ou atuando em razão ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído
da função, em comissão de natureza militar, ou pela Lei nº 13.491, de 2017)
em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à II – de ação que envolva a segurança de insti-
administração militar contra militar da reserva, ou tuição militar ou de missão militar, mesmo que não
reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de
9.299, de 8.8.1996) 2017)
Vitória Ferreira Da Silva
III – de atividade de natureza militar, de ope-
d) por militar durante vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
o período de manobras
ou exercício, contra militar da reserva, ou refor- ração de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
mado, ou assemelhado, ou civil; atribuição subsidiária, realizadas em conformidade
e) por militar em situação de atividade, ou as- com o disposto no art. 142 da Constituição Fede-
semelhado, contra o patrimônio sob a administra- ral e na forma dos seguintes diplomas legais: (In-
ção militar, ou a ordem administrativa militar; cluído pela Lei nº 13.491, de 2017)

f) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.299, a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986-
de 8.8.1996) Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída pela
Lei nº 13.491, de 2017)
III - os crimes praticados por militar da reser-
va, ou reformado, ou por civil, contra as institui- b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de
ções militares, considerando-se como tais não só 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
os compreendidos no inciso I, como os do inciso c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de
II, nos seguintes casos: 1969 - Código de Processo Penal Militar; e (Inclu-
a) contra o patrimônio sob a administração ída pela Lei nº 13.491, de 2017)
militar, ou contra a ordem administrativa militar; d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Có-
b) em lugar sujeito à administração militar digo Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de
contra militar em situação de atividade ou asse- 2017)
melhado, ou contra funcionário de Ministério mili- Crimes militares em tempo de guerra
tar ou da Justiça Militar, no exercício de função
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em
inerente ao seu cargo;
tempo de guerra:
c) contra militar em formatura, ou durante o
período de prontidão, vigilância, observação, ex- I - os especialmente previstos neste Código
ploração, exercício, acampamento, acantonamen- para o tempo de guerra;
to ou manobras; II - os crimes militares previstos para o tempo
de paz;

2
III - os crimes previstos neste Código, embora Contagem de prazo
também o sejam com igual definição na lei penal
Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o
comum ou especial, quando praticados, qualquer
que seja o agente: dia do começo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.
a) em território nacional, ou estrangeiro, mili-
tarmente ocupado; Legislação especial. Salário-mínimo

b) em qualquer lugar, se comprometem ou Art. 17. As regras gerais deste Código apli-
podem comprometer a preparação, a eficiência ou cam-se aos fatos incriminados por lei penal militar
as operações militares ou, de qualquer outra for- especial, se esta não dispõe de modo diverso.
ma, atentam contra a segurança externa do País Para os efeitos penais, salário mínimo é o maior
ou podem expô-la a perigo; mensal vigente no país, ao tempo da sentença.
IV - os crimes definidos na lei penal comum Crimes praticados em prejuízo de país ali-
ou especial, embora não previstos neste Código, ado
quando praticados em zona de efetivas operações Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste
militares ou em território estrangeiro, militarmente
Código os crimes praticados em prejuízo de país
ocupado.
em guerra contra país inimigo do Brasil:
Militares estrangeiros
I - se o crime é praticado por brasileiro;
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando II - se o crime é praticado no território nacio-
em comissão ou estágio nas forças armadas, fi- nal, ou em território estrangeiro, militarmente ocu-
cam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalva- pado por força brasileira, qualquer que seja o
do o disposto em tratados ou convenções interna- agente.
cionais.
Infrações disciplinares
Equiparação a militar da ativaVitória Ferreira DaArt.
Silva19. Este Código não compreende as in-
Art. 12. O militarvitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
da reserva ou reformado, frações dos regulamentos disciplinares.
empregado na administração militar, equipara-se
Crimes praticados em tempo de guerra
ao militar em situação de atividade, para o efeito
da aplicação da lei penal militar. Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de
Militar da reserva ou reformado guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as
penas cominadas para o tempo de paz, com o
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, aumento de um terço.
conserva as responsabilidades e prerrogativas do
Assemelhado
posto ou graduação, para o efeito da aplicação da
lei penal militar, quando pratica ou contra ele é Art. 21. Considera-se assemelhado o servi-
praticado crime militar. dor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do
Defeito de incorporação Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito
de disciplina militar, em virtude de lei ou regula-
Art. 14. O defeito do ato de incorporação mento.
não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se
Pessoa considerada militar
alegado ou conhecido antes da prática do crime.
Tempo de guerra Art. 22. É considerada militar, para efeito da
aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às
da aplicação da lei penal militar, começa com a forças armadas, para nelas servir em posto, gra-
declaração ou o reconhecimento do estado de duação, ou sujeição à disciplina militar.
guerra, ou com o decreto de mobilização se nele Equiparação a comandante
estiver compreendido aquele reconhecimento; e
termina quando ordenada a cessação das hostili- Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o
dades. efeito da aplicação da lei penal militar, toda autori-
dade com função de direção.

3
Conceito de superior só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, im-
putam-se, entretanto, a quem os praticou.
Art. 24. O militar que, em virtude da função,
exerce autoridade sobre outro de igual posto ou § 2º A omissão é relevante como causa
graduação, considera-se superior, para efeito da quando o omitente devia e podia agir para evitar o
aplicação da lei penal militar. resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha
por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
Crime praticado em presença do inimigo cia; a quem, de outra forma, assumiu a responsa-
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença bilidade de impedir o resultado; e a quem, com
do inimigo, quando o fato ocorre em zona de efeti- seu comportamento anterior, criou o risco de sua
vas operações militares, ou na iminência ou em superveniência.
situação de hostilidade. Art. 30. Diz-se o crime:
Referência a "brasileiro" ou "nacional" Crime consumado
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere I - consumado, quando nele se reúnem todos
a "brasileiro" ou "nacional", compreende as pes- os elementos de sua definição legal;
soas enumeradas como brasileiros na Constitui-
Tentativa
ção do Brasil.
II - tentado, quando, iniciada a execução, não
Estrangeiros
se consuma por circunstâncias alheias à vontade
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal do agente.
militar, são considerados estrangeiros os apátri-
Pena de tentativa
das e os brasileiros que perderam a nacionalida-
de. Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a
pena correspondente ao crime, diminuída de um a
Os que se compreendem, como funcioná-
dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcio-
rios da Justiça Militar Vitória Ferreira
nal Da Silva aplicar a pena do crime consuma-
gravidade,
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Art. 27. Quando este Código se refere a do.
funcionários, compreende, para efeito da sua apli- Desistência voluntária e arrependimento
cação, os juízes, os representantes do Ministério eficaz
Público, os funcionários e auxiliares da Justiça
Militar. Art. 31. O agente que, voluntariamente, de-
siste de prosseguir na execução ou impede que o
Casos de prevalência do Código Penal Mi-
resultado se produza, só responde pelos atos já
litar
praticados.
Art. 28. Os crimes contra a segurança ex- Crime impossível
terna do país ou contra as instituições militares,
definidos neste Código, excluem os da mesma Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do
natureza definidos em outras leis. meio empregado ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime, ne-
nhuma pena é aplicável.
TÍTULO II
Art. 33. Diz-se o crime:
DO CRIME
Culpabilidade

Relação de causalidade I - doloso, quando o agente quis o resultado


ou assumiu o risco de produzi-lo;
Art. 29. O resultado de que depende a exis-
II - culposo, quando o agente, deixando de
tência do crime somente é imputável a quem lhe
empregar a cautela, atenção, ou diligência ordiná-
deu causa. Considera-se causa a ação ou omis-
ria, ou especial, a que estava obrigado em face
são sem a qual o resultado não teria ocorrido.
das circunstâncias, não prevê o resultado que
§ 1º A superveniência de causa relativamente podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente
independente exclui a imputação quando, por si que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.

4
Excepcionalidade do crime culposo Duplicidade do resultado
Parágrafo único. Salvo os casos expressos § 2º Se, no caso do artigo, é também atingida
em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anteri-
como crime, senão quando o pratica dolosamente. or, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se
Nenhuma pena sem culpabilidade a regra do art. 79.

Art. 34. Pelos resultados que agravam es- Art. 38. Não é culpado quem comete o cri-
pecialmente as penas só responde o agente me:
quando os houver causado, pelo menos, culpo- Coação irresistível
samente. a) sob coação irresistível ou que lhe suprima
Erro de direito a faculdade de agir segundo a própria vontade;
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou subs- Obediência hierárquica
tituída por outra menos grave quando o agente, b) em estrita obediência a ordem direta de
salvo em se tratando de crime que atente contra o superior hierárquico, em matéria de serviços.
dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou
§ 1° Responde pelo crime o autor da coação
erro de interpretação da lei, se escusáveis.
ou da ordem.
Erro de fato
§ 2° Se a ordem do superior tem por objeto a
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar prática de ato manifestamente criminoso, ou há
o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a excesso nos atos ou na forma da execução, é
inexistência de circunstância de fato que o consti- punível também o inferior.
tui ou a existência de situação de fato que tornaria Estado de necessidade, com excludente
a ação legítima. de culpabilidade
Erro culposo Vitória Ferreira DaArt.
Silva
39. Não é igualmente culpado quem,
§ 1º Se o erro vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
deriva de culpa, a este título para proteger direito próprio ou de pessoa a quem
responde o agente, se o fato é punível como crime está ligado por estreitas relações de parentesco
culposo. ou afeição, contra perigo certo e atual, que não
Erro provocado provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifi-
ca direito alheio, ainda quando superior ao direito
§ 2º Se o erro é provocado por terceiro, res- protegido, desde que não lhe era razoavelmente
ponderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, exigível conduta diversa.
conforme o caso.
Coação física ou material
Erro sobre a pessoa
Art. 40. Nos crimes em que há violação do
Art. 37. Quando o agente, por erro de per-
dever militar, o agente não pode invocar coação
cepção ou no uso dos meios de execução, ou irresistível senão quando física ou material.
outro acidente, atinge uma pessoa em vez de ou-
tra, responde como se tivesse praticado o crime Atenuação de pena
contra aquela que realmente pretendia atingir. Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b ,
Devem ter-se em conta não as condições e quali- se era possível resistir à coação, ou se a ordem
dades da vítima, mas as da outra pessoa, para não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art.
configuração, qualificação ou exclusão do crime, e 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do
agravação ou atenuação da pena. direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condi-
Erro quanto ao bem jurídico ções pessoais do réu, pode atenuar a pena.
§ 1º Se, por erro ou outro acidente na execu- Exclusão de crime
ção, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo
Art. 42. Não há crime quando o agente pra-
agente, responde este por culpa, se o fato é pre-
visto como crime culposo. tica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;

5
III - em estrito cumprimento do dever legal; TÍTULO III
IV - em exercício regular de direito. DA IMPUTABILIDADE PENAL
Parágrafo único. Não há igualmente crime
quando o comandante de navio, aeronave ou pra- Inimputáveis
ça de guerra, na iminência de perigo ou grave
calamidade, compele os subalternos, por meios Art. 48. Não é imputável quem, no momento
violentos, a executar serviços e manobras urgen- da ação ou da omissão, não possui a capacidade
tes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o de entender o caráter ilícito do fato ou de determi-
desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a re- nar-se de acordo com esse entendimento, em
volta ou o saque. virtude de doença mental, de desenvolvimento
mental incompleto ou retardado.
Estado de necessidade, como excludente
do crime Redução facultativa da pena
Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência
Art. 43. Considera-se em estado de neces-
mental não suprime, mas diminui consideravel-
sidade quem pratica o fato para preservar direito
mente a capacidade de entendimento da ilicitude
seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não
do fato ou a de autodeterminação, não fica excluí-
provocou, nem podia de outro modo evitar, desde
da a imputabilidade, mas a pena pode ser atenua-
que o mal causado, por sua natureza e importân-
da, sem prejuízo do disposto no art. 113.
cia, é consideravelmente inferior ao mal evitado, e
o agente não era legalmente obrigado a arrostar o Embriaguez
perigo. Art. 49. Não é igualmente imputável o agen-
Legítima defesa te que, por embriaguez completa proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da
Art. 44. Entende-se em legítima defesa
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de en-
quem, usando moderadamente dos meios neces-
Vitória Ferreira DaoSilva
tender caráter criminoso do fato ou de determi-
sários, repele injusta agressão, atual ou iminente,
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nar-se de acordo com esse entendimento.
a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de
Excesso culposo
um a dois terços, se o agente por embriaguez
Art. 45. O agente que, em qualquer dos ca- proveniente de caso fortuito ou força maior, não
sos de exclusão de crime, excede culposamente possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a ple-
os limites da necessidade, responde pelo fato, se na capacidade de entender o caráter criminoso do
este é punível, a título de culpa. fato ou de determinar-se de acordo com esse en-
tendimento.
Excesso escusável
Menores
Parágrafo único. Não é punível o excesso
quando resulta de escusável surpresa ou pertur- Art. 50. O menor de dezoito anos é inimpu-
bação de ânimo, em face da situação. tável, salvo se, já tendo completado dezesseis
Excesso doloso anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico
para entender o caráter ilícito do fato e determi-
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda nar-se de acordo com este entendimento. Neste
quando punível o fato por excesso doloso. caso, a pena aplicável é diminuída de um terço
Elementos não constitutivos do crime até a metade.
Equiparação a maiores
Art. 47. Deixam de ser elementos constituti-
vos do crime: Art. 51. Equiparam-se aos maiores de de-
I - a qualidade de superior ou a de inferior, zoito anos, ainda que não tenham atingido essa
quando não conhecida do agente; idade:

II - a qualidade de superior ou a de inferior, a a) os militares;


de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a de b) os convocados, os que se apresentam à
sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é pra- incorporação e os que, dispensados temporaria-
ticada em repulsa a agressão.

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mente desta, deixam de se apresentar, decorrido § 5º Quando o crime é cometido por inferiores
o prazo de licenciamento; e um ou mais oficiais, são estes considerados
c) os alunos de colégios ou outros estabele- cabeças, assim como os inferiores que exercem
cimentos de ensino, sob direção e disciplina milita- função de oficial.
res, que já tenham completado dezessete anos. Casos de impunibilidade
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, Art. 54. O ajuste, a determinação ou instiga-
bem como os menores de dezoito e maiores de ção e o auxílio, salvo disposição em contrário, não
dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a
educativas, curativas ou disciplinares determina- ser tentado.
das em legislação especial.

TÍTULO V
TÍTULO IV DAS PENAS
DO CONCURSO DE AGENTES
CAPÍTULO
Coautoria DAS PENAS PRINCIPAIS
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre
para o crime incide nas penas a este cominadas. Penas principais
Condições ou circunstâncias pessoais Art. 55. As penas principais são:
§ 1º A punibilidade de qualquer dos concor- a) morte;
rentes é independente da dos outros, determinan- b) reclusão;
do-se segundo a sua própria culpabilidade. Não
VitóriaouFerreira
se comunicam, outrossim, as condições cir- Dac)Silva
detenção;
cunstâncias de caráter pessoal, salvo quando
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d) prisão;
elementares do crime.
e) impedimento;
Agravação de pena
f) suspensão do exercício do posto, gradua-
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente ção, cargo ou função;
que:
g) reforma.
I - promove ou organiza a cooperação no cri-
Pena de morte
me ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage outrem à execução material do cri- Art. 56. A pena de morte é executada por
me; fuzilamento.
III - instiga ou determina a cometer o crime Comunicação
alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível Art. 57. A sentença definitiva de condena-
em virtude de condição ou qualidade pessoal; ção à morte é comunicada, logo que passe em
IV - executa o crime, ou nele participa, medi- julgado, ao Presidente da República, e não pode
ante paga ou promessa de recompensa. ser executada senão depois de sete dias após a
comunicação.
Atenuação de pena
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zo-
§ 3º A pena é atenuada com relação ao agen-
na de operações de guerra, pode ser imediata-
te, cuja participação no crime é de somenos im-
portância. mente executada, quando o exigir o interesse da
ordem e da disciplina militares.
Cabeças
Mínimos e máximos genéricos
§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva
necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de
provocam, instigam ou excitam a ação. um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da

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pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de Cumprimento em penitenciária militar
dez anos. Parágrafo único - Por crime militar praticado
Pena até dois anos imposta a militar em tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a
cumprir a pena, no todo ou em parte em peniten-
Art. 59. A pena de reclusão ou de detenção
ciária militar, se, em benefício da segurança naci-
até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida onal, assim o determinar a sentença. (Redação
em pena de prisão e cumprida, quando não cabí- dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
vel a suspensão condicional: (Redação dada pela
Lei nº 6.544, de 30.6.1978) Pena de impedimento
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento Art. 63. A pena de impedimento sujeita o
militar; condenado a permanecer no recinto da unidade,
II - pela praça, em estabelecimento penal mili- sem prejuízo da instrução militar.
tar, onde ficará separada de presos que estejam Pena de suspensão do exercício do posto,
cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de graduação, cargo ou função
liberdade por tempo superior a dois anos.
Art. 64. A pena de suspensão do exercício
Separação de praças especiais e gradua- do posto, graduação, cargo ou função consiste na
das agregação, no afastamento, no licenciamento ou
Parágrafo único. Para efeito de separação, no na disponibilidade do condenado, pelo tempo fixa-
cumprimento da pena de prisão, atender-se-á, do na sentença, sem prejuízo do seu compareci-
também, à condição das praças especiais e à das mento regular à sede do serviço. Não será conta-
graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das do como tempo de serviço, para qualquer efeito, o
que tenham graduação especial. do cumprimento da pena.
Pena do assemelhado Caso de reserva, reforma ou aposentado-
Vitória Ferreira Da Silva
ria
Art. 60. O assemelhado cumpre a pena con-
forme o posto ou graduação vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
que lhe é correspon- Parágrafo único. Se o condenado, quando
dente. proferida a sentença, já estiver na reserva, ou
reformado ou aposentado, a pena prevista neste
Pena dos não assemelhados artigo será convertida em pena de detenção, de
Parágrafo único. Para os não assemelhados três meses a um ano.
dos Ministérios Militares e órgãos sob controle Pena de reforma
destes, regula-se a correspondência pelo padrão
de remuneração. Art. 65. A pena de reforma sujeita o conde-
nado à situação de inatividade, não podendo per-
Pena superior a dois anos, imposta a mili-
ceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por
tar
ano de serviço, nem receber importância superior
Art. 61. A pena privativa da liberdade por à do soldo.
mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cum- Superveniência de doença mental
prida em penitenciária militar e, na falta dessa, em
estabelecimento prisional civil, ficando o recluso Art. 66. O condenado a que sobrevenha do-
ou detento sujeito ao regime conforme a legisla- ença mental deve ser recolhido a manicômio judi-
ção penal comum, de cujos benefícios e conces- ciário ou, na falta deste, a outro estabelecimento
sões, também, poderá gozar. (Redação dada pela adequado, onde lhe seja assegurada custódia e
Lei nº 6.544, de 30.6.1978) tratamento.
Pena privativa da liberdade imposta a civil Tempo computável

Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Art. 67. Computam-se na pena privativa de
Justiça Militar, em estabelecimento prisional civil, liberdade o tempo de prisão provisória, no Brasil
ficando ele sujeito ao regime conforme a legisla- ou no estrangeiro, e o de internação em hospital
ção penal comum, de cujos benefícios e conces- ou manicômio, bem como o excesso de tempo,
sões, também, poderá gozar. (Redação dada pela reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no
Lei nº 6.544, de 30.6.1978)

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cumprimento da pena, por outro crime, desde que e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura,
a decisão seja posterior ao crime de que se trata. fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimula-
Transferência de condenados do ou cruel, ou de que podia resultar perigo co-
mum;
Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de
f) contra ascendente, descendente, irmão ou
uma região, distrito ou zona pode cumprir pena cônjuge;
em estabelecimento de outra região, distrito ou
zona. g) com abuso de poder ou violação de dever
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, velho ou enfermo;
CAPÍTULO II
i) quando o ofendido estava sob a imediata
DA APLICAÇÃO DA PENA proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe,
Fixação da pena privativa de liberdade alagamento, inundação, ou qualquer calamidade
Art. 69. Para fixação da pena privativa de li- pública, ou de desgraça particular do ofendido;
berdade, o juiz aprecia a gravidade do crime prati- l) estando de serviço;
cado e a personalidade do réu, devendo ter em
m) com emprego de arma, material ou instru-
conta a intensidade do dolo ou grau da culpa, a
mento de serviço, para esse fim procurado;
maior ou menor extensão do dano ou perigo de
dano, os meios empregados, o modo de execu- n) em auditório da Justiça Militar ou local on-
ção, os motivos determinantes, as circunstâncias de tenha sede a sua administração;
de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua o) em país estrangeiro.
atitude de insensibilidade, indiferença ou arrepen-
dimento após o crime. Parágrafo único. As circunstâncias das le-
Vitória Ferreira Da cSilva
tras , salvo no caso de embriaguez preordenada,
Determinação da pena l , m e o , só agravam o crime quando praticado
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o por militar.
juiz deve determinar qual delas é aplicável. Reincidência
Limites legais da pena Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o
§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada den- agente comete novo crime, depois de transitar em
tro dos limites legais a quantidade da pena aplicá- julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro,
vel. o tenha condenado por crime anterior.
Circunstâncias agravantes Temporariedade da reincidência
Art. 70. São circunstâncias que sempre § 1º Não se toma em conta, para efeito da
agravam a pena, quando não integrantes ou quali- reincidência, a condenação anterior, se, entre a
ficativas do crime: data do cumprimento ou extinção da pena e o
crime posterior, decorreu período de tempo supe-
I - a reincidência;
rior a cinco anos.
II - ter o agente cometido o crime:
Crimes não considerados para efeito da
a) por motivo fútil ou torpe; reincidência
b) para facilitar ou assegurar a execução, a § 2º Para efeito da reincidência, não se consi-
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro deram os crimes anistiados.
crime;
Art. 72. São circunstâncias que sempre ate-
c) depois de embriagar-se, salvo se a embria- nuam a pena:
guez decorre de caso fortuito, engano ou força
maior; Circunstância atenuantes

d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou I - ser o agente menor de vinte e um ou maior


mediante outro recurso insidioso que dificultou ou de setenta anos;
tornou impossível a defesa da vítima; II - ser meritório seu comportamento anterior;

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III - ter o agente: ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a
a) cometido o crime por motivo de relevante causa que mais aumente ou diminua.
valor social ou moral; Pena-base
b) procurado, por sua espontânea vontade e Art. 77. A pena que tenha de ser aumentada
com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou ou diminuída, de quantidade fixa ou dentro de
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do determinados limites, é a que o juiz aplicaria, se
julgamento, reparado o dano; não existisse a circunstância ou causa que impor-
c) cometido o crime sob a influência de violen- ta o aumento ou diminuição.
ta emoção, provocada por ato injusto da vítima; Criminoso habitual ou por tendência
d) confessado espontaneamente, perante a Art. 78. Em se tratando de criminoso habitu-
autoridade, a autoria do crime, ignorada ou impu-
al ou por tendência, a pena a ser imposta será por
tada a outrem;
tempo indeterminado. O juiz fixará a pena corres-
e) sofrido tratamento com rigor não permitido pondente à nova infração penal, que constituirá a
em lei. Não atendimento de atenuantes duração mínima da pena privativa da liberdade,
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena não podendo ser, em caso algum, inferior a três
máxima cominada é de morte, ao juiz é facultado anos.
atender, ou não, às circunstâncias atenuantes Limite da pena indeterminada
enumeradas no artigo.
§ 1º A duração da pena indeterminada não
Quantum da agravação ou atenuação poderá exceder a dez anos, após o cumprimento
da pena imposta.
Art. 73. Quando a lei determina a agravação
ou atenuação da pena sem mencionar Habitualidade presumida
o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e § 2ºSilva
Considera-se criminoso habitual aquele
um terço, guardados os limites da penaVitória Ferreira Da
cominada que:
ao crime. vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
a) reincide pela segunda vez na prática de
Mais de uma agravante ou atenuante crime doloso da mesma natureza, punível com
Art. 74. Quando ocorre mais de uma agra- pena privativa de liberdade em período de tempo
vante ou mais de uma atenuante, o juiz poderá não superior a cinco anos, descontado o que se
limitar-se a uma só agravação ou a uma só atenu- refere a cumprimento de pena;
ação. Habitualidade reconhecível pelo juiz
Concurso de agravantes e atenuantes b) embora sem condenação anterior, comete
sucessivamente, em período de tempo não supe-
Art. 75. No concurso de agravantes e ate-
rior a cinco anos, quatro ou mais crimes dolosos
nuantes, a pena deve aproximar-se do limite indi- da mesma natureza, puníveis com pena privativa
cado pelas circunstâncias preponderantes, enten- de liberdade, e demonstra, pelas suas condições
dendo-se como tais as que resultam dos motivos de vida e pelas circunstâncias dos fatos aprecia-
determinantes do crime, da personalidade do dos em conjunto, acentuada inclinação para tais
agente, e da reincidência. Se há equivalência en- crimes.
tre umas e outras, é como se não tivessem ocorri-
do. Criminoso por tendência
Majorantes e minorantes § 3º Considera-se criminoso por tendência
aquele que comete homicídio, tentativa de homi-
Art. 76. Quando a lei prevê causas especi- cídio ou lesão corporal grave, e, pelos motivos
ais de aumento ou diminuição da pena, não fica o determinantes e meios ou modo de execução,
juiz adstrito aos limites da pena cominada ao cri- revela extraordinária torpeza, perversão ou mal-
me, senão apenas aos da espécie de pena aplicá- vadez.
vel (art. 58).
Ressalva do art. 113
Parágrafo único. No concurso dessas causas
§ 4º Fica ressalvado, em qualquer caso, o
especiais, pode o juiz limitar-se a um só aumento
disposto no art. 113.

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Crimes da mesma natureza para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo
§ 5º Consideram-se crimes da mesma nature- disposição especial.
za os previstos no mesmo dispositivo legal, bem Ressalva do art. 78, § 2º, letra b
como os que, embora previstos em dispositivos
Art. 82. Quando se apresenta o caso do art.
diversos, apresentam, pelos fatos que os constitu-
em ou por seus motivos determinantes, caracteres 78, § 2º, letra b , fica sem aplicação o disposto
fundamentais comuns. quanto ao concurso de crimes idênticos ou ao
crime continuado.
Concurso de crimes
Penas não privativas de liberdade
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só
Art. 83. As penas não privativas de liberda-
ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de são aplicadas distinta e integralmente, ainda
de liberdade devem ser unificadas. Se as penas que previstas para um só dos crimes concorren-
são da mesma espécie, a pena única é a soma de tes.
todas; se, de espécies diferentes, a pena única e
a mais grave, mas com aumento correspondente
CAPÍTULO III
à metade do tempo das menos graves, ressalvado
o disposto no art. 58. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Crime continuado
Pressupostos da suspensão
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior,
Art. 84. A execução da pena privativa da li-
quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma berdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, ma- suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde
neira de execução e outras semelhantes, devem que: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de
Vitória Ferreira
os subsequentes ser considerados como continu-
Da Silva
30.6.1978)
ação do primeiro. vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou
Parágrafo único. Não há crime continuado no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro
quando se trata de fatos ofensivos de bens jurídi- crime a pena privativa da liberdade, salvo o dis-
cos inerentes à pessoa, salvo se as ações ou posto no 1º do art. 71; (Redação dada pela Lei nº
omissões sucessivas são dirigidas contra a mes- 6.544, de 30.6.1978)
ma vítima. II - os seus antecedentes e personalidade, os
Limite da pena unificada motivos e as circunstâncias do crime, bem como
sua conduta posterior, autorizem a presunção de
Art. 81. A pena unificada não pode ultrapas- que não tornará a delinquir. (Redação dada pela
sar de trinta anos, se é de reclusão, ou de quinze Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
anos, se é de detenção.
Restrições
Redução facultativa da pena
Parágrafo único. A suspensão não se estende
§ 1º A pena unificada pode ser diminuída de às penas de reforma, suspensão do exercício do
um sexto a um quarto, no caso de unidade de posto, graduação ou função ou à pena acessória,
ação ou omissão, ou de crime continuado. nem exclui a aplicação de medida de segurança
Graduação no caso de pena de morte não detentiva.

§ 2° Quando cominada a pena de morte como Condições


grau máximo e a de reclusão como grau mínimo, Art. 85. A sentença deve especificar as con-
aquela corresponde, para o efeito de graduação, à dições a que fica subordinada a suspensão.
de reclusão por trinta anos.
Revogação obrigatória da suspensão
Cálculo da pena aplicável à tentativa
Art. 86. A suspensão é revogada se, no cur-
§ 3° Nos crimes punidos com a pena de mor-
so do prazo, o beneficiário:
te, esta corresponde à de reclusão por trinta anos,

11
I - é condenado, por sentença irrecorrível, na Requisitos
Justiça Militar ou na comum, em razão de crime,
Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou
ou de contravenção reveladora de má índole ou a
que tenha sido imposta pena privativa de liberda- de detenção por tempo igual ou superior a dois
de; anos pode ser liberado condicionalmente, desde
que:
II - não efetua, sem motivo justificado, a repa-
ração do dano; I - tenha cumprido:

III - sendo militar, é punido por infração disci- a) metade da pena, se primário;
plinar considerada grave. b) dois terços, se reincidente;
Revogação facultativa II - tenha reparado, salvo impossibilidade de
§ 1º A suspensão pode ser também revogada, fazê-lo, o dano causado pelo crime;
se o condenado deixa de cumprir qualquer das III - sua boa conduta durante a execução da
obrigações constantes da sentença. pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstân-
Prorrogação de prazo cias atinentes a sua personalidade, ao meio social
e à sua vida pregressa permitem supor que não
§ 2º Quando facultativa a revogação, o juiz voltará a delinquir.
pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período
de prova até o máximo, se este não foi o fixado. Penas em concurso de infrações

§ 3º Se o beneficiário está respondendo a § 1º No caso de condenação por infrações


processo que, no caso de condenação, pode acar- penais em concurso, deve ter-se em conta a pena
retar a revogação, considera-se prorrogado o pra- unificada.
zo da suspensão até o julgamento definitivo. Condenação de menor de 21 ou maior de
Extinção da pena 70 anos
Vitória Ferreira Da§ 2ºSilva
Se o condenado é primário e menor de
Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha si-
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do revogada a suspensão, fica extinta a pena pri-
vinte e um ou maior de setenta anos, o tempo de
cumprimento da pena pode ser reduzido a um
vativa de liberdade. terço.
Não aplicação da suspensão condicional Especificações das condições
da pena
Art. 90. A sentença deve especificar as con-
Art. 88. A suspensão condicional da pena
dições a que fica subordinado o livramento.
não se aplica:
Preliminares da concessão
I - ao condenado por crime cometido em tem-
po de guerra; Art. 91. O livramento somente se concede
II - em tempo de paz: mediante parecer do Conselho Penitenciário, ou-
vidos o diretor do estabelecimento em que está ou
a) por crime contra a segurança nacional, de tenha estado o liberando e o representante do
aliciação e incitamento, de violência contra supe- Ministério Público da Justiça Militar; e, se imposta
rior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, senti- medida de segurança detentiva, após perícia con-
nela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, clusiva da não periculosidade do liberando.
de insubordinação, ou de deserção;
Observação cautelar e proteção do libera-
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, do
162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.
Art. 92. O liberado fica sob observação cau-
telar e proteção realizadas por patronato oficial ou
CAPÍTULO IV particular, dirigido aquele e inspecionado este pelo
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Conselho Penitenciário. Na falta de patronato, o
liberado fica sob observação cautelar realizada
por serviço social penitenciário ou órgão similar.

12
Revogação obrigatória país, ou de revolta, motim, aliciação e incitamento,
violência contra superior ou militar de serviço, só
Art. 93. Revoga-se o livramento, se o libera-
será concedido após o cumprimento de dois ter-
do vem a ser condenado, em sentença irrecorrí- ços da pena, observado ainda o disposto no art.
vel, a penal privativa de liberdade: 89, preâmbulo, seus números II e III e §§ 1º e 2º.
I - por infração penal cometida durante a vi-
gência do benefício;
CAPÍTULO V
II - por infração penal anterior, salvo se, tendo
de ser unificadas as penas, não fica prejudicado o DAS PENAS ACESSÓRIAS
requisito do art. 89, nº I, letra a
Revogação facultativa Penas Acessórias
§ 1º O juiz pode, também, revogar o livramen- Art. 98. São penas acessórias:
to se o liberado deixa de cumprir qualquer das
I - a perda de posto e patente;
obrigações constantes da sentença ou é irrecorri-
velmente condenado, por motivo de contravenção, II - a indignidade para o oficialato;
a pena que não seja privativa de liberdade; ou, se III - a incompatibilidade com o oficialato;
militar, sofre penalidade por transgressão discipli-
IV - a exclusão das forças armadas;
nar considerada grave.
Infração sujeita à jurisdição penal comum V - a perda da função pública, ainda que ele-
tiva;
§ 2º Para os efeitos da revogação obrigatória,
VI - a inabilitação para o exercício de função
são tomadas, também, em consideração, nos ter-
pública;
mos dos ns. I e II deste artigo, as infrações sujei-
tas à jurisdição penal comum; e, igualmente, a VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou
contravenção compreendida no § Vitória Ferreira curatela;
1º, se assim, Da Silva
com prudente arbítrio, ovitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
entender o juiz. VIII - a suspensão dos direitos políticos.
Efeitos da revogação Função pública equiparada
Art. 94. Revogado o livramento, não pode Parágrafo único. Equipara-se à função pública
ser novamente concedido e, salvo quando a revo- a que é exercida em empresa pública, autarquia,
gação resulta de condenação por infração penal sociedade de economia mista, ou sociedade de
anterior ao benefício, não se desconta na pena o que participe a União, o Estado ou o Município
tempo em que esteve solto o condenado. como acionista majoritário.
Extinção da pena Perda de posto e patente
Art. 95. Se, até o seu termo, o livramento Art. 99. A perda de posto e patente resulta
não é revogado, considera-se extinta a pena pri- da condenação a pena privativa de liberdade por
vativa de liberdade. tempo superior a dois anos, e importa a perda das
Parágrafo único. Enquanto não passa em jul- condecorações.
gado a sentença em processo, a que responde o Indignidade para o oficialato
liberado por infração penal cometida na vigência
do livramento, deve o juiz abster-se de declarar a Art. 100. Fica sujeito à declaração de indig-
extinção da pena. nidade para o oficialato o militar condenado, qual-
quer que seja a pena, nos crimes de traição, espi-
Não aplicação do livramento condicional onagem ou cobardia, ou em qualquer dos defini-
Art. 96. O livramento condicional não se dos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245,
aplica ao condenado por crime cometido em tem- 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
po de guerra. Incompatibilidade com o oficialato
Casos especiais do livramento condicional Art. 101. Fica sujeito à declaração de in-
Art. 97. Em tempo de paz, o livramento con- compatibilidade com o oficialato o militar conde-
dicional por crime contra a segurança externa do nado nos crimes dos arts. 141 e 142.

13
Exclusão das forças armadas inabilitação para função pública, o condenado não
pode votar, nem ser votado.
Art. 102. A condenação da praça a pena
privativa de liberdade, por tempo superior a dois Imposição de pena acessória
anos, importa sua exclusão das forças armadas. Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103,
Perda da função pública nº II, e 106, a imposição da pena acessória deve
constar expressamente da sentença.
Art. 103. Incorre na perda da função pública
o assemelhado ou o civil: Tempo computável
I - condenado a pena privativa de liberdade Art. 108. Computa-se no prazo das inabili-
por crime cometido com abuso de poder ou viola- tações temporárias o tempo de liberdade resultan-
ção de dever inerente à função pública; te da suspensão condicional da pena ou do livra-
II - condenado, por outro crime, a pena priva- mento condicional, se não sobrevém revogação.
tiva de liberdade por mais de dois anos.
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica- CAPÍTULO VI
se ao militar da reserva, ou reformado, se estiver DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
no exercício de função pública de qualquer natu-
reza.
Obrigação de reparar o dano
Inabilitação para o exercício de função pú-
blica Art. 109. São efeitos da condenação:
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exer- I - tornar certa a obrigação de reparar o dano
cício de função pública, pelo prazo de dois até resultante do crime;
vinte anos, o condenado a reclusão por mais de Perda em favor da Fazenda Nacional
quatro anos, em virtude de crime praticado com
Vitória Ferreira Da Silva
II - a perda, em favor da Fazenda Nacional,
abuso de poder ou violação do dever militar ou
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
inerente à função pública. ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé:
Termo inicial
a) dos instrumentos do crime, desde que con-
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para sistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso,
o exercício de função pública começa ao termo da porte ou detenção constitua fato ilícito;
execução da pena privativa de liberdade ou da
b) do produto do crime ou de qualquer bem
medida de segurança imposta em substituição, ou
da data em que se extingue a referida pena. ou valor que constitua proveito auferido pelo agen-
te com a sua prática.
Suspensão do pátrio poder, tutela ou cura-
tela
TÍTULO VI
Art. 105. O condenado a pena privativa de
liberdade por mais de dois anos, seja qual for o DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
crime praticado, fica suspenso do exercício do
pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a Espécies de medidas de segurança
execução da pena, ou da medida de segurança
imposta em substituição (art. 113). Art. 110. As medidas de segurança são
pessoais ou patrimoniais. As da primeira espécie
Suspensão provisória
subdividem-se em detentivas e não detentivas. As
Parágrafo único. Durante o processo pode o detentivas são a internação em manicômio judiciá-
juiz decretar a suspensão provisória do exercício rio e a internação em estabelecimento psiquiátrico
do pátrio poder, tutela ou curatela. anexo ao manicômio judiciário ou ao estabeleci-
Suspensão dos direitos políticos mento penal, ou em seção especial de um ou de
outro. As não detentivas são a cassação de licen-
Art. 106. Durante a execução da pena priva- ça para direção de veículos motorizados, o exílio
tiva de liberdade ou da medida de segurança im- local e a proibição de frequentar determinados
posta em substituição, ou enquanto perdura a lugares. As patrimoniais são a interdição de esta-

14
belecimento ou sede de sociedade ou associação, tabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio
e o confisco. judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em
Pessoas sujeitas às medidas de segurança seção especial de um ou de outro.
Superveniência de cura
Art. 111. As medidas de segurança somen-
te podem ser impostas: § 1º Sobrevindo a cura, pode o internado ser
transferido para o estabelecimento penal, não
I - aos civis; ficando excluído o seu direito a livramento condi-
II - aos militares ou assemelhados, condena- cional.
dos a pena privativa de liberdade por tempo supe- Persistência do estado mórbido
rior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam
perdido função, posto e patente, ou hajam sido § 2º Se, ao término do prazo, persistir o mór-
excluídos das forças armadas; bido estado psíquico do internado, condicionante
de periculosidade atual, a internação passa a ser
III - aos militares ou assemelhados, no caso por tempo indeterminado, aplicando-se o disposto
do art. 48; nos §§ 1º a 4º do artigo anterior.
IV - aos militares ou assemelhados, no caso Ébrios habituais ou toxicômanos
do art. 115, com aplicação dos seus §§ 1º, 2º e 3º.
§ 3º À idêntica internação para fim curativo,
Manicômio judiciário sob as mesmas normas, ficam sujeitos os conde-
Art. 112. Quando o agente é inimputável nados reconhecidos como ébrios habituais ou
(art. 48), mas suas condições pessoais e o fato toxicômanos.
praticado revelam que ele oferece perigo à inco- Regime de internação
lumidade alheia, o juiz determina sua internação
em manicômio judiciário. Art. 114. A internação, em qualquer dos ca-
sos previstos nos artigos precedentes, deve visar
Prazo de internação Vitória Ferreira não
Da apenas
Silva ao tratamento curativo do internado,
§ 1º A internação, vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
cujo mínimo deve ser fixa- senão também ao seu aperfeiçoamento, a um
do de entre um a três anos, é por tempo indeter- regime educativo ou de trabalho, lucrativo ou não,
minado, perdurando enquanto não for averiguada, segundo o permitirem suas condições pessoais.
mediante perícia médica, a cessação da periculo- Cassação de licença para dirigir veículos
sidade do internado. motorizados
Perícia médica
Art. 115. Ao condenado por crime cometido
§ 2º Salvo determinação da instância superi- na direção ou relacionada mente à direção de
or, a perícia médica é realizada ao término do veículos motorizados, deve ser cassada a licença
prazo mínimo fixado à internação e, não sendo para tal fim, pelo prazo mínimo de um ano, se as
esta revogada, deve aquela ser repetida de ano circunstâncias do caso e os antecedentes do con-
em ano. denado revelam a sua inaptidão para essa ativi-
Desinternação condicional dade e consequente perigo para a incolumidade
alheia.
§ 3º A desinternação é sempre condicional,
devendo ser restabelecida a situação anterior, se § 1º O prazo da interdição se conta do dia em
o indivíduo, antes do decurso de um ano, vem a que termina a execução da pena privativa de li-
praticar fato indicativo de persistência de sua peri- berdade ou da medida de segurança detentiva, ou
culosidade. da data da suspensão condicional da pena ou da
concessão do livramento ou desinternação condi-
§ 4º Durante o período de prova, aplica-se o
cionais.
disposto no art. 92.
§ 2º Se, antes de expirado o prazo estabele-
Substituição da pena por internação
cido, é averiguada a cessação do perigo condicio-
Art. 113. Quando o condenado se enquadra nante da interdição, esta é revogada; mas, se o
no parágrafo único do art. 48 e necessita de espe- perigo persiste ao termo do prazo, prorroga-se
cial tratamento curativo, a pena privativa de liber- este enquanto não cessa aquele.
dade pode ser substituída pela internação em es-

15
§ 3º A cassação da licença deve ser determi- II - que, pertencendo às forças armadas ou
nada ainda no caso de absolvição do réu em ra- sendo de uso exclusivo de militares, estejam em
zão de inimputabilidade. poder ou em uso do agente, ou de pessoa não
Exílio local devidamente autorizada;
III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas.
Art. 116. O exílio local, aplicável quando o
juiz o considera necessário como medida preven- Parágrafo único. É ressalvado o direito do le-
tiva, a bem da ordem pública ou do próprio con- sado ou de terceiro de boa-fé, nos casos dos ns. I
denado, consiste na proibição de que este resida e III.
ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na Imposição da medida de segurança
localidade, município ou comarca em que o crime
foi praticado. Art. 120. A medida de segurança é imposta
em sentença, que lhe estabelecerá as condições,
Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido nos termos da lei penal militar.
logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a
execução da pena privativa de liberdade. Parágrafo único. A imposição da medida de
segurança não impede a expulsão do estrangeiro.
Proibição de frequentar determinados lu-
gares
Art. 117. A proibição de frequentar determi- TÍTULO VII
nados lugares consiste em privar o condenado, DA AÇÃO PENAL
durante um ano, pelo menos, da faculdade de
acesso a lugares que favoreçam, por qualquer Propositura da ação penal
motivo, seu retorno à atividade criminosa.
Art. 121. A ação penal somente pode ser
Parágrafo único. Para o cumprimento da proi-
promovida por denúncia do Ministério Público da
bição, aplica-se o disposto no parágrafo único do
Vitória Ferreira Da Silva
artigo anterior. Justiça Militar.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Dependência de requisição
Interdição de estabelecimento, sociedade
ou associação Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136
Art. 118. A interdição de estabelecimento a 141, a ação penal, quando o agente for militar
ou assemelhado, depende da requisição do Minis-
comercial ou industrial, ou de sociedade ou asso-
tério Militar a que aquele estiver subordinado; no
ciação, pode ser decretada por tempo não inferior
caso do art. 141, quando o agente for civil e não
a quinze dias, nem superior a seis meses, se o
houver coautor militar, a requisição será do Minis-
estabelecimento, sociedade ou associação serve
tério da Justiça.
de meio ou pretexto para a prática de infração
penal.
§ 1º A interdição consiste na proibição de TÍTULO VIII
exercer no local o mesmo comércio ou indústria, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
ou a atividade social.
§ 2º A sociedade ou associação, cuja sede é Causas extintivas
interditada, não pode exercer em outro local as
suas atividades. Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
Confisco I - pela morte do agente;
Art. 119. O juiz, embora não apurada a au- II - pela anistia ou indulto;
toria, ou ainda quando o agente é inimputável, ou III - pela retroatividade de lei que não mais
não punível, deve ordenar o confisco dos instru- considera o fato como criminoso;
mentos e produtos do crime, desde que consistam
IV - pela prescrição;
em coisas:
V - pela reabilitação;
I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou de-
tenção constitui fato ilícito;

16
VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato c) nos crimes permanentes, do dia em que
culposo (art. 303, § 4º). cessou a permanência;
Parágrafo único. A extinção da punibilidade d) nos crimes de falsidade, da data em que o
de crime, que é pressuposto, elemento constituti- fato se tornou conhecido.
vo ou circunstância agravante de outro, não se Caso de concurso de crimes ou de crime
estende a este. Nos crimes conexos, a extinção continuado
da punibilidade de um deles não impede, quanto
aos outros, a agravação da pena resultante da § 3º No caso de concurso de crimes ou de
conexão. crime continuado, a prescrição é referida, não à
pena unificada, mas à de cada crime considerado
Espécies de prescrição isoladamente.
Art. 124. A prescrição refere-se à ação pe- Suspensão da prescrição
nal ou à execução da pena.
§ 4º A prescrição da ação penal não corre:
Prescrição da ação penal
I - enquanto não resolvida, em outro proces-
Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo so, questão de que dependa o reconhecimento da
o disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo existência do crime;
máximo da pena privativa de liberdade cominada II - enquanto o agente cumpre pena no es-
ao crime, verificando-se: trangeiro.
I - em trinta anos, se a pena é de morte; Interrupção da prescrição
II - em vinte anos, se o máximo da pena é su- § 5º O curso da prescrição da ação penal in-
perior a doze; terrompe-se:
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena I - pela instauração do processo;
é superior a oito e não excede a doze;
Vitória Ferreira
DaIISilva
- pela sentença condenatória recorrível.
IV - em doze anos, se o máximo da pena é
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
superior a quatro e não excede a oito; § 6º A interrupção da prescrição produz efeito
relativamente a todos os autores do crime; e nos
V - em oito anos, se o máximo da pena é su- crimes conexos, que sejam objeto do mesmo pro-
perior a dois e não excede a quatro; cesso, a interrupção relativa a qualquer deles es-
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é tende-se aos demais.
igual a um ano ou, sendo superior, não excede a Prescrição da execução da pena ou da
dois; medida de segurança que a substitui
VII - em dois anos, se o máximo da pena é in-
Art. 126. A prescrição da execução da pena
ferior a um ano.
privativa de liberdade ou da medida de segurança
Superveniência de sentença condenatória que a substitui (art. 113) regula-se pelo tempo
de que somente o réu recorre fixado na sentença e verifica-se nos mesmos pra-
§ 1º Sobrevindo sentença condenatória, de zos estabelecidos no art. 125, os quais se aumen-
que somente o réu tenha recorrido, a prescrição tam de um terço, se o condenado é criminoso ha-
passa a regular-se pela pena imposta, e deve ser bitual ou por tendência.
logo declarada, sem prejuízo do andamento do § 1º Começa a correr a prescrição:
recurso se, entre a última causa interruptiva do
a) do dia em que passa em julgado a senten-
curso da prescrição (§ 5°) e a sentença, já decor-
ça condenatória ou a que revoga a suspensão
reu tempo suficiente.
condicional da pena ou o livramento condicional;
Termo inicial da prescrição da ação penal
b) do dia em que se interrompe a execução,
§ 2º A prescrição da ação penal começa a salvo quando o tempo da interrupção deva com-
correr: putar-se na pena.
a) do dia em que o crime se consumou; § 2º No caso de evadir-se o condenado ou de
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou revogar-se o livramento ou desinternação condici-
a atividade criminosa;

17
onais, a prescrição se regula pelo restante tempo qualquer modo, a pena principal ou terminar a
da execução. execução desta ou da medida de segurança apli-
§ 3º O curso da prescrição da execução da cada em substituição (art. 113), ou do dia em que
pena suspende-se enquanto o condenado está terminar o prazo da suspensão condicional da
preso por outro motivo, e interrompe-se pelo início pena ou do livramento condicional, desde que o
ou continuação do cumprimento da pena, ou pela condenado:
reincidência. a) tenha tido domicílio no País, no prazo aci-
Prescrição no caso de reforma ou suspen- ma referido;
são de exercício b) tenha dado, durante esse tempo, demons-
tração efetiva e constante de bom comportamento
Art. 127. Verifica-se em quatro anos a pres-
público e privado;
crição nos crimes cuja pena cominada, no máxi-
mo, é de reforma ou de suspensão do exercício c) tenha ressarcido o dano causado pelo cri-
do posto, graduação, cargo ou função. me ou demonstre absoluta impossibilidade de o
fazer até o dia do pedido, ou exiba documento que
Disposições comuns a ambas as espécies comprove a renúncia da vítima ou novação da
de prescrição dívida.
Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o § 2º A reabilitação não pode ser concedida:
caso do § 3º, segunda parte, do art. 126, todo o
a) em favor dos que foram reconhecidos peri-
prazo começa a correr, novamente, do dia da in-
gosos, salvo prova cabal em contrário;
terrupção.
b) em relação aos atingidos pelas penas
Redução
acessórias do art. 98, inciso VII, se o crime for de
Art. 129. São reduzidos de metade os pra- natureza sexual em detrimento de filho, tutelado
zos da prescrição, quando o criminoso era, ao ou curatelado.
Vitória Ferreira Da Silva
tempo do crime, menor de vinte e um anos ou Prazo para renovação do pedido
maior de setenta. vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
§ 3º Negada a reabilitação, não pode ser no-
Imprescritibilidade das penas acessórias vamente requerida senão após o decurso de dois
Art. 130. É imprescritível a execução das anos.
penas acessórias. § 4º Os prazos para o pedido de reabilitação
Prescrição no caso de insubmissão serão contados em dobro no caso de criminoso
habitual ou por tendência.
Art. 131. A prescrição começa a correr, no
Revogação
crime de insubmissão, do dia em que o insubmis-
so atinge a idade de trinta anos. § 5º A reabilitação será revogada de ofício, ou
a requerimento do Ministério Público, se a pessoa
Prescrição no caso de deserção
reabilitada for condenada, por decisão definitiva,
Art. 132. No crime de deserção, embora de- ao cumprimento de pena privativa da liberdade.
corrido o prazo da prescrição, esta só extingue a Cancelamento do registro de condenações
punibilidade quando o desertor atinge a idade de penais
quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta.
Art. 135. Declarada a reabilitação, serão
Declaração de ofício
cancelados, mediante averbação, os anteceden-
Art. 133. A prescrição, embora não alegada, tes criminais.
deve ser declarada de ofício. Sigilo sobre antecedentes criminais
Reabilitação Parágrafo único. Concedida a reabilitação, o
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer registro oficial de condenações penais não pode
penas impostas por sentença definitiva. ser comunicado senão à autoridade policial ou
judiciária, ou ao representante do Ministério Públi-
§ 1º A reabilitação poderá ser requerida de- co, para instrução de processo penal que venha a
corridos cinco anos do dia em que for extinta, de ser instaurado contra o reabilitado.

18
LIVRO I Entendimento para gerar conflito ou diver-
gência com o Brasil
DOS CRIMES MILITARES
Art. 141. Entrar em entendimento com país
EM TEMPO DE PAZ estrangeiro, ou organização nele existente, para
gerar conflito ou divergência de caráter internacio-
TÍTULO I nal entre o Brasil e qualquer outro país, ou para
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA lhes perturbar as relações diplomáticas:
EXTERNA DO PAÍS Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
Resultado mais grave
Hostilidade contra país estrangeiro § 1º Se resulta ruptura de relações diplomáti-
cas:
Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade
contra país estrangeiro, expondo o Brasil a perigo Pena - reclusão, de seis a dezoito anos.
de guerra: § 2º Se resulta guerra:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.
Resultado mais grave Tentativa contra a soberania do Brasil
§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáti- Art. 142. Tentar:
cas, represália ou retorsão:
I - submeter o território nacional, ou parte de-
Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.
le, à soberania de país estrangeiro;
§ 2º Se resulta guerra:
II - desmembrar, por meio de movimento ar-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. mado ou tumultos planejados, o território nacional,
Provocação a país estrangeiroVitória Ferreira desde que o fato atente contra a segurança exter-
Da Silva
na do Brasil ou a sua soberania;
Art. 137. Provocar vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
o militar, diretamente, pa-
III - internacionalizar, por qualquer meio, regi-
ís estrangeiro a declarar guerra ou mover hostili-
ão ou parte do território nacional:
dade contra o Brasil ou a intervir em questão que
respeite à soberania nacional: Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para
os cabeças; de dez a vinte anos, para os demais
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
agentes.
Ato de jurisdição indevida
Consecução de notícia, informação ou do-
Art. 138. Praticar o militar, indevidamente, cumento para fim de espionagem
no território nacional, ato de jurisdição de país
Art. 143. Conseguir, para o fim de espiona-
estrangeiro, ou favorecer a prática de ato dessa
gem militar, notícia, informação ou documento,
natureza:
cujo sigilo seja de interesse da segurança externa
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos. do Brasil:
Violação de território estrangeiro Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 139. Violar o militar território estrangei- § 1º A pena é de reclusão de dez a vinte
ro, com o fim de praticar ato de jurisdição em no- anos:
me do Brasil: I - se o fato compromete a preparação ou efi-
Pena - reclusão, de dois a seis anos. ciência bélica do Brasil, ou o agente transmite ou
fornece, por qualquer meio, mesmo sem remune-
Entendimento para empenhar o Brasil à
ração, a notícia, informação ou documento, a au-
neutralidade ou à guerra
toridade ou pessoa estrangeira;
Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em II - se o agente, em detrimento da segurança
entendimento com país estrangeiro, para empe- externa do Brasil, promove ou mantém no territó-
nhar o Brasil à neutralidade ou à guerra: rio nacional atividade ou serviço destinado à espi-
Pena - reclusão, de seis a doze anos. onagem;

19
III - se o agente se utiliza, ou contribui para Art. 146. Penetrar, sem licença, ou introdu-
que outrem se utilize, de meio de comunicação, zir-se clandestinamente ou sob falso pretexto, em
para dar indicação que ponha ou possa pôr em lugar sujeito à administração militar, ou centro
perigo a segurança externa do Brasil. industrial a serviço de construção ou fabricação
Modalidade culposa sob fiscalização militar, para colher informação
destinada a país estrangeiro ou agente seu:
§ 2º Contribuir culposamente para a execução
do crime: Pena - reclusão, de três a oito anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, Parágrafo único. Entrar, em local referido no
no caso do artigo; ou até quatro anos, no caso do artigo, sem licença de autoridade competente,
§ 1º, nº I. munido de máquina fotográfica ou qualquer outro
meio hábil para a prática de espionagem:
Revelação de notícia, informação ou do-
cumento Pena - reclusão, até três anos.

Art. 144. Revelar notícia, informação ou do- Desenho ou levantamento de plano ou


cumento, cujo sigilo seja de interesse da seguran- planta de local militar ou de engenho de guerra
ça externa do Brasil: Art. 147. Fazer desenho ou levantar plano
Pena - reclusão, de três a oito anos. ou planta de fortificação, quartel, fábrica, arsenal,
hangar ou aeródromo, ou de navio, aeronave ou
Fim da espionagem militar
engenho de guerra motomecanizado, utilizados ou
§ 1º Se o fato é cometido com o fim de espio- em construção sob administração ou fiscalização
nagem militar: militar, ou fotografá-los ou filmá-los:
Pena - reclusão, de seis a doze anos. Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato
Resultado mais grave não constitui crime mais grave.
Vitória Ferreira Da Silva em local interdito
Sobrevoo
§ 2º Se o fato compromete a preparação ou a
eficiência bélica do país: vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 148. Sobrevoar local declarado interdi-
Pena - reclusão, de dez a vinte anos. to:
Modalidade culposa Pena - reclusão, até três anos.
§ 3º Se a revelação é culposa:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, TÍTULO II
no caso do artigo; ou até quatro anos, nos casos DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE
dos §§ 1° e 2.
OU DISCIPLINA MILITAR
Turbação de objeto ou documento
Art. 145. Suprimir, subtrair, deturpar, alterar, CAPÍTULO I
desviar, ainda que temporariamente, objeto ou DO MOTIM E DA REVOLTA
documento concernente à segurança externa do
Brasil:
Motim
Pena - reclusão, de três a oito anos.
Art. 149. Reunirem-se militares ou asseme-
Resultado mais grave
lhados:
§ 1º Se o fato compromete a segurança ou a
I - agindo contra a ordem recebida de superi-
eficiência bélica do país:
or, ou negando-se a cumpri-la;
Pena - Reclusão, de dez a vinte anos.
II - recusando obediência a superior, quando
Modalidade culposa estejam agindo sem ordem ou praticando violên-
§ 2º Contribuir culposamente para o fato: cia;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. III - assentindo em recusa conjunta de obedi-
ência, ou em resistência ou violência, em comum,
Penetração com o fim de espionagem
contra superior;

20
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fá- CAPÍTULO II
brica ou estabelecimento militar, ou dependência DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO
de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aerona-
ve, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de
qualquer daqueles locais ou meios de transporte, Aliciação para motim ou revolta
para ação militar, ou prática de violência, em de- Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para
sobediência a ordem superior ou em detrimento
a prática de qualquer dos crimes previstos no ca-
da ordem ou da disciplina militar:
pítulo anterior:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
aumento de um terço para os cabeças.
Incitamento
Revolta
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisci-
Parágrafo único. Se os agentes estavam ar-
mados: plina ou à prática de crime militar:

Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
aumento de um terço para os cabeças. Parágrafo único. Na mesma pena incorre
Organização de grupo para a prática de vi- quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito
olência à administração militar, impressos, manuscritos ou
material mimeografado, fotocopiado ou gravado,
Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares em que se contenha incitamento à prática dos
ou assemelhados, com armamento ou material atos previstos no artigo.
bélico, de propriedade militar, praticando violência
Apologia de fato criminoso ou do seu au-
à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar
tor
sujeito ou não à administração militar:
Ferreira DaArt. 156. Fazer apologia de fato que a lei
Pena - reclusão, de quatro a oitoVitória
anos. Silva
militar considera crime, ou do autor do mesmo, em
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Omissão de lealdade militar lugar sujeito à administração militar:
Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado Pena - detenção, de seis meses a um ano.
de levar ao conhecimento do superior o motim ou
revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estan-
do presente ao ato criminoso, não usar de todos CAPÍTULO III
os meios ao seu alcance para impedi-lo: DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU
Pena - reclusão, de três a cinco anos. MILITAR DE SERVIÇO
Conspiração
Art. 152. Concertarem-se militares ou as- Violência contra superior
semelhados para a prática do crime previsto no Art. 157. Praticar violência contra superior:
artigo 149:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Formas qualificadas
Isenção de pena
§ 1º Se o superior é comandante da unidade
Parágrafo único. É isento de pena aquele a que pertence o agente, ou oficial general:
que, antes da execução do crime e quando era
Pena - reclusão, de três a nove anos.
ainda possível evitar-lhe as consequências, de-
nuncia o ajuste de que participou. § 2º Se a violência é praticada com arma, a
pena é aumentada de um terço.
Cumulação de penas
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal,
Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são aplica-se, além da pena da violência, a do crime
aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à contra a pessoa.
violência.
§ 4º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

21
§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o Despojamento desprezível
crime ocorre em serviço.
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condeco-
Violência contra militar de serviço ração militar, insígnia ou distintivo, por menospre-
Art. 158. Praticar violência contra oficial de zo ou vilipêndio:
dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, Pena - detenção, de seis meses a um ano.
vigia ou plantão: Parágrafo único. A pena é aumentada da me-
Pena - reclusão, de três a oito anos. tade, se o fato é praticado diante da tropa, ou em
Formas qualificadas público.

§ 1º Se a violência é praticada com arma, a


pena é aumentada de um terço. CAPÍTULO V
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, DA INSUBORDINAÇÃO
aplica-se, além da pena da violência, a do crime
contra a pessoa.
Recusa de obediência
§ 3º Se da violência resulta morte:
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do su-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. perior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
Ausência de dolo no resultado relativamente a dever imposto em lei, regulamento
ou instrução:
Art. 159. Quando da violência resulta morte
ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato
que o agente não quis o resultado nem assumiu o não constitui crime mais grave.
risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pes- Oposição a ordem de sentinela
soa é diminuída de metade.
Vitória Ferreira Da
Art.Silva
164. Opor-se às ordens da sentinela:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se
CAPÍTULO IV o fato não constitui crime mais grave.
DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A Reunião ilícita
SÍMBOLO NACIONAL OU A FARDA
Art. 165. Promover a reunião de militares,
ou nela tomar parte, para discussão de ato de
Desrespeito a superior superior ou assunto atinente à disciplina militar:
Art. 160. Desrespeitar superior diante de Pena - detenção, de seis meses a um ano a
outro militar: quem promove a reunião; de dois a seis meses a
Pena - detenção, de três meses a um ano, se quem dela participa, se o fato não constitui crime
o fato não constitui crime mais grave. mais grave.

Desrespeito a comandante, oficial general Publicação ou crítica indevida


ou oficial de serviço Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado,
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar
o comandante da unidade a que pertence o agen- publicamente ato de seu superior ou assunto ati-
te, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de nente à disciplina militar, ou a qualquer resolução
quarto, a pena é aumentada da metade. do Governo:
Desrespeito a símbolo nacional Pena - detenção, de dois meses a um ano, se
o fato não constitui crime mais grave.
Art. 161. Praticar o militar diante da tropa,
ou em lugar sujeito à administração militar, ato
que se traduza em ultraje a símbolo nacional: CAPÍTULO VI
Pena - detenção, de um a dois anos. DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO
OU ABUSO DE AUTORIDADE

22
Assunção de comando sem ordem ou au- Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme,
torização distintivo ou insígnia militar a que não tenha direi-
Art. 167. Assumir o militar, sem ordem ou to:
autorização, salvo se em grave emergência, qual- Pena - detenção, até seis meses.
quer comando, ou a direção de estabelecimento Abuso de requisição militar
militar:
Art. 173. Abusar do direito de requisição mi-
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o
fato não constitui crime mais grave. litar, excedendo os poderes conferidos ou recu-
sando cumprir dever imposto em lei:
Conservação ilegal de comando
Pena - detenção, de um a dois anos.
Art. 168. Conservar comando ou função le-
Rigor excessivo
gitimamente assumida, depois de receber ordem
de seu superior para deixá-los ou transmiti-los a Art. 174. Exceder a faculdade de punir o
outrem: subordinado, fazendo-o com rigor não permitido,
Pena - detenção, de um a três anos. ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito:

Operação militar sem ordem superior Pena - suspensão do exercício do posto, por
dois a seis meses, se o fato não constitui crime
Art. 169. Determinar o comandante, sem mais grave.
ordem superior e fora dos casos em que essa se Violência contra inferior
dispensa, movimento de tropa ou ação militar:
Art. 175. Praticar violência contra inferior:
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Forma qualificada Pena - detenção, de três meses a um ano.

Parágrafo único. Se o movimento da tropa ou Resultado mais grave


Vitória Ferreira Da Silva
ação militar é em território estrangeiro ou contra Parágrafo único. Se da violência resulta lesão
força, navio ou aeronavevitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de país estrangeiro: corporal ou morte é também aplicada a pena do
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, se o crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for
fato não constitui crime mais grave. o caso, ao disposto no art. 159.

Ordem arbitrária de invasão Ofensa aviltante a inferior

Art. 170. Ordenar, arbitrariamente, o co- Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de
mandante de força, navio, aeronave ou engenho violência que, por natureza ou pelo meio empre-
de guerra motomecanizado a entrada de coman- gado, se considere aviltante:
dados seus em águas ou território estrangeiro, ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
sobrevoá-los: Parágrafo único. Aplica-se o disposto no pa-
Pena - suspensão do exercício do posto, de rágrafo único do artigo anterior.
um a três anos, ou reforma.
Uso indevido por militar de uniforme, dis-
CAPÍTULO VII
tintivo ou insígnia
DA RESISTÊNCIA
Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, in-
devidamente, uniforme, distintivo ou insígnia de
Resistência mediante ameaça ou violência
posto ou graduação superior:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se Art. 177. Opor-se à execução de ato legal,
o fato não constitui crime mais grave. mediante ameaça ou violência ao executor, ou a
quem esteja prestando auxílio:
Uso indevido de uniforme, distintivo ou in-
sígnia militar por qualquer pessoa Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Forma qualificada

23
§ 1º Se o ato não se executa em razão da re- Cumulação de penas
sistência: § 2º Se ao fato sucede deserção, aplicam-se
Pena - reclusão de dois a quatro anos. cumulativamente as penas correspondentes.
Cumulação de penas Arrebatamento de preso ou internado
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem Art. 181. Arrebatar preso ou internado, a fim
prejuízo das correspondentes à violência, ou ao de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob
fato que constitua crime mais grave. guarda ou custódia militar:
Pena - reclusão, até quatro anos, além da
CAPÍTULO VIII correspondente à violência.
DA FUGA, EVASÃO, ARREBATAMENTO Amotinamento
E AMOTINAMENTO DE PRESOS Art. 182. Amotinarem-se presos, ou interna-
dos, perturbando a disciplina do recinto de prisão
Fuga de preso ou internado militar:

Art. 178. Promover ou facilitar a fuga de Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças;
aos demais, detenção de um a dois anos.
pessoa legalmente presa ou submetida a medida
de segurança detentiva: Responsabilidade de participe ou de oficial
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem participa do amotinamento ou, sendo oficial
Formas qualificadas
e estando presente, não usa os meios ao seu al-
§ 1º Se o crime é praticado a mão armada ou cance para debelar o amotinamento ou evitar-lhe
por mais de uma pessoa, ou mediante arromba- as consequências.
mento: Vitória Ferreira
Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
TÍTULO III
§ 2º Se há emprego de violência contra pes-
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO
soa, aplica-se também a pena correspondente à
violência. MILITAR E O DEVER MILITAR
§ 3º Se o crime é praticado por pessoa sob
cuja guarda, custódia ou condução está o preso CAPÍTULO I
ou internado: DA INSUBMISSÃO
Pena - reclusão, até quatro anos.
Modalidade culposa Insubmissão

Art. 179. Deixar, por culpa, fugir pessoa le- Art. 183. Deixar de apresentar-se o convo-
galmente presa, confiada à sua guarda ou condu- cado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi
ção: marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes
do ato oficial de incorporação:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Pena - impedimento, de três meses a um ano.
Evasão de preso ou internado
Caso assimilado
Art. 180. Evadir-se, ou tentar evadir-se o
§ 1º Na mesma pena incorre quem, dispensa-
preso ou internado, usando de violência contra a
do temporariamente da incorporação, deixa de se
pessoa:
apresentar, decorrido o prazo de licenciamento.
Pena - detenção, de um a dois anos, além da
Diminuição da pena
correspondente à violência.
§ 2º A pena é diminuída de um terço:
§ 1º Se a evasão ou a tentativa ocorre medi-
ante arrombamento da prisão militar: a) pela ignorância ou a errada compreensão
dos atos da convocação militar, quando escusá-
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
veis;

24
b) pela apresentação voluntária dentro do II - deixa de se apresentar a autoridade com-
prazo de um ano, contado do último dia marcado petente, dentro do prazo de oito dias, contados
para a apresentação. daquele em que termina ou é cassada a licença
Criação ou simulação de incapacidade fí- ou agregação ou em que é declarado o estado de
sica sítio ou de guerra;
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apre-
Art. 184. Criar ou simular incapacidade físi-
sentar, dentro do prazo de oito dias;
ca, que inabilite o convocado para o serviço mili-
tar: IV - consegue exclusão do serviço ativo ou si-
tuação de inatividade, criando ou simulando inca-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. pacidade.
Substituição de convocado
Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188,
Art. 185. Substituir-se o convocado por ou- ns. I, II e III:
trem na apresentação ou na inspeção de saúde. Atenuante especial
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. I - se o agente se apresenta voluntariamente
Parágrafo único. Na mesma pena incorre dentro em oito dias após a consumação do crime,
quem substitui o convocado. a pena é diminuída de metade; e de um terço, se
Favorecimento a convocado de mais de oito dias e até sessenta;
Agravante especial
Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo
a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe II - se a deserção ocorre em unidade estacio-
transporte ou meio que obste ou dificulte a incor- nada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é
poração, sabendo ou tendo razão para saber que agravada de um terço.
cometeu qualquer dos crimes previstos neste ca- Deserção especial
pítulo: Vitória Ferreira Da Silva
Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Pena - detenção, de três meses a um ano. no momento da partida do navio ou aeronave, de
Isenção de pena que é tripulante, ou do deslocamento da unidade
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascen- ou força em que serve: (Redação dada pela Lei nº
dente, descendente, cônjuge ou irmão do crimino- 9.764, de 18.12.1998)
so, fica isento de pena. Pena - detenção, até três meses, se após a
partida ou deslocamento se apresentar, dentro de
vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar,
CAPÍTULO II ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser
DA DESERÇÃO comunicada a apresentação ao comando militar
competente. (Redação dada pela Lei nº 9.764, de
18.12.1998)
Deserção
§ 1º Se a apresentação se der dentro de pra-
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, zo superior a vinte e quatro horas e não exceden-
da unidade em que serve, ou do lugar em que te a cinco dias:
deve permanecer, por mais de oito dias:
Pena - detenção, de dois a oito meses.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos;
se oficial, a pena é agravada. § 2o Se superior a cinco dias e não excedente
a oito dias: (Redação dada pela Lei nº 9.764, de
Casos assimilados 18.12.1998)
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar Pena - detenção, de três meses a um ano.
que: § 2o-A. Se superior a oito dias: (Parágrafo in-
I - não se apresenta no lugar designado, den- cluído pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
tro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias; Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

25
Aumento de pena Abandono de posto
§ 3o A pena é aumentada de um terço, se se Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o
tratar de sargento, subtenente ou suboficial, e de posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido de-
metade, se oficial. (Redação dada pela Lei nº signado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de
9.764, de 18.12.1998) terminá-lo:
Concerto para deserção Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 191. Concertarem-se militares para a Descumprimento de missão
prática da deserção:
Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a
I - se a deserção não chega a consumar-se: missão que lhe foi confiada:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
Modalidade complexa se o fato não constitui crime mais grave.
II - se consumada a deserção: § 1º Se é oficial o agente, a pena é aumenta-
da de um terço.
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
§ 2º Se o agente exercia função de comando,
Deserção por evasão ou fuga
a pena é aumentada de metade.
Art. 192. Evadir-se o militar do poder da es- Modalidade culposa
colta, ou de recinto de detenção ou de prisão, ou
fugir em seguida à prática de crime para evitar § 3º Se a abstenção é culposa:
prisão, permanecendo ausente por mais de oito Pena - detenção, de três meses a um ano.
dias: Retenção indevida
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por
Favorecimento a desertor Vitória Ferreira Da Silva
ocasião da passagem de função, ou quando lhe é
Art. vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a exigido, objeto, plano, carta, cifra, código ou do-
seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe cumento que lhe haja sido confiado:
transporte ou meio de ocultação, sabendo ou ten- Pena - suspensão do exercício do posto, de
do razão para saber que cometeu qualquer dos três a seis meses, se o fato não constitui crime
crimes previstos neste capítulo: mais grave.
Pena - detenção, de quatro meses a um ano. Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, ci-
Isenção de pena fra, código, ou documento envolve ou constitui
segredo relativo à segurança nacional:
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascen-
dente, descendente, cônjuge ou irmão do crimino- Pena - detenção, de três meses a um ano, se
so, fica isento de pena. o fato não constitui crime mais grave.

Omissão de oficial Omissão de eficiência da força

Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra Art. 198. Deixar o comandante de manter a
desertor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se força sob seu comando em estado de eficiência:
entre os seus comandados: Pena - suspensão do exercício do posto, de
Pena - detenção, de seis meses a um ano. três meses a um ano.
Omissão de providências para evitar da-
nos
CAPÍTULO III
Art. 199. Deixar o comandante de empregar
DO ABANDONO DE PÔSTO E DE
todos os meios ao seu alcance para evitar perda,
OUTROS CRIMES EM SERVIÇO destruição ou inutilização de instalações militares,
navio, aeronave ou engenho de guerra motome-
canizado em perigo:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

26
Modalidade culposa exceto como acionista ou cotista em sociedade
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: anônima, ou por cotas de responsabilidade limita-
da:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Pena - suspensão do exercício do posto, de
Omissão de providências para salvar co- seis meses a dois anos, ou reforma.
mandados
Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião
TÍTULO IV
de incêndio, naufrágio, encalhe, colisão, ou outro
perigo semelhante, de tomar todas as providên- DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
cias adequadas para salvar os seus comandados
e minorar as consequências do sinistro, não sen- CAPÍTULO I
do o último a sair de bordo ou a deixar a aeronave
DO HOMICÍDIO
ou o quartel ou sede militar sob seu comando:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Homicídio simples
Modalidade culposa
Art. 205. Matar alguém:
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Minoração facultativa da pena
Omissão de socorro
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por
Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
sem justa causa, navio de guerra ou mercante, o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
ou náufragos que hajam pedido socorro: pena, de um sexto a um terço.
Vitória Ferreira Da Silva
Pena - suspensão do exercício do posto, de Homicídio qualificado
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
um a três anos ou reforma.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
Embriaguez em serviço
I - por motivo fútil;
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em II - mediante paga ou promessa de recom-
serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá- pensa, por cupidez, para excitar ou saciar desejos
lo: sexuais, ou por outro motivo torpe;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. III - com emprego de veneno, asfixia, tortura,
Dormir em serviço fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimula-
do ou cruel, ou de que possa resultar perigo co-
Art. 203. Dormir o militar, quando em servi- mum;
ço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em
situação equivalente, ou, não sendo oficial, em IV - à traição, de emboscada, com surpresa
serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ou mediante outro recurso insidioso, que dificultou
ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de na- ou tornou impossível a defesa da vítima;
tureza semelhante: V - para assegurar a execução, a ocultação, a
Pena - detenção, de três meses a um ano. impunidade ou vantagem de outro crime;
VI - prevalecendo-se o agente da situação de
serviço:
CAPÍTULO IV
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
DO EXERCÍCIO DE COMÉRCIO
Homicídio culposo
Exercício de comércio por oficial Art. 206. Se o homicídio é culposo:
Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou Pena - detenção, de um a quatro anos.
tomar parte na administração ou gerência de soci-
edade comercial, ou dela ser sócio ou participar,

27
§ 1° A pena pode ser agravada se o crime re- II - submete o grupo a condições de existên-
sulta de inobservância de regra técnica de profis- cia, físicas ou morais, capazes de ocasionar a
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de pres- eliminação de todos os seus membros ou parte
tar imediato socorro à vítima. deles;
Multiplicidade de vítimas III - força o grupo à sua dispersão;
§ 2º Se, em consequência de uma só ação ou IV - impõe medidas destinadas a impedir os
omissão culposa, ocorre morte de mais de uma nascimentos no seio do grupo;
pessoa ou também lesões corporais em outras V - efetua coativamente a transferência de
pessoas, a pena é aumentada de um sexto até crianças do grupo para outro grupo.
metade.
Provocação direta ou auxílio a suicídio
CAPÍTULO III
Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suici-
DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA
dar-se, ou prestar-lhe auxílio para que o faça, vin-
do o suicídio consumar-se:
Pena - reclusão, de dois a seis anos. Lesão leve

Agravação de pena Art. 209. Ofender a integridade corporal ou


a saúde de outrem:
§ 1º Se o crime é praticado por motivo egoís-
tico, ou a vítima é menor ou tem diminuída, por Pena - detenção, de três meses a um ano.
qualquer motivo, a resistência moral, a pena é Lesão grave
agravada.
§ 1° Se se produz, dolosamente, perigo de vi-
Provocação indireta ao suicídio da, debilidade permanente de membro, sentido ou
§ 2º Com detenção de um a trêsVitória
anos, será função,
Ferreira ou incapacidade para as ocupações habi-
Da Silva
punido quem, desumana e reiteradamente, inflige tuais, por mais de trinta dias:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
maus tratos a alguém, sob sua autoridade ou de- Pena - reclusão, até cinco anos.
pendência, levando-o, em razão disso, à prática
§ 2º Se se produz, dolosamente, enfermidade
de suicídio.
incurável, perda ou inutilização de membro, senti-
Redução de pena do ou função, incapacidade permanente para o
§ 3° Se o suicídio é apenas tentado, e da ten- trabalho, ou deformidade duradoura:
tativa resulta lesão grave, a pena é reduzida de Pena - reclusão, de dois a oito anos.
um a dois terços.
Lesões qualificadas pelo resultado
§ 3º Se os resultados previstos nos §§ 1º e 2º
CAPÍTULO II forem causados culposamente, a pena será de
DO GENOCÍDIO detenção, de um a quatro anos; se da lesão resul-
tar morte e as circunstâncias evidenciarem que o
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
Genocídio de produzi-lo, a pena será de reclusão, até oito
Art. 208. Matar membros de um grupo naci- anos.
onal, étnico, religioso ou pertencente a determina- Minoração facultativa da pena
da raça, com o fim de destruição total ou parcial
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por
desse grupo:
motivo de relevante valor moral ou social ou sob o
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos. domínio de violenta emoção, logo em seguida a
Casos assimilados injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena, de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Será punido com reclusão,
de quatro a quinze anos, quem, com o mesmo fim: § 5º No caso de lesões leves, se estas são
recíprocas, não se sabendo qual dos contendores
I - inflige lesões graves a membros do grupo; atacou primeiro, ou quando ocorre qualquer das

28
hipóteses do parágrafo anterior, o juiz pode dimi- Maus tratos
nuir a pena de um a dois terços.
Art. 213. Expor a perigo a vida ou saúde,
Lesão levíssima em lugar sujeito à administração militar ou no
§ 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode exercício de função militar, de pessoa sob sua
considerar a infração como disciplinar. autoridade, guarda ou vigilância, para o fim de
educação, instrução, tratamento ou custódia, quer
Lesão culposa
privando-a de alimentação ou cuidados indispen-
Art. 210. Se a lesão é culposa: sáveis, quer sujeitando-a a trabalhos excessivos
ou inadequados, quer abusando de meios de cor-
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
reção ou disciplina:
§ 1º A pena pode ser agravada se o crime re-
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
sulta de inobservância de regra técnica de profis-
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de pres- Formas qualificadas pelo resultado
tar imediato socorro à vítima. § 1º Se do fato resulta lesão grave:
Aumento de pena Pena - reclusão, até quatro anos.
§ 2º Se, em consequência de uma só ação ou § 2º Se resulta morte:
omissão culposa, ocorrem lesões em várias pes-
soas, a pena é aumentada de um sexto até meta- Pena - reclusão, de dois a dez anos.
de.
Participação em rixa CAPÍTULO V
Art. 211. Participar de rixa, salvo para sepa- DOS CRIMES CONTRA A HONRA
rar os contendores:
Pena - detenção, até dois meses.
Vitória Ferreira DaCalúnia
Silva
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão 214. Caluniar
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Art. alguém, imputando-lhe
grave, aplica-se, pelo fato de participação na rixa, falsamente fato definido como crime:
a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
CAPÍTULO IV falsa a imputação, a propala ou divulga.
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA Exceção da verdade
OU DA SAÚDE § 2º A prova da verdade do fato imputado ex-
clui o crime, mas não é admitida:
Abandono de pessoa I - se, constituindo o fato imputado crime de
Art. 212. Abandonar o militar pessoa que ação privada, o ofendido não foi condenado por
está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autori- sentença irrecorrível;
dade e, por qualquer motivo, incapaz de defender- II - se o fato é imputado a qualquer das pes-
se dos riscos resultantes do abandono: soas indicadas no nº I do art. 218;
Pena - detenção, de seis meses a três anos. III - se do crime imputado, embora de ação
Formas qualificadas pelo resultado pública, o ofendido foi absolvido por sentença irre-
corrível.
§ 1º Se do abandono resulta lesão grave:
Difamação
Pena - reclusão, até cinco anos.
Art. 215. Difamar alguém, imputando-lhe fa-
§ 2º Se resulta morte:
to ofensivo à sua reputação:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Parágrafo único. A exceção da verdade so-
mente se admite se a ofensa é relativa ao exercí-
cio da função pública, militar ou civil, do ofendido.

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Injúria II - a opinião desfavorável da crítica literária,
artística ou científica;
Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro: III - a apreciação crítica às instituições milita-
res, salvo quando inequívoca a intenção de ofen-
Pena - detenção, até seis meses. der;
Injúria real IV - o conceito desfavorável em apreciação ou
Art. 217. Se a injúria consiste em violência, informação prestada no cumprimento do dever de
ou outro ato que atinja a pessoa, e, por sua natu- ofício.
reza ou pelo meio empregado, se considera avil- Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e IV,
tante: responde pela ofensa quem lhe dá publicidade.
Pena - detenção, de três meses a um ano, Equivocidade da ofensa
além da pena correspondente à violência.
Art. 221. Se a ofensa é irrogada de forma
Disposições comuns imprecisa ou equívoca, quem se julga atingido
Art. 218. As penas cominadas nos antece- pode pedir explicações em juízo. Se o interpelado
dentes artigos deste capítulo aumentam-se de um se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
terço, se qualquer dos crimes é cometido: satisfatórias, responde pela ofensa.
I - contra o Presidente da República ou chefe
de governo estrangeiro; CAPÍTULO VI
II - contra superior; DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
III - contra militar, ou funcionário público civil,
em razão das suas funções; Seção I
IV - na presença de duas ou mais Vitória
pessoas, Ferreira Dacrimes
Dos Silva contra a liberdade individual
ou de inferior do ofendido,vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ou por meio que facilite
a divulgação da calúnia, da difamação ou da injú- Constrangimento ilegal
ria.
Art. 222. Constranger alguém, mediante vio-
Parágrafo único. Se o crime é cometido medi-
ante paga ou promessa de recompensa, aplica-se lência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
a pena em dobro, se o fato não constitui crime reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade
mais grave. de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou
a fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não
Ofensa às forças armadas manda:
Art. 219. Propalar fatos, que sabe inverídi- Pena - detenção, até um ano, se o fato não
cos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o constitui crime mais grave.
crédito das forças armadas ou a confiança que Aumento de pena
estas merecem do público:
§ 1º A pena aplica-se em dobro, quando, para
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
a execução do crime, se reúnem mais de três
Parágrafo único. A pena será aumentada de pessoas, ou há emprego de arma, ou quando o
um terço, se o crime é cometido pela imprensa, constrangimento é exercido com abuso de autori-
rádio ou televisão. dade, para obter de alguém confissão de autoria
Exclusão de pena de crime ou declaração como testemunha.
§ 2º Além da pena cominada, aplica-se a cor-
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo
respondente à violência.
quando inequívoca a intenção de injuriar, difamar
ou caluniar: Exclusão de crime
I - a irrogada em juízo, na discussão da cau- § 3º Não constitui crime:
sa, por uma das partes ou seu procurador contra a I - Salvo o caso de transplante de órgãos, a
outra parte ou seu procurador; intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti-

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mento do paciente ou de seu representante legal, Violação de domicílio
se justificada para conjurar iminente perigo de
Art. 226. Entrar ou permanecer, clandestina
vida ou de grave dano ao corpo ou à saúde;
ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa
II - a coação exercida para impedir suicídio. ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou
Ameaça em suas dependências:

Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, es- Pena - detenção, até três meses.
crito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, Forma qualificada
de lhe causar mal injusto e grave: § 1º Se o crime é cometido durante o repouso
Pena - detenção, até seis meses, se o fato noturno, ou com emprego de violência ou de ar-
não constitui crime mais grave. ma, ou mediante arrombamento, ou por duas ou
Parágrafo único. Se a ameaça é motivada por mais pessoas:
fato referente a serviço de natureza militar, a pena Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
é aumentada de um terço. além da pena correspondente à violência.
Desafio para duelo Agravação de pena
Art. 224. Desafiar outro militar para duelo ou § 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fa-
aceitar-lhe o desafio, embora o duelo não se reali- to é cometido por militar em serviço ou por funcio-
ze: nário público civil, fora dos casos legais, ou com
inobservância das formalidades prescritas em lei,
Pena - detenção, até três meses, se o fato ou com abuso de poder.
não constitui crime mais grave.
Exclusão de crime
Sequestro ou cárcere privado
§ 3º Não constitui crime a entrada ou perma-
Art. 225. Privar alguém de sua liberdade, nência em casa alheia ou em suas dependências:
Vitória Ferreira Da Silva
mediante sequestro ou cárcere privado:
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I - durante o dia, com observância das forma-
Pena - reclusão, até três anos. lidades legais, para efetuar prisão ou outra dili-
Aumento de pena gência em cumprimento de lei ou regulamento
militar;
§ 1º A pena é aumentada de metade:
II - a qualquer hora do dia ou da noite para
I - se a vítima é ascendente, descendente ou
acudir vítima de desastre ou quando alguma infra-
cônjuge do agente;
ção penal está sendo ali praticada ou na iminência
II - se o crime é praticado mediante interna- de o ser.
ção da vítima em casa de saúde ou hospital; Compreensão do termo "casa"
III - se a privação de liberdade dura mais de § 4º O termo "casa" compreende:
quinze dias.
I - qualquer compartimento habitado;
Formas qualificadas pelo resultado
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus
tratos ou da natureza da detenção, grave sofri- III - compartimento não aberto ao público, on-
mento físico ou moral: de alguém exerce profissão ou atividade.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 5º Não se compreende no termo "casa":
§ 3º Se, pela razão do parágrafo anterior, re- I - hotel, hospedaria, ou qualquer outra habi-
sulta morte: tação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição
do nº II do parágrafo anterior;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
II - taverna, boate, casa de jogo e outras do
mesmo gênero.
Seção II
Do crime contra a
inviolabilidade do domicílio

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Seção III Violação de recato
Dos crimes contra a inviolabilidade Art. 229. Violar, mediante processo técnico
de correspondência ou comunicação o direito ao recato pessoal ou o direito ao res-
guardo das palavras que não forem pronunciadas
publicamente:
Violação de correspondência
Pena - detenção, até um ano.
Art. 227. Devassar indevidamente o conte-
údo de correspondência privada dirigida a outrem: Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem divulga os fatos captados.
Pena - detenção, até seis meses.
Violação de segredo profissional
§ 1º Nas mesmas penas incorre:
Art. 230. Revelar, sem justa causa, segredo
I - quem se apossa de correspondência
de que tem ciência, em razão de função ou profis-
alheia, fechada ou aberta, e, no todo ou em parte,
são, exercida em local sob administração militar,
a sonega ou destrói;
desde que da revelação possa resultar dano a
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem:
outrem ou utiliza, abusivamente, comunicação
Pena - detenção, de três meses a um ano.
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou
conversação telefônica entre outras pessoas; Natureza militar do crime
III - quem impede a comunicação ou a con- Art. 231. Os crimes previstos nos arts. 228
versação referida no número anterior. e 229 somente são considerados militares no caso
Aumento de pena do art. 9º, nº II, letra a .
§ 2º A pena aumenta-se de metade, se há
dano para outrem.
Vitória Ferreira Da Silva CAPÍTULO VII
§ 3º Se o agente comete o crime com abuso DOS CRIMES SEXUAIS
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de função, em serviço postal, telegráfico, radioelé-
trico ou telefônico:
Estupro
Pena - detenção, de um a três anos.
Art. 232. Constranger mulher a conjunção
Natureza militar do crime
carnal, mediante violência ou grave ameaça:
§ 4º Salvo o disposto no parágrafo anterior,
Pena - reclusão, de três a oito anos, sem pre-
qualquer dos crimes previstos neste artigo só é
juízo da correspondente à violência.
considerado militar no caso do art. 9º, nº II, letra a.
Atentado violento ao pudor
Art. 233. Constranger alguém, mediante vio-
Seção IV
lência ou grave ameaça, a presenciar, a praticar
Dos crimes contra a inviolabilidade ou permitir que com ele pratique ato libidinoso
dos segredos de caráter particular diverso da conjunção carnal:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem
Divulgação de segredo prejuízo da correspondente à violência.
Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conteú- Corrupção de menores
do de documento particular sigiloso ou de corres- Art. 234. Corromper ou facilitar a corrupção
pondência confidencial, de que é detentor ou des- de pessoa menor de dezoito e maior de quatorze
tinatário, desde que da divulgação possa resultar anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou
dano a outrem: induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo:
Pena - detenção, até seis meses. Pena - reclusão, até três anos.

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Pederastia ou outro ato de libidinagem TÍTULO V
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
com ele se pratique ato libidinoso, homossexual
ou não, em lugar sujeito a administração militar: CAPÍTULO I
Pena - detenção, de seis meses a um ano. DO FURTO
Presunção de violência
Art. 236. Presume-se a violência, se a víti- Furto simples
ma: Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem,
I - não é maior de quatorze anos, salvo fun- coisa alheia móvel:
dada suposição contrária do agente; Pena - reclusão, até seis anos.
II - é doente ou deficiente mental, e o agente Furto atenuado
conhecia esta circunstância;
§ 1º Se o agente é primário e é de pequeno
III - não pode, por qualquer outra causa, ofe- valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
recer resistência. de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a
Aumento de pena dois terços, ou considerar a infração como disci-
plinar. Entende-se pequeno o valor que não exce-
Art. 237. Nos crimes previstos neste capítu- da a um décimo da quantia mensal do mais alto
lo, a pena é agravada, se o fato é praticado: salário mínimo do país.
I - com o concurso de duas ou mais pessoas; § 2º A atenuação do parágrafo anterior é
II - por oficial, ou por militar em serviço. igualmente aplicável no caso em que o criminoso,
sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou
Vitória Ferreira repara o dano causado, antes de instaurada a
Da Silva
CAPÍTULO VIII ação penal.
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DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR Energia de valor econômico
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elé-
Ato obsceno trica ou qualquer outra que tenha valor econômi-
co.
Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar su-
jeito à administração militar: Furto qualificado
Pena - detenção de três meses a um ano. 4º Se o furto é praticado durante a noite:
Parágrafo único. A pena é agravada, se o fato Pena reclusão, de dois a oito anos.
é praticado por militar em serviço ou por oficial. § 5º Se a coisa furtada pertence à Fazenda
Escrito ou objeto obsceno Nacional:

Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à Pena - reclusão, de dois a seis anos.
venda, exibir, adquirir ou ter em depósito para o § 6º Se o furto é praticado:
fim de venda, distribuição ou exibição, livros, jor- I - com destruição ou rompimento de obstácu-
nais, revistas, escritos, pinturas, gravuras, estam- lo à subtração da coisa;
pas, imagens, desenhos ou qualquer outro objeto
de caráter obsceno, em lugar sujeito à administra- II - com abuso de confiança ou mediante
ção militar, ou durante o período de exercício ou fraude, escalada ou destreza;
manobras: III - com emprego de chave falsa;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. IV - mediante concurso de duas ou mais pes-
Parágrafo único.Na mesma pena incorre soas:
quem distribui, vende, oferece à venda ou exibe a Pena - reclusão, de três a dez anos.
militares em serviço objeto de caráter obsceno. § 7º Aos casos previstos nos §§ 4º e 5º são
aplicáveis as atenuações a que se referem os §§

33
1º e 2º. Aos previstos no § 6º é aplicável a atenu- a pena será de reclusão, de quinze a trinta anos,
ação referida no § 2º. sendo irrelevante se a lesão patrimonial deixa de
Furto de uso consumar-se. Se há mais de uma vítima dessa
violência à pessoa, aplica-se o disposto no art. 79.
Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim
Extorsão simples
de uso momentâneo e, a seguir, vem a ser ime-
diatamente restituída ou reposta no lugar onde se Art. 243. Obter para si ou para outrem inde-
achava: vida vantagem econômica, constrangendo al-
Pena - detenção, até seis meses. guém, mediante violência ou grave ameaça:

Parágrafo único. A pena é aumentada de me- a) a praticar ou tolerar que se pratique ato le-
tade, se a coisa usada é veículo motorizado; e de sivo do seu patrimônio, ou de terceiro;
um terço, se é animal de sela ou de tiro. b) a omitir ato de interesse do seu patrimônio,
ou de terceiro:
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO Formas qualificadas
§ 1º Aplica-se à extorsão o disposto no § 2º
do art. 242.
Roubo simples
§ 2º Aplica-se à extorsão, praticada mediante
Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si violência, o disposto no § 3º do art. 242.
ou para outrem, mediante emprego ou ameaça de
emprego de violência contra pessoa, ou depois de Extorsão mediante sequestro
havê-la, por qualquer modo, reduzido à impossibi- Art. 244. Extorquir ou tentar extorquir para
lidade de resistência: si ou para outrem, mediante sequestro de pessoa,
Vitória
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
Ferreira Da Silva
indevida vantagem econômica:
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Pena - reclusão, de seis a quinze anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, em se-
guida à subtração da coisa, emprega ou ameaça Formas qualificadas
empregar violência contra pessoa, a fim de asse-
gurar a impunidade do crime ou a detenção da § 1º Se o sequestro dura mais de vinte e qua-
coisa para si ou para outrem. tro horas, ou se o sequestrado é menor de dezes-
seis ou maior de sessenta anos, ou se o crime é
Roubo qualificado cometido por mais de duas pessoas, a pena é de
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até me- reclusão de oito a vinte anos.
tade: § 2º Se à pessoa sequestrada, em razão de
I - se a violência ou ameaça é exercida com maus tratos ou da natureza do sequestro, resulta
emprego de arma; grave sofrimento físico ou moral, a pena de reclu-
são é aumentada de um terço.
II - se há concurso de duas ou mais pessoas;
§ 3º Se o agente vem a empregar violência
III - se a vítima está em serviço de transporte
contra a pessoa sequestrada, aplicam-se, corres-
de valores, e o agente conhece tal circunstância;
pondentemente, as disposições do art. 242, § 2º,
IV - se a vítima está em serviço de natureza ns. V e VI ,e § 3º.
militar;
Chantagem
V - se é dolosamente causada lesão grave;
Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém,
VI - se resulta morte e as circunstâncias evi- para si ou para outrem, indevida vantagem eco-
denciam que o agente não quis esse resultado, nômica, mediante a ameaça de revelar fato, cuja
nem assumiu o risco de produzi-lo. divulgação pode lesar a sua reputação ou de pes-
Latrocínio soa que lhe seja particularmente cara:
§ 3º Se, para praticar o roubo, ou assegurar a Pena - reclusão, de três a dez anos.
impunidade do crime, ou a detenção da coisa, o
agente ocasiona dolosamente a morte de alguém,

34
Parágrafo único. Se a ameaça é de divulga- CAPÍTULO IV
ção pela imprensa, radiodifusão ou televisão, a DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
pena é agravada.
Extorsão indireta
Estelionato
Art. 246. Obter de alguém, como garantia
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, van-
de dívida, abusando de sua premente necessida-
tagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
de, documento que pode dar causa a procedimen-
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil
to penal contra o devedor ou contra terceiro:
ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, até três anos.
Pena - reclusão, de dois a sete anos.
Aumento de pena
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Art. 247. Nos crimes previstos neste capítu- Disposição de coisa alheia como própria
lo, a pena é agravada, se a violência é contra su-
perior, ou militar de serviço. I - vende, permuta, dá em pagamento, em lo-
cação ou em garantia, coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coi-
CAPÍTULO III sa própria
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA II - vende, permuta, dá em pagamento ou em
garantia coisa própria inalienável, gravada de
Apropriação indébita simples ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender
a terceiro, mediante pagamento em prestações,
Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia mó- silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
vel, de que tem a posse ou detenção:
Defraudação de penhor
Vitória Ferreira Da Silva
Pena - reclusão, até seis anos.
III - defrauda, mediante alienação não con-
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Agravação de pena sentida pelo credor ou por outro modo, a garantia
Parágrafo único. A pena é agravada, se o va- pignoratícia, quando tem a posse do objeto empe-
lor da coisa excede vinte vezes o maior salário nhado;
mínimo, ou se o agente recebeu a coisa: Fraude na entrega de coisa
I - em depósito necessário; IV - defrauda substância, qualidade ou quan-
II - em razão de ofício, emprego ou profissão. tidade de coisa que entrega a adquirente;
Apropriação de coisa havida acidental- Fraude no pagamento de cheque
mente V - defrauda de qualquer modo o pagamento
Art. 249. Apropriar-se alguém de coisa de cheque que emitiu a favor de alguém.
alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito § 2º Os crimes previstos nos ns. I a V do pa-
ou força da natureza: rágrafo anterior são considerados militares so-
mente nos casos do art. 9º, nº II, letras a e e .
Pena - detenção, até um ano.
Agravação de pena
Apropriação de coisa achada
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometi-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
do em detrimento da administração militar.
quem acha coisa alheia perdida e dela se apro-
pria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la Abuso de pessoa
ao dono ou legítimo possuidor, ou de entregá-la à
Art. 252. Abusar, em proveito próprio ou
autoridade competente, dentro do prazo de quinze
alheio, no exercício de função, em unidade, repar-
dias.
tição ou estabelecimento militar, da necessidade,
Art. 250. Nos crimes previstos neste capítu- paixão ou inexperiência, ou da doença ou defici-
lo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240. ência mental de outrem, induzindo-o à prática de
ato que produza efeito jurídico, em prejuízo pró-

35
prio ou de terceiro, ou em detrimento da adminis- Usurpação de águas
tração militar: I - desvia ou represa, em proveito próprio ou
Pena - reclusão, de dois a seis anos. de outrem, águas sob administração militar;
Art. 253. Nos crimes previstos neste capítu- Invasão de propriedade
lo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240. II - invade, com violência à pessoa ou à coisa,
ou com grave ameaça, ou mediante concurso de
duas ou mais pessoas, terreno ou edifício sob
CAPÍTULO V administração militar.
DA RECEPTAÇÃO Pena correspondente à violência
§ 2º Quando há emprego de violência, fica
Receptação ressalvada a pena a esta correspondente.
Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em Aposição, supressão ou alteração de mar-
proveito próprio ou alheio, coisa proveniente de ca
crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte: Art. 258. Apor, suprimir ou alterar, indevi-
damente, em gado ou rebanho alheio, sob guarda
Pena - reclusão, até cinco anos. ou administração militar, marca ou sinal indicativo
Parágrafo único. São aplicáveis os §§ 1º e 2º de propriedade:
do art. 240. Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Receptação culposa
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por CAPÍTULO VII
sua natureza ou pela manifesta desproporção
DO DANO
Vitória
entre o valor e o preço, ou pela condição Ferreira Da Silva
de quem
a oferece, deve presumir-se obtida por meio cri-
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minoso: Dano simples
Pena - detenção, até um ano. Art. 259. Destruir, inutilizar, deteriorar ou fa-
Parágrafo único. Se o agente é primário e o zer desaparecer coisa alheia:
valor da coisa não é superior a um décimo do sa- Pena - detenção, até seis meses.
lário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
Parágrafo único. Se se trata de bem público:
Punibilidade da receptação
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Art. 256. A receptação é punível ainda que Dano atenuado
desconhecido ou isento de pena o autor do crime
de que proveio a coisa. Art. 260. Nos casos do artigo anterior, se o
criminoso é primário e a coisa é de valor não ex-
cedente a um décimo do salário mínimo, o juiz
CAPÍTULO VI pode atenuar a pena, ou considerar a infração
DA USURPAÇÃO como disciplinar.
Parágrafo único. O benefício previsto no arti-
Alteração de limites go é igualmente aplicável, se, dentro das condi-
ções nele estabelecidas, o criminoso repara o
Art. 257. Suprimir ou deslocar tapume, mar- dano causado antes de instaurada a ação penal.
co ou qualquer outro sinal indicativo de linha divi-
Dano qualificada
sória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de
coisa imóvel sob administração militar: Art. 261. Se o dano é cometido:
Pena - detenção, até seis meses. I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
§ 1º Na mesma pena incorre quem:

36
II - com emprego de substância inflamável ou Desaparecimento, consunção ou extravio
explosiva, se o fato não constitui crime mais gra-
Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou
ve;
extraviar combustível, armamento, munição, pe-
III - por motivo egoístico ou com prejuízo con- ças de equipamento de navio ou de aeronave ou
siderável: de engenho de guerra motomecanizado:
Pena - reclusão, até quatro anos, além da pe- Pena - reclusão, até três anos, se o fato não
na correspondente à violência. constitui crime mais grave.
Dano em material ou aparelhamento de Modalidades culposas
guerra
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264
Art. 262. Praticar dano em material ou apa- e 265 é culposo, a pena é de detenção de seis
relhamento de guerra ou de utilidade militar, ainda meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, sus-
que em construção ou fabricação, ou em efeitos pensão do exercício do posto de um a três anos,
recolhidos a depósito, pertencentes ou não às ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte,
forças armadas: aplica-se também a pena cominada ao crime cul-
Pena - reclusão, até seis anos. poso contra a pessoa, podendo ainda, se o agente
é oficial, ser imposta a pena de reforma.
Dano em navio de guerra ou mercante em
serviço militar
Art. 263. Causar a perda, destruição, inutili- CAPÍTULO VIII
zação, encalhe, colisão ou alagamento de navio DA USURA
de guerra ou de navio mercante em serviço militar,
ou nele causar avaria:
Usura pecuniária
Pena - reclusão, de três a dez anos.
VitóriaFerreira DaArt.
Silva
267. Obter ou estipular, para si ou para
§ 1º Se resulta lesão grave, a pena corres-
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outrem, no contrato de mútuo de dinheiro, abu-
pondente é aumentada da metade; se resulta a sando da premente necessidade, inexperiência ou
morte, é aplicada em dobro. leviandade do mutuário, juro que excede a taxa
§ 2º Se, para a prática do dano previsto no ar- fixada em lei, regulamento ou ato oficial:
tigo, usou o agente de violência contra a pessoa, Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
ser-lhe-á aplicada igualmente a pena a ela corres-
pondente. Casos assimilados

Dano em aparelhos e instalações de avia- § 1º Na mesma pena incorre quem, em repar-


ção e navais, e em estabelecimentos militares tição ou local sob administração militar, recebe
vencimento ou provento de outrem, ou permite
Art. 264. Praticar dano: que estes sejam recebidos, auferindo ou permitin-
I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou do que outrem aufira proveito cujo valor excede a
instalações de campo de aviação, engenho de taxa de três por cento
guerra motomecanizado, viatura em comboio mili- Agravação de pena
tar, arsenal, dique, doca, armazém, quartel, alo-
§ 2º A pena é agravada, se o crime é cometi-
jamento ou em qualquer outra instalação militar;
do por superior ou por funcionário em razão da
II - em estabelecimento militar sob regime in- função.
dustrial, ou centro industrial a serviço de constru-
ção ou fabricação militar:
Pena - reclusão, de dois a dez anos. TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos pa-
rágrafos do artigo anterior. INCOLUMIDADE PÚBLICA

CAPÍTULO I
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM

37
Incêndio § 3º Se a explosão é causada pelo desenca-
deamento de energia nuclear:
Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à
administração militar, expondo a perigo a vida, a Pena - reclusão, de cinco a vinte anos.
integridade física ou o patrimônio de outrem: Modalidade culposa
Pena - reclusão, de três a oito anos. § 4º No caso de culpa, se a explosão é cau-
§ 1º A pena é agravada: sada por dinamite ou substância de efeitos análo-
gos, a pena é detenção, de seis meses a dois
Agravação de pena anos; se é causada pelo desencadeamento de
I - se o crime é cometido com intuito de obter energia nuclear, detenção de três a dez anos; nos
vantagem pecuniária para si ou para outrem; demais casos, detenção de três meses a um ano.
II - se o incêndio é: Emprego de gás tóxico ou asfixiante
a) em casa habitada ou destinada a habita- Art. 270. Expor a perigo a vida, a integrida-
ção; de física ou o patrimônio de outrem, em lugar su-
b) em edifício público ou qualquer construção jeito à administração militar, usando de gás tóxico
destinada a uso público ou a obra de assistência ou asfixiante ou prejudicial de qualquer modo à
social ou de cultura; incolumidade da pessoa ou da coisa:
c) em navio, aeronave, comboio ou veículo de Pena - reclusão, até cinco anos.
transporte coletivo; Modalidade culposa
d) em estação ferroviária, rodoviária, aeró- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
dromo ou construção portuária;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
Abuso de radiação
Vitória ou
f) em depósito de explosivo, combustível Ferreira Da Silva
inflamável; Art. 271. Expor a perigo a vida ou a integri-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
dade física de outrem, em lugar sujeito à adminis-
g) em poço petrolífero ou galeria de minera-
tração militar, pelo abuso de radiação ionizante ou
ção;
de substância radioativa:
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Pena - reclusão, até quatro anos.
§ 2º Se culposo o incêndio:
Modalidade culposa
Incêndio culposo
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Explosão
Inundação
Art. 269. Causar ou tentar causar explosão,
Art. 272. Causar inundação, em lugar sujei-
em lugar sujeito à administração militar, expondo
to à administração militar, expondo a perigo a vi-
a perigo a vida, a integridade ou o patrimônio de
da, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
outrem:
Pena - reclusão, de três a oito anos.
Pena - reclusão, até quatro anos.
Modalidade culposa
Forma qualificada
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
§ 1º Se a substância utilizada é dinamite ou
outra de efeitos análogos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - reclusão, de três a oito anos. Perigo de inundação
Agravação de pena Art. 273. Remover, destruir ou inutilizar obs-
§ 2º A pena é agravada se ocorre qualquer táculo natural ou obra destinada a impedir inunda-
das hipóteses previstas no § 1º, nº I, do artigo ção, expondo a perigo a vida, a integridade física
anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coi- ou o patrimônio de outrem, em lugar sujeito à ad-
sas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. ministração militar:

38
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. animais de utilidade econômica ou militar, em lu-
Desabamento ou desmoronamento gar sob administração militar:
Pena - reclusão, até três anos.
Art. 274. Causar desabamento ou desmo-
ronamento, em lugar sujeito à administração mili- Modalidade culposa
tar, expondo a perigo a vida, a integridade física Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é
ou o patrimônio de outrem: de detenção, até seis meses.
Pena - reclusão, até cinco anos. Embriaguez ao volante
Modalidade culposa Art. 279. Dirigir veículo motorizado, sob
Parágrafo único. Se o crime é culposo: administração militar na via pública, encontrando-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. se em estado de embriaguez, por bebida alcoóli-
ca, ou qualquer outro inebriante:
Subtração, ocultação ou inutilização de
material de socorro Pena - detenção, de três meses a um ano.
Perigo resultante de violação de regra de
Art. 275. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por
trânsito
ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou
outro desastre ou calamidade, aparelho, material Art. 280. Violar regra de regulamento de
ou qualquer meio destinado a serviço de combate trânsito, dirigindo veículo sob administração mili-
ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir tar, expondo a efetivo e grave perigo a incolumi-
ou dificultar serviço de tal natureza: dade de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos. Pena - detenção, até seis meses.
Fatos que expõem a perigo aparelhamento Fuga após acidente de trânsito
militar
Vitória Ferreira DaArt.
Silva
281. Causar, na direção de veículo mo-
Art. 276. Praticarvitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
qualquer dos fatos previs- torizado, sob administração militar, ainda que sem
tos nos artigos anteriores deste capítulo, expondo culpa, acidente de trânsito, de que resulte dano
a perigo, embora em lugar não sujeito à adminis- pessoal, e, em seguida, afastar-se do local, sem
tração militar navio, aeronave, material ou enge- prestar socorro à vítima que dele necessite:
nho de guerra motomecanizado ou não, ainda que Pena - detenção, de seis meses a um ano,
em construção ou fabricação, destinados às for- sem prejuízo das cominadas nos arts. 206 e 210.
ças armadas, ou instalações especialmente a ser-
viço delas: Isenção de prisão em flagrante
Pena - reclusão de dois a seis anos. Parágrafo único. Se o agente se abstém de
fugir e, na medida que as circunstâncias o permi-
Modalidade culposa tam, presta ou providencia para que seja prestado
Parágrafo único. Se o crime é culposo: socorro à vítima, fica isento de prisão em flagran-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. te.

Formas qualificadas pelo resultado


Art. 277. Se do crime doloso de perigo co- CAPÍTULO II
mum resulta, além da vontade do agente, lesão DOS CRIMES CONTRA OS MEIOS
grave, a pena é aumentada de metade; se resulta DE TRANSPORTE E DE COMUNICAÇÃO
morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se
do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se
Perigo de desastre ferroviário
de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
cominada ao homicídio culposo, aumentada de Art. 282. Impedir ou perturbar serviço de es-
um terço. trada de ferro, sob administração ou requisição
Difusão de epizootia ou praga vegetal militar emanada de ordem legal:

Art. 278. Difundir doença ou praga que pos-


sa causar dano a floresta, plantação, pastagem ou

39
I - danificando ou desarranjando, total ou par- Atentado contra viatura ou outro meio de
cialmente, linha férrea, material rodante ou de transporte
tração, obra de arte ou instalação;
Art. 284. Expor a perigo viatura ou outro
II - colocando obstáculo na linha; meio de transporte militar, ou sob guarda, prote-
III - transmitindo falso aviso acerca do movi- ção ou requisição militar emanada de ordem legal,
mento dos veículos, ou interrompendo ou emba- impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
raçando o funcionamento dos meios de comuni- Pena - reclusão, até três anos.
cação;
Desastre efetivo
IV - praticando qualquer outro ato de que
possa resultar desastre: § 1º Se do fato resulta desastre, a pena é re-
clusão de dois a cinco anos.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Modalidade culposa
Desastre efetivo
§ 2º No caso de culpa, se ocorre desastre:
§ 1º Se do fato resulta desastre:
Pena - detenção, até um ano.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Formas qualificadas pelo resultado
§ 2º Se o agente quis causar o desastre ou
assumiu o risco de produzi-lo: Art. 285. Se de qualquer dos crimes previs-
tos nos arts. 282 a 284, no caso de desastre ou
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
sinistro, resulta morte de alguém, aplica-se o dis-
Modalidade culposa posto no art. 277.
§ 3º No caso de culpa, ocorrendo desastre: Arremesso de projétil
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 286. Arremessar projétil contra veículo
Conceito de "estrada de ferro" Vitória Ferreira Da em
militar, Silva
movimento, destinado a transporte por
terra, por água
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com ou pelo ar:
§ 4º Para os efeitos deste artigo, entende-se
por "estrada de ferro" qualquer via de comunica- Pena - detenção, até seis meses.
ção em que circulem veículos de tração mecânica, Forma qualificada pelo resultado
em trilhos ou por meio de cabo aéreo.
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão cor-
Atentado contra transporte poral, a pena é de detenção, de seis meses a dois
Art. 283. Expor a perigo aeronave, ou navio anos; se resulta morte, a pena é a do homicídio
próprio ou alheio, sob guarda, proteção ou requi- culposo, aumentada de um terço.
sição militar emanada de ordem legal, ou em lugar Atentado contra serviço de utilidade militar
sujeito à administração militar, bem como praticar
Art. 287. Atentar contra a segurança ou o
qualquer ato tendente a impedir ou dificultar nave-
gação aérea, marítima, fluvial ou lacustre sob ad- funcionamento de serviço de água, luz, força ou
ministração, guarda ou proteção militar: acesso, ou qualquer outro de utilidade, em edifício
ou outro lugar sujeito à administração militar:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Pena - reclusão, até cinco anos.
Superveniência de sinistro
Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de
§ 1º Se do fato resulta naufrágio, submersão um terço até metade, se o dano ocorrer em virtude
ou encalhe do navio, ou a queda ou destruição da de subtração de material essencial ao funciona-
aeronave: mento do serviço.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Interrupção ou perturbação de serviço ou
Modalidade culposa meio de comunicação
§ 2º No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Art. 288. Interromper, perturbar ou dificultar
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. serviço telegráfico, telefônico, telemétrico, de tele-
visão, telepercepção, sinalização, ou outro meio
de comunicação militar; ou impedir ou dificultar a

40
sua instalação em lugar sujeito à administração fornecer substância entorpecente ou que determi-
militar, ou desde que para esta seja de interesse ne dependência física ou psíquica, fora dos casos
qualquer daqueles serviços ou meios: indicados pela terapêutica, ou em dose evidente-
Pena - detenção, de um a três anos. mente maior que a necessária, ou com infração de
preceito legal ou regulamentar, para uso de mili-
Aumento de pena tar, ou para entrega a este; ou para qualquer fim,
Art. 289. Nos crimes previstos neste capítu- a qualquer pessoa, em consultório, gabinete, far-
lo, a pena será agravada, se forem cometidos em mácia, laboratório ou lugar, sujeitos à administra-
ocasião de calamidade pública. ção militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Casos assimilados
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
I - o militar ou funcionário que, tendo sob sua
guarda ou cuidado substância entorpecente ou
Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou
que determine dependência física ou psíquica, em
substância de efeito similar
farmácia, laboratório, consultório, gabinete ou de-
Art. 290. Receber, preparar, produzir, ven- pósito militar, dela lança mão para uso próprio ou
der, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em de outrem, ou para destino que não seja lícito ou
depósito, transportar, trazer consigo, ainda que regular;
para uso próprio, guardar, ministrar ou entregar de II - quem subtrai substância entorpecente ou
qualquer forma a consumo substância entorpe- que determine dependência física ou psíquica, ou
cente, ou que determine dependência física ou dela se apropria, em lugar sujeito à administração
psíquica, em lugar sujeito à administração militar, militar, sem prejuízo da pena decorrente da sub-
sem autorização ou em desacordoVitória com determi-
Ferreira tração
Da Silvaou apropriação indébita;
nação legal ou regulamentar:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
III - quem induz ou instiga militar em serviço
Pena - reclusão, até cinco anos. ou em manobras ou exercício a usar substância
Casos assimilados entorpecente ou que determine dependência física
ou psíquica;
§ 1º Na mesma pena incorre, ainda que o fato
incriminado ocorra em lugar não sujeito à adminis- IV - quem contribui, de qualquer forma, para
tração militar: incentivar ou difundir o uso de substância entor-
I - o militar que fornece, de qualquer forma, pecente ou que determine dependência física ou
substância entorpecente ou que determine de- psíquica, em quartéis, navios, arsenais, estabele-
pendência física ou psíquica a outro militar; cimentos industriais, alojamentos, escolas, colé-
gios ou outros quaisquer estabelecimentos ou
II - o militar que, em serviço ou em missão de lugares sujeitos à administração militar, bem como
natureza militar, no país ou no estrangeiro, pratica entre militares que estejam em serviço, ou o de-
qualquer dos fatos especificados no artigo; sempenhem em missão para a qual tenham rece-
III - quem fornece, ministra ou entrega, de bido ordem superior ou tenham sido legalmente
qualquer forma, substância entorpecente ou que requisitados.
determine dependência física ou psíquica a militar Epidemia
em serviço, ou em manobras ou exercício.
Art. 292. Causar epidemia, em lugar sujeito
Forma qualificada
à administração militar, mediante propagação de
§ 2º Se o agente é farmacêutico, médico, den- germes patogênicos:
tista ou veterinário:
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Forma qualificada
Receita ilegal
§ 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplica-
Art. 291. Prescrever o médico ou dentista da em dobro.
militar, ou aviar o farmacêutico militar receita, ou Modalidade culposa

41
§ 2º No caso de culpa, a pena é de detenção, Art. 296. Fornecer às forças armadas subs-
de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a tância alimentícia ou medicinal alterada, reduzin-
quatro anos. do, assim, o seu valor nutritivo ou terapêutico:
Envenenamento com perigo extensivo Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 293. Envenenar água potável ou subs- Modalidade culposa
tância alimentícia ou medicinal, expondo a perigo Parágrafo único. Se o crime é culposo:
a saúde de militares em manobras ou exercício,
ou de indefinido número de pessoas, em lugar Pena - detenção, até seis meses.
sujeito à administração militar: Omissão de notificação de doença
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos. Art. 297. Deixar o médico militar, no exercí-
Caso assimilado cio da função, de denunciar à autoridade pública
§ 1º Está sujeito à mesma pena quem em lu- doença cuja notificação é compulsória:
gar sujeito à administração militar, entrega a con- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
sumo, ou tem em depósito, para o fim de ser dis-
tribuída, água ou substância envenenada.
TÍTULO VII
Forma qualificada
DOS CRIMES CONTRA
§ 2º Se resulta a morte de alguém:
A ADMINISTRAÇÃO MILITAR
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
Modalidade culposa CAPÍTULO I
§ 3º Se o crime é culposo, a pena é de deten- DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA
ção, de seis meses a dois anos; ou, se resulta a
morte, de dois a quatro anos. Vitória Ferreira Da Silva
Desacato a superior
Corrupção ou poluição vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de água potável
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe
Art. 294. Corromper ou poluir água potável a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-
de uso de quartel, fortaleza, unidade, navio, aero- lhe a autoridade:
nave ou estabelecimento militar, ou de tropa em
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato
manobras ou exercício, tornando-a imprópria para
não constitui crime mais grave.
consumo ou nociva à saúde:
Agravação de pena
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Modalidade culposa Parágrafo único. A pena é agravada, se o su-
perior é oficial general ou comandante da unidade
Parágrafo único. Se o crime é culposo: a que pertence o agente.
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Desacato a militar
Fornecimento de substância nociva Art. 299. Desacatar militar no exercício de
Art. 295. Fornecer às forças armadas subs- função de natureza militar ou em razão dela:
tância alimentícia ou medicinal corrompida, adulte- Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
rada ou falsificada, tornada, assim, nociva à saú- se o fato não constitui outro crime.
de:
Desacato a assemelhado ou funcionário
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Art. 300. Desacatar assemelhado ou funci-
Modalidade culposa
onário civil no exercício de função ou em razão
Parágrafo único. Se o crime é culposo: dela, em lugar sujeito à administração militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
se o fato não constitui outro crime.

42
Desobediência Peculato mediante aproveitamento do erro
de outrem
Art. 301. Desobedecer a ordem legal de au-
toridade militar: Art. 304. Apropriar-se de dinheiro ou qual-
Pena - detenção, até seis meses. quer utilidade que, no exercício do cargo ou co-
missão, recebeu por erro de outrem:
Ingresso clandestino
Pena - reclusão, de dois a sete anos.
Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, es-
tabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou
em outro lugar sujeito à administração militar, por CAPÍTULO III
onde seja defeso ou não haja passagem regular, DA CONCUSSÃO, EXCESSO
ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia: DE EXAÇÃO E DESVIO
Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
se o fato não constitui crime mais grave.
Concussão
Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, di-
CAPÍTULO II reta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
DO PECULATO antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida:
Peculato Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou Excesso de exação


qualquer outro bem móvel, público ou particular, Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumen-
de que tem a posse ou detenção, em razão do to que sabe indevido, ou, quando devido, empre-
cargo ou comissão, ou desviá-lo emVitória
proveitoFerreira
pró- DanaSilva
gar cobrança meio vexatório ou gravoso, que a
prio ou alheio: lei não autoriza:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Pena - reclusão, de três a quinze anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o ob- Desvio
jeto da apropriação ou desvio é de valor superior a
vinte vezes o salário mínimo. Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente, em razão
Peculato-furto
do cargo ou função, para recolher aos cofres pú-
§ 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora blicos:
não tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor
Pena - reclusão, de dois a doze anos.
ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja sub-
traído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
da facilidade que lhe proporciona a qualidade de CAPÍTULO IV
militar ou de funcionário.
DA CORRUPÇÃO
Peculato culposo
§ 3º Se o funcionário ou o militar contribui cul- Corrupção passiva
posamente para que outrem subtraia ou desvie o
dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Art. 308. Receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função,
Pena - detenção, de três meses a um ano.
ou antes de assumi-la, mas em razão dela vanta-
Extinção ou minoração da pena gem indevida, ou aceitar promessa de tal vanta-
§ 4º No caso do parágrafo anterior, a repara- gem:
ção do dano, se precede a sentença irrecorrível, Pena - reclusão, de dois a oito anos.
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz
Aumento de pena
de metade a pena imposta.
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em
consequência da vantagem ou promessa, o agen-

43
te retarda ou deixa de praticar qualquer ato de Agravação da pena
ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 1º A pena é agravada se o agente é oficial
Diminuição de pena ou exerce função em repartição militar.
§ 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou Documento por equiparação
retarda o ato de ofício com infração de dever fun- § 2º Equipara-se a documento, para os efeitos
cional, cedendo a pedido ou influência de outrem: penais, o disco fonográfico ou a fita ou fio de apa-
Pena - detenção, de três meses a um ano. relho eletromagnético a que se incorpore declara-
Corrupção ativa ção destinada à prova de fato juridicamente rele-
vante.
Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro
Falsidade ideológica
ou vantagem indevida para a prática, omissão ou
retardamento de ato funcional: Art. 312. Omitir, em documento público ou
Pena - reclusão, até oito anos. particular, declaração que dele devia constar, ou
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
Aumento de pena diversa da que devia ser escrita, com o fim de
Parágrafo único. A pena é aumentada de um prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a ver-
terço, se, em razão da vantagem, dádiva ou pro- dade sobre fato juridicamente relevante, desde
messa, é retardado ou omitido o ato, ou praticado que o fato atente contra a administração ou o ser-
com infração de dever funcional. viço militar:
Participação ilícita Pena - reclusão, até cinco anos, se o docu-
mento é público; reclusão, até três anos, se o do-
Art. 310. Participar, de modo ostensivo ou cumento é particular.
simulado, diretamente ou por interposta pessoa,
em contrato, fornecimento, ou concessão de qual- Cheque sem fundos
Vitória
quer serviço concernente à administração Ferreira Da Silva
militar, Art. 313. Emitir cheque sem suficiente pro-
sobre que deva informar vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ou exercer fiscalização visão de fundos em poder do sacado, se a emis-
em razão do ofício: são é feita de militar em favor de militar, ou se o
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. fato atenta contra a administração militar:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre Pena - reclusão, até cinco anos.
quem adquire para si, direta ou indiretamente, ou
por ato simulado, no todo ou em parte, bens ou
efeitos em cuja administração, depósito, guarda, Circunstância irrelevante
fiscalização ou exame, deve intervir em razão de § 1º Salvo o caso do art. 245, é irrelevante ter
seu emprego ou função, ou entra em especulação sido o cheque emitido para servir como título ou
de lucro ou interesse, relativamente a esses bens garantia de dívida.
ou efeitos. Atenuação de pena
§ 2º Ao crime previsto no artigo aplica-se o
CAPÍTULO V disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
DA FALSIDADE Certidão ou atestado ideologicamente fal-
so
Falsificação de documento Art. 314. Atestar ou certificar falsamente,
Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, em razão de função, ou profissão, fato ou circuns-
tância que habilite alguém a obter cargo, posto ou
documento público ou particular, ou alterar docu-
função, ou isenção de ônus ou de serviço, ou
mento verdadeiro, desde que o fato atente contra
qualquer outra vantagem, desde que o fato atente
a administração ou o serviço militar:
contra a administração ou serviço militar:
Pena - sendo documento público, reclusão,
Pena - detenção, até dois anos.
de dois a seis anos; sendo documento particular,
reclusão, até cinco anos.

44
Agravação de pena Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. A pena é agravada se o cri- Violação do dever funcional com o fim de
me é praticado com o fim de lucro ou em prejuízo lucro
de terceiro.
Art. 320. Violar, em qualquer negócio de
Uso de documento falso que tenha sido incumbido pela administração mili-
Art. 315. Fazer uso de qualquer dos docu- tar, seu dever funcional para obter especulativa-
mentos falsificados ou alterados por outrem, a que mente vantagem pessoal, para si ou para outrem:
se referem os artigos anteriores: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - a cominada à falsificação ou à altera- Extravio, sonegação ou inutilização de li-
ção. vro ou documento
Supressão de documento Art. 321. Extraviar livro oficial, ou qualquer
Art. 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em documento, de que tem a guarda em razão do
benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo cargo, sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcial-
alheio, documento verdadeiro, de que não podia mente:
dispor, desde que o fato atente contra a adminis- Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato
tração ou o serviço militar: não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o do- Condescendência criminosa
cumento é público; reclusão, até cinco anos, se o
Art. 322. Deixar de responsabilizar subordi-
documento é particular.
nado que comete infração no exercício do cargo,
Uso de documento pessoal alheio ou, quando lhe falte competência, não levar o fato
Art. 317. Usar, como próprio, documento de ao conhecimento da autoridade competente:
Vitória
identidade alheia, ou de qualquer licença ou Ferreira
privi- DaPena
Silva- se o fato foi praticado por indulgência,
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
légio em favor de outrem, ou ceder a outrem do- detenção até seis meses; se por negligência, de-
cumento próprio da mesma natureza, para que tenção até três meses.
dele se utilize, desde que o fato atente contra a Não inclusão de nome em lista
administração ou o serviço militar:
Art. 323. Deixar, no exercício de função, de
Pena - detenção, até seis meses, se o fato
não constitui elemento de crime mais grave. incluir, por negligência, qualquer nome em relação
ou lista para o efeito de alistamento ou de convo-
Falsa identidade cação militar:
Art. 318. Atribuir-se, ou a terceiro, perante a Pena - detenção, até seis meses.
administração militar, falsa identidade, para obter Inobservância de lei, regulamento ou ins-
vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para trução
causar dano a outrem:
Art. 324. Deixar, no exercício de função, de
Pena - detenção, de três meses a um ano, se
o fato não constitui crime mais grave. observar lei, regulamento ou instrução, dando
causa direta à prática de ato prejudicial à adminis-
tração militar:
CAPÍTULO VI Pena - se o fato foi praticado por tolerância,
DOS CRIMES CONTRA detenção até seis meses; se por negligência, sus-
O DEVER FUNCIONAL pensão do exercício do posto, graduação, cargo
ou função, de três meses a um ano.

Prevaricação Violação ou divulgação indevida de cor-


respondência ou comunicação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, in-
devidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra Art. 325. Devassar indevidamente o conte-
expressa disposição de lei, para satisfazer inte- údo de correspondência dirigida à administração
resse ou sentimento pessoal: militar, ou por esta expedida:

45
Pena - detenção, de dois a seis meses, se o Abandono de cargo
fato não constitui crime mais grave.
Art. 330. Abandonar cargo público, em re-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre partição ou estabelecimento militar:
quem, ainda que não seja funcionário, mas desde
que o fato atente contra a administração militar: Pena - detenção, até dois meses.

I - indevidamente se se apossa de correspon- Formas qualificadas


dência, embora não fechada, e no todo ou em § 1º Se do fato resulta prejuízo à administra-
parte a sonega ou destrói; ção militar:
II - indevidamente divulga, transmite a outrem, Pena - detenção, de três meses a um ano.
ou abusivamente utiliza comunicação de interesse § 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido
militar; na faixa de fronteira:
III - impede a comunicação referida no núme- Pena - detenção, de um a três anos.
ro anterior.
Aplicação ilegal de verba ou dinheiro
Violação de sigilo funcional
Art. 331. Dar às verbas ou ao dinheiro pú-
Art. 326. Revelar fato de que tem ciência
blico aplicação diversa da estabelecida em lei:
em razão do cargo ou função e que deva perma-
necer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em Pena - detenção, até seis meses.
prejuízo da administração militar: Abuso de confiança ou boa-fé
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, Art. 332. Abusar da confiança ou boa-fé de
se o fato não constitui crime mais grave. militar, assemelhado ou funcionário, em serviço ou
Violação de sigilo de proposta de concor- em razão deste, apresentando-lhe ou remetendo-
rência lhe, para aprovação, recebimento, anuência ou
Vitória Ferreira Da Silva
aposição de visto, relação, nota, empenho de
Art. 327. Devassar vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
o sigilo de proposta de
despesa, ordem ou folha de pagamento, comuni-
concorrência de interesse da administração militar cação, ofício ou qualquer outro documento, que
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: sabe, ou deve saber, serem inexatos ou irregula-
Pena - detenção, de três meses a um ano. res, desde que o fato atente contra a administra-
Obstáculo à hasta pública, concorrência ção ou o serviço militar:
ou tomada de preços Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 328. Impedir, perturbar ou fraudar a
realização de hasta pública, concorrência ou to- Forma qualificada
mada de preços, de interesse da administração § 1º A pena é agravada, se do fato decorre
militar: prejuízo material ou processo penal militar para a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. pessoa de cuja confiança ou boa-fé se abusou.
Exercício funcional ilegal Modalidade culposa

Art. 329. Entrar no exercício de posto ou § 2º Se a apresentação ou remessa decorre


de culpa:
função militar, ou de cargo ou função em reparti-
ção militar, antes de satisfeitas as exigências le- Pena - detenção, até seis meses.
gais, ou continuar o exercício, sem autorização, Violência arbitrária
depois de saber que foi exonerado, ou afastado,
legal e definitivamente, qualquer que seja o ato Art. 333. Praticar violência, em repartição
determinante do afastamento: ou estabelecimento militar, no exercício de função
ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, até quatro meses, se o fato
não constitui crime mais grave. Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
além da correspondente à violência.

46
Patrocínio indébito Pena - detenção, até um ano.
Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente, Impedimento, perturbação ou fraude de
interesse privado perante a administração militar, concorrência
valendo-se da qualidade de funcionário ou de mili- Art. 339. Impedir, perturbar ou fraudar em
tar: prejuízo da Fazenda Nacional, concorrência, has-
Pena - detenção, até três meses. ta pública ou tomada de preços ou outro qualquer
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo: processo administrativo para aquisição ou venda
de coisas ou mercadorias de uso das forças ar-
Pena - detenção, de três meses a um ano. madas, seja elevando arbitrariamente os preços,
auferindo lucro excedente a um quinto do valor da
transação, seja alterando substância, qualidade
CAPÍTULO VII
ou quantidade da coisa ou mercadoria fornecida,
DOS CRIMES PRATICADOS seja impedindo a livre concorrência de outros for-
POR PARTICULAR CONTRA A necedores, ou por qualquer modo tornando mais
ADMINISTRAÇÃO MILITAR onerosa a transação:
Pena - detenção, de um a três anos.
Usurpação de função § 1º Na mesma pena incorre o intermediário
Art. 335. Usurpar o exercício de função em na transação.
repartição ou estabelecimento militar: § 2º É aumentada a pena de um terço, se o
crime ocorre em período de grave crise econômi-
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
ca.
Tráfico de influência
Art. 336. Obter para si ou para outrem,Ferreira
Vitória van- Da Silva TÍTULO VIII
tagem ou promessa de vantagem, a pretexto de
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
influir em militar ou assemelhado ou funcionário DOS CRIMES CONTRA A
de repartição militar, no exercício de função: ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR
Pena - reclusão, até cinco anos.
Aumento de pena Recusa de função na Justiça Militar

Parágrafo único. A pena é agravada, se o Art. 340. Recusar o militar ou assemelhado


agente alega ou insinua que a vantagem é tam- exercer, sem motivo legal, função que lhe seja
bém destinada ao militar ou assemelhado, ou ao atribuída na administração da Justiça Militar:
funcionário. Pena - suspensão do exercício do posto ou
Subtração ou inutilização de livro, proces- cargo, de dois a seis meses.
so ou documento Desacato
Art. 337. Subtrair ou inutilizar, total ou par- Art. 341. Desacatar autoridade judiciária mi-
cialmente, livro oficial, processo ou qualquer do- litar no exercício da função ou em razão dela:
cumento, desde que o fato atente contra a admi-
Pena - reclusão, até quatro anos.
nistração ou o serviço militar:
Coação
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fa-
to não constitui crime mais grave. Art. 342. Usar de violência ou grave amea-
Inutilização de edital ou de sinal oficial ça, com o fim de favorecer interesse próprio ou
alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
Art. 338. Rasgar, ou de qualquer forma inu- pessoa que funciona, ou é chamada a intervir em
tilizar ou conspurcar edital afixado por ordem da inquérito policial, processo administrativo ou judi-
autoridade militar; violar ou inutilizar selo ou sinal cial militar:
empregado, por determinação legal ou ordem de
Pena - reclusão, até quatro anos, além da pe-
autoridade militar, para identificar ou cerrar qual-
na correspondente à violência.
quer objeto:

47
Denunciação caluniosa Publicidade opressiva
Art. 343. Dar causa à instauração de inqué- Art. 348. Fazer pela imprensa, rádio ou te-
rito policial ou processo judicial militar contra al- levisão, antes da intercorrência de decisão defini-
guém, imputando-lhe crime sujeito à jurisdição tiva em processo penal militar, comentário tenden-
militar, de que o sabe inocente: te a exercer pressão sobre declaração de teste-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. munha ou laudo de perito:

Agravação de pena Pena - detenção, até seis meses.

Parágrafo único. A pena é agravada, se o Desobediência a decisão judicial


agente se serve do anonimato ou de nome supos- Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cum-
to. prir decisão da Justiça Militar, ou retardar ou frau-
Comunicação falsa de crime dar o seu cumprimento:

Art. 344. Provocar a ação da autoridade, Pena - detenção, de três meses a um ano.
comunicando-lhe a ocorrência de crime sujeito à § 1º No caso de transgressão dos arts. 116,
jurisdição militar, que sabe não se ter verificado: 117 e 118, a pena será cumprida sem prejuízo da
Pena - detenção, até seis meses. execução da medida de segurança.

Autoacusação falsa § 2º Nos casos do art. 118 e seus §§ 1º e 2º,


a pena pela desobediência é aplicada ao repre-
Art. 345. Acusar-se, perante a autoridade, sentante, ou representantes legais, do estabele-
de crime sujeito à jurisdição militar, inexistente ou cimento, sociedade ou associação.
praticado por outrem: Favorecimento pessoal
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 350. Auxiliar a subtrair-se à ação da au-
Vitória
Falso testemunho ou falsa perícia Ferreira Da Silva
toridade autor de crime militar, a que é cominada
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou pena de morte ou reclusão:
calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor Pena - detenção, até seis meses.
ou intérprete, em inquérito policial, processo ad- Diminuição de pena
ministrativo ou judicial, militar:
§ 1º Se ao crime é cominada pena de deten-
Pena - reclusão, de dois a seis anos. ção ou impedimento, suspensão ou reforma:
Aumento de pena Pena - detenção, até três meses.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o Isenção de pena
crime é praticado mediante suborno.
§ 2º Se quem presta o auxílio é ascendente,
Retratação descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
§ 2º O fato deixa de ser punível, se, antes da isento da pena.
sentença o agente se retrata ou declara a verda- Favorecimento real
de.
Art. 351. Prestar a criminoso, fora dos ca-
Corrupção ativa de testemunha, perito ou
intérprete sos de coautoria ou de receptação, auxílio desti-
nado a tornar seguro o proveito do crime:
Art. 347. Dar, oferecer ou prometer dinheiro
Pena - detenção, de três meses a um ano.
ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, Inutilização, sonegação ou descaminho de
negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, material probante
tradução ou interpretação, em inquérito policial, Art. 352. Inutilizar, total ou parcialmente,
processo administrativo ou judicial, militar, ainda sonegar ou dar descaminho a autos, documento
que a oferta não seja aceita: ou objeto de valor probante, que tem sob guarda
Pena - reclusão, de dois a oito anos. ou recebe para exame:

48
Pena - detenção, de seis meses a três anos, Favor ao inimigo
se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 356. Favorecer ou tentar o nacional fa-
Modalidade culposa vorecer o inimigo, prejudicar ou tentar prejudicar o
Parágrafo único. Se a inutilização ou o des- bom êxito das operações militares, comprometer
caminho resulta de ação ou omissão culposa: ou tentar comprometer a eficiência militar:
Pena - detenção, até seis meses. I - empreendendo ou deixando de empreen-
der ação militar;
Exploração de prestígio
II - entregando ao inimigo ou expondo a peri-
Art. 353. Solicitar ou receber dinheiro ou go dessa consequência navio, aeronave, força ou
qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em posição, engenho de guerra motomecanizado,
juiz, órgão do Ministério Público, funcionário de provisões ou qualquer outro elemento de ação
justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, militar;
na Justiça Militar:
III - perdendo, destruindo, inutilizando, deteri-
Pena - reclusão, até cinco anos. orando ou expondo a perigo de perda, destruição,
Aumento de pena inutilização ou deterioração, navio, aeronave, en-
genho de guerra motomecanizado, provisões ou
Parágrafo único. A pena é aumentada de um
qualquer outro elemento de ação militar;
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
ou utilidade também se destina a qualquer das IV - sacrificando ou expondo a perigo de sa-
pessoas referidas no artigo. crifício força militar;
Desobediência a decisão sobre perda ou V - abandonando posição ou deixando de
suspensão de atividade ou direito cumprir missão ou ordem:
Art. 354. Exercer função, atividade, direito, Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
VitóriaouFerreira
autoridade ou múnus, de que foi suspenso pri- Da Silva
anos, grau mínimo.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
vado por decisão da Justiça Militar: Tentativa contra a soberania do Brasil
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Art. 357. Praticar o nacional o crime definido
no art. 142:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
LIVRO II
anos, grau mínimo.
DOS CRIMES MILITARES
Coação a comandante
EM TEMPO DE GUERRA
Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar
de violência ou ameaça, provocar tumulto ou de-
TÍTULO I sordem com o fim de obrigar o comandante a não
DO FAVORECIMENTO AO INIMIGO empreender ou a cessar ação militar, a recuar ou
render-se:
CAPÍTULO I Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
DA TRAIÇÃO anos, grau mínimo.
Informação ou auxílio ao inimigo
Traição Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo in-
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o formação ou auxílio que lhe possa facilitar a ação
militar:
Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas
forças armadas de nação em guerra contra o Bra- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
sil: anos, grau mínimo.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo.

49
Aliciação de militar Fuga em presença do inimigo
Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a Art. 365. Fugir o militar, ou incitar à fuga,
passar-se para o inimigo ou prestar-lhe auxílio em presença do inimigo:
para esse fim: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
anos, grau mínimo.
Ato prejudicial à eficiência da tropa
CAPÍTULO IV
Art. 361. Provocar o nacional, em presença DA ESPIONAGEM
do inimigo, a debandada de tropa, ou guarnição, Espionagem
impedir a reunião de uma ou outra ou causar
alarme, com o fim de nelas produzir confusão, Art. 366. Praticar qualquer dos crimes pre-
desalento ou desordem: vistos nos arts. 143 e seu § 1°, 144 e seus §§ 1º e
2º, e 146, em favor do inimigo ou comprometendo
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
a preparação, a eficiência ou as operações milita-
anos, grau mínimo.
res:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
CAPÍTULO II anos, grau mínimo.
DA TRAIÇÃO IMPRÓPRIA Caso de concurso
Parágrafo único. No caso de concurso por
Traição imprópria culpa, para execução do crime previsto no art.
Art. 362. Praticar o estrangeiro os crimes 143, § 2º, ou de revelação culposa (art. 144, § 3º):
previstos nos arts. 356, ns. I, primeira parte, II, III Pena - reclusão, de três a seis anos.
Vitória Ferreira Da Silva
e IV, 357 a 361: Penetração de estrangeiro
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez
Art. 367. Entrar o estrangeiro em território
anos, grau mínimo.
nacional, ou insinuar-se em força ou unidade em
operações de guerra, ainda que fora do território
CAPÍTULO III nacional, a fim de colher documento, notícia ou
informação de caráter militar, em benefício do
DA COBARDIA inimigo, ou em prejuízo daquelas operações:
Pena - reclusão, de dez a vinte anos, se o fa-
Cobardia to não constitui crime mais grave.
Art. 363. Subtrair-se ou tentar subtrair-se o
militar, por temor, em presença do inimigo, ao
CAPÍTULO V
cumprimento do dever militar:
DO MOTIM E DA REVOLTA
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Cobardia qualificada Motim, revolta ou conspiração
Art. 364. Provocar o militar, por temor, em Art. 368. Praticar qualquer dos crimes defi-
presença do inimigo, a debandada de tropa ou nidos nos arts. 149 e seu parágrafo único, e 152:
guarnição; impedir a reunião de uma ou outra, ou
causar alarme com o fim de nelas produzir confu- Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; re-
são, desalento ou desordem: clusão, de quinze anos, grau mínimo. Aos coauto-
res, reclusão, de dez a trinta anos.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo. Forma qualificada
Parágrafo único. Se o fato é praticado em
presença do inimigo:

50
Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; re- Pena - detenção, de um a três anos, se o fato
clusão, de vinte anos, grau mínimo. Aos coauto- não constitui crime mais grave.
res, morte, grau máximo; reclusão, de quinze Resultado mais grave
anos, grau mínimo.
Parágrafo único. Se o fato compromete as
Omissão de lealdade militar operações militares:
Art. 369. Praticar o crime previsto no artigo Pena - reclusão, de cinco a vinte anos, se o
151: fato não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Descumprimento do dever militar
Art. 374. Deixar, em presença do inimigo,
CAPÍTULO VI de conduzir-se de acordo com o dever militar:
DO INCITAMENTO Pena - reclusão, até cinco anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
Incitamento Falta de cumprimento de ordem
Art. 370. Incitar militar à desobediência, à Art. 375. Dar causa, por falta de cumpri-
indisciplina ou à prática de crime militar: mento de ordem, à ação militar do inimigo:
Pena - reclusão, de três a dez anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre Resultado mais grave
quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito Parágrafo único. Se o fato expõe a perigo for-
à administração militar, impressos, manuscritos ou ça, posição ou outros elementos de ação militar:
material mimeografado, fotocopiado ou gravado,
em que se contenha incitamento à prática dos Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
atos previstos no artigo.
Vitória Ferreira Da
anos,Silva
grau mínimo.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Entrega ou abandono culposo
Incitamento em presença do inimigo
Art. 371. Praticar qualquer dos crimes pre- Art. 376. Dar causa, por culpa, ao abandono
vistos no art. 370 e seu parágrafo, em presença ou à entrega ao inimigo de posição, navio, aero-
do inimigo: nave, engenho de guerra, provisões, ou qualquer
outro elemento de ação militar:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez
anos, grau mínimo. Pena - reclusão, de dez a trinta anos.
Captura ou sacrifício culposo

CAPÍTULO VII Art. 377. Dar causa, por culpa, ao sacrifício


ou captura de força sob o seu comando:
DA INOBSERVÂNCIA DO DEVER MILITAR
Pena - reclusão, de dez a trinta anos.
Rendição ou capitulação Separação reprovável

Art. 372. Render-se o comandante, sem ter Art. 378. Separar o comandante, em caso
esgotado os recursos extremos de ação militar; de capitulação, a sorte própria da dos oficiais e
ou, em caso de capitulação, não se conduzir de praças:
acordo com o dever militar: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
anos, grau mínimo. Abandono de comboio
Omissão de vigilância Art. 379. Abandonar comboio, cuja escolta
Art. 373. Deixar-se o comandante surpre- lhe tenha sido confiada:
ender pelo inimigo. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

51
Resultado mais grave Modalidade culposa
§ 1º Se do fato resulta avaria grave, ou perda Parágrafo único. Se o crime é culposo:
total ou parcial do comboio: Pena - detenção, de quatro a dez anos.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Dano em bens de interesse militar
anos, grau mínimo.
Art. 384. Danificar serviço de abastecimento
Modalidade culposa
de água, luz ou força, estrada, meio de transporte,
§ 2º Separar-se, por culpa, do comboio ou da instalação telegráfica ou outro meio de comunica-
escolta: ção, depósito de combustível, inflamáveis, maté-
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato rias-primas necessárias à produção, depósito de
não constitui crime mais grave. víveres ou forragens, mina, fábrica, usina ou qual-
quer estabelecimento de produção de artigo ne-
cessário à defesa nacional ou ao bem-estar da
Caso assimilado população e, bem assim, rebanho, lavoura ou
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem, de plantação, se o fato compromete ou pode com-
igual forma, abandona material de guerra, cuja prometer a preparação, a eficiência ou as opera-
guarda lhe tenha sido confiada. ções militares, ou de qualquer forma atenta contra
a segurança externa do país:
Separação culposa de comando
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Art. 380. Permanecer o oficial, por culpa, anos, grau mínimo.
separado do comando superior:
Envenenamento, corrupção ou epidemia
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato
não constitui crime mais grave. Art. 385. Envenenar ou corromper água po-
tável, víveres ou forragens, ou causar epidemia
Tolerância culposa Vitória Ferreira Da Silva
mediante a propagação de germes patogênicos,
Art. 381. Deixar, porvitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
culpa, evadir-se prisio- se o fato compromete ou pode comprometer a
neiro: preparação, a eficiência ou as operações milita-
res, ou de qualquer forma atenta contra a segu-
Pena - reclusão, até quatro anos. rança externa do país:
Entendimento com o inimigo Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Art. 382. Entrar o militar, sem autorização, anos, grau mínimo.
em entendimento com outro militar ou emissário Modalidade culposa
de país inimigo, ou servir, para esse fim, de inter-
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
mediário:
Pena - detenção, de dois a oito anos.
Pena - reclusão, até três anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO VIII DOS CRIMES CONTRA A
DO DANO INCOLUMIDADE PÚBLICA

Dano especial Crimes de perigo comum

Art. 383. Praticar ou tentar praticar qualquer Art. 386. Praticar crime de perigo comum
dos crimes definidos nos arts. 262, 263, §§ 1º e definido nos arts. 268 a 276 e 278, na modalidade
2º, e 264, em benefício do inimigo, ou comprome- dolosa:
tendo ou podendo comprometer a preparação, a I - se o fato compromete ou pode comprome-
eficiência ou as operações militares: ter a preparação, a eficiência ou as operações
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte militares;
anos, grau mínimo.

52
II - se o fato é praticado em zona de efetivas CAPÍTULO XII
operações militares e dele resulta morte: DA DESERÇÃO E DA FALTA
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte DE APRESENTAÇÃO
anos, grau mínimo.

Deserção
CAPÍTULO X Art. 391. Praticar crime de deserção defini-
DA INSUBORDINAÇÃO E DA VIOLÊNCIA do no Capítulo II, do Título III, do Livro I, da Parte
Especial:
Recusa de obediência ou oposição Pena - a cominada ao mesmo crime, com
aumento da metade, se o fato não constitui crime
Art. 387. Praticar, em presença do inimigo,
mais grave.
qualquer dos crimes definidos nos arts. 163 e 164:
Parágrafo único. Os prazos para a consuma-
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez
ção do crime são reduzidos de metade.
anos, grau mínimo.
Deserção em presença do inimigo
Coação contra oficial general ou coman-
dante Art. 392. Desertar em presença do inimigo:
Art. 388. Exercer coação contra oficial ge- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
neral ou comandante da unidade, mesmo que não anos, grau mínimo.
seja superior, com o fim de impedir-lhe o cumpri- Falta de apresentação
mento do dever militar:
Art. 393. Deixar o convocado, no caso de
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos, se o
mobilização total ou parcial, de apresentar-se,
fato não constitui crime mais grave.
Vitória Ferreira dentro
Da Silva
do prazo marcado, no centro de mobiliza-
Violência contra superior ou militar de ser- ção ou ponto de concentração:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
viço
Pena - detenção, de um a seis anos.
Art. 389. Praticar qualquer dos crimes defi- Parágrafo único. Se o agente é oficial da re-
nidos nos arts. 157 e 158, a que esteja cominada, serva, aplica-se a pena com aumento de um terço.
no máximo, reclusão, de trinta anos:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo. CAPÍTULO XIII
Parágrafo único. Se ao crime não é comina- DA LIBERTAÇÃO, DA EVASÃO E DO
da, no máximo, reclusão de trinta anos, mas é AMOTINAMENTO DE PRISIONEIROS
praticado com arma e em presença do inimigo:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de Libertação de prisioneiro
quinze anos, grau mínimo.
Art. 394. Promover ou facilitar a libertação
de prisioneiro de guerra sob guarda ou custódia
CAPÍTULO XI de força nacional ou aliada:
DO ABANDONO DE PÔSTO Pena - morte, grau máximo; reclusão, de
quinze anos, grau mínimo.

Abandono de posto Evasão de prisioneiro

Art. 390. Praticar, em presença do inimigo, Art. 395. Evadir-se prisioneiro de guerra e
crime de abandono de posto, definido no art. 195: voltar a tomar armas contra o Brasil ou Estado
aliado:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo. Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo.

53
Parágrafo único. Na aplicação deste artigo, Homicídio simples
serão considerados os tratados e as convenções
Art. 400. Praticar homicídio, em presença
internacionais, aceitos pelo Brasil relativamente ao
tratamento dos prisioneiros de guerra. do inimigo:

Amotinamento de prisioneiros I - no caso do art. 205:


Pena - reclusão, de doze a trinta anos;
Art. 396. Amotinarem-se prisioneiros em
presença do inimigo: II - no caso do § 1º do art. 205, o juiz pode re-
duzir a pena de um sexto a um terço;
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo. Homicídio qualificado
III - no caso do § 2° do art. 205:

CAPÍTULO XIV Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte


anos, grau mínimo.
DO FAVORECIMENTO CULPOSO
AO INIMIGO
CAPÍTULO II
Favorecimento culposo DO GENOCÍDIO

Art. 397. Contribuir culposamente para que


Genocídio
alguém pratique crime que favoreça o inimigo:
Art. 401. Praticar, em zona militarmente
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o
fato não constitui crime mais grave. ocupada, o crime previsto no art. 208:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo.
TÍTULO II Vitória Ferreira Da Silva
Casos assimilados
DA HOSTILIDADE vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
E DA ORDEM
Art. 402. Praticar, com o mesmo fim e na
ARBITRÁRIA
zona referida no artigo anterior, qualquer dos atos
previstos nos ns. I, II, III, IV ou V, do parágrafo
Prolongamento de hostilidades único, do art. 208:
Art. 398. Prolongar o comandante as hosti- Pena - reclusão, de seis a vinte e quatro
lidades, depois de oficialmente saber celebrada a anos.
paz ou ajustado o armistício.
Pena - reclusão, de dois a dez anos.
CAPÍTULO III
Ordem arbitrária DA LESÃO CORPORAL
Art. 399. Ordenar o comandante contribui-
ção de guerra, sem autorização, ou excedendo os Lesão leve
limites desta:
Art. 403. Praticar, em presença do inimigo,
Pena - reclusão, até três anos.
crime definido no art. 209:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
TÍTULO III Lesão grave
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
§ 1º No caso do § 1° do art. 209:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos.
CAPÍTULO I
§ 2º No caso do § 2º do art. 209:
DO HOMICÍDIO
Pena - reclusão, de seis a quinze anos.

54
Lesões qualificadas pelo resultado Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
§ 3º No caso do § 3º do art. 209:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos no caso Resultado mais grave
de lesão grave; reclusão, de dez a vinte e quatro § 1º Se da violência resulta lesão grave:
anos, no caso de morte.
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
Minoração facultativa da pena
§ 2º Se resulta morte:
§ 4º No caso do § 4º do art. 209, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 5º No caso do § 5º do art. 209, o juiz pode Cumulação de pena
diminuir a pena de um terço. § 3º Se o autor, ao efetuar o rapto, ou em se-
guida a este, pratica outro crime contra a raptada,
aplicam-se, cumulativamente, a pena correspon-
TÍTULO IV dente ao rapto e a cominada ao outro crime.
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Violência carnal
Art. 408. Praticar qualquer dos crimes de
Furto
violência carnal definidos nos arts. 232 e 233, em
Art. 404. Praticar crime de furto definido nos lugar de efetivas operações militares:
arts. 240 e 241 e seus parágrafos, em zona de Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
operações militares ou em território militarmente
ocupado: Resultado mais grave

Pena - reclusão, no dobro da pena cominada Parágrafo único. Se da violência resulta:


para o tempo de paz. Daa)Silva
Vitória Ferreiralesão grave:
Roubo ou extorsão Pena - reclusão, de oito a vinte anos;
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 405. Praticar crime de roubo, ou de ex- b) morte:
torsão definidos nos arts. 242, 243 e 244, em zona Pena - morte, grau máximo; reclusão, de
de operações militares ou em território militarmen- quinze anos, grau mínimo.
te ocupado:
Pena - morte, grau máximo, se cominada pe-
na de reclusão de trinta anos; reclusão pelo dobro DISPOSIÇÕES FINAIS
da pena para o tempo de paz, nos outros casos.
Saque Art. 409. São revogados o Decreto-lei nú-
Art. 406. Praticar o saque em zona de ope- mero 6.227, de 24 de janeiro de 1944, e demais
rações militares ou em território militarmente ocu- disposições contrárias a este Código, salvo as leis
pado: especiais que definem os crimes contra a segu-
rança nacional e a ordem política e social.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo. Art. 410. Este Código entrará em vigor no
dia 1º de janeiro de 1970.

TÍTULO V
DO RAPTO E DA VIOLÊNCIA CARNAL

Rapto ]

Art. 407. Raptar mulher honesta, mediante


violência ou grave ameaça, para fim libidinoso, em
lugar de efetivas operações militares:

55
Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
1

56
Art. 3º. A lei processual penal admitirá in-
terpretação extensiva e aplicação analógica, bem
como o suplemento dos princípios gerais de direi-
to.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probató-
ria do órgão de acusação.
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsá-
LIVRO I vel pelo controle da legalidade da investigação
DO PROCESSO EM GERAL criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais
cuja franquia tenha sido reservada à autorização
prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe espe-
TÍTULO I cialmente:
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
I - receber a comunicação imediata da prisão,
nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em to- Constituição Federal;
do o território brasileiro, por este Código, ressal- II - receber o auto da prisão em flagrante para
vados: o controle da legalidade da prisão, observado o
Vitória Ferreira disposto
Da Silva no art. 310 deste Código;
I - os tratados, as convenções e regras de di-
reito internacional; vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
III - zelar pela observância dos direitos do
II - as prerrogativas constitucionais do Presi- preso, podendo determinar que este seja conduzi-
dente da República, dos ministros de Estado, nos do à sua presença, a qualquer tempo;
crimes conexos com os do Presidente da Repúbli- IV - ser informado sobre a instauração de
ca, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, qualquer investigação criminal;
nos crimes de responsabilidade (Constituição,
arts. 86, 89, § 2º, e 100); V - decidir sobre o requerimento de prisão
provisória ou outra medida cautelar, observado o
III - os processos da competência da Justiça disposto no § 1º deste artigo;
Militar;
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra me-
IV - os processos da competência do tribunal dida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-
especial (Constituição, art. 122, no 17); las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do
V - os processos por crimes de imprensa. (Vi- contraditório em audiência pública e oral, na forma
de ADPF nº 130) do disposto neste Código ou em legislação espe-
cial pertinente;
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, es-
te Código aos processos referidos nos nos. IV e V, VII - decidir sobre o requerimento de produ-
quando as leis especiais que os regulam não dis- ção antecipada de provas consideradas urgentes
puserem de modo diverso. e não repetíveis, assegurados o contraditório e a
ampla defesa em audiência pública e oral;
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á
desde logo, sem prejuízo da validade dos atos VIII - prorrogar o prazo de duração do inquéri-
realizados sob a vigência da lei anterior. to, estando o investigado preso, em vista das ra-
zões apresentadas pela autoridade policial e ob-
servado o disposto no § 2º deste artigo;

57
IX - determinar o trancamento do inquérito po- toridade policial e ouvido o Ministério Público,
licial quando não houver fundamento razoável prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito
para sua instauração ou prosseguimento; por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda
X - requisitar documentos, laudos e informa- assim a investigação não for concluída, a prisão
ções ao delegado de polícia sobre o andamento será imediatamente relaxada.
da investigação; Art. 3º-C. A competência do juiz das garan-
XI - decidir sobre os requerimentos de: tias abrange todas as infrações penais, exceto as
de menor potencial ofensivo, e cessa com o rece-
a) interceptação telefônica, do fluxo de comu-
bimento da denúncia ou queixa na forma do art.
nicações em sistemas de informática e telemática
399 deste Código.
ou de outras formas de comunicação;
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as ques-
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de
tões pendentes serão decididas pelo juiz da ins-
dados e telefônico;
trução e julgamento.
c) busca e apreensão domiciliar;
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das ga-
d) acesso a informações sigilosas; rantias não vinculam o juiz da instrução e julga-
e) outros meios de obtenção da prova que mento, que, após o recebimento da denúncia ou
restrinjam direitos fundamentais do investigado; queixa, deverá reexaminar a necessidade das
medidas cautelares em curso, no prazo máximo
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes de 10 (dez) dias.
do oferecimento da denúncia;
§ 3º Os autos que compõem as matérias de
XIII - determinar a instauração de incidente de competência do juiz das garantias ficarão acaute-
insanidade mental; lados na secretaria desse juízo, à disposição do
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia Ministério Público e da defesa, e não serão apen-
ou queixa, nos termos do art. 399 desteVitória
Código; Ferreira Daaos
sados Silva
autos do processo enviados ao juiz da
XV - assegurar prontamente, quando se fizer instrução e julgamento, ressalvados os documen-
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tos relativos às provas irrepetíveis, medidas de
necessário, o direito outorgado ao investigado e
ao seu defensor de acesso a todos os elementos obtenção de provas ou de antecipação de provas,
informativos e provas produzidos no âmbito da que deverão ser remetidos para apensamento em
apartado.
investigação criminal, salvo no que concerne, es-
tritamente, às diligências em andamento; § 4º Fica assegurado às partes o amplo aces-
so aos autos acautelados na secretaria do juízo
XVI - deferir pedido de admissão de assisten-
das garantias.
te técnico para acompanhar a produção da perí-
cia; Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investiga-
XVII - decidir sobre a homologação de acordo ção, praticar qualquer ato incluído nas competên-
de não persecução penal ou os de colaboração cias dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido
premiada, quando formalizados durante a investi- de funcionar no processo.
gação; Parágrafo único. Nas comarcas em que funci-
XVIII - outras matérias inerentes às atribui- onar apenas um juiz, os tribunais criarão um sis-
ções definidas no caput deste artigo. tema de rodízio de magistrados, a fim de atender
às disposições deste Capítulo.
§ 1º (VETADO).
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designa-
§ 1º O preso em flagrante ou por força de
mandado de prisão provisória será encaminhado à do conforme as normas de organização judiciária
presença do juiz de garantias no prazo de 24 (vin- da União, dos Estados e do Distrito Federal, ob-
te e quatro) horas, momento em que se realizará servando critérios objetivos a serem periodica-
audiência com a presença do Ministério Público e mente divulgados pelo respectivo tribunal.
da Defensoria Pública ou de advogado constituí- Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá asse-
do, vedado o emprego de videoconferência. gurar o cumprimento das regras para o tratamento
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de
garantias poderá, mediante representação da au- qualquer autoridade com órgãos da imprensa para

58
explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver co-
sob pena de responsabilidade civil, administrativa nhecimento da existência de infração penal em
e penal. que caiba ação pública poderá, verbalmente ou
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e esta, verificada a procedência das informações,
oitenta) dias, o modo pelo qual as informações mandará instaurar inquérito.
sobre a realização da prisão e a identidade do § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação
preso serão, de modo padronizado e respeitada a pública depender de representação, não poderá
programação normativa aludida no caput deste sem ela ser iniciado.
artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a § 5o Nos crimes de ação privada, a autorida-
efetividade da persecução penal, o direito à infor- de policial somente poderá proceder a inquérito a
mação e a dignidade da pessoa submetida à pri- requerimento de quem tenha qualidade para inten-
são. tá-la.
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prá-
TÍTULO II tica da infração penal, a autoridade policial deve-
DO INQUÉRITO POLICIAL rá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que
Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pe- não se alterem o estado e conservação das coi-
sas, até a chegada dos peritos criminais; (Reda-
las autoridades policiais no território de suas res-
ção dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
pectivas circunscrições e terá por fim a apuração
das infrações penais e da sua autoria. (Redação II - apreender os objetos que tiverem relação
dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Parágrafo único. A competênciaVitória
definidaFerreira
nes- Da Silva
te artigo não excluirá a de autoridades administra- III - colher todas as provas que servirem para
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
tivas, a quem por lei seja cometida a mesma fun- o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
ção. IV - ouvir o ofendido;
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inqué- V - ouvir o indiciado, com observância, no que
rito policial será iniciado: for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título
I - de ofício; Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
II - mediante requisição da autoridade judiciá- ouvido a leitura;
ria ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ofendido ou de quem tiver qualidade para repre- VI - proceder a reconhecimento de pessoas e
sentá-lo. coisas e a acareações;

§ 1o O requerimento a que se refere o no II VII - determinar, se for caso, que se proceda


conterá sempre que possível: a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
a) a narração do fato, com todas as circuns-
tâncias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
b) a individualização do indiciado ou seus si- aos autos sua folha de antecedentes;
nais característicos e as razões de convicção ou
de presunção de ser ele o autor da infração, ou os IX - averiguar a vida pregressa do indiciado,
motivos de impossibilidade de o fazer; sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de
c) a nomeação das testemunhas, com indica- ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
ção de sua profissão e residência. quaisquer outros elementos que contribuírem para
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimen- a apreciação do seu temperamento e caráter.
to de abertura de inquérito caberá recurso para o X - colher informações sobre a existência de
chefe de Polícia. filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual res-

59
ponsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela III - cumprir os mandados de prisão expedidos
pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de pelas autoridades judiciárias;
2016) IV - representar acerca da prisão preventiva.
Art. 7º. Para verificar a possibilidade de ha- Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts.
ver a infração sido praticada de determinado mo- 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159
do, a autoridade policial poderá proceder à repro- do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
dução simulada dos fatos, desde que esta não 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei
contrarie a moralidade ou a ordem pública. no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Cri-
Art. 8º. Havendo prisão em flagrante, será ança e do Adolescente), o membro do Ministério
observado o disposto no Capítulo II do Título IX Público ou o delegado de polícia poderá requisitar,
deste Livro. de quaisquer órgãos do poder público ou de em-
presas da iniciativa privada, dados e informações
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela auto-
Parágrafo único. A requisição, que será aten-
ridade.
dida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conte-
Art. 10. O inquérito deverá terminar no pra- rá: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
zo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em 2016) (Vigência)
flagrante, ou estiver preso preventivamente, con- I - o nome da autoridade requisitante; (Incluí-
tado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em do pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo
de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança II - o número do inquérito policial; e (Incluído
ou sem ela. pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

§ 1o A autoridade fará minucioso Vitória Ferreira Da


relatório do III - Silva
a identificação da unidade de polícia judi-
ciária responsável pela investigação. (Incluído
que tiver sido apurado evitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
enviará autos ao juiz
competente. pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à


testemunhas que não tiverem sido inquiridas, repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
mencionando o lugar onde possam ser encontra- pessoas, o membro do Ministério Público ou o
das. delegado de polícia poderão requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e
serviço de telecomunicações e/ou telemática que
o indiciado estiver solto, a autoridade poderá re-
disponibilizem imediatamente os meios técnicos
querer ao juiz a devolução dos autos, para ulterio-
adequados – como sinais, informações e outros –
res diligências, que serão realizadas no prazo
que permitam a localização da vítima ou dos sus-
marcado pelo juiz.
peitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem 13.344, de 2016) (Vigência)
como os objetos que interessarem à prova, acom- § 1o Para os efeitos deste artigo, sinal signifi-
panharão os autos do inquérito. ca posicionamento da estação de cobertura, seto-
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a rização e intensidade de radiofrequência. (Incluído
denúncia ou queixa, sempre que servir de base a pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
uma ou outra. § 2o Na hipótese de que trata o caput, o si-
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade poli- nal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência)
cial:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da co-
I - fornecer às autoridades judiciárias as in-
municação de qualquer natureza, que dependerá
formações necessárias à instrução e julgamento
de autorização judicial, conforme disposto em lei;
dos processos;
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - realizar as diligências requisitadas pelo ju-
iz ou pelo Ministério Público;

60
II - deverá ser fornecido pela prestadora de estava vinculado o investigado à época da ocor-
telefonia móvel celular por período não superior a rência dos fatos, para que essa, no prazo de 48
30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por (quarenta e oito) horas, indique defensor para a
igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de representação do investigado. (Incluído pela Lei nº
2016) (Vigência) 13.964, de 2019) (Vigência)
III - para períodos superiores àquele de que § 3º Havendo necessidade de indicação de
trata o inciso II, será necessária a apresentação defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa
de ordem judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e,
2016) (Vigência) nos locais em que ela não estiver instalada, a
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o in- União ou a Unidade da Federação correspondente
quérito policial deverá ser instaurado no prazo à respectiva competência territorial do procedi-
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do mento instaurado deverá disponibilizar profissional
registro da respectiva ocorrência policial. (Incluído para acompanhamento e realização de todos os
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) atos relacionados à defesa administrativa do in-
vestigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
§ 4o Não havendo manifestação judicial no 2019) (Vigência)
prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competen-
te requisitará às empresas prestadoras de serviço § 4º A indicação do profissional a que se refe-
de telecomunicações e/ou telemática que disponi- re o § 3º deste artigo deverá ser precedida de ma-
bilizem imediatamente os meios técnicos adequa- nifestação de que não existe defensor público
dos – como sinais, informações e outros – que lotado na área territorial onde tramita o inquérito e
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos com atribuição para nele atuar, hipótese em que
do delito em curso, com imediata comunicação ao poderá ser indicado profissional que não integre
juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de os quadros próprios da Administração. (Incluído
2016) (Vigência) pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Vitória Ferreira Da§Silva5º Na hipótese de não atuação da Defenso-
Art. 14. O ofendido, ou seu representante
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ria Pública, os custos com o patrocínio dos inte-
legal, e o indiciado poderão requerer qualquer resses dos investigados nos procedimentos de
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da que trata este artigo correrão por conta do orça-
autoridade. mento próprio da instituição a que este esteja vin-
Art. 14-A. Nos casos em que servidores culado à época da ocorrência dos fatos investiga-
vinculados às instituições dispostas no art. 144 da dos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Constituição Federal figurarem como investigados 2019) (Vigência)
em inquéritos policiais, inquéritos policiais milita- § 6º As disposições constantes deste artigo
res e demais procedimentos extrajudiciais, cujo se aplicam aos servidores militares vinculados às
objeto for a investigação de fatos relacionados ao instituições dispostas no art. 142 da Constituição
uso da força letal praticados no exercício profissi- Federal, desde que os fatos investigados digam
onal, de forma consumada ou tentada, incluindo respeito a missões para a Garantia da Lei e da
as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe- 2019) (Vigência)
nal), o indiciado poderá constituir defensor. (Inclu-
ído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á
nomeado curador pela autoridade policial.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste
artigo, o investigado deverá ser citado da instau- Art. 16. O Ministério Público não poderá re-
ração do procedimento investigatório, podendo querer a devolução do inquérito à autoridade poli-
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e cial, senão para novas diligências, imprescindíveis
oito) horas a contar do recebimento da citação. ao oferecimento da denúncia.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 17. A autoridade policial não poderá
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste mandar arquivar autos de inquérito.
artigo com ausência de nomeação de defensor
STF: Súmula 524 - Arquivado o Inquérito Policial, por
pelo investigado, a autoridade responsável pela despacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça,
investigação deverá intimar a instituição a que não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

61
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamen- de competente, sobre qualquer fato que ocorra em
to do inquérito pela autoridade judiciária, por falta sua presença, noutra circunscrição.
de base para a denúncia, a autoridade policial Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do
poderá proceder a novas pesquisas, se de outras inquérito ao juiz competente, a autoridade policial
provas tiver notícia. oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística,
Súmula nº 524, STF: “Arquivado o inquérito policial, por ou repartição congênere, mencionando o juízo a
despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos
não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”.
à infração penal e à pessoa do indiciado.
Art. 19. Nos crimes em que não couber
ação pública, os autos do inquérito serão remeti-
dos ao juízo competente, onde aguardarão a inici- TÍTULO III
ativa do ofendido ou de seu representante legal, DA AÇÃO PENAL
ou serão entregues ao requerente, se o pedir,
mediante traslado. Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta
Art. 20. A autoridade assegurará no inquéri- será promovida por denúncia do Ministério Públi-
to o sigilo necessário à elucidação do fato ou exi- co, mas dependerá, quando a lei o exigir, de re-
gido pelo interesse da sociedade. quisição do Ministro da Justiça, ou de representa-
ção do ofendido ou de quem tiver qualidade para
Parágrafo único. Nos atestados de antece-
representá-lo.
dentes que lhe forem solicitados, a autoridade
policial não poderá mencionar quaisquer anota- § 1o No caso de morte do ofendido ou quan-
ções referentes a instauração de inquérito contra do declarado ausente por decisão judicial, o direito
os requerentes. (Redação dada pela Lei nº de representação passará ao cônjuge, ascenden-
12.681, de 2012) te, descendente ou irmão. (Parágrafo único renu-
Vitóriano merado
Ferreira pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)
Da Silva
STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor,
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado
interesse do representado, tervitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
acesso amplo aos elemen-
tos de prova que, já documentados em procedimento in-
vestigatório realizado por órgão com competência de polí-
em detrimento do patrimônio ou interesse da Uni-
cia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de de- ão, Estado e Município, a ação penal será pública.
fesa. (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado Art. 25. A representação será irretratável,
dependerá sempre de despacho nos autos e so- depois de oferecida a denúncia.
mente será permitida quando o interesse da soci-
Art. 26. A ação penal, nas contravenções,
edade ou a conveniência da investigação o exigir.
será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que por meio de portaria expedida pela autoridade
não excederá de três dias, será decretada por judiciária ou policial.
despacho fundamentado do Juiz, a requerimento
da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá
Público, respeitado, em qualquer hipótese, o dis- provocar a iniciativa do Ministério Público, nos
posto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Or- casos em que caiba a ação pública, fornecendo-
dem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 lhe, por escrito, informações sobre o fato e a auto-
de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº ria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de
5.010, de 30.5.1966) convicção.

Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas Art. 28. Ordenado o arquivamento do inqué-
em que houver mais de uma circunscrição policial, rito policial ou de quaisquer elementos informati-
a autoridade com exercício em uma delas poderá, vos da mesma natureza, o órgão do Ministério
nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar Público comunicará à vítima, ao investigado e à
diligências em circunscrição de outra, independen- autoridade policial e encaminhará os autos para a
temente de precatórias ou requisições, e bem as- instância de revisão ministerial para fins de homo-
sim providenciará, até que compareça a autorida- logação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI
6.298) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)

62
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, que proporcional e compatível com a infração pe-
não concordar com o arquivamento do inquérito nal imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do 2019) (Vigência)
recebimento da comunicação, submeter a matéria § 1º Para aferição da pena mínima cominada
à revisão da instância competente do órgão minis- ao delito a que se refere o caput deste artigo,
terial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. serão consideradas as causas de aumento e di-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) minuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes pra- pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
ticados em detrimento da União, Estados e Muni- § 2º O disposto no caput deste artigo não se
cípios, a revisão do arquivamento do inquérito aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão nº 13.964, de 2019) (Vigência)
a quem couber a sua representação judicial. (In-
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) I - se for cabível transação penal de compe-
tência dos Juizados Especiais Criminais, nos ter-
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento mos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
e tendo o investigado confessado formal e cir- 2019) (Vigência)
cunstancialmente a prática de infração penal sem
II - se o investigado for reincidente ou se hou-
violência ou grave ameaça e com pena mínima
ver elementos probatórios que indiquem conduta
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público po-
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto
derá propor acordo de não persecução penal,
se insignificantes as infrações penais pretéritas;
desde que necessário e suficiente para reprova-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
ção e prevenção do crime, mediante as seguintes
condições ajustadas cumulativa e alternativamen- III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco)
te: (Incluído pela Lei nº 13.964, de anos anteriores ao cometimento da infração, em
2019) (Vigência) acordo de não persecução penal, transação penal
Vitória Ferreira ou
Dasuspensão
Silva condicional do processo; e (Incluído
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
pela Lei
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com nº 13.964, de 2019) (Vigência)
exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) IV - nos crimes praticados no âmbito de vio-
lência doméstica ou familiar, ou praticados contra
II - renunciar voluntariamente a bens e direi-
a mulher por razões da condição de sexo femini-
tos indicados pelo Ministério Público como instru-
no, em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº
mentos, produto ou proveito do crime; (Incluído
13.964, de 2019) (Vigência)
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 3º O acordo de não persecução penal será
III - prestar serviço à comunidade ou a enti-
formalizado por escrito e será firmado pelo mem-
dades públicas por período correspondente à pe-
bro do Ministério Público, pelo investigado e por
na mínima cominada ao delito diminuída de um a
seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
2019) (Vigência)
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe- § 4º Para a homologação do acordo de não
nal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigên- persecução penal, será realizada audiência na
cia) qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade,
por meio da oitiva do investigado na presença do
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipu-
seu defensor, e sua legalidade. (Incluído pela Lei
lada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe-
nal), a entidade pública ou de interesse social, a § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insufi-
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, cientes ou abusivas as condições dispostas no
preferencialmente, como função proteger bens acordo de não persecução penal, devolverá os
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemen- autos ao Ministério Público para que seja reformu-
te lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº lada a proposta de acordo, com concordância do
13.964, de 2019) (Vigência) investigado e seu defensor. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)
V - cumprir, por prazo determinado, outra
condição indicada pelo Ministério Público, desde

63
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia subs-
não persecução penal, o juiz devolverá os autos titutiva, intervir em todos os termos do processo,
ao Ministério Público para que inicie sua execução fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a
perante o juízo de execução penal. (Incluído pela todo tempo, no caso de negligência do querelante,
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) retomar a ação como parte principal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qua-
proposta que não atender aos requisitos legais ou lidade para representá-lo caberá intentar a ação
quando não for realizada a adequação a que se privada.
refere o § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência) Art. 31. No caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão judicial, o
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolve-
direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação
rá os autos ao Ministério Público para a análise da
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
necessidade de complementação das investiga-
irmão.
ções ou o oferecimento da denúncia. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz,
§ 9º A vítima será intimada da homologação a requerimento da parte que comprovar a sua
do acordo de não persecução penal e de seu des- pobreza, nomeará advogado para promover a
cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de ação penal.
2019) (Vigência) § 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições puder prover às despesas do processo, sem pri-
estipuladas no acordo de não persecução penal, o var-se dos recursos indispensáveis ao próprio
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para sustento ou da família.
fins de sua rescisão e posterior oferecimento de § 2o Será prova suficiente de pobreza o ates-
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964,
Vitória de tadoDa
Ferreira da Silva
autoridade policial em cuja circunscrição
2019) (Vigência) residir o ofendido.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
§ 11. O descumprimento do acordo de não Art. 33. Se o ofendido for menor de 18
persecução penal pelo investigado também pode- anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado
rá ser utilizado pelo Ministério Público como justi- mental, e não tiver representante legal, ou colidi-
ficativa para o eventual não oferecimento de sus- rem os interesses deste com os daquele, o direito
pensão condicional do processo. (Incluído pela Lei de queixa poderá ser exercido por curador espe-
nº 13.964, de 2019) (Vigência) cial, nomeado, de ofício ou a requerimento do
§ 12. A celebração e o cumprimento do acor- Ministério Público, pelo juiz competente para o
do de não persecução penal não constarão de processo penal.
certidão de antecedentes criminais, exceto para Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e
os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
exercido por ele ou por seu representante legal.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de
não persecução penal, o juízo competente decre- Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de
tará a extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei 27.11.1997)
nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 36. Se comparecer mais de uma pes-
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministé- soa com direito de queixa, terá preferência o côn-
rio Público, em propor o acordo de não persecu- juge, e, em seguida, o parente mais próximo na
ção penal, o investigado poderá requerer a re- ordem de enumeração constante do art. 31, po-
messa dos autos a órgão superior, na forma do dendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na
art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, ação, caso o querelante desista da instância ou a
de 2019) (Vigência) abandone.
Art. 29. Será admitida ação privada nos Art. 37. As fundações, associações ou so-
crimes de ação pública, se esta não for intentada ciedades legalmente constituídas poderão exercer
no prazo legal, cabendo ao Ministério Público adi- a ação penal, devendo ser representadas por

64
quem os respectivos contratos ou estatutos desig- cunstâncias, a qualificação do acusado ou escla-
narem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores recimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
ou sócios-gerentes. classificação do crime e, quando necessário, o rol
das testemunhas.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o
ofendido, ou seu representante legal, decairá no Art. 42. O Ministério Público não poderá
direito de queixa ou de representação, se não o desistir da ação penal.
exercer dentro do prazo de seis meses, contado
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de
do dia em que vier a saber quem é o autor do cri-
me, ou, no caso do art. 29, do dia em que se es- 2008).
gotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Art. 44. A queixa poderá ser dada por pro-
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência curador com poderes especiais, devendo constar
do direito de queixa ou representação, dentro do do instrumento do mandato o nome do querelante
mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
único, e 31. esclarecimentos dependerem de diligências que
devem ser previamente requeridas no juízo crimi-
Art. 39. O direito de representação poderá nal.
ser exercido, pessoalmente ou por procurador
com poderes especiais, mediante declaração, Art. 45. A queixa, ainda quando a ação pe-
escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério nal for privativa do ofendido, poderá ser aditada
Público, ou à autoridade policial. pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em
todos os termos subsequentes do processo.
§ 1o A representação feita oralmente ou por
escrito, sem assinatura devidamente autenticada Art. 46. O prazo para oferecimento da de-
do ofendido, de seu representante legal ou procu- núncia, estando o réu preso, será de 5 dias, con-
rador, será reduzida a termo, perante o juiz ou tado da data em que o órgão do Ministério Público
autoridade policial, presente o órgãoVitória Ferreira receber
do Ministério Da Silvaos autos do inquérito policial, e de 15 di-
Público, quando a este vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
houver sido dirigida. as, se o réu estiver solto ou afiançado. No último
o
§ 2 A representação conterá todas as infor- caso, se houver devolução do inquérito à autori-
mações que possam servir à apuração do fato e dade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data
da autoria. em que o órgão do Ministério Público receber no-
vamente os autos.
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a repre-
sentação, a autoridade policial procederá a inqué- § 1o Quando o Ministério Público dispensar o
rito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à au- inquérito policial, o prazo para o oferecimento da
toridade que o for. denúncia contar-se-á da data em que tiver recebi-
do as peças de informações ou a representação
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou
perante este reduzida a termo, será remetida à § 2o O prazo para o aditamento da queixa
autoridade policial para que esta proceda a inqué- será de 3 dias, contado da data em que o órgão
rito. do Ministério Público receber os autos, e, se este
não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
o inquérito, se com a representação forem ofere- demais termos do processo.
cidos elementos que o habilitem a promover a
ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia Art. 47. Se o Ministério Público julgar ne-
no prazo de quinze dias. cessários maiores esclarecimentos e documentos
complementares ou novos elementos de convic-
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de ção, deverá requisitá-los, diretamente, de quais-
que conhecerem, os juízes ou tribunais verifica- quer autoridades ou funcionários que devam ou
rem a existência de crime de ação pública, reme- possam fornecê-los.
terão ao Ministério Público as cópias e os docu-
mentos necessários ao oferecimento da denúncia. Art. 48. A queixa contra qualquer dos auto-
res do crime obrigará ao processo de todos, e o
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a ex- Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
posição do fato criminoso, com todas as suas cir-

65
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito Art. 60. Nos casos em que somente se pro-
de queixa, em relação a um dos autores do crime, cede mediante queixa, considerar-se-á perempta
a todos se estenderá. a ação penal:
Art. 50. A renúncia expressa constará de I - quando, iniciada esta, o querelante deixar
declaração assinada pelo ofendido, por seu repre- de promover o andamento do processo durante 30
sentante legal ou procurador com poderes especi- dias seguidos;
ais. II - quando, falecendo o querelante, ou sobre-
Parágrafo único. A renúncia do representante vindo sua incapacidade, não comparecer em juí-
legal do menor que houver completado 18 (dezoi- zo, para prosseguir no processo, dentro do prazo
to) anos não privará este do direito de queixa, de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a
nem a renúncia do último excluirá o direito do pri- quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art.
meiro. 36;

Art. 51. O perdão concedido a um dos que- III - quando o querelante deixar de compare-
cer, sem motivo justificado, a qualquer ato do pro-
relados aproveitará a todos, sem que produza,
cesso a que deva estar presente, ou deixar de
todavia, efeito em relação ao que o recusar.
formular o pedido de condenação nas alegações
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e finais;
maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser IV - quando, sendo o querelante pessoa jurí-
exercido por ele ou por seu representante legal, dica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
mas o perdão concedido por um, havendo oposi-
ção do outro, não produzirá efeito. Art. 61. Em qualquer fase do processo, o
juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá
Art. 53. Se o querelado for mentalmente en- declará-lo de ofício.
fermo ou retardado mental e não tiver represen-
tante legal, ou colidirem os interessesVitória Parágrafo
Ferreira Da
deste com Silva único. No caso de requerimento do
os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
curador que o juiz Ihe nomear. mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte
contrária e, se o julgar conveniente, concederá o
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 prazo de cinco dias para a prova, proferindo a
anos, observar-se-á, quanto à aceitação do per- decisão dentro de cinco dias ou reservando-se
dão, o disposto no art. 52. para apreciar a matéria na sentença final.
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por Art. 62. No caso de morte do acusado, o ju-
procurador com poderes especiais. iz somente à vista da certidão de óbito, e depois
de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extrapro-
punibilidade.
cessual expresso o disposto no art. 50.
STF: Súmula 594 - Os direitos de queixa e de represen-
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito tação podem ser exercidos, independentemente, pelo
admitirão todos os meios de prova. ofendido ou por seu representante legal.
STF: Súmula 714 - É concorrente a legitimidade do ofen-
Art. 58. Concedido o perdão, mediante de- dido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicio-
claração expressa nos autos, o querelado será nada à representação do ofendido, para a ação penal por
intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, crime contra a honra de servidor público em razão do
exercício de suas funções.
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de
STJ: Súmula 234 - A participação de membro do Ministé-
que o seu silêncio importará aceitação. rio Público na fase investigatória criminal não acarreta o
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julga- seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da
denúncia.
rá extinta a punibilidade.
STJ: Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de le-
Art. 59. A aceitação do perdão fora do pro- são corporal resultante de violência doméstica contra a
cesso constará de declaração assinada pelo que- mulher é pública incondicionada.
relado, por seu representante legal ou procurador
com poderes especiais.

66
TÍTULO IX § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la
quando verificar a falta de motivo para que subsis-
E DA LIBERDADE PROVISÓRIA ta, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
CAPÍTULO I § 6º A prisão preventiva somente será deter-
DISPOSIÇÕES GERAIS minada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar, observado o art. 319
Art. 282. As medidas cautelares previstas deste Código, e o não cabimento da substituição
por outra medida cautelar deverá ser justificado de
neste Título deverão ser aplicadas observando-se
forma fundamentada nos elementos presentes do
a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
caso concreto, de forma individualizada. (Redação
I - necessidade para aplicação da lei penal, dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
para a investigação ou a instrução criminal e, nos
casos expressamente previstos, para evitar a prá- Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão
tica de infrações penais; (Incluído pela Lei nº em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-
12.403, de 2011). mentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de prisão cautelar ou em virtude de
II - adequação da medida à gravidade do cri-
condenação criminal transitada em julgado. (Re-
me, circunstâncias do fato e condições pessoais dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
do indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011). § 1o As medidas cautelares previstas neste
Título não se aplicam à infração a que não for
§ 1o As medidas cautelares poderão ser apli- isolada, cumulativa ou alternativamente cominada
cadas isolada ou cumulativamente. (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011). Vitória Ferreira pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº
Da Silva
12.403, de 2011).
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas § 2o A prisão poderá ser efetuada em qual-
pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no
quer dia e a qualquer hora, respeitadas as restri-
curso da investigação criminal, por representação ções relativas à inviolabilidade do domicílio. (Inclu-
da autoridade policial ou mediante requerimento ído pela Lei nº 12.403, de 2011).
do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019) Art. 284. Não será permitido o emprego de
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de força, salvo a indispensável no caso de resistência
perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber ou de tentativa de fuga do preso.
o pedido de medida cautelar, determinará a inti- Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão
mação da parte contrária, para se manifestar no fará expedir o respectivo mandado.
prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do
requerimento e das peças necessárias, permane- Parágrafo único. O mandado de prisão:
cendo os autos em juízo, e os casos de urgência a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela
ou de perigo deverão ser justificados e fundamen- autoridade;
tados em decisão que contenha elementos do b) designará a pessoa, que tiver de ser presa,
caso concreto que justifiquem essa medida ex- por seu nome, alcunha ou sinais característicos;
cepcional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019) c) mencionará a infração penal que motivar a
prisão;
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer
das obrigações impostas, o juiz, mediante reque- d) declarará o valor da fiança arbitrada, quan-
rimento do Ministério Público, de seu assistente do afiançável a infração;
ou do querelante, poderá substituir a medida, im- e) será dirigido a quem tiver qualidade para
por outra em cumulação, ou, em último caso, de- dar-lhe execução.
cretar a prisão preventiva, nos termos do parágra-
fo único do art. 312 deste Código. (Redação dada Art. 286. O mandado será passado em du-
pela Lei nº 13.964, de 2019) plicata, e o executor entregará ao preso, logo de-

67
pois da prisão, um dos exemplares com declara- fora da competência territorial do juiz que o expe-
ção do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega diu. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
deverá o preso passar recibo no outro exemplar; § 2o Qualquer agente policial poderá efetuar
se recusar, não souber ou não puder escrever, o a prisão decretada, ainda que sem registro no
fato será mencionado em declaração, assinada Conselho Nacional de Justiça, adotando as pre-
por duas testemunhas. cauções necessárias para averiguar a autentici-
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a dade do mandado e comunicando ao juiz que a
falta de exibição do mandado não obstará a pri- decretou, devendo este providenciar, em seguida,
são, e o preso, em tal caso, será imediatamente o registro do mandado na forma do caput deste
apresentado ao juiz que tiver expedido o manda- artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
do, para a realização de audiência de custódia. § 3o A prisão será imediatamente comunica-
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) da ao juiz do local de cumprimento da medida o
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, qual providenciará a certidão extraída do registro
do Conselho Nacional de Justiça e informará ao
sem que seja exibido o mandado ao respectivo
juízo que a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403,
diretor ou carcereiro, a quem será entregue cópia
de 2011).
assinada pelo executor ou apresentada a guia
expedida pela autoridade competente, devendo § 4o O preso será informado de seus direitos,
ser passado recibo da entrega do preso, com de- nos termos do inciso LXIII do art. 5o da Constitui-
claração de dia e hora. ção Federal e, caso o autuado não informe o no-
me de seu advogado, será comunicado à Defen-
Parágrafo único. O recibo poderá ser passa-
soria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
do no próprio exemplar do mandado, se este for o
2011).
documento exibido.
§ 5o Havendo dúvidas das autoridades locais
Art. 289. Quando o acusado estiver no ter- sobre
Vitória
ritório nacional, fora da jurisdição do juiz Ferreira
proces- DaaSilva
legitimidade da pessoa do executor ou
sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto
sante, será deprecada avitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
sua prisão, devendo no § 2o do art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei
constar da precatória o inteiro teor do mandado. nº 12.403, de 2011).
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regula-
§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisi- mentará o registro do mandado de prisão a que se
tar a prisão por qualquer meio de comunicação, refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
do qual deverá constar o motivo da prisão, bem 12.403, de 2011).
como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011). Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, pas-
sar ao território de outro município ou comarca, o
§ 2o A autoridade a quem se fizer a requisi-
executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde
ção tomará as precauções necessárias para ave-
o alcançar, apresentando-o imediatamente à auto-
riguar a autenticidade da comunicação. (Incluído
ridade local, que, depois de lavrado, se for o caso,
pela Lei nº 12.403, de 2011).
o auto de flagrante, providenciará para a remoção
§ 3o O juiz processante deverá providenciar a do preso.
remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta)
§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em
dias, contados da efetivação da medida. (Incluído
perseguição do réu, quando:
pela Lei nº 12.403, de 2011).
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem in-
Art. 289-A. O juiz competente providencia-
terrupção, embora depois o tenha perdido de vis-
rá o imediato registro do mandado de prisão em ta;
banco de dados mantido pelo Conselho Nacional
de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela Lei b) sabendo, por indícios ou informações fide-
nº 12.403, de 2011). dignas, que o réu tenha passado, há pouco tem-
po, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o
§ 1o Qualquer agente policial poderá efetuar procure, for no seu encalço.
a prisão determinada no mandado de prisão regis-
trado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que § 2o Quando as autoridades locais tiverem
fundadas razões para duvidar da legitimidade da

68
pessoa do executor ou da legalidade do mandado I - os ministros de Estado;
que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, II - os governadores ou interventores de Esta-
até que fique esclarecida a dúvida. dos ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal,
Art. 291. A prisão em virtude de mandado seus respectivos secretários, os prefeitos munici-
entender-se-á feita desde que o executor, fazen- pais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Re-
do-se conhecer do réu, Ihe apresente o mandado dação dada pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957)
e o intime a acompanhá-lo. III - os membros do Parlamento Nacional, do
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de Conselho de Economia Nacional e das Assem-
bléias Legislativas dos Estados;
terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
determinada por autoridade competente, o execu- IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
tor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar V - os oficiais das Forças Armadas e os milita-
dos meios necessários para defender-se ou para res dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó-
vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto rios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de
subscrito também por duas testemunhas. 11.7.2001)
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas VI - os magistrados;
em mulheres grávidas durante os atos médico-
hospitalares preparatórios para a realização do VII - os diplomados por qualquer das faculda-
parto e durante o trabalho de parto, bem como em des superiores da República;
mulheres durante o período de puerpério imediato. VIII - os ministros de confissão religiosa;
(Redação dada pela Lei nº 13.434, de 2017)
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
STF: Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de alge-
mas em casos de resistência e de fundado receio de fuga X - os cidadãos que já tiverem exercido efeti-
ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por vamente a função de jurado, salvo quando excluí-
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionali-
Vitória
dade por escrito, sob pena de responsabilidade Ferreira dos
discipli- Da da lista por motivo de incapacidade para o
Silva
exercício daquela função;
nar, civil e penal do agentevitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ou da autoridade e de nulida-
de da prisão ou do ato processual a que se refere, sem XI - os delegados de polícia e os guardas-
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos.
Art. 293. Se o executor do mandado verifi- (Redação dada pela Lei nº 5.126, de 20.9.1966)
car, com segurança, que o réu entrou ou se en- § 1o A prisão especial, prevista neste Código
contra em alguma casa, o morador será intimado ou em outras leis, consiste exclusivamente no
a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não recolhimento em local distinto da prisão comum.
for obedecido imediatamente, o executor convoca- (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
rá duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força
§ 2o Não havendo estabelecimento específico
na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo
para o preso especial, este será recolhido em cela
noite, o executor, depois da intimação ao morador,
distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela
se não for atendido, fará guardar todas as saídas,
Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
tornando a casa incomunicável, e, logo que ama-
nheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. § 3o A cela especial poderá consistir em alo-
jamento coletivo, atendidos os requisitos de salu-
Parágrafo único. O morador que se recusar a
bridade do ambiente, pela concorrência dos fato-
entregar o réu oculto em sua casa será levado à
res de aeração, insolação e condicionamento tér-
presença da autoridade, para que se proceda con-
mico adequados à existência humana. (Incluído
tra ele como for de direito.
pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, § 4o O preso especial não será transportado
observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que juntamente com o preso comum. (Incluído pela Lei
for aplicável. nº 10.258, de 11.7.2001)
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a § 5o Os demais direitos e deveres do preso
prisão especial, à disposição da autoridade com- especial serão os mesmos do preso comum. (In-
petente, quando sujeitos a prisão antes de conde- cluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
nação definitiva:

69
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, on- IV - é encontrado, logo depois, com instru-
de for possível, serão recolhidos à prisão, em es- mentos, armas, objetos ou papéis que façam pre-
tabelecimentos militares, de acordo com os res- sumir ser ele autor da infração.
pectivos regulamentos. Art. 303. Nas infrações permanentes, en-
Art. 297. Para o cumprimento de mandado tende-se o agente em flagrante delito enquanto
expedido pela autoridade judiciária, a autoridade não cessar a permanência.
policial poderá expedir tantos outros quantos ne- Art. 304. Apresentado o preso à autoridade
cessários às diligências, devendo neles ser fiel- competente, ouvirá esta o condutor e colherá,
mente reproduzido o teor do mandado original. desde logo, sua assinatura, entregando a este
Art. 298. (Revogado pela Lei nº 12.403, de cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em
2011). seguida, procederá à oitiva das testemunhas que
o acompanharem e ao interrogatório do acusado
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após
à vista de mandado judicial, por qualquer meio de cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavran-
comunicação, tomadas pela autoridade, a quem do, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada
se fizer a requisição, as precauções necessárias pela Lei nº 11.113, de 2005)
para averiguar a autenticidade desta. (Redação
§ 1o Resultando das respostas fundada a
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
suspeita contra o conduzido, a autoridade manda-
rá recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se
solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos
Art. 300. As pessoas presas provisoriamen-
do inquérito ou processo, se para isso for compe-
te ficarão separadas das que já estiverem definiti- tente; se não o for, enviará os autos à autoridade
vamente condenadas, nos termos da lei de exe- que o seja.
cução penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011). Vitória Ferreira Da
§ 2oSilva
A falta de testemunhas da infração não
impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nes-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Parágrafo único. O militar preso em flagrante se caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
delito, após a lavratura dos procedimentos legais, menos duas pessoas que hajam testemunhado a
será recolhido a quartel da instituição a que per- apresentação do preso à autoridade.
tencer, onde ficará preso à disposição das autori-
dades competentes. (Incluído pela Lei nº 12.403, § 3o Quando o acusado se recusar a assinar,
de 2011). não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão
em flagrante será assinado por duas testemunhas,
que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
CAPÍTULO II (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
DA PRISÃO EM FLAGRANTE § 4o Da lavratura do auto de prisão em fla-
grante deverá constar a informação sobre a exis-
tência de filhos, respectivas idades e se possuem
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as au- alguma deficiência e o nome e o contato de even-
toridades policiais e seus agentes deverão pren- tual responsável pelos cuidados dos filhos, indica-
der quem quer que seja encontrado em flagrante do pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257,
delito. de 2016)
Art. 302. Considera-se em flagrante delito Art. 305. Na falta ou no impedimento do
quem: escrivão, qualquer pessoa designada pela autori-
I - está cometendo a infração penal; dade lavrará o auto, depois de prestado o com-
promisso legal.
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situa- local onde se encontre serão comunicados ime-
ção que faça presumir ser autor da infração; diatamente ao juiz competente, ao Ministério Pú-
blico e à família do preso ou à pessoa por ele indi-

70
cada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
2011). flagrante, que o agente praticou o fato em qual-
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a quer das condições constantes dos incisos I, II ou
realização da prisão, será encaminhado ao juiz III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de
competente o auto de prisão em flagrante e, caso 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá,
o autuado não informe o nome de seu advogado, fundamentadamente, conceder ao acusado liber-
cópia integral para a Defensoria Pública. (Reda- dade provisória, mediante termo de compareci-
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011). mento obrigatório a todos os atos processuais,
sob pena de revogação. (Renumerado do pará-
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao pre- grafo único pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
so, mediante recibo, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome § 2º Se o juiz verificar que o agente é reinci-
do condutor e os das testemunhas. (Redação da- dente ou que integra organização criminosa ar-
da pela Lei nº 12.403, de 2011). mada ou milícia, ou que porta arma de fogo de
uso restrito, deverá denegar a liberdade provisó-
Art. 307. Quando o fato for praticado em ria, com ou sem medidas cautelares. (Incluído
presença da autoridade, ou contra esta, no exer- pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
cício de suas funções, constarão do auto a narra- § 3º A autoridade que deu causa, sem moti-
ção deste fato, a voz de prisão, as declarações vação idônea, à não realização da audiência de
que fizer o preso e os depoimentos das testemu- custódia no prazo estabelecido no caput deste
nhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo artigo responderá administrativa, civil e penalmen-
preso e pelas testemunhas e remetido imediata- te pela omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
mente ao juiz a quem couber tomar conhecimento 2019) (Vigência)
do fato delituoso, se não o for a autoridade que
houver presidido o auto. § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas
após o decurso do prazo estabelecido
Art. 308. Não havendo autoridadeVitóriano Ferreira
lugar Dacaput
no Silvadeste artigo, a não realização de audi-
em que se tiver efetuado a prisão, o preso será
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ência de custódia sem motivação idônea ensejará
logo apresentado à do lugar mais próximo. também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser pela autoridade competente, sem prejuízo da pos-
sibilidade de imediata decretação de prisão pre-
posto em liberdade, depois de lavrado o auto de
ventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
prisão em flagrante.
2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI
Art. 310. Após receber o auto de prisão em 6.300) (Vide ADI 6.305)
flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e qua- Súmula nº 145, STF: “Não há crime, quando a prepara-
tro) horas após a realização da prisão, o juiz deve- ção do flagrante pela polícia torna impossível a sua con-
rá promover audiência de custódia com a presen- sumação. ”
ça do acusado, seu advogado constituído ou
membro da Defensoria Pública e o membro do
Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deve- CAPÍTULO III
rá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei DA PRISÃO PREVENTIVA
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei Art. 311. Em qualquer fase da investigação
nº 12.403, de 2011).
policial ou do processo penal, caberá a prisão
II - converter a prisão em flagrante em pre- preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do
ventiva, quando presentes os requisitos constan- Ministério Público, do querelante ou do assistente,
tes do art. 312 deste Código, e se revelarem ina- ou por representação da autoridade policial. (Re-
dequadas ou insuficientes as medidas cautelares dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403,
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser de-
de 2011).
cretada como garantia da ordem pública, da or-
III - conceder liberdade provisória, com ou dem econômica, por conveniência da instrução
sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). criminal ou para assegurar a aplicação da lei pe-

71
nal, quando houver prova da existência do crime e ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº
indício suficiente de autoria e de perigo gerado 13.964, de 2019)
pelo estado de liberdade do imputado. (Redação
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
caso será decretada se o juiz verificar pelas pro-
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser vas constantes dos autos ter o agente praticado o
decretada em caso de descumprimento de qual- fato nas condições previstas nos incisos I, II e III
quer das obrigações impostas por força de outras do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7
medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação da- de dezembro de 1940 - Código Penal. (Redação
da pela Lei nº 13.964, de 2019) dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventi- Art. 315. A decisão que decretar, substituir
va deve ser motivada e fundamentada em receio
ou denegar a prisão preventiva será sempre moti-
de perigo e existência concreta de fatos novos ou
vada e fundamentada. (Redação dada pela Lei nº
contemporâneos que justifiquem a aplicação da
13.964, de 2019)
medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019) § 1º Na motivação da decretação da prisão
preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Có- deverá indicar concretamente a existência de fa-
digo, será admitida a decretação da prisão pre- tos novos ou contemporâneos que justifiquem a
ventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº
2011). 13.964, de 2019)
I - nos crimes dolosos punidos com pena pri- § 2º Não se considera fundamentada qual-
vativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) quer decisão judicial, seja ela interlocutória, sen-
anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de tença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei nº
2011). 13.964, de 2019)
II - se tiver sido condenado por Vitória Ferreira Da
outro crime Silva
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
doloso, em sentença transitada em julgado, res- paráfrase de ato normativo, sem explicar sua rela-
salvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 ção com a causa ou a questão decidida; (Incluído
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de pela Lei nº 13.964, de 2019)
1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). II - empregar conceitos jurídicos indetermina-
dos, sem explicar o motivo concreto de sua inci-
III - se o crime envolver violência doméstica e dência no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
familiar contra a mulher, criança, adolescente, 2019)
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de III - invocar motivos que se prestariam a justi-
urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de ficar qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei nº
2011). 13.964, de 2019)

IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº IV - não enfrentar todos os argumentos dedu-


12.403, de 2011). zidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela
§ 1º Também será admitida a prisão preven- Lei nº 13.964, de 2019)
tiva quando houver dúvida sobre a identidade civil
da pessoa ou quando esta não fornecer elemen- V - limitar-se a invocar precedente ou enunci-
tos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ado de súmula, sem identificar seus fundamentos
ser colocado imediatamente em liberdade após a determinantes nem demonstrar que o caso sob
identificação, salvo se outra hipótese recomendar julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Inclu-
a manutenção da medida. (Redação dada pela Lei ído pela Lei nº 13.964, de 2019)
nº 13.964, de 2019) VI - deixar de seguir enunciado de súmula, ju-
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão risprudência ou precedente invocado pela parte,
preventiva com a finalidade de antecipação de sem demonstrar a existência de distinção no caso
cumprimento de pena ou como decorrência imedi- em julgamento ou a superação do entendimento.
ata de investigação criminal ou da apresentação (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

72
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedi- II - extremamente debilitado por motivo de
do das partes, revogar a prisão preventiva se, no doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
correr da investigação ou do processo, verificar a 2011).
falta de motivo para que ela subsista, bem como III - imprescindível aos cuidados especiais de
novamente decretá-la, se sobrevierem razões que pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
de 2019)
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Decretada a prisão preventi- 13.257, de 2016)
va, deverá o órgão emissor da decisão revisar a
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de
necessidade de sua manutenção a cada 90 (no-
idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de
venta) dias, mediante decisão fundamentada, de
2016)
ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) VI - homem, caso seja o único responsável
pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
STJ: Súmula 347 - O conhecimento de recurso de apela-
ção do réu independe de sua prisão. idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
Súmula Vinculante nº 11, STF: “Só é lícito o uso de al-
2016)
gemas em casos de resistência e de fundado receio de Parágrafo único. Para a substituição, o juiz
fuga ou de perigo a integridade física própria ou
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabili- neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
dade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade 2011).
e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se re-
fere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. ” Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à
STJ: Súmula 21 - Pronunciado o réu, fica superada a mulher gestante ou que for mãe ou responsável
alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso por crianças ou pessoas com deficiência será
de prazo na instrução.
Vitória Ferreira substituída
STJ: Súmula 52 - Encerrada a instrução criminal, fica su-
Da Silva por prisão domiciliar, desde que: (In-
cluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
perada a alegação de constrangimento por excesso de
prazo. I - não tenha cometido crime com violência ou
STJ: Súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº
excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa. 13.769, de 2018).
II - não tenha cometido o crime contra seu fi-
lho ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769,
CAPÍTULO IV de 2018).
DA APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA
Art. 318-B. A substituição de que tratam os
DO ACUSADO
arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuí-
zo da aplicação concomitante das medidas alter-
CAPÍTULO IV nativas previstas no art. 319 deste Código. (Incluí-
DA PRISÃO DOMICILIAR do pela Lei nº 13.769, de 2018).
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 317. A prisão domiciliar consiste no re- CAPÍTULO V


colhimento do indiciado ou acusado em sua resi- DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
dência, só podendo dela ausentar-se com autori- (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
zação judicial. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011). Art. 319. São medidas cautelares diversas
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
preventiva pela domiciliar quando o agente for: 2011).
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - comparecimento periódico em juízo, no
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para in-
Lei nº 12.403, de 2011). formar e justificar atividades; (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).

73
II - proibição de acesso ou frequência a de- Art. 320. A proibição de ausentar-se do Pa-
terminados lugares quando, por circunstâncias ís será comunicada pelo juiz às autoridades en-
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado carregadas de fiscalizar as saídas do território
permanecer distante desses locais para evitar o nacional, intimando-se o indiciado ou acusado
risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte
nº 12.403, de 2011). e quatro) horas. (Redação dada pela Lei nº
III - proibição de manter contato com pessoa 12.403, de 2011).
determinada quando, por circunstâncias relacio-
nadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº CAPÍTULO VI
12.403, de 2011). DA LIBERDADE PROVISÓRIA,
IV - proibição de ausentar-se da Comarca COM OU SEM FIANÇA
quando a permanência seja conveniente ou ne-
cessária para a investigação ou instrução; (Incluí-
do pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 321. Ausentes os requisitos que autori-
zam a decretação da prisão preventiva, o juiz de-
V - recolhimento domiciliar no período noturno verá conceder liberdade provisória, impondo, se
e nos dias de folga quando o investigado ou acu- for o caso, as medidas cautelares previstas no art.
sado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído 319 deste Código e observados os critérios cons-
pela Lei nº 12.403, de 2011). tantes do art. 282 deste Código. (Redação dada
VI - suspensão do exercício de função pública pela Lei nº 12.403, de 2011).
ou de atividade de natureza econômica ou finan- I - (revogado) (Revogado pela Lei nº 12.403,
ceira quando houver justo receio de sua utilização de 2011).
para a prática de infrações penais; (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011). II - (revogado).(Revogado pela Lei nº 12.403,
Vitória Ferreira Da Silva
de 2011).
VII - internação provisória do acusado nas hi-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
póteses de crimes praticados com violência ou Art. 322. A autoridade policial somente po-
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser derá conceder fiança nos casos de infração cuja
inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código pena privativa de liberdade máxima não seja su-
Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela perior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei
Lei nº 12.403, de 2011). nº 12.403, de 2011).
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, pa- Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança
ra assegurar o comparecimento a atos do proces- será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (qua-
so, evitar a obstrução do seu andamento ou em renta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº
caso de resistência injustificada à ordem judicial; 12.403, de 2011).
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 323. Não será concedida fiança: (Re-
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes de racismo; (Redação dada pe-
§ 1o (Revogado). (Revogado pela Lei nº la Lei nº 12.403, de 2011).
12.403, de 2011).
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de en-
§ 2o (Revogado). (Revogado pela Lei nº torpecentes e drogas afins, terrorismo e nos defi-
12.403, de 2011). nidos como crimes hediondos; (Redação dada
§ 3o (Revogado). (Revogado pela Lei nº pela Lei nº 12.403, de 2011).
12.403, de 2011). III - nos crimes cometidos por grupos arma-
o
§ 4 A fiança será aplicada de acordo com as dos, civis ou militares, contra a ordem constitucio-
disposições do Capítulo VI deste Título, podendo nal e o Estado Democrático; (Redação dada pela
ser cumulada com outras medidas cautelares. Lei nº 12.403, de 2011).
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). IV - (revogado; (Revogado pela Lei nº 12.403,
de 2011).

74
V - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, § 2o (Revogado): (Revogado pela Lei nº
de 2011). 12.403, de 2011).
Art. 324. Não será, igualmente, concedida I - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403,
fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de de 2011).
2011). II - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403,
I - aos que, no mesmo processo, tiverem de 2011).
quebrado fiança anteriormente concedida ou in- III - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403,
fringido, sem motivo justo, qualquer das obriga- de 2011).
ções a que se referem os arts. 327 e 328 deste
Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de Art. 326. Para determinar o valor da fiança,
2011). a autoridade terá em consideração a natureza da
infração, as condições pessoais de fortuna e vida
II - em caso de prisão civil ou militar; (Reda- pregressa do acusado, as circunstâncias indicati-
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011). vas de sua periculosidade, bem como a importân-
III - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403, cia provável das custas do processo, até final jul-
de 2011). gamento.
IV - quando presentes os motivos que autori- Art. 327. A fiança tomada por termo obriga-
zam a decretação da prisão preventiva (art. 312). rá o afiançado a comparecer perante a autoridade,
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). todas as vezes que for intimado para atos do in-
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela quérito e da instrução criminal e para o julgamen-
autoridade que a conceder nos seguintes limites: to. Quando o réu não comparecer, a fiança será
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). havida como quebrada.

a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob
12.403, de 2011). Vitória Ferreira pena
Da Silva
de quebramento da fiança, mudar de resi-
dência, sem prévia permissão da autoridade pro-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº
cessante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias
12.403, de 2011).
de sua residência, sem comunicar àquela autori-
c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº dade o lugar onde será encontrado.
12.403, de 2011).
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, de polícia, haverá um livro especial, com termos
quando se tratar de infração cuja pena privativa de de abertura e de encerramento, numerado e rubri-
liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 cado em todas as suas folhas pela autoridade,
(quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de destinado especialmente aos termos de fiança. O
2011). termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mí- autoridade e por quem prestar a fiança, e dele
nimos, quando o máximo da pena privativa de extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos.
liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. Parágrafo único. O réu e quem prestar a fi-
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). ança serão pelo escrivão notificados das obriga-
§ 1o Se assim recomendar a situação eco- ções e da sanção previstas nos arts. 327 e 328, o
nômica do preso, a fiança poderá ser: (Redação que constará dos autos.
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 330. A fiança, que será sempre definiti-
I - dispensada, na forma do art. 350 deste va, consistirá em depósito de dinheiro, pedras,
Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pú-
2011). blica, federal, estadual ou municipal, ou em hipo-
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois ter- teca inscrita em primeiro lugar.
ços); ou (Redação dada pela Lei nº 12.403, de § 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, ob-
2011). jetos ou metais preciosos será feita imediatamente
III - aumentada em até 1.000 (mil) ve- por perito nomeado pela autoridade.
zes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

75
§ 2o Quando a fiança consistir em caução de restituído sem desconto, salvo o disposto no pa-
títulos da dívida pública, o valor será determinado rágrafo único do art. 336 deste Código. (Redação
pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
Art. 338. A fiança que se reconheça não
Art. 331. O valor em que consistir a fiança ser cabível na espécie será cassada em qualquer
será recolhido à repartição arrecadadora federal fase do processo.
ou estadual, ou entregue ao depositário público,
Art. 339. Será também cassada a fiança
juntando-se aos autos os respectivos conhecimen-
tos. quando reconhecida a existência de delito inafian-
çável, no caso de inovação na classificação do
Parágrafo único. Nos lugares em que o de- delito.
pósito não se puder fazer de pronto, o valor será
entregue ao escrivão ou pessoa abonada, a crité- Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
rio da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á I - quando a autoridade tomar, por engano, fi-
ao valor o destino que Ihe assina este artigo, o ança insuficiente;
que tudo constará do termo de fiança.
II - quando houver depreciação material ou
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, perecimento dos bens hipotecados ou cauciona-
será competente para conceder a fiança a autori- dos, ou depreciação dos metais ou pedras precio-
dade que presidir ao respectivo auto, e, em caso sas;
de prisão por mandado, o juiz que o houver expe- III - quando for inovada a classificação do de-
dido, ou a autoridade judiciária ou policial a quem lito.
tiver sido requisitada a prisão.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que o réu será recolhido à prisão, quando, na confor-
será concedida independentemente de audiência midade deste artigo, não for reforçada.
Vitória
do Ministério Público, este terá vista do Ferreira
processo Da Silva
a fim de requerer o que julgar conveniente. Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
quando o acusado: (Redação dada pela Lei nº
Art. 334. A fiança poderá ser prestada en- 12.403, de 2011).
quanto não transitar em julgado a sentença con-
I - regularmente intimado para ato do proces-
denatória. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
so, deixar de comparecer, sem motivo justo; (In-
2011).
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 335. Recusando ou retardando a auto- II - deliberadamente praticar ato de obstrução
ridade policial a concessão da fiança, o preso, ou ao andamento do processo; (Incluído pela Lei nº
alguém por ele, poderá prestá-la, mediante sim- 12.403, de 2011).
ples petição, perante o juiz competente, que deci-
dirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada III - descumprir medida cautelar imposta cu-
pela Lei nº 12.403, de 2011). mulativamente com a fiança; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como
IV - resistir injustificadamente a ordem judici-
fiança servirão ao pagamento das custas, da in-
al; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
denização do dano, da prestação pecuniária e da
multa, se o réu for condenado. (Redação dada V - praticar nova infração penal dolosa. (Inclu-
pela Lei nº 12.403, de 2011). ído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplica- Art. 342. Se vier a ser reformado o julga-
ção ainda no caso da prescrição depois da sen- mento em que se declarou quebrada a fiança,
tença condenatória (art. 110 do Código Penal). esta subsistirá em todos os seus efeitos
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 343. O quebramento injustificado da fi-
Art. 337. Se a fiança for declarada sem ança importará na perda de metade do seu valor,
efeito ou passar em julgado sentença que houver cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de ou-
absolvido o acusado ou declarada extinta a ação tras medidas cautelares ou, se for o caso, a decre-
penal, o valor que a constituir, atualizado, será

76
tação da prisão preventiva. (Redação dada pela Art. 513. Os crimes de responsabilidade
Lei nº 12.403, de 2011). dos funcionários públicos, cujo processo e julga-
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totali- mento competirão aos juízes de direito, a queixa
dade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado ou a denúncia será instruída com documentos ou
não se apresentar para o início do cumprimento justificação que façam presumir a existência do
da pena definitivamente imposta. (Redação dada delito ou com declaração fundamentada da im-
pela Lei nº 12.403, de 2011). possibilidade de apresentação de qualquer dessas
provas.
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu
STJ: Súmula 330 - É desnecessária a resposta preliminar
valor, deduzidas as custas e mais encargos a que de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal,
o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fun- na ação penal instruída por inquérito policial.
do penitenciário, na forma da lei. (Redação dada
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a
pela Lei nº 12.403, de 2011).
denúncia ou queixa em devida forma, o juiz man-
Art. 346. No caso de quebramento de fian- dará autuá-la e ordenará a notificação do acusa-
ça, feitas as deduções previstas no art. 345 deste do, para responder por escrito, dentro do prazo de
Código, o valor restante será recolhido ao fundo quinze dias.
penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Súmula nº 330, STJ: “É desnecessária a resposta preli-
Lei nº 12.403, de 2011). minar de que trata o artigo 514 do Código de Processo
Penal, na ação penal instruída por inquérito policial. ”
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. #CUIDADO: O STF entende de forma contrária ao STJ: “É
345, o saldo será entregue a quem houver presta- indispensável a defesa prévia nas hipóteses do art. 514
do Código de Processo Penal, mesmo quando a denúncia
do a fiança, depois de deduzidos os encargos a é lastreada em inquérito policial” (HC 110361; HC
que o réu estiver obrigado. 110361).

Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver Parágrafo único. Se não for conhecida a re-
sido prestada por meio de hipoteca, Vitória Ferreira sidência
a execução Da Silva do acusado, ou este se achar fora da
jurisdição
será promovida no juízovitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
cível pelo órgão do Minis- do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a
tério Público. quem caberá apresentar a resposta preliminar.
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, Art. 515. No caso previsto no artigo anteri-
objetos ou metais preciosos, o juiz determinará a or, durante o prazo concedido para a resposta, os
venda por leiloeiro ou corretor. autos permanecerão em cartório, onde poderão
ser examinados pelo acusado ou por seu defen-
Art. 350. Nos casos em que couber fiança,
sor.
o juiz, verificando a situação econômica do preso,
poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujei- Parágrafo único. A resposta poderá ser ins-
tando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e truída com documentos e justificações.
328 deste Código e a outras medidas cautelares, Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou de-
se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 12.403, núncia, em despacho fundamentado, se conven-
de 2011). cido, pela resposta do acusado ou do seu defen-
Parágrafo único. Se o beneficiado descum- sor, da inexistência do crime ou da improcedência
prir, sem motivo justo, qualquer das obrigações ou da ação.
medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no §
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa,
4o do art. 282 deste Código. (Redação dada pela
será o acusado citado, na forma estabelecida
Lei nº 12.403, de 2011).
no Capítulo I do Título X do Livro I.
Art. 518. Na instrução criminal e nos de-
CAPÍTULO II mais termos do processo, observar-se-á o dispos-
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO to nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.
DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE
DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
CAPÍTULO X
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO

77
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre Art. 652. Se o habeas corpus for concedi-
que alguém sofrer ou se achar na iminência de do em virtude de nulidade do processo, este será
sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade renovado.
de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: em virtude de habeas corpus, será condenada
I - quando não houver justa causa; nas custas a autoridade que, por má-fé ou eviden-
te abuso de poder, tiver determinado a coação.
II - quando alguém estiver preso por mais
tempo do que determina a lei; Parágrafo único. Neste caso, será remetida
ao Ministério Público cópia das peças necessárias
III - quando quem ordenar a coação não tiver para ser promovida a responsabilidade da autori-
competência para fazê-lo; dade.
IV - quando houver cessado o motivo que au- Art. 654. O habeas corpus poderá ser im-
torizou a coação;
petrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de
V - quando não for alguém admitido a prestar outrem, bem como pelo Ministério Público.
fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
VI - quando o processo for manifestamente
a) o nome da pessoa que sofre ou está ame-
nulo;
açada de sofrer violência ou coação e o de quem
VII - quando extinta a punibilidade. exercer a violência, coação ou ameaça;
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos li- b) a declaração da espécie de constrangimen-
mites da sua jurisdição, fará passar imediatamen- to ou, em caso de simples ameaça de coação, as
te a ordem impetrada, nos casos em que tenha razões em que funda o seu temor;
cabimento, seja qual for a autoridade coatora. c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a
Vitória Ferreira
seu
Da Silva
rogo, quando não souber ou não puder escre-
Art. 650. Competirá conhecer, originaria-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ver, e a designação das respectivas residências.
mente, do pedido de habeas corpus:
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos § 2o Os juízes e os tribunais têm competência
previstos no Art. 101, I, g, da Constituição; para expedir de ofício ordem de habeas corpus,
quando no curso de processo verificarem que al-
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os guém sofre ou está na iminência de sofrer coação
atos de violência ou coação forem atribuídos aos ilegal.
governadores ou interventores dos Estados ou
Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a Art. 655. O carcereiro ou o diretor da pri-
seus secretários, ou aos chefes de Polícia. são, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade
judiciária ou policial que embaraçar ou procrasti-
§ 1o A competência do juiz cessará sempre
nar a expedição de ordem de habeas corpus, as
que a violência ou coação provier de autoridade
informações sobre a causa da prisão, a condução
judiciária de igual ou superior jurisdição.
e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a pri- multado na quantia de duzentos mil-réis a um con-
são administrativa, atual ou iminente, dos respon- to de réis, sem prejuízo das penas em que incor-
sáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazen- rer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal
da Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu que julgar o habeas corpus, salvo quando se
recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido tratar de autoridade judiciária, caso em que cabe-
for acompanhado de prova de quitação ou de de- rá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de
pósito do alcance verificado, ou se a prisão exce- Apelação impor as multas.
der o prazo legal.
Art. 656. Recebida a petição de habeas
Art. 651. A concessão do habeas corpus corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver pre-
não obstará, nem porá termo ao processo, desde so o paciente, mandará que este Ihe seja imedia-
que este não esteja em conflito com os fundamen- tamente apresentado em dia e hora que designar.
tos daquela.
Parágrafo único. Em caso de desobediência,
será expedido mandado de prisão contra o deten-

78
tor, que será processado na forma da lei, e o juiz formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo
providenciará para que o paciente seja tirado da único, in fine, ou por via postal.
prisão e apresentado em juízo.
Art. 661. Em caso de competência originá-
Art. 657. Se o paciente estiver preso, ne- ria do Tribunal de Apelação, a petição de habeas
nhum motivo escusará a sua apresentação, salvo: corpus será apresentada ao secretário, que a
I - grave enfermidade do paciente; enviará imediatamente ao presidente do tribunal,
ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a reunida, ou primeiro tiver de reunir-se.
quem se atribui a detenção;
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos
III - se o comparecimento não tiver sido de-
do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário, re-
terminado pelo juiz ou pelo tribunal.
quisitará da autoridade indicada como coatora
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em informações por escrito. Faltando, porém, qual-
que o paciente se encontrar, se este não puder quer daqueles requisitos, o presidente mandará
ser apresentado por motivo de doença. preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a peti-
ção.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de
quem o paciente estiver preso. Art. 663. As diligências do artigo anterior
não serão ordenadas, se o presidente entender
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que
que o habeas corpus deva ser indeferido in limi-
já cessou a violência ou coação ilegal, julgará pre-
ne. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câ-
judicado o pedido.
mara ou turma, para que delibere a respeito.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e inter-
Art. 664. Recebidas as informações, ou
rogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentada-
dispensadas, o habeas corpus será julgado na
mente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
Vitória Ferreira primeira
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente,
Da Silvasessão, podendo, entretanto, adiar-se o
julgamento para a sessão seguinte.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
será logo posto em liberdade, salvo se por outro
Parágrafo único. A decisão será tomada por
motivo dever ser mantido na prisão.
maioria de votos. Havendo empate, se o presiden-
§ 2o Se os documentos que instruírem a peti- te não tiver tomado parte na votação, proferirá
ção evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá
ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o a decisão mais favorável ao paciente.
constrangimento.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a
§ 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ordem que, assinada pelo presidente do tribunal,
ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou tele-
arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada grama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade
perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimen-
os respectivos autos, para serem anexados aos to.
do inquérito policial ou aos do processo judicial.
Parágrafo único. A ordem transmitida por te-
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for con- legrama obedecerá ao disposto no art. 289, pará-
cedida para evitar ameaça de violência ou coação grafo único, in fine.
ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assina-
do pelo juiz. Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de
Apelação estabelecerão as normas complementa-
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da deci-
res para o processo e julgamento do pedido
são à autoridade que tiver ordenado a prisão ou
de habeas corpus de sua competência originária.
tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-
se aos autos do processo. Art. 667. No processo e julgamento
o
§ 6 Quando o paciente estiver preso em lu- do habeas corpus de competência originária do
gar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal Supremo Tribunal Federal, bem como nos de re-
que conceder a ordem, o alvará de soltura será curso das decisões de última ou única instância,
expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as denegatórias de habeas corpus, observar-se-á,
no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos

79
anteriores, devendo o regimento interno do tribu- I - quando imprescindível para as investiga-
nal estabelecer as regras complementares. ções do inquérito policial;
Súmula nº 208, STF: “O assistente do Ministério Público II - quando o indicado não tiver residência fixa
não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão con- ou não fornecer elementos necessários ao escla-
cessiva de habeas corpus. ”
recimento de sua identidade;
Súmula nº 299, STF: “O recurso ordinário e o extraordi-
nário interpostos no mesmo processo de mandado de se- III - quando houver fundadas razões, de acor-
gurança, ou de habeas corpus, serão julgados conjunta- do com qualquer prova admitida na legislação
mente pelo Tribunal Pleno. ”
penal, de autoria ou participação do indiciado nos
Súmula nº 319, STF: “O prazo do recurso ordinário para seguintes crimes:
o Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus ou man-
dado de segurança, é de cinco dias. ” a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu §
STF: Súmula 344 - Sentença de primeira instância con- 2°);
cessiva de habeas corpus, em caso de crime praticado
em detrimento de bens, serviços ou interesses da união, b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, ca-
está sujeita a recurso "ex officio". 120 ID: É proibido o put, e seus §§ 1° e 2°);
compartilhamento desse material, ainda que sem fins lu-
crativos. Registramos “CPF, e-mail e Internet Protocol c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e
(IP)” do comprador em nosso site e nos arquivos PDF. 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e
2°);
STF: Súmula 395 - Não se conhece de recurso de habe-
as corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das cus- e) extorsão mediante sequestro (art. 159, ca-
tas, por não estar mais em causa a liberdade de locomo-
ção.
put, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
Súmula nº 431, STF: “É nulo o julgamento de recurso f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação
criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide
publicação da pauta, salvo em habeas corpus. ” Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
STF: Súmula 606 - Não cabe habeas corpus Vitória
originárioFerreira Da Silva
para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plená- g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput,
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
rio, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. e sua combinação com o art. 223, caput, e pará-
STF: Súmula 691 - Não compete ao Supremo Tribunal grafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra de-
cisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tri-
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação
bunal Superior, indefere a liminar. com o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide
STF: Súmula 692 - Não se conhece de habeas corpus
Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
contra omissão de relator de extradição, se fundado em i) epidemia com resultado de morte (art. 267,
fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos
autos, nem foi ele provocado a respeito. § 1°);
STF: Súmula 693 - Não cabe habeas corpus contra deci- j) envenenamento de água potável ou subs-
são condenatória a pena de multa, ou relativo a processo tância alimentícia ou medicinal qualificado pela
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja
morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
a única cominada.
STF: Súmula 694 - Não cabe habeas corpus contra a im- l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Có-
posição da pena de exclusão de militar ou de perda de digo Penal;
patente ou de função pública.
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889,
STF: Súmula 695 - Não cabe habeas corpus quando já
extinta a pena privativa de liberdade. de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua
formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368,
de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n°
7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
(Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)
Art. 2° A prisão temporária será decretada
Art. 1° Caberá prisão temporária: pelo Juiz, em face da representação da autoridade

80
policial ou de requerimento do Ministério Público, Art. 3° Os presos temporários deverão per-
e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por manecer, obrigatoriamente, separados dos de-
igual período em caso de extrema e comprovada mais detentos.
necessidade.
Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de de-
§ 1° Na hipótese de representação da autori-
zembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a
dade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o
seguinte redação:
Ministério Público.
"Art. 4°
§ 2° O despacho que decretar a prisão tempo-
..............................................................
rária deverá ser fundamentado e prolatado dentro
do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a i) prolongar a execução de prisão temporária,
partir do recebimento da representação ou do re- de pena ou de medida de segurança, deixando de
querimento. expedir em tempo oportuno ou de cumprir imedia-
tamente ordem de liberdade;"
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requeri-
mento do Ministério Público e do Advogado, de- Art. 5° Em todas as comarcas e seções judi-
terminar que o preso lhe seja apresentado, solici- ciárias haverá um plantão permanente de vinte e
tar informações e esclarecimentos da autoridade quatro horas do Poder Judiciário e do Ministério
policial e submetê-lo a exame de corpo de delito. Público para apreciação dos pedidos de prisão
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir- temporária.
se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de
quais será entregue ao indiciado e servirá como sua publicação.
nota de culpa.
Art. 7° Revogam-se as disposições em con-
§ 4º-A O mandado de prisão conterá neces-
trário.
sariamente o período de duração da prisão tempo-
Vitória
rária estabelecido no caput deste artigo, bemFerreira
co- DaBrasília,
Silva 21 de dezembro de 1989; 168° da
mo o dia em que o preso deverá ser libertado. Independência e 101° da República.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
(Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
§ 5° A prisão somente poderá ser executada JOSÉ SARNEY
depois da expedição de mandado judicial. J. Saulo Ramos
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 22.12.1989
informará o preso dos direitos previstos no art. 5°
da Constituição Federal.
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de de-
tenção, o preso deverá ser posto imediatamente
em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua
prisão preventiva.
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado O Processo Penal em nosso país en-
de prisão, a autoridade responsável pela custódia
contra-se resguardado e norteado não apenas
deverá, independentemente de nova ordem da
autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em por princípios infraconstitucionais, mas tam-
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da bém por preceitos fundamentais com previsão
prorrogação da prisão temporária ou da decreta- constitucional, mediante princípios essenciais
ção da prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº da política processual penal adotada pelo or-
13.869. de 2019)
denamento jurídico.
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do man-
dado de prisão no cômputo do prazo de prisão A seguir, os mais importantes princí-
temporária. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de pios constitucionais que guardam relação ao
2019)
Direito Processual Penal.

Igualdade (ou Paridade de Armas)

81
Decorre do caput do artigo 5° da Cons- tre as quais o contraditório, a plenitude do
tituição Federal de 1988 a determinação de direito de defesa, a busca da verdade real, do
que "todos são iguais perante a lei, sem dis- in dubio pro reu, sendo estes corolários do
tinção de qualquer natureza". Dessa forma, as princípio do devido processo legal. Assim, é
partes devem ser igualmente oportunizadas por meio do processo que a parte pode, legal
em juízo de fazer valer suas indagações, e e legitimamente, obter o deferimento de sua
serem tratadas igualitariamente, na medida de pretensão, de seu direito garantido. A ativida-
suas igualdades, e desigualmente, na propor- de jurisdicional do Juiz, no intuito de ofertar ao
ção de suas desigualdades. Consagra-se o caso a solução mais justa, é exercida tendo
Princípio da Igualdade de direitos. como palco o processo, onde, equilibrada-
mente, as partes têm garantia ativa - na me-
Legalidade dida em que, utilizando-o, pode reparar ilega-
Pedra basilar do Estado de Direito e lidades - e passiva - porque impede a justiça
igualmente vital ao Estado Democrático de pelas próprias mãos e possibilita a plenitude
Direito, o princípio da legalidade está expres- de defesa contra a pretensão punitiva do Es-
samente previsto no artigo 5°, inciso II, da tado, desautorizado que está de impor restri-
Constituição Federal de 1988, onde se asse- ções à liberdade do indivíduo sem o devido
gura que "ninguém será obrigado a fazer ou processo legal.
deixar de fazer alguma coisa senão em virtu- Contraditório
de de lei". Trata-se da sujeição de toda ativi-
dade à lei democrática, expressão da vontade A Carta Política de 1988 consagrou em
Vitória Ferreira Da Silva
do povo, que atende aos princípios da igual- seu artigo 5°, inciso LV, que "aos litigantes,
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dade e da justiça no intuito de igualar materi- em processo judicial ou administrativo, e aos
almente os desiguais. acusados em geral são assegurados o con-
traditório e ampla defesa, com os meios e re-
O princípio da legalidade é, por essên- cursos a ela inerentes". No Processo Penal,
cia, um limite constitucional ao poder arbitrário diferente do que ocorre no âmbito civil, o efe-
do Estado, pois prevê que apenas por meio tivo contraponto à acusação é indispensável
de espécies normativas elaboradas com o para o atingimento dos objetivos da jurisdição,
devido rigor técnico – igualmente previsto nos que só é possível com a absoluta paridade de
dispositivos da Lei Maior – é que o Poder Pú- armas conferida às partes. O réu, pelo princí-
blico poderá criar obrigações para o indivíduo. pio do contraditório, tem o direito de conhecer
Com a prioridade da lei, cessa o privilégio da a acusação a ele imputada e de contrariá-la,
vontade caprichosa do detentor do poder. evitando que venha a ser condenado sem ser
Destarte, no princípio da legalidade, mais do ouvido.
que um direito, tem-se uma garantia constitu-
cional que impede a interveniência estatal Ampla Defesa
senão por meio de lei.
O Estado tem o dever de proporcionar
Devido Processo Legal a todo acusado condições para o pleno exer-
cício de seu direito de defesa, possibilitando-o
O processo é o instrumento pelo qual a trazer ao processo os elementos que julgar
prestação jurisdicional é exercida pelo Esta- necessários ao esclarecimento da verdade. O
do-Juiz seguindo os imperativos da ordem princípio constitucional da ampla defesa está
jurídica que envolve diversas garantias, den- expressamente previsto no artigo 5°, inciso

82
LV, da Constituição Federal: “LV - aos litigan- "todos os julgamentos dos órgãos do
tes, em processo judicial ou administrativo, e Poder Judiciário são públicos, e fundamenta-
aos acusados em geral são assegurados o das todas as decisões, sob pena de nulidade,
contraditório e ampla defesa, com os meios e podendo a lei, se o interesse público o exigir,
recursos a ela inerentes”. limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou so-
NEMU TENETUR SE DETEGERE mente a estes" (artigo 93, inciso IX) e que "to-
Direito ao Silêncio (autodefesa negati- dos têm direito a receber dos órgãos públicos
va): O direito a não se autoincriminar foi con- informações de seu interesse particular, ou de
cebido, num primeiro momento, a partir da interesse coletivo ou geral, que serão presta-
interpretação sistemática de consagradas ga- das no prazo da lei, sob pena de responsabi-
rantias constitucionais, notadamente, os prin- lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
cípios da ampla defesa, da presunção de ino- imprescindível à segurança da sociedade e do
cência e, como não poderia deixar de ser, do Estado" (artigo 5°, inciso XXXIII).
devido processo legal. Concluiuse, portanto, Verdade Real
que ninguém seria obrigado a se autoincrimi-
nar, não podendo o acusado ou suspeito ser A atual abordagem do processo não
coagido a produzir prova contra si mesmo. mais admite o órgão jurisdicional agindo como
se fosse mero expectador da demanda judici-
Juiz Natural (ou juiz constitucional) al, reconhecida a autonomia do juiz a quem
Trata-se de princípio queVitória
garanteFerreira
ao cumpre, em especial no processo criminal,
Da Silva
cidadão o direito de não ser subtraído de seu exercer o jus puniendi estatal somente contra
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Juiz Constitucional ou Natural, entendido co- aquele que efetivamente praticou a infração
mo aquele pré-constituído por lei para exercer penal, nos limites de sua culpa.
validamente a função jurisdicional, de forma Para tanto, o Processo Penal não deve
absolutamente imparcial. Com efeito, o exer- encontrar limites na forma ou na iniciativa das
cício legítimo e legal da jurisdição pressupõe partes, sendo necessária a busca e o desco-
que, no caso concreto, o magistrado o faça brimento da verdade real, material, ou seja,
não só com imparcialidade subjetiva (dimana- cumpre ao Juiz averiguar além dos limites
da de sua relação com qualquer das partes), artificiais da verdade formal, com o intuito cla-
mas também com a chamada imparcialidade ro e determinado de valer fazer a função puni-
objetiva, que deriva não da relação do juiz tiva em face daquele que realmente tenha
com as partes, e sim de sua relação com os cometido um ilícito penal.
fatos da causa cuja apreciação lhe é submeti-
da.

Publicidade

Determina a Constituição Federal que


"a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimi-
dade ou o interesse social o exigirem" (artigo
5°, inciso LX).

Estabelece ainda que

83
Vitória Ferreira Da Silva
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84
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independen-
temente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o di-
reito a indenização pelo dano material ou moral de-
TÍTULO II corrente de sua violação;
DOS DIREITOS E XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
GARANTIAS FUNDAMENTAIS guém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
CAPÍTULO I desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105,
DOS DIREITOS E DEVERES de 2015) (Vigência)
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das co-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem municações telefônicas, salvo, no último caso, por
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a estabelecer para fins de investigação criminal ou
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual- instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de
dade, à segurança e à propriedade, nos termos se- 1996)
guintes:
Vitória Ferreira
Da Silva
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho,
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I - homens e mulheres são iguais em direitos e ofício ou profissão, atendidas as qualificações pro-
obrigações, nos termos desta Constituição; fissionais que a lei estabelecer;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de XIV - é assegurado a todos o acesso à infor-
fazer alguma coisa senão em virtude de lei; mação e resguardado o sigilo da fonte, quando ne-
III - ninguém será submetido a tortura nem a cessário ao exercício profissional;
tratamento desumano ou degradante; XV - é livre a locomoção no território nacional
IV - é livre a manifestação do pensamento, em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
sendo vedado o anonimato; termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens;
V - é assegurado o direito de resposta, propor-
cional ao agravo, além da indenização por dano XVI - todos podem reunir-se pacificamente,
material, moral ou à imagem; sem armas, em locais abertos ao público, indepen-
dentemente de autorização, desde que não frus-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e trem outra reunião anteriormente convocada para o
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a pro- autoridade competente;
teção aos locais de culto e a suas liturgias;
XVII - é plena a liberdade de associação para
VII - é assegurada, nos termos da lei, a presta- fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
ção de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva; XVIII - a criação de associações e, na forma da
lei, a de cooperativas independem de autorização,
VIII - ninguém será privado de direitos por mo- sendo vedada a interferência estatal em seu funci-
tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica onamento;
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

85
XIX - as associações só poderão ser compul- XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros si-
soriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus- tuados no País será regulada pela lei brasileira em
pensas por decisão judicial, exigindo-se, no pri- benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
meiro caso, o trânsito em julgado; pre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
XX - ninguém poderá ser compelido a asso- do "de cujus";
ciar-se ou a permanecer associado; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
XXI - as entidades associativas, quando ex- defesa do consumidor;
pressamente autorizadas, têm legitimidade para re- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
presentar seus filiados judicial ou extrajudicial- públicos informações de seu interesse particular,
mente; ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
XXII - é garantido o direito de propriedade; das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
XXIII - a propriedade atenderá a sua função à segurança da sociedade e do Estado; (Regula-
social; mento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para XXXIV - são a todos assegurados, indepen-
desapropriação por necessidade ou utilidade pú- dentemente do pagamento de taxas:
blica, ou por interesse social, mediante justa e pré-
via indenização em dinheiro, ressalvados os casos a) o direito de petição aos Poderes Públicos
previstos nesta Constituição; em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
XXV - no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade b) a obtenção de certidões em repartições pú-
particular, assegurada ao proprietário indenização blicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
ulterior, se houver dano; situações de interesse pessoal;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim de- XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Po-
Vitória Ferreira
der
Da Silvalesão ou ameaça a direito;
Judiciário
finida em lei, desde que trabalhada pela família,
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não será objeto de penhora para pagamento de dé- XXXVI - a lei não prejudicará o direito adqui-
bitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- rido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu de- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exce-
senvolvimento; ção;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri,
de utilização, publicação ou reprodução de suas com a organização que lhe der a lei, assegurados:
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
a lei fixar; a) a plenitude de defesa;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: b) o sigilo das votações;
a) a proteção às participações individuais em c) a soberania dos veredictos;
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz d) a competência para o julgamento dos crimes
humanas, inclusive nas atividades desportivas; dolosos contra a vida;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento XXXIX - não há crime sem lei anterior que o
econômico das obras que criarem ou de que parti- defina, nem pena sem prévia cominação legal;
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respec-
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para be-
tivas representações sindicais e associativas;
neficiar o réu;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inven-
XLI - a lei punirá qualquer discriminação aten-
tos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
tatória dos direitos e liberdades fundamentais;
ção, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas XLII - a prática do racismo constitui crime ina-
e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte- fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclu-
resse social e o desenvolvimento tecnológico e são, nos termos da lei;
econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;

86
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e LIII - ninguém será processado nem sentenci-
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor- ado senão pela autoridade competente;
tura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
afins, o terrorismo e os definidos como crimes he- seus bens sem o devido processo legal;
diondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omiti- LV - aos litigantes, em processo judicial ou ad-
rem; (Regulamento) ministrativo, e aos acusados em geral são assegu-
rados o contraditório e ampla defesa, com os meios
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri- e recursos a ela inerentes;
tível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrá- LVI - são inadmissíveis, no processo, as pro-
tico; vas obtidas por meios ilícitos;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do LVII - ninguém será considerado culpado até o
condenado, podendo a obrigação de reparar o trânsito em julgado de sentença penal condenató-
dano e a decretação do perdimento de bens ser, ria;
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e LVIII - o civilmente identificado não será sub-
contra eles executadas, até o limite do valor do pa- metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
trimônio transferido; previstas em lei; (Regulamento)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena LIX - será admitida ação privada nos crimes de
e adotará, entre outras, as seguintes: ação pública, se esta não for intentada no prazo le-
a) privação ou restrição da liberdade; gal;
b) perda de bens; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou
c) multa; o interesse social o exigirem;
d) prestação social alternativa;
Vitória Ferreira DaLXISilva
- ninguém será preso senão em flagrante
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e) suspensão ou interdição de direitos; delito ou por ordem escrita e fundamentada de au-
XLVII - não haverá penas: toridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar,
a) de morte, salvo em caso de guerra decla- definidos em lei;
rada, nos termos do art. 84, XIX;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local
b) de caráter perpétuo; onde se encontre serão comunicados imediata-
c) de trabalhos forçados; mente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;
d) de banimento;
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
e) cruéis;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
XLVIII - a pena será cumprida em estabeleci- assegurada a assistência da família e de advo-
mentos distintos, de acordo com a natureza do de- gado;
lito, a idade e o sexo do apenado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à responsáveis por sua prisão ou por seu interroga-
integridade física e moral; tório policial;
L - às presidiárias serão asseguradas condi- LXV - a prisão ilegal será imediatamente rela-
ções para que possam permanecer com seus filhos xada pela autoridade judiciária;
durante o período de amamentação;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
naturalizado, em caso de crime comum, praticado com ou sem fiança;
antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
afins, na forma da lei;
inescusável de obrigação alimentícia e a do depo-
LII - não será concedida extradição de estran- sitário infiel;
geiro por crime político ou de opinião;

87
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre b) a certidão de óbito;
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer LXXVII - são gratuitas as ações de habeas cor-
violência ou coação em sua liberdade de locomo- pus e habeas data, e, na forma da lei, os atos ne-
ção, por ilegalidade ou abuso de poder; cessários ao exercício da cidadania.(Regulamento)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e adminis-
para proteger direito líquido e certo, não amparado trativo, são assegurados a razoável duração do
por habeas corpus ou habeas data, quando o res- processo e os meios que garantam a celeridade de
ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for au- sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucio-
toridade pública ou agente de pessoa jurídica no nal nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
exercício de atribuições do Poder Público;
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o di-
LXX - o mandado de segurança coletivo pode reito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos
ser impetrado por: meios digitais. (Incluído pela Emenda Constitucio-
a) partido político com representação no Con- nal nº 115, de 2022)
gresso Nacional; § 1º As normas definidoras dos direitos e ga-
b) organização sindical, entidade de classe ou rantias fundamentais têm aplicação imediata.
associação legalmente constituída e em funciona- § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte- Constituição não excluem outros decorrentes do re-
resses de seus membros ou associados; gime e dos princípios por ela adotados, ou dos tra-
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção tados internacionais em que a República Federa-
sempre que a falta de norma regulamentadora tiva do Brasil seja parte.
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades § 3º Os tratados e convenções internacionais
constitucionais e das prerrogativas inerentes à na- sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cionalidade, à soberania e à cidadania; cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
LXXII - conceder-se-á habeas data:
Vitória Ferreira Da Silva
por três quintos dos votos dos respectivos mem-
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bros, serão equivalentes às emendas constitucio-
a) para assegurar o conhecimento de informa-
ções relativas à pessoa do impetrante, constantes nais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de registros ou bancos de dados de entidades go- de 2004) (Atos aprovados na forma deste pará-
vernamentais ou de caráter público; grafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009,
DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018) (Vide
b) para a retificação de dados, quando não se ADIN 3392)
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou ad-
ministrativo; § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribu-
nal Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para festado adesão. (Incluído pela Emenda Constituci-
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao onal nº 45, de 2004)
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio am-
biente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o CAPÍTULO II
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas ju- DOS DIREITOS SOCIAIS
diciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica Art. 6º São direitos sociais a educação, a sa-
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên- úde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o trans-
cia de recursos; porte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
LXXV - o Estado indenizará o condenado por proteção à maternidade e à infância, a assistência
erro judiciário, assim como o que ficar preso além aos desamparados, na forma desta Constituição.
do tempo fixado na sentença; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90,
LXXVI - são gratuitos para os reconhecida- de 2015)
mente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, Parágrafo único. Todo brasileiro em situação
de 1989) de vulnerabilidade social terá direito a uma renda
a) o registro civil de nascimento; básica familiar, garantida pelo poder público em

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programa permanente de transferência de renda, da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva
cujas normas e requisitos de acesso serão determi- de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
nados em lei, observada a legislação fiscal e orça- XIV - jornada de seis horas para o trabalho re-
mentária (Incluído pela Emenda Constitucional alizado em turnos ininterruptos de revezamento,
nº 114, de 2021) salvo negociação coletiva;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urba- XV - repouso semanal remunerado, preferen-
nos e rurais, além de outros que visem à melhoria cialmente aos domingos;
de sua condição social:
XVI - remuneração do serviço extraordinário
I - relação de emprego protegida contra despe- superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do
dida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
lei complementar, que preverá indenização com-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
pensatória, dentre outros direitos;
pelo menos, um terço a mais do que o salário nor-
II - seguro-desemprego, em caso de desem- mal;
prego involuntário;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do em-
III - fundo de garantia do tempo de serviço; prego e do salário, com a duração de cento e vinte
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacional- dias;
mente unificado, capaz de atender a suas necessi- XIX - licença-paternidade, nos termos fixados
dades vitais básicas e às de sua família com mora- em lei;
dia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuá-
XX - proteção do mercado de trabalho da mu-
rio, higiene, transporte e previdência social, com re-
lher, mediante incentivos específicos, nos termos
ajustes periódicos que lhe preservem o poder aqui-
da lei;
sitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
Vitória Ferreira serviço,
Da Silvasendo no mínimo de trinta dias, nos termos
V - piso salarial proporcional à extensão e à
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complexidade do trabalho;
da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao traba-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto
lho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
em convenção ou acordo coletivo;
rança;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mí-
XXIII - adicional de remuneração para as ativi-
nimo, para os que percebem remuneração variável;
dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma
VIII - décimo terceiro salário com base na re- da lei;
muneração integral ou no valor da aposentadoria;
XXIV - aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior
XXV - assistência gratuita aos filhos e depen-
à do diurno;
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de
X - proteção do salário na forma da lei, consti- idade em creches e pré-escolas; (Redação dada
tuindo crime sua retenção dolosa; pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XI – participação nos lucros, ou resultados, XXVI - reconhecimento das convenções e
desvinculada da remuneração, e, excepcional- acordos coletivos de trabalho;
mente, participação na gestão da empresa, con-
XXVII - proteção em face da automação, na
forme definido em lei;
forma da lei;
XII - salário-família pago em razão do depen-
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
dente do trabalhador de baixa renda nos termos da
cargo do empregador, sem excluir a indenização a
lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
20, de 1998)
culpa;
XIII - duração do trabalho normal não superior
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes
a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
das relações de trabalho, com prazo prescricional
facultada a compensação de horários e a redução
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e ru-
rais, até o limite de dois anos após a extinção do

89
contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e
Constitucional nº 28, de 2000) interesses coletivos ou individuais da categoria, in-
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda clusive em questões judiciais ou administrativas;
Constitucional nº 28, de 2000) IV - a assembleia geral fixará a contribuição
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda que, em se tratando de categoria profissional, será
Constitucional nº 28, de 2000) descontada em folha, para custeio do sistema con-
federativo da representação sindical respectiva, in-
XXX - proibição de diferença de salários, de dependentemente da contribuição prevista em lei;
exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
ter-se filiado a sindicato;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
tocante a salário e critérios de admissão do traba- VI - é obrigatória a participação dos sindicatos
lhador portador de deficiência; nas negociações coletivas de trabalho;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
manual, técnico e intelectual ou entre os profissio- ser votado nas organizações sindicais;
nais respectivos; VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, peri- dicalizado a partir do registro da candidatura a
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- cargo de direção ou representação sindical e, se
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo eleito, ainda que suplente, até um ano após o final
na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; do mandato, salvo se cometer falta grave nos ter-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, mos da lei.
de 1998) Parágrafo único. As disposições deste artigo
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha- aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
dor com vínculo empregatício permanente e o tra- colônias de pescadores, atendidas as condições
Vitória Ferreira Da Silva
que a lei estabelecer.
balhador avulso.
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Parágrafo único. São assegurados à categoria Art. 9º É assegurado o direito de greve, com-
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos petindo aos trabalhadores decidir sobre a oportuni-
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, dade de exercê-lo e sobre os interesses que devam
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e por meio dele defender.
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es-
lei e observada a simplificação do cumprimento das senciais e disporá sobre o atendimento das neces-
obrigações tributárias, principais e acessórias, de- sidades inadiáveis da comunidade.
correntes da relação de trabalho e suas peculiari-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV § 2º Os abusos cometidos sujeitam os respon-
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência sáveis às penas da lei.
social. (Redação dada pela Emenda Constitucional Art. 10. É assegurada a participação dos tra-
nº 72, de 2013) balhadores e empregadores nos colegiados dos ór-
Art. 8º É livre a associação profissional ou gãos públicos em que seus interesses profissionais
sindical, observado o seguinte: ou previdenciários sejam objeto de discussão e de-
liberação.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
para a fundação de sindicato, ressalvado o registro Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a empregados, é assegurada a eleição de um repre-
interferência e a intervenção na organização sindi- sentante destes com a finalidade exclusiva de pro-
cal; mover-lhes o entendimento direto com os empre-
gadores.
II - é vedada a criação de mais de uma organi-
zação sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma CAPÍTULO IV
base territorial, que será definida pelos trabalhado-
DOS DIREITOS POLÍTICOS
res ou empregadores interessados, não podendo
ser inferior à área de um Município;

90
Art. 14. A soberania popular será exercida e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renun-
pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, ciar aos respectivos mandatos até seis meses an-
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, tes do pleito.
mediante: § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição
I - plebiscito; do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre-
II - referendo; sidente da República, de Governador de Estado ou
III - iniciativa popular. Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
I - obrigatórios para os maiores de dezoito eletivo e candidato à reeleição.
anos;
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
II - facultativos para: seguintes condições:
a) os analfabetos; I - se contar menos de dez anos de serviço,
b) os maiores de setenta anos; deverá afastar-se da atividade;
c) os maiores de dezesseis e menores de de- II - se contar mais de dez anos de serviço, será
zoito anos. agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
sará automaticamente, no ato da diplomação, para
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os
a inatividade.
estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos. § 9º Lei complementar estabelecerá outros ca-
sos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação,
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma
a fim de proteger a probidade administrativa, a mo-
da lei:
ralidade para exercício de mandato considerada
I - a nacionalidade brasileira; Vitória Ferreira vida
Da pregressa
Silva do candidato, e a normalidade e le-
gitimidade das eleições contra a influência do poder
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
econômico ou o abuso do exercício de função,
III - o alistamento eleitoral; cargo ou emprego na administração direta ou indi-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; reta. (Redação dada pela Emenda Constitucional
V - a filiação partidária; Regulamento de Revisão nº 4, de 1994)

VI - a idade mínima de: § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado


ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice- contados da diplomação, instruída a ação com pro-
Presidente da República e Senador; vas de abuso do poder econômico, corrupção ou
b) trinta anos para Governador e Vice-Gover- fraude.
nador de Estado e do Distrito Federal; § 11. A ação de impugnação de mandato tra-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, De- mitará em segredo de justiça, respondendo o autor,
putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-
e juiz de paz; fé.
d) dezoito anos para Vereador. § 12. Serão realizadas concomitantemente às
eleições municipais as consultas populares sobre
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfa-
questões locais aprovadas pelas Câmaras Munici-
betos.
pais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (no-
§ 5º O Presidente da República, os Governa- venta) dias antes da data das eleições, observados
dores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos os limites operacionais relativos ao número de que-
e quem os houver sucedido, ou substituído no sitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um 111, de 2021)
único período subsequente. (Redação dada pela
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias
Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
às questões submetidas às consultas populares
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Pre- nos termos do § 12 ocorrerão durante as campa-
sidente da República, os Governadores de Estado nhas eleitorais, sem a utilização de propaganda

91
gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o des-
Emenda Constitucional nº 111, de 2021) membramento de Municípios, far-se-ão por lei es-
tadual, dentro do período determinado por Lei
Art. 15. É vedada a cassação de direitos po-
Complementar Federal, e dependerão de consulta
líticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos ca- prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu-
sos de: nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos
I - cancelamento da naturalização por sen- de Viabilidade Municipal, apresentados e publica-
tença transitada em julgado; dos na forma da lei. (Redação dada pela Emenda
II - incapacidade civil absoluta; Constitucional nº 15, de 1996)

III - condenação criminal transitada em julgado, Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao
enquanto durarem seus efeitos; Distrito Federal e aos Municípios:
IV - recusa de cumprir obrigação a todos im- I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub-
posta ou prestação alternativa, nos termos do art. vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
5º, VIII; manter com eles ou seus representantes relações
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
V - improbidade administrativa, nos termos do
da lei, a colaboração de interesse público;
art. 37, § 4º.
II - recusar fé aos documentos públicos;
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação, não se III - criar distinções entre brasileiros ou prefe-
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data rências entre si.
de sua vigência. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 4, de 1993) CAPÍTULO II
DA UNIÃO
TÍTULO III Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que
CAPÍTULO I lhe vierem a ser atribuídos;
DA ORGANIZAÇÃO
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA das fronteiras, das fortificações e construções mili-
tares, das vias federais de comunicação e à preser-
Art. 18. A organização político-administrativa vação ambiental, definidas em lei;
da República Federativa do Brasil compreende a III - os lagos, rios e quaisquer correntes de
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
pios, todos autônomos, nos termos desta Constitui- mais de um Estado, sirvam de limites com outros
ção. países, ou se estendam a território estrangeiro ou
§ 1º Brasília é a Capital Federal. dele provenham, bem como os terrenos marginais
e as praias fluviais;
§ 2º Os Territórios Federais integram a União,
e sua criação, transformação em Estado ou reinte- IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limí-
gração ao Estado de origem serão reguladas em lei trofes com outros países; as praias marítimas; as
complementar. ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas,
as que contenham a sede de Municípios, exceto
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, aquelas áreas afetadas ao serviço público e a uni-
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem dade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46,
Federais, mediante aprovação da população dire- de 2005)
tamente interessada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei complementar. V - os recursos naturais da plataforma conti-
nental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;

92
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; X - manter o serviço postal e o correio aéreo
VIII - os potenciais de energia hidráulica; nacional;

IX - os recursos minerais, inclusive os do sub- XI - explorar, diretamente ou mediante autori-


solo; zação, concessão ou permissão, os serviços de te-
lecomunicações, nos termos da lei, que disporá so-
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sí- bre a organização dos serviços, a criação de um
tios arqueológicos e pré-históricos; órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8,
índios. de 15/08/95:)
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, XII - explorar, diretamente ou mediante autori-
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a zação, concessão ou permissão:
participação no resultado da exploração de petró- a) os serviços de radiodifusão sonora, e de
leo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda
geração de energia elétrica e de outros recursos Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
minerais no respectivo território, plataforma conti-
nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, b) os serviços e instalações de energia elétrica
ou compensação financeira por essa exploração. e o aproveitamento energético dos cursos de água,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº em articulação com os Estados onde se situam os
102, de 2019) (Produção de efeito) potenciais hidroenergéticos;

§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilôme- c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-


tros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, estrutura aeroportuária;
designada como faixa de fronteira, é considerada d) os serviços de transporte ferroviário e aqua-
fundamental para defesa do território nacional, e viário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais,
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. ou que transponham os limites de Estado ou Terri-
Vitória Ferreira tório;
Da Silva
Art. 21. Compete vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
à União:
e) os serviços de transporte rodoviário interes-
I - manter relações com Estados estrangeiros tadual e internacional de passageiros;
e participar de organizações internacionais;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
III - assegurar a defesa nacional; Ministério Público do Distrito Federal e dos Territó-
IV - permitir, nos casos previstos em lei com- rios e a Defensoria Pública dos Territórios; (Reda-
plementar, que forças estrangeiras transitem pelo ção dada pela Emenda Constitucional nº 69, de
território nacional ou nele permaneçam temporaria- 2012) (Produção de efeito)
mente; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
V - decretar o estado de sítio, o estado de de- penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili-
fesa e a intervenção federal; tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comér- cia financeira ao Distrito Federal para a execução
cio de material bélico; de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
VII - emitir moeda; 104, de 2019)
VIII - administrar as reservas cambiais do País XV - organizar e manter os serviços oficiais de
e fiscalizar as operações de natureza financeira, estatística, geografia, geologia e cartografia de âm-
especialmente as de crédito, câmbio e capitaliza- bito nacional;
ção, bem como as de seguros e de previdência pri-
vada; XVI - exercer a classificação, para efeito indi-
cativo, de diversões públicas e de programas de rá-
IX - elaborar e executar planos nacionais e re- dio e televisão;
gionais de ordenação do território e de desenvolvi-
mento econômico e social; XVII - conceder anistia;

93
XVIII - planejar e promover a defesa perma- I - direito civil, comercial, penal, processual,
nente contra as calamidades públicas, especial- eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
mente as secas e as inundações; do trabalho;
XIX - instituir sistema nacional de gerencia- II - desapropriação;
mento de recursos hídricos e definir critérios de ou- III - requisições civis e militares, em caso de
torga de direitos de seu uso; (Regulamento) iminente perigo e em tempo de guerra;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento IV - águas, energia, informática, telecomunica-
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e ções e radiodifusão;
transportes urbanos;
V - serviço postal;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o
sistema nacional de viação; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
garantias dos metais;
XXII - executar os serviços de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela VII - política de crédito, câmbio, seguros e
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) transferência de valores;
XXIII - explorar os serviços e instalações nu- VIII - comércio exterior e interestadual;
cleares de qualquer natureza e exercer monopólio IX - diretrizes da política nacional de transpor-
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento tes;
e reprocessamento, a industrialização e o comércio
X - regime dos portos, navegação lacustre, flu-
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos
vial, marítima, aérea e aeroespacial;
os seguintes princípios e condições:
XI - trânsito e transporte;
a) toda atividade nuclear em território nacional
somente será admitida para fins pacíficos e medi- XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
ante aprovação do Congresso Nacional; metalurgia;
Vitória Ferreira Da Silva
b) sob regime de permissão, são autorizadas a XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
comercialização e a utilização de radioisótopos XIV - populações indígenas;
para pesquisa e uso agrícolas e industriais; (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de XV - emigração e imigração, entrada, extradi-
2022) ção e expulsão de estrangeiros;

c) sob regime de permissão, são autorizadas a XVI - organização do sistema nacional de em-
produção, a comercialização e a utilização de ra- prego e condições para o exercício de profissões;
dioisótopos para pesquisa e uso médicos; (Re- XVII - organização judiciária, do Ministério Pú-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de blico do Distrito Federal e dos Territórios e da De-
2022) fensoria Pública dos Territórios, bem como organi-
d) a responsabilidade civil por danos nucleares zação administrativa destes; (Redação dada pela
independe da existência de culpa; (Redação dada Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção
pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) de efeito)

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico
do trabalho; e de geologia nacionais;

XXV - estabelecer as áreas e as condições XIX - sistemas de poupança, captação e ga-


para o exercício da atividade de garimpagem, em rantia da poupança popular;
forma associativa. XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tra- XXI - normas gerais de organização, efetivos,
tamento de dados pessoais, nos termos da lei. (In- material bélico, garantias, convocação, mobiliza-
cluído pela Emenda Constitucional nº 115, de ção, inatividades e pensões das polícias militares e
2022) dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 22. Compete privativamente à União le-
gislar sobre: XXII - competência da polícia federal e das po-
lícias rodoviária e ferroviária federais;

94
XXIII - seguridade social; VIII - fomentar a produção agropecuária e or-
XXIV - diretrizes e bases da educação nacio- ganizar o abastecimento alimentar;
nal; IX - promover programas de construção de mo-
XXV - registros públicos; radias e a melhoria das condições habitacionais e
de saneamento básico; (Vide ADPF 672)
XXVI - atividades nucleares de qualquer natu-
reza; X - combater as causas da pobreza e os fato-
res de marginalização, promovendo a integração
XXVII – normas gerais de licitação e contrata- social dos setores desfavorecidos;
ção, em todas as modalidades, para as administra-
ções públicas diretas, autárquicas e fundacionais XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as con-
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cessões de direitos de pesquisa e exploração de
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as em- recursos hídricos e minerais em seus territórios;
presas públicas e sociedades de economia mista, XII - estabelecer e implantar política de educa-
nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada ção para a segurança do trânsito.
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Parágrafo único. Leis complementares fixarão
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, normas para a cooperação entre a União e os Es-
defesa marítima, defesa civil e mobilização nacio- tados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em
nal; vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es-
XXIX - propaganda comercial. tar em âmbito nacional. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXX - proteção e tratamento de dados pesso-
ais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
de 2022) Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
Parágrafo único. Lei complementar poderá au- I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
Vitória espe-
torizar os Estados a legislar sobre questões Ferreira econômico
Da Silvae urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de
cíficas das matérias relacionadas neste artigo. 2019)
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 23. É competência comum da União, dos II - orçamento;
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III - juntas comerciais;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e IV - custas dos serviços forenses;
das instituições democráticas e conservar o patri- V - produção e consumo;
mônio público;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação
II - cuidar da saúde e assistência pública, da da natureza, defesa do solo e dos recursos natu-
proteção e garantia das pessoas portadoras de de- rais, proteção do meio ambiente e controle da po-
ficiência; (Vide ADPF 672) luição;
III - proteger os documentos, as obras e outros VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
bens de valor histórico, artístico e cultural, os mo- artístico, turístico e paisagístico;
numentos, as paisagens naturais notáveis e os sí-
tios arqueológicos; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambi-
ente, ao consumidor, a bens e direitos de valor ar-
IV - impedir a evasão, a destruição e a desca- tístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
racterização de obras de arte e de outros bens de
valor histórico, artístico ou cultural; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciên-
cia, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inova-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, ção; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à 85, de 2015)
inovação; (Redação dada pela Emenda Constituci-
onal nº 85, de 2015) X - criação, funcionamento e processo do jui-
zado de pequenas causas;
VI - proteger o meio ambiente e combater a po-
luição em qualquer de suas formas; XI - procedimentos em matéria processual;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; XII - previdência social, proteção e defesa da
saúde; (Vide ADPF 672)

95
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; neste caso, na forma da lei, as decorrentes de
XIV - proteção e integração social das pessoas obras da União;
portadoras de deficiência; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras,
XV - proteção à infância e à juventude; que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
XVI - organização, garantias, direitos e deve-
res das polícias civis. III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencen-
tes à União;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer IV - as terras devolutas não compreendidas en-
normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) tre as da União.

§ 2º A competência da União para legislar so- Art. 27. O número de Deputados à Assem-
bre normas gerais não exclui a competência suple- bleia Legislativa corresponderá ao triplo da repre-
mentar dos Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) sentação do Estado na Câmara dos Deputados e,
atingido o número de trinta e seis, será acrescido
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
de tantos quantos forem os Deputados Federais
os Estados exercerão a competência legislativa
acima de doze.
plena, para atender a suas peculiaridades. (Vide
Lei nº 13.874, de 2019) § 1º Será de quatro anos o mandato dos De-
putados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras
§ 4º A superveniência de lei federal sobre nor-
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviola-
mas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
bilidade, imunidades, remuneração, perda de man-
que lhe for contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
dato, licença, impedimentos e incorporação às For-
ças Armadas.
CAPÍTULO III § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será
DOS ESTADOS FEDERADOS
Vitória Ferreira Dapor
fixado lei de iniciativa da Assembleia Legisla-
Silva
tiva, na razão de, no máximo, setenta e cinco por
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
cento daquele estabelecido, em espécie, para os
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem- Deputados Federais, observado o que dispõem os
se pelas Constituições e leis que adotarem, obser- arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
vados os princípios desta Constituição. I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
§ 1º São reservadas aos Estados as compe-
tências que não lhes sejam vedadas por esta Cons- § 3º Compete às Assembleias Legislativas dis-
tituição. por sobre seu regimento interno, polícia e serviços
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, administrativos de sua secretaria, e prover os res-
pectivos cargos.
ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no
medida provisória para a sua regulamentação. (Re- processo legislativo estadual.
dação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-
1995)
Governador de Estado, para mandato de 4 (quatro)
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei comple- anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outu-
mentar, instituir regiões metropolitanas, aglomera- bro, em primeiro turno, e no último domingo de ou-
ções urbanas e microrregiões, constituídas por tubro, em segundo turno, se houver, do ano ante-
agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- rior ao do término do mandato de seus antecesso-
grar a organização, o planejamento e a execução res, e a posse ocorrerá em 6 de janeiro do ano sub-
de funções públicas de interesse comum. sequente, observado, quanto ao mais, o disposto
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Esta- no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela
dos: Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que as-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, flu-
entes, emergentes e em depósito, ressalvadas, sumir outro cargo ou função na administração pú-
blica direta ou indireta, ressalvada a posse em vir-
tude de concurso público e observado o disposto

96
no art. 38, I, IV e V. (Renumerado do parágrafo d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de
único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Go- 80.000 (oitenta mil) habitantes; (Incluída pela
vernador e dos Secretários de Estado serão fixados Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, ob- e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios
servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda 120.000 (cento e vinte mil) habitantes; (Incluída
Constitucional nº 19, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios
CAPÍTULO IV de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e
de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes; (In-
DOS MUNICÍPIOS cluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgâ- de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitan-
nica, votada em dois turnos, com o interstício mí- tes e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes; (In-
nimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos cluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Cons- h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios
tituição, na Constituição do respectivo Estado e os de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de
seguintes preceitos: até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitan-
tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos 2009)
Vereadores, para mandato de quatro anos, medi-
ante pleito direto e simultâneo realizado em todo o i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municí-
País; pios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta
Vitória Ferreira mil)
Da habitantes
Silva e de até 600.000 (seiscentos mil)
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito reali- habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
zada no primeiro domingo de outubro do ano ante- nº 58, de 2009)
rior ao término do mandato dos que devam suce-
der, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu- j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios
nicípios com mais de duzentos mil eleitores; (Reda- de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e
ção dada pela Emenda Constitucional nº 16, de até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitan-
de1997) tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
2009)
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia
1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição; k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municí-
pios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta
IV - para a composição das Câmaras Munici- mil) habitantes e de até 900.000 (novecentos mil)
pais, será observado o limite máximo de: (Redação habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
dada pela Emenda Constitucional nº 58, de nº 58, de 2009)
2009) (Produção de efeito) (Vide ADIN 4307)
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e
15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habi-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58,
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de de 2009)
mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municí-
30.000 (trinta mil) habitantes; (Redação dada pela pios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e du-
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com zentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até Constitucional nº 58, de 2009)
50.000 (cinquenta mil) habitantes; (Redação dada n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municí-
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) pios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos

97
mil) habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e tre- x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Mu-
zentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela nicípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de ha-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) bitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municí- 58, de 2009)
pios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cin- V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e
quenta mil) habitantes e de até 1.500.000 (um mi- dos Secretários Municipais fixados por lei de inicia-
lhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela tiva da Câmara Municipal, observado o que dis-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) põem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municí- § 2º, I; (Redação dada pela Emenda constitucional
pios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos nº 19, de 1998)
mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oi- VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pe-
tocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda las respectivas Câmaras Municipais em cada legis-
Constitucional nº 58, de 2009) latura para a subseqüente, observado o que dispõe
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municí- esta Constituição, observados os critérios estabe-
pios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes
mil) habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e limites máximos: (Redação dada pela Emenda
quatrocentos mil) habitantes; (Incluída pela Constitucional nº 25, de 2000)
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) a) em Municípios de até dez mil habitantes, o
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Muni- subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
cípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e qua- vinte por cento do subsídio dos Deputados Estadu-
trocentos mil) habitantes e de até 3.000.000 (três ais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda 2000)
Constitucional nº 58, de 2009) b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores,Vitória mil Da
Ferreira
nos Mu- habitantes,
Silva o subsídio máximo dos Vereadores
nicípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de ha- corresponderá a trinta por cento do subsídio dos
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Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
bitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de ha-
bitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº Constitucional nº 25, de 2000)
58, de 2009) c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Muni- mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
cípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de corresponderá a quarenta por cento do subsídio
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional Constitucional nº 25, de 2000)
nº 58, de 2009) d) em Municípios de cem mil e um a trezentos
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Muni- mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
cípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de ha- corresponderá a cinqüenta por cento do subsídio
bitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de habi- dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, Constitucional nº 25, de 2000)
de 2009) e) em Municípios de trezentos mil e um a qui-
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Muni- nhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Ve-
cípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de ha- readores corresponderá a sessenta por cento do
bitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de habi- subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela
tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
de 2009) f) em Municípios de mais de quinhentos mil ha-
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Mu- bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores cor-
nicípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de ha- responderá a setenta e cinco por cento do subsídio
bitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de habi- dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
tantes; e (Incluída pela Emenda Constitucional nº Constitucional nº 25, de 2000)
58, de 2009) VII - o total da despesa com a remuneração
dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante

98
de cinco por cento da receita do Município; (Inclu- II - 6% (seis por cento) para Municípios com
ído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (tre-
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas zentos mil) habitantes; (Redação dada pela
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
e na circunscrição do Município; (Renumerado do 2009)
inciso VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de III - 5% (cinco por cento) para Municípios com
1992) população entre 300.001 (trezentos mil e um) e
IX - proibições e incompatibilidades, no exercí- 500.000 (quinhentos mil) habitantes; (Redação
cio da vereança, similares, no que couber, ao dis- dada pela Emenda Constituição Constitucional nº
posto nesta Constituição para os membros do Con- 58, de 2009)
gresso Nacional e na Constituição do respectivo IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por
Estado para os membros da Assembléia Legisla- cento) para Municípios com população entre
tiva; (Renumerado do inciso VII, pela Emenda 500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três mi-
Constitucional nº 1, de 1992) lhões) de habitantes; (Redação dada pela Emenda
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela V - 4% (quatro por cento) para Municípios com
Emenda Constitucional nº 1, de 1992) população entre 3.000.001 (três milhões e um) e
XI - organização das funções legislativas e fis- 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluído
calizadoras da Câmara Municipal; (Renumerado do pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
inciso IX, pela Emenda Constitucional nº 1, de 2009)
1992) VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por
XII - cooperação das associações representa- cento) para Municípios com população acima de
tivas no planejamento municipal; (Renumerado do 8.000.001 (oito milhões e um) habitantes. (Incluído
inciso X, pela Emenda ConstitucionalVitória Ferreira pela
nº 1, de 1992) Da Emenda
Silva Constituição Constitucional nº 58, de
2009)
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XIII - iniciativa popular de projetos de lei de in-
teresse específico do Município, da cidade ou de § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de
bairros, através de manifestação de, pelo menos, setenta por cento de sua receita com folha de pa-
cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do in- gamento, incluído o gasto com o subsídio de seus
ciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 25, de 2000)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos ter-
mos do art. 28, parágrafo único. (Renumerado do § 2o Constitui crime de responsabilidade do
inciso XII, pela Emenda Constitucional nº 1, de Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitu-
1992) cional nº 25, de 2000)
I - efetuar repasse que supere os limites defini-
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Le-
dos neste artigo; (Incluído pela Emenda Constituci-
gislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Ve- onal nº 25, de 2000)
readores e excluídos os gastos com inativos, não
poderá ultrapassar os seguintes percentuais, rela- II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada
tivos ao somatório da receita tributária e das trans- mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº
o
ferências previstas no § 5 do art. 153 e nos arts. 25, de 2000)
158 e 159, efetivamente realizado no exercício an- III - enviá-lo a menor em relação à proporção
terior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda
de 2000) (Vide Emenda Constitucional nº 109, de Constitucional nº 25, de 2000)
2021) (Vigência)
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do
I - 7% (sete por cento) para Municípios com po- Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao
pulação de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Re- § 1o deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitu-
dação dada pela Emenda Constituição Constituci- cional nº 25, de 2000)
onal nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;

99
II - suplementar a legislação federal e a esta- CAPÍTULO V
dual no que couber; (Vide ADPF 672) DO DISTRITO FEDERAL
III - instituir e arrecadar os tributos de sua com- E DOS TERRITÓRIOS
petência, bem como aplicar suas rendas, sem pre-
juízo da obrigatoriedade de prestar contas e publi-
car balancetes nos prazos fixados em lei; SEÇÃO I
DO DISTRITO FEDERAL
IV - criar, organizar e suprimir distritos, obser-
vada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob re- Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divi-
gime de concessão ou permissão, os serviços pú- são em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, vo-
blicos de interesse local, incluído o de transporte tada em dois turnos com interstício mínimo de dez
coletivo, que tem caráter essencial; dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legis-
lativa, que a promulgará, atendidos os princípios
VI - manter, com a cooperação técnica e finan- estabelecidos nesta Constituição.
ceira da União e do Estado, programas de educa-
ção infantil e de ensino fundamental; (Redação § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) petências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios.
VII - prestar, com a cooperação técnica e finan-
ceira da União e do Estado, serviços de atendi- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Gover-
mento à saúde da população; nador, observadas as regras do art. 77, e dos De-
putados Distritais coincidirá com a dos Governado-
VIII - promover, no que couber, adequado or- res e Deputados Estaduais, para mandato de igual
denamento territorial, mediante planejamento e duração.
controle do uso, do parcelamento e da ocupação
do solo urbano; § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Le-
Vitória Ferreira Da Silva
gislativa aplica-se o disposto no art. 27.
IX - promover a proteção do patrimônio histó-
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§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
rico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual. Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da po-
lícia penal, da polícia militar e do corpo de bombei-
Art. 31. A fiscalização do Município será ros militar. (Redação dada pela Emenda Constitu-
exercida pelo Poder Legislativo Municipal, medi- cional nº 104, de 2019)
ante controle externo, e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
lei. SEÇÃO II
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal DOS TERRITÓRIOS
será exercido com o auxílio dos Tribunais de Con-
tas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos Art. 33. A lei disporá sobre a organização ad-
ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde hou- ministrativa e judiciária dos Territórios.
ver.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão com- Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
petente sobre as contas que o Prefeito deve anual- disposto no Capítulo IV deste Título.
mente prestar, só deixará de prevalecer por deci-
§ 2º As contas do Governo do Território serão
são de dois terços dos membros da Câmara Muni-
cipal. submetidas ao Congresso Nacional, com parecer
prévio do Tribunal de Contas da União.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem
sessenta dias, anualmente, à disposição de qual-
quer contribuinte, para exame e apreciação, o qual mil habitantes, além do Governador nomeado na
forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários
poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos
da lei. de primeira e segunda instância, membros do Mi-
nistério Público e defensores públicos federais; a lei
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conse- disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial
lhos ou órgãos de Contas Municipais. e sua competência deliberativa.

100
CAPÍTULO I esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dis-
DO PODER LEGISLATIVO por sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribui-
SEÇÃO I
ção de rendas;
DO CONGRESSO NACIONAL
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamento anual, operações de crédito, dívida pú-
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo blica e emissões de curso forçado;
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
III - fixação e modificação do efetivo das For-
dos Deputados e do Senado Federal.
ças Armadas;
Parágrafo único. Cada legislatura terá a dura-
IV - planos e programas nacionais, regionais e
ção de quatro anos.
setoriais de desenvolvimento;
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe- V - limites do território nacional, espaço aéreo
se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema e marítimo e bens do domínio da União;
proporcional, em cada Estado, em cada Território e
no Distrito Federal. VI - incorporação, subdivisão ou desmembra-
mento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas
§ 1º O número total de Deputados, bem como as respectivas Assembléias Legislativas;
a representação por Estado e pelo Distrito Federal,
será estabelecido por lei complementar, proporcio- VII - transferência temporária da sede do Go-
nalmente à população, procedendo-se aos ajustes verno Federal;
necessários, no ano anterior às eleições, para que VIII - concessão de anistia;
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha
IX - organização administrativa, judiciária, do
menos de oito ou mais de setenta Deputados.
Ministério Público e da Defensoria Pública da União
Vitória Ferreira Da Silva
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. e dos Territórios e organização judiciária e do Mi-
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nistério Público do Distrito Federal; (Redação dada
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de re-
pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Pro-
presentantes dos Estados e do Distrito Federal,
dução de efeito)
eleitos segundo o princípio majoritário.
X - criação, transformação e extinção de car-
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão
gos, empregos e funções públicas, observado o
três Senadores, com mandato de oito anos.
que estabelece o art. 84, VI, b ; (Redação dada
§ 2º A representação de cada Estado e do Dis- pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
trito Federal será renovada de quatro em quatro
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos
anos, alternadamente, por um e dois terços.
da administração pública; (Redação dada
§ 3º Cada Senador será eleito com dois su- pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
plentes.
XII - telecomunicações e radiodifusão;
Art. 47. Salvo disposição constitucional em XIII - matéria financeira, cambial e monetária,
contrário, as deliberações de cada Casa e de suas instituições financeiras e suas operações;
Comissões serão tomadas por maioria dos votos,
presente a maioria absoluta de seus membros. XIV - moeda, seus limites de emissão, e mon-
tante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Su-
SEÇÃO II premo Tribunal Federal, observado o que dispõem
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Re-
NACIONAL dação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a Art. 49. É da competência exclusiva do Con-
sanção do Presidente da República, não exigida gresso Nacional:

101
I - resolver definitivamente sobre tratados, XVI - autorizar, em terras indígenas, a explora-
acordos ou atos internacionais que acarretem en- ção e o aproveitamento de recursos hídricos e a
cargos ou compromissos gravosos ao patrimônio pesquisa e lavra de riquezas minerais;
nacional; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou
II - autorizar o Presidente da República a de- concessão de terras públicas com área superior a
clarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças dois mil e quinhentos hectares.
estrangeiras transitem pelo território nacional ou XVIII - decretar o estado de calamidade pública
nele permaneçam temporariamente, ressalvados de âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C,
os casos previstos em lei complementar; 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constitui-
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109,
da República a se ausentarem do País, quando a de 2021)
ausência exceder a quinze dias;
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares
qualquer uma dessas medidas; de órgãos diretamente subordinados à Presidência
V - sustar os atos normativos do Poder Execu- da República para prestarem, pessoalmente, infor-
tivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos mações sobre assunto previamente determinado,
limites de delegação legislativa; importando crime de responsabilidade a ausência
sem justificação adequada. (Redação dada pela
VI - mudar temporariamente sua sede;
Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994)
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados
§ 1º Os Ministros de Estado poderão compare-
Federais e os Senadores, observado o que dis-
cer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados,
põem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
ou a qualquer de suas Comissões, por sua inicia-
§ 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
Vitória Ferreira
tivaDa Silva entendimentos com a Mesa respec-
e mediante
tiva, para expor assunto de relevância de seu Mi-
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VIII - fixar os subsídios do Presidente e do nistério.
Vice-Presidente da República e dos Ministros de
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
Senado Federal poderão encaminhar pedidos es-
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação
critos de informações a Ministros de Estado ou a
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
qualquer das pessoas referidas no caput deste ar-
IX - julgar anualmente as contas prestadas tigo, importando em crime de responsabilidade a
pelo Presidente da República e apreciar os relató- recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta
rios sobre a execução dos planos de governo; dias, bem como a prestação de informações fal-
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por sas. (Redação dada pela Emenda Constitucional
qualquer de suas Casas, os atos do Poder Execu- de Revisão nº 2, de 1994)
tivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competên- SEÇÃO III
cia legislativa em face da atribuição normativa dos DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renova- Art. 51. Compete privativamente à Câmara
ção de concessão de emissoras de rádio e televi- dos Deputados:
são;
I - autorizar, por dois terços de seus membros,
XIII - escolher dois terços dos membros do Tri- a instauração de processo contra o Presidente e o
bunal de Contas da União; Vice-Presidente da República e os Ministros de Es-
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo re- tado;
ferentes a atividades nucleares; II - proceder à tomada de contas do Presidente
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; da República, quando não apresentadas ao Con-
gresso Nacional dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa;

102
III - elaborar seu regimento interno; V - autorizar operações externas de natureza
IV - dispor sobre sua organização, funciona- financeira, de interesse da União, dos Estados, do
mento, polícia, criação, transformação ou extinção Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
dos cargos, empregos e funções de seus serviços, VI - fixar, por proposta do Presidente da Repú-
e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remu- blica, limites globais para o montante da dívida con-
neração, observados os parâmetros estabelecidos solidada da União, dos Estados, do Distrito Federal
na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada e dos Municípios;
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) VII - dispor sobre limites globais e condições
V - eleger membros do Conselho da República, para as operações de crédito externo e interno da
nos termos do art. 89, VII. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público federal;
SEÇÃO IV
VIII - dispor sobre limites e condições para a
DO SENADO FEDERAL
concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno;
Art. 52. Compete privativamente ao Senado
IX - estabelecer limites globais e condições
Federal:
para o montante da dívida mobiliária dos Estados,
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Pre- do Distrito Federal e dos Municípios;
sidente da República nos crimes de responsabili-
X - suspender a execução, no todo ou em
dade, bem como os Ministros de Estado e os Co-
parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
mandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáu-
definitiva do Supremo Tribunal Federal;
tica nos crimes da mesma natureza conexos com
aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucio- XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto
nal nº 23, de 02/09/99) secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-
Vitória Ferreira Geral
Da Silva
da República antes do término de seu man-
II - processar e julgar os Ministros do Supremo
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dato;
Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacio-
nal de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério XII - elaborar seu regimento interno;
Público, o Procurador-Geral da República e o Ad- XIII - dispor sobre sua organização, funciona-
vogado-Geral da União nos crimes de responsabi- mento, polícia, criação, transformação ou extinção
lidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional dos cargos, empregos e funções de seus serviços,
nº 45, de 2004) e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remu-
III - aprovar previamente, por voto secreto, neração, observados os parâmetros estabelecidos
após argüição pública, a escolha de: na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
Constituição; XIV - eleger membros do Conselho da Repú-
blica, nos termos do art. 89, VII.
b) Ministros do Tribunal de Contas da União in-
dicados pelo Presidente da República; XV - avaliar periodicamente a funcionalidade
do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e
c) Governador de Território;
seus componentes, e o desempenho das adminis-
d) Presidente e diretores do banco central; trações tributárias da União, dos Estados e do Dis-
e) Procurador-Geral da República; trito Federal e dos Municípios. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
f) titulares de outros cargos que a lei determi-
nar; Parágrafo único. Nos casos previstos nos inci-
sos I e II, funcionará como Presidente o do Su-
IV - aprovar previamente, por voto secreto, premo Tribunal Federal, limitando-se a condena-
após arguição em sessão secreta, a escolha dos ção, que somente será proferida por dois terços
chefes de missão diplomática de caráter perma- dos votos do Senado Federal, à perda do cargo,
nente; com inabilitação, por oito anos, para o exercício de
função pública, sem prejuízo das demais sanções
judiciais cabíveis.

103
XIII - exercer o comando supremo das Forças
CAPÍTULO II Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-
DO PODER EXECUTIVO
generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos; (Redação dada pela Emenda Constituci-
SEÇÃO II onal nº 23, de 02/09/99)
DAS ATRIBUIÇÕES DO XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal
e dos Tribunais Superiores, os Governadores de
Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre-
Art. 84. Compete privativamente ao Presi-
sidente e os diretores do banco central e outros
dente da República: servidores, quando determinado em lei;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XV - nomear, observado o disposto no art. 73,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Es- os Ministros do Tribunal de Contas da União;
tado, a direção superior da administração federal; XVI - nomear os magistrados, nos casos pre-
III - iniciar o processo legislativo, na forma e vistos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da
nos casos previstos nesta Constituição; União;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as XVII - nomear membros do Conselho da Repú-
leis, bem como expedir decretos e regulamentos blica, nos termos do art. 89, VII;
para sua fiel execução; XVIII - convocar e presidir o Conselho da Re-
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; pública e o Conselho de Defesa Nacional;
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação XIX - declarar guerra, no caso de agressão es-
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) trangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
Vitória Ferreira Da Silva
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo
a) organização e funcionamento da administra-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
das sessões legislativas, e, nas mesmas condi-
ção federal, quando não implicar aumento de des-
pesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; ções, decretar, total ou parcialmente, a mobilização
nacional;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001) XX - celebrar a paz, autorizado ou com o refe-
rendo do Congresso Nacional;
b) extinção de funções ou cargos públicos,
quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucio- XXI - conferir condecorações e distinções ho-
nal nº 32, de 2001) noríficas;
VII - manter relações com Estados estrangei- XXII - permitir, nos casos previstos em lei com-
ros e acreditar seus representantes diplomáticos; plementar, que forças estrangeiras transitem pelo
VIII - celebrar tratados, convenções e atos in- território nacional ou nele permaneçam temporaria-
mente;
ternacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional; XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentá-
IX - decretar o estado de defesa e o estado de
sítio; rias e as propostas de orçamento previstos nesta
Constituição;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Na-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao cional, dentro de sessenta dias após a abertura da
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercí-
sessão legislativa, expondo a situação do País e cio anterior;
solicitando as providências que julgar necessárias;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos fe-
XII - conceder indulto e comutar penas, com derais, na forma da lei;
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
lei; XXVI - editar medidas provisórias com força de
lei, nos termos do art. 62;

104
XXVII - exercer outras atribuições previstas Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
nesta Constituição.
I - o Supremo Tribunal Federal;
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a de-
cretação do estado de calamidade pública de âm- I - A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído
bito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167- pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Inclu- II - o Superior Tribunal de Justiça;
ído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído
Parágrafo único. O Presidente da República pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
poderá delegar as atribuições mencionadas nos in- III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
cisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Federais;
Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limi- IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
tes traçados nas respectivas delegações. V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
SEÇÃO IV VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do
DOS MINISTROS DE ESTADO Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho
Art. 87. Os Ministros de Estado serão esco- Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm
sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda
lhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
anos e no exercício dos direitos políticos.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribu-
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Es-
nais Superiores têm jurisdição em todo o território
tado, além de outras atribuições estabelecidas
nesta Constituição e na lei: Vitória Ferreira nacional.
Da Silva (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
I - exercer a orientação, coordenação e super-
visão dos órgãos e entidades da administração fe- Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do
deral na área de sua competência e referendar os Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Esta-
atos e decretos assinados pelo Presidente da Re- tuto da Magistratura, observados os seguintes prin-
pública; cípios:
II - expedir instruções para a execução das I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será
leis, decretos e regulamentos; o de juiz substituto, mediante concurso público de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos
III - apresentar ao Presidente da República re-
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-
latório anual de sua gestão no Ministério;
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomea-
que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presi- ções, à ordem de classificação; (Redação dada
dente da República. pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extin- II - promoção de entrância para entrância, al-
ção de Ministérios e órgãos da administração pú- ternadamente, por antiguidade e merecimento,
blica. (Redação dada pela Emenda Constitucional atendidas as seguintes normas:
nº 32, de 2001) a) é obrigatória a promoção do juiz que figure
por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em
lista de merecimento;
CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO b) a promoção por merecimento pressupõe
dois anos de exercício na respectiva entrância e in-
tegrar o juiz a primeira quinta parte da lista de anti-
SEÇÃO I güidade desta, salvo se não houver com tais requi-
DISPOSIÇÕES GERAIS sitos quem aceite o lugar vago;

105
c) aferição do merecimento conforme o desem- VII o juiz titular residirá na respectiva comarca,
penho e pelos critérios objetivos de produtividade e salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela
presteza no exercício da jurisdição e pela freqüên- Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
cia e aproveitamento em cursos oficiais ou reco- VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade
nhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela do magistrado, por interesse público, fundar-se-á
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) em decisão por voto da maioria absoluta do respec-
d) na apuração de antigüidade, o tribunal so- tivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
mente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto assegurada ampla defesa; (Redação dada pela
fundamentado de dois terços de seus membros, Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
conforme procedimento próprio, e assegurada am- VIII - A a remoção a pedido ou a permuta de
pla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a in- magistrados de comarca de igual entrância aten-
dicação; (Redação dada pela Emenda Constitucio- derá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b
nal nº 45, de 2004) , c e e do inciso II; (Incluído pela Emenda Constitu-
e) não será promovido o juiz que, injustificada- cional nº 45, de 2004)
mente, retiver autos em seu poder além do prazo IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder
legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
devido despacho ou decisão; (Incluída pela as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) limitar a presença, em determinados atos, às pró-
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far- prias partes e a seus advogados, ou somente a es-
se-á por antigüidade e merecimento, alternada- tes, em casos nos quais a preservação do direito à
mente, apurados na última ou única entrância; (Re- intimidade do interessado no sigilo não prejudique
dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de o interesse público à informação; (Redação dada
2004) pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV - previsão de cursos oficiais de preparação,
Vitória Ferreira DaX - Silva
as decisões administrativas dos tribunais
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, serão motivadas e em sessão pública, sendo as
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
constituindo etapa obrigatória do processo de vita- disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta
liciamento a participação em curso oficial ou reco- de seus membros; (Redação dada pela Emenda
nhecido por escola nacional de formação e aperfei- Constitucional nº 45, de 2004)
çoamento de magistrados; (Redação dada pela XI - nos tribunais com número superior a vinte
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão es-
3392) pecial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Su- e cinco membros, para o exercício das atribuições
periores corresponderá a noventa e cinco por cento administrativas e jurisdicionais delegadas da com-
do subsídio mensal fixado para os Ministros do Su- petência do tribunal pleno, provendo-se metade
premo Tribunal Federal e os subsídios dos demais das vagas por antigüidade e a outra metade por
magistrados serão fixados em lei e escalonados, eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela
em nível federal e estadual, conforme as respecti- Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
vas categorias da estrutura judiciária nacional, não XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta,
podendo a diferença entre uma e outra ser superior sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais
a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem de segundo grau, funcionando, nos dias em que
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio não houver expediente forense normal, juízes em
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, plantão permanente; (Incluído pela Emenda Cons-
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. titucional nº 45, de 2004)
37, XI, e 39, § 4º; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) XIII - o número de juízes na unidade jurisdicio-
nal será proporcional à efetiva demanda judicial e à
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pen- respectiva população; (Incluído pela Emenda
são de seus dependentes observarão o disposto no Constitucional nº 45, de 2004)
art. 40; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998) XIV - os servidores receberão delegação para
a prática de atos de administração e atos de mero

106
expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Art. 96. Compete privativamente:
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - aos tribunais:
XV a distribuição de processos será imediata,
em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) regimentos internos, com observância das normas
de processo e das garantias processuais das par-
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais tes, dispondo sobre a competência e o funciona-
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e mento dos respectivos órgãos jurisdicionais e ad-
do Distrito Federal e Territórios será composto de ministrativos;
membros, do Ministério Público, com mais de dez b) organizar suas secretarias e serviços auxili-
anos de carreira, e de advogados de notório saber ares e os dos juízos que lhes forem vinculados, ve-
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez lando pelo exercício da atividade correicional res-
anos de efetiva atividade profissional, indicados em pectiva;
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
respectivas classes. c) prover, na forma prevista nesta Constituição,
os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdi-
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o ção;
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, esco- d) propor a criação de novas varas judiciárias;
lherá um de seus integrantes para nomeação. e) prover, por concurso público de provas, ou
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes ga- de provas e títulos, obedecido o disposto no art.
169, parágrafo único, os cargos necessários à ad-
rantias:
ministração da Justiça, exceto os de confiança as-
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será sim definidos em lei;
adquirida após dois anos de exercício, dependendo
f) conceder licença, férias e outros afastamen-
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
Vitória Ferreira tos
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos de-
Daa Silva
seus membros e aos juízes e servidores que
lhes forem
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com imediatamente vinculados;
mais casos, de sentença judicial transitada em jul-
gado; II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao
II - inamovibilidade, salvo por motivo de inte-
Poder Legislativo respectivo, observado o disposto
resse público, na forma do art. 93, VIII;
no art. 169:
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o
a) a alteração do número de membros dos tri-
disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
bunais inferiores;
III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) b) a criação e a extinção de cargos e a remu-
neração dos seus serviços auxiliares e dos juízos
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
que lhes forem vinculados, bem como a fixação do
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive
cargo ou função, salvo uma de magistério; dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação
II - receber, a qualquer título ou pretexto, cus- dada pela Emenda Constitucional nº 41,
tas ou participação em processo; 19.12.2003)
III - dedicar-se à atividade político-partidária. c) a criação ou extinção dos tribunais inferio-
res;
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxí-
lios ou contribuições de pessoas físicas, entidades d) a alteração da organização e da divisão ju-
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções pre- diciárias;
vistas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes es-
nº 45, de 2004) taduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do como os membros do Ministério Público, nos cri-
qual se afastou, antes de decorridos três anos do mes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
afastamento do cargo por aposentadoria ou exone- competência da Justiça Eleitoral.
ração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)

107
Art. 97. Somente pelo voto da maioria abso- dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes or-
luta de seus membros ou dos membros do respec- çamentárias, o Poder Executivo considerará, para
tivo órgão especial poderão os tribunais declarar a fins de consolidação da proposta orçamentária
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Po- anual, os valores aprovados na lei orçamentária vi-
der Público. gente, ajustados de acordo com os limites estipula-
dos na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Territórios, e os Estados criarão:
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que
I - juizados especiais, providos por juízes toga- trata este artigo forem encaminhadas em desa-
dos, ou togados e leigos, competentes para a con- cordo com os limites estipulados na forma do § 1º,
ciliação, o julgamento e a execução de causas cí- o Poder Executivo procederá aos ajustes necessá-
veis de menor complexidade e infrações penais de rios para fins de consolidação da proposta orça-
menor potencial ofensivo, mediante os procedi- mentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucio-
mentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóte- nal nº 45, de 2004)
ses previstas em lei, a transação e o julgamento de
§ 5º Durante a execução orçamentária do exer-
recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
cício, não poderá haver a realização de despesas
II - justiça de paz, remunerada, composta de ou a assunção de obrigações que extrapolem os li-
cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e se- mites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá-
creto, com mandato de quatro anos e competência rias, exceto se previamente autorizadas, mediante
para, na forma da lei, celebrar casamentos, verifi- a abertura de créditos suplementares ou especi-
car, de ofício ou em face de impugnação apresen- ais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
tada, o processo de habilitação e exercer atribui- 2004)
ções conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além
de outras previstas na legislação. Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fa-
zendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Mu-
Vitória
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação Ferreira
de jui- Da Silva
nicipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-
zados especiais no âmbitovitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
da Justiça Federal. (Re- ão exclusivamente na ordem cronológica de apre-
numerado pela Emenda Constitucional nº 45, de sentação dos precatórios e à conta dos créditos
2004) (Vide ADIN 3392) respectivos, proibida a designação de casos ou de
§ 2º As custas e emolumentos serão destina- pessoas nas dotações orçamentárias e nos crédi-
dos exclusivamente ao custeio dos serviços afetos tos adicionais abertos para este fim. (Redação
às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada au- § 1º Os débitos de natureza alimentícia com-
tonomia administrativa e financeira. preendem aqueles decorrentes de salários, venci-
mentos, proventos, pensões e suas complementa-
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas or- ções, benefícios previdenciários e indenizações
çamentárias dentro dos limites estipulados conjun- por morte ou por invalidez, fundadas em responsa-
tamente com os demais Poderes na lei de diretrizes
bilidade civil, em virtude de sentença judicial transi-
orçamentárias.
tada em julgado, e serão pagos com preferência
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos sobre todos os demais débitos, exceto sobre aque-
os outros tribunais interessados, compete: les referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Su- pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
premo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos
com a aprovação dos respectivos tribunais; titulares, originários ou por sucessão hereditária,
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Fe- tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam por-
deral e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais tadores de doença grave, ou pessoas com defici-
de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribu- ência, assim definidos na forma da lei, serão pagos
nais. com preferência sobre todos os demais débitos, até
o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não enca- fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fra-
minharem as respectivas propostas orçamentárias

108
cionamento para essa finalidade, sendo que o res- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
tante será pago na ordem cronológica de apresen- 2009).
tação do precatório. (Redação dada pela Emenda § 9º Sem que haja interrupção no pagamento
Constitucional nº 94, de 2016) do precatório e mediante comunicação da Fazenda
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativa- Pública ao Tribunal, o valor correspondente aos
mente à expedição de precatórios não se aplica eventuais débitos inscritos em dívida ativa contra o
aos pagamentos de obrigações definidas em leis credor do requisitório e seus substituídos deverá
como de pequeno valor que as Fazendas referidas ser depositado à conta do juízo responsável pela
devam fazer em virtude de sentença judicial transi- ação de cobrança, que decidirá pelo seu destino
tada em julgado. (Redação dada pela Emenda definitivo. (Redação dada pela Emenda Constitu-
Constitucional nº 62, de 2009). cional nº 113, de 2021)
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão § 10. Antes da expedição dos precatórios, o
ser fixados, por leis próprias, valores distintos às Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora,
entidades de direito público, segundo as diferentes para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de
capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao perda do direito de abatimento, informação sobre
valor do maior benefício do regime geral de previ- os débitos que preencham as condições estabele-
dência social. (Redação dada pela Emenda Cons- cidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído
titucional nº 62, de 2009). pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das § 11. É facultada ao credor, conforme estabe-
entidades de direito público de verba necessária ao lecido em lei do ente federativo devedor, com auto
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças aplicabilidade para a União, a oferta de créditos lí-
transitadas em julgado constantes de precatórios quidos e certos que originalmente lhe são próprios
judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se ou adquiridos de terceiros reconhecidos pelo ente
o pagamento até o final do exercício seguinte, federativo ou por decisão judicial transitada em jul-
Vitória Ferreira
quando terão seus valores atualizados monetaria- Da Silva
gado para: (Redação dada pela Emenda Cons-
mente. (Redação vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
dada pela Emenda Consti- titucional nº 113, de 2021)
tucional nº 114, de 2021) I - quitação de débitos parcelados ou débitos
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos inscritos em dívida ativa do ente federativo deve-
abertos serão consignados diretamente ao Poder dor, inclusive em transação resolutiva de litígio, e,
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que subsidiariamente, débitos com a administração au-
proferir a decisão exequenda determinar o paga- tárquica e fundacional do mesmo ente; (Incluído
mento integral e autorizar, a requerimento do cre- pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
dor e exclusivamente para os casos de preteri- II - compra de imóveis públicos de propriedade
mento de seu direito de precedência ou de não alo- do mesmo ente disponibilizados para venda;
cação orçamentária do valor necessário à satisfa- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de
ção do seu débito, o sequestro da quantia respec- 2021)
tiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
62, de 2009). III - pagamento de outorga de delegações de
serviços públicos e demais espécies de concessão
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, negocial promovidas pelo mesmo ente; (Incluído
por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
frustrar a liquidação regular de precatórios incor-
rerá em crime de responsabilidade e responderá, IV - aquisição, inclusive minoritária, de partici-
também, perante o Conselho Nacional de Justiça. pação societária, disponibilizada para venda, do
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de respectivo ente federativo; ou (Incluído pela
2009). Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
§ 8º É vedada a expedição de precatórios com- V - compra de direitos, disponibilizados para
plementares ou suplementares de valor pago, bem cessão, do respectivo ente federativo, inclusive, no
como o fracionamento, repartição ou quebra do va- caso da União, da antecipação de valores a serem
lor da execução para fins de enquadramento de recebidos a título do excedente em óleo em contra-
parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. tos de partilha de petróleo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 113, de 2021)

109
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda rior ao de referência e os 11 (onze) meses prece-
Constitucional, a atualização de valores de requisi- dentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: (In-
tórios, após sua expedição, até o efetivo paga- cluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
mento, independentemente de sua natureza, será I - na União, as parcelas entregues aos Esta-
feita pelo índice oficial de remuneração básica da dos, ao Distrito Federal e aos Municípios por deter-
caderneta de poupança, e, para fins de compensa- minação constitucional; (Incluído pela Emenda
ção da mora, incidirão juros simples no mesmo per- Constitucional nº 94, de 2016)
centual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros II - nos Estados, as parcelas entregues aos
compensatórios. (Incluído pela Emenda Constituci- Municípios por determinação constitucional; (Inclu-
onal nº 62, de 2009). ído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcial- III - na União, nos Estados, no Distrito Federal
mente, seus créditos em precatórios a terceiros, in- e nos Municípios, a contribuição dos servidores
dependentemente da concordância do devedor, para custeio de seu sistema de previdência e assis-
não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ tência social e as receitas provenientes da compen-
2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, sação financeira referida no § 9º do art. 201 da
de 2009). Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 94, de 2016)
§ 14. A cessão de precatórios, observado o
disposto no § 9º deste artigo, somente produzirá § 19. Caso o montante total de débitos decor-
efeitos após comunicação, por meio de petição pro- rentes de condenações judiciais em precatórios e
tocolizada, ao Tribunal de origem e ao ente federa- obrigações de pequeno valor, em período de 12
tivo devedor. (Redação dada pela Emenda Cons- (doze) meses, ultrapasse a média do comprometi-
titucional nº 113, de 2021) mento percentual da receita corrente líquida nos 5
(cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei queDaexceder
complementar a esta Constituição Federal Vitória Ferreira
poderá Silvaesse percentual poderá ser financi-
ada, excetuada dos limites de endividamento de
estabelecer regime especial vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
para pagamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Consti-
crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal tuição Federal e de quaisquer outros limites de en-
e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita dividamento previstos, não se aplicando a esse fi-
corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (In- nanciamento a vedação de vinculação de receita
cluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Fe-
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, deral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94,
a União poderá assumir débitos, oriundos de pre- de 2016)
catórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, § 20. Caso haja precatório com valor superior
refinanciando-os diretamente. (Incluído pela a 15% (quinze por cento) do montante dos preca-
Emenda Constitucional nº 62, de 2009) tórios apresentados nos termos do § 5º deste ar-
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e tigo, 15% (quinze por cento) do valor deste preca-
os Municípios aferirão mensalmente, em base tório serão pagos até o final do exercício seguinte
anual, o comprometimento de suas respectivas re- e o restante em parcelas iguais nos cinco exercí-
ceitas correntes líquidas com o pagamento de pre- cios subsequentes, acrescidas de juros de mora e
catórios e obrigações de pequeno valor. (Incluído correção monetária, ou mediante acordos diretos,
pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Preca-
§ 18. Entende-se como receita corrente lí- tórios, com redução máxima de 40% (quarenta por
quida, para os fins de que trata o § 17, o somatório cento) do valor do crédito atualizado, desde que em
das receitas tributárias, patrimoniais, industriais, relação ao crédito não penda recurso ou defesa ju-
agropecuárias, de contribuições e de serviços, de dicial e que sejam observados os requisitos defini-
transferências correntes e outras receitas corren- dos na regulamentação editada pelo ente federado.
tes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de
Constituição Federal, verificado no período com- 2016)
preendido pelo segundo mês imediatamente ante- § 21. Ficam a União e os demais entes federa-
tivos, nos montantes que lhes são próprios, desde

110
que aceito por ambas as partes, autorizados a utili- III um Ministro do Tribunal Superior do Traba-
zar valores objeto de sentenças transitadas em jul- lho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela
gado devidos a pessoa jurídica de direito público Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
para amortizar dívidas, vencidas ou vincendas: IV um desembargador de Tribunal de Justiça,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído
2021) pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - nos contratos de refinanciamento cujos cré- V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tri-
ditos sejam detidos pelo ente federativo que figure bunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucio-
como devedor na sentença de que trata o caput nal nº 45, de 2004)
deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 113, de 2021) VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indi-
cado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído
II - nos contratos em que houve prestação de pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
garantia a outro ente federativo; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 113, de 2021) VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tri-
bunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constituci-
III - nos parcelamentos de tributos ou de con- onal nº 45, de 2004)
tribuições sociais; e (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 113, de 2021) VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho,
indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Inclu-
IV - nas obrigações decorrentes do descumpri- ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
mento de prestação de contas ou de desvio de re-
cursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal
113, de 2021) Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 45, de 2004)
§ 22. A amortização de que trata o § 21 deste
artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº X um membro do Ministério Público da União,
113, de 2021) indicado
Vitória Ferreira Da Silva pelo Procurador-Geral da República; (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
I - nas obrigações vencidas, será imputada pri-
meiramente às parcelas mais antigas; (Incluído XI um membro do Ministério Público estadual,
pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021) escolhido pelo Procurador-Geral da República den-
tre os nomes indicados pelo órgão competente de
II - nas obrigações vincendas, reduzirá unifor- cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda
memente o valor de cada parcela devida, mantida Constitucional nº 45, de 2004)
a duração original do respectivo contrato ou parce-
lamento. (Incluído pela Emenda Constitucional XII dois advogados, indicados pelo Conselho
nº 113, de 2021) Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Inclu-
ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e
SEÇÃO II reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça § 1º O Conselho será presidido pelo Presi-
compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato dente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas au-
de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do
sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela
nº 61, de 2009) Emenda Constitucional nº 61, de 2009)
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; § 2º Os demais membros do Conselho serão
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, nomeados pelo Presidente da República, depois de
de 2009) aprovada a escolha pela maioria absoluta do Se-
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, nado Federal. (Redação dada pela Emenda Cons-
indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela titucional nº 61, de 2009)
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indica-
ções previstas neste artigo, caberá a escolha ao

111
Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Emenda do Poder Judiciário no País e as atividades do Con-
Constitucional nº 45, de 2004) selho, o qual deve integrar mensagem do Presi-
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atua- dente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida
ção administrativa e financeira do Poder Judiciário ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
e do cumprimento dos deveres funcionais dos juí- sessão legislativa. (Incluído pela Emenda Constitu-
zes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que cional nº 45, de 2004)
lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará
2004) excluído da distribuição de processos no Tribunal,
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem
pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, po- conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as se-
dendo expedir atos regulamentares, no âmbito de guintes: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
sua competência, ou recomendar providências; (In- 45, de 2004)
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - receber as reclamações e denúncias, de
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, qualquer interessado, relativas aos magistrados e
de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos aos serviços judiciários; (Incluído pela Emenda
atos administrativos praticados por membros ou ór- Constitucional nº 45, de 2004)
gãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí- II - exercer funções executivas do Conselho,
los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as de inspeção e de correição geral; (Incluído pela
providências necessárias ao exato cumprimento da Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de III - requisitar e designar magistrados, dele-
Contas da União; (Incluído pela Emenda Constitu- gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de
cional nº 45, de 2004) juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito
III - receber e conhecer das reclamações
Vitóriacon- Federal
Ferreira e Territórios. (Incluído pela Emenda Cons-
Da Silva
tra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclu- titucional nº 45, de 2004)
sive contra seus serviçosvitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
auxiliares, serventias e § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-
órgãos prestadores de serviços notariais e de re- Geral da República e o Presidente do Conselho Fe-
gistro que atuem por delegação do poder público deral da Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído
ou oficializados, sem prejuízo da competência dis- pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
ciplinar e correicional dos tribunais, podendo avo-
car processos disciplinares em curso, determinar a § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras san- Territórios, criará ouvidorias de justiça, competen-
ções administrativas, assegurada ampla defesa; tes para receber reclamações e denúncias de qual-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº quer interessado contra membros ou órgãos do Po-
103, de 2019) der Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares,
representando diretamente ao Conselho Nacional
IV - representar ao Ministério Público, no caso de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
de crime contra a administração pública ou de 45, de 2004)
abuso de autoridade; (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 45, de 2004)
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os SEÇÃO I
processos disciplinares de juízes e membros de tri- DO MINISTÉRIO PÚBLICO
bunais julgados há menos de um ano; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 127. O Ministério Público é instituição
VI - elaborar semestralmente relatório estatís- permanente, essencial à função jurisdicional do Es-
tico sobre processos e sentenças prolatadas, por tado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
unidade da Federação, nos diferentes órgãos do do regime democrático e dos interesses sociais e
Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constituci- individuais indisponíveis.
onal nº 45, de 2004)
§ 1º São princípios institucionais do Ministério
VII - elaborar relatório anual, propondo as pro- Público a unidade, a indivisibilidade e a indepen-
vidências que julgar necessárias, sobre a situação dência funcional.

112
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada auto- carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
nomia funcional e administrativa, podendo, obser- aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos
vado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legis- membros do Senado Federal, para mandato de
lativo a criação e extinção de seus cargos e servi- dois anos, permitida a recondução.
ços auxiliares, provendo-os por concurso público § 2º A destituição do Procurador-Geral da Re-
de provas ou de provas e títulos, a política remune- pública, por iniciativa do Presidente da República,
ratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre deverá ser precedida de autorização da maioria ab-
sua organização e funcionamento. (Redação dada soluta do Senado Federal.
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o
§ 3º O Ministério Público elaborará sua pro- do Distrito Federal e Territórios formarão lista trí-
posta orçamentária dentro dos limites estabeleci- plice dentre integrantes da carreira, na forma da lei
dos na lei de diretrizes orçamentárias. respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral,
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo,
respectiva proposta orçamentária dentro do prazo para mandato de dois anos, permitida uma recon-
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o dução.
Poder Executivo considerará, para fins de consoli- § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no
dação da proposta orçamentária anual, os valores Distrito Federal e Territórios poderão ser destituí-
aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados dos por deliberação da maioria absoluta do Poder
de acordo com os limites estipulados na forma do § Legislativo, na forma da lei complementar respec-
3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de tiva.
2004)
§ 5º Leis complementares da União e dos Es-
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata tados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
este artigo for encaminhada em desacordo com os Procuradores-Gerais, estabelecerão a organiza-
limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Exe- ção,
Vitória
cutivo procederá aos ajustes necessários paraFerreira
fins Da as atribuições e o estatuto de cada Ministério
Silva
Público, observadas, relativamente a seus mem-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de consolidação da proposta orçamentária anual. bros:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) I - as seguintes garantias:
§ 6º Durante a execução orçamentária do exer- a) vitaliciedade, após dois anos de exercício,
cício, não poderá haver a realização de despesas não podendo perder o cargo senão por sentença
ou a assunção de obrigações que extrapolem os li- judicial transitada em julgado;
mites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá- b) inamovibilidade, salvo por motivo de inte-
rias, exceto se previamente autorizadas, mediante resse público, mediante decisão do órgão colegi-
a abertura de créditos suplementares ou especiais. ado competente do Ministério Público, pelo voto da
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de maioria absoluta de seus membros, assegurada
2004) ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Cons-
Art. 128. O Ministério Público abrange: titucional nº 45, de 2004)
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma
I - o Ministério Público da União, que compre-
do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts.
ende:
37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação
a) o Ministério Público Federal; dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
b) o Ministério Público do Trabalho; II - as seguintes vedações:
c) o Ministério Público Militar; a) receber, a qualquer título e sob qualquer
d) o Ministério Público do Distrito Federal e pretexto, honorários, percentagens ou custas pro-
Territórios; cessuais;
II - os Ministérios Públicos dos Estados. b) exercer a advocacia;
§ 1º O Ministério Público da União tem por c) participar de sociedade comercial, na forma
chefe o Procurador-Geral da República, nomeado da lei;
pelo Presidente da República dentre integrantes da

113
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qual- § 1º A legitimação do Ministério Público para
quer outra função pública, salvo uma de magistério; as ações civis previstas neste artigo não impede a
e) exercer atividade político-partidária; (Reda- de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o
ção dada pela Emenda Constitucional nº 45, de disposto nesta Constituição e na lei.
2004) § 2º As funções do Ministério Público só podem
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxí- ser exercidas por integrantes da carreira, que de-
lios ou contribuições de pessoas físicas, entidades verão residir na comarca da respectiva lotação,
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções pre- salvo autorização do chefe da instituição. (Redação
vistas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
nº 45, de 2004) § 3º O ingresso na carreira do Ministério Pú-
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Pú- blico far-se-á mediante concurso público de provas
blico o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (In- e títulos, assegurada a participação da Ordem dos
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
Art. 129. São funções institucionais do Minis- atividade jurídica e observando-se, nas nomea-
tério Público: ções, a ordem de classificação. (Redação dada
I - promover, privativamente, a ação penal pú- pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
blica, na forma da lei; § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pú- couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela
blicos e dos serviços de relevância pública aos di- Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
reitos assegurados nesta Constituição, promo- § 5º A distribuição de processos no Ministério
vendo as medidas necessárias a sua garantia; Público será imediata. (Incluído pela Emenda
III - promover o inquérito civil e a ação civil pú- Constitucional nº 45, de 2004)
blica, para a proteção do patrimônio públicoVitória Ferreira Da
e so- Art.Silva
130. Aos membros do Ministério Público
cial, do meio ambiente e de outros interesses difu-
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junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as dispo-
sos e coletivos; sições desta seção pertinentes a direitos, vedações
IV - promover a ação de inconstitucionalidade e forma de investidura.
ou representação para fins de intervenção da União Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministé-
e dos Estados, nos casos previstos nesta Constitui-
rio Público compõe-se de quatorze membros no-
ção;
meados pelo Presidente da República, depois de
V - defender judicialmente os direitos e interes- aprovada a escolha pela maioria absoluta do Se-
ses das populações indígenas; nado Federal, para um mandato de dois anos, ad-
VI - expedir notificações nos procedimentos mitida uma recondução, sendo: (Incluído pela
administrativos de sua competência, requisitando Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
informações e documentos para instruí-los, na I - o Procurador-Geral da República, que o pre-
forma da lei complementar respectiva; side;
VII - exercer o controle externo da atividade po- II - quatro membros do Ministério Público da
licial, na forma da lei complementar mencionada no União, assegurada a representação de cada uma
artigo anterior; de suas carreiras;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a III - três membros do Ministério Público dos Es-
instauração de inquérito policial, indicados os fun- tados;
damentos jurídicos de suas manifestações proces-
IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo
suais;
Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de
IX - exercer outras funções que lhe forem con- Justiça;
feridas, desde que compatíveis com sua finalidade,
V - dois advogados, indicados pelo Conselho
sendo-lhe vedada a representação judicial e a con-
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
sultoria jurídica de entidades públicas.

114
VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e II - exercer funções executivas do Conselho,
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos de inspeção e correição geral;
Deputados e outro pelo Senado Federal. III - requisitar e designar membros do Ministé-
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Mi- rio Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar
nistério Público serão indicados pelos respectivos servidores de órgãos do Ministério Público.
Ministérios Públicos, na forma da lei. § 4º O Presidente do Conselho Federal da Or-
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Minis- dem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Con-
tério Público o controle da atuação administrativa e selho.
financeira do Ministério Público e do cumprimento § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvi-
dos deveres funcionais de seus membros, cabendo dorias do Ministério Público, competentes para re-
lhe: ceber reclamações e denúncias de qualquer inte-
I zelar pela autonomia funcional e administra- ressado contra membros ou órgãos do Ministério
tiva do Ministério Público, podendo expedir atos re- Público, inclusive contra seus serviços auxiliares,
gulamentares, no âmbito de sua competência, ou representando diretamente ao Conselho Nacional
recomendar providências; do Ministério Público.
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar,
de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos SEÇÃO II
atos administrativos praticados por membros ou ór-
gãos do Ministério Público da União e dos Estados, DA ADVOCACIA PÚBLICA
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
para que se adotem as providências necessárias 19, de 1998)
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da com-
petência dos Tribunais de Contas;
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a ins-
Vitória Ferreira
III - receber e conhecer das reclamações con- Da Silva
tituição que, diretamente ou através de órgão vin-
tra membros ou órgãos do Ministério Público da
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culado, representa a União, judicial e extrajudicial-
União ou dos Estados, inclusive contra seus servi- mente, cabendo-lhe, nos termos da lei complemen-
ços auxiliares, sem prejuízo da competência disci- tar que dispuser sobre sua organização e funciona-
plinar e correicional da instituição, podendo avocar mento, as atividades de consultoria e assessora-
processos disciplinares em curso, determinar a re- mento jurídico do Poder Executivo.
moção ou a disponibilidade e aplicar outras san-
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe
ções administrativas, assegurada ampla defesa;
o Advogado-Geral da União, de livre nomeação
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
pelo Presidente da República dentre cidadãos mai-
103, de 2019)
ores de trinta e cinco anos, de notável saber jurí-
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, dico e reputação ilibada.
os processos disciplinares de membros do Ministé-
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carrei-
rio Público da União ou dos Estados julgados há
ras da instituição de que trata este artigo far-se-á
menos de um ano;
mediante concurso público de provas e títulos.
V - elaborar relatório anual, propondo as provi-
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza
dências que julgar necessárias sobre a situação do
tributária, a representação da União cabe à Procu-
Ministério Público no País e as atividades do Con-
radoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o
selho, o qual deve integrar a mensagem prevista no
disposto em lei.
art. 84, XI.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação se- Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do
creta, um Corregedor nacional, dentre os membros Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
do Ministério Público que o integram, vedada a re- ingresso dependerá de concurso público de provas
condução, competindo-lhe, além das atribuições e títulos, com a participação da Ordem dos Advo-
que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: gados do Brasil em todas as suas fases, exercerão
a representação judicial e a consultoria jurídica das
I - receber reclamações e denúncias, de qual- respectivas unidades federadas. (Redação dada
quer interessado, relativas aos membros do Minis- pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tério Público e dos seus serviços auxiliares;

115
Parágrafo único. Aos procuradores referidos (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
neste artigo é assegurada estabilidade após três 2004)
anos de efetivo exercício, mediante avaliação de § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defenso-
desempenho perante os órgãos próprios, após re- rias Públicas da União e do Distrito Federal. (Inclu-
latório circunstanciado das corregedorias. (Incluído ído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013)
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º São princípios institucionais da Defensoria


SEÇÃO III Pública a unidade, a indivisibilidade e a indepen-
DA ADVOCACIA dência funcional, aplicando-se também, no que
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art.
80, de 2014) 96 desta Constituição Federal. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

Art. 133. O advogado é indispensável à ad- Art. 135. Os servidores integrantes das car-
ministração da justiça, sendo inviolável por seus reiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capí-
atos e manifestações no exercício da profissão, nos tulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º.
limites da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

SEÇÃO IV
CAPÍTULO II
DA DEFENSORIA PÚBLICA
DAS FORÇAS ARMADAS
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
80, de 2014)
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas
Vitória Ferreira
pelaDa Silvapelo Exército e pela Aeronáutica, são
Marinha,
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição
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instituições nacionais permanentes e regulares, or-
permanente, essencial à função jurisdicional do Es- ganizadas com base na hierarquia e na disciplina,
tado, incumbindo-lhe, como expressão e instru- sob a autoridade suprema do Presidente da Repú-
mento do regime democrático, fundamentalmente, blica, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia
a orientação jurídica, a promoção dos direitos hu- dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
manos e a defesa, em todos os graus, judicial e ex- qualquer destes, da lei e da ordem.
trajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas
forma integral e gratuita, aos necessitados, na
gerais a serem adotadas na organização, no pre-
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição
paro e no emprego das Forças Armadas.
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 80, de 2014) § 2º Não caberá habeas corpus em relação a
punições disciplinares militares.
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria
Pública da União e do Distrito Federal e dos Terri- § 3º Os membros das Forças Armadas são de-
tórios e prescreverá normas gerais para sua orga- nominados militares, aplicando-se-lhes, além das
nização nos Estados, em cargos de carreira, provi- que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes dis-
dos, na classe inicial, mediante concurso público de posições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
provas e títulos, assegurada a seus integrantes a 18, de 1998)
garantia da inamovibilidade e vedado o exercício I - as patentes, com prerrogativas, direitos e
da advocacia fora das atribuições institucionais; deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Pre-
(Renumerado do parágrafo único pela Emenda sidente da República e asseguradas em plenitude
Constitucional nº 45, de 2004) aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados,
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são as- sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e,
seguradas autonomia funcional e administrativa e a juntamente com os demais membros, o uso dos
iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos uniformes das Forças Armadas; (Incluído pela
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen- Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
tárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º;

116
II - o militar em atividade que tomar posse em militares, consideradas as peculiaridades de suas
cargo ou emprego público civil permanente, ressal- atividades, inclusive aquelas cumpridas por força
vada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alí- de compromissos internacionais e de guerra. (In-
nea "c", será transferido para a reserva, nos termos cluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos
nº 77, de 2014)
termos da lei.
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei,
tomar posse em cargo, emprego ou função pública § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da
civil temporária, não eletiva, ainda que da adminis- lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo
tração indireta, ressalvada a hipótese prevista no de paz, após alistados, alegarem imperativo de
art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao consciência, entendendo-se como tal o decorrente
respectivo quadro e somente poderá, enquanto de crença religiosa e de convicção filosófica ou po-
permanecer nessa situação, ser promovido por an- lítica, para se eximirem de atividades de caráter es-
tiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço ape- sencialmente militar. (Regulamento)
nas para aquela promoção e transferência para a § 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam
reserva, sendo depois de dois anos de afasta- isentos do serviço militar obrigatório em tempo de
mento, contínuos ou não, transferido para a re- paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei
serva, nos termos da lei; (Redação dada pela lhes atribuir. (Regulamento)
Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e CAPÍTULO III
a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional
DA SEGURANÇA PÚBLICA
nº 18, de 1998)
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não
pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído Art. 144. A segurança pública, dever do Es-
pela Emenda Constitucional nº 18, de Vitória
1998) Ferreira tado,
Da Silva
direito e responsabilidade de todos, é exer-
cida para
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com a preservação da ordem pública e da in-
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se columidade das pessoas e do patrimônio, através
for julgado indigno do oficialato ou com ele incom- dos seguintes órgãos:
patível, por decisão de tribunal militar de caráter
permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es- I - polícia federal;
pecial, em tempo de guerra; (Incluído pela II - polícia rodoviária federal;
Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
III - polícia ferroviária federal;
VII - o oficial condenado na justiça comum ou
IV - polícias civis;
militar a pena privativa de liberdade superior a dois
anos, por sentença transitada em julgado, será V - polícias militares e corpos de bombeiros mi-
submetido ao julgamento previsto no inciso ante- litares.
rior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de VI - polícias penais federal, estaduais e distri-
1998) tal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 104, de 2019)
7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. § 1º A polícia federal, instituída por lei como ór-
37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma gão permanente, organizado e mantido pela União
da lei e com prevalência da atividade militar, no art. e estruturado em carreira, destina-se a: (Redação
37, inciso XVI, alínea "c"; (Redação dada pela dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
I - apurar infrações penais contra a ordem po-
IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº lítica e social ou em detrimento de bens, serviços e
41, de 19.12.2003) interesses da União ou de suas entidades autárqui-
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças cas e empresas públicas, assim como outras infra-
Armadas, os limites de idade, a estabilidade e ou- ções cuja prática tenha repercussão interestadual
tras condições de transferência do militar para a ou internacional e exija repressão uniforme, se-
inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, gundo se dispuser em lei;
as prerrogativas e outras situações especiais dos

117
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor- § 8º Os Municípios poderão constituir guardas
pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca- municipais destinadas à proteção de seus bens,
minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros serviços e instalações, conforme dispuser a
órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- lei. (Vide Lei nº 13.022, de 2014)
tência; § 9º A remuneração dos servidores policiais in-
III - exercer as funções de polícia marítima, ae- tegrantes dos órgãos relacionados neste artigo
roportuária e de fronteiras; (Redação dada pela será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de § 10. A segurança viária, exercida para a pre-
polícia judiciária da União. servação da ordem pública e da incolumidade das
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão perma- pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (In-
nente, organizado e mantido pela União e estrutu- cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
rado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa- I - compreende a educação, engenharia e fis-
trulhamento ostensivo das rodovias federais. (Re- calização de trânsito, além de outras atividades
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de previstas em lei, que assegurem ao cidadão o di-
1998) reito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão perma- Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
nente, organizado e mantido pela União e estrutu- II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito
rado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa- Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos
trulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Re- ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído
1998) pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados
Vitória Ferreira
de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a Da Silva
competência da União, asvitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
funções de polícia judi-
ciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia os-
tensiva e a preservação da ordem pública; aos cor-
pos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades
de defesa civil.
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão
administrador do sistema penal da unidade federa-
tiva a que pertencem, cabe a segurança dos esta-
belecimentos penais. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 104, de 2019)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bom-
beiros militares, forças auxiliares e reserva do Exér-
cito subordinam-se, juntamente com as polícias ci-
vis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 104, de 2019)
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcio-
namento dos órgãos responsáveis pela segurança
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas
atividades. (Vide Lei nº 13.675, de 2018) Vigên-
cia

118
Percebeu como falamos em dignidade da pessoa
humana para conceituar a matéria? Então, muita
atenção! Afirmam os estudiosos, portanto, que a
base dos direitos humanos é a dignidade da pes-
soa.

Mas o que é dignidade? Segundo a doutrina, digni-


TERMINOLOGIA dade é a convicção de que todos os seres humanos
têm direito a ser igualmente respeitados, pelo sim-
Antes de iniciarmos o estudo da disciplina, é impor- ples fato de ser humano. Ou seja, assegurar a dig-
tnte realizarmos uma observação para evitar con- nidade de um ser humano é respeitá-lo e tratá-lo de
fusões, qual seja: devemos distinguir Direitos Hu- forma igualitária, independentemente de quaisquer
manos de Direitos Fundamentais. condições sociais, culturais ou econômicas.
Pode-se dizer que, ontologicamente, inexiste dife- FUNDAMENTAÇÃO
rença entre ambos, pois ambos designam, em suas
essências, direitos que materializam a dignidade da Os fundamentos envolvem as bases, sobre as
pessoa humana. Mas é possível diferenciar-lhes no quais os Direitos Humanos encontram suas razões.
que se refere à positivação. Isso é importante para que possamos compreender
as premissas que envolvem a nossa matéria, Esse
A expressão "direitos fundamentais" é utilizada
tema é abstrato, envolvendo conceitos históricos e
para referir-se aos direitos positivados na ordem ju-
discussões filosóficas. Entretanto, vamos trazer ele
rídica interna do Estado, enquanto a expressão "di-
reitos humanos" costuma ser adotada Vitória Ferreira de
para identifi- Daforma
Silvasucinta e didática, com destaque para as
principais informações.
car os direitos positivados na ordem internacional.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Em linhas gerais, busca-se responder ao seguinte
Como vocês podem perceber, os conceitos são
questionamento: Por que esses direitos devem ser
praticamente idênticos. Assim, a distinção não re-
validados e respeitados? Qual o amparo filosófico
side no conteúdo de tais direitos, mas no plano de
que os legitima?
positivação.
Para a corrente jusnaturalista, o fundamento está
CONCEITO em normas anteriores e superiores ao direito esta-
tal posto, decorrente de um conjunto de ideias, de
A definição consagrada na doutrina atualmente é a origem divina ou fruto da natureza
de Antônio Peres Luño (1995, p.48), segundo o humana. Conforme Rafael Barreto (2014, p.26), os
qual os direitos humanos constituem um: conjunto direitos humanos extrairiam validade de uma or-
de faculdades e instituições que, em cada mo- dem natural própria das coisas, de um Direito natu-
mento histórico, concretizam as exigências de dig- ral, de base moral, que antecede ao próprio direito
nidade, liberdade e igualdade humanas, as quais positivo.
devem ser reconhecidas positivamente pelos orde-
namentos jurídicos em nível nacional e internacio- Segundo o pensamento positivista, a validade dos
nal. direitos humanos decorre do seu reconhecimento
nas constituições, isto é, do direito validamente
A essência do conceito da disciplina centra-se na posto pelo Estado como normas vigentes. A norma-
proteção aos direitos mais importantes das pes- tização dos direitos humanos confere segurança ju-
soas, notadamente, a dignidade. Ou seja, a ideia rídica às relações sociais, tendo finalidade pedagó-
central é materializar os direitos básicos, imprescin- gica perante a comunidade na medida em que faz
díveis para a defesa da dignidade das pessoas. prevalecer valores éticos que estão positivados nas
normas jurídicas.

Cumpre nos destacar que, no curso da história, to-


das essas teses já foram adotadas e todas tiveram

119
sua importância no processo de afirmação dos di- ampliar a proteção à pessoa, não se admitindo su-
reitos humanos, mas cabe destacar que, inegavel- primir direitos já reconhecidos na ordem jurídica,
mente devemos adotar o conjunto desses funda- pois isso configuraria um retrocesso.
mentos com vistas a realização da dignidade da
pessoa. Essa é a compreensão que você usará no ▪ Irrenunciabilidade;
dia da prova. Tá ok?!
Por envolver o rol de direitos mais importantes de
CARACTERÍSTICAS uma pessoa, não poderão ser renunciados, ainda
que se deseje abrir mão deles. O titular não pode
Em razão da consolidação dos Direitos Humanos dispor do núcleo essencial ou mínimo dos seus di-
no estudo do Direito Internacional Público, por meio reitos humanos. Isto é, se revela a impossibilidade
da edição de inúmeros tratados internacionais, hoje de o próprio ser humano – titular desses direitos –
é possível enumerar diversas características que abrir mão de sua condição humana e permitir a vi-
permeiam o estudo da nossa matéria. Além disso, olação desses direitos. Desta característica de-
você notará que muitas dessas características são corre que eventual manifestação de vontade da
intuitivas e estão relacionadas umas às outras. Es- pessoa em abdicar de sua dignidade não terá valor
sas características gerais são: jurídico, sendo reputada nula.

• Historicidade; ▪ Inalienabilidade;

• Irrenunciabilidade; Os direitos humanos não são objetos de comércio.


A inalienabilidade pugna pela impossibilidade de se
• Inalienabilidade; atribuir uma dimensão pecuniária desses direitos
para fins de venda. Realmente, a dignidade da pes-
• Imprescritibilidade; soa humana não é um valor econômico, não é ne-
gociável.
• Relatividade;
Vitória Ferreira Da Silva
▪ Imprescritibilidade;
• Universabilidade; vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
A pretensão de respeito e concretização de direitos
• Aplicabilidade imediata; humanos não se esgota e nem se consome pelo
passar dos anos, podem ser exigida a qualquer mo-
As características constituem um recurso didático mento.
que tem por finalidade permitir uma visão global de
determinado assunto, a partir de categorias e gru- Atenção! A imprescritibilidade não deve ser confun-
pos de temas. Em nosso estudo, faz-se necessário dida com a prescritibilidade da reparação econô-
estudar de forma objetiva e direta estes atributos mica decorrente da violação de direitos humanos.
de afirmação e consolidação dos direitos humanos
nos mais diversos ambientes. ▪ Relatividade;

▪ Historicidade; Passa a ideia de que os direitos humanos podem


sofrer limitações, podem ser relativizados, não se
Os direitos humanos são frutos do processo histó- afirmando como absolutos. Ou seja, podem sofrer
rico, de modo que, resultam de uma longa cami- limitações para adequá-los a outros valores coexis-
nhada histórica, marcada muitas vezes por lutas, tentes na ordem jurídica.
sofrimento e violação da dignidade da pessoa hu-
mana. Excepcionalmente, a doutrina aponta que existem
dois direitos que são ditos como absolutos! São di-
Assim, não podemos afirmar que o conjunto de di- reitos que não podem ser relativizados em hipótese
reitos que compõe nossa matéria surge em deter- alguma, quais sejam: direito à proibição de tortura
minado fixo. A historicidade é a base para o estudo e proibição de escravidão.
das dimensões (ou gerações), ou seja, a disciplina
é expansiva. ▪ Universabilidade;

O que significa dizer que a caminhada histórica é Essa característica deve ser compreendida em dois
sempre no sentido de reconhecer novos direitos e sentidos.

120
No sentido de que esses direitos destinam-se a to- Compreende os direitos civis e políticos, ditos direi-
das as pessoas, independentemente de suas ca- tos da liberdade, decorrentes das revoluções libe-
racterísticas pessoais, culturais, sociais ou econô- rais e da transição do Estado absolutista para o Es-
micas. tado de direito. Esta categoria impõe uma absten-
ção estatal, por limitarem a atuação do Estado em
E também no sentido de abranger todos os territó- defesa dos direitos das pessoas.
rios, isto é, de validade em todos os países e em
todas as sociedades. É dizer, direito válidos em Os acontecimentos históricos que marcam a pri-
qualquer lugar do planeta, direitos pertencentes a meira geração são a Revolução Gloriosa, na Ingla-
uma sociedade mundial. terra, em 1688; O processo de Independência dos
Estados Unidos da América, em 1776; e, principal-
Diz-se, portanto, que os Direitos Humanos são uni- mente, a Revolução Francesa, de 1789. E por fim,
versais, pois se aplicam a todas as pessoas em possuem como referenciais jurídicos a Constituição
qualquer lugar do mundo! Americana, de 1787 e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, de 1789, na França.
▪ Aplicabilidade Imediata;
▪ 2° (segunda) dimensão
Consiste no reconhecimento formal de que os direi-
tos humanos são completos e, por serem dotados Compreende os direitos sociais, econômicos e cul-
de eficácia plena, podem, desde logo, ser aplica- turais, que são os direitos da igualdade, furto da
dos. Regras e princípios que disciplinam a matéria transição do Estado liberal para o Estado social.
possuem aplicabilidade imediata e direta, não pre- São direitos notadamente prestacionais. Exige do
cisam de outras normas que venham especificar Estado uma obrigação a atuar de forma positiva
como será a aplicação desses direitos. para assegurar tais direitos.

DIMENSÕES (OU GERAÇÕES) Os acontecimentos históricos que marcam essa


geração são a Revolução Mexicana, de 1910, e,
Outro tema pertinente ao estudo da Vitória Ferreira
teoria geral re- Da Silva a Revolução Russa, de 1917, que
principalmente,
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
fere-se a análise de suas dimensões ou gerações. levou à implantação do Estado Socialista na Rússia
Trata-se de uma associação em períodos em que e impactou profundamente o cenário político mun-
a sociedade se preocupou com um ou outro direito dial. E por fim, possuem como referenciais jurídicos
humano. Segundo Rafael Barreto (2014, p. 44), a a Constituição Mexicana, de 1917 (primeiro texto
expressão representa um conjunto de direitos insti- constitucional a proclamar os direitos sociais), e a
tucionalizados num determinado momento histó- Constituição de Weimar na Alemanha, em 1919.
rico, com características similares e um valor co-
mum. ▪ 3° (terceira) dimensão

Não há consenso quanto ao número de gerações - Compreende os direitos difusos dos povos e da hu-
havendo quem fale em 3, 4 e até 5 - mas existe manidade, ditos direito da fraternidade ou solidari-
entendimento pacífico sobre as 3 primeiras gera- edade. Constituem, na realidade, os direitos asse-
ções, que, em linhas gerais podem ser assim iden- gurados às pessoas em geral.
tificadas.
Nesse sentido, vejamos os ensinamentos de Ra-
• 1° geração → direitos de liberdade → civis fael Barreto (2019, p. 48), sua característica central
e políticos; não estará relacionada com o papel do Estado,
mas sim com o fato de serem direitos reconhecidos
• 2° geração → direitos de igualdade → soci- ao homem pela mera condição humana, direitos
ais, econômicos e culturais; pertencentes à humanidade, independente de
qualquer condicionamento quanto à origem, etnia,
• 3° geração → direitos de fraternidade → di- sexo ou qualquer outro fator que configure uma dis-
fusos, dos povos, da coletividade (meio am- criminação.
biente, consumidor, desenvolvimento);
Assim, os direitos de terceira dimensão englobam,
Feitas as observações preliminares, vejamos cada por exemplo, os direitos ao desenvolvimento, meio
uma das dimensões: ambiente e a proteção ao consumidor. Perceba,
portanto, que a proteção se destina à coletividade.
▪ 1° (primeira) dimensão

121
O acontecimento histórico que marca essa geração Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
é o pós Segunda Guerra Mundial, em especial o o exerce por meio de representantes eleitos ou di-
surgimento da Organização das Nações Unidas retamente, nos termos desta Constituição.
(ONU), em 1945. Possuindo como marco jurídico a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, cri- Atualmente, conhecer os fundamentos poderá não
ada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948. ser suficiente para fins de provas. Podemos nos de-
frontar com questões um pouco mais aprofunda-
▪ Outras gerações de direitos humanos das. Em face disso, vamos tratar de cada um dos
fundamentos.
Alguns doutrinadores afirma existir a quarta e a
quinta dimensão dos Direitos Humanos. Devemos ▪ Soberania
saber, inicialmente, que essas dimensões não são
consenso na doutrina, mas, por vezes, aparecem Definida como poder político supremo, que não en-
em provas. contra limite em outros poderes, tanto na ordem in-
terna como internacionalmente.
Segundo Norberto Bobbio, a quarta dimensão dos
Direitos Humanos compreende os direitos relacio- ▪ Cidadania
nados às pesquisas biológicas e à manipulação do
patrimônio genético das pessoas. Paulo Bonavides Participação política dos cidadãos nos negócios do
também afirma a existência de uma quarta gera- Estado e nas áreas de interesse público.
ção, compreendida pelo direito à democracia, e de
uma quinta geração, que compreende o direito à ▪ Dignidade da pessoa humana
paz.
É o núcleo essencial de irradiação dos direitos hu-
manos. É o parâmetro orientador de todas as con-
dutas estatais. Logo, não apenas a Constituição da
República como todo o ordenamento infraconstitu-
Vitória Ferreira Dadeve
cional Silvaser reinterpretado à luz desse funda-
mento.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
▪ Valor social do trabalho e da livre iniciativa
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Impede a concessão de privilégios econômicos
O fundamento é aquilo que dá base, que serve de condenáveis, por ser o trabalho, ponto de partida
sustentação, é aquilo que está pressuposto. No art. para o acesso ao mínimo existencial. Procura-se
1º da CF estão arrolados os fundamentos da Repú- valorizar conjuntamente, em exacerbação de um
blica Federativa Brasileira, denominados de em relação ao outro, os valores sociais do trabalho
princípios estruturantes e para fins de prova é fun- com os princípios da livre iniciativa.
damental conhecer o dispositivo:
▪ Pluralismo político
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e Pressupõe o respeito à diversidade. O pluralismo
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo- político engloba o pluralismo político, social, econô-
crático de Direito e tem como fundamentos: mico, partidário, religioso de ideias, cultural etc.

I - a soberania; OBJETIVOS DO ESTADO


II - a cidadania; Objetivos são metas a serem alcançadas, são pon-
tos nos quais se pretende chegar, e, certamente,
III - a dignidade da pessoa humana; não se confundem com fundamentos. Enquanto es-
ses são, por assim dizer, os pontos de partida,
IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia-
aqueles são os pontos de chegada.
tiva;
No art. 3°, ao elencar os objetivos fundamentais do
V - o pluralismo político.
Estado brasileiro, a Constituição novamente deno-
tou preocupação em afirmar a dignidade da pessoa
humana, pois todos os objetivos estão relacionados

122
com a busca da dignidade da pessoa. Vejamos, ini- Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se
cialmente, a redação do referido artigo: nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Re-
pública Federativa do Brasil: (...)

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - prevalência dos direitos humanos;

II - garantir o desenvolvimento nacional; Ao positivar a prevalência dos direitos humanos


como princípio regente das relações internacionais,
III - erradicar a pobreza e a marginalização e redu- a constituição proíbe que o Brasil adote, no plano
zir as desigualdades sociais e regionais; internacional, qualquer postura que atente contra a
dignidade da pessoa humana.
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras POSITIVAÇÃO DOS DIREITOS E
formas de discriminação.
GARANTIAS
▪ Construir uma sociedade livre, justa e soli-
dária A Constituição de 1988 positivou a maior parte dos
direitos e garantias fundamentais logo no início do
Nada mais é do que a garantia dos princípios da texto constitucional, no Título II, denominado "Dos
liberdade, almejando as regras de justiça e solida- direitos e garantias fundamentais", tratando dos di-
riedade. Ou seja, se busca uma sociedade na qual reitos antes mesmo de organizar a estrutura do Es-
todas as pessoas usufruam das liberdades e onde tado e a estrutura dos Poderes.
haja justiça e solidariedade social.
Isso representa uma grande novidade na história
▪ Garantir o desenvolvimento nacional constitucional brasileira, pois as constituições pre-
Vitória Ferreira téritas traziam a declaração de direitos sempre
Da Silva
Consiste no dever de o administrador público atuar mais para o final do texto constitucional, já depois
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
na implementação dos direitos humanos, com uma de organizar o Estado e os Poderes da República.
melhora qualitativa na atividade estatal e na vida
das pessoas. TOPOGRAFIA DA CF/88

▪ Erradicação da pobreza e marginalização e Título I – Princípios Fundamentais


a redução das desigualdades
Título II – Direitos e Garantias Fundamentais
Busca garantir a todas as pessoas um patamar mí-
nimo de riqueza que permita a redução das desi- • Capítulo I – DOS DIREITOS E DEVERES
gualdades de forma que alcancemos a igualdade INDIVIDUAIS E COLETIVOS
material.
• Capítulo II – DOS DIREITOS SOCIAIS
▪ Promoção do bem de todos
• Capítulo III – DA NACIONALIDADE
Salta aos olhos do legislador a intenção de imple-
mentar políticas públicas voltadas à promoção dos • Capítulo IV – DOS DIREITOS POLÍTICOS
direitos humanos, para reduzir ao máximo quais-
quer formas de discriminação. • Capítulo V – DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Por meio dessa divisão, nosso texto constitucional


PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS
igualou direitos de primeira e segunda dimensão ao
qualificar ambos como direitos fundamentais, rom-
De forma inédita na história constitucional brasi-
pendo com a prática até então adotada, no qual os
leira, a abertura da Constituição aos direitos foi ba-
direitos sociais estavam inseridos dentro da parte
seada também nos tratados internacionais celebra-
que toca à ordem econômica, considerados apenas
dos pelo Brasil. Estabelecendo a prevalência dos
como vetores de atuação estatal, como meros pro-
direitos humanos como um dos princípios que re-
gramas e objetivos a serem perseguidos.
gem o Brasil nas relações internacionais, conforme
art. 4°, inciso II:

123
APLICAÇÃO IMEDIATA E CATALOGO Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
ABERTO DOS DIREITOS E GARANTIAS três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.
FUNDAMENTAIS
• TIDH aprovado com quórum de emenda
Inicialmente, é imprescindível destacarmos os §§ constitucional: possui status de emenda
1° e 2°, do art. 5°, da CF/88: constitucional, no mesmo patamar hierár-
quico da Constituição Federal;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
• TIDH aprovado com quórum de norma in-
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
fraconstitucional: possui status de norma
dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à supralegal, em ponto intermediário, acima
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: das leis, abaixo da Constituição Federal;
(...)
• Demais TI, independentemente do quórum
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias de aprovação: possui status de norma infra-
fundamentais têm aplicação imediata. constitucional;

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Cons- FORMAÇÃO DE UM TRIBUNAL PENAL


tituição não excluem outros decorrentes do regime INTERNACIONAL
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Mais uma novidade está prevista no art. 7° do Ato
Brasil seja parte. das Disposições Constitucionais Transitórias, que
estabelece que "O Brasil propugnará pela forma-
O primeiro dispositivo destacado consagra a apli- ção de um tribunal internacional dos direitos huma-
cabilidade imediata dos direitos e garantias funda- nos".
mentais. Isso significa que o constituinteVitória
quis queFerreira
a Da Silva
aplicabilidade dos direitos e garantias das pessoas Assim, por meio da Emenda Constitucional nº
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
não ficasse condicionada a nenhum outro fator, de- 45/2004 passou a prever no §4º, art. 5° da CF/88:
correndo diretamente da própria constituição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
O segundo dispositivo, por sua vez, ao mencionar de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
“catálogo aberto de direitos”, afirma que os direitos e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
humanos positivados na Constituição não esgotam dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
a proteção à pessoa. Outros direitos, como os pre- segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
vistos em tratados internacionais de Direitos Huma-
nos, também serão aplicados internamente para a (...)
proteção da dignidade da pessoa.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
REGRAMENTO DIFERENCIADO DOS TIDH Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
tado adesão.
Os tratados internacionais podem assumir diferen-
tes posições, perante a organização hierárquica Desse modo, se o Estado Brasileiro aderir à jurisdi-
das normas no direito brasileiro. Dispondo o §3°, ção de eventual tribunal penal internacional ficará
art. 5° da CF/88: submetido a julgamento perante aquela corte.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros COMO CLÁUSULAS PÉTREAS
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à Outra inovação foi à inserção da proteção aos di-
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: reitos das pessoas no rol de cláusulas pétreas da
Constituição, conforme art. 60, §4°, IV, 0 qual veda
(...) proposta de emenda tendente a abolir os direitos e
garantias individuais.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada

124
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada medi- o caso esteja na fase pré-processual (fase do in-
ante proposta: quérito), será possível o pedido de deslocamento.

(...) Há um terceiro requisito, não previsto expressa-


mente no texto constitucional, mas que foi constru-
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de ído pela jurisprudência do Superior Tribunal de Jus-
emenda tendente a abolir: tiça, a partir de uma leitura do sistema constitucio-
nal, que é a necessidade de demonstração con-
(...) creta de ineficiência da atuação dos órgãos estadu-
ais.
IV - os direitos e garantias individuais.

As cláusulas pétreas representam o chamado nú-


cleo duro, insuprimível, e são responsáveis pela
preservação da identidade constitucional. Ter os di-
reitos das pessoas como cláusula pétrea significa
reconhecer que o constituinte firmou um compro-
misso eterno com a proteção da pessoa; enquanto
existir a constituição de 1988, os direitos da pessoa
não poderão ser suprimidos. INTRODUÇÃO

INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE Com o surgimento do Direito Internacional dos Di-


reitos Humanos, os casos de violação de direitos
COMPETÊNCIA
humanos deixaram de ser um problema mera-
O §5°, art. 109 da CF, permite deslocar para as ins- mente interno de cada Estado e passaram a inte-
tâncias federais a apuração de casos que podem grar a pauta de atuação da comunidade internacio-
configurar violação de tratados internacionais de di- nal.
Vitória Ferreira Da Silva
reitos humanos, cabendo ao Procurador Geral da
As normas jurídicas que integram o Direito Interna-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
República suscitar o incidente, junto ao STJ.
cional dos Direitos Humanos instituem variadas
Art. 109, §5°, CF: Nas hipóteses de grave violação obrigações para os Estados, e, dessas obrigações,
de direitos humanos, o Procurador Geral da Repú- surge uma verdadeira responsabilidade internacio-
blica, com a finalidade de assegurar o cumprimento nal dos Estados em matéria de direitos humanos.
de obrigações decorrentes de tratados internacio-
nais de direitos humanos dos quais o Brasil seja CONFIGURAÇÃO DA
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL
de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou pro-
cesso, incidente de deslocamento de competência Segundo André de Carvalho Ramos, a responsabi-
para a Justiça Federal. lidade internacional nasce a partir da infração à
norma de conduta internacional por meio de ação
Da leitura do texto constitucional se extraem dois ou omissão imputável ao Estado, sem que haja
requisitos para que possa correr o deslocamento qualquer recurso a uma avaliação da culpa do
de competência que são a grave violação de direi- agente-órgão do Estado.
tos humanos e a necessidade de assegurar o cum-
primento de obrigações decorrentes de tratados in- A doutrina de Valério de Oliveira Mazzuoli, ainda
ternacionais de direitos humanos dos quais o Brasil complementa, a responsabilidade internacional do
seja parte. Estado é o instituto jurídico que visa responsabilizar
uma potência soberana pela prática de um ato
É importante perceber que o deslocamento só pode atentatório (ilícito) ao direito internacional perpe-
ser feito se estiver em discussão o descumprimento trado contra os direitos ou a dignidade de outro Es-
de obrigações internacionais, não sendo possível tado, prevendo certa reparação a este último pelos
se estiver em discussão apenas violação da legis- prejuízos e gravames que injustamente sofreu.
lação interna. Possuindo duas finalidades:

Pode ser suscitado em qualquer fase do inquérito


ou do processo, o que significa dizer que ainda que

125
FISCALIZAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS
OBRIGAÇÕES INTERNACIONAIS

Para que se promova a responsabilização dos Es-


tados que descumprem as obrigações internacio-
nais em torno dos direitos humanos é necessária a
existência de órgãos e mecanismos de fiscalização
do cumprimento dessas obrigações, afinal, de nada
adiantaria prever as obrigações e não ter como mo-
Agora, quais são as consequências jurídicas des- nitorar se elas estão sendo cumpridas.
ses atos de violação dos direitos humanos? Acar-
retam obrigações que o Estado deve cumprir, entre Quanto aos órgãos, existem órgãos de natureza
elas, a cessação da violação do direito, a omissão executiva e órgãos de natureza jurisdicional. Os ór-
de futuras violações de direitos, pagamento de in- gãos executivos, normalmente denominados de
denizações e etc. Comitê ou Comissão, são os grandes responsáveis
pela fiscalização do cumprimento das obrigações
Vale destacar que a responsabilidade do Estado internacionais em torno dos direito s humanos – a
em relação à violação dos direitos humanos é ob- esses órgãos incumbe atuar em relação aos relató-
jetiva. Não sendo necessária a demonstração de rios e às denúncias sobre violação de direitos hu-
dolo ou culpa, é suficiente a comprovação de nexo manos. Os órgãos jurisdicionais são os Tribunais
causal, da conduta e do dano em si. Ou seja, ca- Internacionais, existentes em cada sistema, e com-
racteriza-se pela aceitação da ausência da prova petentes para julgar Estados acusados de descum-
de qualquer elemento volitivo ou psíquico do prirem as obrigações internacionais em torno dos
agente. Bastaria a comprovação do nexo causal, direitos humanos – de uma maneira geral, os tribu-
da conduta e do dano em si. nais internacionais possuem competência consul-
tiva e contenciosa, sendo competentes tanto para
Nesse sentido, figuram como elementosVitória
para a res-
Ferreira Da Silva
responder consultas sobre a aplicação do sistema,
ponsabilização do Estado: bem como para julgar os casos que surgem envol-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
vendo as normas do sistema.
▪ Ação ou omissão contrária à norma interna-
cional de direitos humanos; Quanto aos mecanismos, existem, basicamente,
três grandes mecanismos, que são os relatórios, as
▪ Nexo de causalidade entre o ato ilícito e o denúncias interestatais e denúncias individuais; O
agente causador responsável; primeiro está presente em todas as convenções in-
ternacionais, enquanto que outros dois são adota-
▪ Dano ao direito humano da(s) vítima(s).
dos apenas em algumas convenções.
De uma forma geral, qualquer violação de direitos
Pelo mecanismo dos relatórios, os Estados signa-
humanos que acarreta em danos deve ser repa-
tários das convenções se obrigam a remeter aos
rada. Contudo, quando se trata do Estado, essa
órgãos fiscalizadores, periodicamente, relatórios
responsabilidade é em dobro, pois este é, ao
informando acerca das medidas adotadas quanto
mesmo tempo, garantidor desses direitos e seu po-
ao cumprimento das obrigações internacionais em
tencial violador.
torno dos direitos humanos.
Ao abordar a temática de descumprimento dos di-
As denúncias interestatais - denominadas comuni-
reitos humanos, é preciso ter em mente que essa
cações interestatais - consistem em comunicações
responsabilidade se estende a todas as esferas
feitas por um Estado alegando que outro Estado
dos poderes (executivo, legislativo e judiciário) e a
está descumprindo as obrigações assumidas em
todos os entes políticos (União, Estados/DF e Mu-
razão da Convenção. Sendo admitida caso pre-
nicípios). E é importante que você tenha em mente
sente os seguintes requisitos de procedibilidade:
que o direito internacional obriga o Estado a prote-
ger os direitos inerentes à pessoas humana, sob
• Esgotamento dos recursos internos de so-
sua jurisdição, contra qualquer ato que viole os di-
lução do conflito;
reitos humanos, inclusive atos que decorrem de
pessoas privadas. • O mesmo não pode estar sendo apreciado
por outra instância internacional;

126
Já as petições individuais consistem em denúncias nada disso pode prejudicar o gozo dos direitos das
feitas por pessoas, grupo de pessoas ou organiza- pessoas e dos direitos humanos.
ções não governamentais relacionadas com a afir-
mação dos direitos humanos. Para que a petição ▪ ACESSO A JUSTIÇA e TRATAMENTO
seja admitida existem alguns requisitos de procedi- EQUITATIVO
bilidade, cabendo destacar os seguintes:
As vítimas devem ser tratadas com compaixão e
• Vedação ao anonimato (as petições não po- respeito pela sua dignidade. As vítimas têm direito
dem ser anônimas) ao acesso às instâncias judiciárias e a uma rápida
reparação do prejuízo por si sofrido. Isto é, deve ser
• O caso não pode estar sendo apreciado por colocado a sua disposição mecanismos judiciários
outra instância internacional e administrativos que permitam às vítimas a obten-
ção de reparação através de procedimentos que
sejam rápidos, de baixo custo e acessíveis.

A Constituição garante a todos o acesso à justiça,


ao prever que “a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Deste
VÍTIMA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS modo, as vítimas devem ser informadas dos direi-
tos que lhes são reconhecidos para procurar a ob-
Vítimas, são pessoas que, individual ou coletiva- tenção de reparação por estes meios. No intuito de
mente, tenham sofrido um prejuízo, nomeada- garantir a participação voluntária das vítimas na in-
mente um atentado à sua integridade física ou vestigação e no processo, estas devem dispor de
mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda toda a informação que lhes permita compreender o
material, ou um grave atentado aos seus direitos sentido da investigação e do processo em todas as
fundamentais, como consequência de atos ou de suas etapas. Por exemplo, nos casos envolvendo
omissões violadores das leis em vigor num Estado.
Vitória Ferreira violência
Da Silva doméstica e familiar, as vítimas devem
ser informadas sobre as medidas protetivas e a
Também são consideradas vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
vítimas, a família ou as possibilidade de solicitá-las no decorrer do pro-
pessoas a cargo da vítima direta, bem como, as cesso, cabendo ao seu representante legal reque-
pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervi- rer as medidas cabíveis nos moldes da Lei Maria
rem para prestar assistência às vítimas em situa- da Penha.
ção de carência ou para impedir a vitimização. Por
exemplo, a vítima direta do homicídio, é quem per- Devem ser tomadas medidas para minimizar, tanto
deu a vida, mas também há vítimas indiretas, como quanto possível, as dificuldades encontradas pelas
a família e pessoas próximas que sofrem um dano vítimas, proteger a sua vida privada e garantir a sua
em sua esfera moral devido à perda daquela pes- segurança, bem como a da sua família e a das suas
soa. Também são vítimas indiretas aquelas pes- testemunhas. Isto é, durante as tomadas de decla-
soas que dependiam da vítima direta para se sus- rações e depoimentos ou em quaisquer outras cir-
tentar. cunstâncias, deve ser realizado em espaços ade-
quados e que contribuam para a privacidade, con-
DIREITOS RECONHECIDOS fidencialidade e a segurança dos envolvidos; As in-
formações coletadas, sobretudo aquelas que tra-
▪ NÃO DISCRIMINAÇÃO tam de aspectos íntimos da vida
da vítima, devem ser protegidas para que não se
O princípio da não discriminação é considerado um tornem públicas, sobretudo pela exploração midiá-
princípio basilar do direito internacional e dos direi- tica dos casos; E, antes de qualquer coisa deve-se
tos humanos, podendo ser considerado até mesmo evitar o emprego de linguagem discriminatória e
uma norma jus cogens, isto é, uma norma que tem questionamentos eivados por juízos de valor que
uma força maior. questionem hábitos, atitudes ou comportamentos
da vítima, ou responsabilizem a vítima pela violên-
O princípio da não discriminação significa que nin- cia sofrida.
guém pode ser excluído, prejudicado ou deixar de
gozar direitos em virtude de critérios irrelevantes, E não menos importante deve ser oportunizados os
como sexo, idade, cor da pele, orientação sexual; meios extrajudiciários de solução de diferendos, in-
cluindo a mediação, a arbitragem e as práticas de

127
direito consuetudinário ou as práticas autóctones • À família, em particular às pessoas a cargo
de justiça, devem ser utilizados, quando se revelem das pessoas que tenham falecido ou que te-
adequados, para facilitar a conciliação e obter a re- nham sido atingidas por incapacidade física
paração em favor das vítimas. Entretanto, esses ou mental como consequência da vitimiza-
mecanismos não podem ser utilizados em qualquer ção.
caso, mas apenas quando se revelarem adequa-
dos. Nesse sentido, o STJ entende, inclusive, que “a in-
denização por dano moral não é preço matemático,
▪ OBRIGAÇÃO DE RESTITUIÇÃO E DE RE- mas sim compensação parcial, aproximativa, pela
PARAÇÃO dor injustamente provocada” (RE n°.409.518 – BA).

Os autores ou os terceiros responsáveis pelo seu ▪ OBTENÇÃO DE SERVIÇOS


comportamento devem se necessário, reparar de
forma equitativa o prejuízo causado às vítimas, às As vítimas devem receber a assistência material,
suas famílias ou às pessoas a seu cargo. médica, psicológica e social de que necessitem,
através de organismos estatais, de voluntariado,
Tal reparação deve incluir a restituição dos bens, comunitários e autóctones; devem ser informadas
uma indenização pelo prejuízo ou pelas perdas so- da existência de serviços de saúde, de serviços so-
fridas, o reembolso das despesas feitas como con- ciais e de outras formas de assistência que lhes
sequência da vitimização, a prestação de serviços possam ser úteis, e devem ter fácil acesso a esses
e o restabelecimento dos direitos. Portanto, na me- serviços.
dida do possível, o autor do crime deve reestabele-
cer o status quo ante, restituir o bem (quando pos-
sível), pagar indenização reparatória, reembolsar
despesas, ou seja, a reparação deve ser a mais in-
tegral possível.
Vitória Ferreira Da Silva
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
(...) IV – fixará valor mínimovitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
para reparação dos da-
nos causados pela infração, considerando os pre-
juízos sofridos pelo ofendido; 1 – INTRODUÇÃO
Uma dimensão importante do direito à reparação A política nacional de direitos humanos do Brasil
tem a ver com o impacto da violência na vida das teve início com o retorno à democracia do país, em
pessoas, seu sustento, condições de vida e desen- 1985, após o período de ditadura militar. Desde
volvimento. Dentre as tantas medidas possíveis de
aquela época movimentos da sociedade civil e or-
serem asseguradas para as vítimas, encontram-se,
ganizações não governamentais vêm exigindo do
por exemplo, o atendimento à saúde física e men-
governo federal que o tema dos direitos humanos
tal, incluindo o acompanhamento psicológico e o
acesso a cirurgias reparadoras de danos estéticos se torne uma “questão de Estado” no Brasil, por
decorrentes da violência sofrida, entre outras medi- meio do que o governo brasileiro tomaria como sua
das que devem ser avaliadas caso a caso e de a responsabilidade em dirigir uma política voltada à
acordo com a legislação vigente. asserção e proteção dos direitos humanos no país.

▪ INDENIZAÇÃO Há três versões do Programa Nacional de Direitos


Humanos já publicadas, tendo sido as duas primei-
Quando não seja possível obter do delinquente ou ras elaboradas no governo Fernando Henrique
de outras fontes uma indenização completa, os Es- Cardoso (1996 e 2002), e a última durante o go-
tados devem procurar assegurar uma indenização verno Lula (2009).
financeira:
Tratam-se de propostas para temas de debate na-
• Às vítimas que tenham sofrido um dano cor- cional em matéria de direitos humanos, que não
poral ou um atentado importante à sua inte- têm força normativa (ou seja, não são leis).
gridade física ou mental, como consequên-
cia de atos criminosos graves;

128
A elaboração dos Programas Nacionais de Direitos II – Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direi-
Humanos decorreu de recomendação feita na Con- tos Humanos:
ferência Mundial de Direitos Humanos de Viena
(1993) para que os Estados promovam “o respeito a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvi-
universal e a observância e proteção de todos os mento sustentável, com inclusão social e econô-
direitos humanos e liberdades fundamentais de to- mica, ambientalmente equilibrado e tecnologica-
das as pessoas, em conformidade com a Carta das mente responsável, cultural e regionalmente di-
Nações Unidas, outros instrumentos relacionados verso, participativo e não discriminatório;
aos direitos humanos e o direito internacional”, bem
como para que criem “condições favoráveis nos ní- b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como
veis nacional, regional e internacional para garantir sujeito central do processo de desenvolvimento;
o pleno e efetivo exercício dos direitos humanos” e
(§§ 1.º e 13.º da Declaração e Programa de Ação
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos am-
de Viena, 1993).
bientais como Direitos Humanos, incluindo as
2 – O 3º PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS gerações futuras como sujeitos de direitos;
HUMANOS (PNDH-3)
III – Eixo Orientador III: Universalizar direitos em
O 3º Programa Nacional de Direitos Humanos es- um contexto de desigualdades:
tabeleceu “eixos orientadores” (composto de várias
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de
“diretrizes”) que ampliam sobremaneira o debate
forma universal, indivisível e interdependente,
acerca da promoção e proteção dos direitos huma-
assegurando a cidadania plena;
nos no Brasil.
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e
Uma das características marcantes do PNDH-3
adolescentes para o seu desenvolvimento inte-
consiste na incorporação da transversalidade
Vitória entre
Ferreira Dagral,
Silva
de forma não discriminatória, assegurando
as suas diretrizes e objetivos, à luz da qual os direi-
seu
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com direito de opinião e participação;
tos humanos são princípios transversais a serem
considerados em todas as políticas públicas e de c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estrutu-
interação democrática. rais; e
Veja os eixos orientadores do PNDH-3 com suas d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversi-
respectivas diretrizes: dade;
Art. 2º da Decreto 7.037/2009 – O PNDH-3 será im- IV – Eixo Orientador IV: Segurança Pública,
plementado de acordo com os seguintes eixos ori- Acesso à Justiça e Combate à Violência:
entadores e suas respectivas diretrizes:
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do
I – Eixo Orientador I: Interação democrática en- sistema de segurança pública;
tre Estado e sociedade civil:
b) Diretriz 12: Transparência e participação popu-
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e lar no sistema de segurança pública e justiça cri-
sociedade civil como instrumento de fortaleci- minal;
mento da democracia participativa;
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da crimi-
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Huma- nalidade e profissionalização da investigação de
nos como instrumento transversal das políticas atos criminosos;
públicas e de interação democrática; e
d) Diretriz 14: Combate à violência institucional,
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas com ênfase na erradicação da tortura e na redu-
de informações em Direitos Humanos e constru- ção da letalidade policial e carcerária;
ção de mecanismos de avaliação e monitora-
mento de sua efetivação; e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de
crimes e de proteção das pessoas ameaçadas;

129
f) Diretriz 16: Modernização da política de execu- Saliente-se, também, que os Estados, o Distrito Fe-
ção penal, priorizando a aplicação de penas e deral, os Municípios e os órgãos do Poder Legisla-
medidas alternativas à privação de liberdade e tivo, do Poder Judiciário e do Ministério Público, se-
melhoria do sistema penitenciário; e rão convidados a aderir ao PNDH-3.

g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça Neste material, colocamos apenas a parte rela-
mais acessível, ágil e efetivo, para o conheci- cionada à Segurança Pública:
mento, a garantia e a defesa de direitos;
Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso
V – Eixo Orientador V: Educação e Cultura em à Justiça e Combate à Violência
Direitos Humanos:
Por muito tempo, alguns segmentos da militância
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos prin- em Direitos Humanos mantiveram-se distantes do
cípios da política nacional de educação em Di- debate sobre as políticas públicas de segurança no
reitos Humanos para fortalecer uma cultura de Brasil. No processo de consolidação da democra-
direitos; cia, por diferentes razões, movimentos sociais e
entidades manifestaram dificuldade no tratamento
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da de- do tema. Na base dessa dificuldade, estavam a me-
mocracia e dos Direitos Humanos nos sistemas mória dos enfrentamentos com o aparato repres-
de educação básica, nas instituições de ensino sivo ao longo de duas décadas de regime ditatorial,
superior e nas instituições formadoras; a postura violenta vigente, muitas vezes, em ór-
gãos de segurança pública, a percepção do crime
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não e da violência como meros subprodutos de uma or-
formal como espaço de defesa e promoção dos dem social injusta a ser transformada em seus pró-
Direitos Humanos; prios fundamentos.
d) Diretriz 21: Promoção da EducaçãoVitória Ferreira
em Direitos Da Silva
Distanciamento análogo ocorreu nas universida-
Humanos no serviço público; e
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
des, que, com poucas exceções, não se debruça-
ram sobre o modelo de polícia legado ou sobre os
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação
desafios da segurança pública. As polícias brasilei-
democrática e ao acesso à informação para con-
ras, nos termos de sua tradição institucional, pouco
solidação de uma cultura em Direitos Humanos;
aproveitaram da reflexão teórica e dos aportes ofe-
e
recidos pela criminologia moderna e demais ciên-
VI – Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à cias sociais, já disponíveis há algumas décadas às
Verdade: polícias e aos gestores de países desenvolvidos. A
cultura arraigada de rejeitar as evidências acumu-
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da ladas pela pesquisa e pela experiência de reforma
verdade como Direito Humano da cidadania e das polícias no mundo era a mesma que expres-
dever do Estado; sava nostalgia de um passado de ausência de ga-
rantias individuais, e que identificava na idéia dos
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e Direitos Humanos não a mais generosa entre as
construção pública da verdade; e promessas construídas pela modernidade, mas
uma verdadeira ameaça.
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacio-
nada com promoção do direito à memória e à Estavam postas as condições históricas, políticas e
verdade, fortalecendo a democracia. culturais para que houvesse um fosso aparente-
mente intransponível entre os temas da segurança
Cabe ressaltar que a implementação do PNDH-3, pública e os Direitos Humanos.
além dos responsáveis nele indicados, envolve par-
cerias com outros órgãos federais relacionados Nos últimos anos, contudo, esse processo de es-
com os temas tratados nos eixos orientadores e tranhamento mútuo passou a ser questionado. De
suas diretrizes. um lado, articulações na sociedade civil assumiram
o desafio de repensar a segurança pública a partir
de diálogos com especialistas na área, policiais e

130
gestores. De outro, começaram a ser implantadas parte do acúmulo crítico que tem sido proposto ao
as primeiras políticas públicas buscando caminhos País pelos especialistas e pesquisadores da área.
alternativos de redução do crime e da violência, a
partir de projetos centrados na prevenção e influen- Em linhas gerais, o PNDH-3 aponta para a neces-
ciados pela cultura de paz. sidade de ampla reforma no modelo de polícia e
propõe o aprofundamento do debate sobre a im-
A proposição do Sistema Único de Segurança Pú- plantação do ciclo completo de policiamento às cor-
blica, a modernização de parte das nossas estrutu- porações estaduais. Prioriza transparência e parti-
ras policiais e a aprovação de novos regimentos e cipação popular, instando ao aperfeiçoamento das
leis orgânicas das polícias, a consciência crescente estatísticas e à publicação de dados, assim como à
de que políticas de segurança pública são realida- reformulação do Conselho Nacional de Segurança
des mais amplas e complexas do que as iniciativas Pública. Contempla a prevenção da violência e da
possíveis às chamadas "forças da segurança", o criminalidade como diretriz, ampliando o controle
surgimento de nova geração de policiais, disposta sobre armas de fogo e indicando a necessidade de
a repensar práticas e dogmas e, sobretudo, a co- profissionalização da investigação criminal.
brança da opinião pública e a maior fiscalização so-
bre o Estado, resultante do processo de democra- Com ênfase na erradicação da tortura e na redução
tização, têm tornado possível a construção de da letalidade policial e carcerária, confere atenção
agenda de reformas na área. especial ao estabelecimento de procedimentos
operacionais padronizados, que previnam as ocor-
O Programa Nacional de Segurança Pública com rências de abuso de autoridade e de violência ins-
Cidadania (Pronasci) e os investimentos já realiza- titucional, e confiram maior segurança a policiais e
dos pelo Governo Federal na montagem de rede agentes penitenciários. Reafirma a necessidade de
nacional de altos estudos em segurança pública, criação de ouvidorias independentes em âmbito fe-
que têm beneficiado milhares de policiais em cada deral e, inspirado em tendências mais modernas de
Estado, simbolizam, ao lado do processo de deba-
Vitória Ferreira policiamento,
Da Silva estimula as iniciativas orientadas por
tes da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pú- resultados, o desenvolvimento do policiamento co-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
blica, acúmulos históricos significativos, que apon- munitário e voltado para a solução de problemas,
tam para novas e mais importantes mudanças. elencando medidas que promovam a valorização
dos trabalhadores em segurança pública. Contem-
As propostas elencadas neste eixo orientador do pla, ainda, a criação de sistema federal que integre
PNDH-3 articulam-se com tal processo histórico de os atuais sistemas de proteção a vítimas e teste-
transformação e exigem muito mais do que já foi munhas, defensores de Direitos Humanos e crian-
alcançado. Para tanto, parte-se do pressuposto de ças e adolescentes ameaçados de morte.
que a realidade brasileira segue sendo gravemente
marcada pela violência e por severos impasses es- Também como diretriz, o PNDH-3 propõe profunda
truturais na área da segurança pública. reforma da Lei de Execução Penal que introduza
garantias fundamentais e novos regramentos para
Problemas antigos, como a ausência de diagnósti- superar as práticas abusivas, hoje comuns. E trata
cos, de planejamento e de definição formal de me- as penas privativas de liberdade como última alter-
tas, a desvalorização profissional dos policiais e nativa, propondo a redução da demanda por encar-
dos agentes penitenciários, o desperdício de recur- ceramento e estimulando novas formas de trata-
sos e a consagração de privilégios dentro das ins- mento dos conflitos, como as sugeridas pelo meca-
tituições, as práticas de abuso de autoridade e de nismo da Justiça Restaurativa.
violência policial contra grupos vulneráveis e a cor-
rupção dos agentes de segurança pública, deman- Reafirma-se a centralidade do direito universal de
dam reformas tão urgentes quanto profundas. acesso à Justiça, com a possibilidade de acesso
aos tribunais por toda a população, com o fortaleci-
As propostas sistematizadas no PNDH-3 agregam, mento das defensorias públicas e a modernização
nesse contexto, as contribuições oferecidas pelo da gestão judicial, de modo a garantir respostas ju-
processo da 11ª Conferência Nacional dos Direitos diciais mais céleres e eficazes.
Humanos e avançam também sobre temas que não
foram objeto de debate, trazendo para o PNDH-3

131
Destacam-se, ainda, o direito de acesso à Justiça prova material, bem como o princípio da ampla
em matéria de conflitos agrários e urbanos e o ne- defesa e do contraditório e o respeito aos Direi-
cessário estímulo aos meios de soluções pacíficas tos Humanos.
de controvérsias.
Responsável: Ministério da Justiça
O PNDH-3 apresenta neste eixo, fundamental-
mente, propostas para que o Poder Público se e) Promover o aprofundamento do debate sobre a
aperfeiçoe no desenvolvimento de políticas públi- instituição do ciclo completo da atividade poli-
cas de prevenção ao crime e à violência, refor- cial, com competências repartidas pelas polí-
çando a noção de acesso universal à Justiça como cias, a partir da natureza e da gravidade dos de-
direito fundamental, e sustentando que a democra- litos.
cia, os processos de participação e transparência,
aliados ao uso de ferramentas científicas e à pro- Responsável: Ministério da Justiça
fissionalização das instituições e trabalhadores da
segurança, assinalam os roteiros mais promissores f) Apoiar a aprovação do Projeto de Lei nº
para que o Brasil possa avançar no caminho da paz 1.937/2007, que dispõe sobre o Sistema Único
pública. de Segurança Pública.

DIRETRIZ 11: DEMOCRATIZAÇÃO E MODERNI- Responsável: Ministério da Justiça


ZAÇÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA PÚ-
Objetivo estratégico II: Modernização da gestão
BLICA
do sistema de segurança pública.
Objetivo estratégico I: Modernização do marco
Ações programáticas:
normativo do sistema de segurança pública.
a) Condicionar o repasse de verbas federais à ela-
Ações programáticas:
Vitória Ferreira boração
Da Silva e revisão periódica de planos estadu-
a) Propor alteração do texto constitucional, de ais, distrital e municipais de segurança pública
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
que se pautem pela integração e pela responsa-
modo a considerar as polícias militares não mais
como forças auxiliares do Exército, mantendo- bilização territorial da gestão dos programas e
as apenas como força reserva. ações.

Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Ministério da Justiça

b) Propor a revisão da estrutura, treinamento, con- b) Criar base de dados unificada que permita o
trole, emprego e regimentos disciplinares dos fluxo de informações entre os diversos compo-
órgãos de segurança pública, de forma a poten- nentes do sistema de segurança pública e a Jus-
cializar as suas funções de combate ao crime e tiça criminal.
proteção dos direitos de cidadania, bem como
garantir que seus órgãos corregedores dispo- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
nham de carreira própria, sem subordinação à pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
direção das instituições policiais. pública

Responsável: Ministério da Justiça c) Redefinir as competências e o funcionamento


da Inspetoria-Geral das Polícias Militares e Cor-
c) Propor a criação obrigatória de ouvidorias de po- pos de Bombeiros Militares.
lícias independentes nos Estados e no Distrito
Federal, com ouvidores protegidos por mandato Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
e escolhidos com participação da sociedade. Defesa

Responsável: Ministério da Justiça Objetivo estratégico III: Promoção dos Direitos


Humanos dos profissionais do sistema de se-
d) Assegurar a autonomia funcional dos peritos e a gurança pública, assegurando sua formação
modernização dos órgãos periciais oficiais, continuada e compatível com as atividades que
como forma de incrementar sua estruturação, exercem.
assegurando a produção isenta e qualificada da

132
Ações programáticas: Rodoviária Federal em cada Estado da Federa-
ção;
a) Proporcionar equipamentos para proteção indi- ▪ Presos provisórios e condenados sob custódia
vidual efetiva para os profissionais do sistema do sistema penitenciário federal e quantidade de
federal de segurança pública. presos trabalhando e estudando por sexo, idade
e raça ou etnia;
Responsável: Ministério da Justiça
▪ Vitimização de policiais federais, policiais rodo-
b) Condicionar o repasse de verbas federais aos viários federais, membros da Força Nacional de
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, à Segurança Pública e agentes penitenciários fe-
garantia da efetiva disponibilização de equipa- derais;
mentos de proteção individual aos profissionais ▪ Quantidade e tipos de laudos produzidos pelos
do sistema nacional de segurança pública. órgãos federais de perícia oficial.

Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Ministério da Justiça


c) Fomentar o acompanhamento permanente da Objetivo estratégico II: Consolidação de meca-
saúde mental dos profissionais do sistema de nismos de participação popular na elaboração
segurança pública, mediante serviços especiali- das políticas públicas de segurança.
zados do sistema de saúde pública.
Ações programáticas:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Saúde a) Reformular o Conselho Nacional de Segurança
Pública, assegurando a participação da socie-
d) Propor projeto de lei instituindo seguro para ca- dade civil organizada em sua composição e ga-
sos de acidentes incapacitantes ou morte em rantindo sua articulação com o Conselho Nacio-
serviço para os profissionais do sistema de se-
gurança pública. Vitória Ferreira DanalSilva
de Política Criminal e Penitenciária.

vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça;
b) Fomentar mecanismos de gestão participativa
e) Garantir a reabilitação e reintegração ao traba- das políticas públicas de segurança, como con-
lho dos profissionais do sistema de segurança selhos e conferências, ampliando a Conferência
pública federal, nos casos de deficiência adqui- Nacional de Segurança Pública.
rida no exercício da função.
Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça;
DIRETRIZ 13: PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA E
DIRETRIZ 12: TRANSPARÊNCIA E PARTICIPA- DA CRIMINALIDADE E PROFISSIONALIZAÇÃO
ÇÃO POPULAR NO SISTEMA DE SEGURANÇA DA INVESTIGAÇÃO DE ATOS CRIMINOSOS.
PÚBLICA E JUSTIÇA CRIMINAL.
Objetivo estratégico I: Ampliação do controle
Objetivo estratégico I: Publicação de dados do de armas de fogo em circulação no País.
sistema federal de segurança pública.
Ações programáticas:
Ação programática
a) Realizar ações permanentes de estímulo ao de-
a) Publicar trimestralmente estatísticas sobre: sarmamento da população.
▪ Crimes registrados, inquéritos instaurados e Responsável: Ministério da Justiça
concluídos, prisões efetuadas, flagrantes regis-
trados, operações realizadas, armas e entorpe- b) Propor reforma da legislação para ampliar as
centes apreendidos pela Polícia Federal em restrições e os requisitos para aquisição de ar-
cada Estado da Federação; mas de fogo por particulares e empresas de se-
▪ Veículos abordados, armas e entorpecentes gurança privada.
apreendidos e prisões efetuadas pela Polícia
Responsável: Ministério da Justiça

133
c) Propor alteração da legislação para garantir que Responsável: Ministério da Justiça
as armas apreendidas em crimes que não envol-
vam disparo sejam inutilizadas imediatamente c) Propor padronização de procedimentos e equi-
após a perícia. pamentos a serem utilizados pelas unidades pe-
riciais oficiais em todos os exames periciais cri-
Responsável: Ministério da Justiça minalísticos e médico-legais.

d) Registrar no Sistema Nacional de Armas todas Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
as armas de fogo destruídas. pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
Responsável: Ministério da Defesa
d) Desenvolver sistema de dados nacional infor-
Objetivo estratégico II: Qualificação da investi- matizado para monitoramento da produção e da
gação criminal. qualidade dos laudos produzidos nos órgãos pe-
riciais.
Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça
a) Propor projeto de lei para alterar o procedimento
do inquérito policial, de modo a admitir procedi- e) Fomentar parcerias com universidades para
mentos orais gravados e transformar em peça pesquisa e desenvolvimento de novas metodo-
ágil e eficiente de investigação criminal voltada logias a serem implantadas nas unidades perici-
à coleta de evidências. ais.
Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Ministério da Justiça
b) Fomentar o debate com o objetivo de unificar os f) Promover e apoiar a educação continuada dos
meios de investigação e obtenção de provas e
Vitória Ferreira profissionais
Da Silva da perícia oficial, em todas as
padronizar procedimentos de investigação crimi- áreas, para a formação técnica e em Direitos
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
nal. Humanos.
Responsável: Ministério da Justiça Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
c) Promover a capacitação técnica em investiga-
pública
ção criminal para os profissionais dos sistemas
estaduais de segurança pública. Objetivo estratégico IV: Fortalecimento dos ins-
trumentos de prevenção à violência.
Responsável: Ministério da Justiça
Ações programáticas:
d) Realizar pesquisas para qualificação dos estu-
dos sobre técnicas de investigação criminal. a) Elaborar diretrizes para as políticas de preven-
ção à violência com o objetivo de assegurar o
Responsável: Ministério da Justiça
reconhecimento das diferenças geracionais, de
Objetivo estratégico III: Produção de prova pe- gênero, étnico-racial e de orientação sexual.
ricial com celeridade e procedimento padroni-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
zado.
pecial de Políticas para as Mulheres da Presidência
Ações programáticas: da República; Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
a) Propor regulamentação da perícia oficial. República

Responsável: Ministério da Justiça b) Realizar anualmente pesquisas nacionais de vi-


timização.
b) Propor projeto de lei para proporcionar autono-
mia administrativa e funcional dos órgãos perici-
ais federais.

134
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública pública

c) Fortalecer mecanismos que possibilitem a efe- b) Garantir aos grupos em situação de vulnerabili-
tiva fiscalização de empresas de segurança pri- dade o conhecimento sobre serviços de atendi-
vada e a investigação e responsabilização de mento, atividades desenvolvidas pelos órgãos e
policiais que delas participem de forma direta ou instituições de segurança e mecanismos de de-
indireta. núncia, bem como a forma de acioná-los.

Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública pública; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República; Secretaria
d) Desenvolver normas de conduta e fiscalização Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
dos serviços de segurança privados que atuam Racial da Presidência da República.
na área rural.
c) Desenvolver e implantar sistema nacional inte-
Responsável: Ministério da Justiça grado das redes de saúde, de assistência social
e educação para a notificação de violência.
e) Elaborar diretrizes para atividades de policia-
mento comunitário e policiamento orientado Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
para a solução de problemas, bem como catalo- Humanos da Presidência da República; Ministério
gar e divulgar boas práticas dessas atividades. da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome; Ministério da Educação; Secre-
Responsável: Ministério da Justiça
Vitória Ferreira taria Especial de Políticas de Promoção da Igual-
Da Silva
f) Elaborar diretrizes para atuação conjunta entre dade Racial da Presidência da República
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
os órgãos de trânsito e os de segurança pública
d) Promover campanhas educativas e pesquisas
para reduzir a violência no trânsito.
voltadas à prevenção da violência contra pes-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das soas com deficiência, idosos, mulheres, indíge-
Cidades nas, negros, crianças, adolescentes, lésbicas,
gays, bissexuais, transexuais, travestis e pes-
g) Realizar debate sobre o atual modelo de repres- soas em situação de rua.
são e estimular a discussão sobre modelos al-
ternativos de tratamento do uso e tráfico de dro- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
gas, considerando o paradigma da redução de Humanos da Presidência da República; Ministério
danos. do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Se-
cretaria Especial de Políticas de Promoção da
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Igualdade Racial da Presidência da República; Se-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
pública; Gabinete de Segurança Institucional; Mi- Presidência da República; Ministério da Justiça; Mi-
nistério da Saúde nistério do Turismo; Ministério do Esporte

Objetivo estratégico V: Redução da violência e) Fortalecer unidade especializada em conflitos


motivada por diferenças de gênero, raça ou et- indígenas na Polícia Federal e garantir sua atu-
nia, idade, orientação sexual e situação de vul- ação conjunta com a FUNAI, em especial nos
nerabilidade. processos conflituosos de demarcação.

Ações programáticas: Responsável: Ministério da Justiça

a) Fortalecer a atuação da Polícia Federal no com- f) Fomentar cursos de qualificação e capacitação


bate e na apuração de crimes contra os Direitos sobre aspectos da cultura tradicional dos povos
Humanos.

135
indígenas e sobre legislação indigenista para to- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
das as corporações policiais, principalmente pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
para as polícias militares e civis especialmente pública
nos Estados e Municípios em que as aldeias in-
dígenas estejam localizadas nas proximidades l) Promover a articulação institucional, em con-
dos centros urbanos. junto com a sociedade civil, para implementar o
Plano de Ação para o Enfrentamento da Violên-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- cia contra a Pessoa Idosa.
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; Ministério
g) Fortalecer mecanismos para combater a violên- da Justiça; Ministério do Desenvolvimento Social e
cia contra a população indígena, em especial Combate à Fome; Ministério da Saúde
para as mulheres indígenas vítimas de casos de
violência psicológica, sexual e de assédio moral. m) Fomentar a implantação do serviço de recebi-
mento e encaminhamento de denúncias de vio-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da lência contra a pessoa idosa em todas as unida-
Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as des da Federação.
Mulheres da Presidência da República.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
h) Apoiar a implementação do pacto nacional de manos da Presidência da República
enfrentamento à violência contra as mulheres de
forma articulada com os planos estaduais de se- n) Capacitar profissionais de educação e saúde
gurança pública e em conformidade com a Lei para identificar e notificar crimes e casos de vio-
Maria da Penha (Lei no 11.340/2006). lência contra a pessoa idosa e contra a pessoa
com deficiência.
Vitória Ferreira Da Silva
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial de Políticas para as vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Mulheres da Presidência Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
da República; Ministério da Saúde; Secretaria Es- Humanos da Presidência da República; Ministério
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- da Saúde; Ministério da Educação
pública.
o) Implementar ações de promoção da cidadania e
i) Avaliar o cumprimento da Lei Maria da Penha Direitos Humanos das lésbicas, gays, bissexu-
com base nos dados sobre tipos de violência, ais, transexuais e travestis, com foco na preven-
agressor e vítima. ção à violência, garantindo redes integradas de
atenção.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial de Políticas para as Mulheres da Presidência Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
da República pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
j) Fortalecer ações estratégicas de prevenção à vi-
olência contra jovens negros. Objetivo estratégico VI: Enfrentamento ao trá-
fico de pessoas.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Ações programáticas:
República; Ministério da Justiça
a) Desenvolver metodologia de monitoramento,
k) Estabelecer política de prevenção de violência disseminação e avaliação das metas do Plano
contra a população em situação de rua, inclu- Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pes-
indo ações de capacitação de policiais em Direi- soas, bem como construir e implementar o II
tos Humanos. Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
Pessoas.

Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do


Turismo; Secretaria Especial de Políticas para as

136
Mulheres da Presidência da República; Ministério do Turismo; Ministério da Justiça; Secretaria Espe-
do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos cial de Políticas para as Mulheres da Presidência
Direitos Humanos da Presidência da República da República

b) Estruturar, a partir de serviços existentes, sis- h) Realizar estudos e pesquisas sobre o tráfico de
tema nacional de atendimento às vítimas do trá- pessoas, inclusive sobre exploração sexual de
fico de pessoas, de reintegração e diminuição da crianças e adolescentes.
vulnerabilidade, especialmente de crianças,
adolescentes, mulheres, transexuais e travestis. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; Ministério
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos do Turismo; Ministério da Justiça; Secretaria Espe-
Humanos da Presidência da República; Secretaria cial de Políticas para as Mulheres da Presidência
Especial de Políticas para as Mulheres da Presi- da República
dência da República; Ministério da Justiça
DIRETRIZ 14: COMBATE À VIOLÊNCIA INSTITU-
c) Implementar as ações referentes a crianças e CIONAL, COM ÊNFASE NA ERRADICAÇÃO DA
adolescentes previstas na Política e no Plano TORTURA E NA REDUÇÃO DA LETALIDADE
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pes- POLICIAL E CARCERÁRIA.
soas.
Objetivo estratégico I: Fortalecimento dos me-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- canismos de controle do sistema de segurança
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pública.
pública
Ações programáticas:
d) Consolidar fluxos de encaminhamento e monito-
ramento de denúncias de casos de tráfico de cri- a) Criar ouvidoria de polícia com independência
anças e adolescentes.
Vitória Ferreira Dapara
Silva
exercer controle externo das atividades das
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Polícias Federais e da Força Nacional de Segu-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- rança Pública, coordenada por um ouvidor com
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- mandato.
pública; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
e) Revisar e disseminar metodologia para atendi- pública
mento de crianças e adolescentes vítimas de
tráfico. b) Fortalecer a Ouvidoria do Departamento Peni-
tenciário Nacional, dotando-a de recursos hu-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- manos e materiais necessários ao desempenho
manos da Presidência da República de suas atividades, propondo sua autonomia
funcional.
f) Fomentar a capacitação de técnicos da gestão
pública, organizações não governamentais e re- Responsável: Ministério da Justiça
presentantes das cadeias produtivas para o en-
frentamento ao tráfico de pessoas. c) Condicionar a transferência voluntária de recur-
sos federais aos Estados e ao Distrito Federal
Responsável: Ministério do Turismo ao plano de implementação ou à existência de
ouvidorias de polícia e do sistema penitenciário,
g) Desenvolver metodologia e material didático que atendam aos requisitos de coordenação por
para capacitar agentes públicos no enfrenta- ouvidor com mandato, escolhidos com participa-
mento ao tráfico de pessoas. ção da sociedade civil e com independência
para sua atuação.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; Ministério Responsável: Ministério da Justiça

137
d) Elaborar projeto de lei para aperfeiçoamento da a) Elaborar procedimentos operacionais padroni-
legislação processual penal, visando padronizar zados para as forças policiais federais, com res-
os procedimentos da investigação de ações po- peito aos Direitos Humanos.
liciais com resultado letal.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Es- pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pública
pública
b) Elaborar procedimentos operacionais padroni-
e) Dotar as Corregedorias da Polícia Federal, da zados sobre revistas aos visitantes de estabele-
Polícia Rodoviária Federal e do Departamento cimentos prisionais, respeitando os preceitos
Penitenciário Nacional de recursos humanos e dos Direitos Humanos.
materiais suficientes para o desempenho de
suas atividades, ampliando sua autonomia fun- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
cional. pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública; Secretaria Especial de Políticas para as
Responsável: Ministério da Justiça Mulheres da Presidência da República

f) Fortalecer a inspetoria da Força Nacional de Se- c) Elaborar diretrizes nacionais sobre uso da força
gurança Pública e tornar obrigatória a publica- e de armas de fogo pelas instituições policiais e
ção trimestral de estatísticas sobre procedimen- agentes do sistema penitenciário.
tos instaurados e concluídos e sobre o número
de policiais desmobilizados. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
Responsável: Ministério da Justiça pública

g) Publicar trimestralmente estatísticasVitória Ferreira


sobre pro- Da Silva equipamentos, armas, munições e
d) Padronizar
cedimentos instauradosvitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
e concluídos pelas Cor- veículos apropriados à atividade policial a serem
regedorias da Polícia Federal e da Polícia Rodo- utilizados pelas forças policiais da União, bem
viária Federal, e sobre a quantidade de policiais como aqueles financiados com recursos fede-
infratores e condenados, por cargo e tipo de pu- rais nos Estados, no Distrito Federal e nos Mu-
nição aplicada. nicípios.

Responsável: Ministério da Justiça Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-


pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
h) Publicar trimestralmente informações sobre pes- pública
soas mortas e feridas em ações da Polícia Fe-
deral, da Polícia Rodoviária Federal e da Força e) Disponibilizar para a Polícia Federal, a Polícia
Nacional de Segurança Pública. Rodoviária Federal e para a Força Nacional de
Segurança Pública munição, tecnologias e ar-
Responsável: Ministério da Justiça mas de menor potencial ofensivo.
i) Criar sistema de rastreamento de armas e de ve- Responsável: Ministério da Justiça
ículos usados pela Polícia Federal, Polícia Ro-
doviária Federal e Força Nacional de Segurança Objetivo estratégico III:Consolidação de polí-
Pública, e fomentar a criação de sistema seme- tica nacional visando à erradicação da tortura e
lhante nos Estados e no Distrito Federal. de outros tratamentos ou penas cruéis, desu-
manos ou degradantes.
Responsável: Ministério da Justiça
Ações programáticas:
Objetivo estratégico II: Padronização de proce-
dimentos e equipamentos do sistema de segu- a) Elaborar projeto de lei visando a instituir o Me-
rança pública. canismo Preventivo Nacional, sistema de inspe-
ção aos locais de detenção para o monitora-
Ações programáticas:

138
mento regular e periódico dos centros de priva- g) Capacitar e apoiar a qualificação dos agentes da
ção de liberdade, nos termos do protocolo facul- perícia oficial, bem como de agentes públicos de
tativo à convenção da ONU contra a tortura e saúde, para a identificação de tortura.
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos
ou degradantes. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- pública
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública; Ministério das Relações Exteriores; h) Incluir na formação de agentes penitenciários fe-
derais curso com conteúdos relativos ao com-
b) Instituir grupo de trabalho para discutir e propor bate à tortura e sobre a importância dos Direitos
atualização e aperfeiçoamento da Lei no Humanos.
9.455/1997, que define os crimes de tortura, de
forma a atualizar os tipos penais, instituir sis- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
tema nacional de combate à tortura, estipular pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
marco legal para a definição de regras unifica- pública
das de exame médico-legal, bem como estipular
i) Realizar campanhas de prevenção e combate à
ações preventivas obrigatórias como formação
tortura nos meios de comunicação para a popu-
específica das forças policiais e capacitação de
lação em geral, além de campanhas específicas
agentes para a identificação da tortura.
voltadas às forças de segurança pública, bem
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- como divulgar os parâmetros internacionais de
manos da Presidência da República combate às práticas de tortura.

c) Promover o fortalecimento, a criação e a reati- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
vação dos comitês estaduais de Vitória
combate àFerreira
tor- manos da Presidência da República
Da Silva
tura.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
j) Estabelecer procedimento para a produção de
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- relatórios anuais, contendo informações sobre o
manos da Presidência da República número de casos de torturas e de tratamentos
desumanos ou degradantes levados às autori-
d) Propor projeto de lei para tornar obrigatória a fil- dades, número de perpetradores e de sentenças
magem dos interrogatórios ou áudio gravações judiciais.
realizadas durante as investigações policiais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- manos da Presidência da República
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública Objetivo estratégico IV: Combate às execuções
extrajudiciais realizadas por agentes do Estado.
e) Estabelecer protocolo para a padronização de
procedimentos a serem realizados nas perícias Ações programáticas:
destinadas a averiguar alegações de tortura.
a) Fortalecer ações de combate às execuções ex-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- trajudiciais realizadas por agentes do Estado,
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- assegurando a investigação dessas violações.
pública
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
f) Elaborar matriz curricular e capacitar os opera- pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
dores do sistema de segurança pública e justiça pública
criminal para o combate à tortura.
b) Desenvolver e apoiar ações específicas para in-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- vestigação e combate à atuação de milícias e
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- grupos de extermínio.
pública

139
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- manos da Presidência da República
pública
Objetivo estratégico II: Consolidação da política
DIRETRIZ 15: GARANTIA DOS DIREITOS DAS de assistência a vítimas e a testemunhas amea-
VÍTIMAS DE CRIMES E DE PROTEÇÃO DAS çadas.
PESSOAS AMEAÇADAS.
Ações programáticas:
Objetivo estratégico I: Instituição de sistema fe-
deral que integre os programas de proteção. a) Propor projeto de lei para aperfeiçoar o marco
legal do Programa Federal de Assistência a Ví-
Ações programáticas: timas e Testemunhas Ameaçadas, ampliando a
proteção de escolta policial para as equipes téc-
a) Propor projeto de lei para integração, de forma nicas do programa, e criar sistema de apoio à
sistêmica, dos programas de proteção a vítimas reinserção social dos usuários do programa.
e testemunhas ameaçadas, defensores de Direi-
tos Humanos e crianças e adolescentes amea- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
çados de morte. pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
manos da Presidência da República b) Regulamentar procedimentos e competências
para a execução do Programa Federal de Assis-
b) Desenvolver sistema nacional que integre as in- tência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas,
formações das ações de proteção às pessoas em especial para a realização de escolta de
ameaçadas. seus usuários.
VitóriaHu-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Ferreira Da Silva Ministério da Justiça; Secretaria Es-
Responsáveis:
manos da Presidência da República
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
c) Ampliar os programas de proteção a vítimas e
testemunhas ameaçadas, defensores dos Direi- c) Fomentar a criação de centros de atendimento
tos Humanos e crianças e adolescentes amea- a vítimas de crimes e a seus familiares, com es-
çados de morte para os Estados em que o índice trutura adequada e capaz de garantir o acompa-
de violência aponte a criação de programas lo- nhamento psicossocial e jurídico dos usuários,
cais. com especial atenção a grupos sociais mais vul-
neráveis, assegurando o exercício de seus direi-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
tos.
manos da Presidência da República
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
d) Garantir a formação de agentes da Polícia Fe-
Humanos da Presidência da República; Secretaria
deral para a proteção das pessoas incluídas nos
Especial de Políticas para as Mulheres da Presi-
programas de proteção de pessoas ameaçadas,
dência da República
observadas suas diretrizes.
d) Incentivar a criação de unidades especializadas
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
do Serviço de Proteção ao Depoente Especial
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
da Polícia Federal nos Estados e no Distrito Fe-
pública
deral.
e) Propor ampliação os recursos orçamentários
Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
para a realização das ações dos programas de
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas,
pública
defensores dos Direitos Humanos e crianças e
adolescentes ameaçados de morte.

140
e) Garantir recursos orçamentários e de infraestru- nos, garantindo segurança nos casos de violên-
tura ao Serviço de Proteção ao Depoente Espe- cia, ameaça, retaliação, pressão ou ação arbi-
cial da Polícia Federal, necessários ao atendi- trária, e a defesa em ações judiciais de má-fé,
mento pleno, imediato e de qualidade aos depo- em decorrência de suas atividades.
entes especiais e a seus familiares, bem como
o atendimento às demandas de inclusão provi- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
sória no programa federal. manos da Presidência da República

Responsável: Ministério da Justiça b) Articular com os órgãos de segurança pública de


Direitos Humanos nos Estados para garantir a
Objetivo estratégico III: Garantia da proteção de segurança dos defensores dos Direitos Huma-
crianças e adolescentes ameaçados de morte. nos.

Ações programáticas: Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-


pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
a) Ampliar a atuação federal no âmbito do Pro- pública
grama de Proteção a Crianças e Adolescentes
Ameaçados de Morte nas unidades da Federa- c) Capacitar os operadores do sistema de segu-
ção com maiores taxas de homicídio nessa faixa rança pública e de justiça sobre o trabalho dos
etária. defensores dos Direitos Humanos.

Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
manos da Presidência da República manos da Presidência da República

b) Formular política nacional de enfrentamento da d) Fomentar parcerias com as Defensorias Públi-


violência letal contra crianças e adolescentes. cas dos Estados e da União para a defesa judi-
Vitória Ferreira DacialSilva
dos defensores dos Direitos Humanos nos
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
processos abertos contra eles.
manos da Presidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
c) Desenvolver e aperfeiçoar os indicadores de manos da Presidência da República
morte violenta de crianças e adolescentes, as-
segurando publicação anual dos dados. e) Divulgar em âmbito nacional a atuação dos de-
fensores e militantes dos Direitos Humanos, fo-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos mentando cultura de respeito e valorização de
Humanos da Presidência da República; Ministério seus papéis na sociedade.
da Saúde
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
d) Desenvolver programas de enfrentamento da vi- manos da Presidência da República
olência letal contra crianças e adolescentes e di-
vulgar as experiências bem sucedidas. DIRETRIZ 16: MODERNIZAÇÃO DA POLÍTICA
DE EXECUÇÃO PENAL, PRIORIZANDO A APLI-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos CAÇÃO DE PENAS E MEDIDAS ALTERNATIVAS
Humanos da Presidência da República; Ministério À PRIVAÇÃO DE LIBERDADE E MELHORIA DO
da Justiça SISTEMA PENITENCIÁRIO.
Objetivo estratégico IV: Garantia de proteção Objetivo estratégico I: Reestruturação do sis-
dos defensores dos Direitos Humanos e de tema penitenciário.
suas atividades.
Ações programáticas:
Ações programáticas:
a) Elaborar projeto de reforma da Lei de Execução
a) Fortalecer a execução do Programa Nacional de Penal (Lei nº 7.210/1984), com o propósito de:
Proteção aos Defensores dos Direitos Huma-

141
• Adotar mecanismos tecnológicos para coibir das diretrizes arquitetônicas que contemplem a
a entrada de substâncias e materiais proibi- existência de alas específicas para presas grá-
dos, eliminando a prática de revista íntima vidas e requisitos de acessibilidade.
nos familiares de presos;
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
• Aplicar a Lei de Execução Penal também a pecial de Políticas para as Mulheres da Presidência
presas e presos provisórios e aos sentencia- da República
dos pela Justiça Especial;
e) Aplicar a Política Nacional de Saúde Mental e a
• Vedar a divulgação pública de informações Política para a Atenção Integral a Usuários de
sobre perfil psicológico do preso e eventuais Álcool e outras Drogas no sistema penitenciário.
diagnósticos psiquiátricos feitos nos estabe-
lecimentos prisionais; Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Saúde
• Instituir a obrigatoriedade da oferta de ensino
pelos estabelecimentos penais e a remição f) Aplicar a Política Nacional de Atenção Integral à
de pena por estudo; Saúde da Mulher no contexto prisional, regula-
mentando a assistência pré-natal, a existência
• Estabelecer que a perda de direitos ou a re- de celas específicas e período de permanência
dução de acesso a qualquer direito ocorrerá com seus filhos para aleitamento.
apenas como consequência de faltas de na-
tureza grave; Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as
• Estabelecer critérios objetivos para isola- Mulheres da Presidência da República
mento de presos e presas no regime discipli-
nar diferenciado; g) Implantar e implementar as ações de atenção in-
Vitória Ferreira tegral
Da Silva
aos presos previstas no Plano Nacional de
• Configurar nulidadevitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
absoluta dos procedi- Saúde no Sistema Penitenciário.
mentos disciplinares quando não houver inti-
mação do defensor do preso; Responsável: Ministério da Justiça; Ministério da
Saúde
• Estabelecer o regime de condenação como
limite para casos de regressão de regime; h) Promover estudo sobre a viabilidade de criação,
em âmbito federal, da carreira de oficial de con-
• Assegurar e regulamentar as visitas íntimas dicional, trabalho externo e penas alternativas,
para a população carcerária LGBT. para acompanhar os condenados em liberdade
condicional, os presos em trabalho externo, em
Responsável: Ministério da Justiça qualquer regime de execução, e os condenados
a penas alternativas à prisão.
b) Elaborar decretos extraordinários de indulto a
condenados por crimes sem violência real, que Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do
reduzam substancialmente a população carce- Planejamento, Orçamento e Gestão
rária brasileira.
i) Avançar na implementação do Sistema de Infor-
Responsável: Ministério da Justiça mações Penitenciárias (InfoPen), financiando a
inclusão dos estabelecimentos prisionais dos
c) Fomentar a realização de revisões periódicas
Estados e do Distrito Federal e condicionando
processuais dos processos de execução penal
os repasses de recursos federais à sua efetiva
da população carcerária.
integração ao sistema.
Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça
d) Vincular o repasse de recursos federais para
j) Ampliar campanhas de sensibilização para in-
construção de estabelecimentos prisionais nos
clusão social de egressos do sistema prisional.
Estados e no Distrito Federal ao atendimento

142
Responsável: Ministério da Justiça Objetivo estratégico III: Tratamento adequado
de pessoas com transtornos mentais.
k) Estabelecer diretrizes na política penitenciária
nacional que fortaleçam o processo de reinte- Ações programáticas:
gração social dos presos, internados e egres-
sos, com sua efetiva inclusão nas políticas pú- a) Estabelecer diretrizes que garantam tratamento
blicas sociais. adequado às pessoas com transtornos mentais,
em consonância com o princípio de desinstituci-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do onalização.
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Minis-
tério da Saúde; Ministério da Educação; Ministério Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
do Esporte Saúde

l) Debater, por meio de grupo de trabalho intermi- b) Propor projeto de lei para alterar o Código Penal,
nisterial, ações e estratégias que visem assegu- prevendo que o período de cumprimento de me-
rar o encaminhamento para o presídio feminino didas de segurança não deve ultrapassar o da
de mulheres transexuais e travestis que estejam pena prevista para o crime praticado, e estabe-
em regime de reclusão. lecendo a continuidade do tratamento fora do
sistema penitenciário quando necessário.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
pública; Secretaria Especial de Políticas para as Saúde
Mulheres da Presidência da República
c) Estabelecer mecanismos para a reintegração
Objetivo estratégico II: Limitação do uso dos social dos internados em medida de segurança
institutos de prisão cautelar. quando da extinção desta, mediante aplicação
Vitória Ferreira Dados
Silva
benefícios sociais correspondentes.
Ações programáticas: vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
a) Propor projeto de lei para alterar o Código de Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e
Processo Penal, com o objetivo de: Combate à Fome

• Estabelecer requisitos objetivos para decre- Objetivo estratégico IV: Ampliação da aplicação
tação de prisões preventivas que consagrem de penas e medidas alternativas.
sua excepcionalidade;
Ações programáticas:
• Vedar a decretação de prisão preventiva em
casos que envolvam crimes com pena má- a) Desenvolver instrumentos de gestão que asse-
xima inferior a quatro anos, excetuando cri- gurem a sustentabilidade das políticas públicas
mes graves como formação de quadrilha e de aplicação de penas e medidas alternativas.
peculato;
Responsáveis: Ministério da Justiça
• Estabelecer o prazo máximo de oitenta e um
b) Incentivar a criação de varas especializadas e
dias para prisão provisória.
de centrais de monitoramento do cumprimento
Responsável: Ministério da Justiça de penas e medidas alternativas.

b) Alterar a legislação sobre abuso de autoridade, Responsável: Ministério da Justiça


tipificando de modo específico as condutas pu-
c) Desenvolver modelos de penas e medidas alter-
níveis.
nativas que associem seu cumprimento ao ilícito
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria praticado, com projetos temáticos que estimu-
Especial dos Direitos Humanos da Presidência lem a capacitação do cumpridor, bem como pe-
da República nas de restrição de direitos com controle de fre-
quência.

143
Responsável: Ministério da Justiça é violência de gênero, isso por que para que uma
agressão seja classificada como violência de gê-
d) Desenvolver programas-piloto com foco na edu- nero deve ser direcionada a vítima em razão de sua
cação, para aplicação da pena de limitação de identificação sexual ou de gênero.
final de semana.
Outro instituto que se desenvolve dentro deste con-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da ceito de gênero é a identidade de gênero, que se
Educação traduz na percepção subjetiva que a pessoa tem de
si mesmo, podendo identificar-se como do gênero
masculino, feminino, ou alguma combinação entre
os gêneros. É a identificação que a pessoa tem de
si para o mundo.

• Cisgênero - pessoa cuja identidade de gê-


DIVERSIDADE SEXUAL: CONCEITOS nero está alinhada ao seu sexo biológico.
Por ex., aquelas que são biologicamente
Diversidade sexual é um conceito amplo que en- mulheres e possuem identidade de gênero
volve expressões de sexualidade, sexo biológico, feminina;
identidade de gênero e orientação sexual. Conceito
que foi alterado ao longo dos anos, em decorrência • Transgênero – descreve pessoas que tran-
das transformações sociais. sitam
Atualmente, os conceitos de sexo, gênero não re- entre os gêneros.
presentam o mesmo significado.
• Agênero (não binário) – pessoa que não se
▪ SEXO identifica ou não se sente pertencente a ne-
Vitória Ferreira Da nhum
Silvagênero.
O sexo biológico é entendido como um elemento
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
da natureza, sendo um conjunto de informações ▪ ORIENTAÇÃO SEXUAL
cromossômicas, órgãos genitais e reprodutores,
A orientação sexual trata-se de uma atração afetiva
com características fisiológicas e secundárias dis-
e/ou sexual que uma pessoa se manifesta em rela-
tinguidas pela medicina, diferenciando os corpos ção à outra.
entre “machos” e “fêmeas”.
As orientações são diversas, vejamos:
▪ GÊNERO
Heterossexual – pessoa que se sente atraída afe-
Gênero é uma construção social, a forma pela qual
tiva e/ou sexualmente por pessoas do
os indivíduos se identificam, podendo estar ou não sexo/gênero oposto.
de acordo com seu sexo e ainda extrapolar a bina-
ridade homem/mulher. Consiste no conjunto de as- Homossexual – pessoa que se sente atraída afetiva
pectos sociais, culturais, políticos relacionados a di- e/ou sexualmente por pessoas do mesmo sexo/gê-
ferenças percebidas entre os papéis masculinos e nero
femininos em uma sociedade. Por ser uma constru-
ção social e também cultural, não nascem com a Bissexual – pessoa que se sente atraída afetiva
pessoa e, não, necessariamente, relacionam-se e/ou sexualmente por pessoas de ambos os se-
com o sexo biológico. xos/gêneros.

Dentro deste conceito é interessante mencionar- Assexual - É um indivíduo que não sente nenhuma
mos alguns pontos relacionados a “violência de gê- atração sexual, seja pelo sexo/gênero oposto ou
nero”, que se define como qualquer tipo de agres- pelo sexo/gênero igual.
são física, psicológica, sexual ou simbólica contra
alguém em situação de vulnerabilidade devido a DIREITO DAS PESSOAS LGBTQIA+
sua identidade de gênero ou orientação sexual. Im-
Para se entender os direitos das pessoas LGBT-
portante destacar que nem todo ato contra a mulher
QIA+ é necessário conceituar a sigla.

144
Os conceitos foram mudados ao longo do tempo, como ela se determinava e a sociedade o via, co-
acompanhando as transformações sociais. Inicial- meçou. Portanto, foi necessário transpor essa bar-
mente, a sigla era apenas LGBT, incluindo: lésbi- reira da imutabilidade do nome da pessoa natural.
cas, gays, bissexuais e transexuais.
Atualmente, a sigla mais inclusiva e amplamente No julgamento da ADI 4277/DF o Supremo Tribunal
utilizada é a LGBTQIA+: Federal (STF) firmou o entendimento da possibili-
dade da alteração do nome da pessoa transgênero
• L: Lésbicas; no assento civil, não sendo necessário a cirurgia de
transgenitalização. Em termos mais simples, para
• G: Gays; a mudança do nome não é necessário que a pes-
soa passe por cirurgia de mudança de sexo ou tra-
• B: Bissexuais;
tamento hormonais.
• T: Transexuais;
▪ RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁ-
• Q: Queer; VEL E CASAMENTO

• I: Intersexuais; O STF reconheceu a união estável homoafetiva,


sendo inconstitucional qualquer distinção de trata-
• A: Assexuais; mento legal às uniões estáveis constituídas por
pessoas do mesmo sexo. No julgamento da ADI
• +: Símbolo utilizado para incluir grupos e varia- 4277, o STF reconheceu a união homoafetiva como
ções de sexualidade e gênero. entidade familiar, devendo dispensar tratamento
Apesar esforços da comunidade LGBTQIA+, ainda igualitário as relações homoafetivas e heterossexu-
não há, no Brasil, um Estatuto da Diversidade Se- ais, uma vez que constituem o conceito de família.
xual. O projeto de lei n. 134/2018 tem como finali-
Vitória Ferreira Já
dade a instituição Estatuto da Diversidade Sexual e
DaemSilva
2011, o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
reconheceu a possibilidade jurídica do pedido de
de Gênero. Desde 2019vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
a matéria está com relato- casamento civil homoafetivo. Tanto é que o Conse-
ria para emissão de parecer. lho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução
Obs.: Não há, no Brasil, um Estatuto da Diversi- 175 de 14/05/2013 que dispões sobre a habilitação,
dade Sexual e de Gênero. celebração de casamento civil, ou de conversão de
união estável em casamento, entre pessoas do
Todos os direitos da comunidade LGBTQIA+ foram mesmo sexo.
concebidos através de um longo caminho jurispru-
dencial, que serão abordados nos próximos tópi- Deste modo, os casamentos e uniões estáveis ho-
cos. moafetivas são equiparados aos casamentos e uni-
ões estáveis heterossexuais. Nesse sentido, o
▪ NOME SOCIAL mesmo regime jurídico protetivo de direitos suces-
sórios, alimentos, patrimoniais e previdenciários
O nome é um atributo de identificação e individua- aplicado às uniões conferido aos casais homoafe-
lização das pessoas, como se fosse uma etiqueta tivos.
colocada sobre cada um de nós. Trata-se de um
direito da personalidade estampado no art. 16 do ▪ ADOÇÃO
Código Civil, vejamos “toda pessoa tem direito ao
nome, nele compreendidos o prenome e o sobre- Com a equiparação jurídica do casamento e união
nome”. estável dos casais homoafetivos aos heterossexu-
ais, confirmando a clara legitimação do conceito de
Por se tratar de um direito da personalidade, in- família, a construção desta é uma consequência.
transmissível, indisponível e inalienável, é Nesses termos, autoriza-se a adoção por casais
que a luta das pessoas em que o nome não tradu- homoafetivos. Ademais, proíbe-se qualquer distin-
zia a sua identificação de gênero, ou seja, a forma ção nas regras de adoção entre casais heterosse-
xuais e homoafetivos. Cabe mencionar que é pos-
sível, no assento de nascimento reconhecimento e

145
averbação da Apesar das propostas legislativas, mas não há le-
paternidade ou maternidade socioafetiva. gislação específica que puna atos de preconceito,
intolerância e discriminação em razão de identi-
▪ DOAÇÃO DE SANGUE dade de gênero e orientação sexual. Um grande
passo foi dado no julgamento da ADO 26.
Até o ano de 2020, a Anvisa, limitava a doação de
sangue a homens que mantiveram relações sexu- Neste marco importante contra a discriminação, o
ais com outros homens nos últimos 12(doze) me- Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), jul-
ses, não poderiam realizar a doação de sangue. No gou procedentes os pedidos ali formulados não
ano de 2020, o STF, no julgamento da ADI 5543, apenas para reconhecer a mora do Congresso Na-
considerou inconstitucional essa restrição, pois re- cional em editar lei que criminalize os atos de ho-
velava-se discriminatória, vejamos: mofobia e transfobia, mas também para determi-
nar, pelo menos até que seja colmatada essa la-
(...) O princípio da dignidade da pessoa humana
cuna legislativa, a aplicação da Lei n. 7.716/1989
busca proteger de forma integral o sujeito na quali-
(que define os crimes resultantes de preconceito de
dade de pessoa vivente em sua existência con-
raça ou de cor) às condutas de discriminação por
creta. A restrição à doação de sangue por homos-
orientação sexual ou identidade de gênero, com
sexuais afronta a sua autonomia privada, pois se
efeitos prospectivos e mediante subsunção. A Lei
impede que elas exerçam plenamente suas esco-
n. 7.716/1989 não traz, expressamente, previsão
lhas de vida, com quem se relacionar, com que fre-
para punição de condutas homofóbicas e transfóbi-
quência, ainda que de maneira sexualmente se-
cas. Porém, na decisão, o STF manifestou que as
gura e saudável. (...)A política restritiva prevista na
práticas homotransfóbicas qualificam-se como es-
Portaria e na Resolução da Diretoria Colegiada,
pécies do gênero racismo, na dimensão de racismo
ainda que de forma desintencional, viola a igual-
social
dade, pois impacta desproporcionalmente sobre os
homens homossexuais e bissexuais e/ou Vitória Ferreira Da Silva
seus par-
ceiros ou parceiras ao injungir-lhes a proibição da
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fruição livre e segura da própria sexualidade para
exercício do ato empático de doar sangue.
Trata-se de discriminação injustificável, tanto do
A realidade das pessoas que não possuem onde
ponto de vista do direito interno, quanto do ponto
morar reflete o desrespeito um dos principais direi-
de vista da proteção internacional dos direitos hu-
tos sociais: o direito a moradia. Entre outros aspec-
manos, à medida que pressupõem serem os ho-
mens homossexuais e bissexuais, por si só, um tos, a existência de pessoas em situação de rua e
sem moradia reflete a falta de condições financei-
grupo de risco, sem se debruçar sobre as condutas
ras, a especulação imobiliária e migração urbana
que verdadeiramente os expõem a uma maior pro-
não planejada.
babilidade de contágio de AIDS ou outras enfermi-
dades a impossibilitar a doação de sangue. Nossa análise irá se circunscrever a temática in-
terna, passando por 3 diplomas:
Em suma, o STF entendeu que há violação ao di-
reito à igualdade, dignidade humana e não discri- • Estatuto da Cidade
minação, a proibição de que homens homossexu-
ais doassem sangue. • Regularização Fundiária Urbana (Provimento do
CNJ n. 44, de 18 de março de 2015)
HOMOFOBIA
• Programa Minha Casa, Minha Vida (Lei n.
É o termo usado para se referir ao preconceito, in- 11.977/09)
tolerância e à discriminação em razão da·orienta-
ção sexual. Pode ser definida como a noção de su- Naturalmente, desses diplomas o mais relevante é
perioridade, medo, desprezo, antipatia, aversão ou o Estatuto das Cidades, para o qual vamos desta-
o ódio irracional às lésbicas, aos gays e às ou aos car a parte mais dos seus estudos.
bissexuais.

146
▪ FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL – PO- • Cooperação entre governos
LÍTICA URBANA
• Planejamento do desenvolvimento das ci-
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, dades
executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo or- • Transporte e serviços públicos adequados
denar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitan- • Controle do uso do solo
tes.
• Complementariedade entre atividades ur-
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Muni- banas e rurais
cipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
• Consumo sustentável
mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana. • Distribuição de ônus e bônus do processo
de urbanização
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão
feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. • Adequação dos instrumentos de política
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, exigir, econômica, tributária e financeira
nos termos da lei federal, do proprietário do solo
• Investimento da valorização de imóveis ur-
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
banos
que promova seu adequado aproveitamento, sob
pena, sucessivamente, de: • Proteção do meio ambiente
I - parcelamento ou edificação compulsórios; • Audiências públicas
Vitória
II - imposto sobre a propriedade predial Ferreira Da Silva
e territorial • Regularização fundiária
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urbana progressivo no tempo;
• Simplificação da legislação de parcela-
III – desapropriação. mento
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana
• Uso e ocupação do solo
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, uti- • Isonomia de condições para os processos
lizando-a para sua moradia ou de sua família, ad- de urbanização
quirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprie-
tário de outro imóvel urbano ou rural. • Redução de impactos ambientais

§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por • Tratamento prioritário às obras e infraestru-
usucapião. tura de energia, telecomunicações, abaste-
cimento de água e saneamento
▪ ESTATUTO DA CIDADE
Art. 3º COMPETÊNCIAS da União para definir re-
Art. 1º Na execução da política urbana, de que tra- gras gerais da política urbana.
tam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
será aplicado o previsto nesta Lei. ATENÇÃO! O município é o agente com melhores
condições para verificar as particularidades locais
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o e implementar a política urbana de forma mais efe-
pleno desenvolvimento das funções sociais da ci- tiva.
dade e da propriedade urbana, mediante as seguin-
tes DIRETRIZES GERAIS (ATENÇÃO!): Art. 4º INSTRUMENTOS da política urbana:

• Cidades sustentáveis • Plano nacional, regionais e estaduais;

• Gestão democrática • Planejamento das regiões e aglomerações;

147
• Planejamento municipal; ótima utilização – de forma que seja assegurado o
direito à moradia.
• Institutos tributários e financeiros;
Art. 9° USUCAPIÃO ESPECIAL DE IMÓVEL UR-
• Institutos jurídicos e políticos; BANO: aquele que possuir como sua área ou edifi-
cação urbana de até duzentos e cinquenta metros
• Estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e
Estudo prévio de impacto de vizinhança; sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de
sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
Art. 5° PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO OU UTI-
LIZAÇÃO COMPULSÓRIA: não seja proprietário de outro imóvel urbano ou ru-
ral.
§ 1º Considera se subutilizado o imóvel:
Os núcleos urbanos informais existentes sem opo-
I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo de- sição há mais de cinco anos e cuja área total divi-
finido no plano diretor ou em legislação dele decor- dida pelo número de possuidores seja inferior a du-
rente; zentos e cinquenta metros quadrados por possui-
dor são suscetíveis de serem usucapidos coletiva-
O plano diretor municipal define os parâmetros mí- mente, desde que os possuidores não sejam pro-
nimos de utilização. O imóvel subutilizado pode so- prietários de outro imóvel urbano ou rural.
frer pressões relacionadas ao imposto progressivo
e ao pedido compulsório para que seja utilizado. O §1° Na ação de usucapião especial urbana é obri-
proprietário é notificado e tem: 1 ano para protoco- gatória a intervenção do Ministério Público.
lizar o projeto, 2 anos para iniciar empreendimento.
§2° O autor terá os benefícios da justiça e da assis-
Neste caso, o município pode prever um prazo
maior, mas não menor. tência judiciária gratuita, inclusive perante o cartó-
rio de
Vitória Ferreira Daregistro
Silvade imóveis.
Art. 7° IPTU PROGRESSIVO no tempo: possibili-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 21 DIREITO DE SUPERFÍCIE: o proprietário
dade de cobrança de majoração da alíquota do
urbano poderá conceder a outrem o direito de su-
IPTU pelo prazo de cinco anos consecutivos caso
perfície do seu terreno, por tempo determinado ou
não cumpra os prazos da obra a ser implementada
indeterminado, mediante escritura pública regis-
conforme art. 5º, em etapas (grandes empreendi-
trada no cartório de registro de imóveis.
mentos).
§ 1º O direito de superfície abrange o direito de uti-
Art. 8° DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO
lizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo
EM TÍTULOS: decorridos 5 (cinco) anos de co-
ao terreno, na forma estabelecida no contrato res-
brança do IPTU progressivo sem que o proprietário
pectivo, atendida a legislação urbanística.
tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edi-
ficação ou utilização, o Município poderá proceder § 2º A concessão do direito de superfície poderá
à desapropriação do imóvel, com pagamento em tí- ser gratuita ou onerosa.
tulos da dívida pública.
§ 3º O superficiário responderá integralmente pelos
§ 1º Os títulos da dívida pública terão prévia apro- encargos e tributos que incidirem sobre a proprie-
vação pelo Senado Federal e serão resgatados no dade superficiária, arcando, ainda, proporcional-
prazo de até dez anos, em prestações anuais, mente à sua parcela de ocupação efetiva, com os
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da in- encargos e tributos sobre a área objeto da conces-
denização e os juros legais de seis por cento ao são do direito de superfície, salvo disposição em
ano. contrário do contrato respectivo.
ATENÇÃO! O parcelamento, edificação e utiliza- § 4º O direito de superfície pode ser transferido a
ção compulsórios, o IPTU progressivo e a desapro- terceiros, obedecidos os termos do contrato res-
priação são medidas de intervenção do Estado em pectivo.
busca do oferecimento de terra – submetida à

148
§ 5º Por morte do superficiário, os seus direitos IV – integrantes de áreas de especial interesse tu-
transmitem-se a seus herdeiros. rístico;

Art. 25 e 26 DIREITO DE PREEMPÇÃO: o direito V – inseridas na área de influência de empreendi-


de preempção confere ao Poder Público municipal mentos ou atividades com significativo impacto am-
preferência para aquisição de imóvel urbano objeto biental de âmbito regional ou nacional;
de alienação onerosa entre particulares.
VI – incluídas no cadastro nacional de Municípios
§ 1º Lei municipal, baseada no plano diretor, deli- com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamen-
mitará as áreas em que incidirá o direito de pre- tos de grande impacto, inundações bruscas ou pro-
empção e fixará prazo de vigência, não superior a cessos geológicos ou hidrológicos correlatos;
cinco anos, renovável a partir de um ano após o
decurso do prazo inicial de vigência. ▪ REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA

Este direito será exercido sempre que o Poder Pú- O objetivo da regularização é facilitar que os indiví-
blico necessitar de áreas para: duos usufruam do direito à moradia em condições
semelhantes aos indivíduos que têm mais recur-
I – regularização fundiária; sos.

II – execução de programas e projetos habitacio- PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA – qual a
nais de interesse social; sua finalidade?

III – constituição de reserva fundiária; Atender a população de baixa renda, garantindo


acesso à moradia em condições dignas e com pa-
IV – ordenamento e direcionamento da expansão drões mínimos de sustentabilidade e segurança.
urbana;
Vitória Ferreira Art.
Da23,
Silva
CF. É competência comum da União, dos
V – implantação de equipamentos urbanos e comu- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: IX -
nitários;
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
promover programas de construção de moradias e
a melhoria das condições habitacionais e de sane-
VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas
amento básico;
verdes;
PROVIMENTO 44 DO CNJ
VII – criação de unidades de conservação ou pro-
teção de outras áreas de interesse ambiental; • Regulamenta a demarcação urbanística, a
legitimação da posse a partir da Lei
VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cul-
tural ou paisagístico; 11.977/2009 e trata da isenção de custas e
emolumentos para a regularização fundiária
Art. 41: PLANO DIRETOR: a propriedade cumpre de interesse social.
função social se estiver atrelada ao plano diretor,
envolve todo território municipal e deve ser revisto • Importa a regularização fundiária de inte-
a cada 10 anos, com participação da população. resse social, sendo que em áreas urbanas,
quando for o primeiro registro e averbação
É obrigatório para cidades: de imóveis de até 70 m2 , o registro poderá
ser feito diretamente nos cartórios sem cus-
I – com mais de vinte mil habitantes; tas e emolumentos, nem comprovação de
pagamento de tributos, inclusive previdenci-
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglo-
ários.
merações urbanas;

III – onde o Poder Público municipal pretenda utili-


zar os instrumentos previstos no § 4º, do art. 182
da Constituição Federal;

149
sério, decorrente de uma ameaça concreta e imi-
nente.

5) As investigações de incidentes que tenham


como vítimas crianças ou adolescentes terão a pri-
oridade absoluta;

A Arguição de Descumprimento de Preceito Funda- 6) No caso de buscas domiciliares por parte das
mental 635, conhecida como "ADPF das favelas", forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro,
ajuizada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) devem ser observadas as seguintes diretrizes
visa garantir o óbvio: o direito à vida de seus mora- constitucionais, sob pena de responsabilidade:
dores. A referida ação questiona o uso despropor- (i) a diligência, no caso específico de cumprimento
cional da força policial contra a população que vive de mandado judicial, deve ser realizada somente
nas favelas do Rio de Janeiro. Assim, a ação cons- durante o dia, vedando-se, assim, o ingresso for-
titucional endereça o desrespeito do governo a pre- çado a domicílios à noite;
ceitos fundamentais basilares tais como o direito à
vida, à dignidade da pessoa humana e à igualdade (ii) a diligência, quando feita sem mandado judicial,
na elaboração e implementação de sua política de pode ter por base denúncia anônima;
segurança pública, que tem se mostrado, a toda
evidência, verdadeira política de extermínio aos ci- (iii) a diligência deve ser justificada e detalhada por
dadãos negros e pobres. O Plenário do STF, na meio da elaboração de auto circunstanciado, que
sessão virtual encerrada no dia 17/08/2020, conce- deverá instruir eventual auto de prisão em flagrante
deu parcialmente medida cautelar na ADPF 635. ou de apreensão de adolescente por ato infracional
Foram deferidos os seguintes pedidos: e ser remetido ao juízo da audiência de custódia
para viabilizar o controle judicial posterior; e,
1) O Estado do Rio de Janeiro elabore eVitória Ferreira Da Silva
encaminhe
ao STF, no prazo máximo vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de 90 dias, um plano (iv) a diligência deve ser realizada nos estritos limi-
para redução da letalidade policial e controle das tes dos fins excepcionais a que se destina.
violações aos direitos humanos pelas forças de se-
7) Seja obrigatória a disponibilização de ambulân-
gurança, que apresente medidas objetivas, crono-
cias em operações policiais previamente planeja-
gramas específicos e previsão dos recursos neces-
das em que haja a possibilidade de confrontos ar-
sários para a sua implementação.
mados, sem prejuízo da atuação dos agentes pú-
2) O emprego e a fiscalização da legalidade do uso blicos e das operações;
da força sejam feitos à luz dos Princípios Básicos
8) O Estado do Rio de Janeiro, no prazo máximo
sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo
de 180 dias, instale equipamentos de GPS e siste-
pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação
mas de gravação de áudio e vídeo nas viaturas po-
da Lei.
liciais e nas fardas dos agentes de segurança, com
3) Seja criado um grupo de trabalho sobre Polícia o posterior armazenamento digital dos respectivos
Cidadã no Observatório de Direitos Humanos loca- arquivos.
lizado no Conselho Nacional de Justiça;

4) Nos termos dos Princípios Básicos sobre a Utili-


zação da Força e de Armas de Fogo pelos Funcio-
nários Responsáveis pela Aplicação da Lei, só se
justifica o uso da força letal por agentes de Estado
quando, ressalvada a ineficácia da elevação grada-
tiva do nível da força empregada para neutralizar a
situação de risco ou de violência, exauridos os de-
mais meios, inclusive os de armas não-letais, e ne-
cessário para proteger a vida ou prevenir um dano TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

150
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e
prevenir a violência doméstica e familiar contra a Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura vi-
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Consti- olência doméstica e familiar contra a mulher qual-
tuição Federal, da Convenção sobre a Eliminação quer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi-
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei
e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros complementar nº 150, de 2015)
tratados internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Ju- I - no âmbito da unidade doméstica, compreen-
izados de Violência Doméstica e Familiar contra a dida como o espaço de convívio permanente de
Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro- pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
teção às mulheres em situação de violência domés- esporadicamente agregadas;
tica e familiar. II - no âmbito da família, compreendida como a
comunidade formada por indivíduos que são ou se
Art. 2º Toda mulher, independentemente de
consideram aparentados, unidos por laços natu-
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cul- rais, por afinidade ou por vontade expressa;
tura, nível educacional, idade e religião, goza dos
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, III - em qualquer relação íntima de afeto, na
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facili- qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
dades para viver sem violência, preservar sua sa- ofendida, independentemente de coabitação.
úde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, Parágrafo único. As relações pessoais enunci-
intelectual e social. adas neste artigo independem de orientação se-
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as xual.
condições para o exercício efetivo dos direitos à Art. 6º A violência doméstica e familiar contra
vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à edu-
Vitória Ferreira aDa
mulher
Silvaconstitui uma das formas de violação dos
cação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao direitos humanos.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liber-
dade, à dignidade, ao respeito e à convivência fa-
miliar e comunitária. CAPÍTULO II
§ 1º O poder público desenvolverá políticas DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉS-
que visem garantir os direitos humanos das mulhe- TICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
res no âmbito das relações domésticas e familiares
no sentido de resguardá-las de toda forma de ne-
Art. 7º São formas de violência doméstica e
gligência, discriminação, exploração, violência, cru-
eldade e opressão. familiar contra a mulher, entre outras:

§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder I - a violência física, entendida como qualquer


público criar as condições necessárias para o efe- conduta que ofenda sua integridade ou saúde cor-
tivo exercício dos direitos enunciados no caput. poral;
II - a violência psicológica, entendida como
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão con-
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
siderados os fins sociais a que ela se destina e, es-
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e
pecialmente, as condições peculiares das mulhe- perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise de-
res em situação de violência doméstica e familiar.
gradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangi-
mento, humilhação, manipulação, isolamento, vigi-
TÍTULO II
lância constante, perseguição contumaz, insulto,
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E chantagem, violação de sua intimidade, ridiculari-
FAMILIAR CONTRA A MULHER zação, exploração e limitação do direito de ir e vir
ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
CAPÍTULO I saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação
dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
DISPOSIÇÕES GERAIS

151
III - a violência sexual, entendida como qual- para a sistematização de dados, a serem unifica-
quer conduta que a constranja a presenciar, a man- dos nacionalmente, e a avaliação periódica dos re-
ter ou a participar de relação sexual não desejada, sultados das medidas adotadas;
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da III - o respeito, nos meios de comunicação so-
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de cial, dos valores éticos e sociais da pessoa e da
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça família, de forma a coibir os papéis estereotipados
de usar qualquer método contraceptivo ou que a que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso
prostituição, mediante coação, chantagem, su- III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV
borno ou manipulação; ou que limite ou anule o do art. 221 da Constituição Federal ;
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a implementação de atendimento policial
IV - a violência patrimonial, entendida como especializado para as mulheres, em particular nas
qualquer conduta que configure retenção, subtra- Delegacias de Atendimento à Mulher;
ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
trumentos de trabalho, documentos pessoais, V - a promoção e a realização de campanhas
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, educativas de prevenção da violência doméstica e
incluindo os destinados a satisfazer suas necessi- familiar contra a mulher, voltadas ao público esco-
dades; lar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos
V - a violência moral, entendida como qualquer das mulheres;
conduta que configure calúnia, difamação ou injú-
ria. VI - a celebração de convênios, protocolos,
ajustes, termos ou outros instrumentos de promo-
ção de parceria entre órgãos governamentais ou
TÍTULO III entre estes e entidades não-governamentais, tendo
DA ASSISTÊNCIA À MULHER por Da
Vitória Ferreira objetivo
Silvaa implementação de programas de er-
radicação da violência doméstica e familiar contra
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA a mulher;
DOMÉSTICA E FAMILIAR
VII - a capacitação permanente das Polícias
Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de
CAPÍTULO I Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos ór-
DAS MEDIDAS INTEGRADAS gãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
DE PREVENÇÃO questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais
que disseminem valores éticos de irrestrito respeito
Art. 8º A política pública que visa coibir a vio- à dignidade da pessoa humana com a perspectiva
lência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á de gênero e de raça ou etnia;
por meio de um conjunto articulado de ações da
IX - o destaque, nos currículos escolares de to-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
dos os níveis de ensino, para os conteúdos relati-
nicípios e de ações não-governamentais, tendo por
vos aos direitos humanos, à equidade de gênero e
diretrizes:
de raça ou etnia e ao problema da violência domés-
I - a integração operacional do Poder Judiciá- tica e familiar contra a mulher.
rio, do Ministério Público e da Defensoria Pública
com as áreas de segurança pública, assistência so-
cial, saúde, educação, trabalho e habitação; CAPÍTULO II
II - a promoção de estudos e pesquisas, esta- DA ASSISTÊNCIA À MULHER
tísticas e outras informações relevantes, com a EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concer- DOMÉSTICA E FAMILIAR
nentes às causas, às consequências e à frequência
da violência doméstica e familiar contra a mulher,
Art. 9º A assistência à mulher em situação de
violência doméstica e familiar será prestada de

152
forma articulada e conforme os princípios e as dire- doméstica ou familiar amparadas por medidas pro-
trizes previstos na Lei Orgânica da Assistência So- tetivas terão seus custos ressarcidos pelo agres-
cial, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único sor. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
de Segurança Pública, entre outras normas e polí- § 6º O ressarcimento de que tratam os
ticas públicas de proteção, e emergencialmente §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus
quando for o caso. de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a in- dos seus dependentes, nem configurar atenuante
clusão da mulher em situação de violência domés- ou ensejar possibilidade de substituição da pena
tica e familiar no cadastro de programas assisten- aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
ciais do governo federal, estadual e municipal. § 7º A mulher em situação de violência domés-
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de tica e familiar tem prioridade para matricular seus
violência doméstica e familiar, para preservar sua dependentes em instituição de educação básica
integridade física e psicológica: mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para
I - acesso prioritário à remoção quando servi- essa instituição, mediante a apresentação dos do-
dora pública, integrante da administração direta ou cumentos comprobatórios do registro da ocorrência
indireta; policial ou do processo de violência doméstica e fa-
miliar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882, de
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando 2019)
necessário o afastamento do local de trabalho, por
até seis meses. § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de
seus dependentes matriculados ou transferidos
III - encaminhamento à assistência judiciária, conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o
quando for o caso, inclusive para eventual ajuiza- acesso às informações será reservado ao juiz, ao
mento da ação de separação judicial, de divórcio, de Ministério Público e aos órgãos competentes do po-
anulação de casamento ou de dissolução de união der público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
Vitória
estável perante o juízo competente. (Incluído Ferreira
pela Lei Da Silva
nº 13.894, de 2019) vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
§ 3º A assistência à mulher em situação de vi- CAPÍTULO III
olência doméstica e familiar compreenderá o DO ATENDIMENTO PELA
acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvi- AUTORIDADE POLICIAL
mento científico e tecnológico, incluindo os serviços
de contracepção de emergência, a profilaxia das
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prá-
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e tica de violência doméstica e familiar contra a mu-
outros procedimentos médicos necessários e cabí- lher, a autoridade policial que tomar conhecimento
veis nos casos de violência sexual. da ocorrência adotará, de imediato, as providências
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar legais cabíveis.
lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput
moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a res- deste artigo ao descumprimento de medida prote-
sarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir tiva de urgência deferida.
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com
a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de Art. 10-A. É direito da mulher em situação de
saúde prestados para o total tratamento das víti- violência doméstica e familiar o atendimento poli-
mas em situação de violência doméstica e familiar, cial e pericial especializado, ininterrupto e prestado
recolhidos os recursos assim arrecadados ao por servidores - preferencialmente do sexo femi-
Fundo de Saúde do ente federado responsável pe- nino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei
las unidades de saúde que prestarem os serviços. nº 13.505, de 2017)
(Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) § 1º A inquirição de mulher em situação de vi-
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados olência doméstica e familiar ou de testemunha de
ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza- violência doméstica, quando se tratar de crime con-
dos para o monitoramento das vítimas de violência tra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: (In-
cluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

153
I - salvaguarda da integridade física, psíquica V - informar à ofendida os direitos a ela confe-
e emocional da depoente, considerada a sua con- ridos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive
dição peculiar de pessoa em situação de violência os de assistência judiciária para o eventual ajuiza-
doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, mento perante o juízo competente da ação de se-
de 2017) paração judicial, de divórcio, de anulação de casa-
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mento ou de dissolução de união estável. (Redação
mulher em situação de violência doméstica e fami- dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
liar, familiares e testemunhas terão contato direto Art. 12. Em todos os casos de violência do-
com investigados ou suspeitos e pessoas a eles re- méstica e familiar contra a mulher, feito o registro
lacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar,
III - não revitimização da depoente, evitando de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre-
sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âm- juízo daqueles previstos no Código de Processo
bitos criminal, cível e administrativo, bem como Penal:
questionamentos sobre a vida privada. (Incluído I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrên-
pela Lei nº 13.505, de 2017) cia e tomar a representação a termo, se apresen-
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de tada;
violência doméstica e familiar ou de testemunha de II - colher todas as provas que servirem para o
delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferen- esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
cialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela
Lei nº 13.505, de 2017) III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
I - a inquirição será feita em recinto especial- ofendida, para a concessão de medidas protetivas
mente projetado para esse fim, o qual conterá os de urgência;
equipamentos próprios e adequados à idade da
mulher em situação de violência doméstica e fami- IV - determinar que se proceda ao exame de
Vitória Ferreira
corpo deSilva
Da delito da ofendida e requisitar outros exa-
liar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da vio-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
lência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) mes periciais necessários;

II - quando for o caso, a inquirição será inter- V - ouvir o agressor e as testemunhas;


mediada por profissional especializado em violên- VI - ordenar a identificação do agressor e fazer
cia doméstica e familiar designado pela autoridade juntar aos autos sua folha de antecedentes crimi-
judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de nais, indicando a existência de mandado de prisão
2017) ou registro de outras ocorrências policiais contra
III - o depoimento será registrado em meio ele- ele;
trônico ou magnético, devendo a degravação e a VI-A - verificar se o agressor possui registro de
mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de
13.505, de 2017) existência, juntar aos autos essa informação, bem
como notificar a ocorrência à instituição responsá-
Art. 11. No atendimento à mulher em situa-
vel pela concessão do registro ou da emissão do
ção de violência doméstica e familiar, a autoridade porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de de-
policial deverá, entre outras providências: zembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (In-
I - garantir proteção policial, quando necessá- cluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
rio, comunicando de imediato ao Ministério Público VII - remeter, no prazo legal, os autos do in-
e ao Poder Judiciário; quérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo
de saúde e ao Instituto Médico Legal; pela autoridade policial e deverá conter:
III - fornecer transporte para a ofendida e seus I - qualificação da ofendida e do agressor;
dependentes para abrigo ou local seguro, quando
houver risco de vida; II - nome e idade dos dependentes;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida III - descrição sucinta do fato e das medidas
para assegurar a retirada de seus pertences do lo- protetivas solicitadas pela ofendida.
cal da ocorrência ou do domicílio familiar;

154
IV - informação sobre a condição de a ofendida § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do ca-
ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida put deste artigo, o juiz será comunicado no prazo
resultou deficiência ou agravamento de deficiência máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao do- da medida aplicada, devendo dar ciência ao Minis-
cumento referido no § 1º o boletim de ocorrência e tério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei
cópia de todos os documentos disponíveis em nº 13.827, de 2019)
posse da ofendida. § 2º Nos casos de risco à integridade física da
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
laudos ou prontuários médicos fornecidos por hos- urgência, não será concedida liberdade provisória
pitais e postos de saúde. ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na


formulação de suas políticas e planos de atendi- TÍTULO IV
mento à mulher em situação de violência doméstica DOS PROCEDIMENTOS
e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia CAPÍTULO I
Civil, à criação de Delegacias Especializadas de
DISPOSIÇÕES GERAIS
Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Inves-
tigativos de Feminicídio e de equipes especializa-
das para o atendimento e a investigação das vio-
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à exe-
lências graves contra a mulher.
cução das causas cíveis e criminais decorrentes da
Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº prática de violência doméstica e familiar contra a
13.505, de 2017) mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
Processo Penal e Processo Civil e da legislação es-
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505,
de 2017)
Vitória Ferreira pecífica
Da Silva relativa à criança, ao adolescente e ao
idoso
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.comque não conflitarem com o estabelecido
§ 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de nesta Lei.
2017)
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordi-
serviços públicos necessários à defesa da mulher nária com competência cível e criminal, poderão
em situação de violência doméstica e familiar e de ser criados pela União, no Distrito Federal e nos
seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de Territórios, e pelos Estados, para o processo, o jul-
2017) gamento e a execução das causas decorrentes da
Art. 12-C. Verificada a existência de risco prática de violência doméstica e familiar contra a
atual ou iminente à vida ou à integridade física ou mulher.
psicológica da mulher em situação de violência do- Parágrafo único. Os atos processuais poderão
méstica e familiar, ou de seus dependentes, o realizar-se em horário noturno, conforme dispuse-
agressor será imediatamente afastado do lar, domi- rem as normas de organização judiciária.
cílio ou local de convivência com a ofendida: (Re-
dação dada pela Lei nº 14.188, de 2021) Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor
ação de divórcio ou de dissolução de união estável
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº no Juizado de Violência Doméstica e Familiar con-
13.827, de 2019) tra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
II - pelo delegado de polícia, quando o Municí- § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de
pio não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
nº 13.827, de 2019) pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído
III - pelo policial, quando o Município não for pela Lei nº 13.894, de 2019)
sede de comarca e não houver delegado disponível § 2º Iniciada a situação de violência doméstica
no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio
13.827, de 2019)

155
ou de dissolução de união estável, a ação terá pre- Art. 19. As medidas protetivas de urgência
ferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento
13.894, de 2019) do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
Art. 15. É competente, por opção da ofen- § 1º As medidas protetivas de urgência pode-
dida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, rão ser concedidas de imediato, independente-
o Juizado: mente de audiência das partes e de manifestação
I - do seu domicílio ou de sua residência; do Ministério Público, devendo este ser pronta-
mente comunicado.
II - do lugar do fato em que se baseou a de-
manda; § 2º As medidas protetivas de urgência serão
aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão
III - do domicílio do agressor. ser substituídas a qualquer tempo por outras de
Art. 16. Nas ações penais públicas condicio- maior eficácia, sempre que os direitos reconheci-
nadas à representação da ofendida de que trata dos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
esta Lei, só será admitida a renúncia à representa- § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério
ção perante o juiz, em audiência especialmente de- Público ou a pedido da ofendida, conceder novas
signada com tal finalidade, antes do recebimento medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
da denúncia e ouvido o Ministério Público. concedidas, se entender necessário à proteção da
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio,
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de
ouvido o Ministério Público.
violência doméstica e familiar contra a mulher, de
penas de cesta básica ou outras de prestação pe- Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial
cuniária, bem como a substituição de pena que im- ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva
plique o pagamento isolado de multa. do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a reque-
rimento do Ministério Público ou mediante repre-
Vitória Ferreira Da Silva
sentação da autoridade policial.
CAPÍTULO II
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão
DAS MEDIDAS PROTETIVAS preventiva se, no curso do processo, verificar a
DE URGÊNCIA falta de motivo para que subsista, bem como de
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a jus-
Seção I tifiquem.
Disposições Gerais Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos
atos processuais relativos ao agressor, especial-
mente dos pertinentes ao ingresso e à saída da pri-
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido
são, sem prejuízo da intimação do advogado cons-
da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (qua-
tituído ou do defensor público.
renta e oito) horas:
Parágrafo único. A ofendida não poderá entre-
I - conhecer do expediente e do pedido e deci-
gar intimação ou notificação ao agressor.
dir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida
ao órgão de assistência judiciária, quando for o Seção II
caso, inclusive para o ajuizamento da ação de se- Das Medidas Protetivas de
paração judicial, de divórcio, de anulação de casa- Urgência que Obrigam o Agressor
mento ou de dissolução de união estável perante o
juízo competente; (Redação dada pela Lei nº 13.894,
de 2019) Art. 22. Constatada a prática de violência do-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos
III - comunicar ao Ministério Público para que
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao
adote as providências cabíveis.
agressor, em conjunto ou separadamente, as se-
IV - determinar a apreensão imediata de arma guintes medidas protetivas de urgência, entre ou-
de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei tras:
nº 13.880, de 2019)

156
I - suspensão da posse ou restrição do porte § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste ar-
de armas, com comunicação ao órgão competente, tigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§
nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 5º e 6º do art. 461 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro
2003 ; de 1973 (Código de Processo Civil).
II - afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida; Seção III
III - proibição de determinadas condutas, entre Das Medidas Protetivas
as quais:
de Urgência à Ofendida
a) aproximação da ofendida, de seus familiares
e das testemunhas, fixando o limite mínimo de dis-
tância entre estes e o agressor; Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário,
b) contato com a ofendida, seus familiares e sem prejuízo de outras medidas:
testemunhas por qualquer meio de comunicação; I - encaminhar a ofendida e seus dependentes
c) frequentação de determinados lugares a fim a programa oficial ou comunitário de proteção ou
de preservar a integridade física e psicológica da de atendimento;
ofendida; II - determinar a recondução da ofendida e a
IV - restrição ou suspensão de visitas aos de- de seus dependentes ao respectivo domicílio, após
pendentes menores, ouvida a equipe de atendi- afastamento do agressor;
mento multidisciplinar ou serviço similar; III - determinar o afastamento da ofendida do
V - prestação de alimentos provisionais ou pro- lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens,
visórios. guarda dos filhos e alimentos;

VI – comparecimento do agressor a programas IV - determinar a separação de corpos.


Vitória
de recuperação e reeducação; e (Incluído Ferreira
pela Lei DaVSilva
- determinar a matrícula dos dependentes da
nº 13.984, de 2020) vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ofendida em instituição de educação básica mais
VII – acompanhamento psicossocial do agres- próxima do seu domicílio, ou a transferência deles
sor, por meio de atendimento individual e/ou em para essa instituição, independentemente da exis-
grupo de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de tência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de
2020) 2019)

§ 1º As medidas referidas neste artigo não im- Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens
pedem a aplicação de outras previstas na legisla- da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
ção em vigor, sempre que a segurança da ofendida particular da mulher, o juiz poderá determinar, limi-
ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi- narmente, as seguintes medidas, entre outras:
dência ser comunicada ao Ministério Público. I - restituição de bens indevidamente subtraí-
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, en- dos pelo agressor à ofendida;
contrando-se o agressor nas condições menciona- II - proibição temporária para a celebração de
das no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, atos e contratos de compra, venda e locação de
de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao propriedade em comum, salvo expressa autoriza-
respectivo órgão, corporação ou instituição as me- ção judicial;
didas protetivas de urgência concedidas e determi-
nará a restrição do porte de armas, ficando o supe- III - suspensão das procurações conferidas
pela ofendida ao agressor;
rior imediato do agressor responsável pelo cumpri-
mento da determinação judicial, sob pena de incor- IV - prestação de caução provisória, mediante
rer nos crimes de prevaricação ou de desobediên- depósito judicial, por perdas e danos materiais de-
cia, conforme o caso. correntes da prática de violência doméstica e fami-
liar contra a ofendida.
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas
protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartó-
qualquer momento, auxílio da força policial. rio competente para os fins previstos nos incisos II
e III deste artigo.

157
Seção IV CAPÍTULO IV
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Do Crime de Descumprimento de
Medidas Protetivas de Urgência
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis
Descumprimento de Medidas
e criminais, a mulher em situação de violência do-
Protetivas de Urgência méstica e familiar deverá estar acompanhada de
advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que Lei.
defere medidas protetivas de urgência previstas Art. 28. É garantido a toda mulher em situa-
nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) ção de violência doméstica e familiar o acesso aos
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) serviços de Defensoria Pública ou de Assistência
anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede po-
licial e judicial, mediante atendimento específico e
§ 1º A configuração do crime independe da
humanizado.
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
medidas. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, ape- TÍTULO V
nas a autoridade judicial poderá conceder fiança. DA EQUIPE DE ATENDIMENTO
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
MULTIDISCIPLINAR
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a apli-
cação de outras sanções cabíveis. (Incluído pela
Lei nº 13.641, de 2018) Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados
Vitória Ferreira Da Silva
poderão contar com uma equipe de atendimento
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
CAPÍTULO III multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de
saúde.

Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando Art. 30. Compete à equipe de atendimento
não for parte, nas causas cíveis e criminais decor- multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe fo-
rentes da violência doméstica e familiar contra a rem reservadas pela legislação local, fornecer sub-
mulher. sídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbal-
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem mente em audiência, e desenvolver trabalhos de
prejuízo de outras atribuições, nos casos de violên- orientação, encaminhamento, prevenção e outras
cia doméstica e familiar contra a mulher, quando medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os
necessário: familiares, com especial atenção às crianças e aos
I - requisitar força policial e serviços públicos adolescentes.
de saúde, de educação, de assistência social e de Art. 31. Quando a complexidade do caso exi-
segurança, entre outros; gir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá de-
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e terminar a manifestação de profissional especiali-
particulares de atendimento à mulher em situação zado, mediante a indicação da equipe de atendi-
de violência doméstica e familiar, e adotar, de ime- mento multidisciplinar.
diato, as medidas administrativas ou judiciais cabí- Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de
veis no tocante a quaisquer irregularidades consta-
sua proposta orçamentária, poderá prever recursos
tadas;
para a criação e manutenção da equipe de atendi-
III - cadastrar os casos de violência doméstica mento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretri-
e familiar contra a mulher. zes Orçamentárias.

158
TÍTULO VI exercida, concorrentemente, pelo Ministério Pú-
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS blico e por associação de atuação na área, regular-
mente constituída há pelo menos um ano, nos ter-
mos da legislação civil.
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juiza-
Parágrafo único. O requisito da pré-constitui-
dos de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu-
ção poderá ser dispensado pelo juiz quando enten-
lher, as varas criminais acumularão as competên-
der que não há outra entidade com representativi-
cias cível e criminal para conhecer e julgar as cau-
dade adequada para o ajuizamento da demanda
sas decorrentes da prática de violência doméstica
coletiva.
e familiar contra a mulher, observadas as previsões
do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação Art. 38. As estatísticas sobre a violência do-
processual pertinente. méstica e familiar contra a mulher serão incluídas
Parágrafo único. Será garantido o direito de nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema
preferência, nas varas criminais, para o processo e de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
o julgamento das causas referidas no caput. nacional de dados e informações relativo às mulhe-
res.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança
TÍTULO VII Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão
DISPOSIÇÕES FINAIS remeter suas informações criminais para a base de
dados do Ministério da Justiça.

Art. 34. A instituição dos Juizados de Violên- Art. 38-A. O juiz competente providenciará o
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá registro da medida protetiva de urgência. (Incluído
ser acompanhada pela implantação das curadorias pela Lei nº 13.827, de 2019)
necessárias e do serviço de assistência judiciária.
DaParágrafo
Vitória Ferreira gência
Silva único. As medidas protetivas de ur-
serão, após sua concessão, imediatamente
Art. 35. A União, vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
o Distrito Federal, os Esta-
registradas em banco de dados mantido e regula-
dos e os Municípios poderão criar e promover, no
mentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garan-
limite das respectivas competências: (Vide Lei
tido o acesso instantâneo do Ministério Público, da
nº 14.316, de 2022)
Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pú-
I - centros de atendimento integral e multidisci- blica e de assistência social, com vistas à fiscaliza-
plinar para mulheres e respectivos dependentes ção e à efetividade das medidas protetivas. (Re-
em situação de violência doméstica e familiar; dação dada Lei nº 14.310, de 2022)
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Fede-
dependentes menores em situação de violência do- ral e os Municípios, no limite de suas competências
méstica e familiar; e nos termos das respectivas leis de diretrizes or-
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, çamentárias, poderão estabelecer dotações orça-
serviços de saúde e centros de perícia médico-le- mentárias específicas, em cada exercício finan-
gal especializados no atendimento à mulher em si- ceiro, para a implementação das medidas estabe-
tuação de violência doméstica e familiar; lecidas nesta Lei.
IV - programas e campanhas de enfrentamento Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei
da violência doméstica e familiar; não excluem outras decorrentes dos princípios por
V - centros de educação e de reabilitação para ela adotados.
os agressores. Art. 41. Aos crimes praticados com violência
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Fede- doméstica e familiar contra a mulher, independen-
ral e os Municípios promoverão a adaptação de temente da pena prevista, não se aplica a Lei nº
seus órgãos e de seus programas às diretrizes e 9.099, de 26 de setembro de 1995.
aos princípios desta Lei. Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos e cinco) dias após sua publicação.
transindividuais previstos nesta Lei poderá ser

159
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de
prestação de serviços à comunidade, incluindo ati-
vidades de promoção da igualdade racial, quem,
em anúncios ou qualquer outra forma de recruta-
mento de trabalhadores, exigir aspectos de aparên-
cia próprios de raça ou etnia para emprego cujas
atividades não justifiquem essas exigências. (Inclu-
ído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabe-
lecimento comercial, negando-se a servir, atender
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os ou receber cliente ou comprador.
crimes resultantes de discriminação ou preconceito Pena: reclusão de um a três anos.
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacio-
nal. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição
ou ingresso de aluno em estabelecimento de en-
Art. 2º (Vetado). sino público ou privado de qualquer grau.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, Pena: reclusão de três a cinco anos.
devidamente habilitado, a qualquer cargo da Admi- Parágrafo único. Se o crime for praticado con-
nistração Direta ou Indireta, bem como das conces- tra menor de dezoito anos a pena é agravada de
sionárias de serviços públicos. 1/3 (um terço).
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospeda-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena gem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer es-
quem, por motivo de discriminação de raça, cor, et- tabelecimento similar.
nia, religião ou procedência nacional, obstar a pro-
Vitória Ferreira Da Silva
Pena: reclusão de três a cinco anos.
moção funcional. (Incluídovitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
pela Lei nº 12.288, de
2010) (Vigência) Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendi-
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa mento em restaurantes, bares, confeitarias, ou lo-
privada. cais semelhantes abertos ao público.

Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de um a três anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendi-
de discriminação de raça ou de cor ou práticas re- mento em estabelecimentos esportivos, casas de
sultantes do preconceito de descendência ou ori- diversões, ou clubes sociais abertos ao público.
gem nacional ou étnica:(Incluído pela Lei nº 12.288, Pena: reclusão de um a três anos.
de 2010) (Vigência)
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendi-
I - deixar de conceder os equipamentos neces-
mento em salões de cabeleireiros, barbearias, ter-
sários ao empregado em igualdade de condições
mas ou casas de massagem ou estabelecimento
com os demais trabalhadores; (Incluído pela Lei nº
com as mesmas finalidades.
12.288, de 2010) (Vigência)
Pena: reclusão de um a três anos.
II - impedir a ascensão funcional do empre-
gado ou obstar outra forma de benefício profissio- Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais
nal; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigên- em edifícios públicos ou residenciais e elevadores
cia) ou escada de acesso aos mesmos:
III - proporcionar ao empregado tratamento di- Pena: reclusão de um a três anos.
ferenciado no ambiente de trabalho, especialmente
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transpor-
quanto ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de
2010) (Vigência) tes públicos, como aviões, navios barcas, barcos,
ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de
transporte concedido.
Pena: reclusão de um a três anos.

160
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de al- I - o recolhimento imediato ou a busca e apre-
guém ao serviço em qualquer ramo das Forças Ar- ensão dos exemplares do material respectivo;(In-
madas. cluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a quatro anos. II - a cessação das respectivas transmissões
radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publica-
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ção por qualquer meio; (Redação dada pela Lei nº
ou forma, o casamento ou convivência familiar e 12.735, de 2012) (Vigência)
social.
III - a interdição das respectivas mensagens ou
Pena: reclusão de dois a quatro anos. páginas de informação na rede mundial de compu-
Art. 15. (Vetado). tadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vi-
gência)
Art. 16. Constitui efeito da condenação a
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da
perda do cargo ou função pública, para o servidor condenação, após o trânsito em julgado da deci-
público, e a suspensão do funcionamento do esta- são, a destruição do material apreendido. (Incluído
belecimento particular por prazo não superior a três pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
meses.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de
Art. 17. (Vetado).
sua publicação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 21.9.1990)
e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser Art. 22. Revogam-se as disposições em con-
motivadamente declarados na sentença. trário. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de
Art. 19. (Vetado). 21.9.1990)

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discrimi-


Vitória
nação ou preconceito de raça, cor, etnia, Ferreira
religião ou Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº
9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Re-
dação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicu-
lar símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
propaganda que utilizem a cruz suástica ou ga-
mada, para fins de divulgação do nazismo. (Reda- TÍTULO I
ção dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Pena: reclusão de dois a cinco anos e
multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igual-
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput dade Racial, destinado a garantir à população ne-
é cometido por intermédio dos meios de comunica- gra a efetivação da igualdade de oportunidades, a
ção social ou publicação de qualquer natureza: defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e
(Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) difusos e o combate à discriminação e às demais
Pena: reclusão de dois a cinco anos e formas de intolerância étnica.
multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto,
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz po- considera-se:
derá determinar, ouvido o Ministério Público ou a I - discriminação racial ou étnico-racial: toda
pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob distinção, exclusão, restrição ou preferência base-
pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº ada em raça, cor, descendência ou origem nacional
9.459, de 15/05/97) ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade
de condições, de direitos humanos e liberdades

161
fundamentais nos campos político, econômico, so- III - modificação das estruturas institucionais
cial, cultural ou em qualquer outro campo da vida do Estado para o adequado enfrentamento e a su-
pública ou privada; peração das desigualdades étnicas decorrentes do
II - desigualdade racial: toda situação injustifi- preconceito e da discriminação étnica;
cada de diferenciação de acesso e fruição de bens, IV - promoção de ajustes normativos para
serviços e oportunidades, nas esferas pública e pri- aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às
vada, em virtude de raça, cor, descendência ou ori- desigualdades étnicas em todas as suas manifes-
gem nacional ou étnica; tações individuais, institucionais e estruturais;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria V - eliminação dos obstáculos históricos, soci-
existente no âmbito da sociedade que acentua a oculturais e institucionais que impedem a represen-
distância social entre mulheres negras e os demais tação da diversidade étnica nas esferas pública e
segmentos sociais; privada;
IV - população negra: o conjunto de pessoas VI - estímulo, apoio e fortalecimento de inicia-
que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o tivas oriundas da sociedade civil direcionadas à
quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto promoção da igualdade de oportunidades e ao
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que combate às desigualdades étnicas, inclusive medi-
adotam autodefinição análoga; ante a implementação de incentivos e critérios de
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e condicionamento e prioridade no acesso aos recur-
programas adotados pelo Estado no cumprimento sos públicos;
de suas atribuições institucionais; VII - implementação de programas de ação
VI - ações afirmativas: os programas e medi- afirmativa destinados ao enfrentamento das desi-
das especiais adotados pelo Estado e pela inicia- gualdades étnicas no tocante à educação, cultura,
tiva privada para a correção das desigualdades ra- esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, mora-
ciais e para a promoção da igualdade deVitória dia,Da
Ferreira
oportuni- meios de comunicação de massa, financia-
Silva
dades. mentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Parágrafo único. Os programas de ação afir-
Art. 2º É dever do Estado e da sociedade ga-
mativa constituir-se-ão em políticas públicas desti-
rantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo nadas a reparar as distorções e desigualdades so-
a todo cidadão brasileiro, independentemente da ciais e demais práticas discriminatórias adotadas,
etnia ou da cor da pele, o direito à participação na nas esferas pública e privada, durante o processo
comunidade, especialmente nas atividades políti- de formação social do País.
cas, econômicas, empresariais, educacionais, cul-
turais e esportivas, defendendo sua dignidade e Art. 5º Para a consecução dos objetivos
seus valores religiosos e culturais. desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de Pro-
moção da Igualdade Racial (Sinapir), conforme es-
Art. 3º Além das normas constitucionais rela-
tabelecido no Título III.
tivas aos princípios fundamentais, aos direitos e ga-
rantias fundamentais e aos direitos sociais, econô-
micos e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial TÍTULO II
adota como diretriz político-jurídica a inclusão das
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
vítimas de desigualdade étnico-racial, a valoriza-
ção da igualdade étnica e o fortalecimento da iden-
tidade nacional brasileira. CAPÍTULO I
Art. 4º A participação da população negra, DO DIREITO À SAÚDE
em condição de igualdade de oportunidade, na vida
econômica, social, política e cultural do País será Art. 6º O direito à saúde da população negra
promovida, prioritariamente, por meio de: será garantido pelo poder público mediante políti-
I - inclusão nas políticas públicas de desenvol- cas universais, sociais e econômicas destinadas à
vimento econômico e social; redução do risco de doenças e de outros agravos.
II - adoção de medidas, programas e políticas
de ação afirmativa;

162
§ 1o O acesso universal e igualitário ao Sis- ções ambientais, no saneamento básico, na segu-
tema Único de Saúde (SUS) para promoção, prote- rança alimentar e nutricional e na atenção integral
ção e recuperação da saúde da população negra à saúde.
será de responsabilidade dos órgãos e instituições
públicas federais, estaduais, distritais e municipais,
da administração direta e indireta. CAPÍTULO II
§ 2o O poder público garantirá que o segmento DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
da população negra vinculado aos seguros priva- AO ESPORTE E AO LAZER
dos de saúde seja tratado sem discriminação.
Art. 7º O conjunto de ações de saúde volta- Seção I
das à população negra constitui a Política Nacional Disposições Gerais
de Saúde Integral da População Negra, organizada
de acordo com as diretrizes abaixo especificadas:
Art. 9º A população negra tem direito a parti-
I - ampliação e fortalecimento da participação cipar de atividades educacionais, culturais, esporti-
de lideranças dos movimentos sociais em defesa vas e de lazer adequadas a seus interesses e con-
da saúde da população negra nas instâncias de dições, de modo a contribuir para o patrimônio cul-
participação e controle social do SUS; tural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
II - produção de conhecimento científico e tec- Art. 10. Para o cumprimento do disposto no
nológico em saúde da população negra;
art. 9o, os governos federal, estaduais, distrital e
III - desenvolvimento de processos de informa- municipais adotarão as seguintes providências:
ção, comunicação e educação para contribuir com
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar
a redução das vulnerabilidades da população ne-
o acesso da população negra ao ensino gratuito e
gra.
Vitória Ferreira às
Daatividades
Silva esportivas e de lazer;
Art. 8º Constituem objetivos da Política Naci- II - apoio à iniciativa de entidades que mante-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
onal de Saúde Integral da População Negra: nham espaço para promoção social e cultural da
I - a promoção da saúde integral da população população negra;
negra, priorizando a redução das desigualdades ét- III - desenvolvimento de campanhas educati-
nicas e o combate à discriminação nas instituições vas, inclusive nas escolas, para que a solidarie-
e serviços do SUS; dade aos membros da população negra faça parte
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de da cultura de toda a sociedade;
informação do SUS no que tange à coleta, ao pro- IV - implementação de políticas públicas para
cessamento e à análise dos dados desagregados o fortalecimento da juventude negra brasileira.
por cor, etnia e gênero;
III - o fomento à realização de estudos e pes-
quisas sobre racismo e saúde da população negra; Seção II
Da Educação
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da popu-
lação negra nos processos de formação e educa-
ção permanente dos trabalhadores da saúde; Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fun-
V - a inclusão da temática saúde da população damental e de ensino médio, públicos e privados, é
negra nos processos de formação política das lide- obrigatório o estudo da história geral da África e da
ranças de movimentos sociais para o exercício da história da população negra no Brasil, observado o
participação e controle social no SUS. disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
Parágrafo único. Os moradores das comuni- 1996.
dades de remanescentes de quilombos serão be- § 1o Os conteúdos referentes à história da po-
neficiários de incentivos específicos para a garantia pulação negra no Brasil serão ministrados no âm-
do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi- bito de todo o currículo escolar, resgatando sua
contribuição decisiva para o desenvolvimento so-
cial, econômico, político e cultural do País.

163
§ 2o O órgão competente do Poder Executivo Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio
fomentará a formação inicial e continuada de pro- dos órgãos responsáveis pelas políticas de promo-
fessores e a elaboração de material didático espe- ção da igualdade e de educação, acompanhará e
cífico para o cumprimento do disposto no ca- avaliará os programas de que trata esta Seção.
put deste artigo.
§ 3o Nas datas comemorativas de caráter cí-
vico, os órgãos responsáveis pela educação incen- Seção III
tivarão a participação de intelectuais e representan- Da Cultura
tes do movimento negro para debater com os estu-
dantes suas vivências relativas ao tema em come-
Art. 17. O poder público garantirá o reconhe-
moração.
cimento das sociedades negras, clubes e outras
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e esta- formas de manifestação coletiva da população ne-
duais de fomento à pesquisa e à pós-graduação gra, com trajetória histórica comprovada, como pa-
poderão criar incentivos a pesquisas e a programas trimônio histórico e cultural, nos termos dos arts.
de estudo voltados para temas referentes às rela- 215 e 216 da Constituição Federal.
ções étnicas, aos quilombos e às questões perti- Art. 18. É assegurado aos remanescentes
nentes à população negra.
das comunidades dos quilombos o direito à preser-
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio vação de seus usos, costumes, tradições e mani-
dos órgãos competentes, incentivará as institui- festos religiosos, sob a proteção do Estado.
ções de ensino superior públicas e privadas, sem Parágrafo único. A preservação dos documen-
prejuízo da legislação em vigor, a: tos e dos sítios detentores de reminiscências histó-
I - resguardar os princípios da ética em pes- ricas dos antigos quilombos, tombados nos termos
quisa e apoiar grupos, núcleos e centros de pes- do § 5o do art. 216 da Constituição Federal, rece-
Vitória Ferreira
quisa, nos diversos programas de pós-graduação beráDa Silvaatenção do poder público.
especial
que desenvolvam temáticas de interesse da popu-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 19. O poder público incentivará a cele-
lação negra;
bração das personalidades e das datas comemora-
II - incorporar nas matrizes curriculares dos tivas relacionadas à trajetória do samba e de outras
cursos de formação de professores temas que in- manifestações culturais de matriz africana, bem
cluam valores concernentes à pluralidade étnica e como sua comemoração nas instituições de ensino
cultural da sociedade brasileira; públicas e privadas.
III - desenvolver programas de extensão uni- Art. 20. O poder público garantirá o registro
versitária destinados a aproximar jovens negros de e a proteção da capoeira, em todas as suas moda-
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da lidades, como bem de natureza imaterial e de for-
proporcionalidade de gênero entre os beneficiários; mação da identidade cultural brasileira, nos termos
IV - estabelecer programas de cooperação téc- do art. 216 da Constituição Federal.
nica, nos estabelecimentos de ensino públicos, pri- Parágrafo único. O poder público buscará ga-
vados e comunitários, com as escolas de educação rantir, por meio dos atos normativos necessários, a
infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino preservação dos elementos formadores tradicio-
técnico, para a formação docente baseada em prin- nais da capoeira nas suas relações internacionais.
cípios de equidade, de tolerância e de respeito às
diferenças étnicas.
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará Seção IV
ações socioeducacionais realizadas por entidades Do Esporte e Lazer
do movimento negro que desenvolvam atividades
voltadas para a inclusão social, mediante coopera- Art. 21. O poder público fomentará o pleno
ção técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, acesso da população negra às práticas desporti-
entre outros mecanismos.
vas, consolidando o esporte e o lazer como direitos
Art. 15. O poder público adotará programas sociais.
de ação afirmativa.

164
Art. 22. A capoeira é reconhecida como des- VII - o acesso aos órgãos e aos meios de co-
porto de criação nacional, nos termos do art. 217 municação para divulgação das respectivas religi-
da Constituição Federal. ões;
§ 1o A atividade de capoeirista será reconhe- VIII - a comunicação ao Ministério Público para
cida em todas as modalidades em que a capoeira abertura de ação penal em face de atitudes e práti-
se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou cas de intolerância religiosa nos meios de comuni-
música, sendo livre o exercício em todo o território cação e em quaisquer outros locais.
nacional. Art. 25. É assegurada a assistência religiosa
o
§ 2 É facultado o ensino da capoeira nas ins- aos praticantes de religiões de matrizes africanas
tituições públicas e privadas pelos capoeiristas e internados em hospitais ou em outras instituições
mestres tradicionais, pública e formalmente reco- de internação coletiva, inclusive àqueles submeti-
nhecidos. dos a pena privativa de liberdade.
Art. 26. O poder público adotará as medidas
CAPÍTULO III necessárias para o combate à intolerância com as
religiões de matrizes africanas e à discriminação de
DO DIREITO À LIBERDADE DE
seus seguidores, especialmente com o objetivo de:
CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE
I - coibir a utilização dos meios de comunica-
EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS ção social para a difusão de proposições, imagens
ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciên- ódio ou ao desprezo por motivos fundados na reli-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício giosidade de matrizes africanas;
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a II - inventariar, restaurar e proteger os docu-
proteção aos locais de culto e a suas liturgias. mentos, obras e outros bens de valor artístico e cul-
Vitória Ferreira tural,
Da Silva
os monumentos, mananciais, flora e sítios ar-
Art. 24. O direito à liberdade de consciência
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
queológicos vinculados às religiões de matrizes
e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos
de matriz africana compreende: africanas;

I - a prática de cultos, a celebração de reuniões III - assegurar a participação proporcional de


relacionadas à religiosidade e a fundação e manu- representantes das religiões de matrizes africanas,
tenção, por iniciativa privada, de lugares reserva- ao lado da representação das demais religiões, em
dos para tais fins; comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias
de deliberação vinculadas ao poder público.
II - a celebração de festividades e cerimônias
de acordo com preceitos das respectivas religiões;
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa CAPÍTULO IV
privada, de instituições beneficentes ligadas às res- DO ACESSO À TERRA E À
pectivas convicções religiosas; MORADIA ADEQUADA
IV - a produção, a comercialização, a aquisição
e o uso de artigos e materiais religiosos adequados Seção I
aos costumes e às práticas fundadas na respectiva
Do Acesso à Terra
religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas
por legislação específica;
V - a produção e a divulgação de publicações Art. 27. O poder público elaborará e imple-
relacionadas ao exercício e à difusão das religiões mentará políticas públicas capazes de promover o
de matriz africana; acesso da população negra à terra e às atividades
produtivas no campo.
VI - a coleta de contribuições financeiras de
pessoas naturais e jurídicas de natureza privada Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento
para a manutenção das atividades religiosas e so- das atividades produtivas da população negra no
ciais das respectivas religiões;

165
campo, o poder público promoverá ações para via- da infraestrutura urbana e dos equipamentos co-
bilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento munitários associados à função habitacional, bem
agrícola. como a assistência técnica e jurídica para a cons-
trução, a reforma ou a regularização fundiária da
Art. 29. Serão assegurados à população ne-
habitação em área urbana.
gra a assistência técnica rural, a simplificação do
acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da in- Art. 36. Os programas, projetos e outras
fraestrutura de logística para a comercialização da ações governamentais realizadas no âmbito do Sis-
produção. tema Nacional de Habitação de Interesse Social
(SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de ju-
Art. 30. O poder público promoverá a educa-
nho de 2005, devem considerar as peculiaridades
ção e a orientação profissional agrícola para os tra- sociais, econômicas e culturais da população ne-
balhadores negros e as comunidades negras ru- gra.
rais.
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Fede-
Art. 31. Aos remanescentes das comunida- ral e os Municípios estimularão e facilitarão a parti-
des dos quilombos que estejam ocupando suas ter- cipação de organizações e movimentos represen-
ras é reconhecida a propriedade definitiva, de- tativos da população negra na composição dos
vendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. conselhos constituídos para fins de aplicação do
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social
(FNHIS).
e desenvolverá políticas públicas especiais volta-
das para o desenvolvimento sustentável dos rema- Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou
nescentes das comunidades dos quilombos, res- privados, promoverão ações para viabilizar o
peitando as tradições de proteção ambiental das acesso da população negra aos financiamentos ha-
comunidades. bitacionais.
Vitória
Art. 33. Para fins de política agrícola, Ferreira Da Silva
os re-
manescentes das comunidades vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
dos quilombos re-
CAPÍTULO V
ceberão dos órgãos competentes tratamento espe-
cial diferenciado, assistência técnica e linhas espe- DO TRABALHO
ciais de financiamento público, destinados à reali-
zação de suas atividades produtivas e de infraes-
Art. 38. A implementação de políticas volta-
trutura.
das para a inclusão da população negra no mer-
Art. 34. Os remanescentes das comunida- cado de trabalho será de responsabilidade do po-
des dos quilombos se beneficiarão de todas as ini- der público, observando-se:
ciativas previstas nesta e em outras leis para a pro- I - o instituído neste Estatuto;
moção da igualdade étnica.
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao
ratificar a Convenção Internacional sobre a Elimi-
Seção II nação de Todas as Formas de Discriminação Ra-
Da Moradia cial, de 1965;
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao
ratificar a Convenção no 111, de 1958, da Organi-
Art. 35. O poder público garantirá a imple-
zação Internacional do Trabalho (OIT), que trata da
mentação de políticas públicas para assegurar o di-
discriminação no emprego e na profissão;
reito à moradia adequada da população negra que
vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutiliza- IV - os demais compromissos formalmente as-
das, degradadas ou em processo de degradação, sumidos pelo Brasil perante a comunidade interna-
a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promo- cional.
ver melhorias no ambiente e na qualidade de vida. Art. 39. O poder público promoverá ações
Parágrafo único. O direito à moradia ade- que assegurem a igualdade de oportunidades no
quada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas mercado de trabalho para a população negra, inclu-
o provimento habitacional, mas também a garantia

166
sive mediante a implementação de medidas vi- em comissão e funções de confiança destinados a
sando à promoção da igualdade nas contratações ampliar a participação de negros, buscando repro-
do setor público e o incentivo à adoção de medidas duzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou,
similares nas empresas e organizações privadas. quando for o caso, estadual, observados os dados
§ 1o A igualdade de oportunidades será lo- demográficos oficiais.
grada mediante a adoção de políticas e programas
de formação profissional, de emprego e de geração
CAPÍTULO VI
de renda voltados para a população negra.
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
§ 2o As ações visando a promover a igualdade
de oportunidades na esfera da administração pú-
blica far-se-ão por meio de normas estabelecidas Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos
ou a serem estabelecidas em legislação específica de comunicação valorizará a herança cultural e a
e em seus regulamentos. participação da população negra na história do
§ 3o O poder público estimulará, por meio de País.
incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor Art. 44. Na produção de filmes e programas
privado.
destinados à veiculação pelas emissoras de televi-
§ 4o As ações de que trata o caput deste artigo são e em salas cinematográficas, deverá ser ado-
assegurarão o princípio da proporcionalidade de tada a prática de conferir oportunidades de em-
gênero entre os beneficiários. prego para atores, figurantes e técnicos negros,
§ 5o Será assegurado o acesso ao crédito para sendo vedada toda e qualquer discriminação de na-
a pequena produção, nos meios rural e urbano, tureza política, ideológica, étnica ou artística.
com ações afirmativas para mulheres negras. Parágrafo único. A exigência disposta no ca-
o
§ 6 O poder público promoverá campanhas put não se aplica aos filmes e programas que abor-
Vitória Ferreira
de sensibilização contra a marginalização da mu-
Da
dem Silva
especificidades de grupos étnicos determina-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
lher negra no trabalho artístico e cultural. dos.
§ 7o O poder público promoverá ações com o Art. 45. Aplica-se à produção de peças pu-
objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação blicitárias destinadas à veiculação pelas emissoras
profissional nos setores da economia que contem de televisão e em salas cinematográficas o dis-
com alto índice de ocupação por trabalhadores ne- posto no art. 44.
gros de baixa escolarização.
Art. 46. Os órgãos e entidades da adminis-
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo tração pública federal direta, autárquica ou funda-
de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará po- cional, as empresas públicas e as sociedades de
líticas, programas e projetos voltados para a inclu- economia mista federais deverão incluir cláusulas
são da população negra no mercado de trabalho e de participação de artistas negros nos contratos de
orientará a destinação de recursos para seu finan- realização de filmes, programas ou quaisquer ou-
ciamento. tras peças de caráter publicitário.
Art. 41. As ações de emprego e renda, pro- § 1o Os órgãos e entidades de que trata este
movidas por meio de financiamento para constitui- artigo incluirão, nas especificações para contrata-
ção e ampliação de pequenas e médias empresas ção de serviços de consultoria, conceituação, pro-
e de programas de geração de renda, contempla- dução e realização de filmes, programas ou peças
rão o estímulo à promoção de empresários negros. publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais
oportunidades de emprego para as pessoas relaci-
Parágrafo único. O poder público estimulará onadas com o projeto ou serviço contratado.
as atividades voltadas ao turismo étnico com enfo-
que nos locais, monumentos e cidades que retra- § 2o Entende-se por prática de iguais oportu-
tem a cultura, os usos e os costumes da população nidades de emprego o conjunto de medidas siste-
negra. máticas executadas com a finalidade de garantir a
diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá vinculada ao projeto ou serviço contratado.
implementar critérios para provimento de cargos

167
§ 3o A autoridade contratante poderá, se con- V - garantir a eficácia dos meios e dos instru-
siderar necessário para garantir a prática de iguais mentos criados para a implementação das ações
oportunidades de emprego, requerer auditoria por afirmativas e o cumprimento das metas a serem es-
órgão do poder público federal. tabelecidas.
§ 4o A exigência disposta no caput não se
aplica às produções publicitárias quando aborda-
CAPÍTULO III
rem especificidades de grupos étnicos determina-
dos. DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA

TÍTULO III Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará


plano nacional de promoção da igualdade racial
DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO
contendo as metas, princípios e diretrizes para a
DA IGUALDADE RACIAL (SINAPIR) implementação da Política Nacional de Promoção
da Igualdade Racial (PNPIR).
CAPÍTULO I § 1o A elaboração, implementação, coordena-
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR ção, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem
como a organização, articulação e coordenação do
Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de pela política de promoção da igualdade étnica em
Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) como âmbito nacional.
forma de organização e de articulação voltadas à
§ 2o É o Poder Executivo federal autorizado a
implementação do conjunto de políticas e serviços
instituir fórum intergovernamental de promoção da
destinados a superar as desigualdades étnicas
igualdade étnica, a ser coordenado pelo órgão res-
existentes no País, prestados pelo poder público fe-
deral.
Vitória Ferreira Da Silva
ponsável pelas políticas de promoção da igualdade
étnica, com o objetivo de implementar estratégias
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Muni- que visem à incorporação da política nacional de
cípios poderão participar do Sinapir mediante ade- promoção da igualdade étnica nas ações governa-
são. mentais de Estados e Municípios.
§ 2o O poder público federal incentivará a so- § 3o As diretrizes das políticas nacional e regi-
ciedade e a iniciativa privada a participar do Si- onal de promoção da igualdade étnica serão elabo-
napir. radas por órgão colegiado que assegure a partici-
pação da sociedade civil.
CAPÍTULO II Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais,
DOS OBJETIVOS distrital e municipais, no âmbito das respectivas es-
feras de competência, poderão instituir conselhos
de promoção da igualdade étnica, de caráter per-
Art. 48. São objetivos do Sinapir: manente e consultivo, compostos por igual número
I - promover a igualdade étnica e o combate às de representantes de órgãos e entidades públicas
desigualdades sociais resultantes do racismo, in- e de organizações da sociedade civil representati-
clusive mediante adoção de ações afirmativas; vas da população negra.
II - formular políticas destinadas a combater os Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará
fatores de marginalização e a promover a integra- o repasse dos recursos referentes aos programas
ção social da população negra; e atividades previstos nesta Lei aos Estados, Dis-
trito Federal e Municípios que tenham criado con-
III - descentralizar a implementação de ações
selhos de promoção da igualdade étnica.
afirmativas pelos governos estaduais, distrital e
municipais;
IV - articular planos, ações e mecanismos vol- CAPÍTULO IV
tados à promoção da igualdade étnica; DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO
ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA

168
Art. 51. O poder público federal instituirá, na I - promoção da igualdade de oportunidades
forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e em educação, emprego e moradia;
Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da II - financiamento de pesquisas, nas áreas de
Igualdade Racial, para receber e encaminhar de- educação, saúde e emprego, voltadas para a me-
núncias de preconceito e discriminação com base lhoria da qualidade de vida da população negra;
em etnia ou cor e acompanhar a implementação de
III - incentivo à criação de programas e veícu-
medidas para a promoção da igualdade.
los de comunicação destinados à divulgação de
Art. 52. É assegurado às vítimas de discrimi- matérias relacionadas aos interesses da população
nação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria negra;
Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério IV - incentivo à criação e à manutenção de mi-
Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas croempresas administradas por pessoas autode-
instâncias, para a garantia do cumprimento de seus claradas negras;
direitos.
V - iniciativas que incrementem o acesso e a
Parágrafo único. O Estado assegurará aten- permanência das pessoas negras na educação
ção às mulheres negras em situação de violência, fundamental, média, técnica e superior;
garantida a assistência física, psíquica, social e ju-
rídica. VI - apoio a programas e projetos dos governos
estaduais, distrital e municipais e de entidades da
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais sociedade civil voltados para a promoção da igual-
para coibir a violência policial incidente sobre a po- dade de oportunidades para a população negra;
pulação negra.
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura,
Parágrafo único. O Estado implementará da memória e das tradições africanas e brasileiras.
ações de ressocialização e proteção da juventude
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a
negra em conflito com a lei e exposta a experiên-
cias de exclusão social. Vitória Ferreira adotar medidas que garantam, em cada exercício,
Da Silva
a transparência na alocação e na execução dos re-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 54. O Estado adotará medidas para coi- cursos necessários ao financiamento das ações
bir atos de discriminação e preconceito praticados previstas neste Estatuto, explicitando, entre outros,
por servidores públicos em detrimento da popula- a proporção dos recursos orçamentários destina-
ção negra, observado, no que couber, o disposto dos aos programas de promoção da igualdade, es-
na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989. pecialmente nas áreas de educação, saúde, em-
prego e renda, desenvolvimento agrário, habitação
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões popular, desenvolvimento regional, cultura, esporte
e das ameaças de lesão aos interesses da popula- e lazer.
ção negra decorrentes de situações de desigual-
dade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumen- § 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a
tos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no contar do exercício subsequente à publicação
7.347, de 24 de julho de 1985. deste Estatuto, os órgãos do Poder Executivo fede-
ral que desenvolvem políticas e programas nas
áreas referidas no § 1o deste artigo discriminarão
CAPÍTULO V em seus orçamentos anuais a participação nos pro-
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS gramas de ação afirmativa referidos no inciso VII
do art. 4o desta Lei.
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
§ 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar
as medidas necessárias para a adequada imple-
Art. 56. Na implementação dos programas e mentação do disposto neste artigo, podendo esta-
das ações constantes dos planos plurianuais e dos belecer patamares de participação crescente dos
orçamentos anuais da União, deverão ser observa- programas de ação afirmativa nos orçamentos anu-
das as políticas de ação afirmativa a que se refere ais a que se refere o § 2o deste artigo.
o inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas
públicas que tenham como objetivo promover a § 4o O órgão colegiado do Poder Executivo fe-
igualdade de oportunidades e a inclusão social da deral responsável pela promoção da igualdade ra-
população negra, especialmente no que tange a: cial acompanhará e avaliará a programação das

169
ações referidas neste artigo nas propostas orça- TÍTULO I
mentárias da União. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de re- CAPÍTULO I
cursos ordinários, poderão ser consignados nos or- DISPOSIÇÕES GERAIS
çamentos fiscal e da seguridade social para finan-
ciamento das ações de que trata o art. 56:
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão
I - transferências voluntárias dos Estados, do da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa
Distrito Federal e dos Municípios; com Deficiência), destinada a assegurar e a promo-
II - doações voluntárias de particulares; ver, em condições de igualdade, o exercício dos di-
III - doações de empresas privadas e organiza- reitos e das liberdades fundamentais por pessoa
ções não governamentais, nacionais ou internacio- com deficiência, visando à sua inclusão social e ci-
nais; dadania.

IV - doações voluntárias de fundos nacionais Parágrafo único. Esta Lei tem como base a
ou internacionais; Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De-
ficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados
V - doações de Estados estrangeiros, por meio pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Le-
de convênios, tratados e acordos internacionais. gislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 , em confor-
midade com o procedimento previsto no § 3º do art.
5º da Constituição da República Federativa do Bra-
TÍTULO IV sil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico ex-
DISPOSIÇÕES FINAIS terno, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados
pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 ,
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não data de início de sua vigência no plano interno.
excluem outras em prol da população negraVitória Ferreira Da
que te- Silva
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência
nham sido ou venham a ser vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
adotadas no âmbito da aquela que tem impedimento de longo prazo de na-
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Mu- tureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
nicípios. qual, em interação com uma ou mais barreiras,
Art. 59. O Poder Executivo federal criará ins- pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as de-
trumentos para aferir a eficácia social das medidas
mais pessoas.
previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramento
constante, com a emissão e a divulgação de rela- § 1º A avaliação da deficiência, quando neces-
tórios periódicos, inclusive pela rede mundial de sária, será biopsicossocial, realizada por equipe
computadores. multiprofissional e interdisciplinar e considerará:
(Vigência)
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa)
dias após a data de sua publicação. I - os impedimentos nas funções e nas estrutu-
ras do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e
pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades;
e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos
para avaliação da deficiência. (Vide Lei nº 13.846,
de 2019) (Vide Lei nº 14.126, de 2021)
LIVRO I Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, con-
PARTE GERAL sideram-se:

170
I - acessibilidade: possibilidade e condição de f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou
alcance para utilização, com segurança e autono- impedem o acesso da pessoa com deficiência às
mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urba- tecnologias;
nos, edificações, transportes, informação e comu- V - comunicação: forma de interação dos cida-
nicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, dãos que abrange, entre outras opções, as línguas,
bem como de outros serviços e instalações abertos inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a
ao público, de uso público ou privados de uso cole- visualização de textos, o Braille, o sistema de sina-
tivo, tanto na zona urbana como na rural, por pes- lização ou de comunicação tátil, os caracteres am-
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida; pliados, os dispositivos multimídia, assim como a
II - desenho universal: concepção de produtos, linguagem simples, escrita e oral, os sistemas au-
ambientes, programas e serviços a serem usados ditivos e os meios de voz digitalizados e os modos,
por todas as pessoas, sem necessidade de adap- meios e formatos aumentativos e alternativos de
tação ou de projeto específico, incluindo os recur- comunicação, incluindo as tecnologias da informa-
sos de tecnologia assistiva; ção e das comunicações;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: pro- VI - adaptações razoáveis: adaptações, modi-
dutos, equipamentos, dispositivos, recursos, meto- ficações e ajustes necessários e adequados que
dologias, estratégias, práticas e serviços que obje- não acarretem ônus desproporcional e indevido,
tivem promover a funcionalidade, relacionada à ati- quando requeridos em cada caso, a fim de assegu-
vidade e à participação da pessoa com deficiência rar que a pessoa com deficiência possa gozar ou
ou com mobilidade reduzida, visando à sua autono- exercer, em igualdade de condições e oportunida-
mia, independência, qualidade de vida e inclusão des com as demais pessoas, todos os direitos e li-
social; berdades fundamentais;
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, ati- VII - elemento de urbanização: quaisquer com-
tude ou comportamento que limite ou impeça a par- ponentes de obras de urbanização, tais como os
ticipação social da pessoa, bem como Vitória Ferreira
o gozo, a Da Silvaa pavimentação, saneamento, encana-
referentes
fruição e o exercício devitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
seus direitos à acessibili- mento para esgotos, distribuição de energia elétrica
dade, à liberdade de movimento e de expressão, à e de gás, iluminação pública, serviços de comuni-
comunicação, ao acesso à informação, à compre- cação, abastecimento e distribuição de água, pai-
ensão, à circulação com segurança, entre outros, sagismo e os que materializam as indicações do
classificadas em: planejamento urbanístico;
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos
vias e nos espaços públicos e privados abertos ao existentes nas vias e nos espaços públicos, super-
público ou de uso coletivo; postos ou adicionados aos elementos de urbaniza-
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos ção ou de edificação, de forma que sua modifica-
edifícios públicos e privados; ção ou seu traslado não provoque alterações subs-
tanciais nesses elementos, tais como semáforos,
c) barreiras nos transportes: as existentes nos postes de sinalização e similares, terminais e pon-
sistemas e meios de transportes; tos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes
d) barreiras nas comunicações e na informa- de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quios-
ção: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou com- ques e quaisquer outros de natureza análoga;
portamento que dificulte ou impossibilite a expres- IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela
são ou o recebimento de mensagens e de informa- que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de mo-
ções por intermédio de sistemas de comunicação e vimentação, permanente ou temporária, gerando
de tecnologia da informação; redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comporta- coordenação motora ou da percepção, incluindo
mentos que impeçam ou prejudiquem a participa- idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
ção social da pessoa com deficiência em igualdade colo e obeso;
de condições e oportunidades com as demais pes- X - residências inclusivas: unidades de oferta
soas; do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de
Assistência Social (Suas) localizadas em áreas re-

171
sidenciais da comunidade, com estruturas adequa- § 2º A pessoa com deficiência não está obri-
das, que possam contar com apoio psicossocial gada à fruição de benefícios decorrentes de ação
para o atendimento das necessidades da pessoa afirmativa.
acolhida, destinadas a jovens e adultos com defici-
Art. 5º A pessoa com deficiência será prote-
ência, em situação de dependência, que não dis-
põem de condições de autossustentabilidade e gida de toda forma de negligência, discriminação,
com vínculos familiares fragilizados ou rompidos; exploração, violência, tortura, crueldade, opressão
e tratamento desumano ou degradante.
XI - moradia para a vida independente da pes-
soa com deficiência: moradia com estruturas ade- Parágrafo único. Para os fins da proteção men-
quadas capazes de proporcionar serviços de apoio cionada no caput deste artigo, são considerados
coletivos e individualizados que respeitem e am- especialmente vulneráveis a criança, o adoles-
pliem o grau de autonomia de jovens e adultos com cente, a mulher e o idoso, com deficiência.
deficiência; Art. 6º A deficiência não afeta a plena capa-
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou cidade civil da pessoa, inclusive para:
não da família, que, com ou sem remuneração, as- I - casar-se e constituir união estável;
siste ou presta cuidados básicos e essenciais à
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
pessoa com deficiência no exercício de suas ativi-
dades diárias, excluídas as técnicas ou os procedi- III - exercer o direito de decidir sobre o número
mentos identificados com profissões legalmente de filhos e de ter acesso a informações adequadas
estabelecidas; sobre reprodução e planejamento familiar;
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a
exerce atividades de alimentação, higiene e loco- esterilização compulsória;
moção do estudante com deficiência e atua em to- V - exercer o direito à família e à convivência
das as atividades escolares nas quais se fizer ne-
cessária, em todos os níveis e modalidades Vitória Ferreira Da eSilva
de en-
familiar comunitária; e

sino, em instituições públicas e privadas, excluídas VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à cura-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
as técnicas ou os procedimentos identificados com tela e à adoção, como adotante ou adotando, em
profissões legalmente estabelecidas; igualdade de oportunidades com as demais pes-
soas.
XIV - acompanhante: aquele que acompanha
a pessoa com deficiência, podendo ou não desem- Art. 7º É dever de todos comunicar à autori-
penhar as funções de atendente pessoal. dade competente qualquer forma de ameaça ou de
violação aos direitos da pessoa com deficiência.
CAPÍTULO II Parágrafo único. Se, no exercício de suas fun-
DA IGUALDADE E DA ções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimento
de fatos que caracterizem as violações previstas
NÃO DISCRIMINAÇÃO
nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Pú-
blico para as providências cabíveis.
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem di-
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da
reito à igualdade de oportunidades com as demais
família assegurar à pessoa com deficiência, com
pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discri-
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
minação.
vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à ma-
§ 1º Considera-se discriminação em razão da ternidade, à alimentação, à habitação, à educação,
deficiência toda forma de distinção, restrição ou ex- à profissionalização, ao trabalho, à previdência so-
clusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito cial, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à
ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reco- acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo,
nhecimento ou o exercício dos direitos e das liber- ao lazer, à informação, à comunicação, aos avan-
dades fundamentais de pessoa com deficiência, in- ços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao res-
cluindo a recusa de adaptações razoáveis e de for- peito, à liberdade, à convivência familiar e comuni-
necimento de tecnologias assistivas. tária, entre outros decorrentes da Constituição Fe-
deral, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das

172
leis e de outras normas que garantam seu bem-es- Parágrafo único. Em situações de risco, emer-
tar pessoal, social e econômico. gência ou estado de calamidade pública, a pessoa
com deficiência será considerada vulnerável, de-
vendo o poder público adotar medidas para sua
Seção Única proteção e segurança.
Do Atendimento Prioritário Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá
ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização for-
çada.
receber atendimento prioritário, sobretudo com a fi-
nalidade de: Parágrafo único. O consentimento da pessoa
com deficiência em situação de curatela poderá ser
I - proteção e socorro em quaisquer circunstân-
suprido, na forma da lei.
cias;
II - atendimento em todas as instituições e ser- Art. 12. O consentimento prévio, livre e escla-
viços de atendimento ao público; recido da pessoa com deficiência é indispensável
para a realização de tratamento, procedimento,
III - disponibilização de recursos, tanto huma- hospitalização e pesquisa científica.
nos quanto tecnológicos, que garantam atendi-
mento em igualdade de condições com as demais § 1º Em caso de pessoa com deficiência em
pessoas; situação de curatela, deve ser assegurada sua par-
ticipação, no maior grau possível, para a obtenção
IV - disponibilização de pontos de parada, es- de consentimento.
tações e terminais acessíveis de transporte coletivo
de passageiros e garantia de segurança no embar- § 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa
que e no desembarque; com deficiência em situação de tutela ou de cura-
tela deve ser realizada, em caráter excepcional,
Vitória Ferreira
V - acesso a informações e disponibilização de Da Silva
apenas quando houver indícios de benefício direto
recursos de comunicação acessíveis;
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas
VI - recebimento de restituição de imposto de com deficiência e desde que não haja outra opção
renda; de pesquisa de eficácia comparável com partici-
VII - tramitação processual e procedimentos ju- pantes não tutelados ou curatelados.
diciais e administrativos em que for parte ou inte- Art. 13. A pessoa com deficiência somente
ressada, em todos os atos e diligências. será atendida sem seu consentimento prévio, livre
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são ex- e esclarecido em casos de risco de morte e de
tensivos ao acompanhante da pessoa com defici- emergência em saúde, resguardado seu superior
ência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto interesse e adotadas as salvaguardas legais cabí-
ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo. veis.
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e pri-
vados, a prioridade conferida por esta Lei é condi- CAPÍTULO II
cionada aos protocolos de atendimento médico.
DO DIREITO À HABILITAÇÃO
E À REABILITAÇÃO
TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Art. 14. O processo de habilitação e de rea-
bilitação é um direito da pessoa com deficiência.
CAPÍTULO I Parágrafo único. O processo de habilitação e
DO DIREITO À VIDA de reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento
de potencialidades, talentos, habilidades e apti-
dões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
Art. 10. Compete ao poder público garantir a atitudinais, profissionais e artísticas que contri-
dignidade da pessoa com deficiência ao longo de buam para a conquista da autonomia da pessoa
toda a vida. com deficiência e de sua participação social em

173
igualdade de condições e oportunidades com as tura, de esporte, de lazer, de transporte, de previ-
demais pessoas. dência social, de assistência social, de habitação,
de trabalho, de empreendedorismo, de acesso ao
Art. 15. O processo mencionado no art. 14
crédito, de promoção, proteção e defesa de direitos
desta Lei baseia-se em avaliação multidisciplinar e nas demais áreas que possibilitem à pessoa com
das necessidades, habilidades e potencialidades deficiência exercer sua cidadania.
de cada pessoa, observadas as seguintes diretri-
zes:
I - diagnóstico e intervenção precoces; CAPÍTULO III
II - adoção de medidas para compensar perda DO DIREITO À SAÚDE
ou limitação funcional, buscando o desenvolvi-
mento de aptidões; Art. 18. É assegurada atenção integral à sa-
III - atuação permanente, integrada e articu- úde da pessoa com deficiência em todos os níveis
lada de políticas públicas que possibilitem a plena de complexidade, por intermédio do SUS, garantido
participação social da pessoa com deficiência; acesso universal e igualitário.
IV - oferta de rede de serviços articulados, com § 1º É assegurada a participação da pessoa
atuação intersetorial, nos diferentes níveis de com- com deficiência na elaboração das políticas de sa-
plexidade, para atender às necessidades específi- úde a ela destinadas.
cas da pessoa com deficiência; § 2º É assegurado atendimento segundo nor-
V - prestação de serviços próximo ao domicílio mas éticas e técnicas, que regulamentarão a atua-
da pessoa com deficiência, inclusive na zona rural, ção dos profissionais de saúde e contemplarão as-
respeitadas a organização das Redes de Atenção pectos relacionados aos direitos e às especificida-
à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas des da pessoa com deficiência, incluindo temas
do Sistema Único de Saúde (SUS). como sua dignidade e autonomia.
Vitória Ferreira Da Silva
Art. 16. Nos programas e serviços de habili- § 3º Aos profissionais que prestam assistência
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
tação e de reabilitação para a pessoa com deficiên- à pessoa com deficiência, especialmente em servi-
cia, são garantidos: ços de habilitação e de reabilitação, deve ser ga-
rantida capacitação inicial e continuada.
I - organização, serviços, métodos, técnicas e
recursos para atender às características de cada § 4º As ações e os serviços de saúde pública
pessoa com deficiência; destinados à pessoa com deficiência devem asse-
gurar:
II - acessibilidade em todos os ambientes e
serviços; I - diagnóstico e intervenção precoces, realiza-
dos por equipe multidisciplinar;
III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabili-
tação, materiais e equipamentos adequados e II - serviços de habilitação e de reabilitação
apoio técnico profissional, de acordo com as espe- sempre que necessários, para qualquer tipo de de-
cificidades de cada pessoa com deficiência; ficiência, inclusive para a manutenção da melhor
condição de saúde e qualidade de vida;
IV - capacitação continuada de todos os profis-
sionais que participem dos programas e serviços. III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tra-
tamento ambulatorial e internação;
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deve-
IV - campanhas de vacinação;
rão promover ações articuladas para garantir à pes-
soa com deficiência e sua família a aquisição de in- V - atendimento psicológico, inclusive para
formações, orientações e formas de acesso às po- seus familiares e atendentes pessoais;
líticas públicas disponíveis, com a finalidade de VI - respeito à especificidade, à identidade de
propiciar sua plena participação social. gênero e à orientação sexual da pessoa com defi-
Parágrafo único. Os serviços de que trata o ca- ciência;
put deste artigo podem fornecer informações e ori- VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o
entações nas áreas de saúde, de educação, de cul- direito à fertilização assistida;

174
VIII - informação adequada e acessível à pes- adequadas para sua permanência em tempo inte-
soa com deficiência e a seus familiares sobre sua gral.
condição de saúde; § 1º Na impossibilidade de permanência do
IX - serviços projetados para prevenir a ocor- acompanhante ou do atendente pessoal junto à
rência e o desenvolvimento de deficiências e agra- pessoa com deficiência, cabe ao profissional de sa-
vos adicionais; úde responsável pelo tratamento justificá-la por es-
X - promoção de estratégias de capacitação crito.
permanente das equipes que atuam no SUS, em § 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista
todos os níveis de atenção, no atendimento à pes- no § 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de sa-
soa com deficiência, bem como orientação a seus úde deve adotar as providências cabíveis para su-
atendentes pessoais; prir a ausência do acompanhante ou do atendente
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxilia- pessoal.
res de locomoção, medicamentos, insumos e fór- Art. 23. São vedadas todas as formas de dis-
mulas nutricionais, conforme as normas vigentes criminação contra a pessoa com deficiência, inclu-
do Ministério da Saúde. sive por meio de cobrança de valores diferenciados
§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se tam- por planos e seguros privados de saúde, em razão
bém às instituições privadas que participem de de sua condição.
forma complementar do SUS ou que recebam re- Art. 24. É assegurado à pessoa com defici-
cursos públicos para sua manutenção.
ência o acesso aos serviços de saúde, tanto públi-
Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações cos como privados, e às informações prestadas e
destinadas à prevenção de deficiências por causas recebidas, por meio de recursos de tecnologia as-
evitáveis, inclusive por meio de: sistiva e de todas as formas de comunicação pre-
vistas no inciso V do art. 3º desta Lei.
I - acompanhamento da gravidez, do partoFerreira
Vitória e do Da Silva
puerpério, com garantia de parto humanizado e se- Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde,
guro; vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
tanto públicos quanto privados, devem assegurar o
II - promoção de práticas alimentares adequa- acesso da pessoa com deficiência, em conformi-
das e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, dade com a legislação em vigor, mediante a remo-
prevenção e cuidado integral dos agravos relacio- ção de barreiras, por meio de projetos arquitetô-
nados à alimentação e nutrição da mulher e da cri- nico, de ambientação de interior e de comunicação
ança; que atendam às especificidades das pessoas com
deficiência física, sensorial, intelectual e mental.
III - aprimoramento e expansão dos programas
de imunização e de triagem neonatal; Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirma-
ção de violência praticada contra a pessoa com de-
IV - identificação e controle da gestante de alto
ficiência serão objeto de notificação compulsória
risco.
pelos serviços de saúde públicos e privados à au-
Art. 20. As operadoras de planos e seguros toridade policial e ao Ministério Público, além dos
privados de saúde são obrigadas a garantir à pes- Conselhos dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
soa com deficiência, no mínimo, todos os serviços Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei,
e produtos ofertados aos demais clientes. considera-se violência contra a pessoa com defici-
Art. 21. Quando esgotados os meios de aten- ência qualquer ação ou omissão, praticada em lo-
ção à saúde da pessoa com deficiência no local de cal público ou privado, que lhe cause morte ou
residência, será prestado atendimento fora de do- dano ou sofrimento físico ou psicológico.
micílio, para fins de diagnóstico e de tratamento,
garantidos o transporte e a acomodação da pessoa
CAPÍTULO IV
com deficiência e de seu acompanhante.
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
Art. 22. À pessoa com deficiência internada
ou em observação é assegurado o direito a acom-
panhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão
ou a instituição de saúde proporcionar condições

175
Art. 27. A educação constitui direito da pes- de acessibilidade e de disponibilização e usabili-
soa com deficiência, assegurados sistema educa- dade pedagógica de recursos de tecnologia assis-
cional inclusivo em todos os níveis e aprendizado tiva;
ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o má- VIII - participação dos estudantes com defici-
ximo desenvolvimento possível de seus talentos e ência e de suas famílias nas diversas instâncias de
habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e soci- atuação da comunidade escolar;
ais, segundo suas características, interesses e ne-
IX - adoção de medidas de apoio que favore-
cessidades de aprendizagem.
çam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos,
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se
da comunidade escolar e da sociedade assegurar em conta o talento, a criatividade, as habilidades e
educação de qualidade à pessoa com deficiência, os interesses do estudante com deficiência;
colocando-a a salvo de toda forma de violência, ne-
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas
gligência e discriminação.
pelos programas de formação inicial e continuada
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, de professores e oferta de formação continuada
criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom- para o atendimento educacional especializado;
panhar e avaliar: XI - formação e disponibilização de professo-
I - sistema educacional inclusivo em todos os res para o atendimento educacional especializado,
níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao de tradutores e intérpretes da Libras, de guias in-
longo de toda a vida; térpretes e de profissionais de apoio;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema
visando a garantir condições de acesso, permanên- Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva,
cia, participação e aprendizagem, por meio da de forma a ampliar habilidades funcionais dos es-
oferta de serviços e de recursos de acessibilidade tudantes, promovendo sua autonomia e participa-
que eliminem as barreiras e promovamVitória Ferreira
a inclusão ção;Da Silva
plena; vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
XIII - acesso à educação superior e à educa-
III - projeto pedagógico que institucionalize o ção profissional e tecnológica em igualdade de
atendimento educacional especializado, assim oportunidades e condições com as demais pes-
como os demais serviços e adaptações razoáveis, soas;
para atender às características dos estudantes com XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em
deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currí- cursos de nível superior e de educação profissional
culo em condições de igualdade, promovendo a técnica e tecnológica, de temas relacionados à pes-
conquista e o exercício de sua autonomia; soa com deficiência nos respectivos campos de co-
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras nhecimento;
como primeira língua e na modalidade escrita da XV - acesso da pessoa com deficiência, em
língua portuguesa como segunda língua, em esco- igualdade de condições, a jogos e a atividades re-
las e classes bilíngues e em escolas inclusivas; creativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar;
V - adoção de medidas individualizadas e co- XVI - acessibilidade para todos os estudantes,
letivas em ambientes que maximizem o desenvol- trabalhadores da educação e demais integrantes
vimento acadêmico e social dos estudantes com da comunidade escolar às edificações, aos ambi-
deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, entes e às atividades concernentes a todas as mo-
a participação e a aprendizagem em instituições de dalidades, etapas e níveis de ensino;
ensino;
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvi-
mento de novos métodos e técnicas pedagógicas, XVIII - articulação intersetorial na implementa-
de materiais didáticos, de equipamentos e de recur- ção de políticas públicas.
sos de tecnologia assistiva; § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível
VII - planejamento de estudo de caso, de ela- e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoria-
boração de plano de atendimento educacional es- mente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX,
pecializado, de organização de recursos e serviços

176
X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do ca- deficiência, no domínio da modalidade escrita da
put deste artigo, sendo vedada a cobrança de valo- língua portuguesa;
res adicionais de qualquer natureza em suas men- VII - tradução completa do edital e de suas re-
salidades, anuidades e matrículas no cumprimento tificações em Libras.
dessas determinações.
§ 2º Na disponibilização de tradutores e intér-
pretes da Libras a que se refere o inciso XI do ca- CAPÍTULO V
put deste artigo, deve-se observar o seguinte: DO DIREITO À MORADIA
I - os tradutores e intérpretes da Libras atuan-
tes na educação básica devem, no mínimo, possuir
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito
ensino médio completo e certificado de proficiência
na Libras; (Vigência) à moradia digna, no seio da família natural ou subs-
tituta, com seu cônjuge ou companheiro ou desa-
II - os tradutores e intérpretes da Libras, companhada, ou em moradia para a vida indepen-
quando direcionados à tarefa de interpretar nas sa- dente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em re-
las de aula dos cursos de graduação e pós-gradu- sidência inclusiva.
ação, devem possuir nível superior, com habilita-
ção, prioritariamente, em Tradução e Interpretação § 1º O poder público adotará programas e
em Libras. (Vigência) ações estratégicas para apoiar a criação e a manu-
tenção de moradia para a vida independente da
Art. 29. (VETADO). pessoa com deficiência.
Art. 30. Nos processos seletivos para in- § 2º A proteção integral na modalidade de re-
gresso e permanência nos cursos oferecidos pelas sidência inclusiva será prestada no âmbito do Suas
instituições de ensino superior e de educação pro- à pessoa com deficiência em situação de depen-
fissional e tecnológica, públicas e privadas, devem dência que não disponha de condições de autos-
ser adotadas as seguintes medidas:
Vitória Ferreira Da Silva
sustentabilidade, com vínculos familiares fragiliza-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
dos ou rompidos.
I - atendimento preferencial à pessoa com de-
ficiência nas dependências das Instituições de En- Art. 32. Nos programas habitacionais, públi-
sino Superior (IES) e nos serviços; cos ou subsidiados com recursos públicos, a pes-
II - disponibilização de formulário de inscrição soa com deficiência ou o seu responsável goza de
de exames com campos específicos para que o prioridade na aquisição de imóvel para moradia
candidato com deficiência informe os recursos de própria, observado o seguinte:
acessibilidade e de tecnologia assistiva necessá- I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento)
rios para sua participação; das unidades habitacionais para pessoa com defi-
III - disponibilização de provas em formatos ciência;
acessíveis para atendimento às necessidades es- II - (VETADO);
pecíficas do candidato com deficiência;
III - em caso de edificação multifamiliar, garan-
IV - disponibilização de recursos de acessibili- tia de acessibilidade nas áreas de uso comum e
dade e de tecnologia assistiva adequados, previa- nas unidades habitacionais no piso térreo e de
mente solicitados e escolhidos pelo candidato com acessibilidade ou de adaptação razoável nos de-
deficiência; mais pisos;
V - dilação de tempo, conforme demanda apre- IV - disponibilização de equipamentos urbanos
sentada pelo candidato com deficiência, tanto na comunitários acessíveis;
realização de exame para seleção quanto nas ati-
V - elaboração de especificações técnicas no
vidades acadêmicas, mediante prévia solicitação e
projeto que permitam a instalação de elevadores.
comprovação da necessidade;
§ 1º O direito à prioridade, previsto no ca-
VI - adoção de critérios de avaliação das pro-
put deste artigo, será reconhecido à pessoa com
vas escritas, discursivas ou de redação que consi-
deficiência beneficiária apenas uma vez.
derem a singularidade linguística da pessoa com
§ 2º Nos programas habitacionais públicos, os
critérios de financiamento devem ser compatíveis

177
com os rendimentos da pessoa com deficiência ou pelo empregador, em igualdade de oportunidades
de sua família. com os demais empregados.
§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência in- § 5º É garantida aos trabalhadores com defici-
teressada nas unidades habitacionais reservadas ência acessibilidade em cursos de formação e de
por força do disposto no inciso I do caput deste ar- capacitação.
tigo, as unidades não utilizadas serão disponibiliza-
Art. 35. É finalidade primordial das políticas
das às demais pessoas.
públicas de trabalho e emprego promover e garantir
Art. 33. Ao poder público compete: condições de acesso e de permanência da pessoa
I - adotar as providências necessárias para o com deficiência no campo de trabalho.
cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Parágrafo único. Os programas de estímulo ao
Lei; e empreendedorismo e ao trabalho autônomo, inclu-
II - divulgar, para os agentes interessados e ídos o cooperativismo e o associativismo, devem
beneficiários, a política habitacional prevista nas le- prever a participação da pessoa com deficiência e
gislações federal, estaduais, distrital e municipais, a disponibilização de linhas de crédito, quando ne-
com ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade. cessárias.

SEÇÃO II
CAPÍTULO VI
DA HABILITAÇÃO PROFISSIONAL
DO DIREITO AO TRABALHO
E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL

SEÇÃO I
Art. 36. O poder público deve implementar
DISPOSIÇÕES GERAIS
serviços e programas completos de habilitação pro-
Vitória Ferreira Da Silva
fissional e de reabilitação profissional para que a
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito
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pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua
ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de livre escolha, sua vocação e seu interesse.
oportunidades com as demais pessoas. § 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, pri- em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei,
vado ou de qualquer natureza são obrigadas a ga- programa de habilitação ou de reabilitação que
rantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusi- possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua
vos. capacidade e habilidade profissional ou adquirir no-
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em vas capacidades e habilidades de trabalho.
igualdade de oportunidades com as demais pes- § 2º A habilitação profissional corresponde ao
soas, a condições justas e favoráveis de trabalho, processo destinado a propiciar à pessoa com defi-
incluindo igual remuneração por trabalho de igual ciência aquisição de conhecimentos, habilidades e
valor. aptidões para exercício de profissão ou de ocupa-
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa ção, permitindo nível suficiente de desenvolvi-
com deficiência e qualquer discriminação em razão mento profissional para ingresso no campo de tra-
de sua condição, inclusive nas etapas de recruta- balho.
mento, seleção, contratação, admissão, exames § 3º Os serviços de habilitação profissional, de
admissional e periódico, permanência no emprego, reabilitação profissional e de educação profissional
ascensão profissional e reabilitação profissional, devem ser dotados de recursos necessários para
bem como exigência de aptidão plena. atender a toda pessoa com deficiência, indepen-
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à par- dentemente de sua característica específica, a fim
ticipação e ao acesso a cursos, treinamentos, edu- de que ela possa ser capacitada para trabalho que
cação continuada, planos de carreira, promoções, lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de
bonificações e incentivos profissionais oferecidos conservá-lo e de nele progredir.

178
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos
reabilitação profissional e de educação profissional empregadores, com vistas à definição de estraté-
deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e gias de inclusão e de superação de barreiras, inclu-
inclusivos. sive atitudinais;
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação V - realização de avaliações periódicas;
profissional devem ocorrer articuladas com as re- VI - articulação intersetorial das políticas públi-
des públicas e privadas, especialmente de saúde, cas;
de ensino e de assistência social, em todos os ní-
veis e modalidades, em entidades de formação pro- VII - possibilidade de participação de organiza-
fissional ou diretamente com o empregador. ções da sociedade civil.
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em Art. 38. A entidade contratada para a realiza-
empresas por meio de prévia formalização do con- ção de processo seletivo público ou privado para
trato de emprego da pessoa com deficiência, que cargo, função ou emprego está obrigada à obser-
será considerada para o cumprimento da reserva vância do disposto nesta Lei e em outras normas
de vagas prevista em lei, desde que por tempo de- de acessibilidade vigentes.
terminado e concomitante com a inclusão profissi-
onal na empresa, observado o disposto em regula-
mento. CAPÍTULO VII
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
profissional atenderão à pessoa com deficiência.
Art. 39. Os serviços, os programas, os proje-
tos e os benefícios no âmbito da política pública de
SEÇÃO III
assistência social à pessoa com deficiência e sua
DA INCLUSÃO DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA NO TRABALHO
Vitória Ferreira família
Da Silvatêm como objetivo a garantia da segurança
de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilita-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ção, do desenvolvimento da autonomia e da convi-
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pes- vência familiar e comunitária, para a promoção do
acesso a direitos e da plena participação social.
soa com deficiência no trabalho a colocação com-
petitiva, em igualdade de oportunidades com as de- § 1º A assistência social à pessoa com defici-
mais pessoas, nos termos da legislação trabalhista ência, nos termos do caput deste artigo, deve en-
e previdenciária, na qual devem ser atendidas as volver conjunto articulado de serviços do âmbito da
regras de acessibilidade, o fornecimento de recur- Proteção Social Básica e da Proteção Social Espe-
sos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável cial, ofertados pelo Suas, para a garantia de segu-
no ambiente de trabalho. ranças fundamentais no enfrentamento de situa-
ções de vulnerabilidade e de risco, por fragilização
Parágrafo único. A colocação competitiva da
de vínculos e ameaça ou violação de direitos.
pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de
trabalho com apoio, observadas as seguintes dire- § 2º Os serviços socioassistenciais destinados
trizes: à pessoa com deficiência em situação de depen-
dência deverão contar com cuidadores sociais para
I - prioridade no atendimento à pessoa com de-
prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.
ficiência com maior dificuldade de inserção no
campo de trabalho; Art. 40. É assegurado à pessoa com defici-
II - provisão de suportes individualizados que ência que não possua meios para prover sua sub-
atendam a necessidades específicas da pessoa sistência nem de tê-la provida por sua família o be-
com deficiência, inclusive a disponibilização de re- nefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos ter-
cursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador mos da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .
e de apoio no ambiente de trabalho;
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse CAPÍTULO VIII
da pessoa com deficiência apoiada; DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL

179
Art. 41. A pessoa com deficiência segurada Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, es-
do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e
tem direito à aposentadoria nos termos da Lei de conferências e similares, serão reservados es-
Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013 . paços livres e assentos para a pessoa com defici-
ência, de acordo com a capacidade de lotação da
edificação, observado o disposto em regulamento.
CAPÍTULO IX
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere
DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, este artigo devem ser distribuídos pelo recinto em
AO TURISMO E AO LAZER locais diversos, de boa visibilidade, em todos os se-
tores, próximos aos corredores, devidamente sina-
lizados, evitando-se áreas segregadas de público e
Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito
obstrução das saídas, em conformidade com as
à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em
normas de acessibilidade.
igualdade de oportunidades com as demais pes-
soas, sendo-lhe garantido o acesso: § 2º No caso de não haver comprovada pro-
cura pelos assentos reservados, esses podem, ex-
I - a bens culturais em formato acessível;
cepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem
II - a programas de televisão, cinema, teatro e deficiência ou que não tenham mobilidade redu-
outras atividades culturais e desportivas em for- zida, observado o disposto em regulamento.
mato acessível; e
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere
III - a monumentos e locais de importância cul- este artigo devem situar-se em locais que garantam
tural e a espaços que ofereçam serviços ou even- a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompa-
tos culturais e esportivos. nhante da pessoa com deficiência ou com mobili-
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra inte- dade reduzida, resguardado o direito de se acomo-
lectual em formato acessível à pessoaVitória
com defici- dar proximamente a grupo familiar e comunitário.
Ferreira Da Silva
ência, sob qualquer argumento, inclusive sob a ale- § 4º Nos locais referidos no caput deste artigo,
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
gação de proteção dos direitos de propriedade in- deve haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saí-
telectual. das de emergência acessíveis, conforme padrões
§ 2º O poder público deve adotar soluções des- das normas de acessibilidade, a fim de permitir a
tinadas à eliminação, à redução ou à superação de saída segura da pessoa com deficiência ou com
barreiras para a promoção do acesso a todo patri- mobilidade reduzida, em caso de emergência.
mônio cultural, observadas as normas de acessibi- § 5º Todos os espaços das edificações previs-
lidade, ambientais e de proteção do patrimônio his- tas no caput deste artigo devem atender às normas
tórico e artístico nacional. de acessibilidade em vigor.
Art. 43. O poder público deve promover a par- § 6º As salas de cinema devem oferecer, em
ticipação da pessoa com deficiência em atividades todas as sessões, recursos de acessibilidade para
artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e recre- a pessoa com deficiência. (Vigência)
ativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo: § 7º O valor do ingresso da pessoa com defici-
I - incentivar a provisão de instrução, de treina- ência não poderá ser superior ao valor cobrado das
mento e de recursos adequados, em igualdade de demais pessoas.
oportunidades com as demais pessoas; Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares de-
II - assegurar acessibilidade nos locais de vem ser construídos observando-se os princípios
eventos e nos serviços prestados por pessoa ou do desenho universal, além de adotar todos os
entidade envolvida na organização das atividades meios de acessibilidade, conforme legislação em
de que trata este artigo; e vigor. (Vigência) (Regulamento)
III - assegurar a participação da pessoa com § 1º Os estabelecimentos já existentes deve-
deficiência em jogos e atividades recreativas, es- rão disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento)
portivas, de lazer, culturais e artísticas, inclusive no de seus dormitórios acessíveis, garantida, no mí-
sistema escolar, em igualdade de condições com nimo, 1 (uma) unidade acessível.
as demais pessoas.

180
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste § 3º A utilização indevida das vagas de que
artigo deverão ser localizados em rotas acessíveis. trata este artigo sujeita os infratores às sanções
previstas no inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503,
de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito
CAPÍTULO X Brasileiro). (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
DO DIREITO AO TRANSPORTE 2016) (Vigência)
E À MOBILIDADE § 4º A credencial a que se refere o § 2º deste
artigo é vinculada à pessoa com deficiência que
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade possui comprometimento de mobilidade e é válida
da pessoa com deficiência ou com mobilidade re- em todo o território nacional.
duzida será assegurado em igualdade de oportuni- Art. 48. Os veículos de transporte coletivo
dades com as demais pessoas, por meio de identi- terrestre, aquaviário e aéreo, as instalações, as es-
ficação e de eliminação de todos os obstáculos e tações, os portos e os terminais em operação no
barreiras ao seu acesso. País devem ser acessíveis, de forma a garantir o
§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços seu uso por todas as pessoas.
de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, § 1º Os veículos e as estruturas de que trata
em todas as jurisdições, consideram-se como inte- o caput deste artigo devem dispor de sistema de
grantes desses serviços os veículos, os terminais, comunicação acessível que disponibilize informa-
as estações, os pontos de parada, o sistema viário ções sobre todos os pontos do itinerário.
e a prestação do serviço.
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiên-
§ 2º São sujeitas ao cumprimento das disposi- cia prioridade e segurança nos procedimentos de
ções desta Lei, sempre que houver interação com embarque e de desembarque nos veículos de
a matéria nela regulada, a outorga, a concessão, a transporte coletivo, de acordo com as normas téc-
permissão, a autorização, a renovação ou a habili-
Vitória Ferreira nicas.
Da Silva
tação de linhas e de serviços de transporte coletivo.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
§ 3º Para colocação do símbolo internacional
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos veículos, as empresas de transporte
de acesso nos veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros dependem da certificação
coletivo de passageiros dependem da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
de acessibilidade emitida pelo gestor público res- ponsável pela prestação do serviço.
ponsável pela prestação do serviço.
Art. 49. As empresas de transporte de freta-
Art. 47. Em todas as áreas de estaciona- mento e de turismo, na renovação de suas frotas,
mento aberto ao público, de uso público ou privado são obrigadas ao cumprimento do disposto nos
de uso coletivo e em vias públicas, devem ser re- arts. 46 e 48 desta Lei. (Vigência)
servadas vagas próximas aos acessos de circula-
ção de pedestres, devidamente sinalizadas, para Art. 50. O poder público incentivará a fabrica-
veículos que transportem pessoa com deficiência ção de veículos acessíveis e a sua utilização como
com comprometimento de mobilidade, desde que táxis e vans , de forma a garantir o seu uso por to-
devidamente identificados. das as pessoas.
§ 1º As vagas a que se refere o caput deste ar- Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem
tigo devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, reservar 10% (dez por cento) de seus veículos
garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente acessíveis à pessoa com deficiência. (Vide Decreto
sinalizada e com as especificações de desenho e nº 9.762, de 2019) (Vigência)
traçado de acordo com as normas técnicas vigen-
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de ta-
tes de acessibilidade.
rifas ou de valores adicionais pelo serviço de táxi
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas re- prestado à pessoa com deficiência.
servadas devem exibir, em local de ampla visibili-
§ 2º O poder público é autorizado a instituir in-
dade, a credencial de beneficiário, a ser confeccio-
centivos fiscais com vistas a possibilitar a acessibi-
nada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que dis-
lidade dos veículos a que se refere o caput deste
ciplinarão suas características e condições de uso.
artigo.

181
Art. 52. As locadoras de veículos são obriga- atender aos princípios do desenho universal, tendo
das a oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de como referência as normas de acessibilidade.
pessoa com deficiência, a cada conjunto de 20 § 1º O desenho universal será sempre tomado
(vinte) veículos de sua frota. (Vide Decreto nº como regra de caráter geral.
9.762, de 2019) (Vigência)
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá o desenho universal não possa ser empreendido,
ter, no mínimo, câmbio automático, direção hidráu- deve ser adotada adaptação razoável.
lica, vidros elétricos e comandos manuais de freio
§ 3º Caberá ao poder público promover a inclu-
e de embreagem.
são de conteúdos temáticos referentes ao desenho
universal nas diretrizes curriculares da educação
TÍTULO III profissional e tecnológica e do ensino superior e na
formação das carreiras de Estado.
DA ACESSIBILIDADE
§ 4º Os programas, os projetos e as linhas de
pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de
CAPÍTULO I organismos públicos de auxílio à pesquisa e de
DISPOSIÇÕES GERAIS agências de fomento deverão incluir temas volta-
dos para o desenho universal.
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante § 5º Desde a etapa de concepção, as políticas
à pessoa com deficiência ou com mobilidade redu- públicas deverão considerar a adoção do desenho
zida viver de forma independente e exercer seus universal.
direitos de cidadania e de participação social.
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das dis- ou a mudança de uso de edificações abertas ao pú-
posições desta Lei e de outras normasVitória blico,
relativasFerreira
à DadeSilva
uso público ou privadas de uso coletivo
acessibilidade, sempre que houver interação com a deverão ser executadas de modo a serem acessí-
matéria nela regulada:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
veis.
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urba- § 1º As entidades de fiscalização profissional
nístico ou de comunicação e informação, a fabrica- das atividades de Engenharia, de Arquitetura e cor-
ção de veículos de transporte coletivo, a prestação relatas, ao anotarem a responsabilidade técnica de
do respectivo serviço e a execução de qualquer tipo projetos, devem exigir a responsabilidade profissi-
de obra, quando tenham destinação pública ou co- onal declarada de atendimento às regras de aces-
letiva; sibilidade previstas em legislação e em normas téc-
nicas pertinentes.
II - a outorga ou a renovação de concessão,
permissão, autorização ou habilitação de qualquer § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a
natureza; emissão de certificado de projeto executivo arqui-
tetônico, urbanístico e de instalações e equipamen-
III - a aprovação de financiamento de projeto
tos temporários ou permanentes e para o licencia-
com utilização de recursos públicos, por meio de
mento ou a emissão de certificado de conclusão de
renúncia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio
obra ou de serviço, deve ser atestado o atendi-
ou instrumento congênere; e
mento às regras de acessibilidade.
IV - a concessão de aval da União para obten-
§ 3º O poder público, após certificar a acessi-
ção de empréstimo e de financiamento internacio-
bilidade de edificação ou de serviço, determinará a
nais por entes públicos ou privados.
colocação, em espaços ou em locais de ampla visi-
Art. 55. A concepção e a implantação de pro- bilidade, do símbolo internacional de acesso, na
jetos que tratem do meio físico, de transporte, de forma prevista em legislação e em normas técnicas
informação e comunicação, inclusive de sistemas e correlatas.
tecnologias da informação e comunicação, e de ou-
Art. 57. As edificações públicas e privadas de
tros serviços, equipamentos e instalações abertos
uso coletivo já existentes devem garantir acessibi-
ao público, de uso público ou privado de uso cole-
lidade à pessoa com deficiência em todas as suas
tivo, tanto na zona urbana como na rural, devem

182
dependências e serviços, tendo como referência as acessibilidade, é condicionada à observação e à
normas de acessibilidade vigentes. certificação das regras de acessibilidade.
Art. 58. O projeto e a construção de edifica- Art. 61. A formulação, a implementação e a
ção de uso privado multifamiliar devem atender aos manutenção das ações de acessibilidade atende-
preceitos de acessibilidade, na forma regulamen- rão às seguintes premissas básicas:
tar. (Regulamento) I - eleição de prioridades, elaboração de crono-
§ 1º As construtoras e incorporadoras respon- grama e reserva de recursos para implementação
sáveis pelo projeto e pela construção das edifica- das ações; e
ções a que se refere o caput deste artigo devem II - planejamento contínuo e articulado entre os
assegurar percentual mínimo de suas unidades in- setores envolvidos.
ternamente acessíveis, na forma regulamentar.
Art. 62. É assegurado à pessoa com defici-
§ 2º É vedada a cobrança de valores adicionais
para a aquisição de unidades internamente acessí- ência, mediante solicitação, o recebimento de con-
veis a que se refere o § 1º deste artigo. tas, boletos, recibos, extratos e cobranças de tribu-
tos em formato acessível.
Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e
nos espaços públicos, o poder público e as empre-
sas concessionárias responsáveis pela execução CAPÍTULO II
das obras e dos serviços devem garantir, de forma DO ACESSO À INFORMAÇÃO
segura, a fluidez do trânsito e a livre circulação e E À COMUNICAÇÃO
acessibilidade das pessoas, durante e após sua
execução.
Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sí-
Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas tios da internet mantidos por empresas com sede
regras de acessibilidade previstas em legislação e
Vitória Ferreira ou
Darepresentação
Silva comercial no País ou por órgãos
em normas técnicas, observado o disposto na Lei de governo, para uso da pessoa com deficiência,
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , nº 10.257, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis,
de 10 de julho de 2001 , e nº 12.587, de 3 de janeiro conforme as melhores práticas e diretrizes de aces-
de 2012 : sibilidade adotadas internacionalmente.
I - os planos diretores municipais, os planos di- § 1º Os sítios devem conter símbolo de aces-
retores de transporte e trânsito, os planos de mobi- sibilidade em destaque.
lidade urbana e os planos de preservação de sítios
§ 2º Telecentros comunitários que receberem
históricos elaborados ou atualizados a partir da pu-
recursos públicos federais para seu custeio ou sua
blicação desta Lei;
instalação e lan houses devem possuir equipamen-
II - os códigos de obras, os códigos de postura, tos e instalações acessíveis.
as leis de uso e ocupação do solo e as leis do sis-
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que
tema viário;
trata o § 2º deste artigo devem garantir, no mínimo,
III - os estudos prévios de impacto de vizi- 10% (dez por cento) de seus computadores com
nhança; recursos de acessibilidade para pessoa com defici-
IV - as atividades de fiscalização e a imposição ência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um)
de sanções; e equipamento, quando o resultado percentual for in-
ferior a 1 (um).
V - a legislação referente à prevenção contra
incêndio e pânico. Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de de que trata o art. 63 desta Lei deve ser observada
funcionamento para qualquer atividade são condi- para obtenção do financiamento de que trata o in-
cionadas à observação e à certificação das regras ciso III do art. 54 desta Lei.
de acessibilidade. Art. 65. As empresas prestadoras de serviços
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de ha- de telecomunicações deverão garantir pleno
bilitação equivalente e sua renovação, quando esta acesso à pessoa com deficiência, conforme regula-
tiver sido emitida anteriormente às exigências de mentação específica.

183
Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a § 1º Os canais de comercialização virtual e os
oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular anúncios publicitários veiculados na imprensa es-
com acessibilidade que, entre outras tecnologias crita, na internet, no rádio, na televisão e nos de-
assistivas, possuam possibilidade de indicação e mais veículos de comunicação abertos ou por assi-
de ampliação sonoras de todas as operações e fun- natura devem disponibilizar, conforme a compatibi-
ções disponíveis. lidade do meio, os recursos de acessibilidade de
que trata o art. 67 desta Lei, a expensas do forne-
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons cedor do produto ou do serviço, sem prejuízo da
e imagens devem permitir o uso dos seguintes re- observância do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº
cursos, entre outros: 8.078, de 11 de setembro de 1990 .
I - subtitulação por meio de legenda oculta; § 2º Os fornecedores devem disponibilizar,
II - janela com intérprete da Libras; mediante solicitação, exemplares de bulas, pros-
pectos, textos ou qualquer outro tipo de material de
III - audiodescrição. divulgação em formato acessível.
Art. 68. O poder público deve adotar meca-
Art. 70. As instituições promotoras de con-
nismos de incentivo à produção, à edição, à difu- gressos, seminários, oficinas e demais eventos de
são, à distribuição e à comercialização de livros em natureza científico-cultural devem oferecer à pes-
formatos acessíveis, inclusive em publicações da
soa com deficiência, no mínimo, os recursos de tec-
administração pública ou financiadas com recursos nologia assistiva previstos no art. 67 desta Lei.
públicos, com vistas a garantir à pessoa com defi-
ciência o direito de acesso à leitura, à informação e Art. 71. Os congressos, os seminários, as ofi-
à comunicação. cinas e os demais eventos de natureza científico-
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclusive cultural promovidos ou financiados pelo poder pú-
para o abastecimento ou a atualização de acervos blico devem garantir as condições de acessibili-
Vitória de
de bibliotecas em todos os níveis e modalidades dade
Ferreira Dae os recursos de tecnologia assistiva.
Silva
educação e de bibliotecas vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
públicas, o poder público Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa
deverá adotar cláusulas de impedimento à partici- e os projetos a serem desenvolvidos com o apoio
pação de editoras que não ofertem sua produção de agências de financiamento e de órgãos e enti-
também em formatos acessíveis. dades integrantes da administração pública que
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os ar- atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar te-
quivos digitais que possam ser reconhecidos e mas voltados à tecnologia assistiva.
acessados por softwares leitores de telas ou outras Art. 73. Caberá ao poder público, direta-
tecnologias assistivas que vierem a substituí-los,
mente ou em parceria com organizações da socie-
permitindo leitura com voz sintetizada, ampliação
dade civil, promover a capacitação de tradutores e
de caracteres, diferentes contrastes e impressão
intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de pro-
em Braille.
fissionais habilitados em Braille, audiodescrição,
§ 3º O poder público deve estimular e apoiar a estenotipia e legendagem.
adaptação e a produção de artigos científicos em
formato acessível, inclusive em Libras.
CAPÍTULO III
Art. 69. O poder público deve assegurar a
disponibilidade de informações corretas e claras DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
sobre os diferentes produtos e serviços ofertados,
por quaisquer meios de comunicação empregados, Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência
inclusive em ambiente virtual, contendo a especifi- acesso a produtos, recursos, estratégias, práticas,
cação correta de quantidade, qualidade, caracterís- processos, métodos e serviços de tecnologia assis-
ticas, composição e preço, bem como sobre os tiva que maximizem sua autonomia, mobilidade
eventuais riscos à saúde e à segurança do consu- pessoal e qualidade de vida.
midor com deficiência, em caso de sua utilização,
aplicando-se, no que couber, os arts. 30 a 41 da Lei
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 .

184
Art. 75. O poder público desenvolverá plano meio do uso de novas tecnologias assistivas,
específico de medidas, a ser renovado em cada pe- quando apropriado;
ríodo de 4 (quatro) anos, com a finalidade de: (Re- III - garantia de que os pronunciamentos ofici-
gulamento) ais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates
I - facilitar o acesso a crédito especializado, in- transmitidos pelas emissoras de televisão pos-
clusive com oferta de linhas de crédito subsidiadas, suam, pelo menos, os recursos elencados no art.
específicas para aquisição de tecnologia assistiva; 67 desta Lei;
II - agilizar, simplificar e priorizar procedimen- IV - garantia do livre exercício do direito ao voto
tos de importação de tecnologia assistiva, especi- e, para tanto, sempre que necessário e a seu pe-
almente as questões atinentes a procedimentos al- dido, permissão para que a pessoa com deficiência
fandegários e sanitários; seja auxiliada na votação por pessoa de sua esco-
lha.
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e
à produção nacional de tecnologia assistiva, inclu- § 2º O poder público promoverá a participação
sive por meio de concessão de linhas de crédito da pessoa com deficiência, inclusive quando insti-
subsidiado e de parcerias com institutos de pes- tucionalizada, na condução das questões públicas,
quisa oficiais; sem discriminação e em igualdade de oportunida-
des, observado o seguinte:
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia
produtiva e de importação de tecnologia assistiva; I - participação em organizações não governa-
mentais relacionadas à vida pública e à política do
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de País e em atividades e administração de partidos
novos recursos de tecnologia assistiva no rol de políticos;
produtos distribuídos no âmbito do SUS e por ou-
tros órgãos governamentais. II - formação de organizações para representar
a pessoa com deficiência em todos os níveis;
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto
Vitória Ferreira DaIIISilva
neste artigo, os procedimentos constantes do plano - participação da pessoa com deficiência em
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
específico de medidas deverão ser avaliados, pelo organizações que a representem.
menos, a cada 2 (dois) anos.

TÍTULO IV
CAPÍTULO IV DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA
VIDA PÚBLICA E POLÍTICA Art. 77. O poder público deve fomentar o de-
senvolvimento científico, a pesquisa e a inovação e
Art. 76. O poder público deve garantir à pes- a capacitação tecnológicas, voltados à melhoria da
soa com deficiência todos os direitos políticos e a qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com de-
oportunidade de exercê-los em igualdade de condi- ficiência e sua inclusão social.
ções com as demais pessoas. § 1º O fomento pelo poder público deve priori-
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado zar a geração de conhecimentos e técnicas que vi-
o direito de votar e de ser votada, inclusive por meio sem à prevenção e ao tratamento de deficiências e
das seguintes ações: ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e so-
cial.
I - garantia de que os procedimentos, as insta-
lações, os materiais e os equipamentos para vota- § 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva
ção sejam apropriados, acessíveis a todas as pes- e social devem ser fomentadas mediante a criação
soas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada de cursos de pós-graduação, a formação de recur-
a instalação de seções eleitorais exclusivas para a sos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes
pessoa com deficiência; de áreas do conhecimento.

II - incentivo à pessoa com deficiência a candi- § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecno-
datar-se e a desempenhar quaisquer funções pú- lógica de instituições públicas e privadas para o de-
blicas em todos os níveis de governo, inclusive por senvolvimento de tecnologias assistiva e social que

185
sejam voltadas para melhoria da funcionalidade e apenados sem deficiência, garantida a acessibili-
da participação social da pessoa com deficiência. dade.
§ 4º As medidas previstas neste artigo devem § 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público
ser reavaliadas periodicamente pelo poder público, tomarão as medidas necessárias à garantia dos di-
com vistas ao seu aperfeiçoamento. reitos previstos nesta Lei.
Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recur-
o desenvolvimento, a inovação e a difusão de tec- sos de tecnologia assistiva disponíveis para que a
nologias voltadas para ampliar o acesso da pessoa pessoa com deficiência tenha garantido o acesso à
com deficiência às tecnologias da informação e co- justiça, sempre que figure em um dos polos da
municação e às tecnologias sociais. ação ou atue como testemunha, partícipe da lide
Parágrafo único. Serão estimulados, em espe- posta em juízo, advogado, defensor público, magis-
cial: trado ou membro do Ministério Público.

I - o emprego de tecnologias da informação e Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem


comunicação como instrumento de superação de garantido o acesso ao conteúdo de todos os atos
limitações funcionais e de barreiras à comunicação, processuais de seu interesse, inclusive no exercí-
à informação, à educação e ao entretenimento da cio da advocacia.
pessoa com deficiência; Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiên-
II - a adoção de soluções e a difusão de nor- cia serão garantidos por ocasião da aplicação de
mas que visem a ampliar a acessibilidade da pes- sanções penais.
soa com deficiência à computação e aos sítios da Art. 82. (VETADO).
internet, em especial aos serviços de governo ele-
trônico. Art. 83. Os serviços notariais e de registro
não podem negar ou criar óbices ou condições di-
Vitória Ferreira Da Silva
ferenciadas à prestação de seus serviços em razão
LIVRO vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
II de deficiência do solicitante, devendo reconhecer
PARTE ESPECIAL sua capacidade legal plena, garantida a acessibili-
TÍTULO I dade.
DO ACESSO À JUSTIÇA Parágrafo único. O descumprimento do dis-
posto no caput deste artigo constitui discriminação
em razão de deficiência.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II
Art. 79. O poder público deve assegurar o DO RECONHECIMENTO
acesso da pessoa com deficiência à justiça, em IGUAL PERANTE A LEI
igualdade de oportunidades com as demais pes-
soas, garantindo, sempre que requeridos, adapta-
Art. 84. A pessoa com deficiência tem asse-
ções e recursos de tecnologia assistiva.
gurado o direito ao exercício de sua capacidade le-
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com gal em igualdade de condições com as demais pes-
deficiência em todo o processo judicial, o poder pú- soas.
blico deve capacitar os membros e os servidores
§ 1º Quando necessário, a pessoa com defici-
que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Pú-
ência será submetida à curatela, conforme a lei.
blico, na Defensoria Pública, nos órgãos de segu-
rança pública e no sistema penitenciário quanto § 2º É facultado à pessoa com deficiência a
aos direitos da pessoa com deficiência. adoção de processo de tomada de decisão apoi-
ada.
§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com de-
ficiência submetida a medida restritiva de liberdade § 3º A definição de curatela de pessoa com de-
todos os direitos e garantias a que fazem jus os ficiência constitui medida protetiva extraordinária,

186
proporcional às necessidades e às circunstâncias Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
de cada caso, e durará o menor tempo possível. multa.
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz po-
anualmente, contas de sua administração ao juiz, derá determinar, ouvido o Ministério Público ou a
apresentando o balanço do respectivo ano. pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
pena de desobediência:
Art. 85. A curatela afetará tão somente os
atos relacionados aos direitos de natureza patrimo- I - recolhimento ou busca e apreensão dos
nial e negocial. exemplares do material discriminatório;
§ 1º A definição da curatela não alcança o di- II - interdição das respectivas mensagens ou
reito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimô- páginas de informação na internet.
nio, à privacidade, à educação, à saúde, ao traba- § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui
lho e ao voto. efeito da condenação, após o trânsito em julgado
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, da decisão, a destruição do material apreendido.
devendo constar da sentença as razões e motiva- Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, pro-
ções de sua definição, preservados os interesses ventos, pensão, benefícios, remuneração ou qual-
do curatelado. quer outro rendimento de pessoa com deficiência:
§ 3º No caso de pessoa em situação de institu- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
cionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar multa.
preferência a pessoa que tenha vínculo de natu-
reza familiar, afetiva ou comunitária com o curate- Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3
lado. (um terço) se o crime é cometido:

Art. 86. Para emissão de documentos ofici- I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, in-
ventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
ais, não será exigida a situação de curatela
Vitória daFerreira
pes- Da Silva
ou
soa com deficiência. vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
II - por aquele que se apropriou em razão de
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e ofício ou de profissão.
a fim de proteger os interesses da pessoa com de-
ficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência
ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requeri- em hospitais, casas de saúde, entidades de abriga-
mento do interessado, nomear, desde logo, curador mento ou congêneres:
provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três)
disposições do Código de Processo Civil. anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
TÍTULO II quem não prover as necessidades básicas de pes-
soa com deficiência quando obrigado por lei ou
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES
mandado.
ADMINISTRATIVAS
Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético,
qualquer meio eletrônico ou documento de pessoa
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discrimina-
com deficiência destinados ao recebimento de be-
ção de pessoa em razão de sua deficiência: nefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e realização de operações financeiras, com o fim de
multa. obter vantagem indevida para si ou para outrem:
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
a vítima encontrar-se sob cuidado e responsabili- anos, e multa.
dade do agente. Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no ca- (um terço) se o crime é cometido por tutor ou cura-
put deste artigo é cometido por intermédio de dor.
meios de comunicação social ou de publicação de
qualquer natureza:

187
TÍTULO III deve ser observado o cumprimento da legislação
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS relativa à pessoa com deficiência e das normas de
acessibilidade vigentes.

Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de In- Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos
clusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclu- termos da lei, a pessoa com deficiência moderada
são), registro público eletrônico com a finalidade de ou grave que:
coletar, processar, sistematizar e disseminar infor- I - receba o benefício de prestação continuada
mações georreferenciadas que permitam a identifi- previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezem-
cação e a caracterização socioeconômica da pes- bro de 1993 , e que passe a exercer atividade re-
soa com deficiência, bem como das barreiras que munerada que a enquadre como segurado obriga-
impedem a realização de seus direitos. tório do RGPS;
§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos,
pelo Poder Executivo federal e constituído por base o benefício de prestação continuada previsto
de dados, instrumentos, procedimentos e sistemas no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de
eletrônicos. 1993 , e que exerça atividade remunerada que a
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclu- enquadre como segurado obrigatório do RGPS.
são serão obtidos pela integração dos sistemas de Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de
informação e da base de dados de todas as políti- pessoa com deficiência perante os órgãos públicos
cas públicas relacionadas aos direitos da pessoa quando seu deslocamento, em razão de sua limita-
com deficiência, bem como por informações cole- ção funcional e de condições de acessibilidade, im-
tadas, inclusive em censos nacionais e nas demais ponha-lhe ônus desproporcional e indevido, hipó-
pesquisas realizadas no País, de acordo com os tese na qual serão observados os seguintes proce-
parâmetros estabelecidos pela Convenção sobre dimentos:
os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro-
Vitória Ferreira Da Silva
tocolo Facultativo. I - quando for de interesse do poder público, o
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agente promoverá o contato necessário com a pes-
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematização soa com deficiência em sua residência;
de dados, é facultada a celebração de convênios,
acordos, termos de parceria ou contratos com ins- II - quando for de interesse da pessoa com de-
tituições públicas e privadas, observados os requi- ficiência, ela apresentará solicitação de atendi-
sitos e procedimentos previstos em legislação es- mento domiciliar ou fará representar-se por procu-
pecífica. rador constituído para essa finalidade.

§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a pri- Parágrafo único. É assegurado à pessoa com


vacidade e as liberdades fundamentais da pessoa deficiência atendimento domiciliar pela perícia mé-
com deficiência e os princípios éticos que regem a dica e social do Instituto Nacional do Seguro Social
utilização de informações, devem ser observadas (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo ser-
as salvaguardas estabelecidas em lei. viço privado de saúde, contratado ou conveniado,
que integre o SUS e pelas entidades da rede soci-
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente oassistencial integrantes do Suas, quando seu des-
poderão ser utilizados para as seguintes finalida- locamento, em razão de sua limitação funcional e
des: de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus
I - formulação, gestão, monitoramento e avali- desproporcional e indevido.
ação das políticas públicas para a pessoa com de-
Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em
ficiência e para identificar as barreiras que impe-
cada esfera de governo, a elaboração de relatórios
dem a realização de seus direitos;
circunstanciados sobre o cumprimento dos prazos
II - realização de estudos e pesquisas. estabelecidos por força das Leis nº 10.048, de 8 de
§ 6º As informações a que se refere este artigo novembro de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezem-
devem ser disseminadas em formatos acessíveis. bro de 2000 , bem como o seu encaminhamento ao
Ministério Público e aos órgãos de regulação para
Art. 93. Na realização de inspeções e de au- adoção das providências cabíveis.
ditorias pelos órgãos de controle interno e externo,

188
Parágrafo único. Os relatórios a que se refere
o caput deste artigo deverão ser apresentados no
prazo de 1 (um) ano a contar da entrada em vigor
desta Lei.
Art. 121. Os direitos, os prazos e as obriga-
ções previstos nesta Lei não excluem os já estabe-
lecidos em outras legislações, inclusive em pactos,
tratados, convenções e declarações internacionais Art. 1º Constitui crime de tortura:
aprovados e promulgados pelo Congresso Nacio-
nal, e devem ser aplicados em conformidade com I - constranger alguém com emprego de violên-
as demais normas internas e acordos internacio- cia ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento fí-
nais vinculantes sobre a matéria. sico ou mental:

Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais be- a) com o fim de obter informação, declaração
néfica à pessoa com deficiência. ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza
criminosa;
Art. 122. Regulamento disporá sobre a ade- c) em razão de discriminação racial ou religi-
quação do disposto nesta Lei ao tratamento dife- osa;
renciado, simplificado e favorecido a ser dispen-
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder
sado às microempresas e às empresas de pequeno
ou autoridade, com emprego de violência ou grave
porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei Complemen-
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
tar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 .
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá de caráter preventivo.
Vitória
entrar em vigor em até 2 (dois) anos, Ferreira
contados da DaPena
Silva- reclusão, de dois a oito anos.
entrada em vigor desta vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Lei.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete
Art. 125. Devem ser observados os prazos a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
seguir discriminados, a partir da entrada em vigor sofrimento físico ou mental, por intermédio da prá-
desta Lei, para o cumprimento dos seguintes dis- tica de ato não previsto em lei ou não resultante de
positivos: medida legal.
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 (quarenta § 2º Aquele que se omite em face dessas con-
e oito) meses; dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) me- las, incorre na pena de detenção de um a quatro
ses; (Redação dada pela Lei nº 14.159, de 2021) anos.

III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses; § 3º Se resulta lesão corporal de natureza


grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de qua-
IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses. tro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de oito a dezesseis anos.
2021 a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um
de 1995 . terço:
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decor- I - se o crime é cometido por agente público;
ridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação II – se o crime é cometido contra criança, ges-
oficial . tante, portador de deficiência, adolescente ou
maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela
Lei nº 10.741, de 2003)
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do
cargo, função ou emprego público e a interdição

189
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena
aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insus-
cetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei,
salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda
quando o crime não tenha sido cometido em terri-
tório nacional, sendo a vítima brasileira ou encon-
trando-se o agente em local sob jurisdição brasi-
leira.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069,
de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente.

Vitória Ferreira Da Silva


vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com

190
crime é toda ação ou omissão típica, ilícita e culpá-
vel (conceito analítico) Já a criminologia (a que nos
importa) define crime como um problema social e
comunitário.
• Noções Gerais da Criminologia Ciências Crimi-
nais: Assim, para a criminologia, um fato só poderá ser
considerado um crime, quando apresentar alguns
A Criminologia é uma ciência interdisciplinar e em- critérios específicos.
pírica, que estuda a origem do crime, o delinquente,
a vítima e os mecanismos de controle social. Segundo Viana (2018, p. 154) uma conduta para
ser considerado crime pela criminologia deve apre-
O Direito Penal, é o conjunto de normas jurídicas sentar:
que possui por objeto a definição de condutas con-
sideradas crime e sua sanção penal. Incidência massiva: não há como se atribuir a
condição de crime a evento isolado, ainda que
Enquanto a Política Criminal é responsável pelas cause certa abjeção da comunidade. Há necessi-
formas de controle e combate à criminalidade. dade que o fato se repita.

Incidência aflitiva: há necessidade de produção


A Criminologia é uma ciência do ser, empírica e in-
de sofrimento para vítima ou a comunidade como
dutiva; já o Direito Penal, uma ciência cultural, do
dever ser, normativa. um todo. Não é razoável que um fato sem qualquer
Vitória Ferreira relevância
Da Silvaseja punido na esfera criminal.
OBJETOS DE ESTUDO vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
DA CRIMINOLOGIA:
Exemplo: punição a todos que utilizam indevida-
• CRIME/DELITO mente a expressão “couro sintético”. No art. 1º e 2º
• CRIMINOSO/DELINQUENTE da Lei 4.888/65 há proibição de utilização da pala-
• CONTROLE SOCIAL vra "couro" para denominar produtos que não se-
• VÍTIMA jam obtidos exclusivamente de pele animal.

3C + V Persistência espaço-temporal: se a conduta não


se distribui por nosso território ao longo de certo
Caso prático: EVELYN ASSALTOU UM BANCO. tempo, ela não deve ser criminalizada; • Inequívoco
Consenso a respeito da sua etiologia e eficazes
A Criminologia vai analisar esse fato de várias for- técnicas de intervenção: é necessário que haja ine-
mas: por exemplo: por que Evelyn praticou o crime? quívoco consenso da sociedade sobre a razoabili-
Quais características de Evelyn a tornaram mais dade de se criminalizar a conduta. Exemplo: uso
propensa a decidir pelo crime? Por que o Estado problemático de álcool. É possível qualificar o ál-
muitas vezes não consegue ser eficiente na cap- cool como droga lícita, cujo uso problemático causa
tura destes criminosos? O Estado, antes de punir enormes transtornos aos dependentes e aos que
Evelyn, poderia ter ofertado mais educação, es- com ele se relacionam.
porte, lazer, cultura? Quais as consequências da
pena que a ela será aplicada? Qual o impacto Consciência generalizada sobre sua negativi-
desse crime na vida da vítima? Quais os bairros da dade: a sociedade como um todo deve ter consci-
cidade onde mais se cometem esse tipo de crime?... ência de que a conduta criminosa é nociva.

CRIME/DELITO DELIQUENTE/CRIMINOSO:

Muitas são as definições de crime, variando de O estudo do delinquente varia em cada Escola:
acordo com cada ciência. Para o direito penal,

191
Escola Clássica: o criminoso era um ser que pe- Houve maior ênfase à prevenção dos crimes, além
cou, embora pudesse e devesse escolher o bem. É de apresentar a pena não como forma de punir o
típica do pensamento clássico a adoção de penas indivíduo, mas de reajustá-lo ao convívio social.
proporcionais ao mal causado.
Alguns dos principais aspectos da Escola Positiva:
A Escola Clássica tem como característica principal
o estudo do crime como fato individual junto às leis • O Direito Penal é um produto social, obra humana;
que asseguram os seus direitos. • A responsabilidade social deriva do determinismo
(vida em sociedade);
Os classicistas compreendem que o crime é prati- • O delito é um fenômeno natural e social (fatores
cado para satisfazer o desejo de prazer do homem. individuais, físicos e sociais);
• A pena é um meio de defesa social, com função
Os Clássicos valem-se do método dedutivo ou ló- preventiva; o método é o indutivo ou experimental.
gico abstrato, baseando suas concepções no raci-
ocínio. Para eles, o crime não é um ente de fato, RAFAEL GAROFALO (FASE JURÍDICA)
mas entidade jurídica; não é uma ação, mas infra-
ção. É a violação de um direito. Rafael Garofalo defendia que o crime estava no ho-
mem e que se revelava como degeneração deste.
Principais autores: Cesare Beccaria, Francesco Criou o conceito de periculosidade, bem como a
Carrara e Giovanni Carmignani. necessidade de conceber outra forma de interven-
ção penal – a medida de segurança.
Escola Positiva: para os positivistas o delinquente
era escravo do determinismo biológico ou do deter- Obs. acredito que poderá ser questão de prova
minismo social. apenas os ensinamentos de Lombroso e Ferri,
tendo em vista que Garofalo não teve grandes con-
No determinismo biológico as diferenças Vitória Ferreira
genéticas Da Silva
tribuições para a Criminologia.
entre os indivíduos os tornam mais propensos ao
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crime, ou seja, são doenças que levam o indivíduo A VÍTIMA: Na Escola Clássica havia uma preocu-
a se tornar um criminoso. pação com o crime, enquanto que na Escola Posi-
tiva existia uma preocupação com o delinquente.
No determinismo social, são as características do
ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Naquele período, o Direito Penal se importava so-
mente com o delito, o criminoso e a pena. Não ha-
Principais autores: Lombroso, Ferri e Garofalo. via um olhar direcionado à vítima. Foi através dos
estudos de Von Hentig e de Benjamin Mendelsohn
A Escola Positiva teve três fases: antropológica que começou a ser analisado o papel da vítima.
(Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garofalo).
OS TIPOS DE VÍTIMA
LOMBROSO (FASE ANTROPOLÓGICA)
Existem diversas classificações sobre os tipos de
Lombroso é considerado pelos doutrinadores como vítima, entretanto a classificação mais relevante é
o pai da Criminologia, e da disciplina “Antropologia a desenvolvida por Benjamin Mendelsohn, o funda-
Criminal”. Ele empregou o método empírico em dor dos estudos da Vitimologia.

suas investigações e defendeu o determinismo bi- • Vítima inocente: consiste na vítima que não con-
ológico no campo criminal. corre, com seu comportamento, de maneira alguma,
para a prática da infração penal; • Vítima provoca-
ENRICO FERRI (FASE SOCIOLÓGICA) dora: trata-se da vítima, que de forma voluntária ou
Na fase sociológica desta Escola, teve destaque imprudente, colabora para instigar o ânimo delitivo
para Enrico Ferri, conhecido como “discípulo de do agente;
Lombroso”, Ferri deu continuidade ao movimento
que popularizou os fenômenos criminógenos, an- • Vítima agressora/simuladora ou imaginária:
tropológicos, físicos e sociais. consiste na vítima suposta, também denominada

192
de “pseudovítima”, a qual acaba por justificar a le- Ferri também desenvolveu a tese da pena indeter-
gítima defesa. minada e da indenização da vítima como medida
de caráter penal.
CONTROLE SOCIAL
• Fato social Fato social é um conceito do so-
Conceito: é um conjunto de mecanismos e sanções ciólogo Émile Durkheim e se refere aos hábitos
sociais que buscam submeter os indivíduos às nor- e maneiras de agir e de pensar que determinam
mas de convivência social. É entendido como o a forma como os indivíduos se comportam em
conjunto de instituições, estratégias e sanções so- uma sociedade.
ciais que pretendem promover e garantir a confor-
midade do comportamento do indivíduo com os FATO SOCIAL NORMAL: Os fatos sociais normais
modelos e normas comunitários. são aqueles que decorrem do desenvolvimento da
sociedade dentro de uma norma comum, de um pa-
Controle social formal: presença do Estado, drão comum da vida
exemplo, a polícia.
FATO SOCIAL DOENTIO OU PATOLÓGICO: É
Controle social informal: ausência do Estado, aquele que se desenvolve fora da norma, como
exemplo, a igreja, a família. uma doença. É perigoso, e quando atinge uma di-
mensão maior, pode afetar negativamente a socie-
O CRIME COMO FATO SOCIAL dade. Exemplo, o homicídio.

Com a criminologia moderna, tivemos uma evolu- Para Durkheim, um fato social se torna patológico
ção do núcleo investigativo, que passou do homem quando atinge grandes dimensões e ameaçam a
delinquente para a análise em conjunto da conduta sociedade. Quanto ao crime enquanto fato social,
criminosa, a vítima e o controle social. para Durkheim, pode ser considerado um fato so-
Vitória Ferreira cial
DaNORMAL,
Silva já que é um fenômeno social obser-
Característica da criminologia moderna: vado em praticamente todas as sociedades.
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• Crime como problema social; O crime só será um fato social PATOLÓGICO,
• Ampliação do objeto do estudo da criminologia, quando assumir proporções exageradas
passando a incluir a vítima e o controle social;
• Enfoque na prevenção e não apenas na re- Função social do crime: consiste em manter vivo
pressão; o sentimento de repúdio social à conduta criminosa.
• Noção mais dinâmica e complexa do fenômeno O crime é normal na condição de ser repudiável.
delitivo; Também é através do crime que ocorre importantes
• Passa a ter uma análise etiológica (origem) do mudanças sociais.
delito. Enrico Ferri Ferri não acreditava que o de-
lito era produto exclusivo de patologias individu- FATORES SOCIAIS DA CRIMINALIDADE
ais (Lombroso).
• Entendia que a criminalidade originava-se de SISTEMA ECONÔMICO: má distribuição de renda,
fenômenos sociais. desigualdades sociais, sistema capitalista (teoria
crítica marxista), crise econômica, desemprego, di-
Para Ferri, são causas do crime: Causas Antropo- ficuldade de achar colocação no mercado de traba-
lógicas; Causas Físicas; Causas Sociais. Enrico lho.
Ferri foi o idealizador da chamada Lei da Saturação
Criminal (ambiente social e condições físicas ambi- POBREZA: sentimento de revolta, exclusão social.
entais do local.). Os assaltantes, de um modo geral, são indivíduos
semianalfabetos, pobres ou ainda miseráveis. Não
Ferri defendia a teoria dos “substitutivos penais”, possuem formação moral adequada. Nutrem ódio e
pois para ele a pena, por si só, seria ineficaz, se aversão pelos que possuem bens.
não viesse precedida ou acompanhada das oportu-
nas reformas econômicas, sociais, etc., orientadas MISÉRIA: A miséria é a pobreza levada ao máximo
por uma análise cientifica e etimológica do delito. da intensidade. É a condição daqueles que tem

193
ainda menos ou nada. Figurando dentro das míni- POLÍTICA: A organização política dos países
mas condições de sobrevivência ou dignidade. exerce grande influência sobre a vida dos indiví-
Sendo alvos fáceis para a trilha do crime. • duos formadores de diversos grupos sociais.

MAL VIVÊNCIA: Grupo de indivíduos marginaliza-


dos sem aptidão ao trabalho. Exemplo: andarilhos,
prostitutas, mendigos, alcoólatras...

FOME E DESNUTRIÇÃO: Danos psicossomáticos


decorrente da pobreza e miséria. Inferioridade fí- Teorias do CONSENSO (funcionalistas/de integra-
sica e intelectual. Obs. Furto famélico (subtrair ali- ção): ligadas a movimentos de Direita, conservado-
mento para saciar a própria fome) considerado rismo. A culpa da criminalidade é do próprio crimi-
como estado de necessidade, uma excludente de noso que decide praticar o crime.
ilicitude.
Teorias do CONFLITO SOCIAL: ligadas a movi-
HABITAÇÃO: Habitação precária, sentimento de mentos de esquerda, revolucionários. Ideia de con-
revolta, baixa qualidade de vida, exemplo: aumento flito de classe. O direito penal seria um instrumento
do número de favelas. nas mãos da elite (classe favorecida) para oprimir
as classes menos favorecidas. Tira a responsabili-
CIVILIZAÇÃO: Classificação de classes em nível dade do criminoso e passa para o Estado, o capi-
baixo, médio e alto. Maior incidente de criminosos talismo, a sociedade.
nas classes baixas, verifica-se esta afirmação pelo
número de indivíduos nos presídios. Porém, a PRINCIPAIS TEORIAS DO CONFLITO
classe alta tem um dos piores criminosos, aqueles
chamados de “colarinho branco”, que dificilmente TEORIA DO LABELLING APPROACH/
são encarcerados (Direito Penal Seletivo)Vitória Ferreira Da Silva
ROTULAÇÃO/ ETIQUETAMENTO SOCIAL:
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CULTURA: A cultura funciona como inibidora do Fundada na ideia de que a intervenção da justiça
ato antissocial, mas o crime também é praticado na esfera criminal pode aumentar a criminalidade.
por intelectuais.
A prisão e o contato com outros presos podem criar
EDUCAÇÃO: Precariedade no sistema regular de novos criminosos, ou seja, a criminalidade é produ-
ensino, criminalidade nas escolas. A criminalidade zida pelo próprio controle social.
por hábito adquirido é o resultado da má educação
e dos maus exemplos. Para a teoria do etiquetamento social, a pena gera
desigualdade. Uma vez rotulado como criminoso, o
ANALFABETISMO: Educação tem o poder de in- indivíduo sofre “estigmas de várias searas, como
fluenciar atitudes. da família, dos amigos, bem como na área profissi-
onal”.
MIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO: A migração pode cau-
sar dificuldades de adaptação em face das diferen- Para os autores dessa teoria, é necessário analisar
ças culturais, hábitos e valores, bem como um ex- quem é definido como criminoso, quais efeitos
cedente de mão de obra, propiciando uma alta taxa decorre dessa definição e quem é responsável
de desemprego, o que influencia na criminalidade. por esse etiquetamento
INDUSTRIALIZAÇÃO: O excesso da industrializa- Portanto, para essa teoria, a culpa é do sistema de
ção eleva à criminalidade, sendo razão principal a justiça criminal, o efeito criminógeno da pena é
aglomeração forçada de elementos de condições injusto e irracional, pois não resolve os conflitos
pessoais diferentes, vistos sob o lado racial, educa- sociais, e acaba por aumentar e potencializar a
cional e econômico. Nas cidades onde a indústria é criminalidade, sendo o indivíduo rotulado
pouco desenvolvida ou modernizada, os índices de definitivamente como criminoso.
criminalidade são menores.

194
Exemplo de "etiquetas": Antecedentes criminais, A Escola de Chicago propõe educação, distribuição
notícias em jornais... de rendas, trabalho como formas de combate à cri-
minalidade.
Meios de combate a esse etiquetamento social:
Lei 9.099/95 (Juizados Especiais) que cria Características da Escola de Chicago:
institutos despenalizadores, como suspensão
condicional do processo. Outro exemplo • Utilizava Inquéritos Sociais: bairros e cidades
recente, seria o acordo de não persecução eram investigados por meio de índices de crimina-
penal. lidade como meio para se enxergar o real grau de
delinquência localizada.
TEORIA CRÍTICA/RADICAL/ • Apresentava finalidade pragmática: tentava expli-
NOVA CRIMINOLOGIA: car as causas do delito de maneira específica e se-
gura, voltada para os problemas de Chicago à
Enxerga o crime como um fenômeno proveniente época;
do sistema capitalista. O capitalismo é a base da • Valia-se do método empírico: trabalhava com a
criminalidade. observação dos fatos concretos.

A Norma Penal seria instrumento de controle so- As principais teorias da Escola de Chicago são:
cial preconceituoso, utilizado apenas contra os tra-
balhadores, pobres, classes menos favorecidas. Teoria Ecológica: teoria ecológica ou da desorga-
nização social, considerava o crime um fenômeno
Principais características: ligado a áreas urbanas. A ordem social, estabili-
dade e integração contribuem para o controle social
• O Direito Penal defende apenas o interesse da e a conformidade com as leis, enquanto a desor-
classe dominante; dem e a má integração conduzem ao crime e à de-
• Compreende o criminoso; Vitória Ferreira linquência.
Da Silva
• Critica a criminologia tradicional;
• O capitalismo é a basevitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
da criminologia; Tal teoria propõe ainda que quanto menor a coesão
• Propõe reformas estruturais da sociedade para di- e o sentimento de solidariedade entre o grupo a co-
minuir as desigualdades. munidade ou a sociedade, maiores serão os índi-
ces de criminalidade.
Realismo de esquerda: Entende que o crime é um
verdadeiro problema que atinge a classe social nas A teoria ecológica explica o efeito criminógeno da
suas atividades laborativas. Entende que não só a grande cidade, valendo-se dos conceitos de desor-
reação ao delito, mas o delito em si é um problema ganização e contágio inerentes aos modernos nú-
verdadeiro que afeta a classe trabalhadora. cleos urbanos.

PRINCIPAIS TEORIAS DO CONSENSO Teoria Espacial: Foi criada na década de 1940 e


trata da reestruturação arquitetônica e urbanística
ESCOLA DE CHICAGO das grandes cidades como medida preventiva da
criminalidade.
A partir da Revolução Industrial houve o cresci-
mento dos centros urbanos e consequentemente, a Teve como expoente o arquiteto Oscar Newman,
criminalidade. por meio da obra Defensible Space, ao qual apre-
sentou uma série de modelos de construção ade-
Com base nas observações diretas do desenvolvi- quados e capazes de prevenir as pessoas contra a
mento urbano e da formação do crime, a Escola de criminalidade.
Chicago procurava diagnosticar os atuais proble-
mas sociais que afetavam a sociedade. Teoria da Janelas Quebradas: Desenvolvida por
James Q. Wilson e George Kelling. O experimento
Assim, para a Escola de Chicago, a cidade era res- foi o seguinte, deixaram dois automóveis idênticos
ponsável por produzir a criminalidade. Utilizava In- abandonados em bairros diferentes do Estado de
quéritos Sociais. Nova York, um em bairro nobre e outro na periferia.

195
O carro que estava na periferia foi depredado, e Foi a partir dessa teoria que surgiu o termo "crime
roubado. Já o carro que estava na área nobre da de colarinho brando" (crimes de cifra dourado).
cidade permaneceu intacto.
Sutherland, autor da Teoria da Associação Diferen-
Prosseguindo com o experimento, passaram a que- cial, abriu a visão da sociedade em relação
brar as janelas do carro que estava abandonado aos crimes que passam despercebidos, crimes que
em um bairro rico e o resultado dessa vez foi dife- se tem conhecimento mas que não deixam de
rente, o carro foi objeto de furto e destruição. acontecer.

Concluindo que a desordem gera desordem, que O autor classificou estes crime em Cifras Criminais:
um comportamento antissocial pode dar origem a
vários delitos. Cifras Negras: Pode-se dizer que a Cifras Negras
é a genitora de todas as outras pelo fato de que
Por isso, qualquer ato desordeiro, por mais que pa- englobam todas as demais. É definida como todos
reça insignificante, deve ser reprimido. Contra me- os crimes que não chegam ao conhecimento poli-
didas despenalizadoras. Tolerância 0. cial. Alguns dos fatores que mais contribuem para
isso é o fato da vítima além de ter sofrido o crime,
Teoria da Tolerância Zero: É uma filosofia jurídico- ela não tem o desejo de reviver todo aquele trauma
política, baseada em decisões desprovidas de dis- novamente, como por exemplo, ir ao Departamento
cricionariedade por parte das autoridades policiais de Polícia prestar depoimento.
de uma organização, as quais agem, seguindo pa-
drões predeterminados no que se refere à atribui- Cifras Douradas: relaciona aos crimes que são
ções de punições, independentemente da culpa do praticados por pessoas do alto-escalão. Repre-
infrator ou de situação peculiar que se encontre. senta a criminalidade de 'colarinho branco', definida
como práticas antissociais impunes do poder polí-
Teoria dos Testículos Quebrados:Vitória Ferreira
Inspirada, ticoDa Silva em prejuízo da coletividade e dos
e econômico
também, na teoria das janelas quebradas. Para cidadãos.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com Exemplo disso seria os crimes de Cor-
esta teoria a atuação policial deve ser firme, com rupção, lavagem de dinheiro, e etc.
rigor, inflexível, até mesmo contra crimes conside-
rados leves ou de menor potencial ofensivo pois, Cifras Cinzas: São resultados daquelas ocorrên-
aos policiais pressionarem os criminosos com fir- cias que até são registradas, porém não se chega
meza, farão com que estes últimos fujam O crimi- a fase processual ou ação penal, sendo soluciona-
noso, se sentindo intimidado pela polícia, se afas- das na própria Delegacia de Polícia. A Cifra Cinza
taria por perceber que não teria “vida fácil” em seus representou a orientação de pesquisas e de relató-
intentos criminosos. rios policiais para a afirmação do poder policial
como estrutura mediadora ou rede horizontal de re-
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL: solução de conflitos.

Baseada no pensamento de Edwin Sutherland, Cifras Amarelas: Cifras Amarelas são aquelas em
analisa o crime não surge apenas nas classes me- que as vítimas são pessoas que sofreram alguma
nos favorecidas (pobres), ricos também cometem forma de violência cometida por um funcionário pú-
crimes. blico e deixam de denunciar o fato aos Órgãos res-
ponsáveis por receio, medo de represália.
Defende que o comportamento humano tem origem
social, o homem aprende as condutas criminosas Cifras Verdes: Consiste nos crimes não chegam
pelo meio em que vive. Se a pessoa convive com ao conhecimento policial e que a vítima é o meio
criminosos, acaba aprendendo a praticar crimes. ambiente, como exemplo: maus tratos, ferir ou mu-
tilar animais silvestres, domesticados, pichações
O autor percebeu que os ricos não estavam res- de paredes, monumentos históricos, prédios públi-
pondendo pelos seus crimes, como se o crime cos. Quando se tem conhecimento destes crimes,
fosse algo apenas dos pobres. há grande dificuldade de se identificar a autoria.

196
CIFRA ROSA: São os crimes de caráter homofó- Malícia da conduta: prazer em prejudicar o pró-
bico que não chegam ao conhecimento dos Órgãos. ximo;

CIFRA AZUL: também chamados de crime de "CO- Negativismo da conduta: oposição aos padrões
LARINHO AZUL", são os praticados por pessoas da sociedade.
economicamente menos favorecidas. Exemplo:
furto, roubo, estelionato. MACETE

TEORIA DA ANOMIA: CASA em consenso, nunca entra EM conflito

Anomalia seria a situação em que a lei é mera- • TEORIA DO CONSENSO: CASA. CASA: Chi-
mente simbólica, não é seguida pelos indivíduos, cago, Anomia, Subcultura delinquente, Associação
gerando um estado de criminalidade. diferencial.

A teoria da anomia define o crime como qualquer • TEORIA DO CONFLITE: EM


comportamento capaz de violar o consciente cole- EM: Teoria Marxista/Radical/Crítica e Etiqueta-
tivo (valores comuns da sociedade) e defende que mento Social.
o crime é um fenômeno normal da sociedade e não
necessariamente ruim.

É através da anomia que se “origina a concepção


de desorganização social e de patologia social”,
usadas pelos sociólogos para explicar o crime
como um problema social resultante das tensões SISTEMAS DE CONTROLE SOCIAL
presentes na estrutura da sociedade.
Vitória Ferreira Da Silva
O controle social pode ser definido como a reunião
A criminalidade é fruto da anomia. Os indivíduos de
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de mecanismos e sanções sociais com o objetivo
uma sociedade são ensinados a “buscar objetivos de submeter os indivíduos do grupo social às re-
culturalmente elevados, como sucesso profissional gras estabelecidas para a comunidade.
e dinheiro, que nem todos podem obter, já que nem
todos têm acesso aos meios legítimos que garan- CONTROLE SOCIAL INFORMAL: Família; Escola;
tem esses objetivos”, assim a consequência será o Igreja; Profissão; Opinião pública; Círculo de ami-
aumento do crime e da violência como meio de al- zades, etc.
cançar esses objetivos. Ou seja, essa falta de opor-
tunidade de determinados grupos de indivíduos fa- CONTROLE SOCIALFORMAL: Polícias, Poder
vorece o cometimento de crimes. Judiciário; Ministério Público; Administração Pú-
blica; conjunto de agentes denominados como Sis-
Teoria subcultura delinquente tema da Justiça ou Justiça Criminal.
Vincula o aumento da criminalidade com da popu- CONTROLE SOCIAL INFORMAL
lação menos favorecida (pobres), pois estes não ti-
nham acesso a cultura de qualidade. São constituídos por aqueles indivíduos ou grupos
responsáveis pela nossa criação, formação, educa-
Exemplo: membros de facção criminosa, gangues ção, caráter pessoal. Possui finalidade preventiva e
de bairros e periferias, pichadores... educacional.
Caracterizada por 3 fatores: Costuma ser o principal, pois está presente desde
o início de nossas vidas.
Não utilitarismo: muitos delitos não possuem mo-
tivação racional, exemplo, roubar objetos que não O controle FORMAL só agirá na ineficácia do con-
irá utilizar, apenas por fazer; trole informal.

197
CONTROLE SOCIAL FORMAL: INSTITUIÇÕES SOCIAIS DE CONTROLE

Compostos por órgãos e instrumentos constituídos • POLÍCIAS


pelo Estado. É chamado de ultima ratio, ou seja,
última razão, atua na ineficácia do controle informal. As Polícias são órgãos do Estado que exercem o
controle social formal de primeira instância.
CLASSIFICAÇÃO DO CONTOLE SOCIAL
FORMAL: De acordo com o art. 144 da CF:

• PRIMEIRA SELEÇÃO/ INSTÂNCIA/ PRIMÁRIO: Art. 144 A segurança pública, dever do Estado,
desempenhado pela POLÍCIA. Início da persecu- direito e responsabilidade de todos, é exercida
ção penal. Tem como objetivo esclarecer a autoria, para a preservação da ordem pública e da inco-
materialidade e circunstâncias do crime. Caracte- lumidade das pessoas e do patrimônio, através
riza-se pela atuação da Polícia Judiciária (Polícia dos seguintes órgãos:
Civil e Federal).
I - polícia federal;
• SEGUNDA SELEÇÃO/ INSTÂNCIA/ SECUNDÁ- II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferrovi-
RIO: desempenhado pelo Ministério Público. Após ária federal;
a fase de persecução penal, temos a atuação do IV - polícias civis;
Ministério Público, com o oferecimento da denúncia. V - polícias militares e corpos de bombeiros mi-
Início da fase processual. litares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
• TERCEIRA SELEÇÃO/ INSTÂNCIA/ TERCIÁ-
RIO: desempenhado pelo JUIZ (PODER JUDICIÁ- A polícia é o primeiro órgão estatal a atuar quando
RIO). Iniciada a fase processual, temos a fase de temos a prática de um crime.
tramitação do processo (do recebimento Vitória Ferreira Da Silva
da peça
acusatória até a condenação definitiva), tendo a • MINISTÉRIO PÚBLICO
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
participação do Poder Judiciário.
O Ministério Público atua na segunda instância do
OBS: algumas bancas, ainda incluem na 3ª seleção controle social formal. O Ministério Público é o titu-
de controle formal, além do Poder Judiciário, as lar da ação penal pública, responsável por oferecer
Forças Armadas e a Administração Penitenciária. a denúncia contra o acusado da prática de um
crime.
POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
Cabe destacar, que o Ministério Público, também
O policiamento comunitário é a junção do controle possui competência de investigação, inclusive o
formal e informal. É uma integração entre os con- MP pode oferecer a denúncia sem a instauração de
troles que ocorre através do convívio cotidiano dos Inquérito Policial (característica de dispensabili-
indivíduos com a polícia. dade do Inquérito Policial). É fácil memorizar que o
MP é controle de segunda instância, basta você
O policiamento comunitário utiliza estratégias de lembrar que após a investigação policial (primeira
aproximação, permanência, envolvimento e com- instância), cabe ao MP oferecer a denúncia para
prometimento da Polícia com a comunidade. que o processo seja iniciado.

Exemplo de policiamento comunitário são as • PODER JUDICIÁRIO


UPPs - Unidades de Polícia Pacificadora; os
Programas Educacional de Resistência às Dro- O Poder Judiciário é o órgão que possui a função
gas; as rondas realizadas pela Polícia Militar; de julgar. É o administrador da Lei e da Justiça pe-
etc. rante a sociedade. O Poder Judiciário promove a
justiça e resolve os conflitos que surgem na socie-
Pode cair em provas questões perguntando qual dade.
órgão exerce as duas formas de controle social
(formal e informal), no caso é a polícia comunitária.

198
De acordo com art. 92 da Constituição Federal são • SISTEMA PROGRESSIVO: Por fim, criou- se o
órgão do Poder Judiciário: sistema progressivo, consistindo na preparação do
apenado, mediante etapas, para a vida em liber-
Art. 92 – São órgãos do Poder Judiciário: dade, adaptando-o à convivência com outras pes-
soas no ambiente social. Tem como característica
I: O Supremo Tribunal Federal; essencial os períodos distintos durante o cumpri-
I A: O Conselho Nacional de Justiça; mento da pena, ou seja, o criminoso aos poucos vai
II: O Superior Tribunal de Justiça; retornando para a sociedade a depender de seu
II-A: o Tribunal Superior do Trabalho; bom comportamento.
III: Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fe-
derais; O sistema penitenciário adotado pelo Brasil é o sis-
IV: Os Tribunais e Juízes do Trabalho; tema progressivo, pois temos 3 diferentes tipos de
V: Os Tribunais e Juízes Eleitorais; regime para o cumprimento da pena: aberto, semi-
VI: Os Tribunais e Juízes Militares aberto e fechado.
VII: Os Tribunais e juízes dos Estados e do Dis-
trito Federal e Territórios. Os sistema penitenciário é uma forma de controle
social formal.
Para memorizar que o Poder Judiciário é controle
de terceira instância, basta lembrar que após a atu- Formas de Controle Social, segundo Lélio
ação do Ministério Pública (segunda instância) a Braga Calhau:
denúncia é enviado para o Juiz, pois ele é o res-
ponsável para julgar o caso. • Sanções formais: aplicadas pelo Estado
• Sanções informais: não possuem coercibili-
• SISTEMAS PENITENCIÁRIOS dade
• Controle positivo:incentivos, prêmios ofereci-
A sociedade é regida por um conjunto Vitória Ferreira
de normas e Dados,
Silva
etc.
regras que definem o comportamento que cada ser • Controle
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com negativo: aplicações de sanções - re-
humano deve realizar. Aqueles que fogem do pa- provação.
drão normativo devem ser removidos da sociedade. • Controle interno: aquele que vai sendo incutido
em nossas vidas com o passar do tempo.
O Estado, utilizando-se da pena privativa de liber- • Controle externo: ação da sociedade ou do Es-
dade, estabelece uma espécie de controle social no tado, por exemplo, aplicação de multas no trân-
momento em que separa da sociedade os crimino- sito
sos.
MODELO DE JUSTIÇA CRIMINAL
Na história dos sistemas penitenciários existem,
basicamente, três modelos de distintos: Umas das funções da Criminologia é avaliar os di-
ferentes modelos de resposta ao crime. A crimino-
• SISTEMA PENSILVÂNICO: O sistema pensilvâ- logia classifica esses modelos da seguinte forma:
nico ou celular surgiu no final do século XVIII, ca-
racterizando-se pelo isolamento absoluto dos crimi- MODELO RETRIBUTIVO/ DISSUASÓRIO/
nosos reclusos. Tinha como objetivo promover o ar- CLÁSSICO: Nesse modelo a pretensão punitiva
rependimento moral do apenado por meio da medi- do Estado produz efeito de dissuadir (convencer
tação, do silêncio e do isolamento. alguém a mudar de ideia) as pessoas à prática
criminal. Um Estado forte e intimidador.
• SITEMA AUBURNIANO: Em seguida, surgiu o
sistema auburniano, que deriva do nome da cidade MODELO RESSOCIALIZADOR: tem como ob-
de Auburn, em Nova York. Agora, ao invés do sis- jetivo a ressocialização do criminoso, fazer com
tema de isolamento total do criminoso, foi adotado que o mesmo consiga voltar a viver em socie-
o sistema coletivo de trabalho, porém ainda de dade. Busca um efeito positivo da pena, ao con-
forma silenciosa. O trabalho e o silêncio eram obri- trário do modelo retributivo que busca um efeito
gatórios sob pena de sanções negativo.

199
MODELO CONSENSUAL/ INTEGRADOR/
RESTAURADOR: Para esse modelo, o crime
não é um problemas apenas entre o Estado e o
criminoso. Este modelo buscar conciliar o con-
flito, reparar o dano e pacificar as relações soci-
ais. Visa a reeducação do criminoso e a assis- • SEGUNDO LOMBROSO
tência à vítima.
Lombroso, utilizou-se de um método positivista e
TEORIAS DA PENA de sua profissão, médico no sistema penitenciário,
para classificar os criminosos.
Teoria absoluta: A teoria absoluta traz como ponto
principal das penas a retribuição, ao Estado caberá • Criminoso nato:
impor a pena como uma forma de retribuir ao
agente o mal praticado. A pena configura mais um Para Lombroso, analisando aspectos morfológicos
instrumento de vingança do que de justiça efetiva. e orgânicos, o criminoso nato possui influência bio-
lógica, instinto criminoso e estigmas, é um verda-
Teoria relativa: A teoria relativa tem por objetivo deiro selvagem no meio social.
prevenir a ocorrência de novas infrações penais.
Divide-se em: Lombroso acreditada que as características físicas
determinavam os criminosos, sendo que o crimi-
• Prevenção geral – destina-se ao controle da vi- noso nato possuía a seguintes características: “ca-
olência, buscando diminui-la ou evitá- la, po- beça pequena, deformada, fronte fugidia, sobran-
dendo ser negativa ou positiva. A prevenção ge- celhas salientes, maças afastadas, orelhas malfor-
ral positiva tem por objetivo demonstras que a madas, braços compridos, face enorme, tatuado,
lei penal é vigente e está pronta para incidir di- impulsivo e mentiroso”.
ante de casos concretos. A prevenção Vitória Ferreira Da Silva
geral ne-
Destaca-se que o criminoso nato também abarca o
gativa objetiva criar umavitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
espécie de “coação psi-
cológica”, no agente; conceito de epilepsia.

• Prevenção especial – destina-se diretamente • Criminoso louco


ao condenado, diversamente da prevenção ge-
ral, cujo destinatário é a coletividade. Pela cha- Ligado à loucura moral e mental, o criminoso louco
mada prevenção especial negativa, busca-se in- apresenta características perversas e cruéis, estes
timidar o condenado a não mais praticar crimes, criminosos devem permanecer no hospício/mani-
já a prevenção especial positiva busca a resso- cômio.
cialização do condenado.
Lombroso faz uma distinção entre os loucos crimi-
Teoria mista, eclética ou unificadora: Trata-se de nosos e os criminosos loucos. Os loucos crimino-
uma síntese das duas teorias anteriormente. Busca, sos seriam pessoas doentes que não raciocinam e
a um só tempo, que a pena seja capaz de retribuir não são responsáveis por seus atos. Os criminosos
ao condenado o mal por ele praticado (retribuição), loucos, em contrapartida, cometem um delito e, em
sem prejuízo de desestimular a prática de novos ilí- seguida, enlouquecem na prisão.
citos penais (prevenção).
• Criminoso louco moral
Tríplice finalidade das penas: retribuição, preven-
ção e ressocialização. Para Lombroso, o criminoso louco moral raramente
é internado em centros de atenção psicológica es-
pecial. Costumam ser encontrados em prisões e
prostíbulos.

Características: são astutos, antipáticos, vaidosos


e egoístas. Se parecem com o criminoso nato, fisi-

200
camente. Se diferenciam dos demais pelo seu com- • CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS SE-
portamento. Fingem insanidade e desde a infância GUNDO ENRICO FERRI
podemos identificar neles essa forma de ser.
Enrico Ferri, fez parte da Escola Positivista, sendo
• Criminoso de ocasião conhecido como discípulo de Lombroso.

Este criminoso possui predisposição hereditária • Criminoso nato


para o crime, são chamados de são pseudocrimi-
nosos. Podem agir por influência de circunstâncias Ferri segue na mesma linha de raciocínio de Lom-
externas. broso. O criminoso nato é aquele degenerado, com
atrofia do senso moral.
Lembra daquele ditado “ocasião faz o ladrão”, este
ladrão seria o criminoso de ocasião. • Criminoso louco

Lombroso diz que os criminosos ocasionais são Criminoso loucos são os criminosos alienados,
classificados em três grupos: como defendido por Lombroso, porém, Ferri ainda
acrescenta o semi-imputável (semilouco ou crimi-
Os pseudocriminosos: cometem delitos que po- noso fronteiriço).
dem ser de três tipos: involuntários, sem perversi-
dade, motivados quase sempre pela necessidade e • Criminoso Ocasional
em defesa própria.
É o criminoso que eventualmente comete crimes.
Os criminalóides: cometem delitos motivados ou Não encara a criminalidade como profissão. Porém,
pressionados pelas circunstâncias é importante perceber que Ferri defende a ideia de
que é o crime que procura o indivíduo (e não o con-
Os criminosos profissionais: aqueles Vitória Ferreira trário).
que combi- Da Silva
nam atividades legais com delitos.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
• Criminoso habitual
• Criminoso por paixão
É o criminoso que tem o crime como uma profissão.
São os criminosos sanguíneos, nervosos, irrefleti- Criminoso reincidente habitual. Crime como meio
dos. Costuma se valer da violência para resolver de vida.
questões passionais. Esse tipo de criminoso é ex-
tremamente afetuoso e sente grande comoção Para Ferri, há uma subdivisão de 4 tipos de habitu-
após cometer o delito. Às vezes, tenta o suicídio. ais:
Os motivos que o levam a cometer um crime po-
dem ser três: luto, infanticídio e paixão política. • Delinquente por tendência congênita aos crimes
de sangue e de violência ou contra a propriedade,
• Criminoso epilético para o autor estes criminosos, antes ou depois da
condenação, repetem as suas ações delituosas;
Para Lombroso, a epilepsia era um indício de crimi-
nalidade, podendo se manifestar da maneira habi- • Delinquente que comete habitualmente delitos le-
tual, com convulsões, ou sem nenhuma manifesta- ves, especialmente contra a propriedade, por
ção aparente. Lombroso trate esse tipo de crimi- exemplo os estelionatários.
noso como um dos mais perigosos. Eles se carac-
terizam por serem amantes dos animais, destruti- • Delinquente por hábito adquirido, aquele crimi-
vos e vaidosos. Também possuem tendência ao noso que foi evoluindo desde a infância, tiveram
suicídio e, junto com os loucos morais, são os úni- uma infância moralmente abandonada, sem estru-
cos que buscam se associar para cometer crimes. tura familiar. São aquele criminosos que começam
praticando pequenos furtos, e vão evoluindo para
assaltos, homicídios.

201
• Delinquente por mister ou profissional, aqueles Segundo Lombroso a mulher primitiva rara-
mais perigosos, que na maioria das vezes se asso- mente era assassina, mas ela sempre foi uma
cia com outros criminosos e forma uma organiza- prostituta.
ção criminosa. Na maioria das vezes cometem cri-
mes contra o patrimônio, por exemplo os mafiosos, Lombroso, defendia a inferioridade da mulher em
ladrões de cargas, etc.). relação aos homens. Havendo, por tanto, um dis-
tanciamento dos delitos em razão de sua inteligên-
Para Enrico Ferri a primeira e a quarta categoria cia menos desenvolvida, sua debilidade e infanti-
são as que apresentam maior grau de periculosi- lismo. Afirmava que as mulheres delinquentes são
dade e de incorrigibilidade. consideravelmente menos numerosas do que os
homens, não espantando que elas frequentemente
• Criminoso passional se assemelhem aos homens em aparência.

Para Ferri, criminoso passional é aquele que age • MULHER NORMAL: a mulher é fisiologicamente
durante “tempestade psíquica”. Age impulsiva- inerte e passiva (mais obediente à lei). Se subor-
mente, pelo ímpeto (impulso). dina à maternidade;

Para Ferri, os delinquentes passionais são indiví- • MULHER CRIMINOSA: amoral; engenhosa; ma-
duos de não reincidente, pessoas de um tempera- léfica; calculista; sedutora; maléfica; tagarela; vin-
mento sanguíneo ou nervoso e sensibilidade exa- gativa; sexualidade exacerbada; características fí-
gerada. Possui relação com os loucos. sicas e comportamentais masculinas;

Na maioria das vezes esses criminosos são mulhe- • PROSTITUTA: melhor exemplo de mulher de-
res, e cometem o crime na mocidade, sob impulso linquente.
de uma paixão, em virtude de um amor contrariado,
Vitóriapre-
de uma honra ofendida. Não há, geralmente, Ferreira Da SilvaNata: Possuem sentimentos de in-
a) Prostituta
meditação. veja, ciúmes e espirito de vingança. Ligadas aos
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loucos morais, devida sua fragilidade de ideais so-
Ferri, ao explicar os criminosos passionais, cita a ciais moralistas. Uma característica importante é
obra Shakespeare, na qual retrata a história de que as prostitutas não teriam sentimento materno,
Otelo, jovem que, por ciúmes, mata sua amada os que o autor considera ser a prostituta irmã gê-
Desdêmona e, após matá-la, se suicida. mea da criminosa nata. Crime mais comum é o de
roubo, por possuíam forte contato com bandidos e
A criminalidade de acordo com Ferri, é fato inques- ladrões. São viciadas em álcool, possuem tatua-
tionavelmente social, sendo o crime seu produto gem, ama os animais e etc.
mais visível.
b) Prostitutas Ocasionais: Não são consideradas
Ferri analisa profundamente o fato social, pois para como loucas morais. Possuem sentimento mater-
ele, a cada dia que passa, os criminosos se multi- nos. São aquelas mulheres que se envergonham
plicam. da prostituição.

A MULHER CRIMINOSA Conforme a sua teoria atávica, há um paralelo entre


prostituição e a delinquência, de modo que as pros-
Lombroso se ocupou exaustivamente das mulhe- titutas são predispostas à degenerescência e à lou-
res criminosas ao escrever a obra La Donna Delin- cura moral, passando, a partir daí, a se tornar o
quente. principal exemplo de mulher criminosa.

Lombroso, repetindo os estudos realizados com os Assim como no estudo do homem criminoso, Lom-
homens, registrou características anatômicas co- broso classificou a mulher criminosa em:
muns entre as mulheres criminosas, além de enal-
tecer a sua perversidade e amoralidade, que, • Criminosas-natas: que são o tipo mais perverso
quando não lhes levavam ao crime, arrastavam- de estrutura monstruosa e com caracteres mascu-
nas para a prostituição. linos;

202
• Criminosas por ocasião: que apresentam carac- Assim, em um segundo momento de sua pesquisa,
terísticas femininas, mas com tendência para o de- o autor passou a identificar sinais de epilepsia as-
lito por influência de seus amantes, pai ou irmão; sociada à loucura moral. A partir de então, Lom-
broso formulou a tese da hereditariedade criminal,
• Criminosas por paixão: que atuam a partir de que consistia na informação de que a maioria das
seu caráter animalesco, movidas pela forte intensi- presas eram descendentes de pessoas que tinham
dade de suas paixões. Cometem delitos passionais traços de atavismos e eram criminosos.
geralmente na idade mais jovem. Possuem gostos
semelhantes aos gostos masculinos, gostos pare- Nessa segunda fase da pesquisa de Lombroso, as
cidos com o homem, como a simpatia por armas. prostitutas e lésbicas eram tipos criminais diferen-
Exemplo de crimes: delitos que demonstram uma ciados em relação ao grupo de mulheres presas.
força muscular notável, criminosas que matam
seus maridos ou amantes com facas, ou até Lombroso criou grupos de pessoas considera-
mesmo por asfixia. Possuem como motivo para cri- das indesejáveis pela sociedade marcadas pela
mes o amor. associação a uma tipologia criminal a partir do
sexo, da sexualidade e da loucura como doença
A primeira classificação de Lombroso vem da ideia mental.
de que a mulher, a partir de suas características
apresenta traços de criminoso-nato e, em compa- A partir de então, Lombroso classificou a mulher cri-
ração ao homem, tem o crânio mais volumoso e cé- minosa em oito categorias: criminosas natas, crimi-
rebro mais pesado, o que dá a mulher qualquer nosas ocasionais, ofensoras histéricas, criminosas
coisa de infantil e selvagem. de paixão, suicidas, mulheres criminosas lunáticas,
epilépticas e moralmente insanas.
Outro ponto que merece destaque é a diferença
dos estigmas atávicos dos homens em relação das • Criminologia Feminista (1980):
Vitória
mulheres. O homem criminosos possuía Ferreira Da Silva
aparên-
cia não atraente, ou vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
seja, seria uma pessoa A criminologia feminista está ligada à diferenciação
"feia". da criminalidade quanto ao gênero. Na criminologia
tradicional, a figura masculina é o principal foco de
No caso das mulheres, a beleza tinha um papel estudos criminológicos, não havendo estudos apro-
importante. Nos crimes ligados a sexualidade, fundados sobre a mulher criminosa. Percebeu- se
como a prostituição, mediasse a periculosidade então a necessidade de um estudo voltado para as
pela beleza, ou seja, quanto mais bonita, mais pe- mulheres.
rigosa.
Feminização da pobreza: Falta de igualdade entre
Porém, também havia um tipo de criminosa oposta homens e mulheres. Segundo as estatísticas, a
a mulher atraente, que seria aquela com caracte- maioria das mulheres presas, são negras, e sem
rísticas físicas e comportamentais masculinas. estudos, sendo o principal crime cometidos por eles,
Ela seria perigosa justamente pela semelhança o tráfico de drogas. Seleção do sistema penal.
com o homem, ela estaria fora do padrão de com-
portamento tradicional feminino, sendo chamado • Pontos Importante:
de "desvio sexual".
As teorias criminológicas partiam de indagações
As prostitutas possuíam lugar de destaque nos masculinas, sendo generalizadas para as mulheres.
estudos da mulher criminosa, pois naquela
época, a mulher tinha um conjunto de regras a A criminologia feminista surgiu a partir de uma
serem seguidas para obedecer aos padrões da análise macrossociológica do patriarcado, objeti-
sociedade. vando analisar como o sistema penal trata a mulher,
As prostitutas, devido seu comportamento libe- seja como autora ou vítima de crimes.
ral e sexual, eram vistas como uma grande ame-
aça social.

Lombroso não teve êxito em sua primeira pesquisa.

203
• Problemas de encarceramento feminino como crime. É cada vez mais comum nos dias de
Sistema de controle social formal andocêntrico: hoje, nos depararmos com notícias de crimes
um mecanismo feito por homens para controlar sendo praticados por crianças e adolescentes.
condutas masculinas.
O termo delinquência juvenil é utilizado por
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A CRI- MI- muitos autores para se referir às transgressões
NALIDADE FEMININA: à lei realizadas por adolescentes.

SOCIOECONÔMICAS: Embora tenham passado Muitos estudiosos do tema entendem que alguns
muitos anos desde as teorias iniciais sobre o papel fatores de proteção podem auxiliar os adolescentes
da mulher na sociedade, ainda convivemos com a não entrarem no universo delinquente, como a fa-
inúmeras desigualdades de gênero. mília, escola, grupos religiosos e a sociedade.

As mulheres continuam mais vulneráveis economi- Os adolescentes podem praticar atos infracionais
camente, salários distintos daqueles recebidos pe- por diversos motivos, seja pela fragilização dos vín-
los homens, cargos menor favorecidos, entre ou- culos familiares, pela ausência de políticas públicas
tros. eficazes de proteção à infância e à juventude, pela
evasão escolar, por status, pela impossibilidade do
Essa situação de vulnerabilidade social e o contato controle informal, pela segregação social, pelo uso
com criminosos, influência a entrada das mulheres de substâncias toxicológicas, entre tantos outros
no mundo das drogas. motivos.

• CRIMES COMETIDOS POR MULHERES ECA -ESTATUTO DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE (Lei Federal 8069/90)
Antigamente, as mulheres não possuem participa-
ção na criminalidade, e quando atuavam Vitória Ferreira
era na Da Silva
O Estatuto da Criança e do Adolescente estipula
prática de delitos específicos, como aborto, infanti- uma diferenciação
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com entre crianças infratoras (meno-
cídio, crimes passionais. res de 12 anos) e os adolescentes infratores (12
aos 18 anos incompletos). A competência para es-
Hoje este cenário mudou, de acordo com as infor- tes casos é da Vara dos Juizados da Infância e Ju-
mação do DEPARTAMENTE PENITÊNCI- ARIO ventude.
NACIONAL – DEPEN (Fonte: Infopen Mulheres, ju-
nho de 2016) as mulheres têm participado cada vez • Medidas Socioeducativas
mais da criminalidade em diversos tipos de crimes,
sendo o principal, o tráfico de drogas. São medidas aplicáveis ao adolescente que pratica
um ato infracional (a conduta descrita como crime
• Tráfico de Drogas 62% ou contravenção penal). A medida somente é apli-
• Roubo 11% cada após o devido processo legal.
• Furto 9%
• Homicídio 6% Essas medidas estão estabelecidas no artigo 112
• Quadrilha ou Bando 2% do ECA e são:
• Desarmamento 2%
• Receptação 1% I - advertência;
• Latrocínio 1% II - obrigação de reparar o dano;
• Violência Domestica 0% III - prestação de serviços à comunidade;
• Outros 6%
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
CRIMINOSO MENOR
VI - internação em estabelecimento educacional;
(DELINQUÊNCIA JUVENIL):
A internação é uma medida privativa da liberdade
MENORES INFRATORES: são os indivíduos me-
que será cumprida em entidade exclusiva para ado-
nores de idade (menos de 18 anos), geralmente
lescentes, devendo ser obedecida rigorosamente a
adolescentes, que praticam algum ato classificado
separação por critérios de idade, compleição física

204
e gravidade da infração. Durante o período de cum- Atualmente o Brasil em seu ordenamento jurídico
primento da medida serão obrigatórias atividades adotou a teoria da pena mista ou unificadora pois a
pedagógicas. prevenção criminal é ampla para toda a sociedade
e para o criminoso, ou seja, visa impor respeito à
Somente pessoas na faixa etária entre 12 e 18 coletividade e educar o encarcerado.
anos que praticam ato infracional estão sujeitas às
medidas socioeducativas. Profilaxia Criminal: garantir a ordem do Estado
Democrático de Direito, buscando conhecer as
No caso de crianças infratoras, estas estarão sujei- causas e as origens da criminalidade crescente
tas a medidas de proteção: para posteriormente adotas as medidas prevencio-
nistas da criminalidade de forma micro e macro.
• Encaminhamento aos pais ou responsável, medi-
ante termo de responsabilidade; Prevenção Geral Positiva: Visa a intervenção na
pessoa do delinquente com sua recolocação na so-
• Orientação, apoio e acompanhamento temporá- ciedade. Ligada a ideia de ressocialização. Visa
rios; atingir a sociedade como um todo reforçando os va-
lores da ordem democrática de direito.
• Matrícula e frequência obrigatórias em estabele-
cimento oficial de ensino fundamental; Prevenção Geral Negativa: Visa impor o valor do
Estado democrático de Direito para a sociedade. É
• Inclusão em serviços e programas oficiais ou co- direcionada em específico ao criminoso. Demons-
munitários de proteção, apoio e promoção da famí- tra que o crime está sendo punido através da pena-
lia, da criança e do adolescente; lização do criminoso.

• Requisição de tratamento médico, psicológico ou Prevenção Geral: Poder do Estado em face da so-
psiquiátrico, em regime hospitalar ouVitória Ferreira ciedade.
ambulatorial; Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
• Inclusão em programa oficial ou comunitário de Prevenção Especial: Poder do Estado em face do
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e to- criminoso.
xicômanos;
Prevenção Direta: A afirmação do Direito Penal
• acolhimento institucional; através de sua força repressora e punitiva.

• inclusão em programa de acolhimento familiar; Prevenção Indireta: Busca proporcionar a socie-


dade condições de vida com qualidade, através de
• Colocação em família substituta. programas de cultura e lazer.

As atividades repressivas, preventivas e edu- • PREVENÇÃO PRIMÁRIA:


cacionais para diminuir os índices de criminali-
dade A prevenção primária está ligada a uma ação
POSIVITA do Estado.
• PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL
Buscar agir na raiz do problema, para neutralizá-lo
A Prevenção criminal é um conjunto de ações pú- antes que se manifeste. São ações de médio/longo
blicas que podem ser adotadas de curto, médio e prazo, pois são voltadas aos indivíduos em geral.
longo prazo, visando inibir e prevenir o cometi-
mento de crimes, bem como, buscando pela não Para que haja prevenção primária, é necessário
reincidência. que o Estado tenha estratégias de política cultural,
econômica e social, que capacitem os cidadãos de
A prevenção criminal pode ser geral positiva, geral condições sociais que os ajudem a superar de
negativa, prevenção direta e indireta, prevenção forma produtiva os conflitos.
geral e especial.

205
Busca atuar nas raízes dos problemas sociais, PREVENÇÃO TERCIÁRIA: Destina-se exclusiva-
as ações preventivas são colocadas a médio e mente a população prisional são medidas para evi-
longo prazo configurando investimentos sociais em: tar a reincidência. É uma atuação tardia muitas ve-
Lazer; Moradia; Trabalho e outros. zes ineficaz e problemática.

POLICIAMENTO OSTENSIVO: realizado É a única modalidade de prevenção com pú-


intensamente nas ruas, ferrovias, florestas, rodo- blico definido pois visa que haja vida escorreita
vias, rios, aeroportos, rodoviárias, ferroviárias etc. após o encerramento do cárcere com as políti-
a guarda de repartições públicas, o policiamento de cas de prevenção adotas.
diversões públicas, a guarda externa de estabele-
cimentos penais e a segurança de autoridades vi- Nesse caso a “ressocialização” é voltada apenas
sam inibir a ocorrência de desvios e violências. para o infrator, no ambiente prisional. Das três mo-
Parte da ideia de que a presença da POLÍCIA inti- dalidades de prevenção a terciária é a que possui
midaria os criminosos. o mais acentuado caráter punitivo.

IMPLEMENTAÇÃO E APOIO A MEIOS EDUCATI- Nesse momento o objetivo por parte do Sistema de
VOS: Apoios culturais, econômicos e educativos, Justiça Criminal é fazer com que não haja a reinci-
realizados por meios de controle social informal, e dência, e para isso, ele procederá com o trata-
controle social formal. Exemplo, trabalhos realiza- mento do desviante, através de reintegrações soci-
dos por agentes policiais com a ideia de prevenção ais, familiares e profissional.
ao uso de drogas, ou um trabalho educativo (PRO-
ERD). Nesse caso, haverá um trabalho de modo O crime como fenômeno de massa: narcotrá-
cooperativo entre POLICIA– ESCOLA – FAMÍLIA. fico, terrorismo e crime organizado.

Punição: a capacidade do Estado em punir, ius pu- • O CRIME COMO FENÔMENO DE MASSA:
niendi. Vitória Ferreira Da ORGANIZADO
CRIME Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: opera onde e Acompanhando o desenvolvimento das estruturas
quando o conflito acontece, nem antes nem depois. sociais, a criminalidade, que como já estudamos é
um produto dessas mesmas sociedades, foi se de-
São ações de curto / médio prazo. senvolvendo e modificando suas estruturas e for-
mas de atuação.
Atua nos locais onde os índices de criminali-
dade são maiores, são baseadas em estatísticas Assim sendo, as antigas ferramentas utilizadas
oficiais e chegam as zonas mais violentas de deter- pelo Estado no combate à criminalidade passaram
minada sociedade para uma atuação de forma a não surtir mais efeitos.
mais preventiva e atua de forma concentrada e se-
letiva. Nessa nova realidade de uma sociedade globali-
zada, as organizações criminosas surgem como
Exemplo: UPP's (Unidades de Polícia Pacifica- uma nova preocupação social que abala o modelo
dora). de repressão e prevenção à criminalidade tradicio-
nal.
Se caracteriza pelas ações policiais, pelo controle
dos meios de comunicação, da implantação da or- Percebemos, desta forma, que a criminalidade or-
dem social e se destina a atuar sobre os grupos e ganizada é fruto da globalização, caracterizando-
subgrupos que apresentam maior risco de protago- se como um novo fenômeno cujas origens se de-
nizarem algum problema criminal. vem à expansão internacional da atividade eco-
nômica e a abertura ou globalização dos merca-
Também se preocupa com grupos e pessoas mais dos.
vulneráveis a sofrer/ser vítimas de crimes e violên-
cia.

206
• Sofisticação do crime ções penais cujas penas máximas sejam supe-
riores a 4 anos, ou que sejam de caráter trans-
Neste contexto globalizado, o crime organizado nacional.
busca maiores ganhos com menores riscos, pas-
sando a priorizar o emprego de métodos sofistica- • Crime transnacional: o delito que ultrapassa os
dos ao invés da força e violência. limites da soberania nacional. Exemplo: tráfico in-
ternacional de drogas, armas, órgãos, pessoas
Essa esperteza transformou o crime organizado em
um dos negócios mais lucrativos do planeta. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSO E ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA
Conforme estudos das Organizações das Na-
ções Unidas (ONU) o narcotráfico aufere por Associação Criminosa
ano cerca de US$ 400 bilhões em todo o mundo,
o que equivale a 8% do comércio internacional • Exige-se o mínimo de 3 pessoas
e mais do que todas as exportações de ferro e • Aplica-se à prática de crimes, independentemente
aço da indústria automobilística ou da têxtil. da pena cominada.

No âmbito penal são conhecidas duas espécies de • Não se exige a divisão de tarefas entre os agentes
criminalidade organizada: a mafiosa e a empresa- para a sua configuração.
rial.
Lei 12.850/13
• Criminalidade organizada mafiosa tem sua ati-
vidade delituosa baseada no uso da violência e da Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar,
intimidação. Possui estrutura hierarquizada, distri- pessoalmente ou por interposta pessoa, organiza-
buição de tarefas e planejamento de lucros. Impera ção criminosa:
Vitória
a lei do silêncio/da descrição. Possui Ferreira Da Silva
integrantes
vereados como agentes do Estado e executores Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa,
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dos delitos. sem prejuízo das penas correspondentes às de-
mais infrações penais praticadas.
• A criminalidade organizada empresarial tem
estrutura empresarial que visa apenas o lucro eco- São 4 as condutas incriminadas pelo art. 2° da Lei
nômico. Trata-se de uma empresa voltada para a n° 12.850/13:
atividade ilícita.
• Promover - consiste em gerar, dar origem a algo,
Seus criminosos são empresários, comer- fomentar;
ciantes, políticos, hackers etc.
• Constituir - formar, organizar, compor;
• LEGISLAÇÃO
• Financiar - significa sustentar os gastos, custear,
A Lei n° 12.850/13, define organização criminosa e bancar, prover o capital necessário para o desen-
dispõe sobre a investigação criminal, os meios de volvimento de determinada atividade;
obtenção de prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal. • Integrar - tomar parte, juntar-se, completar.

Esta Lei introduziu um novo conceito de organiza- PONTOS IMPORTANTES:


ções criminosas no art. 1°, §1°, como sendo a as-
sociação de 4 ou mais pessoas estruturalmente Crime de tipo misto alternativo.
ordenada e caracterizada pela divisão de tare-
fas, ainda que informalmente, com objetivo de Mesmo que o agente pratique, em um mesmo con-
obter, direta ou indiretamente, vantagem de texto fático, mais de uma ação dessas, responderá
qualquer natureza, mediante a prática de infra- por crime único. Podendo as condutas recaírem so-
bre organizações criminosas distintas, caracteri-
zando concurso de crimes.

207
3ª Lei: inserção de comportamentos recentes no
Requisitos para o reconhecimento da organização lugar de comportamentos antigos. Substituição das
criminosa: modas e costumes antigos pelos recentes, estando
a sociedade em constante mudança e evolução.
• Associação de quatro ou mais pessoas;
FACÇÕES CRIMINOSAS
• Estrutura ordenada que se caracteriza pela divi-
são de tarefas, ainda que informalmente; A Criminologia, desde o início, levou em considera-
ção a criminalidade de grupo, haja vista que na vida
• Finalidade de obtenção de vantagem de qualquer em sociedade é quase que inerente a junção de in-
natureza mediante a prática de infrações penais cu- divíduos para prática criminosa. Contudo, os pri-
jas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) meiros criminologistas de destaque concediam
anos, ou de caráter transnacional. maior atenção ao estudo individualizado do crimi-
noso, inclusive dando mais ênfase a critérios ana-
tômicos e genéticos (determinismo biológico de
Lombroso) do que a fatores sociais que influencia-
vam o comportamento do agente.

Partindo da Teoria da Imitação, de Gabriel Tarde, a


Tarde foi um autor francês que realizou estudos im- reunião em penitenciárias de um amontoado de in-
portantes acerca da delinquência de grupo levando divíduos, acrescentado o fator da superlotação,
em considerações fatores sociais de incidência, torna os estabelecimentos prisionais em local de
chamadas leis da imitação e a formação de multi- inerente aproximação psicológica entre os agentes
dões e corporações. (1ª Lei da imitação).

Para o autor, a conduta humana poderia ter natu-


Vitória Ferreira Da Silva se dá em decorrência de diversos
A proximidade
reza de invenção ou de imitação. As condutas hu- costumes e dificuldades semelhantes, como pro
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manas de invenção remontam aos seres primitivos, exemplo as condições e tratamento degradante
ou seja, são as condutas oriundas do início da hu- que os mesmo são submetidos nos estabelecimen-
manização das sociedades. Uma vez inventadas, tos prisionais.
estas condutas passaram a ser imitadas.
• Primeiro Comando da Capital” (PCC)
As práticas, ainda que imitadas, alteram-se com o
tempo. Para entendermos melhor o crime organizado, é
importante falarmos sobre uma das maiores fac-
Leis da Imitação ções existentes no Brasil, o PCC.

1º Lei: a proximidade psicológica entre os agentes. Há estudos que afirmam a criação do PCC no Cen-
Na interação e proporção sentimental entre os indi- tro de Readaptação Penitenciária Anexo à Casa de
víduos, além de outros fatores que os aproximam, Custódia de Taubaté, em São Paulo.
há a prática semelhante de condutas. Uma pessoa
é influenciada pelo comportamento daquelas que a O “Piranhão”, como era conhecido o presídio, é um
cercam e com ela mantém contato psicológico. dos mais cruéis e obscuros presídios do sistema
paulista, cuja instituição foi justificada pela suposta
2ª Lei: imitação em verticalidade. Tarde afirma que carência de um local para abrigar os presos ‘alta-
nas relações sociais com estrutura verticalizada, os mente perigosos’.
indivíduos que se encontram em posição inferior
procuram imitar o comportamento de seu superior, Haviam muitas denúncias de torturas físicas e psi-
seja por obrigação imposta em decorrência da hie- cológicas praticadas no local.
rarquia ou por simples admiração e desejo de gal-
gar posição idêntica. Outro evento que foi determinante para a criação
do PCC foi o Massacre do Carandiru. Em 2 de ou-
tubro de 1992, durante uma rebelião na Casa de

208
Detenção de São Paulo, estabelecimento inte-
grante do Complexo do Carandiru, a Tropa de Cho-
que da Polícia Militar do Estado de São Paulo
adentrou ao estabelecimento e entrou em confronto
com os detentos. 111 (cento e onze) detentos forma
mortos. A distinção entre os crimes de colarinho branco e o
crime organizado está “na questão da mistura ou
A ocorrência destes dois eventos foi o estopim para não entre atividades lícitas ou ilícitas e no emprego
transformação da multidão em corporação. ou não de ameaças ou violência para a consecução
do fim pretendido”.
A multidão (carcerária) que antes pretendia lutar
por melhores condições carcerárias, percebeu que O terno foi apresentada pela primeira vez por
precisava se unir para que pudessem ser ouvidos Edwin Sutherland (criador das cifras criminais). Os
pelo Estado. Perceberam a necessidade de organi- crimes do colarinho branco têm duas característi-
zação e estruturação para a defesa de seus inte- cas próprias e simultâneas: o status respeitável do
resses. autor e a interação da atividade criminosa com sua
profissão.
Desta forma, podemos concluir que o sistema car-
cerário contribuiu diretamente para formação da • Criminologia Organizada e Criminologia de
facção criminosa, bem como para com sua expan- Massas
são
É importante para nosso estudo, diferenciar, a cri-
• CRIME ORGANIZADO E TERRORISMO minalidade organizada e a criminalidade comum ou
de massas.
O crime organizado, muitas vezes, se vale de
Vitória
ações terroristas. E o terrorismo, muitas Ferreira
vezes, se Da Silva
Criminalidade comum ou de massas: compre-
vale do crime organizado para realizar suas ações
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ende condutas ilícitas, praticadas geralmente de
terroristas. Mas cuidado para não confundir. forma isolada e individual, suscetíveis de assumir
formas de violência gratuita, destituídas de qual-
Crime Organizado quer sentido estratégico.
Visa, antes de tudo, o LUCRO, o proveito imediato, Criminalidade organizada: abarca o conjunto de
sem qualquer consideração pela vida. condutas ilícitas praticadas de forma coletiva, sis-
temática, integrada e continuada, visando a alcan-
Terrorismo çar objetivos estrategicamente predefinidos.
Usa o terror para obter imediatamente ganho de Winfried Hassemer, afirma que “A criminalidade or-
causa, por ideologia política, religiosa ou por al- ganizada como um tópico jurídico supranacional
guma reivindicação social. com raízes localizadas e embrenhadas nas estru-
turas dos poderes públicos e privados dos Estados.
Pelas análises dos especialistas, a grande dife-
rença entre o crime organizado e o terrorismo está Só existe criminalidade organizada quando o Es-
no lucro, considerado objetivo a ser atingido ape- tado se vê incapaz e incompetente de e para pre-
nas pela criminalidade organizada. O terrorismo, venir e reprimir as atividades criminosas desses
nesse aspecto estaria distante, uma vez que o fim grupos invisíveis.”
a ser atingido seria de caráter ideológico, político,
social ou religioso. A apreensão dos conceitos de criminalidade co-
mum e a criminalidade organizada, enseja dificul-
dades significativas, com reflexos na problemática
da construção de uma tipificação penal adequada
à realidade do crime organizado.

209
O crime organizado sobrevive se o crime de Para que fique caracterizado o Terrorismo é neces-
massa estiver bem enraizado e bem embre- sário estas duas finalidade.
nhado na sociedade.
O art. 2º que conceitua o crime de terrorismo é
uma norma penal exemplificativa, pois apenas
conceitua o crime, mas não o tipifica neste ar-
tigo

São atos de terrorismo:


A Organização das Nações Unidas define terro-
rismo como: “Atos criminosos pretendidos ou • usar ou ameaçar usar, transportar, guardar,
calculados para provocar um estado de terror portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxi-
no público em geral […]”. cos, venenos, conteúdos biológicos, químicos,
nucleares ou outros meios capazes de causar
Características do terrorismo segundo especialis- danos ou promover destruição em massa;
tas:
• sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com
• Natureza indiscriminada: todos, em potencial, violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-
podem ser alvos ou inimigos da “causa”.; se de mecanismos cibernéticos, do controle total
ou parcial, ainda que de modo temporário, de
• Imprevisibilidade e arbitrariedade: não é possí- meio de comunicação ou de transporte, de por-
vel saber onde e quando ocorrerá um atentado; tos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodovi-
árias, hospitais, casas de saúde, escolas, está-
• Gravidade ou espetacularidade: é a crueldade dios esportivos, instalações públicas ou locais
com que são perpetrados que os distingue no onde funcionem serviços públicos essenciais,
inconsciente coletivo; Vitória Ferreira instalações
Da Silva de geração ou transmissão de ener-
gia, instalações militares, instalações de explo-
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• Caráter amoral e de anomia: desprezam os va- ração, refino e processamento de petróleo e gás
lores morais vigentes, alegando-os manipulados e instituições bancárias e sua rede de atendi-
pelo governo. mento;
• atentar contra a vida ou a integridade física de
No Brasil, em 2016 tivemos a publicação da lei pessoa.
13.260/13 que regulamenta o disposto no inciso
XLIII do art. 5º da Constituição Federal, discipli- Lembrando que não se aplicam à conduta indivi-
nando o terrorismo, tratando de disposições inves- dual ou coletiva de pessoas em manifestações po-
tigatórias e processuais e reformulando o conceito líticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de
de organização terrorista. classe ou de categoria profissional, direcionados
por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a
De acordo com a referida Lei, terrorismo, con- contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o obje-
siste na prática por um ou mais indivíduos dos tivo de defender direitos, garantias e liberdades
atos previstos na norma, por razões de xenofo- constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal
bia, discriminação ou preconceito de raça, cor, contida em lei.
etnia e religião, quando cometidos com a finali-
dade de provocar terror social ou generalizado, ELEMENTOS DO TERRORISMO
expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pú-
blica ou a incolumidade pública. Elemento Violência: Violência extrema dirigida às
pessoas, por exemplo, uso de bombas, explosivos...
Perceba que há um duplo especial fim de agir na O alvo sempre são pessoas.
conduta do agente: razões de xenofobia, discri-
minação ou preconceito de raça, cor, etnia e re- Elemento Teleológico: Sempre terá uma finali-
ligião + a finalidade de provocar terror social ou dade específica, seja religiosa, política ou filosófica.
generalizado.

210
Elemento Teatral: Necessidade de atrair atenção Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem ofe-
das pessoas para o atentado, o objetivo é gerar pâ- recer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em de-
nico, terror nas pessoas. pósito, solicitar, investir ou de qualquer modo con-
tribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso fi-
Elemento de ausência de arrependimento ou nanceiro, com a finalidade de financiar, total ou par-
culpa: há muita frieza. O terrorista age com orgulho. cialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação,
entidade, organização criminosa que tenha como
• Terrorismo Nacional: mesma nacionalidade atividade principal ou secundária, mesmo em cará-
entre autor e vítimas; ter eventual, a prática dos crimes previstos nesta
Lei.
• Terrorismo Internacional: o autor e as vítimas
são de territórios distintos; Principais atentados Terroristas:

• Terrorismo é crime equiparado a crimes he- • Atentados de 11 de setembro: 2.993 mortos e


diondo. mais de 8.900 feridos. Nova York, Estados Unidos,
11 de setembro de 2001.
• Terrorismo é crime de perigo concreto, o
risco deve ser comprovado. • Os atentados de 11 de março de 2004,
também conhecidos como 11-M. Espanha.
OUTRAS CONDUTAS CONSIDERADAS TERRO-
RISTAS:

Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar au-


xílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a or-
ganização terrorista: Pena - reclusão, de cinco a
oito anos, e multa. Vitória Ferreira ODa
narcotráfico
Silva caracteriza-se pela venda ilegal de
substâncias psicoativas, conhecidas popularmente
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Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo como drogas.
com o propósito inequívoco de consumar tal delito:
É uma atividade altamente lucrativa e dinâmica,
Pena - a correspondente ao delito consumado, di- pois envolve a participação de grupos especializa-
minuída de um quarto até a metade. dos no cultivo, produção, distribuição e a comerci-
alização.
§ 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com
o propósito de praticar atos de terrorismo: Segundo o site Brasil Escola, a cocaína é um
grande exemplo de lucratividade do narcotráfico:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indi- "Na Colômbia, país responsável por 75% da produ-
víduos que viajem para país distinto daquele de sua ção de cocaína mundial, 1 quilo do produto puro é
residência ou nacionalidade; ou vendido por 1.500. Nos Estados Unidos, nação que
possui o maior mercado consumidor de drogas, o
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto quilo da cocaína é vendido a 25.500 no atacado.
daquele de sua residência ou nacionalidade. Após passar por várias alterações (malhação), o
quilo dessa cocaína rende 110 mil através dos con-
Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, sumidores, ou seja, um lucro de
manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer 108.500 dólares".
modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos,
bens, direitos, valores ou serviços de qualquer na- NARCOTRÁFICO NO BRASIL
tureza, para o planejamento, a preparação ou a
execução dos crimes previstos nesta Lei: O Brasil possui condições favoráveis para o narco-
tráfico devido o grande mercado consumidor,
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos. sendo considerado o segundo maior do mundo,

211
tem posição geográfica estratégica para o trans- • Redução do encarceramento e agilidade nos
porte internacional de drogas e faz fronteira com processos judiciais;
três dos grandes produtores de cocaína e maconha.
• Inserção e execução de medidas socioeduca-
Cerca de 10% do dinheiro arrecadado pelo narco- tivas no sistema prisional;
tráfico fica em terras brasileiras.
• Criação de políticas eficazes e voltadas para
Estima-se que 20% dos presos brasileiros estejam as desigualdades sociais e raciais.
envolvidos com o tráfico de drogas, sendo que com
as mulheres, essa proporção é bem maior – 60% Legislação:
das presidiárias.
A Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) instituiu o Sis-
Outros crime relacionados com o tráfico de dro- tema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
gas: – Sisnad. A lei prescreve as medidas para a pre-
venção ao uso indevido e a reinserção social de
• roubos de carros, bancos, caixas usuários e dependentes químicos, fixando normas
eletrônicos; para a repressão à produção não autorizada e ao
tráfico ilícito de drogas.
• tráfico de armas, crianças, órgãos humanos;
O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, or-
• prostituição; ganizar e coordenar as atividades relacionadas à
prevenção ao uso indevido, à atenção e à reinser-
• pornografia infantil; ção social de usuários e dependentes de drogas; à
repressão da produção não autorizada e ao tráfico
• sequestros; ilícito de drogas.
Vitória Ferreira Da Silva
• lavagem de dinheiro; O Sisnad tem como objetivos:
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• financiamento de campanhas políticas, etc. • contribuir para a inclusão social do cidadão, vi-
sando torná-lo menos vulnerável a assumir com-
• Maconha e Cocaína são as principais drogas, portamentos de risco para o uso indevido de dro-
traficadas, seguidas pelo ópio, haxixe e as dro- gas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos
gas sintéticas (anfetaminas e ecstasy). correlacionados;

Para manter os negócios transnacionais, as orga- • promover a construção e a socialização do co-


nizações criminosas participam de diferentes es- nhecimento sobre drogas no País;
quemas, como roubos e desmontes de carros, as-
saltos a bancos, contrabando de armas, prostitui- • promover a integração entre as políticas de
ção, lavagem de dinheiro e financiamento de cam- prevenção do uso indevido, atenção e reinser-
panhas políticas. ção social de usuários e dependentes de drogas
e de repressão a sua produção não autorizada
Medidas preventivas contra o NARCOTRÁFICO e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais
dos órgãos do Poder Executivo da União, Dis-
Alguns estudiosos sobre esse tema, acreditam que trito Federal, Estados e Municípios;
se opor às drogas não tem se mostrado uma ação
eficaz, pelo contrário, acaba impulsionando ainda • assegurar as condições para a coordenação, a
mais os assassinatos cometidos por organizações integração e a articulação das atividades pre-
criminosas, além do aumento na quantidade de ventivas ao uso indevido de drogas e repressi-
presos. Para eles, o combate ao narcotráfico de- vas a seu tráfico ilícito.
pende de iniciativas como:
• Quanto a prevenção informal, temos a adoção
• Descriminalização e legalização das drogas; de medidas educativas e repressivas, com divul-
gações, cursos e palestras de esclarecimentos

212
para jovens, a ação preventiva de clubes de ser- § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso in-
viço; criação de programas legais de prevenção, devido de droga: (Vide ADI nº 4.274) Pena - deten-
tratamento e reabilitação de dependentes quími- ção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem)
cos; inserção do problema de drogas na a 300 (trezentos) dias-multa.
“agenda Brasil”; adoção de estatísticas de aferi-
ção de uso de drogas etc. § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo
de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para jun-
A lei 11.343/06 define o crime de tráfico de drogas, tos a consumirem:
lembre-se que este crime é equiparado a hediondo.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e qui-
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à nhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas pre-
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, vistas no art. 28.
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
que gratuitamente, sem autorização ou em de- artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto
sacordo com determinação legal ou regulamen- a dois terços, vedada a conversão em penas restri-
tar: tivas de direitos , desde que o agente seja primário,
de bons antecedentes, não se dedique às ativida-
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e des criminosas nem integre organização criminosa.
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui- (Vide Resolução nº 5, de 2012)
nhentos) dias-multa.
DROGAS PARA CONSUMO
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
I Vitória
- importa, exporta, remete, produz, Ferreira transportar
fabrica, Da Silvaou trouxer consigo, para consumo pes-
adquire, vende, expõe vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
à venda, oferece, fornece, soal, drogas sem autorização ou em desacordo
tem em depósito, transporta, traz consigo ou com determinação legal ou regulamentar será sub-
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização metido às seguintes penas:
ou em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar, matéria-prima, insumo ou produto quí- I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - pres-
mico destinado à preparação de drogas; tação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a pro-
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem au- grama ou curso educativo.
torização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, de plantas que se constituam em § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para
matéria-prima para a preparação de drogas; seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe
plantas destinadas à preparação de pequena quan-
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza tidade de substância ou produto capaz de causar
de que tem a propriedade, posse, administração, dependência física ou psíquica.
guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele
se utilize, ainda que gratuitamente, sem autoriza- § 2º Para determinar se a droga destinava-se a
ção ou em desacordo com determinação legal ou consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. quantidade da substância apreendida, ao local e às
condições em que se desenvolveu a ação, às cir-
V - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, in- cunstâncias sociais e pessoais, bem como à con-
sumo ou produto químico destinado à preparação duta e aos antecedentes do agente.
de drogas, sem autorização ou em desacordo com
a determinação legal ou regulamentar, a agente po-
licial disfarçado, quando presentes elementos pro-
batórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

213
AS CAUSAS DO CRIME:
• O mercado regional de heroína na Europa é o
Percebemos com todo o estudo que já fizemos até mais valioso do mundo, sendo a Rússia, hoje, o
aqui, que muitas foram as teorias criadas para ex- maior país consumidor de heroína no mundo;
plicar e compreender a criminalidade.
• O mercado de cocaína da América do Norte
Conforme Cano e Soares (2002) podemos distin- está diminuindo, devido à menor procura e a
guir as diversas abordagens sobre as causas do uma maior aplicação da lei. Isso gerou uma
crime em cinco grupos: guerra de territórios entre as gangues do tráfico,
especialmente no México, e novas rotas de trá-
• teorias que tentam explicar o crime em termos fico;
de patologia individual; • Os países que possuem as maiores plantações
ilícitas no mundo, como Afeganistão (ópio) e Co-
• teorias centradas no homo economicus, isto é, lômbia (coca), são os que mais chamam aten-
no crime como uma atividade racional de maxi- ção e os alvos da maior parte das críticas. No
mização do lucro; deficiente; entanto, a maior parte dos lucros é feita no des-
tino - os países ricos;
• teorias que consideram o crime como subpro-
duto de um sistema social perverso ou deficiente; • A exploração ilegal de recursos naturais e o trá-
fico de animais selvagens da África e do Su-
• teorias que entendem o crime como uma con- deste Asiático estão destruindo frágeis ecossis-
sequência da perda de controle e da desorgani- temas e levando várias espécies à extinção;
zação social na sociedade moderna;
• O mercado mundial de armas de fogo ilícitas é
• correntes que defendem explicações do crime estimado em US$ 170 a 320 milhões por ano - o
em função de fatores situacionais ouVitória Ferreira que
de oportu- Da representa
Silva algo entre 10% a 20% do mer-
nidades. cado legal.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com Embora o contrabando de armas
tenda a ser episódico, os montantes são tão
OS ESTUDOS RELACIONADOS AOS DETERMI- grandes que podem matar tantas pessoas
NANTES DA CRIMINALIDADE NO BRASIL quanto algumas pandemias;

Como já falamos na aula passada, o crime organi- • O número de produtos falsificados apreendidos
zado se globalizou e se transformou em uma das nas fronteiras europeias aumentou dez vezes na
principais forças econômicas e armadas do mundo. última década;
Com esse crescimento assustador, os países-
membros da ONU, do Conselho de Segurança, do • Mais de 1,5 milhão de pessoas por ano tem sua
G8 e de outras Organizações Internacionais, elabo- identidade roubada pela internet - gerando um
raram relatórios sobre a ameaça representada pelo prejuízo estimado em US$ 1 bilhão. O ci-
crime organizado transnacional e a necessidade de bercrime está colocando em risco a segurança
neutralizá-la. das nações, com invasões a redes de energia,
de controle aéreo e a instalações nucleares.
O relatório do UNODC - Escritório das Nações Uni-
das sobre Drogas e Crime constatou as seguintes Segundo dados da ONU, O Brasil é o segundo país
informações: mais violento da América do Sul. (Essa informação
é muito importante para a sua prova.)
• Há uma estimativa de mais de 140 mil vítimas
de tráfico humano para fins de exploração se- Os dados sobre a violência no Brasil são alarman-
xual apenas na Europa; tes.

• Os dois fluxos mais importantes para o contra- Houve uma diminuição dos índices de criminali-
bando de migrantes são provenientes de África dade s em 2019, todavia ainda temos altos índices
para a Europa e da América Latina para os Es- de homicídios e crimes violentos.
tados Unidos;

214
• A Organização Mundial da Saúde (OMS), § 1º Se o agente comete o crime impelido por mo-
agência vinculada à Organização das Nações tivo de relevante valor social ou moral, ou sob o do-
Unidas (ONU), declarou que, em 2018, o BRA- mínio de violenta emoção, logo em seguida a in-
SIL, além de ser o 2º país mais violento da justa provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
América do Sul, é o 9º país mais VIOLENTO pena de um sexto a um terço.
DO MUNDO.
Homicídio qualificado
Para se ter uma ideia, a cada 100 mil habitantes,
temos uma média de 31,1 homicídios. § 2° Se o homicídio é cometido:

A média de homicídios no Brasil é cinco vezes I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou


maior que a média mundial. por outro motivo torpe;

À frente do Brasil nesse cálculo estão apenas: Hon- II - por motivo fútil;
duras; Venezuela; El Salvador; Colômbia; Trinidad
e Tobago ; Jamaica; Lesoto; África do Sul. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
Segundo pesquisa elaborada anualmente pelo que possa resultar perigo comum;
Instituto Para Economia e Paz sediado na Aus-
trália, o Brasil é o país onde a população tem o IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
mais alto grau de medo da violência, de acordo lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos-
com a pesquisa, 83% dos brasileiros temem ser sível a defesa do ofendido;
vítima de um crime violento.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a im-
Dentro desta perspectiva, cabe conceituarmos po- punidade ou vantagem de outro crime:
Vitória
lítica criminal. A Política Criminal, tem como Ferreira
obje- Da Silva
tivo garantir a coesão evitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
sobrevivência do corpo so- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
cial, atendendo à necessidade natural de segu-
rança pessoal e patrimonial dos integrantes do Feminicídio
grupo social.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
• Lembre-se que a criminologia se ocupa do es- feminino:
tudo do criminoso e das causas da criminalidade,
enquanto que a política criminal, estuda e reco- VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
menda os meios de prevenção e repressão à de- 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
linquência. sistema prisional e da Força Nacional de Segu-
rança Pública, no exercício da função ou em decor-
rência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição:

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito


ou proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
• Homicídio para o Direito Penal (Vigência)

Homicídio simples Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos

Art. 121. Matar alguém: IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de di- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
minuição de pena
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição
de sexo feminino quando o crime envolve:

215
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com
I - violência doméstica e familiar; deficiência ou com doenças degenerativas que
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade
II - menosprezo ou discriminação à condição de física ou mental;
mulher.
III - na presença física ou virtual de descendente ou
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 de ascendente da vítima;
(quatorze) anos é aumentada de:
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do
com deficiência ou com doença que implique o au- art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
mento de sua vulnerabilidade;
Pontos importantes sobre o crime de homicídio
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, pa- para o Direito Penal:
drasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, compa-
nheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da • Quanto ao sujeito ativo, o homicídio enquadra-
vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade se no conceito de crime comum porque pode ser
sobre ela. praticado por qualquer pessoa, na medida em
que o texto legal não exige qualidade especial
Homicídio culposo para que alguém seja autor desse crime.

§ 3º Se o homicídio é culposo: • Quanto ao sujeito passivo, pode ser qualquer


ser humano. Após o nascimento toda e qualquer
Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pessoa pode ser vítima do crime de homicídio.
pena
Vitória Ferreira •Da Silva
Admite coautoria e participação, de forma au-
§ 4º No homicídio culposo,vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
a pena é aumentada de tônoma ou conjunta. Haverá coautoria quando
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância duas pessoas realizarem os atos executórios
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se que culminem na morte da vítima, como quando
o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, efetuarem disparos de armas de fogo contra ela.
não procura diminuir as consequências do seu ato, Haverá participação quando a pessoa não reali-
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo do- zar ato executório do homicídio, mas, de alguma
loso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um outra forma, colaborar para o delito, como, por
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor exemplo, emprestando a arma de fogo para que
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. autor execute a vítima. Em um mesmo caso,
pode ser que existam, concomitantemente, co-
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz po- autores e partícipes.
derá deixar de aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão • Quanto ao momento consumativo, o homicídio
grave que a sanção penal se torne desnecessária. classifica-se como crime material, ou seja, exige
a superveniência do resultado previsto no texto
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a legal para estar consumado. Para que seja con-
metade se o crime for praticado por milícia privada, sumada exige o resultado morte;
sob o pretexto de prestação de serviço de segu-
rança, ou por grupo de extermínio. • Quanto à duração do momento consumativo é
classificado como crime instantâneo, uma vez
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um que o evento morte ocorre em um momento
terço) até a metade se o crime for praticado: exato;

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste- • É cabível tentativa;


riores ao parto;

216
Homicídio para a Criminologia • Homicídio Passional

O homicídio é um dos crimes mais antigos que a Homicídio passional é a expressão usada para de-
sociedade já ouviu falar. signar o homicídio que se comete por paixão. Pai-
xão esta, entendida como uma forte emoção.
O primeiro homicídio a ser relatado pelo homem
encontra-se no texto Bíblico – Gênesis, capítulo 4, Duas características são fundamentais para identi-
Caim matou seu irmão Abel. ficar um homicídio passional dos demais, que são:
a relação afetiva entre as partes, e a forte emoção
Segundos estudiosos o homicídio é da época pré- (entendida como paixão) que vincula os indivíduos
histórica. Matar era natural. Na luta para adquirir o envolvidos neste relacionamento.
alimento o selvagem era cruel; cometia todas a vi-
olências com perversidade artística. Não existia Conforme entendimento de Paloma Cotes, os ho-
respeito à vida do outro. micidas passionais são emocionalmente imaturos,
não aceitam a frustração de serem abandonados
Lembre-se que na Criminologia, para que o fato ou o medo de serem traídos.
seja considerado crime, são necessários alguns re-
quisitos diversos daqueles estudados no conceito Homicidas passionais são compulsivos e encon-
analítico de crime para o Direito Penal (fato típico, tram sua essência no ato de matar quem eles jul-
ilícito e culpável). São eles: gam amar. Costumam seguir um ritual específico
sendo comum não conseguir separar-se dos restos
• Incidência massiva: não há como se atribuir a mortais de suas vítimas.
condição de crime a evento isolado, ainda que
cause certa abjeção da comunidade. Há neces- Conforme já estudamos, Lombroso e Ferri definem
sidade que o fato se repita. um tipo específico de criminoso ligado a ideia de
Vitória Ferreira paixão.
Da Silva
• Incidência aflitiva: há necessidade de produção
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de sofrimento para vítima ou a comunidade • Criminoso por paixão para Lombroso:
como um todo. Não é razoável que um fato sem
qualquer relevância seja punido na esfera crimi- São os criminosos sanguíneos, nervosos, irrefleti-
nal. dos. Costuma se valer da violência para resolver
questões passionais. Esse tipo de criminoso é ex-
• Persistência espaço-temporal: se a conduta tremamente afetuoso e sente grande comoção
não se distribui por nosso território ao longo de após cometer o delito. Às vezes, tenta o suicídio.
um certo tempo, ela não deve ser criminalizada; Os motivos que o levam a cometer um crime po-
dem ser três: luto, infanticídio e paixão política.
• Inequívoco Consenso a respeito da sua etiolo- • Criminoso passional para Ferri:
gia e eficazes técnicas de intervenção: é neces-
sário que haja inequívoco consenso da socie- Para Ferri, criminoso passional é aquele que age
dade sobre a razoabilidade de se criminalizar a durante “tempestade psíquica”. Age impulsiva-
conduta. mente, pelo ímpeto (impulso).

• Consciência generalizada sobre sua negativi- Para Ferri, os delinquentes passionais são indiví-
dade: a sociedade como um todo deve ter cons- duos de não reincidente, pessoas de um tempera-
ciência de que a conduta criminosa é nociva. mento sanguíneo ou nervoso e sensibilidade exa-
gerada. Possui relação com os loucos. Na maioria
Em relação ao crime de homicídio é fácil verificar das vezes esses criminosos são mulheres, e come-
que todos os requisitos estão presente. tem o crime na mocidade, sob impulso de uma pai-
xão, em virtude de um amor contrariado, de uma
honra ofendida. Não há, geralmente, premeditação.

Ferri, ao explicar os criminosos passionais, cita a


obra Shakespeare, na qual retrata a história de

217
Otelo, jovem que, por ciúmes, mata sua amada
Desdêmona e, após matá-la, se suicida.
• Assassinos em Série:

O criminoso chamado de assassino em série, é


aquele que mata um considerável número de víti-
mas durante certo período de tempo, com um inter-
valo entre eles, podendo ser de dias, meses ou
anos (Llana Casoy, 2002, p.16).

Serial Killer é o termo mais usado para esses agen-


tes.

Esses assassinos têm uma personalidade psicopá-


tica, personalidade anormal, pois sua inteligência é
normal, ou até mesmo elevada, mas seu caráter é
distorcido, apresentando assim, uma perturbação.

Estudar esses assassinos em série é muito impor-


tante para a sociedade, pois eles são muitos e há
grande dificuldade em sua identificação.

Os Assassinos em Série, são um enigna para a


sociedade.

Vitória
Já estudamos anteriormente que na visão Ferreira Da Silva
da Es-
cola Clássica, cada pessoa tem a escolha de co-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
meter ou não o crime, vai da cabeça de cada um.

Já para a Escola Positivista diferente da Clássica,


defende a resocialização do agressor, pois não é
apenas a sua vontade que o leva a cometer esses
crimes e sim muitos fatores que a pessoa não pode
controlar, como por exemplo a genética, a interven-
ção de outras pessoas, do meio social, etc. Entre-
tanto quando estudamos esse tipo de assassino
não podemos encaixá-lo em nenhuma destas inter-
pretações.

Características:

De acordo com a autora Ana Beatriz Barbosa Silva:


Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calcu-
listas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos,
sedutores e que visam apenas o próprio benefício.
Eles são incapazes de estabelecer vínculos afeti-
vos ou de se colocar no lugar do outro. São despro-
vidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, reve-
lam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor
nível de gravidade e com formas diferentes de ma-
nifestarem os seus atos transgressores, os psico-
patas são verdadeiros "predadores sociais". (Ana
Beatriz Barbosa Silva, 2008, p. 37)

218
(Art. 144, caput, da Constituição Federal, con-
forme a seguir:).

Art. 144. A segurança pública, dever do Es-


tado, direito e responsabilidade de todos, é exer-
A promoção da SEGURANÇA PÚBLICA é um cida para a preservação da ordem pública e da
dos papeis mais importantes do Estado de Direito incolumidade das pessoas e do patrimônio, atra-
constituído. vés dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
Essa ideia remonta à própria formação filosófica
II - polícia rodoviária federal;
da teoria do contrato social, que declarava que o
cidadão renunciava a parte de sua liberdade e o III - polícia ferroviária federal;
Estado deveria lhe retribuir com segurança. IV - polícias civis;
A atividade de segurança pública no Brasil foi de- V - polícias militares e corpos de bombeiros
legada aos Estados (Art. 144 da CF), salvo quan- militares.
to aos órgãos federais. VI - polícias penais federal, estaduais e distri-
tal.
Nesse sentido, cada ente federativo tem compe-
tência para organizar suas polícias (civil e militar). § 1º A polícia federal, instituída por lei como
É importante ressaltar que, por força do art. 23 do órgão permanente, organizado e mantido pela
Código de Processo Penal, a autoridade Vitória Ferreira União
policial, Da Silva
(Redação
e estruturado em carreira, destina-se a:
dada pela Emenda Constitucional nº 19,
ao relatar o inquérito policial e encaminhá-lo a
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
juízo, deverá oficiar ao Instituto de Estatística para de 1998)
informar os dados do delito e do delinquente. I - apurar infrações penais contra a ordem po-
lítica e social ou em detrimento de bens, serviços
As estatísticas criminais servem para fundamentar e interesses da União ou de suas entidades au-
a política criminal e a doutrina de segurança públi- tárquicas e empresas públicas, assim como outras
ca quanto à prevenção e à repressão criminais, infrações cuja prática tenha repercussão interes-
sendo que uma das finalidades ínsitas ao estudo tadual ou internacional e exija repressão uniforme,
da criminologia é justamente a produção desses segundo se dispuser em lei;
dados e análises.
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor-
Cabe às políticas de segurança pública, portanto, pecentes e drogas afins, o contrabando e o des-
não apenas averiguar os crimes que já se passa- caminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
ram, mas também construir estratégias para pre- outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
venir e evitar a prática de crimes futuros, quando competência;
se valem dos conhecimentos produzidos pelas III - exercer as funções de polícia marítima,
ciências que se dedicam ao estudo da criminali- aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
dade. Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
No Estado Democrático de Direito em que vive- IV - exercer, com exclusividade, as funções
mos, a prevenção criminal é integrante da “agen- de polícia judiciária da União.
da federativa”, passando por todos os setores do § 2º A polícia rodoviária federal, órgão per-
Poder Público, e não apenas pela Segurança Pú- manente, organizado e mantido pela União e es-
blica e pelo Judiciário. Ademais, no modelo fede- truturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
rativo brasileiro a União, os Estados, o Distrito ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
Federal e sobretudo os Municípios devem agir
conjuntamente, visando a redução criminal § 3º A polícia ferroviária federal, órgão per-
manente, organizado e mantido pela União e es-

219
truturado em carreira, destina-se, na forma da lei, trânsito, estruturados em Carreira, na forma da
ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. lei.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados
de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judi-
ciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia os-
tensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribui-
ções definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao ór-
gão administrador do sistema penal da unidade
federativa a que pertencem, cabe a segurança
dos estabelecimentos penais.
§ 6º As polícias militares e os corpos de bom-
beiros militares, forças auxiliares e reserva do Disciplina a organização e o funci-
Exército subordinam-se, juntamente com as polí- onamento dos órgãos responsá-
cias civis e as polícias penais estaduais e distrital, veis pela segurança pública, nos
aos Governadores dos Estados, do Distrito Fede- termos do § 7º do art. 144 da Cons-
ral e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda
Vitória Ferreira
Da Silva tituição Federal; cria a Política Na-
Constitucional nº 104, de 2019) cional de Segurança Pública e De-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
fesa Social (PNSPDS); institui o
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funci-
onamento dos órgãos responsáveis pela seguran- Sistema Único de Segurança Pú-
ça pública, de maneira a garantir a eficiência de blica (Susp); altera a Lei Comple-
suas atividades. mentar nº 79, de 7 de janeiro de
1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fe-
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas vereiro de 2001, e a Lei nº 11.530,
municipais destinadas à proteção de seus bens, de 24 de outubro de 2007; e revoga
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. dispositivos da Lei nº 12.681, de 4
§ 9º A remuneração dos servidores policiais de julho de 2012.
integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de
Segurança Pública (Susp) e cria a Política Nacio-
§ 10. A segurança viária, exercida para a pre-
nal de Segurança Pública e Defesa Social (PNS-
servação da ordem pública e da incolumidade das
PDS), com a finalidade de preservação da ordem
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de
trimônio, por meio de atuação conjunta, coorde-
2014)
nada, sistêmica e integrada dos órgãos de segu-
I - compreende a educação, engenharia e fis- rança pública e defesa social da União, dos Esta-
calização de trânsito, além de outras atividades dos, do Distrito Federal e dos Municípios, em arti-
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o culação com a sociedade.
direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) Art. 2º A segurança pública é dever do Esta-
do e responsabilidade de todos, compreendendo a
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distri- União, os Estados, o Distrito Federal e os Muníci-
to Federal e dos Municípios, aos respectivos ór-
pios, no âmbito das competências e atribuições
gãos ou entidades executivos e seus agentes de legais de cada um.

220
CAPÍTULO II XI - publicidade das informações não sigilosas;
DA POLÍTICA NACIONAL XII - promoção da produção de conhecimento
DE SEGURANÇA PÚBLICA sobre segurança pública;
E DEFESA SOCIAL (PNSPDS) XIII - otimização dos recursos materiais, hu-
manos e financeiros das instituições;

SEÇÃO I XIV - simplicidade, informalidade, economia


procedimental e celeridade no serviço prestado à
DA COMPETÊNCIA PARA ESTABELECI-
sociedade;
MENTO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA
XV - relação harmônica e colaborativa entre
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL os Poderes;
XVI - transparência, responsabilização e pres-
Art. 3º Compete à União estabelecer a Polí- tação de contas.
tica Nacional de Segurança Pública e Defesa So-
cial (PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios estabelecer suas respectivas SEÇÃO III
políticas, observadas as diretrizes da política na- DAS DIRETRIZES
cional, especialmente para análise e enfrentamen-
to dos riscos à harmonia da convivência social,
com destaque às situações de emergência e aos Art. 5º São diretrizes da PNSPDS:
crimes interestaduais e transnacionais. I - atendimento imediato ao cidadão;
II - planejamento estratégico e sistêmico;
SEÇÃO II III - fortalecimento das ações de prevenção e
DOS PRINCÍPIOS Vitória Ferreira resolução
Da Silvapacífica de conflitos, priorizando políti-
cas de redução da letalidade violenta, com ênfase
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para os grupos vulneráveis;
Art. 4º São princípios da PNSPDS:
IV - atuação integrada entre a União, os Esta-
I - respeito ao ordenamento jurídico e aos di- dos, o Distrito Federal e os Municípios em ações
reitos e garantias individuais e coletivos; de segurança pública e políticas transversais para
II - proteção, valorização e reconhecimento a preservação da vida, do meio ambiente e da
dos profissionais de segurança pública; dignidade da pessoa humana;
III - proteção dos direitos humanos, respeito V - coordenação, cooperação e colaboração
aos direitos fundamentais e promoção da cidada- dos órgãos e instituições de segurança pública
nia e da dignidade da pessoa humana; nas fases de planejamento, execução, monitora-
mento e avaliação das ações, respeitando-se as
IV - eficiência na prevenção e no controle das
respectivas atribuições legais e promovendo-se a
infrações penais;
racionalização de meios com base nas melhores
V - eficiência na repressão e na apuração das práticas;
infrações penais;
VI - formação e capacitação continuada e
VI - eficiência na prevenção e na redução de qualificada dos profissionais de segurança pública,
riscos em situações de emergência e desastres em consonância com a matriz curricular nacional;
que afetam a vida, o patrimônio e o meio ambiente;
VII - fortalecimento das instituições de segu-
VII - participação e controle social; rança pública por meio de investimentos e do de-
VIII - resolução pacífica de conflitos; senvolvimento de projetos estruturantes e de ino-
vação tecnológica;
IX - uso comedido e proporcional da força;
VIII - sistematização e compartilhamento das
X - proteção da vida, do patrimônio e do meio informações de segurança pública, prisionais e
ambiente; sobre drogas, em âmbito nacional;

221
IX - atuação com base em pesquisas, estudos to e a experiência do servidor na atividade policial
e diagnósticos em áreas de interesse da seguran- específica;
ça pública; XXVI - celebração de termo de parceria e pro-
X - atendimento prioritário, qualificado e hu- tocolos com agências de vigilância privada, res-
manizado às pessoas em situação de vulnerabili- peitada a lei de licitações.
dade;
XI - padronização de estruturas, de capacita-
SEÇÃO IV
ção, de tecnologia e de equipamentos de interes-
se da segurança pública; DOS OBJETIVOS
XII - ênfase nas ações de policiamento de
proximidade, com foco na resolução de problemas; Art. 6º São objetivos da PNSPDS:
XIII - modernização do sistema e da legisla- I - fomentar a integração em ações estratégi-
ção de acordo com a evolução social; cas e operacionais, em atividades de inteligência
XIV - participação social nas questões de se- de segurança pública e em gerenciamento de cri-
gurança pública; ses e incidentes;

XV - integração entre os Poderes Legislativo, II - apoiar as ações de manutenção da ordem


Executivo e Judiciário no aprimoramento e na pública e da incolumidade das pessoas, do patri-
aplicação da legislação penal; mônio, do meio ambiente e de bens e direitos;

XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Mi- III - incentivar medidas para a modernização
nistério Público e da Defensoria Pública na elabo- de equipamentos, da investigação e da perícia e
ração de estratégias e metas para alcançar os para a padronização de tecnologia dos órgãos e
objetivos desta Política; das instituições de segurança pública;

XVII - fomento de políticas públicasVitória


voltadasFerreira
à IV -Silva
Da estimular e apoiar a realização de ações
de prevenção
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reinserção social dos egressos do sistema prisio- à violência e à criminalidade, com
nal; prioridade para aquelas relacionadas à letalidade
da população jovem negra, das mulheres e de
XVIII - (VETADO); outros grupos vulneráveis;
XIX - incentivo ao desenvolvimento de pro- V - promover a participação social nos Conse-
gramas e projetos com foco na promoção da cul- lhos de segurança pública;
tura de paz, na segurança comunitária e na inte-
gração das políticas de segurança com as políti- VI - estimular a produção e a publicação de
cas sociais existentes em outros órgãos e entida- estudos e diagnósticos para a formulação e a ava-
des não pertencentes ao sistema de segurança liação de políticas públicas;
pública; VII - promover a interoperabilidade dos siste-
XX - distribuição do efetivo de acordo com cri- mas de segurança pública;
térios técnicos; VIII - incentivar e ampliar as ações de preven-
XXI - deontologia policial e de bombeiro mili- ção, controle e fiscalização para a repressão aos
tar comuns, respeitados os regimes jurídicos e as crimes transfronteiriços;
peculiaridades de cada instituição; IX - estimular o intercâmbio de informações
XXII - unidade de registro de ocorrência poli- de inteligência de segurança pública com institui-
cial; ções estrangeiras congêneres;

XXIII - uso de sistema integrado de informa- X - integrar e compartilhar as informações de


ções e dados eletrônicos; segurança pública, prisionais e sobre drogas;

XXIV – (VETADO); XI - estimular a padronização da formação, da


capacitação e da qualificação dos profissionais de
XXV - incentivo à designação de servidores segurança pública, respeitadas as especificidades
da carreira para os cargos de chefia, levando em e as diversidades regionais, em consonância com
consideração a graduação, a capacitação, o méri- esta Política, nos âmbitos federal, estadual, distri-
tal e municipal;

222
XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos
e do cumprimento de medidas restritivas de direito direcionarão a formulação do Plano Nacional de
e de penas alternativas à prisão; Segurança Pública e Defesa Social, documento
XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regi- que estabelecerá as estratégias, as metas, os
mes de cumprimento de pena restritiva de liberda- indicadores e as ações para o alcance desses
de em relação à gravidade dos crimes cometidos; objetivos.

XIV - (VETADO);
XV - racionalizar e humanizar o sistema peni- SEÇÃO V
tenciário e outros ambientes de encarceramento; DAS ESTRATÉGIAS
XVI - fomentar estudos, pesquisas e publica-
ções sobre a política de enfrentamento às drogas Art. 7º A PNSPDS será implementada por
e de redução de danos relacionados aos seus estratégias que garantam integração, coordena-
usuários e aos grupos sociais com os quais convi- ção e cooperação federativa, interoperabilidade,
vem; liderança situacional, modernização da gestão das
XVII - fomentar ações permanentes para o instituições de segurança pública, valorização e
combate ao crime organizado e à corrupção; proteção dos profissionais, complementaridade,
dotação de recursos humanos, diagnóstico dos
XVIII - estabelecer mecanismos de monitora-
problemas a serem enfrentados, excelência técni-
mento e de avaliação das ações implementadas;
ca, avaliação continuada dos resultados e garantia
XIX - promover uma relação colaborativa en- da regularidade orçamentária para execução de
tre os órgãos de segurança pública e os integran- planos e programas de segurança pública.
tes do sistema judiciário para a construção das
estratégias e o desenvolvimento das ações ne-
cessárias ao alcance das metas estabelecidas;
Vitória Ferreira
Da Silva SEÇÃO VI
XX - estimular a concessão de medidas prote- DOS MEIOS E INSTRUMENTOS
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
tivas em favor de pessoas em situação de vulne-
rabilidade;
Art. 8º São meios e instrumentos para a im-
XXI - estimular a criação de mecanismos de plementação da PNSPDS:
proteção dos agentes públicos que compõem o
sistema nacional de segurança pública e de seus I - os planos de segurança pública e defesa
familiares; social;

XXII - estimular e incentivar a elaboração, a II - o Sistema Nacional de Informações e de


execução e o monitoramento de ações nas áreas Gestão de Segurança Pública e Defesa Social,
de valorização profissional, de saúde, de qualida- que inclui:
de de vida e de segurança dos servidores que a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e
compõem o sistema nacional de segurança públi- Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
ca; Defesa Social (Sinaped);
XXIII - priorizar políticas de redução da letali- b) o Sistema Nacional de Informações de Se-
dade violenta; gurança Pública, Prisionais e de Rastreabilidade
XXIV - fortalecer os mecanismos de investi- de Armas e Munições, e sobre Material Genético,
gação de crimes hediondos e de homicídios; Digitais e Drogas (Sinesp);

XXV - fortalecer as ações de fiscalização de b) o Sistema Nacional de Informações de Se-


armas de fogo e munições, com vistas à redução gurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de
da violência armada; Armas e Munições, de Material Genético, de Digi-
tais e de Drogas (Sinesp); (Redação dada pela Lei
XXVI - fortalecer as ações de prevenção e re- nº 13.756, de 2018)
pressão aos crimes cibernéticos.
c) o Sistema Integrado de Educação e Valori-
zação Profissional (Sievap);

223
d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Se- III – (VETADO);
gurança Pública (Renaesp); IV - polícias civis;
e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida V - polícias militares;
para Profissionais de Segurança Pública (Pró-
Vida); VI - corpos de bombeiros militares;
III - (VETADO); VII - guardas municipais;
IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de VIII - órgãos do sistema penitenciário;
Homicídios de Jovens; IX - (VETADO);
V - os mecanismos formados por órgãos de X - institutos oficiais de criminalística, medici-
prevenção e controle de atos ilícitos contra a Ad- na legal e identificação;
ministração Pública e referentes a ocultação ou
XI - Secretaria Nacional de Segurança Públi-
dissimulação de bens, direitos e valores.
ca (Senasp);
VI – o Plano Nacional de Prevenção e Enfren-
XII - secretarias estaduais de segurança pú-
tamento à Violência contra a Mulher, nas ações
blica ou congêneres;
pertinentes às políticas de segurança, implemen-
tadas em conjunto com os órgãos e instâncias XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defe-
estaduais, municipais e do Distrito Federal res- sa Civil (Sedec);
ponsáveis pela rede de prevenção e de atendi- XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre
mento das mulheres em situação de violência. Drogas (Senad);
(Incluído pela Lei nº 14.330, de 2022)
XV - agentes de trânsito;
XVI - guarda portuária.
CAPÍTULO III
§ 3º (VETADO).
Vitória Ferreira Da Silva
DO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA
§ 4º Os sistemas estaduais, distrital e munici-
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PÚBLICA
pais serão responsáveis pela implementação dos
respectivos programas, ações e projetos de segu-
SEÇÃO I rança pública, com liberdade de organização e
DA COMPOSIÇÃO DO SISTEMA funcionamento, respeitado o disposto nesta Lei.

Art. 9º É instituído o Sistema Único de Segu- SEÇÃO II


rança Pública (Susp), que tem como órgão central DO FUNCIONAMENTO
o Ministério Extraordinário da Segurança Pública e
é integrado pelos órgãos de que trata o art. 144 da
Constituição Federal , pelos agentes penitenciá- Art. 10. A integração e a coordenação dos
rios, pelas guardas municipais e pelos demais órgãos integrantes do Susp dar-se-ão nos limites
integrantes estratégicos e operacionais, que atua- das respectivas competências, por meio de:
rão nos limites de suas competências, de forma I - operações com planejamento e execução
cooperativa, sistêmica e harmônica. integrados;
§ 1º São integrantes estratégicos do Susp: II - estratégias comuns para atuação na pre-
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os venção e no controle qualificado de infrações pe-
Municípios, por intermédio dos respectivos Pode- nais;
res Executivos; III - aceitação mútua de registro de ocorrência
II - os Conselhos de Segurança Pública e De- policial;
fesa Social dos três entes federados. IV - compartilhamento de informações, inclu-
§ 2º São integrantes operacionais do Susp: sive com o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sis-
bin);
I - polícia federal;
V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e
II - polícia rodoviária federal;
científicos;

224
VI - integração das informações e dos dados reclusão, e pela recuperação do produto de crime
de segurança pública por meio do Sinesp. em determinada circunscrição;
§ 1º O Susp será coordenado pelo Ministério II - as atividades periciais serão aferidas me-
Extraordinário da Segurança Pública. diante critérios técnicos emitidos pelo órgão res-
§ 2º As operações combinadas, planejadas e ponsável pela coordenação das perícias oficiais,
desencadeadas em equipe poderão ser ostensi- considerando os laudos periciais e o resultado na
vas, investigativas, de inteligência ou mistas, e produção qualificada das provas relevantes à ins-
contar com a participação de órgãos integrantes trução criminal;
do Susp e, nos limites de suas competências, com III - as atividades de polícia ostensiva e de
o Sisbin e outros órgãos dos sistemas federal, preservação da ordem pública serão aferidas,
estadual, distrital ou municipal, não necessaria- entre outros fatores, pela maior ou menor incidên-
mente vinculados diretamente aos órgãos de se- cia de infrações penais e administrativas em de-
gurança pública e defesa social, especialmente terminada área, seguindo os parâmetros do Si-
quando se tratar de enfrentamento a organizações nesp;
criminosas. IV - as atividades dos corpos de bombeiros
§ 3º O planejamento e a coordenação das militares serão aferidas, entre outros fatores, pelas
operações referidas no § 2º deste artigo serão ações de prevenção, preparação para emergên-
exercidos conjuntamente pelos participantes. cias e desastres, índices de tempo de resposta
§ 4º O compartilhamento de informações será aos desastres e de recuperação de locais atingi-
feito preferencialmente por meio eletrônico, com dos, considerando-se áreas determinadas;
acesso recíproco aos bancos de dados, nos ter- V - a eficiência do sistema prisional será afe-
mos estabelecidos pelo Ministério Extraordinário rida com base nos seguintes fatores, entre outros:
da Segurança Pública. a) o número de vagas ofertadas no sistema;
Vitória
§ 5º O intercâmbio de conhecimentos Ferreira Dab)Silva
técnicos a relação existente entre o número de pre-
e científicos para qualificação dos profissionais de
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sos e a quantidade de vagas ofertadas;
segurança pública e defesa social dar-se-á, entre
outras formas, pela reciprocidade na abertura de c) o índice de reiteração criminal dos egres-
vagas nos cursos de especialização, aperfeiçoa- sos;
mento e estudos estratégicos, respeitadas as pe- d) a quantidade de presos condenados aten-
culiaridades e o regime jurídico de cada instituição, didos de acordo com os parâmetros estabelecidos
e observada, sempre que possível, a matriz curri- pelos incisos do caput deste artigo, com obser-
cular nacional. vância de critérios objetivos e transparentes.
Art. 11. O Ministério Extraordinário da Segu- § 1º A aferição considerará aspectos relativos
rança Pública fixará, anualmente, metas de exce- à estrutura de trabalho físico e de equipamentos,
lência no âmbito das respectivas competências, bem como de efetivo.
visando à prevenção e à repressão das infrações § 2º A aferição de que trata o inciso I do caput
penais e administrativas e à prevenção dos desas- deste artigo deverá distinguir as autorias definidas
tres, e utilizará indicadores públicos que demons- em razão de prisão em flagrante das autorias re-
trem de forma objetiva os resultados pretendidos. sultantes de diligências investigatórias.
Art. 12 . A aferição anual de metas deverá Art. 13. O Ministério Extraordinário da Segu-
observar os seguintes parâmetros: rança Pública, responsável pela gestão do Susp,
I - as atividades de polícia judiciária e de apu- deverá orientar e acompanhar as atividades dos
ração das infrações penais serão aferidas, entre órgãos integrados ao Sistema, além de promover
outros fatores, pelos índices de elucidação dos as seguintes ações:
delitos, a partir dos registros de ocorrências polici- I - apoiar os programas de aparelhamento e
ais, especialmente os de crimes dolosos com re- modernização dos órgãos de segurança pública e
sultado em morte e de roubo, pela identificação, defesa social do País;
prisão dos autores e cumprimento de mandados
de prisão de condenados a crimes com penas de II - implementar, manter e expandir, observa-
das as restrições previstas em lei quanto a sigilo,

225
o Sistema Nacional de Informações e de Gestão Art. 17. Regulamento disciplinará os crité-
de Segurança Pública e Defesa Social; rios de aplicação de recursos do Fundo Nacional
III - efetivar o intercâmbio de experiências de Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Peni-
técnicas e operacionais entre os órgãos policiais tenciário Nacional (Funpen), respeitando-se a atri-
federais, estaduais, distrital e as guardas munici- buição constitucional dos órgãos que integram o
pais; Susp, os aspectos geográficos, populacionais e
socioeconômicos dos entes federados, bem como
IV - valorizar a autonomia técnica, científica e
o estabelecimento de metas e resultados a serem
funcional dos institutos oficiais de criminalística,
alcançados.
medicina legal e identificação, garantindo-lhes
condições plenas para o exercício de suas fun- Parágrafo único. Entre os critérios de aplica-
ções; ção dos recursos do FNSP serão incluídos metas
e resultados relativos à prevenção e ao combate à
V - promover a qualificação profissional dos
violência contra a mulher. (Incluído pela Lei nº
integrantes da segurança pública e defesa social,
14.316, de 2022)
especialmente nas dimensões operacional, ética e
técnico-científica; Art. 18. As aquisições de bens e serviços
VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e para os órgãos integrantes do Susp terão por ob-
consolidar dados e informações estatísticas sobre jetivo a eficácia de suas atividades e obedecerão
criminalidade e vitimização; a critérios técnicos de qualidade, modernidade,
eficiência e resistência, observadas as normas de
VII - coordenar as atividades de inteligência licitação e contratos.
da segurança pública e defesa social integradas
ao Sisbin; Parágrafo único. (VETADO).

VIII - desenvolver a doutrina de inteligência


policial.
Vitória Ferreira Da Silva CAPÍTULO IV
Art. 14. É de responsabilidade do Ministério DOS CONSELHOS DE SEGURANÇA
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Extraordinário da Segurança Pública: PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
I - disponibilizar sistema padronizado,
inf-ormatizado e seguro que permita o intercâmbio SEÇÃO I
de informações entre os integrantes do Susp; DA COMPOSIÇÃO
II - apoiar e avaliar periodicamente a infraes-
trutura tecnológica e a segurança dos processos,
das redes e dos sistemas; Art. 19. A estrutura formal do Susp dar-se-á
pela formação de Conselhos permanentes a se-
III - estabelecer cronograma para adequação rem criados na forma do art. 21 desta Lei.
dos integrantes do Susp às normas e aos proce-
dimentos de funcionamento do Sistema. Art. 20. Serão criados Conselhos de Segu-
rança Pública e Defesa Social, no âmbito da Uni-
Art. 15. A União poderá apoiar os Estados, ão, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
o Distrito Federal e os Municípios, quando não pios, mediante proposta dos chefes dos Poderes
dispuserem de condições técnicas e operacionais Executivos, encaminhadas aos respectivos Pode-
necessárias à implementação do Susp. res Legislativos.
Art. 16. Os órgãos integrantes do Susp po- § 1º O Conselho Nacional de Segurança Pú-
derão atuar em vias urbanas, rodovias, terminais blica e Defesa Social, com atribuições, funciona-
rodoviários, ferrovias e hidrovias federais, estadu- mento e composição estabelecidos em regula-
ais, distrital ou municipais, portos e aeroportos, no mento, terá a participação de representantes da
âmbito das respectivas competências, em efetiva União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
integração com o órgão cujo local de atuação es- nicípios.
teja sob sua circunscrição, ressalvado o sigilo das
§ 2º Os Conselhos de Segurança Pública e
investigações policiais.
Defesa Social congregarão representantes com
poder de decisão dentro de suas estruturas go-

226
vernamentais e terão natureza de colegiado, com III - representante do Ministério Público;
competência consultiva, sugestiva e de acompa- IV - representante da Ordem dos Advogados
nhamento social das atividades de segurança pú- do Brasil (OAB);
blica e defesa social, respeitadas as instâncias
decisórias e as normas de organização da Admi- V - representante da Defensoria Pública;
nistração Pública. VI - representantes de entidades e organiza-
§ 3º Os Conselhos de Segurança Pública e ções da sociedade cuja finalidade esteja relacio-
Defesa Social exercerão o acompanhamento das nada com políticas de segurança pública e defesa
instituições referidas no § 2º do art. 9º desta Lei e social;
poderão recomendar providências legais às auto- VII - representantes de entidades de profissi-
ridades competentes. onais de segurança pública.
§ 4º O acompanhamento de que trata o § 3º § 1º Os representantes das entidades e orga-
deste artigo considerará, entre outros, os seguin- nizações referidas nos incisos VI e VII do caput
tes aspectos: deste artigo serão eleitos por meio de processo
I - as condições de trabalho, a valorização e o aberto a todas as entidades e organizações cuja
respeito pela integridade física e moral dos seus finalidade seja relacionada com as políticas de
integrantes; segurança pública, conforme convocação pública
e critérios objetivos previamente definidos pelos
II - o atingimento das metas previstas nesta Conselhos.
Lei;
§ 2º Cada conselheiro terá 1 (um) suplente,
III - o resultado célere na apuração das de- que substituirá o titular em sua ausência.
núncias em tramitação nas respectivas corregedo-
rias; § 3º Os mandatos eletivos dos membros refe-
ridos nos incisos VI e VII do caput deste artigo e a
IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade
Vitória Ferreira designação
do órgão pela população por ele atendida.
Da Silva dos demais membros terão a duração
de 2 (dois) anos, permitida apenas uma recondu-
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§ 5º Caberá aos Conselhos propor diretrizes ção ou reeleição.
para as políticas públicas de segurança pública e § 4º Na ausência de representantes dos ór-
defesa social, com vistas à prevenção e à repres- gãos ou entidades referidos no caput deste artigo,
são da violência e da criminalidade. aplica-se o disposto no § 7º do art. 20 desta Lei.
§ 6º A organização, o funcionamento e as
demais competências dos Conselhos serão regu-
lamentados por ato do Poder Executivo, nos limi- CAPÍTULO V
tes estabelecidos por esta Lei. DA FORMULAÇÃO DOS PLANOS
§ 7º Os Conselhos Estaduais, Distrital e Mu- DE SEGURANÇA PÚBLICA
nicipais de Segurança Pública e Defesa Social, E DEFESA SOCIAL
que contarão também com representantes da so-
ciedade civil organizada e de representantes dos
trabalhadores, poderão ser descentralizados ou SEÇÃO I
congregados por região para melhor atuação e DOS PLANOS
intercâmbio comunitário.
Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de
SEÇÃO II Segurança Pública e Defesa Social, destinado a
articular as ações do poder público, com a finali-
DOS CONSELHEIROS
dade de:
I - promover a melhora da qualidade da ges-
Art. 21. Os Conselhos serão compostos por: tão das políticas sobre segurança pública e defesa
I - representantes de cada órgão ou entidade social;
integrante do Susp; II - contribuir para a organização dos Conse-
II - representante do Poder Judiciário; lhos de Segurança Pública e Defesa Social;

227
III - assegurar a produção de conhecimento Lei, cabendo ao Poder Legislativo Federal acom-
no tema, a definição de metas e a avaliação dos panhá-la.
resultados das políticas de segurança pública e
defesa social;
SEÇÃO II
DAS DIRETRIZES GERAIS
IV - priorizar ações preventivas e fiscalizató-
rias de segurança interna nas divisas, fronteiras,
portos e aeroportos. Art. 24. Os agentes públicos deverão obser-
§ 1º As políticas públicas de segurança não var as seguintes diretrizes na elaboração e na
se restringem aos integrantes do Susp, pois de- execução dos planos:
vem considerar um contexto social amplo, com I - adotar estratégias de articulação entre ór-
abrangência de outras áreas do serviço público, gãos públicos, entidades privadas, corporações
como educação, saúde, lazer e cultura, respeita- policiais e organismos internacionais, a fim de
das as atribuições e as finalidades de cada área implantar parcerias para a execução de políticas
do serviço público. de segurança pública e defesa social;
§ 2º O Plano de que trata o caput deste artigo II - realizar a integração de programas, ações,
terá duração de 10 (dez) anos a contar de sua atividades e projetos dos órgãos e entidades pú-
publicação. blicas e privadas nas áreas de saúde, planeja-
§ 3º As ações de prevenção à criminalidade mento familiar, educação, trabalho, assistência
devem ser consideradas prioritárias na elaboração social, previdência social, cultura, desporto e lazer,
do Plano de que trata o caput deste artigo. visando à prevenção da criminalidade e à preven-
ção de desastres;
§ 4º A União, por intermédio do Ministério Ex-
traordinário da Segurança Pública, deverá elabo- III - viabilizar ampla participação social na
Vitória Ferreira
rar os objetivos, as ações estratégicas, as metas,
Da Silva
formulação, na implementação e na avaliação das
políticas de
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
as prioridades, os indicadores e as formas de fi- segurança pública e defesa social;
nanciamento e gestão das Políticas de Segurança IV - desenvolver programas, ações, atividades
Pública e Defesa Social. e projetos articulados com os estabelecimentos de
§ 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Muni- ensino, com a sociedade e com a família para a
cípios deverão, com base no Plano Nacional de prevenção da criminalidade e a prevenção de de-
Segurança Pública e Defesa Social, elaborar e sastres;
implantar seus planos correspondentes em até 2 V - incentivar a inclusão das disciplinas de
(dois) anos a partir da publicação do documento prevenção da violência e de prevenção de desas-
nacional, sob pena de não poderem receber re- tres nos conteúdos curriculares dos diversos ní-
cursos da União para a execução de programas veis de ensino;
ou ações de segurança pública e defesa social.
VI - ampliar as alternativas de inserção eco-
§ 6º O poder público deverá dar ampla divul- nômica e social dos egressos do sistema prisional,
gação ao conteúdo das Políticas e dos Planos de promovendo programas que priorizem a melhoria
segurança pública e defesa social. de sua escolarização e a qualificação profissional;
Art. 23. A União, em articulação com os Es- VII - garantir a efetividade dos programas,
tados, o Distrito Federal e os Municípios, realizará ações, atividades e projetos das políticas de segu-
avaliações anuais sobre a implementação do Pla- rança pública e defesa social;
no Nacional de Segurança Pública e Defesa Soci- VIII - promover o monitoramento e a avaliação
al, com o objetivo de verificar o cumprimento das das políticas de segurança pública e defesa social;
metas estabelecidas e elaborar recomendações
aos gestores e operadores das políticas públicas. IX - fomentar a criação de grupos de estudos
formados por agentes públicos dos órgãos inte-
Parágrafo único. A primeira avaliação do Pla- grantes do Susp, professores e pesquisadores,
no Nacional de Segurança Pública e Defesa Soci- para produção de conhecimento e reflexão sobre
al realizar-se-á no segundo ano de vigência desta o fenômeno da criminalidade, com o apoio e a

228
coordenação dos órgãos públicos de cada unida- DOS MEMBROS DO SUSP
de da Federação;
X - fomentar a harmonização e o trabalho Art. 26. É instituído, no âmbito do Susp, o
conjunto dos integrantes do Susp;
Sistema Nacional de Acompanhamento e Avalia-
XI - garantir o planejamento e a execução de ção das Políticas de Segurança Pública e Defesa
políticas de segurança pública e defesa social; Social (Sinaped), com os seguintes objetivos:
XII - fomentar estudos de planejamento urba- I - contribuir para organização e integração
no para que medidas de prevenção da criminali- dos membros do Susp, dos projetos das políticas
dade façam parte do plano diretor das cidades, de de segurança pública e defesa social e dos res-
forma a estimular, entre outras ações, o reforço na pectivos diagnósticos, planos de ação, resultados
iluminação pública e a verificação de pessoas e e avaliações;
de famílias em situação de risco social e criminal.
II - assegurar o conhecimento sobre os pro-
gramas, ações e atividades e promover a melhora
da qualidade da gestão dos programas, ações,
SEÇÃO III
atividades e projetos de segurança pública e defe-
DAS METAS PARA ACOMPANHAMENTO sa social;
E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS DE
III - garantir que as políticas de segurança
SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA pública e defesa social abranjam, no mínimo, o
SOCIAL adequado diagnóstico, a gestão e os resultados
das políticas e dos programas de prevenção e de
controle da violência, com o objetivo de verificar:
Art. 25. Os integrantes do Susp fixarão,
anualmente, metas de excelência no âmbito das a) a compatibilidade da forma de processa-
respectivas competências, visando Vitória
à prevenção e mento do planejamento orçamentário e de sua
Ferreira Da Silva
execução com as necessidades do respectivo
à repressão de infrações penais e administrativas
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
sistema de segurança pública e defesa social;
e à prevenção de desastres, que tenham como
finalidade: b) a eficácia da utilização dos recursos públi-
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e cos;
supervisionar as atividades de educação gerencial, c) a manutenção do fluxo financeiro, conside-
técnica e operacional, em cooperação com as radas as necessidades operacionais dos progra-
unidades da Federação; mas, as normas de referência e as condições pre-
II - apoiar e promover educação qualificada, vistas nos instrumentos jurídicos celebrados entre
continuada e integrada; os entes federados, os órgãos gestores e os inte-
grantes do Susp;
III - identificar e propor novas metodologias e
técnicas de educação voltadas ao aprimoramento d) a implementação dos demais compromis-
de suas atividades; sos assumidos por ocasião da celebração dos
instrumentos jurídicos relativos à efetivação das
IV - identificar e propor mecanismos de valori- políticas de segurança pública e defesa social;
zação profissional;
e) a articulação interinstitucional e intersetorial
V - apoiar e promover o sistema de saúde pa- das políticas.
ra os profissionais de segurança pública e defesa
social; Art. 27. Ao final da avaliação do Plano Naci-
onal de Segurança Pública e Defesa Social, será
VI - apoiar e promover o sistema habitacional
elaborado relatório com o histórico e a caracteri-
para os profissionais de segurança pública e defe-
zação do trabalho, as recomendações e os prazos
sa social.
para que elas sejam cumpridas, além de outros
elementos a serem definidos em regulamento.
SEÇÃO IV § 1º Os resultados da avaliação das políticas
DA COOPERAÇÃO, DA INTEGRAÇÃO E serão utilizados para:
DO FUNCIONAMENTO HARMÔNICO

229
I - planejar as metas e eleger as prioridades IV - o caráter público de todos os procedimen-
para execução e financiamento; tos, dados e resultados dos processos de avalia-
II - reestruturar ou ampliar os programas de ção.
prevenção e controle; Art. 32. A avaliação dos objetivos e das me-
III - adequar os objetivos e a natureza dos tas do Plano Nacional de Segurança Pública e
programas, ações e projetos; Defesa Social será coordenada por comissão
permanente e realizada por comissões temporá-
IV - celebrar instrumentos de cooperação com
rias, essas compostas, no mínimo, por 3 (três)
vistas à correção de problemas constatados na
membros, na forma do regulamento próprio.
avaliação;
Parágrafo único. É vedado à comissão per-
V - aumentar o financiamento para fortalecer
manente designar avaliadores que sejam titulares
o sistema de segurança pública e defesa social;
ou servidores dos órgãos gestores avaliados, caso:
VI - melhorar e ampliar a capacitação dos
I - tenham relação de parentesco até terceiro
operadores do Susp.
grau com titulares ou servidores dos órgãos gesto-
§ 2º O relatório da avaliação deverá ser en- res avaliados;
caminhado aos respectivos Conselhos de Segu-
II - estejam respondendo a processo criminal
rança Pública e Defesa Social.
ou administrativo.
Art. 28. As autoridades, os gestores, as en-
tidades e os órgãos envolvidos com a segurança
pública e defesa social têm o dever de colaborar CAPÍTULO VI
com o processo de avaliação, facilitando o acesso DO CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA
às suas instalações, à documentação e a todos os
elementos necessários ao seu efetivo cumprimen- SEÇÃO I
to. Vitória Ferreira Da Silva
DO CONTROLE INTERNO
Art. 29. O processovitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de avaliação das políti-
cas de segurança pública e defesa social deverá
Art. 33. Aos órgãos de correição, dotados
contar com a participação de representantes dos
de autonomia no exercício de suas competências,
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do
caberá o gerenciamento e a realização dos pro-
Ministério Público, da Defensoria Pública e dos
cessos e procedimentos de apuração de respon-
Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social,
sabilidade funcional, por meio de sindicância e
observados os parâmetros estabelecidos nesta
processo administrativo disciplinar, e a proposição
Lei.
de subsídios para o aperfeiçoamento das ativida-
Art. 30. Cabe ao Poder Legislativo acompa- des dos órgãos de segurança pública e defesa
nhar as avaliações do respectivo ente federado. social.
Art. 31. O Sinaped assegurará, na metodo-
logia a ser empregada: SEÇÃO II
I - a realização da autoavaliação dos gestores DO ACOMPANHAMENTO PÚBLICO
e das corporações; DA ATIVIDADE POLICIAL
II - a avaliação institucional externa, contem-
plando a análise global e integrada das instala- Art. 34. A União, os Estados, o Distrito Fe-
ções físicas, relações institucionais, compromisso
deral e os Municípios deverão instituir órgãos de
social, atividades e finalidades das corporações;
ouvidoria dotados de autonomia e independência
III - a análise global e integrada dos diagnós- no exercício de suas atribuições.
ticos, estruturas, compromissos, finalidades e re-
Parágrafo único. À ouvidoria competirá o re-
sultados das políticas de segurança pública e de-
cebimento e tratamento de representações, elogi-
fesa social;
os e sugestões de qualquer pessoa sobre as
ações e atividades dos profissionais e membros
integrantes do Susp, devendo encaminhá-los ao

230
órgão com atribuição para as providências legais dos e serão fornecidos e atualizados pelos inte-
e a resposta ao requerente. grantes do Sinesp.

SEÇÃO III § 2º O integrante que deixar de fornecer ou


DA TRANSPARÊNCIA E DA INTEGRAÇÃO atualizar seus dados e informações no Sinesp
poderá não receber recursos nem celebrar parce-
DE DADOS E INFORMAÇÕES rias com a União para financiamento de progra-
mas, projetos ou ações de segurança pública e
Art. 35. É instituído o Sistema Nacional de defesa social e do sistema prisional, na forma do
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de regulamento.
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material § 3º O Ministério Extraordinário da Segurança
Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), com a Pública é autorizado a celebrar convênios com
finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e órgãos do Poder Executivo que não integrem o
informações para auxiliar na formulação, imple- Susp, com o Poder Judiciário e com o Ministério
mentação, execução, acompanhamento e avalia- Público, para compatibilização de sistemas de
ção das políticas relacionadas com: informação e integração de dados, ressalvadas as
I - segurança pública e defesa social; vedações constitucionais de sigilo e desde que o
objeto fundamental dos acordos seja a prevenção
II - sistema prisional e execução penal; e a repressão da violência.
III - rastreabilidade de armas e munições; § 4º A omissão no fornecimento das informa-
IV - banco de dados de perfil genético e digi- ções legais implica responsabilidade administrati-
tais; va do agente público.
V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.
Vitória Ferreira Da Silva
Art. 36. O Sinesp tem por objetivos: CAPÍTULO VII
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
I - proceder à coleta, análise, atualização, sis- DA CAPACITAÇÃO E DA VALORIZAÇÃO
tematização, integração e interpretação de dados DO PROFISSIONAL EM SEGURANÇA
e informações relativos às políticas de segurança PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
pública e defesa social;
II - disponibilizar estudos, estatísticas, indica- SEÇÃO I
dores e outras informações para auxiliar na formu-
lação, implementação, execução, monitoramento DO SISTEMA INTEGRADO DE EDUCAÇÃO
e avaliação de políticas públicas; E VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
III - promover a integração das redes e siste- (SIEVAP)
mas de dados e informações de segurança públi-
ca e defesa social, criminais, do sistema prisional Art. 38. É instituído o Sistema Integrado de
e sobre drogas;
Educação e Valorização Profissional (Sievap),
IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas com a finalidade de:
de dados e informações, conforme os padrões I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
definidos pelo conselho gestor. supervisionar as atividades de educação gerencial,
Parágrafo único. O Sinesp adotará os pa- técnica e operacional, em cooperação com as
drões de integridade, disponibilidade, confidencia- unidades da Federação;
lidade, confiabilidade e tempestividade dos siste- II - identificar e propor novas metodologias e
mas informatizados do governo federal.
técnicas de educação voltadas ao aprimoramento
Art. 37. Integram o Sinesp todos os entes de suas atividades;
federados, por intermédio de órgãos criados ou III - apoiar e promover educação qualificada,
designados para esse fim. continuada e integrada;
§ 1º Os dados e as informações de que trata
esta Lei deverão ser padronizados e categoriza-

231
IV - identificar e propor mecanismos de valori- V - articular o conhecimento prático dos pro-
zação profissional. fissionais de segurança pública e defesa social
§ 1º O Sievap é constituído, entre outros, pe- com os conhecimentos acadêmicos;
los seguintes programas: VI - difundir e reforçar a construção de cultura
I - matriz curricular nacional; de segurança pública e defesa social fundada nos
paradigmas da contemporaneidade, da inteligên-
II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segu- cia, da informação e do exercício de atribuições
rança Pública (Renaesp); estratégicas, técnicas e científicas;
III - Rede Nacional de Educação a Distância VII - incentivar produção técnico-científica que
em Segurança Pública (Rede EaD-Senasp); contribua para as atividades desenvolvidas pelo
IV - programa nacional de qualidade de vida Susp.
para segurança pública e defesa social. Art. 41. A Rede EaD-Senasp é escola virtual
§ 2º Os órgãos integrantes do Susp terão destinada aos profissionais de segurança pública
acesso às ações de educação do Sievap, confor- e defesa social e tem como objetivo viabilizar o
me política definida pelo Ministério Extraordinário acesso aos processos de aprendizagem, inde-
da Segurança Pública. pendentemente das limitações geográficas e soci-
Art. 39. A matriz curricular nacional consti- ais existentes, com o propósito de democratizar a
educação em segurança pública e defesa social.
tui-se em referencial teórico, metodológico e ava-
liativo para as ações de educação aos profissio-
nais de segurança pública e defesa social e deve- SEÇÃO II
rá ser observada nas atividades formativas de
ingresso, aperfeiçoamento, atualização, capacita- DO PROGRAMA NACIONAL DE
ção e especialização na área de segurança públi- QUALIDADE DE VIDA PARA
Vitória Ferreira
ca e defesa social, nas modalidades presencial e Da SilvaPROFISSIONAIS DE
a distância, respeitados vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
o regime jurídico e as SEGURANÇA PÚBLICA (PRÓ-VIDA)
peculiaridades de cada instituição.
§ 1º A matriz curricular é pautada nos direitos
Art. 42. O Programa Nacional de Qualidade
humanos, nos princípios da andragogia e nas teo-
rias que enfocam o processo de construção do de Vida para Profissionais de Segurança Pública
conhecimento. (Pró-Vida) tem por objetivo elaborar, implementar,
apoiar, monitorar e avaliar, entre outros, os proje-
§ 2º Os programas de educação deverão es- tos de programas de atenção psicossocial e de
tar em consonância com os princípios da matriz saúde no trabalho dos profissionais de segurança
curricular nacional. pública e defesa social, bem como a integração
Art. 40. A Renaesp, integrada por institui- sistêmica das unidades de saúde dos órgãos que
ções de ensino superior, observadas as normas compõem o Susp.
de licitação e contratos, tem como objetivo:
I - promover cursos de graduação, extensão e
pós-graduação em segurança pública e defesa
social;
II - fomentar a integração entre as ações dos
profissionais, em conformidade com as políticas Conversão da MPv nº 384, de 2007.
nacionais de segurança pública e defesa social;
III - promover a compreensão do fenômeno Institui o Programa Nacional de
da violência; Segurança Pública com Cidadania
IV - difundir a cidadania, os direitos humanos - PRONASCI e dá outras providên-
e a educação para a paz; cias.

232
Art. 1º. Fica instituído o Programa Nacional rupção policial; (Redação dada pela Lei nº 11.707,
de Segurança Pública com Cidadania - PRO- de 2008)
NASCI, a ser executado pela União, por meio da X - garantia do acesso à justiça, especialmen-
articulação dos órgãos federais, em regime de te nos territórios vulneráveis; (Redação dada pela
cooperação com Estados, Distrito Federal e Muni- Lei nº 11.707, de 2008)
cípios e com a participação das famílias e da co-
XI - garantia, por meio de medidas de urbani-
munidade, mediante programas, projetos e ações
zação, da recuperação dos espaços públicos;
de assistência técnica e financeira e mobilização
(Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
social, visando à melhoria da segurança pública.
XII - observância dos princípios e diretrizes
Art. 2º. O Pronasci destina-se a articular dos sistemas de gestão descentralizados e parti-
ações de segurança pública para a prevenção, cipativos das políticas sociais e das resoluções
controle e repressão da criminalidade, estabele- dos conselhos de políticas sociais e de defesa de
cendo políticas sociais e ações de proteção às direitos afetos ao Pronasci; (Redação dada pela
vítimas. (Redação dada pela Lei nº 11.707, de Lei nº 11.707, de 2008)
2008)
XIII - participação e inclusão em programas
Art. 3º. São diretrizes do Pronasci: capazes de responder, de modo consistente e
I - promoção dos direitos humanos, intensifi- permanente, às demandas das vítimas da crimina-
cando uma cultura de paz, de apoio ao desarma- lidade por intermédio de apoio psicológico, jurídico
mento e de combate sistemático aos preconceitos e social; (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação XIV - participação de jovens e adolescentes
sexual e de diversidade cultural; (Redação dada em situação de moradores de rua em programas
pela Lei nº 11.707, de 2008) educativos e profissionalizantes com vistas na
II - criação e fortalecimento de redes sociais e ressocialização e reintegração à família; (Incluído
comunitárias; (Redação dada pela Vitória Ferreira pela
Lei nº 11.707, Da Lei
Silva
nº 11.707, de 2008)
de 2008) vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
XV - promoção de estudos, pesquisas e indi-
III - fortalecimento dos conselhos tutelares; cadores sobre a violência que considerem as di-
(Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) mensões de gênero, étnicas, raciais, geracionais e
de orientação sexual; (Incluído pela Lei nº 11.707,
IV - promoção da segurança e da convivência de 2008)
pacífica; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de
2008) XVI - transparência de sua execução, inclusi-
ve por meios eletrônicos de acesso público; e (In-
V - modernização das instituições de segu- cluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
rança pública e do sistema prisional; (Redação
dada pela Lei nº 11.707, de 2008) XVII - garantia da participação da sociedade
civil. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
VI - valorização dos profissionais de seguran-
ça pública e dos agentes penitenciários; (Redação Art. 4º. São focos prioritários dos programas,
dada pela Lei nº 11.707, de 2008) projetos e ações que compõem o Pronasci:
VII - participação de jovens e adolescentes, I - foco etário: população juvenil de 15 (quinze)
de egressos do sistema prisional, de famílias ex- a 24 (vinte e quatro) anos; (Redação dada pela
postas à violência urbana e de mulheres em situa- Lei nº 11.707, de 2008)
ção de violência; (Redação dada pela Lei nº II - foco social: jovens e adolescentes egres-
11.707, de 2008) sos do sistema prisional ou em situação de mora-
VIII - ressocialização dos indivíduos que cum- dores de rua, famílias expostas à violência urbana,
prem penas privativas de liberdade e egressos do vítimas da criminalidade e mulheres em situação
sistema prisional, mediante implementação de de violência; (Redação dada pela Lei nº 11.707,
projetos educativos, esportivos e profissionalizan- de 2008)
tes; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) III - foco territorial: regiões metropolitanas e
IX - intensificação e ampliação das medidas aglomerados urbanos que apresentem altos índi-
de enfrentamento do crime organizado e da cor-

233
ces de homicídios e de crimes violentos; e (Reda- X – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.707,
ção dada pela Lei nº 11.707, de 2008) de 2008)
IV - foco repressivo: combate ao crime orga- Art. 7º. Para fins de execução do Pronasci,
nizado.(Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) a União fica autorizada a realizar convênios, acor-
Art. 5º. O Pronasci será executado de forma dos, ajustes ou outros instrumentos congêneres
integrada pelos órgãos e entidades federais en- com órgãos e entidades da administração pública
volvidos e pelos Estados, Distrito Federal e Muni- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
cípios que a ele se vincularem voluntariamente, assim como com entidades de direito público e
mediante instrumento de cooperação federativa. Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público - OSCIP, observada a legislação pertinen-
Art. 6º. Para aderir ao Pronasci, o ente fede- te.
rativo deverá aceitar as seguintes condições, sem
Art. 8º. A gestão do Pronasci será exercida
prejuízo do disposto na legislação aplicável e do
pactuado no respectivo instrumento de coopera- pelos Ministérios, pelos órgãos e demais entida-
ção: des federais nele envolvidos, bem como pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios participan-
I - criação de Gabinete de Gestão Integrada - tes, sob a coordenação do Ministério da Justiça,
GGI; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) na forma estabelecida em regulamento.
II - garantia da participação da sociedade civil Art. 8º-A. Sem prejuízo de outros progra-
e dos conselhos tutelares nos fóruns de seguran-
mas, projetos e ações integrantes do Pronasci,
ça pública que acompanharão e fiscalizarão os
ficam instituídos os seguintes projetos: (Incluído
projetos do Pronasci; (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 11.707, de 2008)
11.707, de 2008)
I - Reservista-Cidadão; (Incluído pela Lei nº
III - participação na gestão e compromisso
11.707, de 2008)
com as diretrizes do Pronasci; (Redação dada
Vitória Ferreira Da Silva
pela Lei nº 11.707, de 2008) II - Proteção de Jovens em Território Vulnerá-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
vel - Protejo; (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
IV - compartilhamento das ações e das políti-
cas de segurança, sociais e de urbanização; (Re- III - Mulheres da Paz; e (Incluído pela Lei nº
dação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) 11.707, de 2008)
V - comprometimento de efetivo policial nas IV - Bolsa-Formação. (Incluído pela Lei nº
ações para pacificação territorial, no caso dos 11.707, de 2008)
Estados e do Distrito Federal; (Redação dada pela Parágrafo único. A escolha dos participantes
Lei nº 11.707, de 2008) dos projetos previstos nos incisos I a III do caput
VI - disponibilização de mecanismos de co- deste artigo dar-se-á por meio de seleção pública,
municação e informação para mobilização social e pautada por critérios a serem estabelecidos con-
divulgação das ações e projetos do Pronasci; juntamente pelos entes federativos conveniados,
(Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) considerando, obrigatoriamente, os aspectos so-
cioeconômicos dos pleiteantes.(Incluído pela Lei
VII - apresentação de plano diretor do sistema
nº 11.707, de 2008)
penitenciário, no caso dos Estados e do Distrito
Federal; (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) Art. 8º-B. O projeto Reservista-Cidadão é
VIII - compromisso de implementar programas destinado à capacitação de jovens recém-
continuados de formação em direitos humanos licenciados do serviço militar obrigatório, para atu-
para os policiais civis, policiais militares, bombei- ar como agentes comunitários nas áreas geográfi-
ros militares e servidores do sistema penitenciário; cas abrangidas pelo Pronasci. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) 11.707, de 2008)

IX - compromisso de criação de centros de re- § 1º O trabalho desenvolvido pelo Reservista-


ferência e apoio psicológico, jurídico e social às Cidadão, que terá duração de 12 (doze) meses,
vítimas da criminalidade; e (Incluído pela Lei nº tem como foco a articulação com jovens e adoles-
11.707, de 2008) centes para sua inclusão e participação em ações

234
de promoção da cidadania. (Incluído pela Lei nº I - a mobilização social para afirmação da ci-
11.707, de 2008) dadania, tendo em vista a emancipação das mu-
§ 2º Os participantes do projeto de que trata lheres e prevenção e enfrentamento da violência
este artigo receberão formação sociojurídica e contra as mulheres; e (Incluído pela Lei nº 11.707,
terão atuação direta na comunidade.” (Incluído de 2008)
pela Lei nº 11.707, de 2008) II - a articulação com jovens e adolescentes,
com vistas na sua participação e inclusão em pro-
Art. 8º-C. O projeto de Proteção de Jovens
gramas sociais de promoção da cidadania e na
em Território Vulnerável - Protejo é destinado à rede de organizações parceiras capazes de res-
formação e inclusão social de jovens e adolescen- ponder de modo consistente e permanente às
tes expostos à violência doméstica ou urbana ou suas demandas por apoio psicológico, jurídico e
em situações de moradores de rua, nas áreas social. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
geográficas abrangidas pelo Pronasci. (Incluído
pela Lei nº 11.707, de 2008) § 2º A implementação do projeto Mulheres da
Paz dar-se-á por meio de: (Incluído pela Lei nº
§ 1º O trabalho desenvolvido pelo Protejo terá 11.707, de 2008)
duração de 1 (um) ano, podendo ser prorrogado
por igual período, e tem como foco a formação I - identificação das participantes; (Incluído
cidadã dos jovens e adolescentes a partir de práti- pela Lei nº 11.707, de 2008)
cas esportivas, culturais e educacionais que visem II - formação sociojurídica realizada mediante
a resgatar a auto-estima, a convivência pacífica e cursos de capacitação legal, com foco em direitos
o incentivo à reestruturação do seu percurso soci- humanos, gênero e mediação pacífica de conflitos;
oformativo para sua inclusão em uma vida saudá- (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
vel. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
III - desenvolvimento de atividades de eman-
§ 2º A implementação do Protejo dar-se-á por cipação da mulher e de reeducação e valorização
meio da identificação dos jovens eVitória Ferreira dos
adolescentes Da jovens
Silvae adolescentes; e (Incluído pela Lei nº
participantes, sua inclusão em práticas esportivas, 11.707,
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com de 2008)
culturais e educacionais e formação sociojurídica
IV - colaboração com as ações desenvolvidas
realizada por meio de cursos de capacitação legal
pelo Protejo, em articulação com os Conselhos
com foco em direitos humanos, no combate à vio-
Tutelares. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
lência e à criminalidade, na temática juvenil, bem
como em atividades de emancipação e socializa- § 3º Fica o Poder Executivo autorizado a
ção que possibilitem a sua reinserção nas comu- conceder, nos limites orçamentários previstos pa-
nidades em que vivem. (Incluído pela Lei nº ra o projeto de que trata este artigo, incentivos
11.707, de 2008) financeiros a mulheres socialmente atuantes nas
áreas geográficas abrangidas pelo Pronasci, para
§ 3º A União bem como os entes federativos
a capacitação e exercício de ações de justiça co-
que se vincularem ao Pronasci poderão autorizar
munitária relacionadas à mediação e à educação
a utilização dos espaços ociosos de suas institui-
para direitos, conforme regulamento. (Incluído
ções de ensino (salas de aula, quadras de esporte,
pela Lei nº 11.707, de 2008)
piscinas, auditórios e bibliotecas) pelos jovens
beneficiários do Protejo, durante os finais de se- Art. 8º-E. O projeto Bolsa-Formação é des-
mana e feriados. (Incluído pela Lei nº 11.707, de tinado à qualificação profissional dos integrantes
2008) das Carreiras já existentes das polícias militar e
Art. 8º-D. O projeto Mulheres da Paz é des- civil, do corpo de bombeiros, dos agentes peniten-
ciários, dos agentes carcerários e dos peritos,
tinado à capacitação de mulheres socialmente
contribuindo com a valorização desses profissio-
atuantes nas áreas geográficas abrangidas pelo
nais e consequente benefício da sociedade brasi-
Pronasci. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
leira. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
§ 1º O trabalho desenvolvido pelas Mulheres
§ 1º Para aderir ao projeto Bolsa-Formação,
da Paz tem como foco: (Incluído pela Lei nº
o ente federativo deverá aceitar as seguintes con-
11.707, de 2008)
dições, sem prejuízo do disposto no art. 6o desta
Lei, na legislação aplicável e do pactuado no res-

235
pectivo instrumento de cooperação: (Incluído pela § 6º Serão dispensados do cumprimento do
Lei nº 11.707, de 2008) requisito indicado no inciso I do § 3o deste artigo
I - viabilização de amplo acesso a todos os os beneficiários que tiverem obtido aprovação em
policiais militares e civis, bombeiros, agentes peni- curso de especialização reconhecido pela Secre-
tenciários, agentes carcerários e peritos que de- taria Nacional de Segurança Pública ou pelo De-
monstrarem interesse nos cursos de qualificação; partamento Penitenciário Nacional do Ministério
(Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) da Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)

II - instituição e manutenção de programas de § 7º O pagamento do valor referente à Bolsa-


polícia comunitária; e (Incluído pela Lei nº 11.707, Formação será devido a partir do mês subsequen-
de 2008) te ao da homologação do requerimento pela Se-
cretaria Nacional de Segurança Pública ou pelo
III - garantia de remuneração mensal pessoal Departamento Penitenciário Nacional, de acordo
não inferior a R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) com a natureza do cargo exercido pelo requerente.
aos membros das corporações indicadas no inciso (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
I deste parágrafo, até 2012. (Incluído pela Lei nº
11.707, de 2008) § 8º Os requisitos previstos nos incisos I a III
do § 3º deste artigo deverão ser verificados con-
§ 2º Os instrumentos de cooperação não po- forme o estabelecido em regulamento. (Incluído
derão ter prazo de duração superior a 5 (cinco) pela Lei nº 11.707, de 2008)
anos. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
§ 9º Observadas as dotações orçamentárias
§ 3º O beneficiário policial civil ou militar, do projeto, fica autorizada a inclusão dos guardas
bombeiro, agente penitenciário, agente carcerário civis municipais e dos agentes de trânsito, enqua-
e perito dos Estados-membros que tiver aderido drados nos limites inferior e superior de remune-
ao instrumento de cooperação receberá um valor ração definidos nas normas de concessão da Bol-
referente à Bolsa-Formação, de acordo com o sa-Formação, como beneficiários do projeto, me-
previsto em regulamento, desde que: Vitória Ferreira
(Incluído DaoSilva
diante instrumento de cooperação federativa de
pela Lei nº 11.707, de 2008)vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
que trata o art. 5º desta Lei, observadas as de-
I - frequente, a cada 12 (doze) meses, ao me- mais condições previstas em regulamento. (Reda-
nos um dos cursos oferecidos ou reconhecidos ção dada pela Lei nº 13.030, de 2014)
pelos órgãos do Ministério da Justiça, nos termos Art. 8º-F. O Poder Executivo concederá au-
dos §§ 4o a 7o deste artigo; (Incluído pela Lei nº
xílio financeiro aos participantes a que se referem
11.707, de 2008)
os arts. 8º-B, 8º-C e 8º-D desta Lei, a partir do
II - não tenha cometido nem sido condenado exercício de 2008, nos seguintes valores: (Incluído
pela prática de infração administrativa grave ou pela Lei nº 11.707, de 2008)
não possua condenação penal nos últimos 5 (cin-
I - R$ 100,00 (cem reais) mensais, no caso
co) anos; e (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
dos projetos Reservista-Cidadão e Protejo; e (In-
III - não perceba remuneração mensal superi- cluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
or ao limite estabelecido em regulamento. (Incluí-
II - R$ 190,00 (cento e noventa reais) mensais,
do pela Lei nº 11.707, de 2008)
no caso do projeto Mulheres da Paz. (Incluído
§ 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pú- pela Lei nº 11.707, de 2008)
blica do Ministério da Justiça será responsável
Parágrafo único. A concessão do auxílio fi-
pelo oferecimento e reconhecimento dos cursos
nanceiro dependerá da comprovação da assidui-
destinados aos peritos e aos policiais militares e
dade e do comprometimento com as atividades
civis, bem como aos bombeiros. (Incluído pela Lei
estabelecidas no âmbito dos projetos de que tra-
nº 11.707, de 2008)
tam os arts. 8º-B, 8º-C e 8º-D desta Lei, além de
§ 5º O Departamento Penitenciário Nacional outras condições previstas em regulamento, sob
do Ministério da Justiça será responsável pelo pena de exclusão do participante. (Incluído pela
oferecimento e reconhecimento dos cursos desti- Lei nº 11.707, de 2008)
nados aos agentes penitenciários e agentes car-
cerários. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) Art. 8º-G. A percepção dos auxílios finan-
ceiros previstos por esta Lei não implica filiação

236
do beneficiário ao Regime Geral de Previdência Quatro inovações são consideradas essenci-
Social de que tratam as Leis nos 8.212 e 8.213, ais para o desenvolvimento do policiamento co-
ambas de 24 de julho de 1991. (Incluído pela Lei munitário de David Bayley e Jerome Skolnick:
nº 11.707, de 2008) - Organização da prevenção do crime tendo
Art. 8º-H. A Caixa Econômica Federal será como base a comunidade;
o agente operador dos projetos instituídos nesta - Reorientação das atividades de policiamento
Lei, nas condições a serem estabelecidas com o para enfatizar os serviços não emergenciais e
Ministério da Justiça, obedecidas as formalidades para organizar e mobilizar a comunidade para
legais. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) participar da prevenção do crime;
Art. 9º. As despesas com a execução dos - Descentralização do comando da polícia por
projetos correrão à conta das dotações orçamen- áreas;
tárias consignadas anualmente no orçamento do - Participação de pessoas civis, não-policiais,
Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº no planejamento, execução, monitoramento e/ou
11.707, de 2008) avaliação das atividades de policiamento.
§ 1º Observadas as dotações orçamentárias,
o Poder Executivo federal deverá, progressiva-
mente, até o ano de 2012, estender os projetos Estudos de processos de implantação do po-
referidos no art. 8º-A para as regiões metropolita- liciamento comunitário em diversos países apon-
nas de todos os Estados. (Incluído pela Lei nº tam quatro fatores cruciais para a implantação e
12.681, de 2012) consolidação deste tipo de policiamento de David
Bayley e Jerome Skolnick.
§ 2º Os entes federados integrantes do Sis-
tema Nacional de Informações de Segurança Pú-
blica, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e - Envolvimento enérgico e permanente do
Munições, de Material Genético, deVitória
Digitais Ferreira
e de Da Silva
chefe com os valores e implicações de uma polí-
Drogas (Sinesp) que deixarem de fornecer ou de
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
cia voltada para a prevenção do crime;
atualizar seus dados e informações no Sistema
- Motivação dos profissionais de polícia por
não poderão receber recursos do Pronasci. (Re-
parte do chefe de polícia;
dação dada pela Lei nº 13.675, de 2018) (Vigên-
cia)) - Defesa e consolidação das inovações reali-
zadas;
- Apoio público, da sociedade, do governo e
da mídia.

Estes estudos apontam também as principais


O policiamento comunitário é uma filosofia de dificuldades para a implantação e consolidação do
policiamento que ganhou força nas décadas de 70 policiamento comunitário de David Bayley e Jero-
e 80, quando as organizações policiais em diver- me Skolnick:
sos países da América do Norte e da Europa Oci-
dental começaram a promover uma série de ino-
vações na sua estrutura e funcionamento e na - A cultura tradicional da polícia, centrada na
forma de lidar com o problema da criminalidade. pronta resposta diante do crime e da desordem e
Em países diferentes, as organizações policiais no uso da força para manter a lei e a ordem e ga-
promoveram experiências e inovações com carac- rantir a segurança pública;
terísticas diferentes. Mas, algumas destas experi- - A expectativa ou a demanda da sociedade
ências e inovações são geralmente reconhecidas pela pronta resposta diante do crime e da desor-
como a base de um novo modelo de polícia, orien- dem e pelo uso da força para manter a lei e a or-
tada para um novo tipo de policiamento, mais vol- dem e garantir a segurança pública;
tado para a comunidade, que ficou conhecido co-
mo policiamento comunitário de David Bayley e - O corporativismo dos policiais, expresso
Jerome Skolnick. principalmente através das suas associações pro-
fissionais, que temem a erosão do monopólio da

237
polícia na área da segurança pública, e conse- vidades tradicionais de polícia. Por exemplo, de-
qüentemente a redução do emprego, do salário e signando para estas atividades menos tempo,
dos benefícios dos policiais, além daquele decor- menos recursos e/ou profissionais menos qualifi-
rente do crescimento da segurança privada, e cados.
também o aumento de responsabilização dos pro- O papel das lideranças da polícia é, portanto,
fissionais de polícia perante a sociedade; fundamental para iniciar e sustentar experiências
- A limitação de recursos que a polícia dispõe e inovações visando à introdução do policiamento
para se dedicar ao atendimento de ocorrências, a comunitário. Freqüentemente as dificuldades são
investigação criminal e a organização e mobiliza- apresentadas como uma explicação ou justificati-
ção da comunidade, especialmente se a demanda va para a não implantação do policiamento comu-
pelo atendimento de ocorrências e investigação nitário ou para as limitações e deficiências no pro-
criminal é grande (seja em virtude do número de cesso de implantação do policiamento comunitário.
ocorrências e crimes e/ou pela pressão do gover- Há muitos casos em que a explicação ou justifica-
no e da sociedade); tiva é válida. Mas há também muitos casos em
- A falta de capacidade das organizações po- que a explicação ou justificativa simplesmente
liciais de monitorar e avaliar o próprio trabalho e mascara a falta de visão, vontade e/ou capacida-
fazer escolhas entre tipos diferentes de policia- de de ação das lideranças da polícia.
mento, levando em consideração sua eficácia,
eficiência e legitimidade;
- A centralização da autoridade na direção
das polícias, e a falta de capacidade da direção de
monitorar e avaliar o trabalho das unidades polici-
ais e profissionais de polícia;
- As divisões e conflitos entre os Vitória
policiais da
Ferreira Da Silva
direção e os da ponta da linha, entre policiais ex-
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perientes e os policiais novos — e, no caso do
Brasil, uma dificuldade adicional seria a divisão e
conflito entre os policiais responsáveis pelo polici-
amento ostensivo na polícia militar e aqueles res-
ponsáveis pela investigação criminal na polícia
civil;
- As divisões e conflitos entre a polícia e ou-
tros setores da administração pública;
- As divisões e conflitos entre grupos e clas-
ses sociais no interior da comunidade.

Diante destas dificuldades, há sempre o risco


da oposição e da resistência a experiências e ino-
vações visando a implementação do policiamento
comunitário, dentro e fora da polícia. Mas há tam-
bém um risco de que o policiamento comunitário
venha a ser implantado como mais uma atividade
especializada, atribuída a unidades e a profissio-
nais especializados, pouco integrados às unida-
des responsáveis pelo patrulhamento, atendimen-
to a ocorrências e investigação criminal. Ou mes-
mo o risco de que as unidades policiais, quando
passam a ter a responsabilidade de fazer o polici-
amento comunitário, dêem menos valor às ativi-
dades de policiamento comunitário do que às ati-

238
organizacional, tem relação com os objetivos polí-
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ticos da organização.

A estrutura organizacional representa a forma que Existem diversas departamentalizações como a


uma organização se organiza quanto aos mem- funcional, a matricial, em redes, por clientes, por
bros que compõe a organização, quanto aos dife- tarefas, por região geográfica, porém como o ser-
renciados departamentos e também quanto as A viço público é baseado no princípio da legalidade,
escolha por uma ou outra estrutura organizacional apenas as três primeiras departamentalizações
tem direta relação com os objetivos políticos das caracterizam as organizações públicas no Brasil,
organizações públicas, pois é a estrutura organi- apesar de existirem, de forma minoritária, organi-
zacional e seus departamentos que estão a servi- zações que utilizam os demais modelos.
ço dos objetivos políticos e não estes que são
subordinados a estrutura organizacional. Departamentalização funcional

Existem dois tipos de estrutura organizacional, a A mais comum forma de departamentalização das
formal e a informal. A representação gráfica da organizações públicas e privadas. Esta diretamen-
estrutura organizacional se dá através de organo- te relacionada com o modelo burocrático de admi-
gramas. nistração, e pela maioria das organizações terem
sido criadas e estruturas durante a vigência desta
• Formal. Caracterizada pela rigidez e linha modelo administrativo, a maioria das organizações
de comando claramente definida. Estabele- mantém a departamentalização funcional. Carac-
ce relações verticalizadas, onde a hierarquia teriza-se por apresentar departamentos claramen-
é rígida. Vitória Ferreira Dadefinidos,
te Silva onde os membros da organização
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trabalham com pessoas de suas áreas de conhe-
• Informais. Caracteriza pela flexibilidade nas cimento, e onde um departamento não estabelece
relações e possibilidade de aumentar os ato- relação com outros, criando especialistas nas ta-
res nas decisões. Estabelece relações hori- refas desenvolvidas e inexistência de análise de
zontalizadas, onde a hierarquia é menos rí- ambiente externo aos muros do departamento.
gida. A vasta área de atuação das organiza- Quando uma organização opta por uma departa-
ções e as diferentes funções de cada setor mentalização funcional, ela é permanente.
permitem que existam estruturas formas e
informais dentro de uma mesma organiza- Departamentalização Matricial
ção, tendo esta diferenciação descrição no
organograma. Esta departamentalização é a mais flexível, e tem
relação com as atuais demandas do mundo do
DEPARTAMENTALIZAÇÃO trabalho e exigências do cliente-cidadão. Os de-
partamentos existentes desenvolvem relação com
outros departamentos criando matrizes para o
desenvolvimento de projetos que tem prazos para
terminarem. Como exemplo, o departamento de
educação corporativa desenvolve uma matriz com
o departamento jurídico para um curso de estatuto
do servidor público aos membros da organização.
Quando este curso termina, a matriz entre os dois
departamentos é desfeita.
O desenvolvimento das organizações levou a ne-
cessidade de divisão das pessoas e tarefas por Quando uma organização opta por uma departa-
departamentos, e a opção por um ou outro depar- mentalização funcional, ela é temporária. Depar-
tamento, além de guardar relação com a estrutura tamentalização em redes.

239
Departamentalização Divisional processo administrativo, ou enfoque funcional, sob
a ideia de que administrar é um processo de to-
A departamentalização divisional, tradicional nas mar decisões.
organizações, congrega todos os departamentos
necessários para uma atividade específica, como Para ele, essas decisões são agrupadas em cinco
processos distintos e inter-relacionados: planejar,
exemplo uma divisão operacional em uma organi-
organizar, comandar, coordenar e controlar. Hoje,
zação, e dentro desta divisão existindo o depar-
é comum condensar as funções administrativas
tamento de manutenção, o departamento de lim- em apenas quatro: planejamento, organização,
peza e o departamento de vigilância, que dentro direção e controle.
da divisão operacional interagem entre si.
Esses processos devem ser orquestrados pelos
GESTÃO DE QUALIDADE gestores visando a máxima eficiência, com o obje-
tivo final de transformar os insumos da empresa
As atuais demandas da administração pública, em produtos e serviços de valor que atendam às
buscando adquirir vantagem competitiva, têm na necessidades do mercado.
gestão de qualidade um dos principais objetivos
Atualmente, o PODC é comparado ao ciclo PDCA,
de todo gestor público alinhado com a Nova Ad-
metodologia de gestão da qualidade que se ba-
ministração Pública. Em uma primeira análise, é
seia em quatro pilares: Plan, Do, Check e Act
possível definir a Gestão de Qualidade como as (planejar, agir, controlar e executar).
atividades que têm por objetivo atingir os mais
altos graus de satisfação do cliente-cidadão com a As duas metodologias apresentam sistemas cícli-
prestação de serviços públicos, sempre atenden- cos, mas adotam enfoques diferentes sobre a ad-
do a expectativa desses quando buscam os servi- ministração, que contribuem de maneiras distintas
ços públicos. para a gestão organizacional.

A gestão de qualidade, portanto, está relacionada As funções do processo administrativo


Vitória Ferreira
diretamente com ações tomadas e normas de
Da Silva
Entenda agora em que consiste cada uma das
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procedimentos adotadas por todos os níveis hie-
funções administrativas baseadas na ideia do au-
rárquicos e departamentos de uma organização,
tor Henri Fayol:
sem a necessidade de certificações externas para
se atingir os níveis de qualidade esperados exter-
Planejamento
namente, pelo cliente-cidadão, e planejados pelos
gestores públicos. O planejamento consiste em analisar os cenários
que impactam na organização e delinear as estra-
O objetivo final de qualquer ação pública é a pres- tégias futuras diante deles. É o momento de defi-
tação de serviços com qualidade e satisfação, e nir os objetivos e os meios para alcançá-los, com
nesse sentido, o foco sempre será externo, mas a intenção de reduzir as incertezas e orientar a
para isso é necessário buscar procedimentos e tomada de decisões no processo administrativo.
regras internas que garantam a qualidade. Não
Para viabilizar o alcance dos objetivos, o planeja-
existe a gestão de qualidade apenas como um
mento costuma ser dividido em três níveis: estra-
objetivo interno, sem focar naquilo que é uma de- tégico (longo prazo), tático (médio prazo)
manda do cliente-cidadão. e operacional (curto prazo).

PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E Organização


CONTROLE
Depois de planejar suas estratégias e ações, a
Planejamento, organização, direção e controle empresa passa para a organização. Nessa etapa,
(PODC) são as ações que compõem o ciclo do ela deve olhar para os seus recursos (financeiros,
processo administrativo. De maneira ampla, essas humanos e materiais) e definir a estrutura admi-
são as quatro grandes funções administrativas de nistrativa e a divisão de trabalho que irão geren-
uma empresa. ciá-los.
Elas foram primeiramente propostas por Henri A organização é o momento que propicia ao ne-
Fayol, um dos principais autores da teoria clássica gócio pôr em prática o planejamento. Também
da administração. O autor formulou a teoria do

240
pode ser dividida em três níveis: institucional, in- Não é possível iniciar o planejamento estratégico
termediária e operacional. sem a definição da visão, missão e negócio de
uma organização pública. Para que possa ser feita
Direção
a análise ambiental, é necessário estipular assim
Com base no planejamento e orientada pela orga- importâncias da organização e seu posicionamen-
nização, a direção é a função administrativa res- to no mercado ou sua função social, e para isso é
ponsável por conduzir a empresa para o alcance fundamental a definição da missão, visão e negó-
dos seus objetivos. cio da organização.
Nessa etapa, o papel do líder é essencial para
mostrar os caminhos aos colaboradores e motivá- • Missão (atemporal e singular) – Repre-
los em seu trabalho, em alinhamento com o plane- senta a razão de ser da organização, o
jamento organizacional. A direção é uma função porquê de sua existência e qual sua fun-
administrativa essencialmente voltada para as ção.
relações interpessoais. Ex: A missão da RFB é “Exercer a admi-
nistração tributária e aduaneira com justiça
Controle fiscal e respeito ao cidadão, em benefício
O controle é responsável por monitorar o desem- da sociedade”
penho da empresa e avaliar se o planejamento foi • Visão (temporal e plural) – Representa a
executado como esperado. forma de alcançar, concretizar, a razão de
ser, ou seja, é a forma de concretizar a
Como as funções se inter-relacionam, é preciso missão.
ter indicadores definidos na etapa do planejamen-
Ex: A visão da RFB é: “Ser uma instituição
to para que o controle avalie as métricas corretas
de excelência em administração tributária e
e verifique se os objetivos foram atingidos. Dessa
forma, é possível identificar oportunidades de aduaneira, referência nacional e internaci-
ajustes e prevenções, de olho na melhoria contí- onal”
nua.
Vitória Ferreira Da •Silva
Negócio – Representa a atividade propri-
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amente dita da organização.
Planejamento, organização, direção e controle são
as funções administrativas básicas, que funcio- MATRIZ SWOT
nam como pilares para a gestão organizacional.
Sem uma delas, o processo administrativo se tor-
na ineficaz e a empresa não se desenvolve.
CICLO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O ciclo do planejamento estratégico tem etapas
inter-relacionadas que estabelecem interdepen-
dência, hierarquia e cronologia. Seguem as eta- Ferramenta criada por Albert Humphrey, da Uni-
pas que serão detalhadas nos capítulos posterio- versidade de Stanford, na década de 70 e adotada
res. majoritariamente na administração pública no Bra-
sil. Sua função é permitir a análise dos ambientes
• Missão; externo e interno, para balizar o planejamento
• Visão; estratégico da organização. O anagrama “SWOT”
• Valores; vem das palavras STRENGTHS, WEAKNESSES,
• Negócio; OPPORTUNITIES e THREATS, que respectiva-
mente são traduzidas em FORÇAS, FR AQUE-
• Matriz SWOT;
ZAS, OPORTUNIDADES e AMEAÇAS.
• Criação de cenários;
• Planejamento estratégico; ANÁLISE AMBIENTAL
• Planejamento tático;
• Planejamento operacional; Para que uma organização possa ter todas as
• Balanced Scorecard. informações sobre o ambiente que o cerca, e com
estas informações desenvolver o planejamento
MISSÃO, VISÃO E NEGÓCIO estratégico, é necessário realizar a análise dos
ambientes.

241
• Ambiente externo – O ambiente externo O cenário situacional pode ser definido como
não tem governabilidade por parte dos oportunidades representarem sempre crescimen-
gestores públicos, pois estão além de seu to, e neste sentido, pode-se definir.
controle. Ao analisar o ambiente externo,
verificam-se situações políticas, econômi- • Oportunidades + Forças = Crescimento ho-
cas e sociais, que tem relação direta ou in- rizontal
direta no quadro em que a organização es- • Oportunidades + Fraquezas = Crescimento
tá inserida. Quando é feita esta análise, vertical
são identificadas as OPORTUNIDADES
que podem existir no ambiente externo, fa- Criação de Cenários Prospectivos
tores que podem ser um ponto de apoio
A análise ambiental tem por objetivo a criação de
para cumprimento de metas presentes no
cenários prospectivos, e são estes cenários que
planejamento a ser construído. Também
servirão de base para o desenvolvimento do pla-
devem ser identificados os RISCOS exis-
nejamento estratégico.
tentes no ambiente externo, para que as
ameaças que tais riscos apresentam sejam
• Cenário mais provável – O cenário mais
diminuí- das e não superados, pois não
provável é aquele que é baseado no de-
existe controle sobre tais riscos. Influenciar
senvolvimento da situação mais próxima
o ambiente externo, dentro das possibili-
com os fatos. Não é possível prever o de-
dades do gestor, deve favorecer oportuni-
senvolvimento da situação, porém é possí-
dades e minimizar tais riscos.
vel estudar seu desenvolvimento criando
um cenário em que o desenvolvimento da
• Ambiente interno – O ambiente interno
situação leve a um quadro prospectivo. O
deve ser alvo de uma análise sistêmica e
cenário mais provável pode ser positivo ou
metodológica, para que a organização te-
nha pleno conhecimento daquilo Vitória
que temFerreira Danegativo.
Silva Quando é baseado em oportuni-
dades, é positivo, porém quando é basea-
governabilidade, pois ao contrário do am-
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do em riscos, é negativo.
biente externo, o gestor público tem contro-
le sobre o ambiente interno. Os aspectos
• Cenário ideal – O cenário ideal é aquele
analisados no ambiente interno são os re-
em que o desenvolvimento da situação
cursos humanos, materiais, orçamentários
conflui para a melhor situação no desen-
e de cultura organizacional. Esta análise
volvimento do planejamento estratégico. É
interna tem o objetivo de identificar FOR-
evidente que se o cenário ideal é baseado
ÇAS na organização, e identificando-as
na melhor situação, deve privilegiar as for-
combiná-la para que haja sinergia entre as
ças internas em detrimento das fraquezas
distintas forças de setores e departamen-
no ambiente interno, assim como oportuni-
tos da organização. A análise ambiental in-
dades em detrimento de ameaças no am-
terna também procura identificar FR
biente externo.
AQUEZAS, e quando estas existem, é ne-
cessário criar meios para superar tais fra- • Cenário de tendência - O cenário de ten-
quezas, ou com o ingresso de novos servi- dência é aquele em que as coisas perma-
dores, educação corporativa, reestrutura- necem estáticas, em que nada muda. Este
ção orçamentária e outros meios. cenário se mostra pouco factível, pois tanto
o ambiente interno quanto externo são di-
Cenários situacionais
nâmicos e apresentam mudanças constan-
• Oportunidades + Forças = Desenvolvimen- tes.
to
• Oportunidades + Fraquezas = Crescimen-
to
• Ameaças + Forças = Manutenção.
• Ameaças + Fraquezas = Sobrevivência.

242
no e interno com vistas a criação de cenários
prospectivos (Matriz Swot), a organização tem
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO definido seu Planejamento Estratégico, que é de
longo prazo, e é sistêmico, diz respeito a toda
A definição da missão e visão da organização, organização, e decorre deste, que diz respeito a
assim como a utilização da matriz swot para a organização em todos os seus níveis e setores,
análise ambiental e posterior criação de cenários, seu desdobramento para os respectivos departa-
serão a base para o Planejamento Vitória Ferreira mentos
Estratégico, Da Silva
de uma organização. O Conceito da reen-
por esta razão podemos definir estas etapas e
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genharia na administração, também chamado de
ferramentas, como os primeiros passos do Plane- método da folha em branco, é literalmente come-
jamento ou pré planejamento. Com a definição do çar do zero, recomeçar um projeto com a defini-
planejamento estratégico, os departamentos de- ção de novas metas, objetivos e métodos, não
senvolvem o planejamento tático e para o desen- sendo apenas um refinamento ou correção de
volvimento das funções técnico-administrativas, o rumos frente ao projeto que era desenvolvido.
planejamento operacional.
A Reengenharia é aplicada no planejamento ope-
• Responsáveis. Quem é, dentro de uma racional e o tático, nas metas e projetos desenvol-
organização, responsável pelo planeja- vidos dentro de uma organização, mas não no
mento estratégico, é nível diretivo, os res- planejamento estratégico. Como desdobramento
ponsáveis pela organização. do planejamento estratégico temos em cada setor
ou departamento de uma organização o Planeja-
• Nível. É sistêmico, porque diz respeito a mento Tático, que tem as seguintes característi-
toda organização e sinérgico, pois tem a cas.
função de juntas as diferentes forças exis-
tentes na organização para atingir os • Responsáveis. Quem é, dentro de uma
mesmos objetivos. organização, responsável pelo planeja-
mento tático, é o membro da organização
• Prazo. Como o planejamento estratégico que ocupa níveis intermediários, como o
definido, ele tem uma abrangência de lon- Gerente.
go prazo (5 ou 6 anos).
• Nível. É o desdobramento do planejamen-
PLANEJAMENTO TÁTICO
to estratégico dentro de cada departamen-
Como fruto de todo o planejamento realizado que to, sendo assim, seu escopo (abrangência)
se inicia pela definição de visão e missão da or- são as atividades desenvolvidas dentro de
ganização, e posterior análise do ambiente exter- cada área. Uma organização tem o plane-

243
jamento dos departamentos desenvolvido mento através do planejamento tático. O
para que se alcance de forma plena em planejamento operacional portanto, está
concordância com os objetivos definidos relacionado a forma em que as tarefas são
na estratégia da organização. desenvolvidas no “chão da fábrica”.

• Prazo. Como o planejamento tático é de- • Prazo. Como o planejamento operacional


partamental, ele tem media duração, em é de desenvolvimento de atividades, ele
geral de 1 ou 2 anos, pois deve, inclusive, tem curta duração, em geral desde o mo-
ser adequado para momentos distintos do mento posterior até 1 ano.
desenvolvimento do planejamento estraté-
gico. BALANCED SCORECARD (BSC)

PLANEJAMENTO OPERACIONAL Ferramenta que nasceu nos anos 90 na Escola de


Negócios da Universidade de Harvard e que foi
Dentro de uma organização, pública ou privada, adotada inicialmente como uma ferramenta de
existem as atividades que justificam a razão de gestão do desempenho, hoje em dia é utilizada
ser desta organização, aquelas atividades que o para vários fins dentro do serviço público como
cliente-cidadão recebe como produto final e que para apresentar resultado, metas e objetivos do
estabelece a relação com a organização. A ativi- planejamento estratégico.
dade-fim de uma escola é a aula que é ministrada,
de uma fábrica é a produção final de seu produto, O Balanced Scorecard devido à simplificação de
em um posto de atendimento da receita federal é documentos evitando relatórios densos e comple-
o próprio atendimento desenvolvido. A atividade- xos pode ser incluído entre as ferramentas utiliza-
fim, portanto, pode ser a produção de algum bem das na atual administração pública para a neces-
ou ainda a prestação de algum serviço. Na Admi- sária desburocratização de procedimentos.
nistração pública, pode até existir a produção
Vitória de
Ferreira Da Silva
bens, de forma minoritária, porém é a prestação Perspectivas
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de serviços a atividade principal. Consideramos
Como a atual administração pública tem uma ca-
atividade meio, aquela é serve de base de apoio
racterística sistêmica entendendo a correlação do
para uma organização. Se em uma escola a aula
microambiente com o macroambiente assim como
propriamente dita é a atividade-fim, a merenda
entendendo os elementos internos e externos de
escolar segurança escolar, limpeza do espaço são
uma organização, centralizados pelos valores e
consideradas atividades-meio. Como desdobra-
estratégia da organização, apresenta os seguintes
mento do planejamento estratégico temos em ca-
aspectos:
da setor ou departamento de uma organização o
Planejamento Tático, e dentro dos departamentos • Orçamento (Finanças): que são as previ-
temos atividades desenvolvidas pelos componen- sões financeiras das organizações para a
tes daquela determinada área, e a ação executa- execução de tarefas;
da, as tarefas concernidas são de responsabilida-
de do Planejamento Operacional que tem as se- • Processos Internos: como os aspectos
guintes características. de gestão de pessoas, materiais e cultura
organizacional guarda relação com os de-
• Responsáveis. Quem é, dentro de uma mais aspectos;
organização, responsável pelo planeja-
mento operacional, é o membro da organi- • Sociedade (Cliente): como os interessa-
zação que ocupa níveis operacionais, co- dos que estão fora da organização (forne-
mo o Administrativo, o Técnico e mesmo cedores, concorrentes, clientes e demais
os servidores que executam atividades-fim. interessados) se relacionam com os de-
mais aspectos da organização.
• Nível. É a tradução na prática, no desen-
volvimento de atividades, daquilo que foi • Treinamento ou educação corporativa
definido através do planejamento estraté- (Aprendizado): e sua consequência tanto
gico de forma sistêmica, e daquilo que foi interna quanto externa.
desdobrado para cada setor ou departa-

244
Elementos do BSC • Comunicação – Ter uma comunicação
bem realizada e que garanta a tradução e
O BSC apresenta a criação de um único MAPA o alinhamento de procedimentos em todos
que apresenta para todos os departamentos, ní- os níveis hierárquicos e entre departamen-
veis hierárquico e técnicos os objetivos e funções tos distintos.
de cada membro da organização. Este MAPA
além de gerar a desburocratização também possi- Kaizen e Ciclo PDCA
bilita 3 aspectos abaixo apresentados:
Dentre as ferramentas que têm origem na iniciati-
• Tradução: ao utilizar linguagem técnica va privada e foram incorporadas nos últimos anos
comedida, possibilita que todos os mem- pela administração pública na busca pela qualida-
bros da organização independente de nível de, estão o “Kaizen” e “Ciclo PDCA”, que seguem
hierárquico ou de qualificação técnica pos- abaixo:
sam facilmente entender o MAPA
• Kaizen – Focada no princípio que as
• Comunicação: garantida a tradução com a ações de uma organização sempre devem
informação podendo ser compreendida por objetivar “hoje melhor do que ontem e
todos os membros da organização o MAPA amanhã melhor do que hoje.
também garante a comunicação, através
do diálogo em toda organização. • Ciclo PDCA – O ciclo PDCA é uma ferra-
menta de melhoria contínua, e que tem si-
• Alinhamento: com a tradução fazendo-se do adotada pela administração pública. Os
entender a todos e a comunicação garan- passos do ciclo PDCA são PLAN (Plane-
tindo que a informação passe por todos ní- jamento), DO (execução) CHECK (Verifi-
veis e departamentos o MAPA possibilita cação) e ACT (Ação de encerramento ou
que os membros da organização
VitóriaseFerreira
ali-
Da refinamento)
Silva
nhem aos objetivos traçados.
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Abrangência da Gestão de Qualidade
PRINCÍPIOS DA GESTÃO DE QUALIDADE
• Planejamento – A busca pela qualidade
• Atender as necessidades do cliente- na prestação de serviços públicos ao clien-
cidadão – O foco sempre deve ser agregar te-cidadão deve ter real impacto no plane-
valor aos que recebem os serviços presta- jamento em uma organização, pois a ação
dos pela administração pública. prevista para o período futuro, em um ato
de previsão baseado em cenários, deve
• Manter a lucratividade / receita – A quali- buscar sempre pontos positivos, oportuni-
dade está diretamente ligada à saúde fi- dades externas e forças internas de uma
nanceira-orçamentária da organização, no organização.
caso do serviço público, não com a busca •
pelo lucro, mas por meio da saúde orça- • Envolvimento das pessoas – toda orga-
mentária dentro do planejamento previsto. nização é formada por pessoas que, em
ações dos líderes (as lideranças), ao coor-
• Não recorrência de falhas – Por meio de denarem as atuações de um grupo, sem-
uma abordagem racional na tomada de pre devem gerar atos que visem o foco, o
decisões, utilizar ferramentas e adotar pro- alinhamento da equipe com os objetivos do
cedimentos para que eventuais falhas não planejamento e a motivação do coletivo
voltem a acontecer na organização. como elementos que contribuem com a
qualidade.
• Planejamento – A organização deve ado-
tar o planejamento baseada em cenários
• Abordagem sistêmica – A abordagem
prospectivos, nos níveis estratégico, tático
sistêmica visa ações que analisem não a
e operacional.
organização de forma segmentada e sim
toda a disposição e seu escopo, pois a

245
ação em um setor da organização tem Podemos definir que o controle é a vigilância, ori-
consequência em outros. entação e a correção das ações públicas. O con-
trole pode ser:
• Sinergia – A busca pela qualidade deve
objetivar a capacidade de junção das for- • Por iniciativa do gestor.
ças existentes em uma organização para • Provocado
que juntas conquistem objetivos que isola-
das não conseguiriam alcançar. Quem é controlado?

O controle na administração pública pode ser


• Empoderamento – A qualidade tem direta
exercido por diversos elementos, cada um com
relação com a capacidade das organiza-
seus objetivos e justificativas:
ções em permitir que o cliente-cidadão se
empodere das ações públicas e seja parte • O poder – Exemplo é o controle que um
constituinte destas. poder exerce sobre o outro.
CLASSIFICAÇÃO ABC (TEOREMA DE
PARETO) • O órgão – Exemplo são as diretrizes que o
MEC estabelece para as universidades fe-
Outra importante ferramenta para a tomada de derais.
decisões na busca pela qualidade é a utilização
do Teorema de Pareto para a decisão de priori- • A autoridade – Exemplo é o controle de
dades dentro de uma organização. Segundo o assiduidade, pontualidade, adequação ao
estudo feito por Pareto, os elementos (produtos, serviço público, que o chefe exerce sobre
ações, funcionários, etc.) de uma organização são seu subordinado.
divididos em:
Tipos
Vitória Ferreira DadeSilva
controle
• Classificados como A – Correspondem
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aos elementos de maior importância e que Existem basicamente dois tipos de controle:
atendem a 20% da quantidade e 80% da
• Da legalidade, que é o ato poder ser anu-
relevância em uma organização.
lado ou efeitos revertidos.
• Do mérito, quando o judiciário verifica a
• Classificados como B – Correspondem
eficiência, da oportunidade, da conveniên-
aos elementos de importância mediana e
cia e do resultado do ato controlado.
que atendem a 30% da quantidade e 15%
da relevância em uma organização. Escopo do controle
• Classificados como C – Correspondem Toda ação de controle demanda uma abrangência
aos elementos de importância menor e que sobre aquilo que é controlado e de quem é contro-
atendem a 50% da quantidade e 5% da re- lado, existindo 3 escopos na administração públi-
levância em uma organização. ca.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA • Interno
É função inerente do administrador o controle,
• Externo
segundo definiu Henri Fayol na teoria clássica da • Externo popu-
administração. Controlar as ações públicas é ati- lar(accountability)vertical/horizontal
vidade obrigatória no Estado brasileiro, tanto na
Momento do controle
administração direta quanto na indireta.
O controle pode ser exercido em todos os momen-
Todos os gestores, servidores, agentes públicos
tos da ação pública e ao longo da evolução dos
são controlados, aplicando-se no controle da ges-
modelos administrativos.
tão pública o princípio da universalidade.

246
• Prévio (a priori) – Aquele que é realizado PRINCÍPIOS
antes da ação desenvolvida (modelo buro-
crático). Também tem relação com a Nova Administração
pública e estreita afinidade com os elementos
• Concomitante – Aquele que é realizado acima descritos, os chamados “3Es” da adminis-
durante a ação desenvolvida. tração pública, que são a Eficiência, Eficácia e
• Corretivo (a posteriori) – Aquele que é Efetividade. Segue abaixo a descrição de cada um
realizado após a ação desenvolvida (mo- dos elementos:
delo gerencial).
• Eficiência – Introduzido de forma explícita
Meios de controle no artigo 37 da Constituição pela Emenda
Constitucional nº 19 de 1998, é a relação
Os meios que a administração pública se utiliza de recursos destinados e resultados obti-
para exercer o controle são diferenciados, e po- dos pela administração pública. Em uma
dem ser combinados. análise, é a questão chamada de “custo-
benefício” nas ações públicas. Exemplo:
• Controle Orçamentário. Se, ao final do prazo estipulado previa-
• Controle hierárquico – Administração dire- mente, for construído um hospital público
ta. com os recursos (financeiros, de pessoas e
• Controle finalístico – Administração indire- materiais) propostos, sem necessidade de
ta. destinação complementar, será uma ação
• TCU (Externo) – Art. 71 da CF. eficiente administrativamente. Portanto, a
eficiência tem relação com a atividade
CICLO DO PODER EXECUTIVO “meio”.

O ciclo de gestão deve observar o ciclo Ferreira Da•Silva


do manda-
Vitória Eficácia – Tem direta relação com a con-
to do chefe do executivo, que é de 4 anos, pois o creta efetivação da ação que motiva a exis-
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serviço público deve ter o efeito da continuidade, tência da unidade pública ou função dos
para que não exista prejuízo na continuidade da servidores públicos, a capacidade de aten-
administração, para que não exista efeito da des- der aquilo que justifica a ação administrati-
continuidade, para que não exista o prejuízo para va. Portanto, a eficácia tem relação com a
o cidadão e a interrupção do serviço público. “atividade fim.

• 4 anos (renovável por mais 4); • Efetividade – Tem relação com a entrega
• Continuidade; do “produto final” para os interessados, pa-
• Missão; ra o cliente cidadão, fazendo esses agre-
• Interesse público. garem valor e aceitarem a ação pública
como justificável. Portanto, efetividade tem
relação com o “valor percebido” pelo clien-
te-cidadão.

247
Mandato e PPA volvimento nem sempre quem é proponen-
te do projeto será seu responsável.
Para que exista o efeito da continuidade, para que • Prazo. Todo projeto deve ter um prazo,
a troca de chefe do executivo não represente a que geralmente é de médio a longo prazo.
ruptura de políticas públicas, o plano plurianual O prazo de um projeto nunca pode ser
tem duração de 4 anos mas não são os mesmos 4 maior do que aquele que indica o final do
anos do mandato do chefe do executivo, pois no planejamento estratégico.
primeiro ano do mandato do chefe do executivo, • Objetivos. Os objetivos devem ser mensu-
ele elabora o seu plano plurianual que terá dura- ráveis, podendo ser quantitativos, qualitati-
ção até o primeiro no do sucessor. vos ou estatísticos.
Controle
• Escopo. É necessário definir qual a
abrangência do projeto, quem será o públi-
• Interno – Feito dentro do órgão público e co e setores atingidos pelos seu desenvol-
controlando hierarquicamente suas unida- vimento.
des. • Insumos. Todo projeto para ser executado
• Externo – Controlado por outros, como o demanda a definição de recursos, que po-
controle realizado entre poderes. dem ser de pessoas, materiais e/ou orça-
mentários.
Planejamento
Cada projeto tem metas de curto prazo, que po-
• Estratégico – De longo prazo e estabele- dem ser analisadas ao final de seu cumprimento,
cendo objetivos. e desta análise nos insumos podem ser destina-
• Tático – De médio prazo e estabelece pro- dos para o cumprimento da próxima meta.
jetos.
Escritório de Gerenciamento de Projetos
• Operacional – De curto prazo eVitória
define me-
Ferreira Da Silva
tas O escritório de projetos é um departamento consti-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
tuído de forma legal, com chefia e servidores, ma-
GESTÃO DE PROJETOS
terial e orçamento destinados a ele. Portanto é um
Uma organização que tem bem definido seu pla- departamento permanente.
nejamento, tendo clareza quanto aos objetivos
O Escritório de projetos tem a responsabilidade de
traçados e deste planejamento sistêmico conse-
coordenar os projetos para que eles estejam sin-
gue desenvolver o planejamento tático e operaci-
tonizados com os objetivos do planejamento estra-
onal, está preparada para vincular projetos e me-
tégico. Também cabe ao escritório de projetos a
tas ao planejamento.
reengenharia ou refinamento após a aferição das
Considerando que o planejamento estratégico é metas.
de longo prazo, ele é composto por projetos que
Fases de um projeto – PMI / PMBok
são desenvolvidos paralelamente.
De acordo com o PMBOK, o gerenciamento de
A gestão pública tem esta característica que é
projetos têm 5 fases (ou grupo de processos):
inerente a suas ações, pois vários projetos são
desenvolvidos por setores e ministérios distintos, 1. Iniciação:
e a junção destes forma o planejamento estratégi- Fase de identificação das necessidades,
co. da viabilidade, orçamentos e cronogramas,
a equipe que irá trabalhar e a proposta. É a
Para que um projeto possa ser de fato realizado é
fase onde se inicia oficialmente o projeto
necessário que se apresenta sua proposta, e nes-
através do Termo de Abertura.
ta proposta de desenvolvimento de um projeto
deve ser observados os seguintes aspectos. 2. Planejamento:
Estudos e análises, recursos e o detalha-
• Responsabilidade. Será definido um setor mento do plano.
ou departamento responsável pelo desen-

248
3. Execução: Ou seja, a estimativa PERT apontada para a ativi-
Execução dos planos do projeto, coorde- dade é de 25,83 dias.
nação de pessoas e outros recursos para
executar o plano. Desvio Padrão (Pessimista – Otimista) /6

4. Controle: O desvio padrão indica o quanto a duração calcu-


Monitoramento, controle e modificações. lada na fórmula PERT ainda poderá variar, para
mais e para menos. Seguindo nosso exemplo, o
5. Finalização: desvio padrão da atividade será:
Aceitação formal do projeto (com verifica-
ção de escopo) ou fase para a sua finaliza- Desvio Padrão = (35 – 20) /6 = 2,5 dias
ção.
• Estimativa Paramétrica – Deve ter muita
Cálculo de Tempo de vida de um projeto precisão, pois analisa dados históricos e
consolidados. A estimativa paramétrica es-
• Técnica PERT – O cálculo de tempo de tabelece uma relação estatística entre da-
um projeto leva em consideração três ce- dos históricos.
nários possíveis para a realização do pro-
jeto, o otimista, o mais provável e o pessi- Exemplo:
mista. Fórmula PERT = (OTIMISTA + 4 x
MAIS PROVÁVEL + PESSIMISTA) / 6 Dado histórico = 50 peças por dia
Necessidade de produção = 500 peças
Exemplo: Estimativa de tempo = 10 dias

Estimativa Otimista = 20 dias


Estimativa Pessimista = 35 dias
Estimativa Mais Provável =Vitória
25 dias Ferreira Da Silva
PERT = (35 + 4vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
x 25 + 20)/6 = 25,83 dia

Ciclo de vida de um projeto

Os grupos de processos se sobrepõem ao longo de praticamente toda a duração do projeto.

249
GESTÃO DE PROCESSOS – GESPÚBLICA tados aos cidadãos e para o aumento da competi-
tividade do País”.
O Programa Nacional de Gestão Pública e Desbu-
rocratização (GesPública) foi criado em 2005 por GESTÃO DE PROCESSOS
meio do decreto 5.378 de 23 de fevereiro de 2005.
A Gespública apresenta um guia de gestão de
Segundo o próprio site www.gespública.gov. br, processos que apresenta, segundo o próprio guia,
encontramos a definição formal da iniciativa. “Na as seguintes fases de processos desenvolvidos
busca de modelos de gestão que contemplem, de nas organizações públicas.
forma mais efetiva e eficaz, as novas e crescentes
(Fonte – gespública.gov.br)
demandas da sociedade brasileira, a Secretaria
de Gestão Pública – SEGEP, do Ministério do Processos
Planejamento, Orçamento e Gestão, revitaliza, em Uma visão inicial conceitua processos como um
2014, o Programa Nacional de Gestão Pública e “conjunto de recursos e ativida- des interrelacio-
Desburocratização – GESPÚBLICA, com a finali- nadas ou interativas que transformam insumos
dade de fortalecer a gestão pública, tendo como (entradas) em serviços/ produtos (saídas), sendo
premissa o Modelo de Excelência em Gestão Pú- realizado para agregar valor” [2]. Também no âm-
blica - MEGP. bito do Programa GesPública, “um processo é um
conjunto de decisões que transformam insumos
A estratégia para a implantação de um modelo
em valores gerados ao cliente/cidadão” [1].
referencial de gestão pública é desenvolver ações
de apoio técnico aos órgãos e entidades da Admi- Ciclo de Gerenciamento de Processos
nistração Pública Federal, a fim de mobilizar, pre-De acordo com o guia CBOK [4], a prática de ge-
parar e motivar para a atuação em prol da inova- renciamento de processos de negócio pode ser
ção e da melhoria da gestão. caracterizada como um ciclo de vida contínuo
Vitória Ferreira
Dentre as medidas adotadas para a implementa-
Da Silva
(processo) de atividades integradas. Tal ciclo po-
de ser sumarizado por meio do seguinte conjunto
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ção da estratégia, destacamos o desenvolvimento
gradual e interativo de atividades: Planejamento;
de uma das ferramentas do GESPÚBLICA - o
Análise; Desenho e Modelagem; Implementação;
Sistema Eletrônico de Autoavaliação da Gestão.
Monitoramento e Refinamento.
O Sistema possibilita uma avaliação da gestão
Planejamento
prescritiva, por meio da identificação e análise das
Nessa etapa são vistas as necessidades de ali-
práticas de gestão adotadas e dos resultados da
nhamento estratégico dos processos. Segundo o
organização. A avaliação dos resultados permite
Guia CBOK [4], deve-se desenvolver um plano e
um rápido diagnóstico, bem como a implantação
uma estratégia dirigida a processos para a organi-
de melhorias na governança que venham a pro-
zação, onde sejam analisadas suas estratégias e
mover o alcance dos melhores resultados institu-
metas, fornecendo uma estrutura e o direciona-
cionais.
mento para gerenciamento contínuo de processos
Uma Gestão Pública participativa e democrática centrados no cliente.
induz a resultados mais positivos, levando- se em
Análise
conta que o processo de formação das normas
De acordo com o CBOK [4], a análise tem por
administrativas e os mecanismos de ação e con-
objetivo entender os atuais processo organizacio-
trole estarão sempre mais adequados e ajustados
nais no contexto das metas e objetivos desejados.
à realidade social.
Ela reúne informações oriundas de planos estra-
O Programa GESPÚBLICA vem a ser um podero- tégicos, modelos de processo, medições de de-
so instrumento de cidadania, pois renova seu sempenho, mudanças no ambiente externo e ou-
compromisso de engajamento e valorização das tros fatores, a fim de compreender os processos
pessoas por meio de estratégias de mobilização no escopo da organização como um todo.
da Administração Pública, contribuindo para a
Desenho
melhoria da qualidade dos serviços públicos pres-
Segundo o Guia CBoK [4], o desenho de processo
consiste na “criação de especificações para, pro-

250
cessos de negócio novos ou modificados dentro vro The Motivation to Work — “A Motivação para
do contexto dos objetivos de negócio, objetivos de Trabalhar”, em tradução literal.
desempenho de processo, fluxo de trabalho, apli-
cações de negócio, plataformas tecnológicas, re- Os pontos apresentados na obra se tornaram tão
cursos de dados, controles financeiros e operaci- relevantes que, mesmo mais de 60 anos após a
onais, e integração com outros processos internos publicação, são utilizados até hoje por diversas
e externos. empresas. Além disso, os conceitos são ensina-
dos em várias faculdades de administração e re-
Implementação cursos humanos.
A etapa de implementação é definida pelo Guia
CBOK [4] como a fase que tem por objetivo reali- Mas o que a Teoria dos Dois Fatores possui de
zar o desenho aprovado do processo de negócio tão relevante? Herzberg conseguiu identificar os
na forma de procedimentos e fluxos de trabalho principais aspectos que causam a satisfação e a
documentados, testados e operacionais; prevendo insatisfação dos colaboradores. Assim, classifi-
também a elaboração e execução de políticas e cou-os em dois fatores: higiênicos e motivacio-
procedimentos novos ou revisados. nais.

Gerenciamento de Desempenho Fatores higiênicos


Segundo o Guia CBOK [4], é de suma importância
a contínua medição e monitoramento dos proces- Os fatores higiênicos são circunstâncias externas
sos de negócio, fornecendo informações-chave ao colaborador, que possuem relação com o am-
para os gestores de processo ajustarem recursos biente e as condições de trabalho. Logo, são ele-
a fim de atingir os objetivos dos processos. mentos definidos pelas empresas.

Dessa forma, a etapa de implementação avalia o Para ficar mais claro, de acordo com a Teoria dos
desempenho do processo atravésVitóriade métricas Dois Fatores os principais fatores higiênicos são
Ferreira os
Daseguintes:
Silva
relacionadas às metas e ao valor para a organiza-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ção, podendo resultar em atividades de melhoria,
• clima e cultura organizacional;
redesenho ou reengenharia.
• salário;

• supervisão;

• políticas administrativas;
Também conhecida como Teoria de Herzberg,
• condições do ambiente de trabalho;
trata-se da ideia de que dois fatores — referentes
às condições de trabalho e às relações • relacionamento com os colegas;
interpessoais — são responsáveis pela satisfação
e motivação dos colaboradores de uma empresa. • segurança.
Essa conclusão é resultado de uma pesquisa
realizada com diversos trabalhadores industriais O ponto-chave é que Herzberg identificou que a
de Pitsburgo, na Pensilvânia. ausência desses aspectos pode causar a insatis-
fação dos funcionários. Afinal, ninguém gosta de
O estudo que resultou na Teoria dos Dois Fatores trabalhar em um local inadequado, com um salário
foi elaborado e conduzido nos anos 50 pelo psicó- baixo e que possui um clima tóxico, não é mes-
logo estadunidense Frederick Herzberg. A investi- mo?
gação consistia em fazer duas perguntas básicas
aos trabalhadores para entender o que estimulava No entanto, o estudo também deixou claro que
a satisfação e a insatisfação no trabalho. apenas a implementação desses fatores não é o
suficiente para a satisfação e motivação dos cola-
A partir das informações coletadas, Herzberg de- boradores. Pode-se dizer que o oferecimento des-
senvolveu a teoria e a publicou em 1959 no li- sas condições é o mínimo para se ter um ambien-
te organizacional adequado.

251
Fatores motivacionais • aprimora a produtividade.

Se os fatores higiênicos não são capazes de pro- Melhora a motivação e o engajamento dos co-
mover a satisfação, o que mais é preciso? Dos laboradores
fatores motivacionais!
Visto que os fatores motivacionais de Herzberg
De certa forma, esses aspectos estão sob controle consistem em elementos essenciais para a satis-
do colaborador, pois possuem relação a objetivos fação e motivação dos colaboradores, a imple-
profissionais e aos sentimentos diante certos ce- mentação deles melhora exatamente esses as-
nários. Os principais fatores motivacionais são pectos.
estes:
A partir da aplicação de medidas, os profissionais
• reconhecimento; se sentirão com mais ânimo e disposição para
alcançar as metas da equipe e do negócio.
• responsabilidades;
Reduz a taxa de rotatividade
• sentimento de crescimento profissional e
pessoal; Também conhecida como turnover, a taxa de rota-
tividade consiste na porcentagem de colaborado-
• funções desempenhadas. res que deixam uma empresa em determinado
período.
Apesar de serem elementos relacionados às
perspectivas dos funcionários, as organizações Esse indicador de gestão de pessoas pode ser
são capazes de estimular esses aspectos com muito útil para entender o nível de satisfação dos
algumas medidas. funcionários. Uma taxa muito alta pode apontar
que há graves problemas organizacionais incenti-
Por exemplo, o reconhecimento e o sentimento
Vitória de
Ferreira DaosSilva
vando colaboradores a saírem da empresa.
crescimento podem ser promovidos por meio da
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
implementação de uma cultura de feedbacks. Re- De acordo com o relatório Revelations from Work-
gularmente, líderes podem dar retornos aos pro- force Turnover, todo mês 5% dos trabalhadores
fissionais sobre acertos e erros. deixam seus empregos. Sendo que, em mais de
60% dos casos, a saída é voluntária, ou seja,
Como a própria nomenclatura dada por Herzberg por opção do profissional.
indica, esses fatores são capazes de promover a
satisfação e a motivação. Portanto, negócios que Ainda em conformidade com essa pesquisa, os
desejam ter profissionais engajados devem valori- principais fatores que levam à saída voluntária
zar esses aspectos organizacionais. são o salário e o reconhecimento.
Benefícios a Teoria proporciona Sendo assim, fica claro que investir na aplicação
da Teoria dos Dois Fatores pode contribuir para a
Como já dito, a Teoria dos Dois Fatores define os retenção de talentos devido ao oferecimento de
aspectos que influenciam a motivação condições de trabalho adequadas.
e satisfação dos colaboradores. Logo, a sua
aplicação proporciona, principalmente, benefícios Isso é ótimo, porque além de manter os bons pro-
relacionados à performance dos profissionais e à fissionais que a empresa formou, há uma redução
qualidade de vida no ambiente de trabalho. de custos considerável, algo que pode impactar
de maneira positiva no lucro.
Fique a seguir com as principais vantagens:
Empresas com uma taxa de rotatividade baixa
• melhora a motivação e o engajamento dos têm lucros cerca de quatro vezes maiores, con-
colaboradores; forme resultados de um estudo da Universidade
de Maryland.
• reduz a taxa de rotatividade;

• contribui para um clima e uma cultura or-


ganizacional mais saudáveis;

252
Contribui para um clima e uma cultura organi-
zacional mais saudáveis

Parte dos elementos que constituem os fatores


higiênicos e motivacionais estão relacionados com
o clima e a cultura organizacional.

Afinal, esses dois fatores podem definir como será


a relação dos colaboradores entre si e com a em-
presa. Mais uma vez os dados comprovam a im-
portância desses aspectos:

• os colaboradores têm 26% mais chan-


ces de pedir demissão quando não exis-
te respeito entre os colegas de equi-
pe (2018 Employee Retention Rate);

• trabalhadores que consideram a cultura


organizacional ruim são 24% mais pro-
pensos a saírem da empresa (2018 Em-
ployee Retention Rate);

• 43% dos profissionais procuram outro


emprego por conta de um plano de car-
reira limitado no emprego atu-
al (Randstad Employer Brand Research
2018). Vitória FerreiraDa Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Logo, novamente destacamos a importância de
investir em fatores motivacionais para que haja
uma retenção de talentos adequada, evitando
custos desnecessários e a perda de bons profissi-
onais.

Aprimora a produtividade

Ao garantir mais satisfação e motivação aos cola-


boradores, um dos benefícios mais óbvios é a
melhora da produtividade.

Afinal, nosso desempenho aprimora de maneira


considerável quando nos sentimos engajados em
conquistar um objetivo, certo?

Segundo o relatório State of the Global Workpla-


ce, trabalhadores engajados são 17% mais
produtivos. Por consequência, as empresas
desses profissionais são 21% mais lucrativas.

253
Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com

254
2 – TÉCNICAS DE ORGANIZAÇÃO ADMINIS-
TRATIVA
Conforme destacado acima, as duas principais
técnicas de organização administrativa mais co-
bradas nos concursos são a descentralização e a
1 – INTRODUÇÃO
desconcentração.
O Estado de bem estar social (“Welfare State”)
2.1. Descentralização:
consagrado no Brasil pela CF/88 impôs ao Estado
brasileiro a prestação de uma quantidade elevada
Hely Lopes Meireles leciona que “Descentralizar,
de serviços públicos, que são também direitos
em sentido comum, é afastar do centro; descen-
fundamentais sociais de segunda dimensão, ou
tralizar, em sentido jurídico-administrativo, é atri-
seja, estabelecem deveres prestacionais ou uma
buir a outrem poderes da Administração.”1
atuação positiva por parte do Estado brasileiro.
Portanto, a descentralização é técnica de organi-
O art. 6° da CRFB/88 positivou os seguintes direi-
zação administrativa onde a Administração Públi-
tos sociais fundamentais:
ca cria entidade administrativa, transferindo para
ela a titularidade e a execução do serviço público,
Art. 6º. São direitos sociais a educação,
ou delega a um particular a execução de determi-
a saúde, a alimentação, o trabalho, a
nado serviço público. Nela, não há hierarquia ou
moradia, o transporte, o lazer, a segu-
subordinação, mas controle finalístico ou tutela.
rança, a previdência social, a proteção
Vitória à
Ferreira Da Silva
Esta modalidade pressupõe a existência de, pelo
maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
na forma desta cons-
menos, duas pessoas jurídicas distintas.
tituição. (artigo com redação dada pela
Di Pietro esclarece que existem três modalidades
emenda constitucional nº 90, de 2015)
de descentralização, a saber:
Ante à complexidade da máquina estatal brasilei-
“Descentralização territorial ou geográfica é a
ra, organizada para prestar os serviços públicos e
que se verifica quando uma entidade local, geo-
a atividade administrativa, o Estado brasileiro pas-
graficamente delimitada, é dotada de personalida-
sou a adotar técnicas de organização administrati-
de jurídica própria, de direito público, com capaci-
vas diversas.
dade administrativa genérica.
Carvalho Filho destaca três técnicas de organiza-
Descentralização por serviços, funcional ou
ção administrativa: centralização, descentraliza-
técnica é a que se verifica quando o Poder Públi-
ção e a desconcentração. Para fins de concursos
co (União, Estados ou Municípios) cria uma pes-
públicos, vamos tratar das técnicas da descentra-
soa jurídica de direito público ou privado e a ela
lização e da desconcentração, que são as mais
atribui a titularidade e a execução de determinado
abordadas nas provas.
serviço público.
Obs.: Se você compreender a desconcentração e
Descentralização por colaboração é a que se
a descentralização, também compreende a cen-
verifica quando, por meio de contrato ou ato ad-
tralização e a concentração, pois são o oposto das
ministrativo unilateral, se transfere a execução de
primeiras.
determinado serviço público à pessoa jurídica de
direito privado, previamente existente, conservan-
do o Poder Público a titularidade do serviço.”2

255
QUADRO COMPARATIVO
Descentralização Criação de Pessoas ENTRE DESCONCENTRAÇÃO E
Administrativa Jurídicas distintas. DESCENTRALIZAÇÃO

DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
Descentralização Criação de
Territorial territórios federais.
Órgãos Entidades
Não possuem persona- A personalidade jurídi-
lidade jurídica. ca distinta do Estado.
Por
Mediante Não podem ser acio-
Outorga ou
Lei. nados judicialmente,
legal. Respondem Judicial-
exceto aqueles que
Descentralização mente, pois são sujei-
detém capacidade ju-
de Serviços tos de direito e de
diciária para o exercí-
Por obrigações.
Mediante cio das prerrogativas
Colabora-
Contrato. institucionais.
ção.
Exemplos de órgãos
despersonalizados:
Ministérios, Secretari-
2.2. Desconcentração:
as, Delegacias da Re- Ex.: IBAMA, INSS,
ceita Federal. INCRA, Banco do Bra-
A desconcentração é técnica de organização ad-
Dica: A Câmara Muni- sil, CEF, Petrobras,
ministrativa onde a Administração Pública cria
cipal é órgão, mas po- EBSERH etc.
órgãos públicos dentro da própria estrutura esta-
de exercer excepcio-
Vitória
tal, especializando a prestação dos serviços Ferreira
públi- Da Silva
nalmente capacidade
cos. Nela, há hierarquia vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ou subordinação, posto
judiciária.
que é dentro de uma única pessoa jurídica.

Em resumo, segundo Hely Lopes Meireles:


3 - ÓRGÃOS PÚBLICOS
“A descentralização administrativa pressu-
põe, portanto, a existência de uma pessoa, A mais abalizada Doutrina brasileira se debruçou
distinta da do Estado, a qual, investida dos sobre o conceito de órgão público.
necessários poderes de administração,
exercita atividade pública ou de utilidade Para Celso Antônio Bandeira de Mello, "órgãos
pública. O ente descentralizado age por são unidades abstratas que sintetizam os vários
outorga do serviço ou atividade ou por círculos de atribuições do Estado."4
delegação de sua execução, mas sempre
em nome próprio. Diversa da descentrali- Já para Di Pietro, o órgão público é entendido
zação é a desconcentração administrativa, como uma "unidade que congrega atribuições
que significa repartição de funções entre exercidas pelos agentes públicos que o integram
os vários órgãos (despersonalizados) de com o objetivo de expressar a vontade do Esta-
uma mesma Administração sem quebra de do.”5
hierarquia. Na descentralização, a execu-
ção de atividades ou a prestação de servi- Para fins de concurso público, sugerimos a ado-
ços pelo Estado é indireta e mediata; na ção do conceito de Rafael Oliveira, segundo o
desconcentração é direta e imediata.”3 qual os órgãos públicos são as “repartições in-
ternas do Estado, criadas a partir da descon-
centração administrativa e necessárias à sua
organização.

256
A criação dos órgãos públicos é justificada pela 3.2. Criação de extinção dos órgãos:
necessidade de especialização de funções ad-
ministrativas, com o intuito de tornar a atuação Em regra, a criação e a extinção dos órgãos públi-
estatal mais eficiente (ex.: em âmbito federal, os cos ocorrerá por meio de lei, conforme expressa
Ministérios, ligados à Presidência da República, disposição constitucional. Veja-se:
são responsáveis por atividades específicas. O
Ministério da Saúde, por exemplo, é o órgão res- CRFB/88, Art. 48, XI – criação e extinção
ponsável pela gestão e execução de atividades de Ministérios e órgãos da administração
relacionadas com a saúde). A principal caracte- pública; (Inciso com redação dada pela
rística do órgão público é a ausência de per- Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
sonalidade jurídica própria.”6
CRFB/88, Art. 84. Compete privativamente
Obs.: Apesar de os órgãos não possuírem perso- ao Presidente da República:
nalidade jurídica, os órgãos de cúpula podem
possuir capacidade judiciária passiva na defesa VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Inciso
de suas prerrogativas institucionais. com redação dada pela Emenda Constituci-
onal nº 32, de 2001)
Ex.: Ministério Público, Defensoria Pública, Tribu-
nais de Justiça, Tribunais de Contas, Procon, As- a) organização e funcionamento da adminis-
sembleias Legislativas, Câmaras Municipais tração federal, quando não implicar au-
mento de despesa nem criação ou extin-
Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui ção de órgãos públicos; (Alínea acrescida
personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
somente podendo demandar em juízo para defender os
seus direitos institucionais. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
22/04/2015, DJe 27/4/2015. A partir dos dispositivos constitucionais acima,
Vitória Ferreira pode-se
Da Silva
concluir que a criação e a extinção dos
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
É importante observar que a Lei 9.784/99, em seu
órgãos públicos, estão, em regra, sob reserva
legal (dependem de lei), mas a organização e o
art. 1°, §2°, I, estabeleceu o conceito legal de ór-
funcionamento, podem ser realizadas por meio
gão público. Veja-se:
de Decreto.
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
3.3. Classificação dos órgãos públicos:
I - órgão - a unidade de atuação integrante
Existem várias classificações sobre os órgãos
da estrutura da Administração direta e da
públicos, mas destacamos, em apertada síntese,
estrutura da Administração indireta;
a classificação apresentada por Rafael Oliveira.
Vejamos:
3.1. Teoria do órgão ou da imputação volitiva:
“Quanto à posição que o órgão ocupa na escala
governamental ou administrativa, existem quatro
Hely Lopes Meireles ensina que foi Otto Gierke
tipos de órgãos:
que formulou a teoria do órgão. Segundo esta
teoria, “as pessoas jurídicas expressam a sua
a) órgãos independentes: são aqueles previstos
vontade através de seus próprios órgãos, titulari-
na Constituição e representativos dos Poderes
zados por seus agentes (pessoas humanas), na
do Estado (Legislativo, Judiciário e Executivo),
forma de sua organização interna. O órgão - sus-
situados no ápice da pirâmide administrativa.
tentou Gierke - é parte do corpo da entidade e,
Tais órgãos não se encontram subordinados a
assim, todas as suas manifestações de vontade
nenhum outro órgão e só estão sujeitos aos
são consideradas como da própria entidade.”7
controles recíprocos previstos no texto consti-
tucional (ex.: Casas Legislativas: Congresso
Nacional, Senado Federal, Câmara dos Depu-
tados, Assembleias Legislativas, Câmara dos
Vereadores; Chefias do Executivo: Presidência
da República, Governadorias dos Estados e do

257
DF e Prefeituras municipais; Tribunais Judiciá- b) órgãos coletivos ou pluripessoais: integra-
rios e Juízes singulares, Ministério Público e dos por mais de um agente (ex.: Conselhos e
Tribunais de Contas); Tribunais Administrativos, CNJ e CNMP).

b) órgãos autônomos: são aqueles subordina- Por fim, em relação às atividades que, prepon-
dos aos chefes dos órgãos independentes e derantemente, são exercidas pelos órgãos públi-
que possuem ampla autonomia administrativa, cos, podem ser citados três tipos de órgãos:
financeira e técnica, com a incumbência de de-
senvolverem as funções de planejamento, su- a) órgãos ativos: responsáveis pela execução
pervisão, coordenação e controle (ex.: Ministé- concreta das decisões administrativas (ex.: ór-
rios, Secretarias estaduais, Secretarias munici- gãos responsáveis pela execução de obras pú-
pais e Advocacia-Geral da União); blicas);

c) órgãos superiores: estão subordinados a uma b) órgãos consultivos: responsáveis pelo asses-
chefia e detêm poder de direção e de controle, soramento de outros órgãos públicos (ex.: pro-
mas não possuem autonomia administrativa curadorias);
nem financeira (ex.: Gabinetes e Coordenado-
rias); e c) órgãos de controle: fiscalizam as atividades
de outros órgãos (ex.: controladorias, tribunais
d) órgãos subalternos: são aqueles que se en- de contas).8
contram na base da pirâmide da hierarquia
administrativa, com reduzido poder decisório e Memorize essa classificação, pois ela cai em pro-
com atribuições de execução (ex.: portarias, vas de concurso público.
seções de expedientes). [...]
4 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E IN-
Vitória os
Em relação ao enquadramento federativo, Ferreira Da Silva
DIRETA
órgãos públicos podem servitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
divididos em três es-
pécies: A Administração Pública Direta é aquela reali-
zada pelos Entes ou pessoas políticas (União,
a) órgãos federais: integrantes da Administração estados, Municípios e o DF), de modo centraliza-
Federal (ex.: Presidência da República, Minis- do, por meio dos seus órgãos públicos (técnica da
térios, Congresso Nacional); desconcentração).

b) órgãos estaduais: integrantes da Administra- Já quando nos referimos à Administração Públi-


ção Estadual (ex.: Governadoria, Secretarias ca Indireta, estamos nos referindo àquela realiza-
estaduais, Assembleia Legislativa); da pelas entidades administrativas (Autarquias,
Fundações, Sociedades de Economia Mista, Em-
c) órgãos distritais: integrantes do DF (ex.: Go- presas Públicas e as suas subsidiárias), no exer-
vernadoria, Câmara Distrital); e secretarias es- cício da função administrativa, por meio da técnica
taduais, Assembleia Legislativa); e da descentralização legal.

d) órgãos municipais: integrantes da Adminis- QUADRO COMPARATIVO ENTRE


tração Municipal (ex.: Prefeitura, Secretarias ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
municipais, Câmara de Vereadores). ADM. DIRETA ADM. INDIRETA
Constitui-se dos
Quanto à composição, os órgãos são classifica- Compreende categorias
serviços integrados
dos em: de entidades, dotadas
na estrutura
de personalidade
administrativa das
a) órgãos singulares ou unipessoais: quando jurídica própria.
pessoas políticas.
compostos por um agente público (ex.: chefia
do Executivo); e

258
4.1. Entidades administrativas que compõe a Obs.: As únicas agências reguladoras com previ-
Administração Pública Indireta: são direta na CRFB/88 são a ANATEL (art.21, XI),
ANP (art.177 §2°, III).
Conforme o visto anteriormente, a Administração
Pública Indireta é composta por entidades admi- CRFB/88, Art. 21. Compete à União: [...]
nistrativas, a saber: XI - explorar, diretamente ou mediante auto-
rização, concessão ou permissão, os servi-
• Fundações Públicas (de direito público ou pri- ços de telecomunicações nos termos da lei
vado); que disporá sobre a organização dos ser-
• Autarquias; viços, a criação de um órgão regulador e
• Empresas Públicas; outros aspectos institucionais; (Inciso
• Sociedades de economia mista; com redação dada pela Emenda Constituci-
• Consórcios Públicos ou Associações Públicas. onal nº 8, de 1995)

Como os Consórcios Públicos ou Associações CRFB/88, Art. 177, § 2º, III: § 2º. A lei a que
Públicas não costumam ser cobrados nas provas se refere o § 1º disporá sobre: (incluído pela
que não são para carreiras jurídicas, nos debruça- emenda constitucional nº 9, de 1995) [...]
remos apenas sobre as características das de-
mais entidades administrativas. III - a estrutura e atribuições do órgão re-
gulador do monopólio da união; (incluído
4.1.1. Autarquias: pela emenda constitucional nº 9, de 1995)

Rafael Oliveira conceitua Autarquia como “uma


pessoa jurídica de direito público, criada por QUADRO COMPARATIVO
lei e integrante da Administração Pública Indireta,
que desempenha atividade típica deVitória
Estado.”9Ferreira
Da Silva Atividades gerais de ad-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Administrativas ministração e de fiscaliza-
Com base no art. 39, da CF/88, o Regime de pes- ção. Ex.: IBAMA.
soa das Autarquias é estatutário, ou seja, é o
Exercem a atividade rela-
regime legal. É chamado assim, porque é um es-
Previdenciárias cionada à seguridade so-
tatuto legal e disciplina a relação entre a Autarquia
cial: INSS.
e o seu corpo de agentes.
Já os atos e contratos são, em regra, atos e con- Fomentar o desenvolvi-
tratos administrativos. Assistenciais mento: SUDENE, SU-
DAM, INCRA.
Elas respondem objetivamente, conforme o art. Ensino, pesquisa, desen-
37, §6°, da CF/88. O seu patrimônio é público, daí Culturais volvimento educacional:
decorre que seus bens são, em regra, inalienáveis Universidades Federais.
(inalienabilidade relativa), impenhoráveis, impres- São fundações de direito
critíveis e não podem ser onerados (dados em público com personalidade
Fundacionais
garantia). jurídica de direito público.
Ex.: UECE.
As Autarquias podem ser assistenciais ou previ- Ex.: CRM, COREN, CRC,
denciárias (INSS); profissionais ou corporativas CRF – Obs.: Quanto a
(CFC – Conselho Federal de Contabilidade, CRM OAB, através da ADI
– Conselho Regional de Medicina); culturais ou de 3026, firmou-se o enten-
ensino (UFC); de controle ou regulação (ANP – dimento de que a mesma,
Agência Nacional do Petróleo). Corporativas
não tem natureza autár-
quica e sim, constitui um
Quanto ao regime jurídico, as Autarquias podem ente híbrido de previsão
ser comuns/ordinárias ou especiais. constitucional e natureza
sui generis.

259
Em regime especial pro- Perceba-se que, enquanto as Autarquias são cria-
priamente dita. Ex.: Banco das por lei específica, as estatais têm sua criação
Central, USP, Consórcios autorizada por lei específica, conforme os disposi-
Públicos (Autarquias As- tivos acima e a CF/88, em seu art. 37, XIX. Veja-
Especiais – da sociativas). se:
qual ainda se
Agências Públicas. Ex.:
dividem:
Agências Reguladoras – XIX – somente por lei específica poderá
Ex.: ANATEL, ANVISA, ser CRIADA autarquia e AUTORIZADA a
ANS & Agências Execu- instituição de empresa pública, de socie-
tivas – Ex.: INMETRO. dade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação; (Inci-
4.1.2. Empresas estatais:
so com redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 19, de 1998)
Segundo Rafael Oliveira, a expressão "empresas
estatais" compreende toda e qualquer entidade,
Portanto, as estatais têm personalidade jurídica de
civil ou comercial, sob o controle acionário do Es-
direito privado, sendo seus bens de natureza pri-
tado, englobando as empresas públicas, as
vada. Do mesmo modo, os atos e os contratos
sociedades de economia mista, suas subsidiá-
são, em regra, privados.
rias e as demais sociedades controladas pelo
Estado.10
O seu objeto será definido pela lei autorizativa e
poderá ser a exploração de atividade econômica
A Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, estabe-
ou a prestação de serviço público.
leceu o conceito legal de Empresas Públicas e de
Sociedade de Economia Mista. Vejamos:
O regime de pessoal das estatais é o celetista, ou
Vitória Ferreira Daapesar
seja, Silvade serem obrigadas a realizar con-
Art. 3°. Empresa pública é a entidade dota-
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da de personalidade jurídica de direito
curso público para selecionar seus funcionários
em geral, os aprovados no certame serão regidos
privado com criação autorizada por lei e
pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
com patrimônio próprio, cujo capital social
Ou seja, o regime aqui é de natureza contratual.
é integralmente detido pela União, pelos Es-
tados, pelo Distrito Federal ou pelos Municí-
pios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do Sociedades de
Empresas
capital votante permaneça em propriedade Economia Mista
públicas (EP)
da União, do Estado, do Distrito Federal ou (SEM)
do Município, será admitida, no capital da
empresa pública, a participação de outras
pessoas jurídicas de direito público interno, Conceito: Conceito:
bem como de entidades da administração
indireta da União, dos Estados, do Distrito Pessoa jurídica de di- Pessoa jurídica de
Federal e dos Municípios. reito privado, integrante direito privado, inte-
da Administração Indi- grante da Ad-
Art. 4°. Sociedade de economia mista é a reta, criada por autori- ministração Indireta,
entidade dotada de personalidade jurídica zação legal. criada por autoriza-
de direito privado, com criação autoriza- ção legal.
da por lei, sob a forma de sociedade anô-
nima, cujas ações com direito a voto perten- Capital: Capital:
çam em sua maioria à União, aos Estados,
ao Distrito Federal, aos Municípios ou a en- Integralmente público. Público e privado.
tidade da administração indireta.

260
Obs.: É permitido que uma empresa pública seja
Forma societária: Forma societária: formada por mais de um ente (ex.: União e Esta-
do-membro) ou entidade (ex.: Estado-membro e
Qualquer forma Apenas Sociedade empresa pública federal), conforme o art. 3º, pa-
societária admitida Anônima - S/A. rágrafo único, da Lei nº 13.303 de 30 de junho de
em Direito. 2016, desde que a maioria do capital votante
permaneça em propriedade da União, do Estado,
do Distrito Federal ou do Município.
Foro competente: Foro competente:
Depende da instância a) Regra: Justiça Veja-se o disposto na Lei nº 13.303 de 30 de ju-
federativa: Estadual. nho de 2016:
a) Federal – Justiça b) Exceção: Justiça
Federal Federal. Art. 1°. Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurí-
b) Estadual/distrital dico da empresa pública, da sociedade de
ou municipal – STF, Súmula 517: economia mista e de suas subsidiárias,
Justiça Estadual. As sociedades de abrangendo toda e qualquer empresa públi-
economia mista só têm ca e sociedade de economia mista da União,
foro na Justiça Fede- dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
ral, quando a União cípios que explore atividade econômica de
intervém como assis- produção ou comercialização de bens ou de
tente ou opoente. prestação de serviços, ainda que a atividade
econômica esteja sujeita ao regime de mo-
nopólio da União ou seja de prestação de
Patrimônio: Patrimônio:
serviços públicos.
Privado. Privado.
Vitória Ferreira ADa Silva do CONTROLE ACIONÁRIO de em-
alienação
Responsabilidade Responsabilidade
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presas públicas e sociedades de economia mista
Civil: Civil: exige autorização legislativa e licitação. Por outro
lado, não se exige autorização legislativa para
a) Prestadora de ser- a) Prestadora de a alienação do controle de suas subsidiárias e
viço público: obje- serviço público: controladas. Nesse caso, a operação pode ser
tiva, com base no objetiva, com base realizada sem a necessidade de licitação, des-
art. 37, §6°, da no art. 37, §6°, da de que siga procedimentos que observem os
CF/88. CF/88. princípios da administração pública inscritos
b) Exploradora de b) Exploradora de no art. 37 da CF/88, respeitada, sempre, a exi-
atividade econô- atividade econô- gência de necessária competitividade.
mica: subjetiva, em mica: subjetiva, em
regra. regra. STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019
Exemplos: BNDES, Exemplos: PETRO- (Info 943).
CAIXA ECONÔMICA BRÁS, BANCO DO
FEDERAL (CEF), EM- BRASIL (BB), BANCO 4.1.3. Fundações Governamentais:
PRESA DE CORREIOS DO NORDESTE (BN)
E TELÉGRADOS DO etc. Rafael Oliveira ensina que “as fundações, em ge-
BRASIL (ECT), EM- ral, são pessoas jurídicas e sem fins lucrativos,
BRAPA, INFRAERO e cujo elemento essencial é a utilização do patrimô-
CASA DA MOEDA. nio para satisfação de objetivos sociais, definidos
pelo instituidor. As fundações podem ser institu-
ídas por particulares ou pelo Estado. No primei-
Obs.: O regramento legal das subsidiárias é o ro caso, temos a fundação privada, regida pelo
mesmo das estatais às quais estão vinculadas e Código Civil (art. 44, III, e arts. 62 a 69 do CC). No
será estabelecido na lei autorizativa e na Lei nº segundo caso, a hipótese é de fundação esta-
13.303 de 30 de junho de 2016. tal (também denominada de governamental ou

261
pública), integrante da Administração Pública Em seu art. 6°, a CRFB/88 estabelece alguns dos
Indireta (art. 37, XIX, da CRFB e art. 4°, II, "d", do serviços públicos que são direitos fundamentais
DL 200/1967).”. de segunda dimensão:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a
Apesar da controvérsia, predomina que as Funda- saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
ções Governamentais podem ser de direito públi- o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
co ou de direito privado. As Fundações Governa- dência social, a proteção à maternidade e à
mentais de Direito Público se assemelham às Au- infância, a assistência aos desamparados,
tarquias e as Fundações Governamentais de Di- na forma desta Constituição. (Redação dada
reito Privado às estatais com as mesmas prerro- pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
gativas e sujeições. Portanto, tudo o que foi dito
para as Autarquias e as estatais aplica-se às fun- Destacamos apenas os serviços públicos mais
dações, a depender do regime jurídico adotado conhecidos do grande público para esclarecer que
(se público ou privado). a CF/88 estabeleceu uma repartição de compe-
tências para a prestação dos serviços públicos
acima pelos Entes ou pessoas políticas.

A CF/88 estabelece, em seu art. 23, II, que é


competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios cuidar da saúde.
1 – CONCEITO: Daí existirem hospitais públicos federais, estadu-
ais e postos de saúde municipais.
Não existe apenas um conceito de serviço público,
pois o tema é bastante controverso desde as suas No mesmo art. 23, mas no inciso V, a CF/88 esta-
origens. No entanto, para fins didáticos, sugerimos belece que é competência comum da União, dos
a adoção do conceito defendido por Rafael Olivei-
Vitória Ferreira Da Silva
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios pro-
ra.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
porcionar os meios de acesso à cultura e à edu-
cação.
Segundo Rafael Oliveira, “serviço público pode ser
definido como uma atividade prestacional, titula- Em seu art. 21, XII, “d” e “e”, a CF/88 dispõe que
rizada, com ou sem exclusividade, pelo Estado, compete à União explorar, diretamente ou medi-
criada por lei, com o objetivo de atender as ne- ante autorização, concessão ou permissão os
cessidades coletivas, submetida ao regime pre- serviços de transporte ferroviário e aquaviário en-
dominantemente público.”.11 tre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites de Estado ou Território; os
A disciplina dos serviços públicos tem fundamento serviços de transporte rodoviário interestadual e
constitucional e legal. Na CF/88, temos o art. 175, internacional de passageiros.
que é uma das bases constitucionais da matéria.
Vejamos: Já em seu art. 30, V, dispõe que compete aos
Municípios organizar e prestar, diretamente ou
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na sob regime de concessão ou permissão, os servi-
forma da lei, diretamente ou sob regime de ços públicos de interesse local, incluído o de
concessão ou permissão, sempre através de transporte coletivo, que tem caráter essencial.
licitação, a prestação de serviços públi-
cos. Aos estados, a CF/88 reservou as competências
que não forem da União ou dos Municípios (art.
Portanto, temos que os serviços públicos são de- 25, §1º), e estabeleceu algumas competências
veres prestacionais do Estado, ou seja, o Estado expressas, como a Segurança Pública, em seu
possui o dever de atuar positivamente na sua efe- art. 144. Vejamos:
tivação.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-
se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.

262
§ 1º São reservadas aos Estados as com-
petências que não lhes sejam vedadas A CRFB/88 traz, em seu art. 37, os princípios
por esta Constituição. explícitos. Veja-se:

Art. 144. A segurança pública, dever do Art. 37. A administração pública direta e indi-
Estado, direito e responsabilidade de todos, reta de qualquer dos Poderes da União, dos
é exercida para a preservação da ordem pú- Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
blica e da incolumidade das pessoas e do pios obedecerá aos princípios de legali-
patrimônio, através dos seguintes órgãos: dade, impessoalidade, moralidade, publi-
cidade e eficiência.
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal; Para ficar mais fácil de lembrar, fixe o seguinte
III - polícia ferroviária federal; mnemônico – LIMPE:
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombei- Legalidade
ros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e dis- Impessoalidade
trital. (redação dada pela emenda constitu-
cional nº 104, de 2019) Moralidade
Publicidade
Lembrando que as Polícias Militares, Civis e os
Corpos de Bombeiros Militares são órgãos de se- Eficiência
gurança pública dos estados/DF.
Princípio da legalidade:
Portanto, pode-se concluir que a CRFB/88 traz o
Vitória Ferreira Da Silva
rol de competências para a prestação dos servi- O princípio da legalidade é corolário do Estado de
ços públicos no Brasil,vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
dizendo quem irá prestar Direito, ou seja, o Estado pautado no império da
qual serviço público (União, Estados, DF ou Muni- lei. No entanto, no quadro atual do constituciona-
cípios). lismo brasileiro, este princípio não se restringe
apenas ao respeito às leis, mas aos princípios, ao
2 – CONCEITO DE PRINCÍPIO: ordenamento jurídico, com todas as suas normas.

Existem vários conceitos de princípio, mas desta- Por isso, Rafael Oliveira prefere falar em princípio
camos o conceito consagrado de Robert Alexy, da juridicidade. No mesmo sentido, Emerson Gar-
segundo o qual princípios são: cia e Rogério Pacheco aduzem:

“[...] mandamentos de otimização, que são “O princípio da juridicidade, mais do que o respei-
caracterizados por poderem ser satisfeitos to às regras (“direito por regras”), impõe aos agen-
em graus variados e pelo fato de que a me- tes públicos o respeito aos princípios (“direito por
dida devida de sua satisfação não depende princípios”) derivados explícita ou implicitamente
somente das possibilidades fáticas, mas da Constituição Federal. Quer isso dizer que a
também das possibilidades jurídicas.”12 noção de juridicidade, além de abranger a con-
formidade dos atos com as regras jurídicas, exige
Didaticamente, você pode entender princípio co- que sua produção observe, leia-se, não contrarie,
mo uma “bússola”, uma orientação para o intér- os princípios gerais de direito previstos na Carta
prete e aplicador do Direito. Magna”13

3 – CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS: Destaque-se que a legalidade aqui tratada, é a


legalidade administrativa, que é marcada pela
Os princípios podem ser explícitos ou implícitos, vinculação do administrador público às normas
gerais ou setoriais. Aqui, nos interessam os prin- jurídicas, não devendo ir além e nem contrariá-las.
cípios implícitos e explícitos, que são os mais co-
brados em provas de concurso público.

263
que é uma ilegalidade que resultará na anulação
do ato.

LEGALIDADE LEGALIDADE Princípio da moralidade:


(esfera pública) (esfera privada)
A moralidade é um princípio autônomo previsto no
art. 37 da CF/88. É um princípio que visa assegu-
Rege-se pela Auto- rar os deveres de lealdade, de boa-fé e de hones-
Só está permitido tidade. Portanto, a conduta do agente público de-
nomia da Vontade, do
fazer o que a lei pre- verá ser pautada não apenas no respeito às leis,
qual se extrai a máxi-
vê. O que não está mas, também, na ética/na probidade.
ma de que, o que não
proibido, consequen-
está expressamente
temente, não está A CF/88 tratou dos deveres de moralidade em
proibido, é implicita-
permitido. vários dispositivos. Veja-se:
mente permitido.

Art. 14, §9º, CF: “Lei complementar estabe-


lecerá outros casos de inelegibilidade e os
Princípio da impessoalidade:
prazos de sua cessação, a fim de proteger
a probidade administrativa, a moralidade
O princípio da impessoalidade decorre da supre-
para exercício de mandato [...]
macia do interesse público sobre o privado. Em
respeito a ele, deve-se tratar a todos com igualda-
Art. 15, V: “É vedada a cassação de direitos
de (isonomia), não havendo privilégios e nem per-
políticos, cuja perda ou suspensão só se da-
seguições. É decorrência dele a obediência à fina-
rá nos casos de: [...]
lidade pública (princípio da finalidade).
V - improbidade administrativa, nos ter-
Vitória Ferreira Damos
Silva
do art. 37, § 4º”.
A CRFB/88 o consagra no art. 37, §1º. Veja-se:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 37, §4º: “Os atos de improbidade ad-
§ 1º A publicidade dos atos, programas,
ministrativa importarão a suspensão dos
obras, serviços e campanhas dos órgãos
direitos políticos, a perda da função pú-
públicos deverá ter caráter educativo, infor-
blica, a indisponibilidade dos bens e o
mativo ou de orientação social, dela não
ressarcimento ao erário, na forma e gra-
podendo constar nomes, símbolos ou
dação previstas em lei, sem prejuízo da
imagens que caracterizem promoção
ação penal cabível”.
pessoal de autoridades ou servidores públi-
cos.
Art. 85, V: “São crimes de responsabilidade
os atos do Presidente da República que
Nesse dispositivo, temos a consagração da veda-
atentem contra a Constituição Federal e, es-
ção à promoção pessoal, que é uma vertente da
pecialmente, contra: [...] V - a probidade na
impessoalidade. Note-se, também, que a impes-
administração;”
soalidade está ligada à teoria do órgão ou da im-
putação volitiva, segundo a qual o ato de um
Art. 5°, LXXIII - qualquer cidadão é parte le-
agente estatal é imputado ao Estado, não ao
gítima para propor ação popular que vise a
agente em si.
anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o estado participe, à
Consagrando o princípio da impessoalidade, te-
moralidade administrativa, ao meio ambi-
mos a obrigação de contratação por meio de lici-
ente e ao patrimônio histórico e cultural, fi-
tações ou mesmo a realização de concurso públi-
cando o autor, salvo comprovada má-fé,
co para o provimento de cargo efetivo.
isento de custas judiciais e do ônus da su-
cumbência;
Por fim, destaque-se que o desrespeito a este
princípio acarreta o chamado desvio de finalidade,

264
Com fundamento no princípio da moralidade, o obter certidões, do HD e do MS. Vejamos os se-
STF editou a Súmula Vinculante 13, que veda o guintes dispositivos, todos previstos no art. 5°:
nepotismo no Brasil. Veja-se:
XXXIV - são a todos assegurados, indepen-
dentemente do pagamento de taxas:
SV 13, STF: A nomeação de cônjuge, com-
panheiro ou parente em linha reta, colateral a) o direito de petição aos Poderes Públi-
ou por afinidade, até o terceiro grau, inclu- cos em defesa de direitos ou contra ilegali-
sive, da autoridade nomeante ou de servidor dade ou abuso de poder;
da mesma pessoa jurídica, investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, b) a obtenção de certidões em repartições
para o exercício de cargo em comissão ou públicas, para defesa de direitos e esclare-
de confiança, ou, ainda, de função gratifi- cimento de situações de interesse pessoal;
cada na Administração Pública direta e indi-
reta, em qualquer dos Poderes da União, LXIX - conceder-se-á mandado de segu-
dos Estados, do Distrito Federal e dos rança para proteger direito líquido e certo,
municípios, compreendido o ajuste median- não amparado por "habeas-corpus" ou "ha-
te designações recíprocas, viola a Consti- beas-data", quando o responsável pela ile-
tuição Federal. galidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no
Princípio da publicidade: exercício de atribuições do Poder Público;

O art. 1° da CF/88 consagrou os princípios repu- LXXII - conceder-se-á "habeas-data":


blicano e democrático. Em uma República (ou
coisa pública), a regra é a transparência. Do a) para assegurar o conhecimento de in-
mesmo modo, em um regime democrático, Vitória Ferreira
deve Da Silva
formações relativas à pessoa do impe-
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reinar a transparência sobre a coisa pública. trante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de
Robustecendo essa ideia, a CF/88 positivou o caráter público;
Direito Fundamental à publicidade e o correspon-
dente dever de transparência por parte do Poder b) para a retificação de dados, quando não
Público. Veja-se: se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judi-
cial ou administrativo;
Art. 5°, XXXIII - todos têm direito a rece-
ber dos órgãos públicos informações de No entanto, é preciso ter em mente que não existe
seu interesse particular, ou de interesse direito absoluto, pois vigora no Brasil o princípio
coletivo ou geral, que serão prestadas no da relatividade dos direitos fundamentais. Exata-
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, mente por isso, a CF/88 excepcionou a regra, que
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja im- é a publicidade, e estabeleceu limites a esse direi-
prescindível à segurança da sociedade e to. Vejamos:
do Estado;
Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a
Art. 39, § 6º. Os Poderes Executivo, Legisla- vida privada, a honra e a imagem das pes-
tivo e Judiciário publicarão anualmente os soas, assegurado o direito a indenização pe-
valores do subsídio e da remuneração dos lo dano material ou moral decorrente de sua
cargos e empregos públicos. (Parágrafo violação;
acrescido pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998). Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publi-
cidade dos atos processuais quando a defe-
Robustecendo o direito fundamental à transparên- sa da intimidade ou o interesse social o exi-
cia, a CF/88 criou mecanismos de proteção a esse girem;
direito, como é o caso do Direito de Petição, de

265
Art. 5°, XXXIII - todos têm direito a receber III - a disciplina da representação contra o
dos órgãos públicos informações de seu in- exercício negligente ou abusivo de cargo,
teresse particular, ou de interesse coletivo emprego ou função na administração pú-
ou geral, [...] ressalvadas aquelas cujo si- blica. (Parágrafo com redação dada pela
gilo seja imprescindível à segurança da Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
sociedade e do Estado;

Princípio da eficiência: Art. 37, § 8º A autonomia gerencial, orça-


mentária e financeira dos órgãos e entida-
O princípio da eficiência, segundo Di Pietro, é o des da administração direta e indireta pode-
mais moderno princípio da função administrativa. rá ser ampliada mediante contrato, a ser
Ele foi inserido na CRFB/88 pela Emenda Consti- firmado entre seus administradores e o po-
tucional 19/98, no “caput” do art. 37. der público, que tenha por objeto a fixação
de metas de desempenho para o órgão
Ligado à ideia de administração gerencial, ele ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
busca dar maior racionalidade na gestão da coisa
pública, com o aumento na qualidade da presta- I - o prazo de duração do contrato;
ção dos serviços públicos pelo Estado e seus de-
legatários. II - os controles e critérios de avaliação
de desempenho, direitos, obrigações e res-
Segundo Di Pietro, este princípio possui dois as- ponsabilidade dos dirigentes;
pectos, podendo ser considerado em relação ao
modo de atuação do agente público, que deve III - a remuneração do pessoal. (Parágrafo
prestar o melhor serviço público possível; bem acrescido pela Emenda Constitucional nº 19,
como um modo de organizar/ estruturar a Admi- de 1998)
Vitória os
nistração Pública, com o objetivo de alcançar Ferreira Da Silva
melhores resultados na boa vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
prestação dos servi- Art. 39, § 2º A União, os Estados e o Dis-
ços públicos. trito Federal manterão escolas de gover-
no para a formação e o aperfeiçoamento
Robustecendo esse princípio, a CRFB/88 consa- dos servidores públicos, constituindo-se a
grou uma série de dispositivos que buscam asse- participação nos cursos um dos requisi-
gurar a maior qualificação dos agentes públicos e tos para a promoção na carreira, faculta-
o aparelhamento estatal para prestar com raciona- da, para isso, a celebração de convênios ou
lidade, eficiência e economicidade os serviços contratos entre os entes federados. (Pará-
públicos aos cidadãos. Vejamos: grafo com redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998)
Art. 37, § 3º A lei disciplinará as formas de
participação do usuário na administração Art. 39, § 7º Lei da União, dos Estados, do
pública direta e indireta, regulando especi- Distrito Federal e dos Municípios disciplinará
almente: a aplicação de recursos orçamentários
provenientes da economia com despesas
I - as reclamações relativas à prestação dos correntes em cada órgão, autarquia e funda-
serviços públicos em geral, asseguradas a ção, para aplicação no desenvolvimento
manutenção de serviços de atendimento de programas de qualidade e produtivi-
ao usuário e a avaliação periódica, exter- dade, treinamento e desenvolvimento,
na e interna, da qualidade dos serviços; modernização, reaparelhamento e racio-
nalização do serviço público, inclusive sob
II - o acesso dos usuários a registros ad- a forma de adicional ou prêmio de produti-
ministrativos e a informações sobre atos vidade. (Parágrafo acrescido pela Emenda
de governo, observado o disposto no art. 5º, Constitucional nº 19, de 1998)
X e XXXIII;
Art. 41, § 1º O servidor público estável só
perderá o cargo:

266
[...] prios atos. Assim, quando
III – mediante procedimento de avaliação inoportunos, poderá revogá-
periódica de desempenho, na forma de lei los e, quando praticados
complementar, assegurada ampla defesa. invalidamente, pode ela
(Parágrafo com redação dada pela Emenda mesma, sem necessitar re-
Constitucional nº 19, de 1998) correr ao Poder Judiciário,
decretar a sua e anulação.
[...] Presunção RELATIVA de
§ 4º Como condição para a aquisição da Presunção de que os atos estatais são pra-
estabilidade, é obrigatória a avaliação Legitimidade ticados de acordo com o
especial de desempenho por comissão ins- Direito.
tituída para essa finalidade. (Parágrafo
Presunção RELATIVA de
acrescido pela Emenda Constitucional nº 19,
que os atos estatais são pra-
de 1998) Presunção de
ticados de acordo com a
Veracidade
verdade ou realidade. Fé
Portanto, ante a análise de todos os dispositivos
pública.
constitucionais acima, percebe-se a importância
que a CRFB/88 deu ao princípio da eficiência. A Atividade administrativa
Continuidade
não pode ser interrompida.
Quadro mnemônico dos Possibilidade de utilizar
princípios EXPLÍCITOS Ampla Defesa qualquer meio de defesa
em direito permitido.
LIMPE Direito de conhecer e con-
Obediência à Lei. tradizer todos os atos que
Legalidade Contraditório
lhe estejam sendo imputa-
Impessoalidade Neutralidade. Vitória Ferreira Da Silva dos.
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Honestidade. Criação de Entes Administra-
Moralidade Especialidade tivos para o exercício de atri-
Publicidade Transparência - Controle. buições específicas.
Economicidade Estabilidade das relações
Eficiência e Qualidade. jurídicas/ Veda aplicação
Segurança retroativa de nova interpreta-
Jurídica ção jurídica pela Administra-
Além dos princípios acima, a CF/88, a legislação ção.
ordinária e a Doutrina/Jurisprudência consagraram Ao mesmo dispositivo legal.
os seguintes princípios ligados à função adminis- Atuação dentro dos
trativa do Estado: Razoabilidade
limites do aceitável.
Equilíbrio entre a necessida-
Proporcionali- de
PRINCÍPIOS DEFINIÇÃO dade e a adequação de uma
conduta estatal.
Supremacia do Superioridade do interesse Direito de participar da
Interesse público em relação ao Administração pública, no
Público interesse particular. tocante ao acesso das infor-
Indisponibili- O administrador não pode mações e na promoção de
dade do dispor do que não é seu, Participação
reclamações, quanto aos
Interesse pois o interesse público é da serviços prestados e repre-
Público coletividade. sentações contra abusos e
Necessidade de justificação negligências praticadas.
Motivação
dos atos realizados.
A Administração Pública po- 3 – PRINCÍPIOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:
Autotutela
de rever e fiscalizar os pró-

267
Por este princípio, em 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLI-
regra, a prestação dos COS:
serviços públicos não po-
de parar. Ou seja, deve Vários são os critérios estabelecidos pela Doutrina
Continuidade haver regularidade e só para classificar os serviços públicos. No entanto,
podem ser interrompidos destacamos os mais cobrados em provas de con-
excepcionalmente, nos curso:
casos descritos em lei.
Por este princípio, todos 1. Quanto ao NÍVEL Federais
têm direito a serem trata- ou TITULARIDADE
FEDERATIVA Estaduais / Distritais
dos com igualdade na
Isonomia prestação do serviço pú- Municipais
blico, salvo quando a lei
distinguir. a) Essenciais ou de
Os serviços públicos de- necessidade públi-
vem se adaptar à evolu- ca:
ção social e tecnológica. - São considerados
Mutabilidade Compreende a moderni- de necessidade pú-
ou dade das técnicas, do blica;
Atualidade equipamento e das insta- - Não podem faltar,
lações e a sua conserva- pois são indispen-
ção, bem como a melhoria sáveis à vida e a
e expansão do serviço conveniência dos
(art. 6°, § 2°, da Lei administrados na
8.987/1995). sociedade.
Vitória Ferreira Da Silva - Ex.: segurança na-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com cional, segurança
Generalidade Atendimento ao maior pública, serviços ju-
ou número possível de usuá- diciários.
2. Quanto à
Universalidade rios. ESSENCIALIDADE:
b) Não Essenciais ou
Eficiência Oferecer um serviço de de utilidade públi-
qualidade ca:
- A lei ou a própria
natureza do serviço
estabelecem a con-
Cortesia Tratar bem os usuários.
sideração de servi-
Oferecer o serviço em ços tidos por não
Segurança boas condições para não essenciais;
colocar em risco os usuá- - São considerados
rios. de utilidade pública;
O valor cobrado do usuá- - A execução é facul-
rio deve ser proporcional tada aos particula-
Modicidade ao custo do respectivo res. Ex.: serviços
serviço, com o objetivo de funerários
viabilizar o acesso ao
maior número possível de
pessoas. 3. Quanto aos a) Uti universiti ou
DESTINATÁRIOS: gerais:
- Atendem a toda a
população adminis-

268
trada;
- Os utentes não são
determinados; a) Execução Direta:
- Indivisíveis; - São prestados pela
- Ex.: segurança pú- Administração Pú-
blica, segurança na- blica por seus ór-
cional. gãos e agentes.

b) Uti singuli ou es-


pecíficos: b) Execução Indireta:
- Usuários certos ou - São aqueles pres-
determinados; tados por terceiros
- Fruem individual- 5. Quanto à forma
de EXECUÇÃO: (permissionários,
mente; concessionários);
- Divisíveis - A escolha do pres-
- Ex.: telefonia, servi- tador será sempre
ço postal, distribui- por licitação (art.
ção domiciliar de 175 da CF);
água. - Qualquer serviço,
salvo em tese os
essenciais, pode
a) Compulsórios: ser objeto de exe-
- A utilização pelos cução indireta.
administrados é
obrigatória;
Vitória Ferreira Da Silva
- São remunerados a) Próprios:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
por taxa; São de titularidade
- Não podem ser in- exclusiva do Estado
terrompidos, mesmo e a execução pode
por falta de paga- ser feita diretamen-
mento; te pelo Poder Públi-
- Ex.: serviço de cole- co ou indiretamente
ta de lixo, de esgoto, por meio de con-
de vacinação obri- 6. Quanto à cessão ou permis-
4. Em razão da gatória, internação TITULARIDADE: são (ex.: transporte
OBRIGATORIEDADE de doentes portado- público).
da utilização: res de doenças de
caráter infectocon-
tagioso. b) Impróprios:
São as atividades,
executadas por par-
b) Facultativos: ticulares, que aten-
- São postos à dispo- dem às necessida-
sição dos usuários des da coletividade,
sem lhes impor a mas que não são ti-
utilização; tularizadas, ao me-
- São remunerados nos com exclusivi-
por tarifa ou preço dade, pelo Estado.
público;
- Poderão ser inter-
rompidos mediante
a falta de pgto. a) Inerentes:

269
São aqueles geneti- Nessa modalidade, temos a adoção da técnica de
camente ligados às descentralização por colaboração, conforme já
7. Quanto à funções estatais tí- estudamos no capítulo de organização administra-
CRIAÇÃO: picas, que envol- tiva.
vem o exercício do
poder de autorida- As formas de delegação negocial são: concessão,
de. (Ex.: prestação permissão e autorização. Memorize o quadro a
jurisdicional). seguir:

b) Por opção legisla- FORMAS DE DELEGAÇÃO


tiva: DE SERVIÇOS PÚBLICOS
São atividades eco-
nômicas considera-
das como serviços CONCESSÃO PERMISSÃO AUTORIZAÇÃO
públicos por deter-
minada norma jurí-
Contrato
dica. Contrato Ato
Administrati-
Administrativo administrativo
vo (de
(de adesão) (unilateral)
adesão)
Em regra, não
5 – PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:
Licitação na Qualquer há Licitação –
modalidade modalidade Discricionário
A prestação dos serviços públicos poderá ser feita
concorrência de Licitação da Administra-
diretamente pelo Poder Público (Administração
Vitória Ferreira Da Silva ção
Pública Direta e Indireta) ou indiretamente, por
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
meio de delegação da execução, mediante licita- Prazo
Prazo
Prazo
ção, aos concessionários e permissionários de INdetermina-
determinado INdeterminado
serviço público. do
Apenas para
Para Pessoa Para Pessoa
Essa conclusão acima pode ser extraída do art. Pessoa Jurídi-
Física ou Física ou
175, da CF/88. Vejamos: ca ou Consór-
Jurídica Jurídica
cio
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na Irrevogável ou Revogável Revogável ou
forma da lei, diretamente ou sob regime não precário ou precário precário
de concessão ou permissão, sempre atra- Predomina o Predomina o
vés de licitação, a prestação de serviços interesse da interesse do
públicos. XXX
coletividade particular
Ex.: Conces- Ex.: transporte
Além das duas possibilidades acima, o Poder Pú- são de abaste- Ex.: em Vans esco-
blico ainda pode realizar as chamadas Parcerias cimento ener- Permissão lares, táxi e
Público-Privadas (PPPs) e atuar em conjunto com gético – ENEL, Dos lotéricos. moto-táxi.
os particulares na prestação de serviços públicos. no Ceará.

5.1. Prestação indireta de serviços públicos:


Obs.: Todo e qualquer contrato administrativo
propriamente dito é um contrato de adesão,
A prestação indireta de serviços públicos é feita
porque as cláusulas do contrato são redigidas
por meio de delegação negocial da execução do
pela administração pública, sem possibilidade de
serviço público a particular. Essa delegação deve
negociação dessas cláusulas pelo particular con-
ser precedida de licitação pública e formalizada
tratante (se isso fosse possível, ocorreria verda-
por meio de contrato administrativo.
deira fraude à licitação, uma vez que já no edital
da licitação deve constar a minuta do futuro con-

270
trato a ser firmado, justamente para que possam b) sentido restrito: PPP refere-se exclusivamen-
os particulares, com precisão, saber se têm ou te às parcerias público-privadas previstas na
não interesse em participar do certame). Lem- Lei 11.079/2004, sob a modalidade patrocinada
brando que sempre há licitação prévia aos contra- ou administrativa.”16
tos de concessão e de permissão de serviço pú-
blico).14 Concessão Concessão
Patrocinada Administrativa
5.1.1. Espécies de concessão:
Caracterizado pela Caracterizada pela
As concessões de serviços públicos podem ser presença de investi- existência de serviços
comuns/tradicionais ou especiais. As concessões mentos do Poder que a Administração
comuns ou tradicionais são regidas pela Lei Público (parceiro pú- Pública seja usuária,
8.987/95 e as especiais ou Parcerias Público- Pri- blico) e tarifa dos além de execução de
vadas (PPPs), são regidas pela Lei 11.079/04. usuários. obra.

Concessões Concessões Segue um quadro comparativo para diferenciar


Comuns Especiais concessões comuns ou tradicionais das conces-
Remuneração Remuneração paga sões especiais ou PPPs:
paga pelo usuário com participação da
mediante tarifa Administração
Responsabilidade CONCESSÕES DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Compartilhamento
pela prestação
dos riscos e dos
por conta e risco CONCESSÃO
resultados
do particular CONCESSÃO
ESPECIAL -
Vitória Ferreira Da Silva COMUM
PPPs
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, con-
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cessão de serviço público comum é o instituto Contra-
através do qual o Estado atribui o exercício de um prestação
Facultativa Obrigatória
serviço público a alguém que aceita prestá-lo em do Poder
nome próprio, por sua conta e risco, nas condi- Público
ções fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Po- Do
Risco ordi- Do
der Público, mas sob garantia contratual de um Concessionário
nário do concessioná-
equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se e do Poder
negócio rio
pela própria exploração do serviço, em geral e Público
basicamente mediante tarifas cobradas diretamen- Valor R$
Inexistente
te dos usuários do serviço. 15 mínimo 10.000.000,00

Conforme o art. 2°, da Lei 11.079/04, Parceria Inexistente • mínimo: 05


Público-Privada é o contrato administrativo de Prazo previsão le- anos.
concessão, na modalidade patrocinada ou admi- gal • máximo: 35
nistrativa. anos.

Rafael Oliveira ensina que a expressão "parcerias Serviços


público-privadas" admite dois sentidos: Serviços
Objeto públicos e/ou
públicos
serviços
“a) sentido amplo: PPP é todo e qualquer ajuste administrativos
firmado entre o Estado e o particular para con-
secução do interesse público (ex.: concessões,
Variável e vincu-
permissões, convênios, terceirizações, contra-
Em regra, lada ao desem-
tos de gestão, termos de parceria etc.);
por Tarifa penho – paga
Remunera- pelo Poder Pú-
ção blico e/ou usuá-

271
9
rio e Poder Pú- [OLIVEIRA, 2017, Pág. 93].
10
[OLIVEIRA, 2017, Pág. 117].
blico, a
depender da 11 [OLIVEIRA, 2017, p. 239].
modalidade. 12 [ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais.
Tradução de Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo:
Malheiros, 2015, p. 90-91].
5.2. Extinção das concessões comuns:
13 [OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito
As concessões podem ser extintas de várias ma- Administrativo. 5 ed. São Paulo: Método, 2017, p. 45].
neiras, mas destacaremos apenas as mais cobra- 14 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito Administra-
das nas provas de concurso público. Vejamos: tivo Descomplicado. 23 ed. 2015, p 772.

15
FORMA DE [MELLO, Celso Antônio Bandeira de. P. 382. Curso de
ENCAMPAÇÃO CADUCIDADE Direito Administrativo. 26 ed. São Paulo, Malheiros,
EXTINÇÃO
2009, p. 696].

Interesse Inadimple- 16 [OLIVEIRA, 2017, 187-188].


Público mento con-
Fundamento
tratual do
concessioná-
rio

Autorização Processo
legal Administrati-
Formalização + vo
Decreto +
Vitória Ferreira
Decreto Da Silva
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Art. 1º O sistema de responsabilização por
atos de improbidade administrativa tutelará a pro-
Prévia e paga Eventual e bidade na organização do Estado e no exercício
pelo Estado posterior. de suas funções, como forma de assegurar a inte-
ao concessi- Paga pelo gridade do patrimônio público e social, nos termos
Indenização
onário Estado ao desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
concessioná- 2021)
rio
Parágrafo único. (Revogado). (Redação da-
da pela Lei nº 14.230, de 2021)
1 [MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-
leiro. 42. ed. Atualizada por José Emmanuel Burle Filho. § 1º Consideram-se atos de improbidade
São Paulo: Malheiros, 2016, p. 890.) administrativa as condutas dolosas tipificadas nos
arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos pre-
2 [DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrati- vistos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº
vo. 29. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 518-521]. 14.230, de 2021)
3 [MEIRELLES, 2016, p. 891].
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e
4 [MELLO, Celso Antônio Bandeira de. P. 382. Curso de consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado
Direito Administrativo. 26 ed. São Paulo, Malheiros, nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a
2009, p. 140]. voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
5 [DI PIETRO, 2016, págs. 646].

6
§ 3º O mero exercício da função ou desem-
[OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito
Administrativo. 5 ed. São Paulo: Método, 2017, p. 81].
penho de competências públicas, sem comprova-
ção de ato doloso com fim ilícito, afasta a respon-
7 [MEIRELLES, 2016, p. 71]. sabilidade por ato de improbidade administrati-
va. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
8 [OLIVEIRA, 2017, Pág. 87-89].

272
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade administrativo equivalente. (Incluído pela Lei nº
disciplinado nesta Lei os princípios constitucionais 14.230, de 2021)
do direito administrativo sancionador. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 3º As disposições desta Lei são apli-
cáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
§ 5º Os atos de improbidade violam a probi- sendo agente público, induza ou concorra dolo-
dade na organização do Estado e no exercício de samente para a prática do ato de improbida-
suas funções e a integridade do patrimônio públi- de. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
co e social dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, bem como da administração direta e § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os
indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos colaboradores de pessoa jurídica de direito priva-
Municípios e do Distrito Federal. (Incluído pela Lei do não respondem pelo ato de improbidade que
nº 14.230, de 2021) venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
comprovadamente, houver participação e benefí-
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os cios diretos, caso em que responderão nos limites
atos de improbidade praticados contra o patrimô- da sua participação. (Incluído pela Lei nº 14.230,
nio de entidade privada que receba subvenção, de 2021)
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de en-
tes públicos ou governamentais, previstos no § 5º § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade ad-
ministrativa seja também sancionado como ato
§ 7º Independentemente de integrar a admi- lesivo à administração pública de que trata a Lei
nistração indireta, estão sujeitos às sanções desta nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela
Lei os atos de improbidade praticados contra o Lei nº 14.230, de 2021)
patrimônio de entidade privada para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no Art. 7º Se houver indícios de ato de impro-
seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressar-
Vitória Ferreira Da Silva
bidade, a autoridade que conhecer dos fatos re-
cimento de prejuízos, nesse caso, à repercussão presentará ao Ministério Público competente, para
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do ilícito sobre a contribuição dos cofres públi- as providências necessárias. (Redação dada pela
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
§ 8º Não configura improbidade a ação ou Parágrafo único. (Revogado). (Redação da-
omissão decorrente de divergência interpretativa da pela Lei nº 14.230, de 2021)
da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não
pacificada, mesmo que não venha a ser posteri- Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele
ormente prevalecente nas decisões dos órgãos de
que causar dano ao erário ou que se enriquecer
controle ou dos tribunais do Poder Judiciá-
ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de
rio. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
repará-lo até o limite do valor da herança ou do
patrimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, conside- 14.230, de 2021)
ram-se agente público o agente político, o servidor
público e todo aquele que exerce, ainda que tran- Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na
nomeação, designação, contratação ou qualquer
hipótese de alteração contratual, de transforma-
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
ção, de incorporação, de fusão ou de cisão socie-
cargo, emprego ou função nas entidades referidas
tária. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021) Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de in-
corporação, a responsabilidade da sucessora será
Parágrafo único. No que se refere a recur-
restrita à obrigação de reparação integral do dano
sos de origem pública, sujeita-se às sanções pre-
causado, até o limite do patrimônio transferido,
vistas nesta Lei o particular, pessoa física ou jurí-
não lhe sendo aplicáveis as demais sanções pre-
dica, que celebra com a administração pública
vistas nesta Lei decorrentes de atos e de fatos
convênio, contrato de repasse, contrato de gestão,
ocorridos antes da data da fusão ou da incorpora-
termo de parceria, termo de cooperação ou ajuste
ção, exceto no caso de simulação ou de evidente

273
intuito de fraude, devidamente comprova- ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar
dos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) promessa de tal vantagem;

CAPÍTULO II VI - receber vantagem econômica de qual-


quer natureza, direta ou indireta, para fazer decla-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE
ração falsa sobre qualquer dado técnico que en-
ADMINISTRATIVA volva obras públicas ou qualquer outro serviço ou
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
SEÇÃO I característica de mercadorias ou bens fornecidos
DOS ATOS DE IMPROBIDADE a qualquer das entidades referidas no art. 1º desta
Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
ADMINISTRATIVA QUE IMPORTAM
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO VII - adquirir, para si ou para outrem, no
exercício de mandato, de cargo, de emprego ou
Art. 9º Constitui ato de improbidade admi- de função pública, e em razão deles, bens de
nistrativa importando em enriquecimento ilícito qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos
auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer no caput deste artigo, cujo valor seja despropor-
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão cional à evolução do patrimônio ou à renda do
do exercício de cargo, de mandato, de função, de agente público, assegurada a demonstração pelo
emprego ou de atividade nas entidades referidas agente da licitude da origem dessa evolu-
no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação ção; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, atividade de consultoria ou assessoramento para
bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem pessoa física ou jurídica que tenha interesse sus-
econômica, direta ou indireta, a título de comis- cetível de ser atingido ou amparado por ação ou
Vitória
são, percentagem, gratificação ou presente de Ferreira Da Silva
omissão decorrente das atribuições do agente
quem tenha interesse, direto vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
ou indireto, que pos- público, durante a atividade;
sa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público; IX - perceber vantagem econômica para in-
termediar a liberação ou aplicação de verba públi-
II - perceber vantagem econômica, direta ou ca de qualquer natureza;
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou lo-
cação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação X - receber vantagem econômica de qual-
de serviços pelas entidades referidas no art. 1° quer natureza, direta ou indiretamente, para omitir
por preço superior ao valor de mercado; ato de ofício, providência ou declaração a que
esteja obrigado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou lo- XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu
cação de bem público ou o fornecimento de servi- patrimônio bens, rendas, verbas ou valores inte-
ço por ente estatal por preço inferior ao valor de grantes do acervo patrimonial das entidades men-
mercado; cionadas no art. 1° desta lei;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas,
qualquer bem móvel, de propriedade ou à disposi- verbas ou valores integrantes do acervo patrimo-
ção de qualquer das entidades referidas no art. 1º nial das entidades mencionadas no art. 1° desta
desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de lei.
empregados ou de terceiros contratados por es-
sas entidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, SEÇÃO II
de 2021) DOS ATOS DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM
V - receber vantagem econômica de qual-
quer natureza, direta ou indireta, para tolerar a PREJUÍZO AO ERÁRIO
exploração ou a prática de jogos de azar, de leno-
cínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura

274
Art. 10. Constitui ato de improbidade admi- nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
nistrativa que causa lesão ao erário qualquer ação 2021)
ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e compro-
vadamente, perda patrimonial, desvio, apropria- IX - ordenar ou permitir a realização de des-
ção, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou pesas não autorizadas em lei ou regulamento;
haveres das entidades referidas no art. 1º desta
Lei, e notadamente: (Redação dada pela Lei nº X - agir ilicitamente na arrecadação de tribu-
14.230, de 2021) to ou de renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público; (Redação
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
para a indevida incorporação ao patrimônio parti-
cular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de XI - liberar verba pública sem a estrita obser-
rendas, de verbas ou de valores integrantes do vância das normas pertinentes ou influir de qual-
acervo patrimonial das entidades referidas no art. quer forma para a sua aplicação irregular;
1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230,
de 2021) XII - permitir, facilitar ou concorrer para que
terceiro se enriqueça ilicitamente;
II - permitir ou concorrer para que pessoa fí-
sica ou jurídica privada utilize bens, rendas, ver- XIII - permitir que se utilize, em obra ou ser-
bas ou valores integrantes do acervo patrimonial viço particular, veículos, máquinas, equipamentos
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, ou material de qualquer natureza, de propriedade
sem a observância das formalidades legais ou ou à disposição de qualquer das entidades menci-
regulamentares aplicáveis à espécie; onadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho
de servidor público, empregados ou terceiros con-
III - doar à pessoa física ou jurídica bem co- tratados por essas entidades.
mo ao ente despersonalizado, ainda que de fins
Vitória Ferreira Da Silva
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas XIV – celebrar contrato ou outro instrumento
ou valores do patrimôniovitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de qualquer das entida- que tenha por objeto a prestação de serviços pú-
des mencionadas no art. 1º desta lei, sem obser- blicos por meio da gestão associada sem observar
vância das formalidades legais e regulamentares as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei
aplicáveis à espécie; nº 11.107, de 2005)

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta XV – celebrar contrato de rateio de consórcio


ou locação de bem integrante do patrimônio de público sem suficiente e prévia dotação orçamen-
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta tária, ou sem observar as formalidades previstas
lei, ou ainda a prestação de serviço por parte de- na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
las, por preço inferior ao de mercado;
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer for-
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ma, para a incorporação, ao patrimônio particular
ou locação de bem ou serviço por preço superior de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, ver-
ao de mercado; bas ou valores públicos transferidos pela adminis-
tração pública a entidades privadas mediante ce-
VI - realizar operação financeira sem obser- lebração de parcerias, sem a observância das
vância das normas legais e regulamentares ou formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
aceitar garantia insuficiente ou inidônea; à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
VII - conceder benefício administrativo ou
fiscal sem a observância das formalidades legais XVII - permitir ou concorrer para que pessoa
ou regulamentares aplicáveis à espécie; física ou jurídica privada utilize bens, rendas, ver-
bas ou valores públicos transferidos pela adminis-
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório tração pública a entidade privada mediante cele-
ou de processo seletivo para celebração de parce- bração de parcerias, sem a observância das for-
rias com entidades sem fins lucrativos, ou dispen- malidades legais ou regulamentares aplicáveis à
sá-los indevidamente, acarretando perda patrimo- espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)

275
XVIII - celebrar parcerias da administração seguintes condutas: (Redação dada pela Lei nº
pública com entidades privadas sem a observân- 14.230, de 2021)
cia das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
de 2014) (Vigência) 14.230, de 2021)

XIX - agir para a configuração de ilícito na II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
celebração, na fiscalização e na análise das pres- 14.230, de 2021)
tações de contas de parcerias firmadas pela ad-
ministração pública com entidades priva- III - revelar fato ou circunstância de que tem
das; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de ciência em razão das atribuições e que deva per-
2021) manecer em segredo, propiciando beneficiamento
por informação privilegiada ou colocando em risco
XX - liberar recursos de parcerias firmadas a segurança da sociedade e do Estado; (Redação
pela administração pública com entidades priva- dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
das sem a estrita observância das normas perti-
nentes ou influir de qualquer forma para a sua IV - negar publicidade aos atos oficiais, exce-
aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de to em razão de sua imprescindibilidade para a
2014, com a redação dada pela Lei nº 13.204, de segurança da sociedade e do Estado ou de outras
2015) hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela
Lei nº 14.230, de 2021)
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021) V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o
caráter concorrencial de concurso público, de
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício chamamento ou de procedimento licitatório, com
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou
Vitória Ferreira
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar Da Silva
indireto, ou de terceiros; (Redação dada pela Lei
nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021)
VI - deixar de prestar contas quando esteja
§ 1º Nos casos em que a inobservância de
obrigado a fazê-lo, desde que disponha das con-
formalidades legais ou regulamentares não impli-
dições para isso, com vistas a ocultar irregularida-
car perda patrimonial efetiva, não ocorrerá imposi-
des; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
ção de ressarcimento, vedado o enriquecimento
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) VII - revelar ou permitir que chegue ao co-
nhecimento de terceiro, antes da respectiva divul-
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da gação oficial, teor de medida política ou econômi-
atividade econômica não acarretará improbidade ca capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
administrativa, salvo se comprovado ato doloso serviço.
praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021) VIII - descumprir as normas relativas à cele-
bração, fiscalização e aprovação de contas de
SEÇÃO III parcerias firmadas pela administração pública com
DOS ATOS DE IMPROBIDADE entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº
13.019, de 2014) (Vigência)
ADMINISTRATIVA QUE ATENTAM
CONTRA OS PRINCÍPIOS DA IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 14.230, de 2021)

Art. 11. Constitui ato de improbidade admi- X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
nistrativa que atenta contra os princípios da admi- 14.230, de 2021)
nistração pública a ação ou omissão dolosa que
viole os deveres de honestidade, de imparcialida- XI - nomear cônjuge, companheiro ou paren-
de e de legalidade, caracterizada por uma das te em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante

276
ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido CAPÍTULO III
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, DAS PENAS
para o exercício de cargo em comissão ou de con-
fiança ou, ainda, de função gratificada na adminis-
Art. 12. Independentemente do ressarci-
tração pública direta e indireta em qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede- mento integral do dano patrimonial, se efetivo, e
ral e dos Municípios, compreendido o ajuste me- das sanções penais comuns e de responsabilida-
de, civis e administrativas previstas na legislação
diante designações recíprocas; (Incluído pela Lei
específica, está o responsável pelo ato de impro-
nº 14.230, de 2021)
bidade sujeito às seguintes cominações, que po-
XII - praticar, no âmbito da administração dem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de
pública e com recursos do erário, ato de publici- acordo com a gravidade do fato: (Redação dada
dade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da pela Lei nº 14.230, de 2021)
Constituição Federal, de forma a promover inequí-
voco enaltecimento do agente público e personali- I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda
zação de atos, de programas, de obras, de servi- dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
ços ou de campanhas dos órgãos públi- patrimônio, perda da função pública, suspensão
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, paga-
mento de multa civil equivalente ao valor do
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações acréscimo patrimonial e proibição de contratar
Unidas contra a Corrupção, promulgada pe- com o poder público ou de receber benefícios ou
lo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006, incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
somente haverá improbidade administrativa, na mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídi-
aplicação deste artigo, quando for comprovado na ca da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
conduta funcional do agente público o fim de obter superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela
proveito ou benefício indevido para si ou para ou- Lei nº 14.230, de 2021)
tra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº Ferreira
Vitória Da Silva
14.230, de 2021) II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda
a quaisquer atos de improbidade administrativa da função pública, suspensão dos direitos políti-
tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quais- cos até 12 (doze) anos, pagamento de multa civil
quer outros tipos especiais de improbidade admi- equivalente ao valor do dano e proibição de con-
nistrativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº tratar com o poder público ou de receber benefí-
14.230, de 2021) cios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pes-
§ 3º O enquadramento de conduta funcional soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
na categoria de que trata este artigo pressupõe a prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação
demonstração objetiva da prática de ilegalidade dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
no exercício da função pública, com a indicação
das normas constitucionais, legais ou infralegais III - na hipótese do art. 11 desta Lei, paga-
violadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) mento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) ve-
zes o valor da remuneração percebida pelo agen-
§ 4º Os atos de improbidade de que trata es- te e proibição de contratar com o poder público ou
te artigo exigem lesividade relevante ao bem jurí- de receber benefícios ou incentivos fiscais ou cre-
dico tutelado para serem passíveis de sanciona- ditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
mento e independem do reconhecimento da pro- intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
dução de danos ao erário e de enriquecimento majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro)
ilícito dos agentes públicos. (Incluído pela Lei nº anos; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº
§ 5º Não se configurará improbidade a mera 14.230, de 2021)
nomeação ou indicação política por parte dos de-
tentores de mandatos eletivos, sendo necessária Parágrafo único. (Revogado). (Redação da-
a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte da pela Lei nº 14.230, de 2021)
do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

277
§ 1º A sanção de perda da função pública, § 8º A sanção de proibição de contratação
nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste com o poder público deverá constar do Cadastro
artigo, atinge apenas o vínculo de mesma quali- Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
dade e natureza que o agente público ou político (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de
detinha com o poder público na época do cometi- agosto de 2013, observadas as limitações territo-
mento da infração, podendo o magistrado, na hi- riais contidas em decisão judicial, conforme dis-
pótese do inciso I do caput deste artigo, e em posto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
caráter excepcional, estendê-la aos demais víncu- 14.230, de 2021)
los, consideradas as circunstâncias do caso e a
gravidade da infração. (Incluído pela Lei nº § 9º As sanções previstas neste artigo so-
14.230, de 2021) mente poderão ser executadas após o trânsito em
julgado da sentença condenatória. (Incluído pela
§ 2º A multa pode ser aumentada até o do- Lei nº 14.230, de 2021)
bro, se o juiz considerar que, em virtude da situa-
ção econômica do réu, o valor calculado na forma § 10. Para efeitos de contagem do prazo da
dos incisos I, II e III do caput deste artigo é inefi- sanção de suspensão dos direitos políticos, com-
caz para reprovação e prevenção do ato de im- putar-se-á retroativamente o intervalo de tempo
probidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado
da sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídi- 14.230, de 2021)
ca, deverão ser considerados os efeitos econômi-
cos e sociais das sanções, de modo a viabilizar a CAPÍTULO IV
manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei DA DECLARAÇÃO DE BENS
nº 14.230, de 2021)
Art. 13. A posse e o exercício de agente
§ 4º Em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados, aVitória
sanção de público ficam condicionados à apresentação de
Ferreira Da Silva
declaração de imposto de renda e proventos de
proibição de contratação com o poder público po-
qualquer natureza,
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de extrapolar o ente público lesado pelo ato de que tenha sido apresentada à
improbidade, observados os impactos econômicos Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil,
e sociais das sanções, de forma a preservar a a fim de ser arquivada no serviço de pessoal
função social da pessoa jurídica, conforme dispos- competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230,
to no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº de 2021)
14.230, de 2021)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos 14.230, de 2021)
bens jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção
§ 2º A declaração de bens a que se refere
limitar-se-á à aplicação de multa, sem prejuízo do
o caput deste artigo será atualizada anualmente e
ressarcimento do dano e da perda dos valores
na data em que o agente público deixar o exercí-
obtidos, quando for o caso, nos termos
cio do mandato, do cargo, do emprego ou da fun-
do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
ção. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)
§ 3º Será apenado com a pena de demis-
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público,
são, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o
a reparação do dano a que se refere esta Lei de-
agente público que se recusar a prestar a declara-
verá deduzir o ressarcimento ocorrido nas instân-
ção dos bens a que se refere o caput deste artigo
cias criminal, civil e administrativa que tiver por
dentro do prazo determinado ou que prestar de-
objeto os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº
claração falsa. (Redação dada pela Lei nº 14.230,
14.230, de 2021)
de 2021)
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídi-
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
cas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º
14.230, de 2021)
de agosto de 2013, deverão observar o princípio
constitucional do non bis in idem. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)

278
CAPÍTULO V ção de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Lei nº 14.230, de 2021)
E DO PROCESSO JUDICIAL § 2º Quando for o caso, o pedido de indis-
ponibilidade de bens a que se refere
Art. 14. Qualquer pessoa poderá represen- o caput deste artigo incluirá a investigação, o
tar à autoridade administrativa competente para exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e
que seja instaurada investigação destinada a apu- aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no
rar a prática de ato de improbidade. exterior, nos termos da lei e dos tratados interna-
cionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
§ 1º A representação, que será escrita ou re- 2021)
duzida a termo e assinada, conterá a qualificação
do representante, as informações sobre o fato e § 3º O pedido de indisponibilidade de bens a
sua autoria e a indicação das provas de que tenha que se refere o caput deste artigo apenas será
conhecimento. deferido mediante a demonstração no caso con-
creto de perigo de dano irreparável ou de risco ao
resultado útil do processo, desde que o juiz se
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a
convença da probabilidade da ocorrência dos atos
representação, em despacho fundamentado, se
descritos na petição inicial com fundamento nos
esta não contiver as formalidades estabelecidas
respectivos elementos de instrução, após a oitiva
no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a re-
do réu em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
presentação ao Ministério Público, nos termos do
14.230, de 2021)
art. 22 desta lei.
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser
§ 3º Atendidos os requisitos da representa- decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que
ção, a autoridade determinará a imediata apura- o contraditório prévio puder comprovadamente
ção dos fatos, observada a legislação que regula frustrar a efetividade da medida ou houver outras
Vitória
o processo administrativo disciplinar Ferreira
aplicável ao Da Silva
circunstâncias que recomendem a proteção limi-
agente. (Redação dadavitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
pela Lei nº 14.230, de nar, não podendo a urgência ser presumi-
2021) da. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

Art. 15. A comissão processante dará co- § 5º Se houver mais de um réu na ação, a
nhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou somatória dos valores declarados indisponíveis
Conselho de Contas da existência de procedimen- não poderá superar o montante indicado na peti-
to administrativo para apurar a prática de ato de ção inicial como dano ao erário ou como enrique-
improbidade. cimento ilícito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tri-
bunal ou Conselho de Contas poderá, a requeri- § 6º O valor da indisponibilidade considerará
mento, designar representante para acompanhar a estimativa de dano indicada na petição inicial,
o procedimento administrativo. permitida a sua substituição por caução idônea,
por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial,
a requerimento do réu, bem como a sua reade-
Art. 16. Na ação por improbidade adminis- quação durante a instrução do processo. (Incluído
trativa poderá ser formulado, em caráter antece- pela Lei nº 14.230, de 2021)
dente ou incidente, pedido de indisponibilidade de
bens dos réus, a fim de garantir a integral recom- § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro
posição do erário ou do acréscimo patrimonial dependerá da demonstração da sua efetiva con-
resultante de enriquecimento ilícito. (Redação corrência para os atos ilícitos apurados ou, quan-
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) do se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
incidente de desconsideração da personalidade
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº jurídica, a ser processado na forma da lei proces-
14.230, de 2021) sual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens
bens a que se refere o caput deste artigo poderá regida por esta Lei, no que for cabível, o regime
ser formulado independentemente da representa-

279
da tutela provisória de urgência da Lei nº 13.105, § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
de 16 de março de 2015 (Código de Processo 14.230, de 2021)
Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
§ 9º Da decisão que deferir ou indeferir a 14.230, de 2021)
medida relativa à indisponibilidade de bens caberá
agravo de instrumento, nos termos da Lei nº § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- 14.230, de 2021)
cesso Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
§ 10. A indisponibilidade recairá sobre bens 14.230, de 2021)
que assegurem exclusivamente o integral ressar-
cimento do dano ao erário, sem incidir sobre os § 4º-A A ação a que se refere o caput deste
valores a serem eventualmente aplicados a título artigo deverá ser proposta perante o foro do local
de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial de- onde ocorrer o dano ou da pessoa jurídica preju-
corrente de atividade lícita. (Incluído pela Lei nº dicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)
§ 5º A propositura da ação a que se refere
§ 11. A ordem de indisponibilidade de bens o caput deste artigo prevenirá a competência do
deverá priorizar veículos de via terrestre, bens juízo para todas as ações posteriormente intenta-
imóveis, bens móveis em geral, semoventes, na- das que possuam a mesma causa de pedir ou o
vios e aeronaves, ações e quotas de sociedades mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230,
simples e empresárias, pedras e metais preciosos de 2021)
e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de
contas bancárias, de forma a garantir a subsistên- § 6º A petição inicial observará o seguin-
cia do acusado e a manutenção da atividade em- te: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
presária ao longo do processo. (Incluído pela Lei
Vitória Ferreira DaI -Silva
deverá individualizar a conduta do réu e
nº 14.230, de 2021)
apontar
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.comos elementos probatórios mínimos que
§ 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indis- demonstrem a ocorrência das hipóteses dos arts.
ponibilidade de bens do réu a que se refere 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo im-
o caput deste artigo, observará os efeitos práticos possibilidade devidamente fundamenta-
da decisão, vedada a adoção de medida capaz de da; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
acarretar prejuízo à prestação de serviços públi-
II - será instruída com documentos ou justifi-
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cação que contenham indícios suficientes da ve-
§ 13. É vedada a decretação de indisponibi- racidade dos fatos e do dolo imputado ou com
lidade da quantia de até 40 (quarenta) salários razões fundamentadas da impossibilidade de
mínimos depositados em caderneta de poupança, apresentação de qualquer dessas provas, obser-
em outras aplicações financeiras ou em conta- vada a legislação vigente, inclusive as disposições
corrente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de
16 de março de 2015 (Código de Processo Ci-
§ 14. É vedada a decretação de indisponibi- vil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
lidade do bem de família do réu, salvo se compro-
vado que o imóvel seja fruto de vantagem patri- § 6º-A O Ministério Público poderá requerer
monial indevida, conforme descrito no art. 9º desta as tutelas provisórias adequadas e necessárias,
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Art. 17. A ação para a aplicação das san- Civil (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043)
ções de que trata esta Lei será proposta pelo Mi-
nistério Público e seguirá o procedimento comum
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos
previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 casos do art. 330 da Lei nº 13.105, de 16 de mar-
(Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta
ço de 2015 (Código de Processo Civil), bem como
Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de quando não preenchidos os requisitos a que se
2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043)
referem os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou
ainda quando manifestamente inexistente o ato de

280
improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230,
14.230, de 2021) de 2021)

§ 7º Se a petição inicial estiver em devida § 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-


forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a cita- C deste artigo, as partes serão intimadas a espe-
ção dos requeridos para que a contestem no pra- cificar as provas que pretendem produzir. (Incluído
zo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na pela Lei nº 14.230, de 2021)
forma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de mar-
ço de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação § 10-F. Será nula a decisão de mérito total
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) ou parcial da ação de improbidade administrativa
que: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021) I - condenar o requerido por tipo diverso da-
quele definido na petição inicial; (Incluído pela Lei
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)
II - condenar o requerido sem a produção
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões pre- das provas por ele tempestivamente especifica-
liminares suscitadas pelo réu em sua contestação das. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021) § 11. Em qualquer momento do processo,
verificada a inexistência do ato de improbidade, o
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei juiz julgará a demanda improcedente. (Redação
nº 14.230, de 2021) dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução § 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
Vitória Ferreira 14.230,
interrupção do prazo para a contestação, por pra-
de 2021)
Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
zo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei
Lei nº 13.964, de 2019) nº 14.230, de 2021)

§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a
caso, ouvido o autor, o juiz: (Incluído pela Lei nº pessoa jurídica interessada será intimada para,
14.230, de 2021) caso queira, intervir no processo. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide
I - procederá ao julgamento conforme o es- ADI 7043)
tado do processo, observada a eventual inexistên-
cia manifesta do ato de improbidade; (Incluído § 15. Se a imputação envolver a desconsi-
pela Lei nº 14.230, de 2021) deração de pessoa jurídica, serão observadas as
regras previstas nos arts.
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16
vistas a otimizar a instrução processual. (Incluído de março de 2015 (Código de Processo Ci-
pela Lei nº 14.230, de 2021) vil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, § 16. A qualquer momento, se o magistrado
o juiz proferirá decisão na qual indicará com preci- identificar a existência de ilegalidades ou de irre-
são a tipificação do ato de improbidade adminis- gularidades administrativas a serem sanadas sem
trativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modifi- que estejam presentes todos os requisitos para a
car o fato principal e a capitulação legal apresen- imposição das sanções aos agentes incluídos no
tada pelo autor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de polo passivo da demanda, poderá, em decisão
2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) motivada, converter a ação de improbidade admi-
nistrativa em ação civil pública, regulada pela Lei
§ 10-D. Para cada ato de improbidade admi- nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela
nistrativa, deverá necessariamente ser indicado Lei nº 14.230, de 2021)
apenas um tipo dentre aqueles previstos nos arts.

281
§ 17. Da decisão que converter a ação de II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964,
improbidade em ação civil pública caberá agravo de 2019)
de instrumento. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 18. Ao réu será assegurado o direito de
ser interrogado sobre os fatos de que trata a ação, § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964,
e a sua recusa ou o seu silêncio não implicarão de 2019)
confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964,
§ 19. Não se aplicam na ação de improbida-
de 2019)
de administrativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964,
I - a presunção de veracidade dos fatos ale- de 2019)
gados pelo autor em caso de revelia; (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na
forma dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo de 2019)
Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 17-B. O Ministério Público poderá,
III - o ajuizamento de mais de uma ação de
conforme as circunstâncias do caso concreto, ce-
improbidade administrativa pelo mesmo fato,
lebrar acordo de não persecução civil, desde que
competindo ao Conselho Nacional do Ministério
dele advenham, ao menos, os seguintes resulta-
Público dirimir conflitos de atribuições entre mem-
bros de Ministérios Públicos distintos; Vitória Ferreira
(Incluído
dos:Da Silvapela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide
(Incluído
ADI 7042)
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com (Vide ADI 7043)
pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluí-
IV - o reexame obrigatório da sentença de
do pela Lei nº 14.230, de 2021)
improcedência ou de extinção sem resolução de
mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - a reversão à pessoa jurídica lesada da
vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de
§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o pa-
agentes privados. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
recer atestando a legalidade prévia dos atos ad-
2021)
ministrativos praticados pelo administrador público
ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso § 1º A celebração do acordo a que se refere
este venha a responder ação por improbidade o caput deste artigo dependerá, cumulativamen-
administrativa, até que a decisão transite em jul- te: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
gado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) I - da oitiva do ente federativo lesado, em
momento anterior ou posterior à propositura da
§ 21. Das decisões interlocutórias caberá ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
agravo de instrumento, inclusive da decisão que
rejeitar questões preliminares suscitadas pelo réu II - de aprovação, no prazo de até 60 (ses-
em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, senta) dias, pelo órgão do Ministério Público com-
de 2021) petente para apreciar as promoções de arquiva-
mento de inquéritos civis, se anterior ao ajuiza-
Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº mento da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
13.964, de 2019) 2021)

I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, III - de homologação judicial, independente-


de 2019) mente de o acordo ocorrer antes ou depois do
ajuizamento da ação de improbidade administrati-
va. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

282
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que não podem ser
acordo a que se refere o caput deste artigo consi- presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
derará a personalidade do agente, a natureza, as
circunstâncias, a gravidade e a repercussão social II - considerar as consequências práticas da
do ato de improbidade, bem como as vantagens, decisão, sempre que decidir com base em valores
para o interesse público, da rápida solução do jurídicos abstratos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)

§ 3º Para fins de apuração do valor do dano III - considerar os obstáculos e as dificulda-


a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do des reais do gestor e as exigências das políticas
Tribunal de Contas competente, que se manifesta- públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos
rá, com indicação dos parâmetros utilizados, no dos administrados e das circunstâncias práticas
prazo de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº que houverem imposto, limitado ou condicionado
14.230, de 2021) a ação do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste
artigo poderá ser celebrado no curso da investiga- IV - considerar, para a aplicação das san-
ção de apuração do ilícito, no curso da ação de ções, de forma isolada ou cumulativa: (Incluído
improbidade ou no momento da execução da sen- pela Lei nº 14.230, de 2021)
tença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021) a) os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 5º As negociações para a celebração do 2021)
acordo a que se refere o caput deste artigo ocor-
rerão entre o Ministério Público, de um lado, e, de b) a natureza, a gravidade e o impacto da in-
outro, o investigado ou demandado e o seu defen- fração cometida; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
sor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide 2021)
Vitória Ferreira Da Silva
ADI 7042) (Vide ADI 7043)
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
c) a extensão do dano causado; (Incluído
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste pela Lei nº 14.230, de 2021)
artigo poderá contemplar a adoção de mecanis-
mos e procedimentos internos de integridade, de d) o proveito patrimonial obtido pelo agen-
auditoria e de incentivo à denúncia de irregulari- te; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
dades e a aplicação efetiva de códigos de ética e
e) as circunstâncias agravantes ou atenuan-
de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o
caso, bem como de outras medidas em favor do tes; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
interesse público e de boas práticas administrati-
f) a atuação do agente em minorar os prejuí-
vas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
zos e as consequências advindas de sua conduta
omissiva ou comissiva; (Incluído pela Lei nº
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo
14.230, de 2021)
a que se refere o caput deste artigo, o investigado
ou o demandado ficará impedido de celebrar novo
g) os antecedentes do agente; (Incluído pela
acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
Lei nº 14.230, de 2021)
conhecimento pelo Ministério Público do efetivo
descumprimento. (Incluído pela Lei nº 14.230, de V - considerar na aplicação das sanções a
2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) dosimetria das sanções relativas ao mesmo fato já
aplicadas ao agente; (Incluído pela Lei nº 14.230,
Art. 17-C. A sentença proferida nos pro- de 2021)
cessos a que se refere esta Lei deverá, além de
observar o disposto no art. 489 da Lei nº 13.105, VI - considerar, na fixação das penas relati-
de 16 de março de 2015 (Código de Processo vamente ao terceiro, quando for o caso, a sua
Civil): (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) atuação específica, não admitida a sua responsa-
bilização por ações ou omissões para as quais
I - indicar de modo preciso os fundamentos não tiver concorrido ou das quais não tiver obtido
que demonstram os elementos a que se referem vantagens patrimoniais indevidas; (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)

283
VII - indicar, na apuração da ofensa a princí- reversão dos bens. (Incluído pela Lei nº 14.230,
pios, critérios objetivos que justifiquem a imposi- de 2021)
ção da sanção. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não
adote as providências a que se refere o § 1º deste
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo artigo no prazo de 6 (seis) meses, contado do
que a qualifique não configura ato de improbida- trânsito em julgado da sentença de procedência
de. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) da ação, caberá ao Ministério Público proceder à
respectiva liquidação do dano e ao cumprimento
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a da sentença referente ao ressarcimento do patri-
condenação ocorrerá no limite da participação e mônio público ou à perda ou à reversão dos bens,
dos benefícios diretos, vedada qualquer solidarie- sem prejuízo de eventual responsabilização pela
dade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) omissão verificada. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)
§ 3º Não haverá remessa necessária nas
sentenças de que trata esta Lei. (Incluído pela Lei § 3º Para fins de apuração do valor do res-
nº 14.230, de 2021) sarcimento, deverão ser descontados os serviços
efetivamente prestados. (Incluído pela Lei nº
Art. 17-D. A ação por improbidade admi- 14.230, de 2021)
nistrativa é repressiva, de caráter sancionatório,
destinada à aplicação de sanções de caráter pes- § 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento,
soal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais cor-
vedado seu ajuizamento para o controle de legali- rigidas monetariamente, do débito resultante de
dade de políticas públicas e para a proteção do condenação pela prática de improbidade adminis-
patrimônio público e social, do meio ambiente e de trativa se o réu demonstrar incapacidade financei-
outros interesses difusos, coletivos e individuais ra de saldá-lo de imediato. (Incluído pela Lei nº
homogêneos. (Incluído pela Lei nº Vitória14.230, de 14.230,
Ferreira de 2021)
Da Silva
2021)
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nes- cumprimento da sentença, o juiz unificará eventu-
ta Lei, o controle de legalidade de políticas públi- ais sanções aplicadas com outras já impostas em
cas e a responsabilidade de agentes públicos, outros processos, tendo em vista a eventual conti-
inclusive políticos, entes públicos e governamen- nuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitu-
tais, por danos ao meio ambiente, ao consumidor, des, observado o seguinte: (Incluído pela Lei nº
a bens e direitos de valor artístico, estético, histó- 14.230, de 2021)
rico, turístico e paisagístico, a qualquer outro inte-
resse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz
ordem urbanística, à honra e à dignidade de gru- promoverá a maior sanção aplicada, aumentada
pos raciais, étnicos ou religiosos e ao patrimônio de 1/3 (um terço), ou a soma das penas, o que for
público e social submetem-se aos termos da Lei mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230,
nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021)
II - no caso de prática de novos atos ilícitos
Art. 18. A sentença que julgar procedente pelo mesmo sujeito, o juiz somará as san-
ções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
a ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei conde-
nará ao ressarcimento dos danos e à perda ou à Parágrafo único. As sanções de suspensão
reversão dos bens e valores ilicitamente adquiri- de direitos políticos e de proibição de contratar ou
dos, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica de receber incentivos fiscais ou creditícios do po-
prejudicada pelo ilícito. (Redação dada pela Lei nº der público observarão o limite máximo de 20 (vin-
14.230, de 2021)
te) anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Se houver necessidade de liquidação
do dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá
a essa determinação e ao ulterior procedimento CAPÍTULO VI
para cumprimento da sentença referente ao res- DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
sarcimento do patrimônio público ou à perda ou à

284
Art. 19. Constitui crime a representação por § 3º As sentenças civis e penais produzirão
ato de improbidade contra agente público ou ter- efeitos em relação à ação de improbidade quando
ceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o concluírem pela inexistência da conduta ou pela
sabe inocente. negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)
Pena: detenção de seis a dez meses e mul-
ta. § 4º A absolvição criminal em ação que dis-
cuta os mesmos fatos, confirmada por decisão
colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata
Parágrafo único. Além da sanção penal, o
esta Lei, havendo comunicação com todos os fun-
denunciante está sujeito a indenizar o denunciado
damentos de absolvição previstos no art. 386 do
pelos danos materiais, morais ou à imagem que
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
houver provocado.
1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 20. A perda da função pública e a sus-
pensão dos direitos políticos só se efetivam com o § 5º Sanções eventualmente aplicadas em
trânsito em julgado da sentença condenatória. outras esferas deverão ser compensadas com as
sanções aplicadas nos termos desta Lei. (Incluído
§ 1º A autoridade judicial competente poderá pela Lei nº 14.230, de 2021)
determinar o afastamento do agente público do
exercício do cargo, do emprego ou da função, Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previs-
sem prejuízo da remuneração, quando a medida to nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a re-
for necessária à instrução processual ou para evi- querimento de autoridade administrativa ou medi-
tar a iminente prática de novos ilícitos. (Incluído ante representação formulada de acordo com o
pela Lei nº 14.230, de 2021) disposto no art. 14 desta Lei, poderá instaurar
inquérito civil ou procedimento investigativo asse-
§ 2º O afastamento previsto Vitória
no § 1º deste
Ferreira melhado
Da Silva e requisitar a instauração de inquérito
artigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
uma única vez por igual vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
prazo, mediante decisão 2021)
motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos
Art. 21. A aplicação das sanções previstas previstos nesta Lei, será garantido ao investigado
nesta lei independe: a oportunidade de manifestação por escrito e de
juntada de documentos que comprovem suas ale-
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimô- gações e auxiliem na elucidação dos fatos. (Inclu-
nio público, salvo quanto à pena de ressarcimento ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
e às condutas previstas no art. 10 desta
Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) CAPÍTULO VII
DA PRESCRIÇÃO
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo
órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Art. 23. A ação para a aplicação das san-
Conselho de Contas. ções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito)
anos, contados a partir da ocorrência do fato ou,
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou no caso de infrações permanentes, do dia em que
externo serão considerados pelo juiz quando tive- cessou a permanência. (Redação dada pela Lei nº
rem servido de fundamento para a conduta do 14.230, de 2021)
agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021)
§ 2º As provas produzidas perante os ór-
gãos de controle e as correspondentes decisões II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
deverão ser consideradas na formação da convic- 14.230, de 2021)
ção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do
dolo na conduta do agente. (Incluído pela Lei nº III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021) 14.230, de 2021)

285
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de § 6º A suspensão e a interrupção da prescri-
processo administrativo para apuração dos ilícitos ção produzem efeitos relativamente a todos os
referidos nesta Lei suspende o curso do prazo que concorreram para a prática do ato de improbi-
prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
dias corridos, recomeçando a correr após a sua
conclusão ou, caso não concluído o processo, § 7º Nos atos de improbidade conexos que
esgotado o prazo de suspensão. (Incluído pela Lei sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e
nº 14.230, de 2021) a interrupção relativas a qualquer deles estendem-
se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato 2021)
de improbidade será concluído no prazo de 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias corridos, pror- § 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o
rogável uma única vez por igual período, mediante Ministério Público, deverá, de ofício ou a requeri-
ato fundamentado submetido à revisão da instân- mento da parte interessada, reconhecer a prescri-
cia competente do órgão ministerial, conforme ção intercorrente da pretensão sancionadora e
dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela decretá-la de imediato, caso, entre os marcos in-
Lei nº 14.230, de 2021) terruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo
previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º des- 14.230, de 2021)
te artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de
30 (trinta) dias, se não for caso de arquivamento Art. 23-A. É dever do poder público ofere-
do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de cer contínua capacitação aos agentes públicos e
2021) políticos que atuem com prevenção ou repressão
de atos de improbidade administrativa. (Incluído
§ 4º O prazo da prescrição referido pela Lei nº 14.230, de 2021)
no caput deste artigo interrompe-se: (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021) Vitória Ferreira DaArt. 23-B. Nas ações e nos acordos regi-
Silva
dos por esta Lei, não haverá adiantamento de
I - pelo ajuizamento vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
da ação de improbidade
custas, de preparo, de emolumentos, de honorá-
administrativa; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
rios periciais e de quaisquer outras despe-
2021)
sas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - pela publicação da sentença condenató-
§ 1º No caso de procedência da ação, as
ria; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
custas e as demais despesas processuais serão
III - pela publicação de decisão ou acórdão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Fede- 2021)
ral que confirma sentença condenatória ou que
§ 2º Haverá condenação em honorários su-
reforma sentença de improcedência; (Incluído pela
cumbenciais em caso de improcedência da ação
Lei nº 14.230, de 2021)
de improbidade se comprovada má-fé. (Incluído
IV - pela publicação de decisão ou acórdão pela Lei nº 14.230, de 2021)
do Superior Tribunal de Justiça que confirma
acórdão condenatório ou que reforma acórdão de Art. 23-C. Atos que ensejem enriqueci-
improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de mento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropria-
2021) ção, malbaratamento ou dilapidação de recursos
públicos dos partidos políticos, ou de suas funda-
V - pela publicação de decisão ou acórdão ções, serão responsabilizados nos termos da Lei
do Supremo Tribunal Federal que confirma acór- nº 9.096, de 19 de setembro de 1995. (Incluído
dão condenatório ou que reforma acórdão de im- pela Lei nº 14.230, de 2021)
procedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo re-
começa a correr do dia da interrupção, pela meta-
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de
de do prazo previsto no caput deste arti-
go. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) sua publicação.

286
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s Os princípios podem ser explícitos ou implíci-
3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de tos, gerais ou setoriais. Aqui, nos interessam os
dezembro de 1958 e demais disposições em con- princípios implícitos e explícitos, que são os mais
trário. cobrados em provas de concurso público.

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da A CRFB/88 traz, em seu art. 37, os princí-
Independência e 104° da República. pios explícitos. Veja-se:

Art. 37. A administração pública direta e


indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e
1. INTRODUÇÃO: eficiência.

Após a segunda Guerra Mundial, o Direito Para ficar mais fácil de lembrar, fixe o se-
passou por inúmeras transformações, dentre as guinte mnemônico – LIMPE:
quais, ocorreu o fenômeno que chamamos de
constitucionalização do Direito. Por este fenôme- Legalidade
no, os vários ramos do Direito foram sendo incor-
porados aos textos constitucionais. No Brasil, a Impessoalidade
CF/88 consagrou a constitucionalização do Direito
Administrativo, trazendo um regramento conside- Moralidade
rável, como no capítulo VII, do Título III, que esta-
belece as normas básicas da Administração Pú- Publicidade
blica. Vitória Ferreira Da Silva
Eficiência
Nesse processo vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
de constitucionalização do
Direito, foi afirmada a normatividade dos princí- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
pios, que passaram a ter mais força vinculante.
Destaque-se ainda que não existe hierarquia entre
O princípio da legalidade é corolário do Es-
os princípios.
tado de Direito, ou seja, o Estado pautado no im-
pério da lei. No entanto, no quadro atual do consti-
2. CONCEITO DE PRINCÍPIO: tucionalismo brasileiro, este princípio não se res-
tringe apenas ao respeito às leis, mas aos princí-
Existem vários conceitos de princípio, mas pios, ao ordenamento jurídico, com todas as suas
destacamos o conceito consagrado de Robert normas.
Alexy, segundo o qual princípios são:
Por isso, Rafael Oliveira prefere falar em
“[...] mandamentos de otimização, que são princípio da juridicidade. No mesmo sentido,
caracterizados por poderem ser satisfeitos em Emerson Garcia e Rogério Pacheco aduzem:
graus variados e pelo fato de que a medida devida
de sua satisfação não depende somente das pos- “O princípio da juridicidade, mais do que o
sibilidades fáticas, mas também das possibilida- respeito às regras (“direito por regras”), impõe aos
des jurídicas.”12 agentes públicos o respeito aos princípios (“direito
por princípios”) derivados explícita ou implicita-
Didaticamente, você pode entender princípio mente da Constituição Federal. Quer isso dizer
como uma “bússola”, uma orientação para o intér- que a noção de juridicidade, além de abranger a
prete e aplicador do Direito. conformidade dos atos com as regras jurídicas,
exige que sua produção observe, leia-se, não con-
3. CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍ- trarie, os princípios gerais de direito previstos na
PIOS: Carta Magna.13

287
Destaque-se que a legalidade aqui tratada, é PRINCÍPIO DA MORALIDADE:
a legalidade administrativa, que é marcada pela
vinculação do administrador público às normas A moralidade é um princípio autônomo pre-
jurídicas, não devendo ir além e nem contrariá-las. visto no art. 37 da CF/88. É um princípio que visa
assegurar os deveres de lealdade, de boa-fé e de
LEGALIDADE LEGALIDADE honestidade. Portanto, a conduta do agente públi-
(ESFERA PÚBLICA) (ESFERA PRIVADA) co deverá ser pautada não apenas no respeito às
Rege-se pela leis, mas, também, na ética/na probidade.
Autonomia da
Só está permitido
Vontade, do qual se A CF/88 tratou dos deveres de moralidade
fazer o que a lei prevê.
extrai a máxima de em vários dispositivos. Veja-se:
O que não está
que, o que não está
proibido,
expressamente Art. 14, §9º, CF: “Lei complementar estabe-
consequentemente, não
proibido, é lecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos
está permitido.
implicitamente de sua cessação, a fim de proteger a probidade
permitido. administrativa, a moralidade para exercício de
mandato [...]
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE:
Art. 15, V: “É vedada a cassação de direitos
O princípio da impessoalidade decorre da políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
supremacia do interesse público sobre o privado. casos de: [...]
Em respeito a ele, deve-se tratar a todos com
igualdade (isonomia), não havendo privilégios e V - improbidade administrativa, nos termos
nem perseguições. É decorrência dele a obediên- do art. 37, § 4º”.
cia à finalidade pública (princípio da finalidade).
Vitória Ferreira DaArt. 37, §4º: “Os atos de improbidade ad-
Silva
A CRFB/88 o consagra no art. 37, §1º. Veja- ministrativa importarão a suspensão dos direi-
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
tos políticos, a perda da função pública, a in-
se:
disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
§ 1º A publicidade dos atos, programas, erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos prejuízo da ação penal cabível”.
deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar Art. 85, V: “São crimes de responsabilidade
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem os atos do Presidente da República que atentem
promoção pessoal de autoridades ou servidores contra a Constituição Federal e, especialmente,
públicos. contra: [...] V - a probidade na administração;”

Nesse dispositivo, temos a consagração da Art. 5°, LXXIII - qualquer cidadão é parte le-
vedação à promoção pessoal, que é uma vertente gítima para propor ação popular que vise a anu-
da impessoalidade. Note-se, também, que a im- lar ato lesivo ao patrimônio público ou de entida-
pessoalidade está ligada à teoria do órgão ou da de de que o estado participe, à moralidade ad-
imputação volitiva, segundo a qual o ato de um ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
agente estatal é imputado ao Estado, não ao histórico e cultural, ficando o autor, salvo compro-
agente em si. vada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência;
Consagrando o princípio da impessoalidade,
temos a obrigação de contratação por meio de Com fundamento no princípio da moralidade,
licitações ou mesmo a realização de concurso o STF editou a Súmula Vinculante 13, que veda o
público para o provimento de cargo efetivo. nepotismo no Brasil. Veja-se:

Por fim, destaque-se que o desrespeito a es- SV 13, STF: A nomeação de cônjuge, com-
te princípio acarreta o chamado desvio de finali- panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
dade, que é uma ilegalidade que resultará na anu- afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da auto-
lação do ato. ridade nomeante ou de servidor da mesma pes-

288
soa jurídica, investido em cargo de direção, chefia LXIX - conceder-se-á mandado de
ou assessoramento, para o exercício de cargo em segurança para proteger direito líquido e certo,
comissão ou de confiança, ou, ainda, de fun- não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-
ção gratificada na Administração Pública direta e data", quando o responsável pela ilegalidade ou
indireta, em qualquer dos Poderes da União, abuso de poder for autoridade pública ou agente
dos Estados, do Distrito Federal e dos municí- de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
pios, compreendido o ajuste mediante designa- Poder Público;
ções recíprocas, viola a Constituição Federal.
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:
a) para assegurar o conhecimento de
O art. 1° da CF/88 consagrou os princípios informações relativas à pessoa do impetrante,
republicano e democrático. Em uma República (ou constantes de registros ou bancos de dados de
coisa pública), a regra é a transparência. Do entidades governamentais ou de caráter público;
mesmo modo, em um regime democrático, deve
reinar a transparência sobre a coisa pública. b) para a retificação de dados, quando não
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
Robustecendo essa ideia, a CF/88 positivou administrativo;
o Direito Fundamental à publicidade e o corres-
pondente dever de transparência por parte do No entanto, é preciso ter em mente que não
Poder Público. Veja-se: existe direito absoluto, pois vigora no Brasil o prin-
cípio da relatividade dos direitos fundamentais.
Art. 5°, XXXIII - todos têm direito a receber Exatamente por isso, a CF/88 excepcionou a re-
dos órgãos públicos informações de seu gra, que é a publicidade, e estabeleceu limites a
interesse particular, ou de interesse coletivo esse direito. Vejamos:
ou geral, que serão prestadas noVitória
prazo daFerreira
lei, Da Silva
sob pena de responsabilidade, ressalvadas Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
segurança da sociedade e do Estado; assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
Art. 39, § 6º. Os Poderes Executivo, Legisla-
tivo e Judiciário publicarão anualmente os valores Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publi-
do subsídio e da remuneração dos cargos e em- cidade dos atos processuais quando a defesa da
pregos públicos. (Parágrafo acrescido pela Emen- intimidade ou o interesse social o exigirem;
da Constitucional nº 19, de 1998).
Art. 5°, XXXIII - todos têm direito a receber
Robustecendo o direito fundamental à trans- dos órgãos públicos informações de seu interesse
parência, a CF/88 criou mecanismos de proteção particular, ou de interesse coletivo ou geral, [...]
a esse direito, como é o caso do Direito de Peti- ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
ção, de obter certidões, do HD e do MS. Vejamos imprescindível à segurança da sociedade e do
os seguintes dispositivos, todos previstos no art. Estado;
5°:
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA:
XXXIV - são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas: O princípio da eficiência, segundo Di Pietro,
é o mais moderno princípio da função administra-
a) o direito de petição aos Poderes tiva. Ele foi inserido na CRFB/88 pela Emenda
Públicos em defesa de direitos ou contra Constitucional 19/98, no “caput” do art. 37.
ilegalidade ou abuso de poder;
Ligado à ideia de administração gerencial,
b) a obtenção de certidões em repartições ele busca dar maior racionalidade na gestão da
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento coisa pública, com o aumento na qualidade da
de situações de interesse pessoal; prestação dos serviços públicos pelo Estado e
seus delegatários.

289
Segundo Di Pietro, este princípio possui dois Art. 39, § 2º A União, os Estados e o Dis-
aspectos, podendo ser considerado em relação ao trito Federal manterão escolas de governo pa-
modo de atuação do agente público, que deve ra a formação e o aperfeiçoamento dos servi-
prestar o melhor serviço público possível; bem dores públicos, constituindo-se a participação
como um modo de organizar/estruturar a Adminis- nos cursos um dos requisitos para a promo-
tração Pública, com o objetivo de alcançar os me- ção na carreira, facultada, para isso, a celebra-
lhores resultados na boa prestação dos serviços ção de convênios ou contratos entre os entes fe-
públicos. derados. (Parágrafo com redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Robustecendo esse princípio, a CRFB/88
consagrou uma série de dispositivos que buscam Art. 39, § 7º Lei da União, dos Estados, do
assegurar a maior qualificação dos agentes públi- Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a
cos e o aparelhamento estatal para prestar com aplicação de recursos orçamentários proveni-
racionalidade, eficiência e economicidade os ser- entes da economia com despesas correntes em
viços públicos aos cidadãos. Vejamos: cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação
no desenvolvimento de programas de qualida-
Art. 37, § 3º A lei disciplinará as formas de de e produtividade, treinamento e desenvolvi-
participação do usuário na administração pública mento, modernização, reaparelhamento e raci-
direta e indireta, regulando especialmente: onalização do serviço público, inclusive sob a
forma de adicional ou prêmio de produtividade.
I - as reclamações relativas à prestação dos (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional
serviços públicos em geral, asseguradas a ma- nº 19, de 1998)
nutenção de serviços de atendimento ao usuá-
rio e a avaliação periódica, externa e interna, Art. 41, § 1º O servidor público estável só
da qualidade dos serviços; perderá o cargo: [...]

Vitóriaad-
II - o acesso dos usuários a registros Ferreira Da III Silva
– mediante procedimento de avaliação
ministrativos e a informações vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
sobre atos de periódica de desempenho, na forma de lei com-
governo, observado o disposto no art. 5º, X e plementar, assegurada ampla defesa. (Parágrafo
XXXIII; com redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
III - a disciplina da representação contra o
exercício negligente ou abusivo de cargo, em- [...]
prego ou função na administração pública.
(Parágrafo com redação dada pela Emenda Cons- § 4º Como condição para a aquisição da
titucional nº 19, de 1998); estabilidade, é obrigatória a avaliação especial
de desempenho por comissão instituída para
Art. 37, § 8º A autonomia gerencial, orça- essa finalidade. (Parágrafo acrescido pela Emen-
mentária e financeira dos órgãos e entidades da da Constitucional nº 19, de 1998)
administração direta e indireta poderá ser ampli-
ada mediante contrato, a ser firmado entre seus Portanto, ante a análise de todos os disposi-
administradores e o poder público, que tenha por tivos constitucionais acima, percebe-se a impor-
objeto a fixação de metas de desempenho para tância que a CRFB/88 deu ao princípio da eficiên-
o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: cia.

I - o prazo de duração do contrato; Quadro mnemônico dos princípios EXPLÍCITOS

II - os controles e critérios de avaliação de


desempenho, direitos, obrigações e responsabili- LIMPE
dade dos dirigentes;
Legalidade Obediência à Lei.
III - a remuneração do pessoal. (Parágrafo Impessoalidade Neutralidade.
acrescido pela Emenda Constitucional nº 19, de
Moralidade Honestidade.
1998)

290
Publicidade Transparência - Controle. Direito de conhecer e contradi-
Economicidade e Contraditório zer todos os atos que lhe este-
Eficiência jam sendo imputados.
Qualidade.
Criação de Entes Administrativos
Além dos princípios acima, a CF/88, a legislação ordiná- Especialidade para o exercício de atribuições
ria e a Doutrina/Jurisprudência consagraram os seguin- específicas.
tes princípios ligados à função administrativa do Estado: Estabilidade das relações
jurídicas/ Veda aplicação
Segurança
retroativa de nova interpretação
Jurídica
PRINCÍPIOS DEFINIÇÃO jurídica pela Administração.
Ao mesmo dispositivo legal.

Superioridade do interesse Atuação dentro dos


Razoabilidade
Supremacia do limites do aceitável.
público em relação ao
Interesse Público
interesse particular. Equilíbrio entre a necessidade

O administrador não pode dis- Proporcionalidade e a adequação de uma


Indisponibilidade
do Interesse por do que não é seu, pois o conduta estatal.
interesse público é da coletivi-
Público dade. Direito de participar da
Administração pública, no tocan-
Necessidade de justificação dos
Motivação Vitória Ferreira
Da Silva te ao acesso das informações e
atos realizados. Participação
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com na promoção de reclamações,
A Administração Pública pode quanto aos serviços prestados e
rever e fiscalizar os próprios representações contra abusos e
atos. Assim, quando inoportu- negligências praticadas.
nos, poderá revogá-los e, quan-
Autotutela
do praticados invalidamente,
pode ela mesma, sem necessitar
recorrer ao Poder Judiciário,
decretar a sua e anulação.

Presunção de Presunção RELATIVA de que os


atos estatais são praticados de
Legitimidade acordo com o Direito.
Presunção RELATIVA de que os
Presunção de atos estatais são praticados de
acordo com a verdade ou
Veracidade
realidade. Fé pública.
A Atividade administrativa não
Continuidade
pode ser interrompida.
Possibilidade de utilizar qual-
Ampla Defesa quer meio de defesa em direito
permitido.

291
Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com

292
Percebe-se, pois, que a ética é
1 – NOÇÕES DE ÉTICA:
universal, é teoria, é uma espécie de investiga-
ção sobre a moral e os comportamentos mo-
O termo ética deriva do grego “ethos”, que signifi-
rais dos homens.
ca caráter, modo de ser de uma pessoa.
No entanto, é importante observar que a ética não
Mas, afinal, o que é ética? VALLS afirma que
possui apenas este sentido. A ética pode ser divi-
dida em ética filosófica, ética científica e em ética
“A ética é uma daquelas coisas que todo mun- normativa. Enquanto a ética filosófica é mera re-
do sabe o que são, mas que não são fáceis de flexão sobre o bem e mal, a ética científica busca
explicar, quando alguém pergunta”. estudar e entender os diversos comportamentos
morais dos homens de modo racional e objetivo.
VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7. ed.
Brasiliense, 1993, p.7. Assim, a definição de ética acima, de Vásquez, é
uma definição da ética científica. É ela que você
deve levar para a sua prova.

Vitória Ferreira Da Silva


vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Palavras-chave sobre Ética: bem,
mal, reflexão, teoria, princípios e universal.

Já a ética normativa busca estabelecer padrões


de conduta para uma dada sociedade que são
tidos como adequadas para boa vida em socieda-
de.

Por que estudar ética?


Segundo Adolfo Sánchez Vásquez
O homem é um animal político, como defendia
Aristóteles. Logo, ele necessita da vida em socie-
“A ética é teoria, investigação ou explicação de dade para se desenvolver enquanto ser.
um tipo de experiência humana ou forma de
comportamento dos homens, o da moral, con- Ocorre que a vida em sociedade apresenta uma
siderado porém na sua totalidade, diversidade e série de desafio aos homens, principalmente
variedade. [...] a ética é a teoria ou ciência do quando seus interesses se confrontam.
comportamento moral dos homens em soci-
edade. Ou seja, é ciência de uma forma espe- Nessas horas é que se faz necessário um conjun-
cífica de comportamento humano.” to de princípios estabelecidos socialmente que
sirvam de parâmetro ou modelo para a conduta
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 32. Ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 21-23.
dos homens.

Pois bem, a ética se propõe a refletir sobre os


padrões estabelecidos nas diversas sociedades
no tempo e no espaço. Busca entendê-los.

293
A outra, pelo contrário, dizia: “Não seja para mim
nem para ti, mas divida-se”. Então Salomão disse:
Pode-se dizer que a ética busca res- “Dai a primeira o menino vivo porque é ela a ver-
ponder a três questionamentos: Quero? Devo? dadeira mãe”. E assim todo o povo de Israel sou-
Posso? be que a sabedoria de Deus assistia ao rei para
julgar com retidão.

Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/historia_biblia/17.php.
Acesso em: 08 set. 2011.

2 – NOÇÕES SOBRE MORAL:

Entendido o que é a ética, agora podemos buscar


entender o que vem a ser a moral. Registre-se
Vitória Ferreira
queDa Silva
existe uma proximidade grande entre os con-
ceitos, mas saiba que ética e moral são coisas
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
bem distintas e não podem ser confundidas.

Já vimos que a moral é o objeto de estudo da éti-


ca. Em sua etimologia, moral vem do latim
A sabedoria de Salomão “mos” ou “mores”, que significa costume ou
costumes.
Apresentaram-se duas mulheres a Salomão. Uma
disse: “Senhor, eu e esta mulher habitávamos na Adolfo Sánchez Vásquez conceitua moral como
mesma casa. Durante a noite, estando a dormir, um sistema de normas que regulamentam as
sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono, relações entre os indivíduos em uma dada soci-
pôs o meu filho adormecido junto de si e colocou edade, em um determinado tempo e em um espa-
aos meus pés o seu filho que estava morto. De ço específico. Veja-se:
manhã, olhando de perto para ele, vi que não era
o meu filho”.
“A moral um sistema de normas, princípios e
A outra mulher interrompeu: “Não, o meu filho é o valores, segundo o qual são regulamentadas
que está vivo, o teu morreu”. A primeira replicou: as relações mútuas entre os indivíduos ou
“Não, o teu é que morreu. O que está vivo entre estes e a comunidade, de tal maneira
é meu”. E continuaram a disputar. Então o rei dis- que estas normas, dotadas de um caráter his-
se: Trazei uma espada, dividi em duas partes o tórico e social, sejam acatadas livre e cons-
menino que está vivo e dai metade a cada uma!”. cientemente, por uma convicção íntima, e
não de uma maneira mecânica, externa ou im-
Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho pessoal.”
estava vivo suplicou: “Senhor, peço-vos que lhes
deis a ela o menino vivo e não o mateis!”. SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 32. Ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011, p. 84.

294
Perceba-se que neste conceito o autor destaca o Assim, o homem moral é aquele que pode avaliar
caráter histórico e social da moral. Isso quer qual a conduta que deve ser realizada nas diver-
dizer que não existe ou existiu apenas uma sas situações sociais de acordo com os padrões
moral, mas várias morais no tempo e no espa- historicamente definidos como corretos ou erra-
ço. dos.

Agora que já sabemos o que é moral e o que é


O Brasil já teve uma moral que reconhecia a es- ética, podemos estabelecer um quadro esquema-
cravidão dos negros e a inferioridade das mulhe- tizado destacando os principais aspectos que dife-
res. Atualmente, essa moral não mais subsiste
Vitória de
Ferreira renciam
Da Silvaa moral da ética.
modo hegemônico, ainda que persistam alguns
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
dos seus aspectos como herança cultural. Antes, é importante destacar que essas diferenças
Aqui, destaca-se a ligação da moral com a cul- entre a moral e a ética são muito cobradas em
tura, ou seja, a produção do homem, seja em su- provas, por isso é preciso fixar essas diferenças.
as relações sociais ou em suas relações com o
meio ambiente. Assim, vejamos quais são essas diferenças:

Assim, a moral é social, ou seja, conjunto de re-


gras de conduta estabelecidas em uma determi-
nada sociedade.

Observe ainda que, além da cultura, a liberdade


e a consciência são outros aspectos importan-
tes para se compreender a moral.

Só há conduta moral se houver consciência e li-


berdade, aspectos que diferenciam a conduta dos
homens da conduta dos demais animais e dos
fenômenos da natureza, que apenas acontecem
naturalmente.

O homem, como ser moral, é dotado de razão e


de consciência. Portanto, ele pode escolher
livremente, com autonomia, entre o que é certo
e o que é errado. E quem define o que é o certo e
o errado? A moral social.

295
”De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver te, na produção das normas jurídicas que dotarão
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injus- os valores sociais hegemônicos de imperativida-
tiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas de, ou seja, de obrigatoriedade jurídica.
mãos dos maus, o homem chega a desanimar da
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser Nesse sentido, fica evidente que o Estado é um
honesto”. ente ético, pois reflete as escolhas políticas da
Ruy Barbosa sociedade e os seus valores dominantes.

Assim, estupro é crime porque, antes de se tornar


um crime por meio de uma lei, ele é reprovado
socialmente como algo ruim, errado, imoral e que
fere princípios éticos de conduta. Aqui temos uma
interface entre o Direito e a moral. Isso porque o
Direito positiva a moral, ou seja, torna legal ou
1 – CONCEITO DE ESTADO: ilegal determinadas condutas sociais aprovadas
ou reprovadas pela comunidade.
Nesta disciplina, é muito importante compreender
o que é o Estado e qual o seu papel político e so- Como um ente ético, o Estado tem por escopo,
cial. em teoria, as boas práticas políticas, morais, insti-
tucionais, sociais, todas elas a partir da sua sobe-
O Estado possui um importante papel na regula- rania, autodeterminação e independência nacio-
ção social, pois ele é o responsável por elaborar nal.
as normas jurídicas que são dotadas de imperati-
vidade. Nesse sentido, veja-se alguns dos princípios fun-
damentais que regem a República Federativa do
A definição do conceito e do papel do Estado não Brasil (Estado brasileiro) segundo a CRFB/88:
é matéria fácil e está sujeita a inúmeros debates
Vitória Ferreira Da Silva
entre os pensadores da Teoria Política e do Esta- Art. 1º A República Federativa do Brasil,
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do. No entanto, para os fins deste trabalho, ado- formada pela união indissolúvel dos Estados
tamos o conceito de Estado proposto por Dalmo e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
Dallari, para quem o Estado é se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
“[...] ordem jurídica soberana que tem por fim
I - a soberania;
o bem comum de um povo situado em deter-
minado território.” (DALLARI, Dalmo. Elemen- II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
tos de Teoria do Estado. 29. ed. São Paulo:
IV - os valores sociais do trabalho e da li-
Saraiva, 2010, p.119.
vre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Note-se que, pelo conceito de Dalmo Dallari, o
estado possui quatro elementos, a saber: povo Parágrafo único. Todo o poder emana do povo,
(elemento humano), soberania (elemento político), que o exerce por meio de representantes eleitos
território (elemento geográfico) e o bem comum ou diretamente, nos termos desta Constituição.
(elemento finalístico ou teleológico).
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais
2 – ESTADO COMO SER ÉTICO-POLÍTICO: da República Federativa do Brasil:

Dentre os elementos do Estado, destacamos o I - construir uma sociedade livre, justa e


bem comum. Mas afinal, o que seria o bem co- solidária;
mum? Quem define o que é o bem comum?
II - garantir o desenvolvimento nacional;
Ora, conforme já vimos, este é um campo para a
ética e para a moral, pois são os princípios éticos III - erradicar a pobreza e a marginaliza-
e morais que vão se refletir nas escolhas políticas ção e reduzir as desigualdades sociais e
e que vão nortear a atuação estatal, principalmen- regionais;

296
acesso à riqueza produzida pela sociedade. Faz
IV - promover o bem de todos, sem pre- parte dos direitos que expressa essa dimensão os
conceitos de origem, raça, sexo, cor, ida- direitos sociais como o acesso à educação e à
de e quaisquer outras formas de discri- saúde.
minação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil re-


ge-se nas suas relações internacionais pelos Nesse sentido, o título II da CF/88
seguintes princípios: trouxe um rol de direitos fundamentais que consa-
[...] gram essas três dimensões. Ocorre que, em um
II - prevalência dos direitos humanos; sentido jurídico restrito, a cidadania correspon-
VI - defesa da paz; de a uma qualificação que o Estado confere
VII - solução pacífica dos conflitos; aos seus integrantes. Assim, cidadão, em um sen-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; tido estritamente jurídico, é o nacional que des-
IX - cooperação entre os povos para o pro- fruta plenamente dos direitos políticos e que
gresso da humanidade; está em dia com as suas obrigações eleitorais
(art. 14, CF/88).
No mesmo sentido, dispõe a CF/88, em seu artigo
5°, que são direitos fundamentais individuais: 3 – ÉTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem O papel do Estado contemporâneo é proteger e
distinção de qualquer natureza, garantindo- fomentar os direitos fundamentais dos cidadãos.
se aos brasileiros e aos estrangeiros resi- Assim, a atuação da Administração, por meio dos
dentes no País a inviolabilidade do direito seus agentes, deve ser pautada no respeito a es-
à vida, à liberdade, à igualdade, à segu- ses direitos fundamentais e no respeito aos prin-
rança e à propriedade, nos termos seguin- cípios constitucionalmente positivados. Veja-se o
tes: Vitória Ferreira art.
Da37Silva
da CRFB/88:
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Art. 37. A administração pública direta e indi-
I - homens e mulheres são iguais em direitos
e obrigações, nos termos desta Constitui- reta de qualquer dos Poderes da União, dos
ção; Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
[...] pios obedecerá aos princípios de legalida-
III - ninguém será submetido a tortura nem a de, impessoalidade, moralidade, publici-
tratamento desumano ou degradante; dade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional
Nota-se, pois, que essas normas constitucionais nº 19, de 1998)
refletem as escolhas políticas fundamentais do
Estado brasileiro, que foram positivadas, mas que, Esses princípios devem nortear a conduta dos
antes, foram estabelecidas por consensos sociais servidores públicos da administração pública dire-
e políticos sobre o que seria o bom ou o correto, ta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
passando, pois, pelo campo dos debates éticos e dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
morais.
Digamos que eles são os princípios éticos-
2.1. Cidadania: constitucionais para a conduta dos servidores pú-
blicos brasileiros.
A cidadania pode ser entendida sobre três dimen-
sões. Uma dimensão civil, que corresponde aos 3.1. A discussão britânica sobre padrões de
direitos referentes à vida em sociedade do cida- conduta na vida pública:
dão, com o reconhecimento da isonomia entre os
cidadãos, a sua liberdade de locomoção e o seu Em maio de 1995, foi encaminhado ao primeiro-
direito de propriedade. Uma dimensão política, ministro do Reino Unido um relatório elaborado
que corresponde aos direitos dos cidadãos de pela assim chamada Comissão Nolan, sobre nor-
participarem do governo da sociedade, com direi- mas de conduta na vida pública britânica. A Co-
tos como o voto e a possibilidade de organizar missão, presidida por Lord Nolan (cujo nome se
partidos. E uma dimensão social, com o reco- aplica também ao relatório), reuniu-se durante
nhecimento da possibilidade do cidadão de ter seis meses, recebeu cerca de duas mil cartas e

297
ouviu mais de cem pessoas em audiências públi- sível. Eles devem justificar suas decisões e res-
cas. tringir o acesso à informação somente se o inte-
resse maior do público assim o exigir.

Seu trabalho concentrou-se sobre questões relati- Honestidade


vas ao Parlamento, a ministros e a servidores do
Os ocupantes de cargos públicos tem o dever de
Executivo e às organizações não-governamentais
declarar quaisquer interesses particulares que
semi-autônomas. O Relatório Nolan é um docu-
tenham relação com seus deveres públicos e de
mento sóbrio que detecta e discute problemas de
tomar medidas para resolver quaisquer conflitos
um serviço público do qual os britânicos muito se
que possam surgir de forma a proteger o interesse
orgulham, pelo menos desde o século XIX.1
público.

Liderança
OS SETE PRINCÍPIOS DA VIDA PÚBLICA
Os ocupantes de cargos públicos devem promo-
Esses princípios aplicam-se a todos os aspectos ver e apoiar estes princípios através da liderança
da vida pública. A Comissão relacionou-os para o e do exemplo.
uso de todos que de alguma forma prestem servi-
ço ao público. 4 – O CÓDIGO DE ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA:
Interesse Público
Os ocupantes de cargos públicos deverão tomar
decisões baseadas unicamente no interesse pú-
blico. Não deverão decidir com o objetivo de obter
benefícios financeiros ou materiais para si, sua
família ou seus amigos.
Vitória Ferreira Da Silva
Integridade vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Os ocupantes de cargos públicos não deverão
colocar-se em situação de obrigação financeira ou
de outra ordem para com indivíduos ou organiza-
ções externas que possa influenciá-los no cum-
primento de seus deveres oficiais.
Além desses valores e princípios positivados na
Objetividade
CRFB/88, existem outras normas jurídicas que
No desempenho das atividades públicas, inclusive consagram padrões de conduta ainda mais espe-
nomeações, concessão de contratos ou recomen- cíficos para os servidores públicos no Brasil.
dação de pessoas para recompensas e benefí-
cios, os ocupantes de cargos públicos deverão Essas normas jurídicas são os Códigos de Ética
decidir apenas com base no mérito. dos diversos entes políticos (União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios), que possu-
“Accountability” em autonomia federativa para elaborar seus pró-
prios Códigos de Ética, desde que em conformi-
Os ocupantes de cargos públicos são responsá-
dade com a CF/88.
veis perante o público por suas decisões e ações,
e devem submeter-se a qualquer fiscalização
Assim, a Lei nº 13.407, de 21 de novembro de
apropriada ao seu cargo.
2003, Institui o Código Disciplinar da Polícia Militar
do Ceará e do Corpo de Bombeiros Militar do Es-
Transparência
tado do Ceará, dispõe sobre o comportamento
Os ocupantes de cargos públicos devem conferir a ético dos militares estaduais, estabelece os
suas decisões e ações a maior transparência pos- procedimentos para apuração da responsabilidade
administrativo-disciplinar dos militares estaduais e
dá outras providências.
1
Retirado da obra cadernos do ENAP (Escola Nacional de Adminis-
tração Pública). Ética no Serviço Público – A reflexão estrangeira.

298
função, ou fora dele, já que refletirá o exercí-
cio da vocação do próprio poder estatal. Seus
atos, comportamentos e atitudes serão direci-
onados para a preservação da honra e da
tradição dos serviços públicos.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no
uso das atribuições que lhe confere o art. 84,
II - O servidor público não poderá jamais
incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o dis-
desprezar o elemento ético de sua conduta.
posto no art. 37 da Constituição, bem como
Assim, não terá que decidir somente entre o
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveni-
dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da
ente e o inconveniente, o oportuno e o inopor-
Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,
tuno, mas principalmente entre o honesto e o
desonesto, consoante as regras contidas
DECRETA:
no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Fe-
deral.
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder
III - A moralidade da Administração Pú-
Executivo Federal, que com este baixa.
blica não se limita à distinção entre o bem e o
mal, devendo ser acrescida da idéia de que o
Art. 2° Os órgãos e entidades da Admi-
fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre
nistração Pública Federal direta e indireta im-
a legalidade e a finalidade, na conduta do
plementarão, em sessenta dias, as providên-
servidor público, é que poderá consolidar a
cias necessárias à plena vigência do Código
moralidade do ato administrativo.
de Ética, inclusive mediante a Constituição da
respectiva Comissão de Ética, integrada por
Vitória Ferreira Da Silva
IV- A remuneração do servidor público é
três servidores ou empregados titulares de
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
cargo efetivo ou emprego permanente.
custeada pelos tributos pagos direta ou indire-
tamente por todos, até por ele próprio, e por
isso se exige, como contrapartida, que a mo-
Parágrafo único. A constituição da Co-
ralidade administrativa se integre no Direito,
missão de Ética será comunicada à Secretaria
como elemento indissociável de sua aplicação
da Administração Federal da Presidência da
e de sua finalidade, erigindo-se, como conse-
República, com a indicação dos respectivos
qüência, em fator de legalidade.
membros titulares e suplentes.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor
Art. 3° Este decreto entra em vigor na da-
público perante a comunidade deve ser en-
ta de sua publicação.
tendido como acréscimo ao seu próprio bem-
estar, já que, como cidadão, integrante da
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL
sociedade, o êxito desse trabalho pode ser
DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER
considerado como seu maior patrimônio.
EXECUTIVO FEDERAL
VI - A função pública deve ser tida como
CAPÍTULO I
exercício profissional e, portanto, se integra
na vida particular de cada servidor público.
SEÇÃO I
Assim, os fatos e atos verificados na conduta
do dia-a-dia em sua vida privada poderão
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
vida funcional.
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficá-
cia e a consciência dos princípios morais são VII - Salvo os casos de segurança nacio-
primados maiores que devem nortear o servi- nal, investigações policiais ou interesse supe-
dor público, seja no exercício do cargo ou rior do Estado e da Administração Pública, a

299
serem preservados em processo previamente XII - Toda ausência injustificada do ser-
declarado sigiloso, nos termos da lei, a publi- vidor de seu local de trabalho é fator de des-
cidade de qualquer ato administrativo constitui moralização do serviço público, o que quase
requisito de eficácia e moralidade, ensejando sempre conduz à desordem nas relações hu-
sua omissão comprometimento ético contra o manas.
bem comum, imputável a quem a negar.
XIII - O servidor que trabalha em harmo-
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. nia com a estrutura organizacional, respeitan-
O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ain- do seus colegas e cada concidadão, colabora
da que contrária aos interesses da própria e de todos pode receber colaboração, pois
pessoa interessada ou da Administração Pú- sua atividade pública é a grande oportunidade
blica. Nenhum Estado pode crescer ou estabi- para o crescimento e o engrandecimento da
lizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do Nação.
erro, da opressão ou da mentira, que sempre
aniquilam até mesmo a dignidade humana SEÇÃO II
quanto mais a de uma Nação.
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado PÚBLICO
e o tempo dedicados ao serviço público carac-
terizam o esforço pela disciplina. Tratar mal XIV - São deveres fundamentais do ser-
uma pessoa que paga seus tributos direta ou vidor público:
indiretamente significa causar-lhe dano moral.
Da mesma forma, causar dano a qualquer a) desempenhar, a tempo, as atribuições
bem pertencente ao patrimônio público, dete- do cargo, função ou emprego público de que
Vitórianão
riorando-o, por descuido ou má vontade, Ferreira
sejaDa Silva
titular;
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
constitui apenas uma ofensa ao equipamento
e às instalações ou ao Estado, mas a todos b) exercer suas atribuições com rapidez,
os homens de boa vontade que dedicaram perfeição e rendimento, pondo fim ou procu-
sua inteligência, seu tempo, suas esperanças rando prioritariamente resolver situações pro-
e seus esforços para construí-los. crastinatórias, principalmente diante de filas
ou de qualquer outra espécie de atraso na
X - Deixar o servidor público qualquer prestação dos serviços pelo setor em que
pessoa à espera de solução que compete ao exerça suas atribuições, com o fim de evitar
setor em que exerça suas funções, permitindo dano moral ao usuário;
a formação de longas filas, ou qualquer outra
espécie de atraso na prestação do serviço, c) ser probo, reto, leal e justo, demons-
não caracteriza apenas atitude contra a ética trando toda a integridade do seu caráter, es-
ou ato de desumanidade, mas principalmente colhendo sempre, quando estiver diante de
grave dano moral aos usuários dos serviços duas opções, a melhor e a mais vantajosa
públicos. para o bem comum;

XI - O servidor deve prestar toda a sua d) jamais retardar qualquer prestação de


atenção às ordens legais de seus superiores, contas, condição essencial da gestão dos
velando atentamente por seu cumprimento, e, bens, direitos e serviços da coletividade a seu
assim, evitando a conduta negligente. Os re- cargo;
petidos erros, o descaso e o acúmulo de des-
vios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e e) tratar cuidadosamente os usuários dos
caracterizam até mesmo imprudência no de- serviços aperfeiçoando o processo de comu-
sempenho da função pública. nicação e contato com o público;

300
f) ter consciência de que seu trabalho é q) manter-se atualizado com as instru-
regido por princípios éticos que se materiali- ções, as normas de serviço e a legislação per-
zam na adequada prestação dos serviços pú- tinentes ao órgão onde exerce suas funções;
blicos;
r) cumprir, de acordo com as normas do
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibili- serviço e as instruções superiores, as tarefas
dade e atenção, respeitando a capacidade e de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
as limitações individuais de todos os usuários vel, com critério, segurança e rapidez, man-
do serviço público, sem qualquer espécie de tendo tudo sempre em boa ordem.
preconceito ou distinção de raça, sexo, nacio-
nalidade, cor, idade, religião, cunho político e s) facilitar a fiscalização de todos atos ou
posição social, abstendo-se, dessa forma, de serviços por quem de direito;
causar-lhes dano moral;
t) exercer com estrita moderação as prer-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem rogativas funcionais que lhe sejam atribuídas,
nenhum temor de representar contra qualquer abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos
comprometimento indevido da estrutura em legítimos interesses dos usuários do serviço
que se funda o Poder Estatal; público e dos jurisdicionados administrativos;

i) resistir a todas as pressões de superio- u) abster-se, de forma absoluta, de exer-


res hierárquicos, de contratantes, interessa- cer sua função, poder ou autoridade com fina-
dos e outros que visem obter quaisquer favo- lidade estranha ao interesse público, mesmo
res, benesses ou vantagens indevidas em que observando as formalidades legais e não
decorrência de ações imorais, ilegais ou aéti- cometendo qualquer violação expressa à lei;
cas e denunciá-las; Vitória Ferreira Da Silva
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
v) divulgar e informar a todos os inte-
j) zelar, no exercício do direito de greve, grantes da sua classe sobre a existência des-
pelas exigências específicas da defesa da te Código de Ética, estimulando o seu integral
vida e da segurança coletiva; cumprimento.

l) ser assíduo e frequente ao serviço, na SEÇÃO III


certeza de que sua ausência provoca danos
ao trabalho ordenado, refletindo negativamen- DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
te em todo o sistema;
XV - E vedado ao servidor público;
m) comunicar imediatamente a seus su-
periores todo e qualquer ato ou fato contrário a) o uso do cargo ou função, facilidades,
ao interesse público, exigindo as providências amizades, tempo, posição e influências, para
cabíveis; obter qualquer favorecimento, para si ou para
outrem;
n) manter limpo e em perfeita ordem o
local de trabalho, seguindo os métodos mais b) prejudicar deliberadamente a reputa-
adequados à sua organização e distribuição; ção de outros servidores ou de cidadãos que
deles dependam;
o) participar dos movimentos e estudos
que se relacionem com a melhoria do exercí- c) ser, em função de seu espírito de soli-
cio de suas funções, tendo por escopo a reali- dariedade, conivente com erro ou infração a
zação do bem comum; este Código de Ética ou ao Código de Ética
de sua profissão;
p) apresentar-se ao trabalho com vesti-
mentas adequadas ao exercício da função;

301
d) usar de artifícios para procrastinar ou p) exercer atividade profissional aética ou
dificultar o exercício regular de direito por ligar o seu nome a empreendimentos de cu-
qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou nho duvidoso.
material;
CAPÍTULO II
e) deixar de utilizar os avanços técnicos
e científicos ao seu alcance ou do seu conhe- DAS COMISSÕES DE ÉTICA
cimento para atendimento do seu mister;
XVI - Em todos os órgãos e entidades da
f) permitir que perseguições, simpatias, Administração Pública Federal direta, indireta
antipatias, caprichos, paixões ou interesses autárquica e fundacional, ou em qualquer ór-
de ordem pessoal interfiram no trato com o gão ou entidade que exerça atribuições dele-
público, com os jurisdicionados administrati- gadas pelo poder público, deverá ser criada
vos ou com colegas hierarquicamente superi- uma Comissão de Ética, encarregada de ori-
ores ou inferiores; entar e aconselhar sobre a ética profissional
do servidor, no tratamento com as pessoas e
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou com o patrimônio público, competindo-lhe co-
receber qualquer tipo de ajuda financeira, gra- nhecer concretamente de imputação ou de
tificação, prêmio, comissão, doação ou vanta- procedimento susceptível de censura.
gem de qualquer espécie, para si, familiares
ou qualquer pessoa, para o cumprimento da XVII -- Cada Comissão de Ética, integra-
sua missão ou para influenciar outro servidor da por três servidores públicos e respectivos
para o mesmo fim; suplentes, poderá instaurar, de ofício, proces-
so sobre ato, fato ou conduta que considerar
h) alterar ou deturpar o teor deVitória
documen- Ferreira Da Silva
passível de infringência a princípio ou norma
tos que deva encaminhar vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
para providências; ético-profissional, podendo ainda conhecer de
consultas, denúncias ou representações for-
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa muladas contra o servidor público, a reparti-
que necessite do atendimento em serviços ção ou o setor em que haja ocorrido a falta,
públicos; cuja análise e deliberação forem recomendá-
veis para atender ou resguardar o exercício
j) desviar servidor público para atendi- do cargo ou função pública, desde que formu-
mento a interesse particular; ladas por autoridade, servidor, jurisdicionados
administrativos, qualquer cidadão que se
l) retirar da repartição pública, sem estar identifique ou quaisquer entidades associati-
legalmente autorizado, qualquer documento, vas regularmente constituídas. (Revogado
livro ou bem pertencente ao patrimônio públi- pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
co;
XVIII - À Comissão de Ética incumbe for-
m) fazer uso de informações privilegia- necer, aos organismos encarregados da exe-
das obtidas no âmbito interno de seu serviço, cução do quadro de carreira dos servidores,
em benefício próprio, de parentes, de amigos os registros sobre sua conduta ética, para o
ou de terceiros; efeito de instruir e fundamentar promoções e
para todos os demais procedimentos próprios
n) apresentar-se embriagado no serviço da carreira do servidor público.
ou fora dele habitualmente;
XIX - Os procedimentos a serem adota-
o) dar o seu concurso a qualquer institui- dos pela Comissão de Ética, para a apuração
ção que atente contra a moral, a honestidade de fato ou ato que, em princípio, se apresente
ou a dignidade da pessoa humana; contrário à ética, em conformidade com este
Código, terão o rito sumário, ouvidos apenas

302
o queixoso e o servidor, ou apenas este, se a XXIV - Para fins de apuração do com-
apuração decorrer de conhecimento de ofício, prometimento ético, entende-se por servidor
cabendo sempre recurso ao respectivo Minis- público todo aquele que, por força de lei, con-
tro de Estado. (Revogado pelo Decreto nº trato ou de qualquer ato jurídico, preste servi-
6.029, de 2007) ços de natureza permanente, temporária ou
XX - Dada a eventual gravidade da con- excepcional, ainda que sem retribuição finan-
duta do servidor ou sua reincidência, poderá a ceira, desde que ligado direta ou indiretamen-
Comissão de Ética encaminhar a sua decisão te a qualquer órgão do poder estatal, como as
e respectivo expediente para a Comissão autarquias, as fundações públicas, as entida-
Permanente de Processo Disciplinar do res- des paraestatais, as empresas públicas e as
pectivo órgão, se houver, e, cumulativamente, sociedades de economia mista, ou em qual-
se for o caso, à entidade em que, por exercí- quer setor onde prevaleça o interesse do Es-
cio profissional, o servidor público esteja ins- tado.
crito, para as providências disciplinares cabí-
veis. O retardamento dos procedimentos aqui XXV - Em cada órgão do Poder Executi-
prescritos implicará comprometimento ético vo Federal em que qualquer cidadão houver
da própria Comissão, cabendo à Comissão de de tomar posse ou ser investido em função
Ética do órgão hierarquicamente superior o pública, deverá ser prestado, perante a res-
seu conhecimento e providências. (Revogado pectiva Comissão de Ética, um compromisso
pelo Decreto nº 6.029, de 2007) solene de acatamento e observância das re-
XXI - As decisões da Comissão de Ética, gras estabelecidas por este Código de Ética e
na análise de qualquer fato ou ato submetido de todos os princípios éticos e morais estabe-
à sua apreciação ou por ela levantado, serão lecidos pela tradição e pelos bons costu-
resumidas em ementa e, com a omissão dos mes. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de
nomes dos interessados, divulgadasVitória
no Ferreira
pró- Da Silva
2007)
prio órgão, bem como remetidas às demais
vitoria15ferreira06da1999silva@gmail.com
Comissões de Ética, criadas com o fito de
formação da consciência ética na prestação
de serviços públicos. Uma cópia completa de
todo o expediente deverá ser remetida à Se-
cretaria da Administração Federal da Presi-
dência da República. (Revogado pelo Decreto
nº 6.029, de 2007)

XXII - A pena aplicável ao servidor públi-


co pela Comissão de Ética é a de censura e
sua fundamentação constará do respectivo
parecer, assinado por todos os seus integran-
tes, com ciência do faltoso.

XXIII - A Comissão de Ética não poderá


se eximir de fundamentar o julgamento da
falta de ética do servidor público ou do pres-
tador de serviços contratado, alegando a falta
de previsão neste Código, cabendo-lhe recor-
rer à analogia, aos costumes e aos princípios
éticos e morais conhecidos em outras profis-
sões; (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de
2007)

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Vitória Ferreira Da Silva
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