Você está na página 1de 10

CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

LILIAN ARAÚJO DOS SANTOS

PRÁTICA PEDAGÓGICA
PROFISSIONAL

Trabalho apresentado à disciplina Prática


Profissional, do Centro Universitário FAVENI, no
Curso de 2ª Licenciatura em Educação Especial,
como pré-requisito para aprovação.

PARAGUAÇU – MINAS GERAIS


2023
1 – TÍTULO
A implementação e utilização do Plano de Desenvolvimento
Individualizado (PDI) na educação infantil, visando a inclusão de crianças do
espectro autista.

2 - APRESENTAÇÃO

Abordar o tema proposto é importante devido ao fato de que apesar da


educação ser um direito de todos, as práticas educativas estão distantes de
ocorrer de forma igualitária e é necessário direcionar cuidados especiais às
crianças autistas por terem um transtorno global do desenvolvimento (SOUSA
E SOUSA, 2015).
Segundo Gabrilli (2015, p. 18), a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência, Art. 1º “[...] é destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”.
Conforme a Cartilha dos Direitos da Pessoa Autista (2018) é necessário
que a sociedade como um todo se torne inclusiva, cooperando no empenho
daqueles que debatem em prol de oportunidades iguais, tornando assim a
inclusão um processo expansivo e irreversível.
De acordo com SOUSA E SOUSA (2015), a inclusão de crianças
autistas no ensino infantil tem como objetivo compor um espaço acolhedor e
não promover qualquer tipo de discriminação no acesso das crianças. Além
disso, é importante que os profissionais estejam devidamente capacitados para
incluir os alunos do ensino infantil com TEA, pois:
Hoje, do ponto de vista terapêutico e educacional, acreditamos que a
intervenção precoce com as crianças autistas pode trazer muitos
benefícios. Entendemos por intervenção precoce o atendimento
intensivo que se faz antes dos 5 anos de idade e, como resultados,
temos visto que os procedimentos psicopedagógicos realizados na
faixa etária de 0 a 5 podem ‘devolver’ a criança ao trilho de
desenvolvimento normal (SERRA, 2010, p. 42).
Existe uma possível defasagem no processo de inclusão das crianças do
espectro autista em decorrência dos profissionais não terem uma capacitação
necessária e adequada.
A implementação do Plano de Desenvolvimento Individualizado (PDI)
tem a finalidade de oferecer às crianças o suporte essencial para sua
aprendizagem e socialização respeitando suas peculiaridades e necessidades.
O Plano de Desenvolvimento Individualizado (PDI) é uma prática
adotada nas escolas com a finalidade de identificar de forma individual as
carências que cada indivíduo possui, desta forma, implementando maneiras de
adaptação do aluno, tornando-se fundamental no processo de adaptação do
programa escolar com as necessidades do aluno.
Desta maneira, a criança do espectro autista terá um investimento
melhor da escola junto às suas necessidades individuais, colaborando assim
para um melhor desenvolvimento e adaptação.

3 - OBJETIVOS

Objetivo geral:

Facilitar a inclusão de crianças com TEA no ensino infantil por meio da


capacitação de educadores em relação à construção do PDI.

Objetivos específicos:

 Fornecer informações a respeito da utilização do PDI na inclusão


de crianças com TEA;
 Promover encontros com os educadores para discutir sobre o
autismo e o PDI;
 Melhorar o processo de inclusão para as crianças autistas.

4- METODOLOGIA

Para a realização deste Projeto de Intervenção foi necessário um


levantamento bibliográfico através de leitura, discussão e descrição sobre o
que é PDI e sua utilização nas classes em que há aluno com TEA.
A metodologia utilizada, de natureza qualitativa, caracteriza-se como
pesquisa-ação, pois compreende um conjunto de procedimentos para interligar
conhecimento e ação ou, ainda, extrair da ação novos conhecimentos.
De acordo com Dionne (2007), cria-se uma relação incomum entre
pesquisador e participantes, uma cooperação que é estimulante para todos.
Thiollent (2011) salienta que a pesquisa-ação permite a coleta de
informação original de situações, a concretização de conhecimentos teóricos
por meio da relação pesquisador e problema investigado e ensinamentos
positivos ou negativos quanto às condições de êxito.
A coleta de dados foi realizada mediante as técnicas de observação
participante, diário de campo e questionário.
A escola escolhida para realização do Plano de Intervenção foi a Escola
Municipal Professor José Augusto, com o aluno autista M.V.P.L.F, matriculado
na Educação Infantil, pois o aluno em questão, está em fase de
desenvolvimento, sendo propício a realização de intervenção.
As atividades desenvolvidas foram elaboradas visando atingir os
objetivos propostos, entre os quais, o desenvolvimento de atividades
adaptadas, auxiliando em sua aprendizagem e também, vem contribuir para a
humanização do mesmo, desenvolvendo a autonomia, o respeito mútuo e a
solidariedade.
A proposta pedagógica é baseada nas teorias sócio interacionista e
construtivista do desenvolvimento infantil e tem inspirações na Pedagogia
Montessori e na Abordagem Pikler, tendo como objetivo o desenvolvimento da
autonomia, da coletividade e da liberdade de movimento e de criação.

5 - CRONOGRAMA

O QUE FAZER? QUANDO RESPONSÁVEIS:


FAZER? DATAS:
Contação da história “Eu sou 05/06/2023 Lilian
assim e vou te mostrar”,
trabalhando o esquema corporal.
Após contar a história, fiz alguns
questionamentos, pedi para colocar
a mão na parte falada, para
observar se o aluno tem a
percepção e localização do membro
em questão. Com o auxílio de um
barbante, propus ao aluno fazer a
medição de um colega, para
descobrirmos quem era o mais alto
dos dois. Depois com massinha,
trabalhamos as partes do corpo
com modelagem.

Montando o corpinho com blocos 06/06/2023 Lilian


lógicos: sugeri ao aluno que
separasse blocos de cores
diferentes para montarmos o
esquema corporal.
Desenho com tinta: utilizando tinta 07/06/2023 Lilian
guache e papel krafit, o aluno fez o
contorno do corpo do colega na
folha, após fazer a silhueta, o aluno
nomeou
Mímica: através da mímica, o aluno 12/06/2023 Lilian
deveria descobrir qual era a parte
do corpo que estava sendo
gesticulado.
Dança e música: Cantar, dançar e 13/06/2023 Lilian
fazer os gestos da música:
“Cabeça, ombro, joelho e pé”. A
música estimula várias partes do
cérebro da criança, fazendo com
que ela fique mais atenta e
concentrada a comandos simples.

6 - RECURSOS NECESSÁRIOS

Humanos: aluno autista da Educação infantil

Físico: sala de aula / cadeiras / barbante / papel krafit / blocos lógicos/


giz de cera

Didáticos: livros, pendrive, aparelho de som, computador, celular


7 - RESULTADOS ESPERADOS

As relações estabelecidas no ambiente familiar e na escola contribuem


para a formação social da criança e do adolescente. A família é responsável
pelos primeiros valores sociais e a escola é uma extensão desses padrões de
comportamento. Mas, a mudança na estrutura familiar e o modo de vida das
pessoas na atualidade podem influenciar a violência, a qual se reflete na escola
e consequentemente no processo de aprendizagem.
É necessária a compreensão de que a inclusão não acontece como uma
fórmula mágica, pois as mesmas estratégias não funcionam igualmente para
todas as crianças. Por isso a inclusão, na prática, também se torna tão
desafiadora.
O educador em sua prática pode ser veiculador de valores, através de
seus conteúdos, pois a Escola é uma das instituições que promove a
socialização dos indivíduos.
É importante a criação do vínculo dos educadores com a criança, por
isso quando ela é inserida no contexto escolar é necessário que haja uma
adaptação. A criança autista precisa visualizar o espaço, reconhecer território
fazer a transição, que é imprescindível, do ambiente que frequentava
anteriormente para esse novo ambiente, seja o ambiente anterior, sua casa,
creche ou outra escola. Já é de conhecimento que a criança autista possui
dificuldade de comunicação, então uma das maneiras de fazermos a inclusão é
adequando a linguagem, possibilitando uma linguagem alternativa, sendo 10
mediada visualmente, por exemplo, expor para a criança uma rotina escrita do
dia é uma das formas de comunicação (BRASIL, 2014).
O Plano de Desenvolvimento Individual do aluno tem como objetivo,
orientar de maneira especial cada caso, esse plano foi criado e é adotado em
escolas do ensino infantil, pública e ou privadas com o intuito de facilitar no
desenvolvimento do plano de ensino, e com o objetivo de dar mais atenção às
particularidades de cada aluno, fazendo com que desta forma tenha mais
clareza na execução da inclusão de crianças com necessidades especiais.
Para que uma escola de fato seja uma escola inclusiva, é preciso que
aconteça uma ruptura com os modelos reducionistas, fechados e
padronizados. É preciso que haja um reconhecimento da diferença, para que
assim possam dar a devida atenção de forma individualizada às
especificidades encontradas. Importante ressaltar que, além do
reconhecimento das diferenças, é necessário conhecer cada história ali e
assim ir para um caminho de busca de um novo plano e objetivos pedagógicos
(POKER et. al, 2013).
O trabalho executado na escola, deve ter continuidade ao longo dos
anos letivos na tentativa de contribuir para uma inclusão que seja de fato
satisfatória, para alunos com TEA e para que seus familiares se sintam seguros
em deixar seus filhos em uma escola onde os direitos de todos sejam
respeitados.

8 – REFERÊNCIAS

BRASIL, (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e quarto


ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares
nacionais/ Secretaria de Educação. Fundamental. – Brasilia:
MEC/SEF,1998.174 p.

DIONNE, Hugues. A Pesquisa-ação para o Desenvolvimento Local.


Tradução de Michel Thiollent. Brasília: Liber Livro, 2007.

SERRA, Dayse. Autismo, família e inclusão. Polêmica, v. 9, n. 1, p. 40-56,


2010. SOUSA, Antônia Patrícia Fortaleza De; SOUSA, Irma Daniele Fortaleza
De. Acessibilidade de crianças autistas em ambientes educacionais: um
estudo bibliográfico sobre a inclusão de crianças autistas no ensino
básico. Revista do Departamento de Fundamentos da Educação da
Universidade Federal do Piauí. V.2, n.2, 2015.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. 18. ed. São Paulo:


Cortez, 2011.
RELATÓRIO FINAL DE INTERVENÇÃO DO PROJETO

O desenvolvimento das atividades que trabalha esquema e consciência


corporal, possibilitou ao aluno a reflexão, promoveu a socialização, a
ludicidade, o respeito mútuo, a solidariedade e o trabalho em equipe, pois o
aluno necessitou da ajuda de seus colegas para a realização das atividades.
As análises realizadas mediante a aplicação do plano de intervenção
certamente fornecem indícios da formação de valores humanos. Contudo, não
permitem prever se a melhoria da convivência e do relacionamento entre os
educandos estará presente em outras situações.
O aluno foi bem receptivo ao trabalho e a realização das atividades
propostas.
A intervenção ocorreu na segunda semana do mês de Junho.
Observei durante e após a aplicação deste projeto o gosto por atividades
que valorizam o trabalho lúdico, onde o aluno realiza suas atividades por ele
mesmo, através da sua própria aquisição do conhecimento. O aluno aprende
por meio de brincadeiras e o contato com o outro, respeitando as suas
individualidades, a importância do colega para alcançar metas, a amizade e
solidariedade. Somente com a insistência no trabalho dialogado com os alunos
é que poderá ser amenizada a situação de exclusão na escola; um tema
complexo, porque é fenômeno de difícil erradicação.
Espero que as contribuições e aprendizado não se percam com o tempo
e que possam ser estendidas ao seu ambiente familiar e no contexto social.
Porque através do PDI é que será de fato criado meios e atividades de acordo
com cada necessidade, pois cada aluno com TEA é singular, cada qual
apresenta uma dificuldade. Por meio dessa prática pedagógica, valoriza-se o
trabalho de cada um dos participantes aumentando deste modo a autoestima,
as relações de proximidade, a solidariedade, o respeito e o lúdico; pois, nas
atividades cooperativas, os indivíduos são mais amigáveis e sensíveis com os
colegas.
Foi um momento de muito aprendizado, tanto para o aluno autista,
quanto para mim, enquanto estudante de Educação Especial.

Você também pode gostar