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O PAPEL DA GESTÃO MUNICIPAL

Para a construção de uma política pública de qualidade na Educação Infantil é muito importante que a
contratação e seleção das/os profissionais (gestoras/es, professoras/es e profissionais de apoio) que atuam com
os bebês e as crianças pequenas passem por uma seleção, que considerem a formação necessária exigida por lei e
levantem critérios para essa contração. O ideal é que essa seleção possa ser feita por meio de concurso público,
visando avaliar e selecionar as/os melhores profissionais para desenvolver o trabalho com os bebês e crianças
pequenas.

É importante que, nesse processo, alguns saberes específicos sejam levados em consideração, tais como:

1 Conhecimento sobre desenvolvimento infantil e sobre os documentos legais que orientam e subsidiam as práticas da
Educação Infantil, em especial, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) e a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC-EI).

2 Compreensão sobre o papel da brincadeira e das interações como eixos estruturantes do currículo da Educação
Infantil. Nacional Comum Curricular (BNCC-EI).

3 Conhecimentos sobre a cultura local onde a escola/Rede municipal está inserida.

Com base nas questões discutidas até aqui, antes de continuar busque refletir e saber como são efetuadas as
contrações das/os profissionais que atuam na Educação Infantil no seu município, quais os critérios utilizados e,
ainda, se os critérios utilizados levam em consideração a especificidade da Educação Infantil.

Formação Continuada das/os Profissionais

Foto: CEI Cidade de Genebra – São Paulo

O fato de a formação inicial das/os professoras/es da Educação Infantil estar assegurada pelos estatutos legais,
é um marco e avanço importante para a área.
O Art. 10 da lei 13.257/2016 define que:

os profissionais que atuam nos diferentes ambientes de execução das políticas e programas
destinados à criança na primeira infância terão acesso garantido e prioritário à qualificação, sob a
forma de especialização e atualização, em programas que contemplem, entre outros temas, a
especificidade da primeira infância, a estratégia da intersetorialidade na promoção do
desenvolvimento integral e a prevenção e a proteção contra toda forma de violência contra a criança.

Mas, para que isso se traduza em qualidade, de fato, e se reflita em práticas de qualidade com as crianças, é
necessário que os Sistemas ou Redes de ensino invistam na formação continuada em serviço e, preferencialmente,
em contexto. Essa formação deve visar atender as reais necessidades desses profissionais, possibilitando que
ampliem seus conhecimentos, reflitam sobre suas ações, redimensionem sua prática para que o trabalho se efetive,
garantindo, assim, a qualidade do atendimento, do aprendizado e do desenvolvimento das crianças de zero a cinco
anos.
Conforme apontado no documento já estudado no módulo 1, Parâmetros Nacionais de Qualidade da Educação
Infantil (BRASIL, 2018, p. 35) e em outros documentos normativos da política nacional, “a formação inicial e
continuada são processos constitutivos da ação docente, que se expressam como exigência legal e como garantia
de contínuo aperfeiçoamento e qualificação”, portanto, constituem-se como um DIREITO das/os profissionais.
Portanto, a formação continuada dos docentes e gestores deve ser vista como direito e necessidade inerente à
profissão, que deve ocorrer no âmbito da Rede, como uma ação prioritária da gestão municipal e deve encontrar
espaço da própria instituição de Educação Infantil, lócus privilegiado para essa formação. Neste contexto, a
formação pode ser desenvolvida nas reuniões pedagógicas, na garantia de horários coletivos de estudos entre as/os
professoras/es, sob a coordenação das/os gestoras/es, que devem buscar trazer, para esses momentos formativos,
temas relevantes que favoreçam a construção de práticas pedagógicas que desenvolvam a autonomia, a criatividade
e imaginação dos bebês e crianças, considerando que eles e elas são sujeitos potentes e capazes.
Convidamos você a assistir um vídeo que traz argumentos e inspirações para a efetivação deste tipo de formação
na Rede municipal.

VÍDEO OBRIGATÓRIO

Assista ao vídeo: Qual é a importância da formação continuada na escola?


Produzido pela Avante - Educação e Mobilização Social. O vídeo traz elementos importantes
para se efetivar esta ação em cada instituição.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OlSGnwJQjYU

Tempo do vídeo 4:19.

Neste vídeo, fica evidente que a formação continuada em serviço deve promover a reflexão sobre a ação
pedagógica, por meio da relação da prática com a teoria, sendo uma possibilidade de fortalecimento do Projeto
Político Pedagógico e da identidade da Instituição Educacional.

Para que a formação continuada aconteça na instituição educacional, é muito importante que os profissionais
estejam abertos para a escuta do outro, para o diálogo e a troca de experiências. Nesse processo, as/os gestoras/es
têm um papel fundamental, pois, como uma/um líder, irá coordenar seu grupo para trazerem suas práticas
desenvolvidas com os bebês e as crianças, para serem refletidas à luz de uma teoria que os ajude a revê-las,
salientando quais são potentes e devem ser incentivadas para serem ampliadas e quais devem ser reformuladas,
modificadas ou ainda abandonadas.

Nesse sentido, várias estratégias de formação podem ser adotadas com o objetivo de serem implantados
processos reflexivos, de ampliação de repertório, que colaborem para o aprimoramento do trabalho desenvolvido
junto às crianças. Porém, cabe ressaltar que não é qualquer formação que conseguirá esse objetivo, pois há uma
enorme diferença em treinamento e formação. No treinamento as/os professoras/es são estimulados a
reproduzirem aquilo que aprendem sem reflexão, muitas vezes não tendo consciência do porque estão fazendo
determinadas práticas; já os processos de formação continuada buscam sua tematização para o aprofundamento,
entendimento e, se necessário, para sua transformação com vistas à melhoria da qualidade das experiências
oferecidas às crianças e da garantia dos seus direitos de aprendizagem.

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