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TRÊS CORAÇÕES
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FÓRUM ESTADUAL PERMANENTE DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
2. APRESENTAÇÃO
A escola estadual Herbert José de Souza está inserida na Unidade Prisional de Três
Corações MG, criada no ano de 2006, através do termo de convênio celebrado entre as
secretarias de Educação de Defesa Social, partindo da necessidade de ofertar a Educação
de Jovens e Adultos aos indivíduos privados de liberdade. A modalidade EJA nessa escola
é ofertada no Ensino Fundamental, anos iniciais e finais e no Ensino Médio. As celas de
aulas se localizam dentro dos pavilhões, não apresentam estrutura física de sala de aula,
falta iluminação adequada, higiene e há excesso de ruídos externos, o que dificulta muito a
concentração dos alunos.
No prédio da escola há uma biblioteca com acervos diversos, literários e técnicos, que
atendem a todos os funcionários da Unidade prisional e da escola, principalmente aos
alunos. A escola não conta com o recebimento de livros da Secretaria de Educação ou do
setor de ressocialização, todos os exemplares são oriundos de doações e de campanhas
realizadas nos meios de comunicação virtuais pela professora de Uso da biblioteca
São seguidas regras específicas e muitas proibições desde o modo de vestir ao uso
do material pedagógico, que se restringe ao uso do livro, caderno, lápis e borracha. Não há
liberdade para o uso de outros recursos como TV, vídeo e /ou som, ou seja, procura-se fazer
o melhor com o mínimo possível. Há uma total dependência dos agentes penitenciários para
fazer a troca de horário, o que muitas vezes não acontece, e com isso, o professor precisa
sempre ter uma atividade extra, pois na sala que ele deveria ficar dois horários ele fica os
quatro, o que prejudica muito o andamento do planejamento escolar.
O público discente é diverso, composto por jovens, adultos e idosos; mulheres,
estrangeiros, população LGBTQIA, entre outros. Essa pluralidade de cultura, idades,
diferentes perspectivas de vida e vivências dos estudantes estão presentes nas relações
interpessoais dos alunos.
A EJA (Educação de Jovens e Adultos) é assegurada a todos os que não tiveram a
educação básica na idade adequada, incluindo aqueles em situação de privação de liberdade
nos estabelecimentos penais, e contempla as determinações curriculares previstas no art.
26 da lei n° 9394/96.
Tendo em vista o exposto acima, o que determina a Lei de Execução Penal, do ano
de 1984, a Secretaria de Defesa Social e a Secretaria de Estado da Educação de Minas
Gerais disponibiliza a educação cumprindo o que determina a Constituição Brasileira de 1988
no artigo 205: A educação é direito de todos e dever do Estado.
De acordo com a resolução nº 14/94 no capítulo XII que trata das Instruções e
Assistência Educacional assegura que:
Art.38. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e
a formação profissional do preso.
Art. 40. A instrução primária será obrigatoriamente ofertada a todos
os presos que não a possuam.
Art. 41. Os estabelecimentos prisionais contarão com biblioteca
organizada com livros de conteúdo informativo, educativo e recreativo,
adequados à formação cultural, profissional e espiritual do preso.
Parágrafo Único – Cursos de alfabetização serão obrigatórios para
os presos analfabetos.
O aluno privado de liberdade tem baixa autoestima, ir para sala de aula é sair de um
mundo de horror e ficar livre de batalhas travadas na mente. Por isso, a sala de aula no
sistema prisional é de suma importância para eles. Quando se melhora o ambiente, resgata-
se o indivíduo do meio onde ele está para uma nova jornada de sonhos e experiências.
Ter aula dentro de uma cela é desafiador para o aluno e para o professor. Pois todos
os dias é preciso fazer uma viagem para fora das grades, já que a cela “SALA DE AULA” por
si só, não transporta o aluno para o mundo maravilhoso da imaginação, é um exercício
mental de todos os dias para que consiga se ver como um ser humano capaz de se erguer
através da educação.
4. INTENCIONALIDADE:
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção.” (FREIRE, 1996, p.47)
3º) Buscar parcerias para o desenvolvimento das ações dentro dos diversos setores
da Unidade Prisional.
4º) Após realizar o diagnóstico e identificar os tipos de recursos, a equipe tem a
possibilidade de identificar os parceiros em potencial, dentro da Unidade
Penitenciária, que poderão auxiliar a unidade escolar na promoção de proposta
interdisciplinar e integrada, cujo foco será sanar a defasagem de aprendizagem e
ainda o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos estudantes;
7º) Realizar estudos das dez competências gerais da BNCC, dando atenção para
estas competências: Conhecimento; Trabalho e Projeto de Vida; Argumentação;
Autoconhecimento e Autocuidado; Empatia e Cooperação; Responsabilidade e
Cidadania;
6. AVALIAÇÃO
7. CONCLUSÃO
Diante do exposto pelo curso CREEJA, foi possível rever alguns aspectos
importantes da educação de jovens e adultos, tais como o histórico da EJA e sua
evolução, a formação do professor e suas práticas de ensino, além de constatar que a
EJA é uma educação possível e acessível a todos, inclusive aos privados de liberdade,
que não dispõem de recursos materiais, mas sim de experiências que muitas vezes foram
frustrantes ao longo do trajeto escolar.
Ao longo dos anos, o avanço da tecnologia e da economia tem feito com que as
pessoas sintam necessidade de retornar à sala de aula para aprimorar seus
conhecimentos, reinserir-se na sociedade, conseguir um diploma, atestando uma
escolarização mais elevada e sair em busca de um emprego, um nova oportunidade. Para
que se conquiste e mantenha o aluno privado de liberdade, é preciso que a aprendizagem
aconteça de forma colaboradora e significativa; para tanto, é preciso criar mecanismos a
fim de que o aluno se torne estimulado e corresponsável pela sua aprendizagem,
buscando uma apropriação do conhecimento de forma mais profunda (menos superficial).
Dessa forma, a equipe de professores buscará maior participação e motivação dos
alunos; valorização e utilização dos saberes e das experiências que os alunos já
possuem, adquiridos fora da escola; a reflexão e o debate de opiniões sobre os temas
abordados e atividades interdisciplinares. Só assim, a Educação de Jovens e Adultos na
unidade prisional vencerá desafios e trará resultados esperados de uma educação eficaz
e qualitativa.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECK, Caio. John Dewey: teoria e prática no ensino. 2016. Andragogia Brasil.
Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/john-dewey/
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 24ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1997.