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ESTÁGIO SUPERVISIONADO
EM EDUCAÇÃO INFANTIL
PRÁTICA DE ENSINO E
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
EM EDUCAÇÃO INFANTIL
Copyright © UVA 2019
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer
meio sem a prévia autorização desta instituição.
REVISÃO DIAGRAMAÇÃO
Janaina Senna UVA
Lydianna Lima
N244
12 MB.
ISBN 978-85-5459-079-6
1. Prática de ensino. 2. Professores - Formação. 3. Programas de
estágio. 4. Supervisão escolar. I. Universidade Veiga de Almeida. II.
Título.
CDD – 371.3
Apresentação 6
Autor 8
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
Reconstrução da Prática 83
• Modelos pedagógicos como amarras ou como possibilidades de
reflexão
Olá, estudante!
Esta disciplina foi organizada de forma a possibilitar que você reflita sobre a relação
teórico-prática essencial para a atuação do professor em sala de aula. Dessa forma, os
objetivos instrucionais estão voltados para a construção de competências e habilidades
que levem a uma formação crítica da prática pedagógica com a primeira infância.
6
A relevância desta disciplina está na reflexão crítica sobre o cotidiano da Educação
Infantil, a partir do fato de que esta é considerada a primeira etapa da educação básica e
possibilita a construção de conhecimentos específicos próprios da primeira infância, que
serão fundamentais na constituição dos alunos, tendo em vista que repensar a atuação
dos educadores na Educação Infantil à luz das teorias e das construções políticas da
área é comprometer-se com uma educação de qualidade.
Será muito bom caminhar com você na construção desses conhecimentos e, desde já,
você está convidado para investigar, em quatro unidades de estudo, as possibilidades de
integração teórico-prática no universo da Educação Infantil.
Bons estudos!
7
AUTOR
C. Lattes
8
UNIDADE 1
A práxis pedagógica
na Educação Infantil
INTRODUÇÃO
Esta primeira unidade foi organizada de forma a possibilitar que você reflita sobre a relação
teórico-prática fundamental para a atuação do professor em sala de aula. Dessa forma, os
objetivos instrucionais estão voltados para a construção de competências e habilidades
que levem a uma formação crítica da prática pedagógica com a primeira infância.
OBJETIVO
10
Práxis Pedagógica: atuação docente
Neste tópico, começaremos a nossa trajetória pela disciplina refletindo sobre a relação
teoria/prática. A atuação do professor na Educação Infantil foi, durante muito tempo, con-
fundida com as funções maternas, tanto pelos pais quanto pelos próprios educadores,
principalmente na creche (0 a 3 anos). Formar esses profissionais ainda é um desafio,
principalmente no que tange a definir as competências e habilidades necessárias para
essa atuação.
Para refletir
Seria suficiente gostar de trabalhar com crianças e saber trocar bem uma
fralda? Propor brincadeiras para distração e pronto, assim o tempo passaria?
11
Para quem trabalha em escola, uma das frases mais comuns é:
Fonte: kdobolodecarne.blogspot.com.br
Ao assistirmos a cenas como essa no cotidiano escolar, nem sempre paramos para
refletir. Criticamos apenas de forma negativa a atuação da professora, sem contribuir
com o seu crescimento ou, simplesmente, concluímos que é impossível usar as teorias
que aprendemos na prática.
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Atitude investigativa
Ir para o estágio é estar preparado para descobrir algo novo a cada dia. Cada situação
que acontece, desde um pequeno diálogo entre as crianças ou uma situação clássica da
rotina escolar, todas são dignas de serem analisadas e repensadas a partir das teorias
sobre a área educacional. Vejamos um exemplo:
Exemplo
13
Essa é uma situação clássica de mordida na creche; tanto pais quanto professores e
funcionários da escola estão mais do que acostumados com esse tipo de acontecimento.
Entretanto, a atitude de Márcio pode ser vista sob várias concepções teóricas, como
agressividade ou como expressão infantil. Assim como a atitude da professora:
repreender ou não? Pegar no colo, deixar chorar ou abaixar para falar com a criança?
Toda atitude vai depender de como a professora encara teoricamente essa situação ou
de suas experiências ao observar outros professores em situação parecida.
Importante
Práxis pedagógica
Essa atuação reflexiva-crítica que está para além da instrumentalização técnica é refletida
na capacidade de investigar a própria ação pedagógica, ou seja, tornar-se um professor
pesquisador.
14
Para refletir
Maitê, um ano e seis meses, continua, após dois meses de adaptação, tendo
a necessidade de ficar no colo da educadora, encostando o rosto no lençol de
casal de sua mãe, que fica dobrado no ombro dela, para se acalmar, toda vez
que sente saudade da mãe.
Como tirar esse objeto que não pertence ao ambiente escolar e acaba por
manter o apego exagerado da criança com a mãe, respeitando o tempo de
adaptação da criança ao novo trazido pela escola?
Importante
O trabalho com os pequenos exige uma série de cuidados com aspectos que passam
despercebidos em outros níveis de ensino. Para que a aprendizagem significativa
realmente ocorra na Educação Infantil, é importante que o professor se questione a todo
momento, em cada ação, por menor que possa parecer. Porque toda e qualquer relação
com a criança é importante para o desenvolvimento integral dela.
15
Vamos ver nas próximas aulas alguns dos pontos teóricos que não podem ser deixados
de lado na atuação no campo de estágio.
MIDIATECA
16
Proposta pedagógica da Educação Infantil
a partir do eixo cuidar/educar/brincar
Neste tópico, vamos identificar o eixo que percorre a proposta da Educação Infantil como
um nível de ensino específico, que possui características próprias que o diferem dos
outros níveis de ensino. Fato que não o desqualifica, ao contrário, deixa a tarefa de educar
ainda mais complexa. É comum considerarem o professor da Educação Infantil menos
importante dentre os professores de conteúdos específicos, fato que ainda se reflete na
diferença entre os salários.
Pensar a educação de crianças pequenas implica exercer algumas funções muito próximas
da função materna, porque elas exigem, muitas vezes, cuidado físico. A cena descrita
abaixo é do filme Um tira no jardim de infância, com o ator Arnold Schwarzenegger, e
exemplifica bem essa questão:
Para refletir
“Nossa história nos mostra que existe uma dupla imagem do adulto que lida com
crianças na instituição. A primeira imagem é a do ‘adulto maternal’, aquele que apenas
‘cuida’ de crianças de 0 a 3 anos, do qual não se exigiu, por muito tempo, formação
adequada. A outra imagem é a da profissional ‘professora’, formada para ‘ensinar’
as crianças de 4 a 6 anos. Podemos dizer também que as concepções de criança
e de Educação Infantil são as grandes estruturadoras da ação dos profissionais
da Educação Infantil, pois de acordo com a maneira como concebem a criança
é que eles planejam e desenvolvem o trabalho com ela.” (AZEVEDO, 2007, p. 174)
17
MIDIATECA
LINHA DO TEMPO
1875
Criação de Creches e Jardins de Infância
Creches (caráter assistencial) = filhos das mulheres trabalhadoras,
crianças desamparadas, órfãs ou abandonadas.
Jardins de Infância (caráter educacional) = crianças das classes abastadas, classe média e
alta.
1879
Reforma Leôncio de Carvalho
Determinou que todos os distritos tivessem um Jardim de Infância, porém não foi colocado
em prática, ficou como letra morta.
18
1880
Criação do Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Brasil
Iniciativa privada do médico pediatra e higienista Arthur Moncorvo Filho.
Instituto com a concepção médico-social e higienista, voltado para as crianças da classe
pobre com a intenção de engajar as classes média e alta.
1919
Fundação do Departamento da Criança no Brasil
Também criado pelo Dr. Arthur Moncorvo Filho, para realizar e divulgar estudos sobre a
situação da criança, realizar congressos, velar pela aplicação das leis de amparo à criança e
fomentar iniciativas que levassem ao desenvolvimento infantil.
1922
I Congresso de Proteção à Infância
Dentre suas recomendações estava a abolição da “roda dos expostos”.
1933
Congresso Nacional de Proteção à Infância
Sinalização de Anísio Teixeira para a premissa de ultrapassar a visão da criança pré-
escolar somente sob seu aspecto físico e de saúde, considerando fundamental focar o viés
educacional, que implica uma concepção de desenvolvimento englobando a formação de
habilidades mentais e de socialização.
1940
Criação do Departamento Nacional da Criança (DNCr)
Responsabilidade do governo federal, no âmbito do Ministério da Educação e da Saúde
Pública (Mesp).
Função coincidente com a do Departamento da Criança, de Moncorvo Filho, que funcionou
até 1938.
1946
Objetivo da Legião Brasileira de Assistência (LBA)
Volta-se para a maternidade e para a infância.
1952
Publicação pelo DNCr
Ainda sob o Mesp, o órgão publicou livreto orientando o uso de materiais apropriados para a
educação de crianças pequenas em creches, muito semelhantes aos de hoje.
19
1953
Departamento Nacional da Criança (DNCr)
Passa para o âmbito do Ministério da Educação e da Cultura (MEC), e é criado o Comitê
Nacional Brasileiro da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar (Omep), instituição
pioneira na difusão da necessidade e da importância da educação pré-escolar no país e da
urgência na tomada de decisão política pela criança.
1967
DNCr lança o plano de assistência ao pré-escolar para crianças até dois anos
Criação de escolas maternais e jardins de infância como instituições auxiliares da família na
educação de seus filhos pequenos.
Foco no Desenvolvimento Integral.
1968
I Encontro Interamericano de Proteção ao Pré-Escolar
Realizado no Rio de Janeiro, envolveu o DNCr, a Omep, a LBA, a Funabem, a Secretaria de
Educação do então estado da Guanabara e o UNICEF.
1969
Departamento de Segurança e Higiene do Trabalho
Passou a ser o órgão responsável pelas normas de instalação de creches em locais de
trabalho ou criadas por meio de convênios, e também responsável pela fiscalização desses
estabelecimentos. Portanto, viu-se mais um Ministério — o do Trabalho — a exercer um papel
na atenção integral à criança.
1977
Projeto Casulo
LBA começa a incluir a educação em seu aspecto assistencial de atendimento à infância.
1979
Aprovado o novo Código de Menores (Lei nº 6.697/1979)
Em substituição ao de 1924, que havia consolidado todas as leis existentes a respeito da
assistência e da proteção à infância.
Manteve a perspectiva que reconhece não a criança-pessoa, mas o menor pobre,
marginalizado, delinquente, infrator — portanto, assunto da segurança pública —, ou o menor
abandonado, fragilizado pelo descaso, pela desnutrição, pela precária atenção familiar, logo
objeto de assistência e caridade.
20
1980
Omep realizou um congresso em Brasília com o tema “A Criança Precisa de
Atenção”
Foco foi o atendimento integral e integrado do nascimento aos seis anos.
Marco na tomada de decisão política no país em relação à educação pré-escolar.
1981
O Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS)
Ao qual a LBA estava vinculada, editou um pequeno livro de orientação prática, o Vamos fazer
uma creche, no qual explicitava as ações educacionais a serem desenvolvidas. As creches
da assistência social passaram a ter, se não na prática efetiva, pelo menos na concepção e
na orientação metodológica, a função “guardiã” e a função “pedagógica”.
1988
Promulgação da nova Constituição federal
1990
Aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Faz uma revolução conceitual e cria os mecanismos operacionais para a implementação
dos direitos da criança no Brasil (substitui o Código de Menores, Lei nº 6.697/1979).
1993
Lei Orgânica da Assistência Social (Loas)
Estabelece um conjunto de mudanças na política de assistência social, em coerência com o
princípio constitucional de que a assistência é um direito do cidadão e um dever do Estado e
se destina a quem dela necessitar. Ela preconiza o atendimento na perspectiva da proteção
integral (oposta ao assistencialismo).
1996
Nova LDB (Lei nº 9.394/1996)
Representa um marco nessa discussão: confirma o que foi anunciado na Constituição de
1988, a Educação Infantil como direito da criança, dever do Estado e como parte integrante
do sistema educacional, ampliando o conceito de Educação Básica e trazendo outras
implicações para o trabalho pedagógico com as crianças pequenas.
1998
Aprovação dos RCNEI (Referenciais Curriculares para a Educação Infantil)
Educação Infantil com objetivos educacionais explícitos, com propostas pedagógicas, a
partir das quais começaram a seguir parâmetros e normas, trabalhando em prol da educação
e do processo ensino-aprendizagem, possibilitando aos alunos o acesso ao conhecimento e
ao pleno desenvolvimento, deixando, assim, de ter um cunho apenas assistencialista.
21
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e as Diretrizes Operacionais
para a Educação Infantil
As Diretrizes Operacionais tratam, especificamente, da transição e da integração das creches
à educação. Fixam normas relativas à vinculação das instituições de educação infantil aos
respectivos sistemas de ensino, às propostas pedagógicas, à formação dos professores
para essas instituições e a espaços e materiais pedagógicos, considerando sempre a
globalidade do educar e cuidar.
2001
PNE (Plano Nacional de Educação)
2005
PNEI, Política Nacional de Educação Infantil
Pelo direito das crianças de zero a seis anos à educação.
Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil
(Proinfantil).
2006
Parâmetros nacionais de qualidade para a Educação Infantil e parâmetros
básicos de infraestrutura para instituições de Educação Infantil
2010
DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI)
Esse é o ponto que tem gerado muitas discussões na área, algo que parece muito simples
e lógico, mas que na prática ainda gera muitos questionamentos.
22
coordenadores pedagógicos, dos diretores. As escolas de formação de
educadores infantis precisam começar a trabalhar com as questões
pontuais dessa ideia: o cuidar e o educar são elementos de uma mesma
vertente — com a qual compactuamos — de que o trabalho com bebês
precisa ser encarado como ação efetiva de intervenção pedagógica im-
pregnada de conhecimentos básicos que permitam ao educador estabe-
lecer junto às crianças práticas educativas que colaborem com seu ple-
no desenvolvimento. (RAMOS; PORTO ALEGRE, 2003, p. 29 apud NONO,
2010, p. 133)
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 24) deixa
claro que “[...] cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de
vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas”.
Assim, a simples ação de cuidar, associada ao cuidado materno, que, por muito tempo, foi
considerado algo intuitivo de toda mulher, mostra-se como uma função extremamente
complexa e que por isso exige uma formação muito mais apurada.
Saiba mais
23
Criança se nasce, charge de Francesco Tonucci, presente no livro Com os olhos de criança.
Fonte: paraalmdocuidar-educaoinfantil.blogspot.com.br.
CA
PA
AF CID
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24
O que é educar, afinal?
Para refletir
Refletindo a partir de tudo o que foi exposto até o momento, cabe perguntar:
de que forma a brincadeira entra nesse processo? Por que o título desta aula
coloca o brincar como eixo do trabalho pedagógico da Educação Infantil?
De acordo com o RCNEI (1998), a criança tem uma linguagem específica para estabelecer o
vínculo com o mundo real: a brincadeira, que faz uso do simbólico, pois acontece no plano da
imaginação. Isso significa que a criança articula a imaginação e a imitação da realidade de
forma singular, já que depende da apropriação que faz da realidade imediata, ressignificando-a.
A brincadeira, portanto, não reflete a realidade imediata, sendo uma imitação transformada.
25
Ao brincar, a criança coloca em jogo todas as suas experiências, tudo o que viu, ouviu,
sentiu e viveu. Quanto maior for a diversidade de experiências oferecidas à criança, maiores
serão as suas possibilidades de exploração do imaginário. Ela experimentará assim papéis
sociais diversos, reconhecendo modelos de comportamento social e padrões culturais.
Importante
26
Por meio da brincadeira, o professor pode ampliar os conhecimentos da criança,
oferecendo-lhe materiais, espaços e tempo para que possa explorar junto com as outras
crianças o mundo no qual estão inseridos. É também um momento de excelência para
observar o desenvolvimento da criança, tanto individualmente quanto em grupo nas
relações que estabelece com os colegas e com os objetos que utiliza na brincadeira.
Exemplo
Vai até o fogãozinho e prepara a comida para a boneca, mexendo nas panelinhas,
volta até a boneca com uma panela e uma colher:
Vamos,
Fernandinha, você
tem que papar tudo
pra ficar forte!
27
A professora da turma entra na brincadeira:
Carol responde:
— É, mas a Fernandinha não quer comer, olha como está fazendo! Virando o
rosto e fechando a boca — e imita o gesto que diz que a boneca está fazendo.
No exemplo acima, Carol está usando a brincadeira para elaborar suas vivências com
relação à alimentação. As reações que transpõe para a boneca podem ser dela mesma ou
de um amigo. Também é preciso levar em conta que pode ser a expressão do seu desejo.
MIDIATECA
28
O professor pesquisador e a estética
pedagógica
Neste tópico, vamos tratar do olhar que nos constitui enquanto sujeitos. Olhar que,
primeiramente, é o materno e que depois vai sendo substituído por outros olhares. Temos
como proposta inquietar você quanto ao seu olhar diante do aluno que é colocado em
suas mãos, seja ele de que idade for.
Rubem Alves (2002, p. 37) é muito claro quanto ao que pensa sobre o olhar do professor:
“Professor: trate de prestar atenção no seu olhar. Ele é mais importante que seus planos
de aula. O olhar tem o poder para despertar e para intimidar a inteligência.” E lembra que
ao aprender a andar a criança não depende de ensinamentos ou modelos da mãe de
como se anda, precisa do olhar dela, olhar que a sustenta, ampara e estimula. O apoio
físico fica restrito ao simples amparo para evitar a queda. O olhar da mãe transparece
seu desejo de ver a criança andar.
29
Espera-se que o educador caminhe junto e estimule o sujeito a descobrir suas
possibilidades. Ação que só se torna possível quando esse educador está sensibilizado
para suas próprias descobertas.
Fonte: verinhaalfabetizacao.blogspot.com.br.
Para refletir
Rita Ribes Pereira, em 2012, sugere que usemos três aspectos próprios da pesquisa: o
pensar, o conviver e o escrever, para lidar de forma teórica com a alteridade no campo
de pesquisa. Esses três aspectos são indissociáveis e acontecem sem hierarquia ou
linearidade. São instrumentos para guiar a ação do professor, que se torna pesquisador,
pois será a partir da reflexão sobre sua prática que encontrará os caminhos necessários
para auxiliar a criança em seu desenvolvimento integral. Na convivência, conquista-se a
criança; é brincando com ela que entramos em seu mundo. Com o registro de tudo o que
acontece no campo de estágio: diálogos, interações, brincadeiras, atividades, cuidados...
Como se fosse um “diário de bordo”, colhemos material para refletir e nos damos a
chance do distanciamento necessário do objeto de pesquisa para a análise.
30
Saiba mais
Relação de alteridade: relação com o outro que se constitui nas interações com
as pessoas e com a cultura. Parte da concepção de ser humano enquanto ser
social que interage e interdepende do outro.
PENSAR CONVIVER
ESCREVER
Importante
31
Dica
Você vai perceber que, conforme a escrita das situações for virando um hábito,
a vontade de registrar virá mesmo quando estiver fora do ambiente do estágio,
vai lembrar das situações no ônibus, no carro, no cinema... enfim... faça da
reflexão um exercício diário.
32
NA PRÁTICA
O banho na escola, além de ter um viés de cuidado, essencial no trato com crianças
pequenas, tem um caráter educativo que precisa ser levado em conta, visando ao
desenvolvimento integral das crianças. Nesse sentido, é correto afirmar que cada
situação de cuidado deve ser vista como uma oportunidade para observar as
particularidades de cada criança, de forma a oferecer-lhe momentos de atenção
individual. Assim, apesar do contexto coletivo da escola, as particularidades das
crianças precisam ser vistas e os momentos de cuidado são essenciais para
conhecermos as crianças. O educar nessas situações de cuidado aparece na
intencionalidade educativa, que está para além de nomeações de partes do corpo
ou compreensão dos hábitos de higiene.
33
Resumo da Unidade 1
Nesta unidade, trilhamos um caminho pela práxis pedagógica da Educação Infantil, pro-
curando ressaltar os principais pontos para uma atuação docente de acordo com as
necessidades dessa etapa de ensino. Primeiramente, destacamos a importância de uma
prática permeada pela teoria para tirar o professor de uma atuação intuitiva, construindo
uma atuação criativa cheia de atitude investigativa. Em seguida, trouxemos o eixo con-
dutor da proposta pedagógica na Educação Infantil: educar, cuidar e brincar, acentuando
a passagem de uma visão assistencialista da educação da infância para a educação do
sujeito integral. Na última aula, propomos a sensibilização do olhar a partir do estudo da
estética pedagógica na construção do professor pesquisador.
CONCEITO
34
Referências
BRASIL. Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis
anos à educação. Brasília: MEC/SEB, 2006.
DIAS, K. S. Formação estética: em busca do olhar sensível. In: KRAMER, S. et al. (org.).
Infância e educação infantil. 11. ed. Campinas: Papirus, 2011. p. 175-201.
35
NUNES, M. F. R.; CORSINO, P.; DIDONET, V. Educação infantil no Brasil: primeira etapa da
educação básica. Brasília: Unesco; MEC/SEB; Fundação Orsa, 2011. Disponível em: http://
unesdoc.unesco.org/images/0021/002144/214418por.pdf. Acesso em: 2 abr. 2016.
36
UNIDADE 2
Nesta segunda unidade, você estudará a expressividade infantil como forma singular de
comunicação do sujeito. Reconhecerá os aspectos fundantes e irá relacioná-los com a
linguagem própria da infância, o que é fundamental para a construção de uma prática pe-
dagógica rica em intencionalidade. A ludicidade é a linguagem mais específica da criança,
principal veículo de comunicação dela com o mundo. A criança percebe o meio à sua volta
a partir do seu próprio corpo; essa é a sua primeira referência para suas construções cog-
nitivas e perceptivas. As artes propiciam diversas possibilidades expressivas e sensitivas
que permitem que a criança tenha uma comunicação mais autêntica com o meio externo.
OBJETIVO
38
Aspectos fundantes da Educação Infantil:
identidade, linguagem e sexualidade
39
Agora que você já sabe o que são aspectos fundantes, vamos compreender
melhor esses pilares e também entender a resposta da segunda pergunta
lançada no início da aula. Vamos lá?
Identidade
Dessa forma, podemos perceber que, inicialmente, o sujeito confunde-se com quem
cuida dele; ao nascer a criança está em um processo fusional com a mãe e, aos poucos,
vai descobrindo o próprio corpo e diferenciando-o do corpo da mãe.
Saiba mais
40
Cada cultura traz um conjunto de valores e crenças próprios, que são passados de geração
para geração, por meio da linguagem, inclusive na forma de lidar com a criança. Por
exemplo, em determinadas tribos africanas, as mães voltam ao trabalho na lavoura com
os bebês presos em suas costas, e será nesse contato intenso, sentindo os movimentos
do corpo da mãe, que o bebê irá percebendo as limitações entre o seu corpo e o corpo
do outro.
Saiba mais
Dessa forma, é importante ressaltar que cada cultura terá um jeito de lidar com os seus
bebês. Além de ser uma questão cultural, é uma questão histórica, pois irá variar de
acordo com os conhecimentos que aquele grupo social vai adquirindo.
Curiosidade
41
líquidos espirituosos, como vinho ou cachaça, limpo
com manteiga e outras substâncias oleaginosas e
firmemente enfaixado. A cabeça era modelada e o
umbigo recebia óleo de rícino misturado à pimenta com
fins de cicatrização. Coroando os primeiros cuidados,
era fundamental o uso da estopa: “cataplasma
confeccionado com a mistura de um ovo com vinho”,
aplicado a uma estopa que por sua vez era presa por
um lencinho à cabecinha do pequeno para “fortificá-
la”. As mães indígenas preferiam banhar-se no rio com
seus rebentos. As africanas costumavam esmagar o
narizinho de seus pequenos, dando-lhes uma forma que
lhes parecia mais estética. Os descendentes de nagôs
eram enrolados em panos embebidos numa infusão de
folhas, já sorvida pela parturiente. (PRIORE, 2008, p. 86)
42
Sexualidade
Dessa diferenciação faz parte a questão de gênero. Será a partir das diferenças e das
identificações que o sujeito se descobre menino ou menina. Porém, esse é apenas um
aspecto da sexualidade.
Freud, em 1905, no texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, constata a presença
da sexualidade na infância. Ao contrário do que muitos imaginam, Freud não está se
referindo à sexualidade genital, mas à condição de a criança ter um corpo sensível ao
prazer/desprazer. Considera que a primeira curiosidade da criança expressa em palavras
tem a ver com o desejo de descobrir de onde veio, o questionamento sobre a sua origem,
o seu nascimento, é o que rege suas empreitadas curiosas sobre o mundo. Sua relação
com o conhecimento tem como ponto de partida o desejo de saber sobre si.
MIDIATECA
Linguagem
43
Será por meio da pele, das sensações, dos prazeres e desprazeres, da sua sexualidade,
que a criança irá descobrir o mundo e dar asas a sua imaginação, explorando a linguagem
na construção de sua identidade.
Fonte: www.themaeducando.blogspot.com.br.
Como eixo teórico propomos pensar a linguagem com os autores Walter Benjamin,
Mikhail Bakhtin e Lev Vygotsky, que vão refletir sobre o Homem como ser social, ativo
e produtor de sentido, para o qual a linguagem possibilita repensar o tempo, em sua
dimensão histórica, ressignificando o presente, o passado e o futuro, por meio da
dimensão expressiva desta.
44
O corpo e o movimento infantil na relação
com as artes
O movimento humano é
recheado de gestos, de
significados.
O movimento para o ser humano está para além do motor, cada mínimo gesto é significado
pelo outro e vai, aos poucos, sendo internalizado, ganhando significado para o sujeito.
Henri Wallon (1975), em sua obra, afirma que o ser humano é organicamente social, ou
seja, para que se desenvolva integralmente, necessita do outro, fato que o diferencia dos
outros animais. Mais especificamente, Wallon trata da afetividade humana, considerando
como afeto a ação de um sujeito sobre o outro. Assim, afetividade consiste em quanto
eu afeto o outro com a minha ação e o quanto sou afetado por ele.
45
Cada emoção provoca uma expressão
facial e corporal em você, assim como
nas crianças, além de gerar uma reação
no outro.
A linguagem corporal nos acompanha por toda a vida, porém é mais intensa na infância.
Colocar o corpo em movimento é algo extremamente natural para a criança, a descoberta
de si passa pela descoberta do próprio corpo em movimento, é agindo no mundo que a
criança o descobre. A imobilidade exigida pela escola moderna fere essa essência infantil.
46
Para refletir
O treino de habilidades motoras foi, durante muito tempo, usado como forma de facilitar
o aprendizado da leitura e da escrita; já que uma das principais características do ser
humano é a adaptação, esse acaba por parecer um caminho frutuoso. Entretanto,
as crianças que não construíram determinados conceitos na primeira infância não
respondem bem ao treinamento de habilidades. A ideia de treinamento ganhou força
teórica na década de 1970, com a concepção de privação cultural e com os programas
compensatórios que foram criados a partir dela.
47
Saiba mais
Privação Cultural: ideologia vinda dos Estados Unidos, que considerava a não
adaptação dos alunos das classes pobres ao ensino escolar como consequência
da falta de cultura, já que esses alunos não tinham acesso à cultura dominante.
Da mesma forma, como uma criança capaz de lidar com o dinheiro, fazendo compras
e recebendo o troco, pode não ter raciocínio matemático? Ela não está conseguindo
compreender a simbolização necessária para registrar graficamente as contas que
realiza mentalmente, mas já construiu o raciocínio matemático.
Importante
Esses exemplos são para nos fazer refletir sobre o que realmente precisamos
trabalhar na Educação Infantil. Existem conceitos próprios das construções
cognitivas dessa faixa etária, não precisamos querer repetir o que será feito no
Ensino Fundamental, buscando antecipar conteúdos que serão próprios das
etapas posteriores. Quando os educadores ficam presos aos conteúdos do
Ensino Fundamental, sem conhecê-los profundamente, não compreendem os
reais alicerces que esses conhecimentos exigem.
48
Os pontos abaixo são conteúdos da Educação Infantil e precisam ser trabalhados para
que a organização do espaço gráfico seja bem construída:
49
Pensando a expressividade infantil como material a ser explorado pelos educadores nas
salas de aula, é fundamental considerar a arte como uma possibilidade expressiva, na
qual a criança comunica suas elaborações de sensações, sentimentos e percepções.
Assim como a expressão corporal, a arte é uma linguagem privilegiada na infância e que
precisa ser vivenciada na escola.
50
Para refletir
“[...] a prática artística é vivenciada pelas crianças pequenas como uma atividade
lúdica, onde ‘o fazer’ se identifica com ‘o brincar’, o imaginar com a experiência
da linguagem ou da representação” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 123).
Será suficiente oferecer para a criança giz de cera todos os dias para colorir um
desenho já impresso ou para desenhar livremente? Ela estará experimentando
todas as possibilidades de representação artística dessa forma?
MIDIATECA
51
A ludicidade como eixo central da ação com
a criança de 0 a 5 anos
Parece um tanto óbvio pensar que o trabalho com crianças de zero a cinco anos deve
ter como eixo o brincar. Por que, então, não é dado ao brincar o seu verdadeiro lugar na
Educação Infantil?
Entretanto, o mais importante não são os conteúdos, mas a forma como a criança
aprende. Até os cinco anos de idade, seu aprendizado se dá por meio da brincadeira, é
na brincadeira que a criança aprende o sentido das coisas dando significado a elas. É o
momento auge para a apreensão de signos sociais e culturais. Tirar o tempo e espaço
da brincadeira da Educação Infantil é estabelecer uma barreira na comunicação com a
criança, é impedir que ela construa seu conhecimento.
52
A autonomia, a criatividade e a imaginação são vivenciadas com intensidade no ato de
brincar, nele são desenvolvidos os sentimentos, as percepções e as fantasias das crianças.
A ação de brincar, para Vygotsky (2002), “[...] cria uma zona de desenvolvimento proximal
da criança”. Ao imitar as ações do adulto a criança parece mais velha e até fala algumas
palavras ou expressões que não usaria em seu dia a dia.
Saiba mais
NDR NDP
ZDP
53
Observe a imagem a seguir:
Preciso ir buscar
minha filha na escola!
Para refletir
Durante muito tempo, acreditou-se que a brincadeira livre na escola só poderia acontecer
em momentos de recreação no pátio ou para passar o tempo. Ainda hoje, quando uma
professora é vista brincando com os seus alunos, costuma ser criticada, considera-se
que não tem conteúdo para trabalhar com os seus alunos e que por isso está brincando.
54
Exatamente esse estigma é que precisa ser quebrado. Se todos os professores brincassem
mais com os seus alunos, menos dificuldades enfrentariam na sua escolaridade.
Dica
Na brincadeira livre, não é o adulto quem traz a proposta, a criação das regras da
brincadeira fica por conta das próprias crianças, o adulto precisa assumir uma postura de
disponibilidade para ser incluído na brincadeira, deixando-se conduzir. A ação educativa
estará nas contribuições que o educador dará para a brincadeira. No exemplo acima,
essa contribuição está na pergunta: “Tem de hortelã?”. Dessa forma, a professora mostra
aos alunos que existem vários tipos de chá. Parece algo muito simples, mas será nessa
simplicidade que a criança vai ampliar suas relações com o mundo.
55
A intencionalidade na ação com a criança, tendo plena consciência do momento de
aprendizagem de seus alunos, é que propiciará a estes um momento rico em trocas na
brincadeira.
Importante
MIDIATECA
56
NA PRÁTICA
Lívia é professora de uma turma de Educação Infantil, suas crianças têm 5 anos.
Para trabalhar o projeto sobre animais, propôs um trabalho diversificado na sua sala
de aula. Dividiu a turma em três grupos:
A prática pedagógica de Lívia não tem sido bem vista por alguns professores da
escola, que consideram que ela não controla o seu grupo de crianças. Entretanto, de
acordo com Léa Tiriba (2001), no trecho acima, podemos considerar que Lívia não
está preocupada em treinar movimentos nem em controlar os corpos das crianças.
Em sua proposta, a professora permite a livre expressão motora de seus alunos,
mediando as situações de aprendizagem.
57
Resumo da Unidade 2
CONCEITO
58
Referências
CORSINO, P. (org.). Linguagens e sentidos. Salto para o Futuro. Brasília, ago. 2001. Bole-
tim linguagens e sentidos: o corpo silenciado. Disponível em: http://cdnbi.tvescola.org.br/
resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/181924Corponaes-
cola.pdf. Acesso em: 20 jul. 2014.
FREUD, S. Obras completas: três ensaios sobre a teoria da sexualidade, análise fragmen-
tária de uma histeria (“O caso Dora”) e outros textos (1901-1905). Tradução Paulo César
de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. v. 6. Disponível em: https://www.com-
panhiadasletras.com.br/trechos/14199.pdf. Acesso em: 5 nov. 2018.
PEREIRA, R. M. R. O que se cria. O que se copia. In: JOBIM E SOUZA, S. (org.). Educa-
ção@pós-modernidade. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.
PRIORE, M. D. História das crianças no Brasil. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2008.
59
ROSENAU, L. S. Diagnósticos do fazer docente na educação infantil. Curitiba: Intersa-
beres, 2013. (Série Pesquisa e Prática Profissional em Pedagogia).
TIRIBA, L. (org.). O corpo na escola. Salto para o Futuro. Brasília, ano 18, 4 abr. 2001.
Disponível em: https://cdnbi.tvescola.org.br/contents/document/publicationsSeries/
181924Corponaescola.pdf. Acesso em: 5 nov. 2018.
60
UNIDADE 3
OBJETIVO
62
Currículo, planejamento e projeto político-
pedagógico – PPP
A Nova LDB (Lei nº 9.394/1996), atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seus
princípios, norteia a importância da construção de um PPP de forma democrática, que
contemple as metas e os meios pelos quais a escola pretenda conduzir seus trabalhos.
Considerando que o PPP é a primeira etapa de planejamento da escola, iniciamos com
uma questão:
63
Atualmente, o sujeito não precisa da escola para ter acesso às informações; a web é
muito mais eficiente.
Como uma das etapas da Educação Básica, a Educação Infantil faz parte de um todo, e
seu trabalho precisa estar em sintonia com as outras etapas. Assim, sem perder suas
peculiaridades, o planejamento da Educação Infantil deve estar adequado ao PPP da
escola.
Saiba mais
64
Observe a tirinha abaixo:
Fonte: inovareduca.blogspot.com
Ainda hoje, percebemos, em alguns educadores, alunos e familiares, a ideia trazida por
Mafalda na tirinha: a escola responsável por transmitir saberes que serão absorvidos
pela criança de acordo com a capacidade dela de recebê-los.
65
anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, comple-
mentando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996, grifo nosso)
A partir dessa proposta mais abrangente, os conteúdos selecionados não precisam estar
ligados somente ao aspecto cognitivo, sendo essencial que contemplem os demais
aspectos do desenvolvimento infantil. Assim, nesse nível de ensino, os conteúdos “[...]
abrangem, para além de fatos, conceitos e princípios, também os conhecimentos
relacionados a procedimentos, atitudes, valores e normas como objetos de aprendizagem”
(BRASIL, 1998a, p. 49).
O RCNEI (BRASIL, 1998), primeiro documento oriundo do MEC que orienta a construção
curricular de forma nacional para esse nível de ensino, defende os conteúdos como
instrumentos pelos quais as crianças poderão desenvolver suas capacidades e elaborar
hipóteses sobre sua própria realidade, exercitando uma maneira singular de ser, pensar e
sentir o mundo, agindo sobre ele.
66
Importante
MIDIATECA
67
Organizando o espaço, o tempo e a
aprendizagem na Educação Infantil
Veja o esquema a seguir, que ilustra a inter-relação fundamental entre o espaço, o tempo
e a aprendizagem:
ESPAÇO TEMPO
APRENDIZAGEM
68
A seguir, vamos estudar cada um desses componentes! Vamos lá?
Espaço
Para o ser humano, a construção do mundo simbólico é sua principal característica, tudo o
que nos cerca é imerso em significado, seja ele transmitido culturalmente e apropriado pelo
ser humano ou produzido por cada um, a partir das próprias experiências. Dessa forma,
podemos afirmar que cada espaço tem uma simbolização específica para cada sujeito.
Um ambiente Ou um ambiente
disciplinador, que desafiador, que
mantém os corpos propicie o voo livre da
controlados? imaginação?
Saiba mais
Objeto do conhecimento: qualquer coisa que possa ser explorada pelo sujeito,
inclusive uma pessoa pode ser “objeto do conhecimento” em determinado
momento.
Ao mesmo tempo, se a mediação é o ponto alto que rege todo o trabalho na sala de aula,
como nos propõe Vygotsky, além de ser um ambiente desafiador, precisa possibilitar o
encontro com o outro, seja o colega ou o professor.
69
O espaço é em si um mediador cultural; por intermédio dele a criança experimenta a
cultura na qual está inserida.
Anteriormente, vimos que a experiência de mundo é realizada pela criança por meio
do próprio corpo, pois será o contato que terá com o espaço físico que irá qualificar
suas relações com o mundo e com o outro, ao experimentar as sensações de frio,
calor, luminosidade, barulhos, diversidade de cores, contatos que geram segurança ou
insegurança.
Para refletir
Assim, podemos afirmar com Barbosa (2007) que “[...] a noção de espaço é construída
sócio-historicamente e constituída e constituidora dos seres humanos” (p. 121).
70
Ter vários espaços diferenciados dentro de uma sala ampla possibilita diversas
explorações de acordo com os interesses. Ter todo o grupo em uma mesma atividade
gera segurança para o professor, porque tem aparentemente o grupo sob controle, fato
que pode continuar acontecendo com cada criança fazendo uma atividade diferente.
Essa proposta gera uma necessidade de reinvenção dos espaços de Educação Infantil.
Observe, a seguir, algumas imagens que ilustram situações em que as crianças estão
realizando atividades diferentes no mesmo espaço:
MASSINHA
CANTINHOS
LEITURA FANTOCHE
RECORTE E
PINTURA
COLAGEM
Tempo
Já a noção temporal é uma das últimas a ser construída pela criança, e depende de
uma série de experimentações no tempo, como: antes/depois, hoje/amanhã/ontem,
sequência, duração, ritmos, seriação, repetição, periodicidade e alternância. Noções que
são construídas no dia a dia, na rotina e no que foge dela.
71
Fonte: jcasadei.wordpress.com
Aprendizagem
72
Importante
MIDIATECA
73
Alternativas pedagógicas e avaliação
(portfólio) — o trabalho com projetos e as
múltiplas linguagens
Para iniciarmos esse assunto, é importante frisar que não cabe construir todo um trabalho
com Projetos e realizar uma avaliação tradicional, descontextualizada de tudo o que as
crianças experimentaram, pautada apenas nos conteúdos cognitivos.
74
Importante
O trabalho com Projetos na Educação Infantil não é novidade, apesar de nem sempre ser
do conhecimento dos professores. O próprio RCNEI (1998a) apresenta essa possibilidade
de atuação junto às crianças como:
A duração dos projetos pode variar de acordo com cada grupo e com os objetivos
traçados, acontecendo com base, principalmente, no desejo e no interesse das crianças.
75
Por que trabalhar com
projetos?
76
Registro constante das descobertas realizadas na
pesquisa: relatos escritos, gravações de áudio e vídeo,
Registro
fotos, produções das crianças (desenhos, pinturas,
construções em terceira dimensão).
Exemplo
77
ser construída junto à comunidade escolar: alunos, professores, funcionários, pais e
familiares.
Dica
E como fica a
avaliação em uma
proposta de projeto?
78
Saiba mais
Longe de ser o caminho mais simples para o professor, é um caminho mais denso e
proveitoso, porém bastante trabalhoso. Encaixa-se perfeitamente na modalidade de
Projetos, pois consiste em uma avaliação do processo, que culmina em um produto final
elaborado pelo grupo.
O registro por meio do portfólio permite a reflexão, tanto das crianças quanto dos
professores, sobre toda a produção realizada no projeto, é uma forma de documentar
os acontecimentos e estruturar a aprendizagem. Possibilita aos professores e pais a
visualização do processo de aprendizagem e descobertas das crianças, respeitando
o ritmo próprio de cada uma. Aumenta o compromisso dos alunos com tudo o que é
realizado em sala de aula, por tornar significativas as elaborações realizadas na escola, o
mundo e os conhecimentos escolares passam a estar conectados.
Existem várias possibilidades de formatos para portfólios, não existem modelos fechados,
o professor usa a sua criatividade para construir um portfólio que mais se adeque à
realidade de seus alunos. O importante é que esse portfólio apresente a caminhada feita
pela criança em seu processo de construção do conhecimento.
79
MIDIATECA
NA PRÁTICA
Conversando com José em alguns encontros, começou a perceber que ele era muito
astuto e que demonstrava conhecimento sobre vários assuntos, mas o que mais lhe
interessava eram os dinossauros, poderia ficar horas falando deles e inventando
brincadeiras.
Aos poucos, Helena foi se dando conta de que José não tinha nenhum distúrbio
de comportamento, apenas não achava as aulas interessantes. O que fazer para
inserir José na turma? Como orientar a professora para atraí-lo para os assuntos
discutidos na sala?
Pensou que um projeto sobre dinossauros poderia ser bem proveitoso para ele e foi
olhar o planejamento anual para o Pré 1 (turma de José). Porém, constatou que não
havia espaço para esse projeto, pois todo o ano estava preenchido com atividades
voltadas para as datas comemorativas. O que Helena poderia fazer?
80
Resumo da Unidade 3
Nesta unidade, você estudou o cotidiano da Educação Infantil, de forma a unir o trabalho
pedagógico à singularidade da infância. Dessa forma, você viu que:
CONCEITO
81
Referências
BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
82
UNIDADE 4
Reconstrução da Prática
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
84
Modelos pedagógicos como amarras ou
como possibilidades de reflexão
Nesta aula, vamos explorar algumas possibilidades dos modelos pedagógicos, procurando
compreender como as teorias podem ser um real auxílio na prática pedagógica com a
Educação Infantil.
Antes de entrarmos nos modelos, vale lembrar que, no decorrer do curso de Pedagogia,
você teve a possibilidade de conhecer uma série de teorias e seus respectivos autores
que refletem sobre propostas de trabalho com a infância.
MIDIATECA
85
Dentre as diversas concepções de aprendizagem, Rousseau considerava que a criança
tinha uma “essência boa”, que seria descaracterizada pela influência da sociedade, portanto,
quanto menos o adulto fizesse interferências, melhor seria para a criança. Ao contrário
dele, Pestalozzi (1746-1827), pensador político, suíço, seguidor de Rousseau, divergia de
seu mestre em alguns aspectos. Considerava que a criança tinha uma “essência má”, que
precisava ser reconduzida para o bom caminho. Os autores que se seguiram e que focaram
o trabalho com a infância nem sempre deixam tão clara sua posição quanto a esse aspecto,
mas percebemos traços de uma tendência ou de outra em suas abordagens.
Agora reflita...
86
Saiba mais
Empirismo
“[...] a razão, a verdade e as ideias racionais são adquiridos por nós através da
experiência. Antes da experiência [...] nossa razão é como uma ‘folha em branco’,
onde nada foi escrito; uma ‘tábula rasa’, onde nada foi gravado. Somos como
uma cera sem forma e sem nada impresso nela, até que a experiência venha
escrever na folha, gravar na tábula, dar forma à cera.” (CHAUÍ, 2000, p. 88)
Inatismo
Teoria piagetiana
Considerar que todos os atos infantis não são nem bons nem maus, mas experimentações
e descobertas, não significa que devamos deixar a criança colocar a própria vida em
risco para compreender um determinado fenômeno. Na infância, as noções de certo e
errado estão sendo construídas e se firmarão de acordo com as relações que a criança
estabelece com os outros, com a cultura, com a sociedade na qual está imersa. E nesse
ponto, quando inserimos as relações sociais em nossa defesa sobre o aprendizado
infantil, estamos trazendo para a reflexão Vygostky, autor russo (1896-1934) que agregou
a função social ao processo de aprendizagem.
87
Saiba mais
Saiba mais
Internalização
Como você pode perceber, Piaget e Vygotsky são dois autores muito importantes, eles
aparecem em vários momentos quando estudamos o processo de aprendizagem na
infância. Importante ter em mente o seguinte:
88
PIAGET VYGOTSKY
Outros autores, como você tem visto, contribuíram bastante para o trabalho que temos
hoje na Educação Infantil. Froebel, Montessori, Dewey e Freinet são teóricos que deixaram
em seu legado importantíssimas contribuições aos educadores, já que suas propostas
concretizam muitas ações pedagógicas.
89
Móveis em tamanho adaptado
Rodinha e utilização de jogos:
e trabalho individualizado:
Froebel Montessori
Dewey Freinet
Desafio
E você? Com qual linha teórica você se identifica mais? Como gostaria de
trabalhar com os pequenos?
90
Família e escola: uma relação de cumplicidade
Nesta aula, será abordada a questão da família na escola, partindo do ponto de vista de
que a relação da escola com a família precisa ser cultivada para além dos encontros para
avaliação dos alunos ou reunião de pais.
Observação
Os responsáveis pela criança precisam ser respeitados enquanto seu primeiro núcleo de
convivência. Por mais que ela possa vir cedo para a escola, com três meses de idade,
e passe mais horas na creche do que em casa, será com a família que construirá um
vínculo de intimidade que dificilmente ocorrerá na escola, salvo algumas exceções.
91
Os pais são a principal referência que a criança tem e isso não pode e não deve ser
descartado. Apesar de inicialmente a creche ter surgido como forma de substituição aos
cuidados da mãe para que esta pudesse trabalhar, a escola nunca poderá suprir a função
materna, a relação estabelecida na escola é de outra ordem.
Nem todos os pais têm isso claro, e cada vez mais se percebe que jogam para a escola
a função de educar seus filhos. Diversos são os motivos para esse fenômeno; a própria
contemporaneidade tem sido uma vilã a esse respeito. Vivemos um tempo em que:
4
O mundo percebe-se composto de um conjunto de culturas que dialogam entre
si, mas que estão desunificadas.
5
92
Marinho-Araujo e Oliveira (2010) salientam a importância da responsabilização compartilhada
entre família e escola, sendo infértil o terreno da culpabilização ou da transferência de
responsabilidades. O comprometimento de ambas as partes com o desenvolvimento
integral das crianças emerge de uma relação estreitada entre os envolvidos.
Cada vez mais a escola está precisando aprender a lidar com a demanda das famílias,
que têm modificado sua estrutura-base. As crianças na escola provêm de diferentes
estruturas familiares: homoparentais; pais divorciados, gerando dois espaços familiares
diferentes; crianças criadas por avós e avôs; crianças adotadas, entre outros.
O primeiro momento com o qual a escola se depara com a diversidade é no trato com os
familiares da criança que chega à escola. As formas como essa criança e as demais irão lidar
com as diferenças entre as famílias vai depender do acolhimento dado pela escola a elas.
O professor precisa estar atento às suas próprias crenças para evitar que seus
preconceitos reflitam em suas ações com as crianças e, respectivamente, com os pais.
Independentemente de sua constituição familiar, a criança tem o direito de ser olhada como
sujeito, em todos os seus aspectos — físico, cognitivo e afetivo. Não cabe ao professor
realizar qualquer tipo de julgamento; sua atitude precisa ser de acolhimento constante.
Acolher
Não julgar implica constantemente
ser neutro e não ter significa deixar a
opinião? criança fazer o que
ela quer?
93
1) Não julgar implica ser neutro e não ter opinião?
A neutralidade era uma busca da modernidade. Acreditava-se que podíamos ser neutros
a partir do conhecimento científico, que nos apresentava uma única verdade. Atualmente
a ciência não trabalha mais com verdades únicas, mas sim com diferentes pontos de
vista sobre determinado objeto de pesquisa. Dessa forma, o sujeito crítico sempre irá
posicionar-se diante do objeto a partir de determinada posição teórica, fato que não dá
o direito a ninguém de julgar o outro, pelo contrário, permite posicionamentos diferentes
sobre a mesma questão. Assim, o professor não precisa ser neutro, terá a sua opinião,
porém ela só deve ser emitida se não for causar nenhum tipo de desconforto.
Acolher constantemente não quer dizer ter pena da criança por essa ou aquela situação
de vida que passa, significa olhar para a criança enquanto sujeito, focando o seu pleno
desenvolvimento, fato que exige a imposição de limites em determinados momentos.
Deixar a criança solta, sem limites, também é excluí-la do processo educativo. Toda
criança precisa de continente, ou seja, de contenção, de sentir-se olhada e protegida.
MIDIATECA
94
O primeiro desafio enfrentado pela família e pela escola quando a criança da Educação
Infantil começa a frequentá-la é a adaptação. Para alguns, esse tempo será curto, porém
para outros pode ser bem mais longo, tudo depende de uma série de variantes. Cada
criança vai reagir de uma forma, não tem um padrão.
A 1ª semana de aula costuma ser uma boa choradeira na escola. O professor já está
esperando por essa situação e se organiza com atividades diferenciadas, porém, às
vezes, esquece que é um momento crucial para os pais. Alguns lidam muito bem com a
situação, outros não, precisam de mais tempo, precisam ser ouvidos em suas angústias.
Caso o pai tenha qualquer dificuldade em acreditar que seu filho será bem cuidado, isso
pode minar a adaptação da criança.
Observação
Ouvir os pais não significa fazer uma sessão de terapia todos os dias na porta
da sala, mas deixá-los nos orientar quanto à forma como desejam que seus
filhos sejam cuidados. Caso se perceba que existe realmente um exagero por
parte da família, a escola irá fazer a orientação, porém sem esquecer que a
família conhece os hábitos daquela criança, em sua singularidade, muito mais
do que a escola.
95
Portanto, é fundamental que o respeito mútuo esteja presente. Da mesma forma que
a escola estabelece limites bem definidos para a intromissão dos pais nos aspectos
pedagógicos, precisa respeitar o espaço particular dos pais; a escola não tem o direito
de invadir a forma como os pais educam seus filhos, a não ser que, de alguma forma,
estejam ferindo os direitos das crianças.
Saiba mais
96
Construção de projeto e planejamento de
aula
Nesta aula, você vai retomar alguns pontos abordados na disciplina para realizar a
construção do seu plano de aula do estágio.
Hoffman (2001) afirma que o planejamento proporciona ao professor a reflexão sobre suas
ações pedagógicas, permitindo rever a metodologia usada avaliando os resultados do projeto.
Que legal!
Como isso
funciona?
UM MUNDO DE DESCOBERTAS!
97
Saiba mais
no
alu
se
es sor? eses
é fes ót da
u em pro s hip ões ao
Q ra o s, a gaç am
pa ideia esti ress
v
As s in inte
a
e ança or?
cri fess
pro
Para que um projeto seja pensado, o professor precisa primeiramente conhecer bem
o grupo com o qual está trabalhando, estar atento aos seus questionamentos para
detectar seus interesses. A partir dos interesses, juntamente com o conhecimento sobre
o desenvolvimento infantil e os conteúdos a serem trabalhados nessa faixa etária, o
professor poderá montar uma problematização que conduzirá todo o Projeto.
98
Todo projeto deve ter:
Título.
Justificativa contendo a motivação do projeto.
Objetivo geral.
Descrição da condução: assuntos/atividades.
Recursos.
Tempo previsto.
Com o projeto definido, parte-se para o planejamento da aula ou da atividade, para a qual
o professor precisará ter em mente as questões discutidas nesta disciplina:
Educar/cuidar/brincar.
Identidade/linguagem/sexualidade.
Múltiplas linguagens: explorando a corporeidade e as artes.
A organização do espaço/do tempo/da aprendizagem.
A rotina.
Sustentabilidade ambiental, sociopolítica e econômica.
Conteúdos: conceituais/procedimentais/atitudinais.
O grande desafio que se coloca diante do professor da Educação Infantil é, justamente, fazer
a construção de um planejamento que deixe de ser uma simples listagem de atividades
ou o desenvolvimento de temas geradores para ser um norteador de descobertas de
conteúdos de todos os níveis, contemplando todas as singularidades infantis, com suas
necessidades e organizações próprias.
Montar um plano de aula para a Educação Infantil implica ter em mente que a criança é muito
mais que o cognitivo, possuindo aspectos físicos e afetivos que gritam para serem ouvidos.
Desenvolvimento integral é o oposto de desenvolvimento compartimentado. A separação dos
aspectos em cognitivo, afetivo e físico vale somente para fins didáticos. No desenvolvimento
da criança, esses aspectos se entrelaçam de tal forma que é impossível separá-los.
Cada ponto do plano de aula deve estar em consonância com o PPP da escola, e os
dois precisam estar de acordo com as propostas dos programas nacionais. Um dado
fundamental é que o plano de aula do professor precisa refletir seu posicionamento
teórico e as relações que estabelece entre conhecimento e aprendizagem.
99
Exemplo
Muitas perguntas vão surgir... basta dar asas à imaginação! Cabe ao professor
associar as questões que irão surgir com os conteúdos a serem trabalhados:
conceituais, procedimentais e atitudinais.
“Isso significa levar em conta que a professora estabelece seu trabalho em sala
de aula em contraste e em relação com uma série de decisões prévias (o que
se deve ensinar?) que tem presente para organizar a atividade dos Projetos.”
(HERNANDEZ; VENTURA, 1998, p. 101)
100
Aspectos do plano de aula
Objetivos
Trace os objetivos da aula, baseando-se nas habilidades e competên-
cias que pretende construir com as crianças.
Conteúdos
Selecione os conteúdos a serem trabalhados na aula, contemplando
os conteúdos: conceituais, procedimentais e atitudinais.
Desafio
Proponha um desafio, problematizando a questão a ser pesquisada.
Lembre-se que para instigar a pesquisa a pergunta precisa ser bem
elaborada.
Sistematização
Como se dará a aula? Descreva como acontecerão as atividades.
Recursos
Quais serão os recursos materiais necessários para a realização da
aula? Descreva esses recursos.
Tempo
Quanto tempo levará? Faça uma previsão para organizar melhor o
trabalho.
101
Desafio
Construa seu plano de aula e insira-o em um projeto. Seja criativo! Não precisa
ser de acordo com o planejamento da escola de estágio. Caso seja possível,
use o planejamento que fizer para realizar a regência em sala de aula.
Saiba mais
102
NA PRÁTICA
Fonte: educacaoinfantilummundoadescobrir.blogspot.com.
Mariana é professora de uma turma de crianças com cinco anos, está muito atarefada
com o planejamento de início de ano, já pensou os projetos que percorrerão o ano
e está se organizando para receber seus 25 alunos, como na charge de Tonnucci
acima.
No primeiro dia de aula se depara com João, que chega todo eufórico com seu
lanche na merendeira, doido para conviver com os colegas nas brincadeiras. Uma
criança acostumada a brincar livremente no quintal de casa com seus amigos, logo
estranha a sala fechada, mas acredita que irão brincar no pátio da escola, que deve
ter árvores e terra. Qual não é sua decepção quando se depara com concreto e
alguns brinquedos de plástico. Rafaela, auxiliar da turma, percebe que algo está
errado e vai conversar com João. Muito tristemente, a criança desabafa e conta
sua decepção. Minutos depois, instigado por Rafaela está brincando com as outras
crianças de pique-pega. Rafaela vai até a professora da turma, Mariana, para contar
o ocorrido. A reação da professora deixou Rafaela desolada:
Nesse caso, a professora não está contando com a singularidade dos alunos ao
planejar seu trabalho com a turma, ainda considera cada criança como mais um
número que precisa se adequar ao sistema.
103
Resumo da Unidade 4
Esta unidade contemplou uma reflexão sobre os aspectos necessários para se transformar
a prática. Na primeira aula, você percebeu como as teorias educacionais podem ser
objetos de reflexão sobre a prática pedagógica na Educação Infantil. Na segunda aula,
foi trazida a ideia da família como parceira da escola, e você viu como o acolhimento é
essencial para o sucesso dessa relação. Na última aula, você aprendeu como pode ser
montado um esquema para auxiliar o planejamento da aula que precisa ser realizada no
estágio, porém associando ao trabalho com projetos.
CONCEITO
O conceito trabalhado nesta unidade foi a construção de um plano de aula coerente com
as propostas atuais para a Educação Infantil, fazendo uso dos modelos pedagógicos
na correlação teoria-prática.
104
Referências
105