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Atividade Reflexiva I

Nesta atividade que compõe a disciplina “Prática de Ensino em Gestão Educacional”,


gostaria de trazer para pauta a discussão das metas 1 1 e 42 Plano Nacional de Educação (PNE). Para
tanto, entendo como oportuno traçar, em um primeiro momento, uma visão sucinta das 20 metas
descritas no PNE e, posteriormente, tecer minha leitura e análise crítica das metas, por mim,
escolhidas.
Sabemos que em 25 de junho 2014 o Congresso Federal sancionou, o PNE que, em síntese,
é uma lei brasileira que estabelece diretrizes e metas para o desenvolvimento educação com o
objetivo de direcionar esforços e investimentos para a melhoria da qualidade da educação no Brasil.
O Plano vincula os entes federativos (nacional, estadual e municipal) às suas medidas, e os obriga a
tomar medidas próprias para alcançar as metas previstas.
Em um viés pedagógico, as metas auxiliam no desempenho e ajudam a identificar pontos
fracos, que merecem atenção e, os fortes que devem ser, destacados impulsionando a educação
rumo ao propósito almejado e, por sua vez, esses são “estruturantes para a garantia do direito à
educação básica com qualidade” (BRASIL, 2014b, p. 9), que devem ser cumpridas até 2024.
Em uma primeira leitura é possível notar que as metas de 1 a 6 visam o acesso ao ensino, a
ampliação e a continuidade do atendimento escolar e, também, as oportunidades de escolarização
em vários níveis, valorizando os sistemas que incluem todos.
No que diz respeito as três metas seguintes (7 a 9) a ênfase está na qualidade e no aumento
de índices de desempenho e também na diminuição de desigualdades existentes.
As metas 10 e 11 discorrem acerca da educação voltada para a formação profissional em
nível técnico (BRASIL, 2014b, p. 10) e as metas de números 12 a 14 tratam da ampliação ao acesso
ao ensino universitário nos níveis de graduação e pós-graduação (BRASIL, 2014b, p. 13).
No que tange as metas de número 15 a 18, elas traçam orientações a respeito do professor a
respeito da valorização da carreira por meio de formação em cursos de graduação específicos e de
pós-graduação, e da existência de um plano de carreira e, consequentemente, melhores salários.

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Meta 1 - Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de
idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das
crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.

2
Meta 4 - Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.
Já a meta 19, traz para a pauta o envolvimento e a participação da comunidade escolar em
projetos político-pedagógicos. Por fim, a meta 20 trata do crescente aumento de investimento
econômico na educação chegando a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final de dez anos.
No que diz respeito a meta 1 é sabido que é de extrema importância e necessidade
desenvolver políticas públicas para a educação das nossas crianças, tanto para os processos de
escolarização, como para a formação dos sujeitos como cidadãos.
De acordo com a legislação vigente em nosso país, cabe aos municípios a responsabilidade
pela oferta da educação infantil, mas isso não significa que outras instâncias federativas não
poderão ou serão acionadas para que seja cumprida essa meta. É claro que há, nesse ínterim, muitos
desafios para serem superados afim de garantir o acesso e o aproveitamento de uma educação
infantil de qualidade. Não por acaso as metas seguem acompanhadas de estratégias que possibilitam
entendimento e clareza de como torná-las possíveis, dito de outro modo, efetivas.
Apesar dessas estratégias é possível notar que ainda há desigualdade de acesso à creches,por
exemplo, que contribui de maneira insuficiente ao cumprimento dessa meta que, segundo o INEP -
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, está em 23,2% e a meta é
de 50%. Esse dado indica a necessidade de políticas públicas específicas que visam melhorar essa
realidade, já que, na maioria dos casos, as crianças estão inseridas em um contexto de
vulnerabilidade social. No que diz respeito ao acesso das crianças na faixa etária de 4 a 5 anos os
dados são menos alarmantes, mas ainda abaixo da meta: atualmente 81,4% das crianças de 4 a 5
anos estão na escola.
Sobre a meta 4 os dados mais recentes do INEP apontam que 85,8% da população entre 4 e
17 anos (com deficiência ou algum transtorno) frequentam a escola hoje em dia. Nesta perspectiva o
obstáculo dessa meta está na permanência, que implica na qualidade e estrutura que atenda às
especificidades de cada aluno. Para tanto é preciso que aja adequações na infraestrutura das escolas,
seja garantido o transporte escolar acessível, além de investimentos na formação continuada dos
profissionais da escola e desenvolvimento de métodos de ensino adequados à maneira de
aprendizagem de cada aluno.
O PNE além de trazer as crianças com deficiência ao ensino regular tem, também, o desafio
de garantir o acesso à escola de quem hoje está excluído, o que no ensino fundamental e no médio
traz desafios distintos.
O processo de construção de uma escola inclusiva demanda, dentre outras coisas, mudanças
de paradigmas. A inclusão deve ser compreendida como um processo complexo, que requer
transformações estruturais em toda comunidade escolar, como a ruptura da ideia de que todos
devem aprender da mesma forma ou aprendem, no mesmo ritmo ou devem ser avaliados por
instrumentos padronizados de desempenho. Dito de outro modo, para que tenhamos uma escola
inclusiva e, com isso, conseguirmos garantia de acesso e permanência de estudante com deficiência
é preciso que busquemos ações que deem condições ao desenvolvimento dos sujeitos para o seu
desenvolvimento integral. Sabemos que educação é para todos e, desse modo, precisamos mobilizar
toda a sociedade para pressionar os governos a cumprirem e assegurar os direitos das pessoas com
deficiência.
Enfim, o PNE pode ser validado como política pública que visa a possibilidade de
manutenção das desigualdades existentes na educação brasileira e pode ser compreendido como um
modelo (possível) de planejamento educacional já que a educação é um direito universal. No
entanto, o PNE não deve ser cumprido até 2024 e um dos principais entraves que levaram à
estagnação dessa política educacional foram os cortes já realizados pelos últimos governos e o
aumento da influência de grupos que desejam a privatização da educação pública, ou seja, a veem
como um produto ou uma mera mercadoria. É possível que com a aprovação do novo Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e com um aporte maior de recursos,
possamos melhorar a qualidade da educação brasileira e propiciar mais inclusão, contudo cumprir
com as 20 metas num prazo de 3 anos é algo que requer muita estratégia efetiva, ação política e
dedicação de todas os entes federativos e, claro da sociedade, mas como diria Darcy Ribeiro 3 “a
crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”.

Referências
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Diário Oficial da União, 23 dez. 1996, v. 134, n. 248, seção 1, p. 27833.
________. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e
dá outras providências. Diário Oficial da União, 26 jun. 2014a.
________. Ministério da Educação. Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino.
Planejando a próxima década. Conhecendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação. Brasília,
DF: MEC, 2014b.

3
Darcy Ribeiro foi um sociólogo, antropólogo, educador, escritor e indigenista brasileiro, defensor da causa
indígena e da educação pública e de qualidade. Seus estudos publicados em vasta produção bibliográfica são
centrais para o entendimento da cultura indígena e da formação do povo brasileiro.

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