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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA-UNIR

PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - PROPESq


CAMPUS DE JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - DCHS
GRUPO DE PESQUISA EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA- GPEA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS E TRABALHO VOLUNTÁRIO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA: PERÍODO DE AGOSTO/2015 A JULHO DE 2016.

RELATÓRIO FINAL

PROJETO DE PESQUISA:

Educação Infantil: O que fazer? Como Fazer? O que revelam as


Concepções e as práticas pedagógicas?

ORIENTADORA:
Profª Ms. Ednéia Maria Azevedo Machado

PLANO DE TRABALHO:
Qual a finalidade da Educação Infantil na concepção e prática dos professores
e professoras?

BOLSISTA PIBIC/UNIR:
Regina Martins de Holanda

Ji-Paraná/RO
Julho de 2016
IDENTIFICAÇÃO

Grupo de Pesquisa: Grupo de Pesquisa Educação na Amazônia – GPEA.

Projeto Matriz: Educação Infantil: O que fazer? Como Fazer? O que revelam as
Concepções e as práticas pedagógicas?

Bolsista: Regina Martins de Holanda – Bolsista/PIBIC/UNIR.

Orientadora: Profa. Ms. Ednéia Maria Azevedo Machado - Departamento de


Ciências Humanas e Sociais - Campos de Ji-Paraná/UNIR.

Local de execução: Ji-Paraná/RO.

Vigência: Agosto de 2015 a Julho de 2016

APOIO

Fundação Universidade Federal de Rondônia – Bolsa de pesquisa.


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

AGRADECIMENTOS

Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC.


Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Às escolas, e os professores colaboradores desta pesquisa.
À equipe de pesquisadores do GPEA
INTRODUÇÃO

O presente relatório vem apresentar os resultados do estudo desenvolvido no


âmbito do projeto: Educação Infantil: O que fazer? Como Fazer? O que revelam
as Concepções e as práticas pedagógicas? Que se desdobrou no plano de
trabalho: Qual finalidade da Educação Infantil na concepção e prática dos
professores e professoras? Tendo como objetivo principal, analisar como os
professores e professoras concebem as finalidades da educação infantil e como
essas dialogam com suas práticas pedagógicas.

O referido projeto está vinculado à Linha de Pesquisa Estudos da Infância:


formação, concepção e prática pedagógica do Grupo de Pesquisa Educação na
Amazônia – GPEA da UNIR – Campus de Ji-Paraná.

Este relatório foi dividido em três partes, sendo que no primeiro momento
serão apresentados um pouco da trajetória da educação infantil nos últimos anos e
como os documentos oficiais elaborados com objetivo de orientar as ações e
práticas contribuindo para as reflexões e avanços nesta etapa de ensino da
educação básica.
No segundo momento apresentamos algumas reflexões sobre a formação
dos (as) profissionais da educação infantil e como essa formação vem contribuindo
para efetivação das ações e práticas na educação infantil.
Em seguida, os procedimentos metodológicos utilizados no estudo,
descrevendo a realidade investigada, sujeitos e instrumentos para coleta de dados e
os procedimentos de análise. Posteriormente os resultados da pesquisa e sua
análise, onde serão expostas também, as conclusões do estudo.

1. EDUCAÇÃO INFANTIL AO LONGO DA HISTÓRIA

Os pressupostos que norteiam este estudo consideram que a Educação


Infantil, como uma importante etapa da Educação Básica que precisa estar em
amplo debate nacional principalmente em relação qualidade de seu atendimento. Os
Estudos e pesquisas e os investimentos nas políticas públicas em relação ao
atendimento às crianças de 0 a 05 anos de idade ampliaram-se nos últimos anos e
ganharam diferentes contornos, com também as discussões sobre a organização da
prática pedagógica considerando as concepções e as especificidades da infância.

A inclusão das Creches e Pré-Escolas nos sistemas educacionais significou


pensar a Educação Infantil numa perspectiva mais ampla e complexa implicando
assim, levantamento de discussões profundas em relação à finalidade desta etapa
da educação básica. Educação Infantil deixa de ser tratada como assistencialismo e
precisa ser pensada de forma educacional tendo como eixo principal o cuidar e
educar de formas indissociáveis.

Esse movimento causa diversos questionamentos em relação a prática


educacional para o atendimento as crianças em idade de 0 a 5 anos. Como
organizar práticas pedagógicas para crianças tão pequenas? Como planejar
considerando os conhecimentos prévios destas crianças nesta faixa etária? Além
destes questionamentos esbarramos também na formação dos profissionais que
atendem essas crianças, que até então bastava “gostar de crianças” “ser meiga e
carinhosa”.

1.1 Educação Infantil na legislação

Os últimos 30 anos foi um marco na garantia dos direitos dos cidadãos


brasileiros principalmente em relação à infância. A promulgação da Constituição
Federal em 1988, Criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990
e, no campo educacional, em 20 de dezembro de 1996 foi aprovada a nova LDB, a
Lei de nº 9.394 a qual inclui a Educação Infantil na primeira etapa da educação
básica. A referida lei veio para regulamentar e delinear uma nova concepção de
Educação Infantil no país, onde a criança é vista como sujeito de direitos
apresentados de forma específica.

E assim, nos últimos anos, ocorreram mudanças significativas em termos


legais em relação à Educação Infantil como a elaboração de diversos documentos
elaborados pelo Ministério da Educação entre eles: Referencial Curricular Nacional
da Educação Infantil – RCNEI (1998), Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Infantil – DCNEI (2010) e os Parâmetros de Qualidade de Atendimento na
Educação Infantil – PQAEI (2006) com objetivo de pensar a organização prática
pedagógica com também os espaços físicos que considere a criança como sujeito
capaz de construir conhecimento.

Com as determinações expressas na LDB 9394/96, devido a incorporação da


educação infantil à secretaria de educação, houve a necessidade de elaborar
documentos para orientar e buscar uma ação integrada que incorpore às atividades
educativas e os cuidados essenciais das crianças e suas brincadeiras, pois as
creches e pré-escolas deixariam de ter um caráter assistencialista desvinculando-se
da secretaria de ação social.

Entre os documentos podemos citar o Referencial Curricular Nacional para


Educação Infantil – RCNEI, de 1998.

O Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam


para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas
identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à
infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa
realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa
educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação,
pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural.
(RCNEI, 1998, v.1. p.7).

Desta forma, acreditamos que apesar das criticas existentes em relação ao


RCNEI, ele é um documento importante que vem subsidiar a organização das
práticas na educação infantil nos últimos anos uma vez que tem a proposta de olhar
a educação infantil a partir de suas especificidades do atendimento dessa faixa
etária.

Já as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI, de


2010, que foram elaboradas a partir da Resolução nº 5, de 17 de novembro de 2009
que: “Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil”, que traz
em sua redação orientações a serem observadas na organização de propostas
pedagógicas na Educação Infantil, ressaltamos que as DCNEI se caracterizam como
um documento mandatório.

Sendo que uma das propostas das DCNEI (2010) é a construção de um


currículo específico para a educação infantil, uma vez que, trabalhar com crianças
dessa faixa etária exige reconhecimento de suas especificidades e o mesmo não
deve ser uma reprodução ou “adaptação” do currículo do ensino fundamental.

Desta forma, Oliveira (2012, p. 38), aponta que o desafio do currículo, “é


superar uma prática pedagógica centrada no professor e trabalhar, sobretudo, a
sensibilidade deste para fazer uma aproximação real da criança, compreendendo-a
do ponto de vista dela, e não do ponto de vista do adulto”. Acreditamos que essa
proposta de currículo da educação infantil requer do professor uma nova postura
deixando de ser a figura central do processo de aprendizagem e assumindo o papel
de mediador entre a criança e o objeto de aprendizagem.

Para reforçar a importância da criança como protagonista no currículo da


educação infantil Kramer, (1999) apud Nascimento, (2000, p. 15), diz que :

O currículo é algo vivo e dinâmico. Ele está relacionado a todas as


ações que envolvem a criança no seu dia-a-dia dentro das
instituições de ensino, não só quando nós professores consideramos
que as crianças estão aprendendo. O currículo deve prever espaço
de interações entre as crianças sem a mediação direta do professor,
e espaços de aprendizagem na interação com os adultos, nos quais
as crianças sejam as protagonistas.

Além da necessidade da elaboração de um currículo que considere a criança


como protagonista na educação infantil, essa faixa etária também necessita de
ambientes/ espaços adequados que favoreçam o processo de aquisição de
conhecimentos, bem como seu desenvolvimento social e afetivo. Para Horn (2004,
p.16), “[...] os espaços destinados a crianças pequenas deverão ser desafiadores e
acolhedores, pois, consequentemente, proporcionarão interações entre elas e delas
com os adultos”.

A autora ainda especifica que “no caso de crianças em idade pré-escolar,


o papel do adulto é o de parceiro mais experiente que promove, organiza e provê
situações em que as interações entre as crianças e o meio sejam provedoras de
desenvolvimento”. (HORN, 2004, p.20).

Conforme o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998), a


organização do espaço físico, os materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e o
mobiliário não devem ser vistos como elementos passivos, mas como componentes
ativos do processo educacional. A organização dos espaços físicos nas escolas de
educação infantil sempre revela os valores e as concepções por elas adotadas.

Corroborando com essa ideia Horn (2004, p.37) afirma que: o espaço é algo
socialmente construído, refletindo normas sociais e representações culturais que
não o tornam neutro e, como conseqüência, retrata hábitos e rituais que contam
experiências vividas. Sendo assim, por meio da organização dos espaços e das
brincadeiras a criança passar a obter a noção de coletividade e cooperatividade,
desenvolver autonomia, estabelecer vínculos afetivos com os colegas e adultos,
conhecer a cultura e o mundo do adulto, pela imitação e a expressar seus
sentimentos e desejos. Sendo desta forma, de fundamental importância o papel do
professor para considerar as crianças como protagonistas nestes espaços.

No RCNEI (1998), o professor da Educação Infantil é considerado como


aquele que disponibiliza as condições para que a criança organize de forma pessoal
e autônoma suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais, brincando
de maneira espontânea e prazerosa.

Apesar dos avanços e das conquistas da educação infantil vale ressaltar que
ainda existem situações bastante diversificadas que merecem ser questionadas e
repensadas para que se realmente possa falar em uma educação de qualidade às
crianças de 0 a 5 anos de idade em nosso país. Entre elas podemos citar: mais
investimentos para reestruturação e ampliação de vagas; melhoria dos espaços
físicos das escolas que atendam essa clientela; valorização e formação dos
docentes desse nível; a ausência das propostas pedagógicas que atendam às
especificidades desta faixa etária.

Dentre essas questões que ainda precisam ser aperfeiçoadas e


aprofundadas, consideramos como primordial para a melhoria da qualidade na
educação infantil as discussões em relação da formação e valorização do
profissional da educação infantil e a construção de uma identidade do profissional
que atende essa etapa de ensino.

1.2. A formação do (a) Professor (a) da Educação Infantil


Os estudos e pesquisas (KRAMER, 2000, KISHIMOTO, 2008) referente a
infância e a educação infantil nos últimos anos apontam para a necessidade de uma
organização e redirecionamento levando em consideração as especificidades faixa
etária atendida, ressaltando ainda aspectos sobre a formação dos professores, as
questões de ordem pedagógica e a organização dos espaços físicos e materiais que
fazem parte de um conjunto de aspectos que contribuem de forma efetiva para a
qualidade do atendimento.

Trazendo assim, uma perspectiva de olhar para crianças como sujeito


complexo, desta forma não cabe mais um trabalho fragmentado sem levar em
consideração todo conhecimento já construído pela criança antes desta chegar à
escola. De acordo com Kramer (2005) a Educação Infantil tem a finalidade de
valorizar os conhecimentos prévios das crianças.

Para tanto é necessário profissionais que reconheçam as especificidades das


crianças em idade de zero a cinco anos. Mas o que se espera de um (a) profissional
de Educação Infantil? Que tipo de atividade desenvolver com as crianças? Como
organizar um trabalho que vá realmente desenvolver as crianças nos seus aspectos
físicos, cognitivos e afetivos de forma integral?

Cumprir as transformações ocorridas nessa modalidade, bem como, atender


as novas exigências implantadas por meio das políticas públicas para a Educação
Infantil, exige desse profissional uma formação que considere os conhecimentos
prévios dos alunos e com ele, construir possibilidades de uma educação cidadã, tal
como preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96.

Isto porque o profissional requerido para a contemporaneidade deve ter um


novo estilo, uma nova atitude, superando, assim as práticas tradicionais. Deve ser
competente, criativo, capaz de planejar, executar e avaliar as ações a serem
desenvolvidas, e que estas respondam aos interesses dos meninos e meninas, e, de
modo geral, da sociedade como um todo. Desta forma, os/as professores/as não
devem ser vistos apenas como técnicos do ensino, mas como sujeitos que
constroem sua identidade, que podem teorizar sobre sua prática pedagógica a partir
de saberes construídos pela experiência e por meio da reflexão (NÓVOA, 2008;
TARDIF, 2004).
É consenso que falar de professores e professoras da Educação Infantil é
diferente de falar de professores e professoras do Ensino Fundamental, pois as
especificidades das instituições de Educação Infantil estão pautadas no ato de
cuidar e educar, que exige respeito e valorização deste profissional.

O RCNEI (1998) define o perfil do professor para a educação infantil como um


mediador entre a criança e o conhecimento, isso implica na compreensão da
infância como um tempo que precisa ser vivido plenamente possibilitando as
interações, a apropriação de conceitos, códigos sociais e diferentes linguagens. Daí
a necessidade de um profissional que conheça as especificidades do trabalho a ser
desenvolvido nessa faixa etária e concebam o cuidar e o educar como atos
indissociáveis.

Desta forma, esses profissionais necessitam de uma formação ampla que


garanta saberes, competências e habilidades que atendam às necessidades infantis
e os tornem aprendizes e professores e professoras reflexivos/ as que observam e
repensam suas práticas. De acordo com Oliveira (2005), esses profissionais passam
a discutir em suas práticas pedagógicas, uma visão sobre o cuidar e educar de
maneira educativa, distinguindo o cuidar educacional do cuidar familiar, buscando a
autonomia e o desenvolvimento da criança.
Esses profissionais terão elementos para desenvolver um trabalho de
qualidade, pois estarão cientes das especificidades do atendimento às crianças e
também equipados teórica e metodologicamente. De acordo com Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), as creches e as pré-escolas,
como instituições educativas, têm responsabilidade com o desenvolvimento e a
aprendizagem de crianças pequenas, o que exige um trabalho intencional e de
qualidade.

É nesse sentido que a formação continuada dos professores que atuam


nessa etapa educacional merece destaque especial, por se tratar de um trabalho
que se realiza com a criança que, como sabemos, possui especificidades e
necessidades próprias da idade. Então, a formação dos professores da Educação
Infantil hoje é um direito dos próprios professores e também das crianças.
A valorização da educação infantil articula-se com a constatação feita pelas
ciências modernas de que a inteligência infantil se forma a partir do nascimento e se
estende ao longo da infância, sendo influenciada pelo meio e por suas interações.
Daí a necessidade de que profissionais que atuam na Educação sejam
oportunizados a uma formação que garanta ampliação das discussões entorno das
especificidades da educação infantil, entre elas destacamos as finalidades das
escolas para as crianças de 0 a 5 anos de idade.

Para Nakano (2015, p.4) a falta de formação específica para os profissionais


da educação infantil pode causar, “A falta do entendimento acerca da identidade
pode dar como resultado o não saber fazer pedagógico na Educação Infantil, a
exemplo dos embates das concepções entre o cuidar e educar”. Assim, os cuidados
dispensados as crianças seriam os mesmo que recebem em casa que envolve o
banho, troca de fraldas, alimentação, sono. Esses profissionais não conseguem
perceber que o cuidar da criança em creche não é o mesmo que cuidar em casa,
causando assim, a desvalorização dos profissionais que atuam nesta etapa de
ensino.

Os documentos legais que orientam a organização do trabalho na educação


infantil como a Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – DCNEI
(2010) traz o conceito do Cuidar e Educar como processos indissociáveis nas
práticas da Educação Infantil. Neste contexto, faz-se necessário que os profissionais
da educação estejam aptos a exercerem essa nova visão de educação infantil
discutindo e refletindo sobre as relações e interfaces do cuidar e educar entendendo
que não existe uma educação sem cuidado.

Assim, concluímos que a formação com qualidade, do professor da Educação


Infantil, é fundamental para garantir o desenvolvimento das crianças, e também
assegurar uma prática pedagógica que vá efetivamente considerar a criança como
sujeita do conhecimento, desse modo garantir de fato a finalidade desta etapa da
educação básica.

2. CAMINHO METODOLÓGICO
A pesquisa apresentada foi realizada através do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) 2015/2016 do Projeto intitulado: Educação
Infantil: O que fazer? Como fazer? O que revelam as concepções e as práticas
pedagógicas? Do plano de trabalho: Qual a finalidade da Educação Infantil na
concepção e prática dos professores e professoras? Tendo como objetivo principal,
Analisar como os professores e professoras concebem as finalidades da educação
infantil e como essas dialogam com suas práticas pedagógicas. No período de
Agosto de 2015 a Junho de 2016 no município de Ji-Paraná-RO.

Os métodos utilizados na pesquisa são de pesquisa qualitativa que para


André (1997) a fonte direta de dados é o meio natural, o investigador se preocupa
com o contexto compreendendo, que as ações são bem mais entendidas quando
observadas em seu contexto.

Os objetivos foram alcançados seguindo o roteiro pré-estabelecido pela


bolsista e orientadora no plano de trabalho, que foram as pesquisas bibliográficas
as observações em sala e as entrevistas semiestruturadas com quatro professoras
de educação infantil em dois Centros de Educação Infantil (CMEI) no município de
Ji-Paraná/RO.

De acordo com Lüdke & André (1996, p.26) “[...] a observação ocupa um lugar
privilegiado nas novas abordagens de pesquisa educacional e possibilita um contato
pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado”. Desta forma a
técnica de observação poderá possibilitar descobertas de aspectos novos do
problema que pretendemos investigar, além de oferecer elementos que permitam o
enriquecimento no cruzamento de dados.

Participaram da pesquisa quatro educadoras que atuam educação infantil


(Pré I e Pré II), todas do quadro público municipal, onde o tempo de atuação variam
entre 2 anos à 10 anos de experiências. Dentre esses dados, duas delas têm
experiência também no ensino fundamental e as outras com experiência apenas na
educação infantil. As professoras pesquisadas possuem estabilidade profissional,
pois são concursadas e se dedicam exclusivamente a educação infantil, algumas
com pouca ou mais experiências, mas formação exigida pela LDB. A seguir, constam
as características profissionais das colaboradoras da pesquisa.

Na Tabela 1,Dados referente a formação das professoras colaboradoras da pesquisa

Nome Habilitação Gênero Anos de Situação Atuação


serviço profissional
Acadêmica

A Pedagogia Feminino 5 Professora Pré II


Pré-Escola e efetivada
Ensino
Fundamental

B Pedagogia Feminino 2 Professora Pré II


Pré-Escola e efetivada
Ensino
Fundamental

C Pedagogia Feminino 10 Professora Pré I


Pré-Escola e efetivada
Ensino
Fundamental

D Pedagogia Feminino 5 Professora Pré I


Pré-Escola e efetivada
Ensino
Fundamental

As entrevistadas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para


participarem do referido estudo.

O roteiro da entrevista foi entregue com antecedência para as professoras


colaboradoras para uma previa leitura e realizadas posteriormente, as mesmas
foram realizadas nas escolas, no horário oposto das aulas, apenas uma professora
foi logo após a aula, devido à disponibilidade de horário. Foram realizadas e
gravadas individualmente sem tempo pré-estabelecido e depois transcritas.

Quanto às entrevistas André (1995, p.28)“[...] afirma que têm a finalidade de


aprofundar as questões e esclarecer os problemas observados”. Entendemos que
na hora da entrevista, a docente estrutura sua fala envolvendo a relação teoria e
prática, o que permite a análise, por meio do diálogo, da expressão, de novos dados
para o estudo.
As escolas foram escolhidas aleatoriamente, em bairros distantes e com
aspectos financeiros e estruturas diferentes entre si. Sendo que uma das escolas foi
recém-reformada possui um amplo espaço e todos adequados para as crianças. Já
a outra escola tem espaço pequeno, pouca área verde e espaço e poucas
adaptações para as crianças.

3. EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE FAZER? COMO FAZER? O QUE REVELAM


AS CONCEPÇÕES E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS?

Após a realização de todas as entrevistas, realizamos as transcrições, um


trabalho que exigiu bastante tempo, mas que já possibilitou fazer as primeiras
reflexões a partir das escutas repetidas durante esse processo. Logo após o término
das transcrições, foi feita uma leitura detalhada dos discursos resultantes das
transcrições, que, em seguida, foram individualmente discutidas com a orientadora
cada resposta e comparando com as anotações de acordo com o caderno de
campo.

As perguntas foram reorganizadas e separadas por categorias, onde segue a


dinâmica das respostas das pesquisadas com contribuições dos pressupostos
teóricos e também a contribuição da bolsista pesquisadora. As categorias ficaram
assim organizadas

1. Tempo de docência das pesquisadas, dos conhecimentos e formação


especificas para atuação e o papel da secretaria de educação na
formação profissional.
2. Das estruturas físicas e ideológicas das instituições de educação infantil
3. Da organização curricular municipal, das concepções entre ensino
fundamental e educação infantil
4. Cuidar e Educar no olhar das Professoras Colaboradoras
5. Da concepção da finalidade na educação infantil.
3.1. Tempo de atuação das professoras, conhecimentos e formação especifica
para atuação e o papel da secretaria de educação na formação profissional.
O tempo de atuação das professoras colaboradoras da pesquisa está entre 2
a 10 anos, mesmo com esse tempo de experiência observamos uma certa
preocupação das professoras, com a permanência da pesquisadora em sala e
também uma certa insegura para participar da entrevista. Em alguns momentos da
observação foi notada uma mudança de atitude em relação às professoras em sua
rotina educacional, mesmo justificando o planejamento semanal das docentes, em
alguns momentos percebia-se a falta de atividades para as crianças que ficavam
sem atividade, demonstrando assim uma falta de planejamento das atividades.

A professora canta e bate palmas com as crianças, depois todos vão


ao parque por trinta minutos. Retornar para a sala e conversa com as
crianças sobre os animais e depois disso as crianças ficam ociosas,
a professora improvisa uma atividade de pintura (Caderno de campo,
Prof. C Pré I).

A professora chama aluno por aluno em sua mesa com o caderno e


pega o numero 6 recortado em EVA, segura na mão da criança e
contorna o numero com o lápis, em seguida pede para o aluno pintar
o numero 6 com o lápis de cor que ela entrega para ele. (caderno de
campo Prof. C Pré I)

[...] em seguida cantou uma musica que estava pregada no quadro e


pediu que os alunos lhe respondessem que era material escolar, com
ajuda das crianças escreveu no quadro logo após, eles tinham que
copiar o que estava no quadro, no caderno, enquanto isso ela fazia
uma atividade escrita com um aluno especial. (Caderno de campo
Prof. B Pré II)

Desta forma, percebemos que mesmo com experiência, a professoras C


ainda utiliza atividade desvinculada de um planejamento, que possa realmente
contribuir com desenvolvimento integral das crianças e que considere as crianças
como sujeitos do conhecimento, revelando muitas vezes uma prática baseada, numa
prática tradicional em que finalidade educativa está traçada a partir de conteúdos
impostos para os alunos.

Assim, acreditamos que a formação inicial acadêmica bem estruturada e


direcionada para a área da educação infantil e uma formação continuada oferecida
pelas secretarias de educação, com componentes curriculares específicos para a
Educação Infantil, possa contribuir para repensar essa prática baseada na
escolarização das crianças de 0 a 5 anos.
Ao questionarmos as colaboradoras da pesquisa sobre a formação específica
do/a o professor (a) para atuar na educação infantil, todas apontaram para a
necessidade de uma formação inicial e continuada com conhecimentos específicos
para profissionais da educação infantil, mas, na fala da professora C indica que
gostar e ter jeito com crianças ainda são as habilidades mais exigidas para um
profissional que pretende atuar nesse segmento.

Não, a formação de pedagogia em si, ela não prepara você para


trabalhar com a educação infantil, tanto que eu fiz a minha pós,
especialização em educação infantil. ai sim você esta preparada,
porque só falar assim, ah, só porque fez pedagogia pode ir pra
educação infantil. Temos muitos pedagogos que estão na educação
infantil porque não tem outro lugar. [...](Pro. A PréII)

Primeiro ele precisa conhecer a criança! O desenvolvimento da


criança em cada etapa. A criança de 0 a 2 anos, ela tem uma
aprendizagem diferente, ela tem uma capacidade diferente de uma
criança de 3, 4 a 5 anos. Precisa conhecer o psicológico dela, todas
aqueles estruturas de Piaget, aquelas etapas de desenvolvimento,
tem gente que não leva em consideração e não coloca em pratica
tudo que aprendeu.(Prof. B Pré II)

De primeira mão, o professor ele tem que ter dom, depois ele tem
que ter o conhecimento das diretrizes, do conhecimento didático,
pedagógico pra poder desenvolver um bom trabalho com as
crianças, tem professor que leva um jeito, tem um dom mais, um jeito
mais especial, eu vejo que cada um tem um jeito, um tem um dom
mais pra arte, outro tem dom mais pra cantar, brincar, tudo é um
conjunto de coisas e dentro da formação acadêmica, principalmente
quando eu fiz a formação foi muito bem explicado, nos estágios, foi
feito três estágios na educação infantil, as disciplinas as didáticas,
então a gente fica ciente do que é um trabalho na educação infantil e
a pratica ainda a gente vai aprimorando cada vez mais.(Prof. C Pré I)

Eu acho que o principal, a psicologia, saber como a criança


desenvolve, desde ali no ventre da mãe até chegar na escola.
Psicologia, a pedagogia, saber sobre o interesse da criança, o que é
necessário pra ele. Professor tem que ter muito, muito conhecimento.
Tem que conhecer de musica, de arte, ele tem que estar em
constante pesquisa, professor tem que conhecer de tudo um pouco,
um pouco de medicina, um pouco de coisas assim que até fogem da
educação, esses questionamentos que as crianças até trazem de
casa, que a você vai pensar, puxa, eu não tinha pensado nisso, daí o
professor vai ter que ir lá e pesquisar. As coisas sobre o espaço, eu
penso, eu não sei disso. (Prof. D Pré I).
Apesar das professoras terem consciência da necessidade de uma formação
específica para atuar na Educação Infantil, percebemos uma relação entre os
aspectos psicológicos em detrimento dos aspectos pedagógico, pois apesar da
importância os estudos da psicologia do desenvolvimento para formação do
pedagogo, não podemos acreditar que somente isso irá resolver as questões de
ordem pedagógica. Para Kramer (2005) os professores de Educação Infantil, ainda é
uma categoria profissional "em vias de formação" e que estão adquirindo
consciência da importância da função que desempenham. ( p. 9).

Isso significa que as participantes reconhecem a sua profissão como uma


atividade que exigem saberes e habilidades específicas, mas através das
observações e das entrevistas, percebemos que ainda não conseguem expressar
em suas ações, e definem que, gostar e ter paciência, ainda é uma das
características que compõem o que seria, na opinião das professoras, o perfil
necessário ou desejável para professores desse desta etapa de ensino.

Para alcançar uma melhor qualidade das práticas pedagógicas na educação


infantil, a formação específica do profissional em educação infantil é imprescindível,
pois caberá a ele construir práticas educativas que respeitem e atendam à
singularidade dessa fase da vida humana. No que se refere à formação acadêmica e
formação continuada as professoras foram quase unânimes em expressar a
insatisfação do curso acadêmico e do oferecimento de formação continuada

[...] No curso de pedagogia deveria abranger mais a educação infantil,


um ano de curso, você escolhe, ou vou pra educação infantil ou vou
pro ensino fundamental. Nesse um ano você vai estudar o que eu
estudei agora na pós. Coisas próprias para a educação infantil. Essa
especialização para a educação infantil me abriu tanto a mente, e aqui
em Ji Paraná não poucas pessoas que tem, se não me engano são
cinco ou seis que tem, mas essas formações continuadas da semed,
elas estão sendo muitos boas. Tão olhando a educação infantil com
outro olhar agora. (Prof. A 5 anos de docência)

Apesar da minha faculdade eu ter feito muito estagio, eu já tinha feito


bastante lá na outra, acho que eu fiz uns 12 estágios juntando as
duas, pra você atuar lá na pratica, não é o suficiente não, apesar que
na Unir ter muita disciplina da educação infantil, sim, com certeza.
Primeiro que para atuar na educação infantil, creio que além do
professor gostar de criança, é primordial, acho que tinha que ter lá
_você gosta de criança? Na formação. Ele tem que aprender sim, ter
uma formação continuada, a procura do professor, pode ser pela
secretaria de educação, ele tem que ser especifico sim. Assim como
eles vão exigir lá no ensino fundamental, eles, eles tem que exigir
daqui também. (Prof. B 2 anos de docência)

[...] porque a pedagogia em si, ela não foca muito na educação infantil.
Essa formação eu penso que é essencial. (Prof. D. 5 anos de
docência)

Apenas uma das professoras se mostrou satisfeita com sua formação

Eu vou falar por mim, eu, como já disse, na pedagogia a gente teve a
disciplina voltada para a educação infantil. As didáticas, os estágios,
os trabalhos, os seminários, isso já fica ciente que você como
pedagogo tem que saber trabalhar com educação infantil ai depois
vem a pós graduação, tem as formações continuadas, a gente faz na
semed, que é voltada para o desenvolvimento da educação infantil,
que a gente faz lá as dinâmicas, as oficinas de arte, de musica, de
tudo que envolve, estudando letramento, a expressão oral, então isso
ajuda muito, o professor ele tem que se interessar, buscar esses
conhecimentos, também estar sempre inovando. (Prof. C 10 anos de
docência)

É fundamental que se pensem os cursos de formação para os profissionais da


educação infantil que o considere como sujeito ativo neste processo e que as
discussões trazidas para o âmbito das formações sejam significativas para que o
professor possa estabelecer relação direta com suas ações em sala de aula e que
possa repensar suas práticas produzindo assim um novo olhar sobre a criança, o
mundo e a escola.

De acordo com Horn (2004, p.14), “a precariedade na formação de


educadores infantis no Brasil, de modo geral, é de toda a ordem. [...], desde os
aspectos históricos da trajetória dessa etapa de ensino, [...], até a cultura ainda forte
de que para trabalhar com criança basta gostar e ter paciência com elas”. Ainda
afirma que a solução está no investimento na formação dos profissionais que atuam
nessa área.

Em relação ao desempenho da secretaria de educação do município na


elaboração e aplicação de formação continuada para os professores da educação
infantil, novamente não ouve um consenso em relação às respostas oferecidas pelas
pesquisadas

[...] Essa especialização para a educação infantil me abriu tanto a


mente, e aqui em Ji Paraná não poucas pessoas que tem, se não me
engano são cinco ou seis que tem, mas essas formações continuadas
da semed, elas estão sendo muitos boas. Tão olhando a educação
infantil com outro olhar agora.(Prof. A)

To aqui tem pouco tempo, até hoje se teve alguma formação


especifica da secretaria de educação aqui, eu vou ta mentindo. Não
teve. Diretamente não! Só através da Rose. Assim pra atuar na
educação infantil num todo. Mas eles me cederam agora um curso que
teve sobre autismo, que eu participei. Mas a formação continuada
ainda não teve não. Só indiretamente através da Rose, só através da
escola. Mas não assim, vamos tirar dois dias pra fazer formação! Não
teve. Mas não é todo profissional que participa, porque a direção não
dispensa, os alunos pra fazer isso, no seu horário de trabalho.[...]
(Prof.B)

A secretaria tem muita coisa que eles mandam pra gente


desenvolver, eu acredito que eles podem estar aplicando mais ainda,
pensar mais nos professores, porque os professores ficam um pouco
de lado assim, muito esquecidos. Acho que porque eles têm muitas
escolas não dá tempo de atender e organizar. Pensando em mais
alguma coisa assim, muita cobrança, outras coisas a mais da
burocracia, e os professores mesmo que vão ta aplicando, mais
formação continuada, e até mesmo a remuneração melhor para os
professores, eu vejo assim. (Prof. C)

Apenas uma professora se mostrou satisfeita e até maravilhada com os


cursos de formação oferecidos pela secretaria municipal.

Sim, olha, este ano, o ano passado também, eu percebi assim, um


grande avanço, uma grande mudança da secretaria em relação a
formação dos professores. [...] e quando eu vim para o município, eu
vi essa garantia também, de formações que eu não esperava, porque
eu tinha medo de chegar na educação infantil municipal e falar
assim, ai meu Deus, será que eu vou ter essa formação? [...]
Quando eu cheguei eu me surpreendi, porque tinha sim, não sei se
antes tinha, mas ano passado eu achei muito legal, formações
ótimas, que garantem essas questões do currículo da educação
infantil, e os documentos pedem, e que eu vejo também que tem
alguns professores, eu percebi que alguns professores não acataram
e que agora tem que, porque como eu vim de uma realidade assim,
então pra mim não foi desafiador, só foi mesmo aprimorar os meus
conhecimentos, a minha formação. Cada vez mais, vem aprimorando
mais, porque nem sempre a gente sabe de tudo, sempre a gente ta
aprendendo, renovando.[...] (Prof. D)

A formação de professores no Brasil é permeada por diversos paradigmas, e


nas últimas décadas há um intenso movimento que busca a superação da
racionalidade técnica que está fortemente presente nos programas de formação,
ainda que de forma camuflada. Alguns estudos (SAVIANI, 2001; TARDIF, 2004;
entre outros) afirmam que nesta proposta de formação, os professores são
preparados para o domínio da técnica e há pouca ou nenhuma relação com a
realidade social, sendo que a prática pedagógica é desenvolvida com a aplicação de
técnicas, métodos e teorias.

Desta forma, acreditamos que apesar dos avanços em relação à formação


dos profissionais da Educação infantil, é necessário que se possa repensar os
modelos de cursos de formação continuada, para que de fato possa atender as
necessidades formativas deste profissionais e desta maneira garantir uma educação
de qualidade para as crianças de 0 a 5 anos neste país.

3.2 Das estruturas físicas e ideológicas das instituições de educação infantil


Parafraseando Antunes (2004), uma pré-escola de verdade educa, ensina,
transforma e modifica o ser humano e as primeiras experiências são as que marcam
mais profundamente e, quando positivas, tendem a reforçar ao longo da vida as
atitudes de autoconfiança, de cooperação, solidariedade e responsabilidade
proporcionando melhor desenvolvimento para as aprendizagens posteriores (p. 41).

As escolas foram escolhidas aleatoriamente e tem grandes diferenças entre si


uma pequena com pouco espaço interno e outra com grande espaço interno. As
escolas aqui identificadas como escola A e escola B.

A escola fica localizada em um bairro considerado periférico, com


pouco espaço interno e nenhuma área verde, as salas são pequenas e
todas possuem ar condicionado. Na semana que cheguei para fazer a
observação havia acontecido um roubo na noite anterior e todos os
funcionários e professores estavam extremamente preocupados e
nervosos. Não possui pátio para a realização de brincadeiras e o
espaço das salas é bem pequeno mas bem organizado. A escola
possui três salas, a diretoria, a secretaria e coordenação pedagógica,
a cozinha, o refeitório e os banheiros dos alunos (sem adaptação) e
dos professores, num primeiro pavilhão e num segundo bloco outra
sala de aula, a biblioteca sala de leitura (único ambiente) e a sala dos
professores. (caderno de campo escola A)

A escola B fica localizada em um bairro também considerado periférico, foi


reformada a pouco tempo, e possui um espaço amplo e todas a adaptações,
algumas ainda em conclusão, necessárias e exigidas para a educação infantil.

A escola possui porteiro eletrônico, um amplo espaço externo, parque


de areia, parque coberto, no primeiro bloco tem quatro salas amplas
que funcionam o pré II em dois turnos, sala de recurso, sala de
computação, ao lado outro pavilhão com a secretaria, sala dos
professores, e diretoria. Num segundo pavilhão, separado por um
pátio coberto com espaço para atividades físicas, mais 4 salas de aula
onde funcionam o pré I em dois turnos, os banheiros, sala de
movimento, biblioteca e sala de texturas. Ao lado deste pavilhão fica a
piscina cercada e devidamente trancada e a cozinha e os banheiros
dos professores. Jardim e o inicio de uma pequena horta. (caderno de
campo escola B)

Observamos uma grande diferença entre as duas escolas no fator estrutura


físicas das escolas e com isso consequentemente a realização de poucas atividades
relacionadas ao brincar e explorar os espaços. Sendo assim, o brincar deve fazer
parte da rotina das crianças na escola, e a forma como essas brincadeiras são
organizadas e os espaços em que elas ocorrem são fundamentais para seu
desenvolvimento em seus aspectos: cognitivo, motor, afetivo e social, de modo que
possibilite a expressão de suas vontades. Nessa perspectiva, uma concepção de
educação que valoriza o aluno como sujeito entende “O ambiente [...] como algo que
educa a criança; na verdade, ele é considerado o “terceiro educador”. (EDWARDS;
GANDINI; FORMAN, 1999, p. 157).

Acreditamos que o espaço físico destinado as crianças da Educação Infantil


deve ser planejado de acordo com a faixa etária, criando possibilidades para que
elas possam usufruir do mesmo de uma maneira lúdica e prazerosa, sem que essa
aprendizagem seja interrompida pela falta de organização e adequação dos espaços
internos e externos das instituições. Sendo assim, a organização dos espaços não é
algo aleatório e sem importância, precisa ser pensado e planejado para ser
significativo e oportunizar o desenvolvimento das crianças sobretudo, na
contemporaneidade em que cada vez mais seus espaços são reduzidos.

3.3 Da organização curricular municipal, das concepções entre ensino


fundamental e educação infantil.
Ao questionarmos sobre a organização curricular da educação infantil
estabelecida principalmente das orientações relacionadas ao município que foi
entregue nas escolas esse ano pela secretaria municipal, observamos que apenas
as professoras com menor tempo de docência souberam opinar e demonstrar
conhecimento da mesma.
As orientações elas estão tão esse ano, elas vieram assim tão, bem
completas, a gente olha assim, você praticamente não vê o que ta
faltando. Ela vem pensando bem o aluno, o desenvolvimento, bem
pratica, não ta aquela coisa. As orientações ta abrangendo bem, ta
aquela coisa confiante a gente ta abrangendo tudo, todos os campos
de experiências que as crianças necessitam passar, lá tem direitinho
todas a áreas, todas as aprendizagens para a faixa etária delas. Se
seguir aquela orientação, você consegue abranger toda.(Prof. A)

Em cima dos eixos? essa organização, ela ficou muito boa, ta


excelente, ta muito bonita. Mas na pratica é diferente. Tudo que ta
aqui o pessoal da educação não consegue colocar em pratica não.
Pode por sim, mas dá muito trabalho. Você seguir cada ponto que
está aqui, as vezes, assim, a nossa escola até que tem uma
estrutura um pouco melhor, mas tem coisa aqui que não dá pra fazer,
tipo: a musica, nós vamos trabalhar a musica, tem 5 aparelho de
som, tem um funcionário, porquê? O mal uso.(Prof. B)

Apenas uma professora se mostrou alheias a novas orientações municipais e


também em relação aos documentos oficiais

A organização pedagógica, que são o norte, que leva o professor a


ter essa programação, do seu planejamento, e também no currículo
contem tanta coisa especifica, desde o cuidar, desde o momento que
a criança entra na escola pra ser recebido, a acolhida a alimentação,
o trabalho com os professores, tudo isso é muito importante. As
merendeiras. (Prof. C)

A professora D foi a que mais conseguiu fornecer dados concretos sobre as


normas estabelecidas pelos documentos que orientam a educação infantil.

A educação infantil eu penso que a primeira coisa assim que, um


principio pra criança aprender ali é a rotina. A criança tem que ter
rotina, desde que a gente chega na escola, ele vai saber o momento
de cada coisa, vou sempre estar falando, sempre repetindo, voltando
lá no quadro e agora o que a gente vai fazer, porque ai ele vai ter a
sua autonomia, que é outro ponto importante da educação infantil. A
autonomia, a escola tem que propiciar essa autonomia pra criança,
vamos ao parque, vamos! Vamos andando, caminhando, vamos
correndo, agora a professora vai fazer atividade, a professora vai te
dar o lápis, e você vai fazer tal coisa, a criança ter autonomia de
fazer a sua atividade, as vezes a professora vai mediar, você vai
fazer tal coisa, escreve o seu nome, a professora não precisa ir lá
segurar na mão ou ficar ali desenhando pra, ela vai ela mesma
criando e quando vem uma outra criança e fala _ah ele fez errado!
Não ele não fez errado, ele fez do jeito que ele ta aprendendo do
jeito que ele sabe, nós, todos estamos aprendendo! Cada um da sua
forma. A autonomia, a interação rotina, a criança na educação
precisa ter essas coisas, pra ele situar, se responsabilizar. (Prof. D)
O currículo nas DCNEI (2010) é concebido como “conjunto de práticas que
buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos
que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico,
de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de
idade”. (p.12).

A falta de assimilação e compreensão a respeito das normas e diretrizes


existentes a cerca da educação infantil é visível apenas em uma das professoras,
mas o que causa preocupação, é que é a profissional com maior tempo de atuação
na educação infantil.

A transição da pré-escola para o ensino fundamental tem sido objeto de


muitos estudos e questionamentos, por ser considerada uma fase muito difícil para a
criança atravessar. Percebemos em algumas afirmações das professoras
colaboradoras que a pré-escola é uma preparação para o fundamental, e que em
contra partida segundo as colaboradoras da pesquisa os professores do ensino
fundamental, afirmam que na educação infantil só tem brincadeiras.

A ideia de um currículo baseado apenas na alfabetização e no letramento da


criança acima de 5 anos, deixando de lado a brincadeira e os jogos, faz o educando
entrar em conflito pela perda da rotina da educação infantil e para as professoras
esses são novos desafios das crianças quando ingressam no ensino fundamental.

Em relação à organização do currículo na educação infantil, em algumas as


respostas podemos observar uma constante preocupação na comparação entre o
que se pede nos documentos e o que a sociedade exige dos professores. As
atividades escritas para a confecção do portfólio e registro do relatório que
comprovem todas as ações realizadas em sala de aula é uma constância em
praticamente todas as professoras.

As observações revelam que na rotina e na organização do trabalho


educacional o que se destaca é a ordem engessada das atividades e a preocupação
com o tempo das atividades, uma preocupação constante com o que precisa ser/ter
registrado para prestação de conta para os pais, a sociedade e para gestores.
Desse modo, fica claro uma dicotomia entre o que está previstos nos documentos
legais norteadores da organização das práticas na educação infantil, e o que de fato
acontece na prática, pois percebemos que o registro a organização da rotina que
deveria ser instrumentos para subsidiar o trabalho do professor se torna uma
prestação de conta chegando a sufoca-los com tantos afazeres.

3.4 Cuidar e Educar no olhar das Professoras Colaboradoras

Em 2005, o MEC define a nova Política Nacional de Educação Infantil, que


indica diretrizes, objetivos metas e estratégias para esse nível da educação básica.
Dentre suas diretrizes destacamos: "A Educação Infantil deve pautar-se pela
indissociabilidade entre o cuidado e a educação" e dentre seus objetivos está o de
"Assegurar a qualidade de atendimento em instituições de Educação Infantil
(creches, entidades equivalentes e pré-escolas)" (Brasil, 2005, pp.17, 19).

Na minha concepção e também no que eu aprendi que os dois


caminham juntos, não tem como você cuidar sem educar, ajudar
nessa educação, porque quando você cuida você ta transmitindo
regras e valores e isso é o educa, na minha concepção os dois
caminham juntos, cuidar, educar e ensinar caminham juntos. Na
forma como a gente transmite, ensina esses valores, promove essa
interação, cobra da criança mostrando o afeto, o carinho, o
desenvolvimento das atividades, as crianças ficam bem inserida, eles
comentam algo que a gente faz com eles, chegam em casa comenta
com os pais, os pais retribui isso com a gente. E a gente fica muito
feliz de ver isso. (Prof. C)

Não dá pra separar! Tem gente que vem trabalhar na educação


infantil e fala _há, eu não vou fazer isso, isso não é meu serviço! Eu
não vim aqui pra poder limpar bunda de menino. Gente é uma
criança, vai acontecer, de você ter que fazer isso, principalmente,
para quem trabalha com crianças com necessidades especiais, você
tem que fazer isso. Eu fico imaginando uma pessoa assim lá na
creche que tem que dar banho, não vai querer dar banho? É carinho
e cuidado! A criança que chega chorando e não quer ficar? Você tem
que entender o que tá acontecendo pra ela não querer ficar. Se
deixar a criança chorar, chorar, chorar, se esgoelar, ela não vai
querer voltar nunca mais! [...](Prof. B)

Eu vejo o cuidar e o educar, as vezes sou até criticada por isso por
algumas pessoas que acham que nos devemos só que educar. Eu
não, eu na minha concepção eu tenho que cuidar, eu sou aquela
professora mãezona, eu venho cuidar e o educar ali junto, porque se
eu não cuidar do aluno, se eu não tiver aquele amor, aquele carinho
como eu vou conseguir educar? Os dois têm que estar juntos,
juntamente. É preciso ta cuidando, a criança chega na escola, tem
muitas crianças que não tem o amor da mãe ou do pai, ele quer um
abraço. E eu já vi professoras falar assim _eu não abraço, eu não
arrumo cabelo de menino, porque eu não sou paga pra isso, eu sou
paga pra ensinar ele, agora arrumar o cabelinho, a roupa e ajudar a ir
no banheiro não.[...] (Prof. A)

O cuidado que se refere às professoras em suas falas fica destinado apenas


aos cuidados higiênicos, trazendo de volta aquela visão assistencialista.
Acreditamos ser um desafio para os profissionais de educação infantil
compreenderem o binômio cuidar e educar como parte iminente da educação da
criança de zero a cinco anos, uma vez que historicamente somos marcados por uma
concepção assistencialista de atendimento à criança pequena.

“[...] hoje lutamos para superar essa dicotomia, ou seja, mudar essa
ideia que o Centro de Educação Infantil existe somente para
assegurar o direito da mãe trabalhadora” (MORENO, 2007, p. 55).

Desta forma, acreditamos que essas concepções de cuidar e educar ainda


estão ligada a questão materna, e atrelada a uma educação infantil assistencialista,
havendo assim ainda certo preconceito em relação o cuidar na educação infantil,
isso significa dizer que quem cuida não pode educar e quem educa não pode cuidar.

E mais uma vez ressaltamos a necessidade de formação específica para que


possa oferecer condições destes profissionais entender essa relação entre o cuidar
e educar como processos inerentes a prática pedagógica na educação infantil.

3.5. Da concepção finalidade da educação infantil


Através da pergunta relacionada à função da educação, percebemos uma
dificuldade de compreensão da pergunta e uma associação com a pergunta anterior,
que se refere à finalidade.

Podemos observar na entrevista que das quatro professoras, apenas duas


citaram algum documento que se refere á educação infantil e suas especificidades:

[…] “As orientações ta abrangendo bem, ta aquela coisa confiante a


gente ta abrangendo tudo, todos os campos de experiências que as
crianças necessitam passar, lá tem direitinho todas as áreas, todas
as aprendizagens para a faixa etária delas. Se seguir aquela
orientação, você consegue abranger toda.” (P. A)
“Acho que ta bom! É só a gente seguir, se seguir isso aqui (apontou
para as diretrizes municipais) alem da pratica, mesmo ela dando ok,
[…] (P. C)

Podemos observar que os conhecimentos das professoras em relação aos


documentos que orientam a organização das práticas na educação infantil ainda não
são suficientes para que possam dar segurança a essas profissionais em relação as
suas práticas. Mesmo todas tendo conhecimento da existência deste documento,
não estava claro em suas falas os conceitos descritos no mesmo. Apenas duas
citaram e dessas apenas uma falou com segurança, citando partes do documento e
as áreas de conhecimentos.

Através das entrevistadas e por meio das observações foi possível entender
que as concepções das professoras em relação á finalidade da educação infantil,
estão relacionados alguns conceitos como: preparação para o ensino fundamental,
socialização e aquisição de regras e normas que lhes servirão na idade adulta.

“Ela vem pra preparar a criança para o ensino fundamental, pra deixar
ele mais preparado pra quando eles chegar no ensino fundamental,
eles não terem tanta dificuldades no egresso.” (Prof. A)

[…] “A criança vir pra cá pra socializar, pra aprender conceitos que ele
não aprende em casa, mas de uma forma, mais dentro da realidade
dele, dentro das suas especificidades, cada um precisa de alguma
coisa. Eu tenho que conseguir alcançar aquele objetivo daquela
criança. Construir conceitos através do lúdico, através da vivência com
os colegas, aprender a respeitar o outro, aprender a cuidar de si, a
cuidar do seu corpinho”. (Prof. B).

“A educação infantil ela colabora né com o desenvolvimento da


criança, a educação infantil ela é a base e colabora com o pleno
desenvolvimento da criança.” […] (Prof.C)

“A educação infantil ela vem pra trazer a criança, aproximar a


criança nesse mundo letrado, pra também auxiliar ele a se
tornar um cidadão, ele já é um cidadão, mas aqui na escola, ele
vai aprender as ações sociais, a conviver com o outro, a
interagir, então a educação infantil ela é muito importante na
vida da criança.”[...] (Prof.D)

Segundo Sampaio (1993) a educação infantil deve ser um espaço de


construção de conhecimento em que o aluno, ponto de partida para o processo
ensino-aprendizagem, é visto como sujeito. Ainda segundo a LDB, artigo 29, a
educação infantil tem como finalidade "o desenvolvimento integral da criança até
seis anos de idade em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade".

As observações e as entrevistas revelaram uma preocupação excessiva das


professoras em alfabetizar as crianças, devido á cobrança dos professores do
ensino fundamental, ou seja, “eu tenho que ensinar alguma coisa ou algo, porque
senão serei cobrada pelo próximo professor desse aluno” (prof C) dessa forma, as
professoras acabam negligenciando etapas importantes na educação infantil e
perdendo o conceito real da finalidade da educação infantil.

É necessário que o profissional reconheça as finalidades desse nível de


ensino, integrando e interligando rotina e planejamento, atendendo todas as
necessidades e o desenvolvimento dos pequenos em todos os aspectos. Os
resultados desse estudo revelaram que a organização da rotina pode contribuir para
o enriquecimento das experiências das crianças ou até mesmo dificultar o seu
desenvolvimento, considerando que toda a dinâmica dependerá da concepção de
finalidade da educação infantil que os professores e coordenadores têm sobre a
mesma.

O professor precisa ter bem estruturado e estabelecido toda a organização do


trabalho pedagógico, a fim de que dessa forma possa avaliar as atividades que
planeja e as suas próprias atitudes frente à criança. Deve mediar, avaliar de forma
individual e sem compará-las umas às outras, compreendendo que cada uma dela
tem sua história de vida e tempo desenvolvimento próprios. Importante reiterar a
importância da apropriação e compreensão do professor no que diz respeito a
finalidade da educação infantil, estando amparado e baseado nessa finalidade a que
se destina a educação infantil, o professor conseguirá desenvolver atividades e
estratégias que tenha real valor e aproveitamento para as crianças, sobretudo
daquelas que se destinam à organização dos espaços e tempo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os objetivos propostos, as entrevistas realizadas tal como
foram analisadas as observações, tomando como pano de fundo os referenciais
teóricos, podemos afirmar que o estudo sugere algumas respostas sobre a
indagação que originou esta pesquisa que foi analisar como os professores e
professoras concebem as finalidades da educação infantil e como essas dialogam
com suas práticas pedagógicas.

As observações realizadas nas turmas, da pré-escola de duas escolas do


município de Ji-Paraná, nos revelaram que apesar das professoras colaboradoras
terem experiências com as turmas da educação infantil e a formação conforme exige
a LDB 9394/96, e demonstrarem ter consciência da sua função, seu papel e sua
responsabilidade nas aprendizagens de seus alunos, ainda não conseguem definir
qual a finalidade da educação infantil.

As professoras participantes deste estudo, apesar de terem representações


de que os cursos de formação continuada oferecidos pelas Secretarias de
Educação, muitas vezes estão distanciados de suas realidades, têm a consciência
de que é necessária a participação em grupos de estudos para que realmente
possam viabilizar mudanças nas suas práticas em sala de aula e principalmente
para que possam atender as crianças nesta faixa etária considerando suas
especificidades.

Desta forma, é possível afirmar ser necessário, políticas de formação para os


profissionais que atendem diretamente as crianças de 0 a 5 anos que possam
garantir possibilidades de refletirem sobre suas práticas e como essas podem
efetivamente colaborar com o desenvolvimento infantil possibilitando e ampliando
suas experiências e conhecimentos.

Percorremos um longo caminho de avanços nesta etapa da educação básica,


mas temos consciência para saber que precisamos caminhar muito mais, para que
possamos realmente oferecer uma educação infantil de qualidade. Não bastam leis
que garantam o direito a educação infantil de qualidade no papel e discussões
teóricas aprofundadas sobre o desenvolvimento infantil é preciso oferecer a esses
profissionais da educação infantil formação que tratam especificamente desta etapa
de ensino, para que assim, possa ocorrer a devida valorização e a construção da
identidade destes profissionais da educação infantil.

Assim, a partir do estudo realizado podemos inferir que a finalidade da


educação infantil concebida pelas professoras colaboradas desta pesquisa está
muito atrelada ainda à concepção de preparar as crianças para o ensino
fundamental em uma perspectiva de educação tradicional baseada na organização
de conteúdos para serem repassados para as crianças.

Daí ser necessário acreditar que é possível através da formação em serviço


destes profissionais ocorrer mudanças neste cenário, mas é pertinente afirmar que
uma proposta de formação inicial e continuada, não pode sozinha, proporcionar a
reflexão para a possibilidade de mudança de paradigmas educacionais. Estas
dependem das condições de trabalho dos professores e de seu compromisso com o
processo de ensino e aprendizagem de seus alunos e conseqüentemente com o
desenvolvimento da sociedade.

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