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Resumo
Este trabalho é resultado de uma investigação realizada com alunos da Educação Especial,
matriculados em dois Centros de Educação Infantil, localizados na área urbana do município
de Irati, no interior do Paraná. A pesquisa se deu com dois alunos participantes do atendimento
em Estimulação Precoce, o qual ocorre nesse município em Escola Especial, especificamente,
no ambiente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Os alunos em questão
possuíam a mesma faixa etária, mas se diferenciavam nas especificidades decorrentes das suas
deficiências, bem como do período de tempo em que participavam desse atendimento, essas
distinções tornaram-se significativas para o entendimento das problematizações encontradas
nesse artigo. Nesse sentido, a pesquisa teve por objetivo a investigação da (des)continuidade
do atendimento em Estimulação Precoce no ambiente da Educação Infantil, além da observação
de quais seriam as contribuições advindos desse atendimento no desenvolvimento desses
alunos. Portanto, esse estudo realizou-se por meio de observação sistemática e registro em
diário de campo, o qual aliado à pesquisa bibliográfica nos oportunizou chegar a algumas
reflexões acerca do tema investigado. Para a análise de dados utilizamos a perspectiva de
Análise de Conteúdos proferida por Bardin (1977). Fundamentamos-nos teoricamente em
autores da área da Educação Especial, Estimulação Precoce e Educação Infantil, tais como;
Mantoan (2013), Bolsanello (1998,2003), Perez-López; Brito de La nuez (2004), Kramer
(2007), Kishimoto (2001), entre outros, além dos documentos oficiais da Educação Especial.
Desse modo, as conclusões resultantes da pesquisa nos permitem refletir sobre os desafios de
adaptação enfrentados pelos educadores e alunos, reflexos do não conhecimento das
especificidades dos alunos da Educação Especial e do desconhecimento sobre a Estimulação
Precoce e seus benefícios para o desenvolvimento dos alunos, temas que apontam para o
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Graduanda do curso de pedagogia pela Universidade Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO – campus de Irati..
E-mail: mariribeiro659@gmail.com
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Doutora em Educação Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná, professora adjunta da
Universidade Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO. E-mail: anaflaviahansel@gmail.com
ISSN 2176-1396
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despreparo de formação específica dos professores que atuam com alunos com deficiência, nos
Centros de Educação Infantil desse município.
Introdução
o que acontece nos primeiros anos de vida de uma criança, é muito importante para as
suas construções e sua trajetória, são marcas fundantes que repercutem ao longo de
sua história. Muitas situações de obstáculo em relação ás possibilidades de
desenvolvimento têm sua origem nos momentos iniciais de constituição do sujeito [...]
(ALVES, 2007 p.22).
Soejima (2008) reitera que o fator que irá diferenciar o processo evolutivo do
desenvolvimento humano, será a forma e a qualidade dos estímulos que estes receberão durante
os seus primeiros anos de vida. Ou seja, quanto mais precocemente os estímulos forem
recebidos, haverá melhores possibilidades de potencializar o desenvolvimento global desse
sujeito sem tantas posteriores complicações. Nesse sentido, a Estimulação Precoce, primeiro
programa da Educação Especial, mostra-se como uma importante ferramenta de apoio ao
desenvolvimento global.
As Diretrizes de Estimulação Precoce (BRASIL, 1995 p.11), conceituam-na como um
“[...] conjunto dinâmico de atividades de recursos humanos e ambientais incentivadores, que
são destinados a proporcionar a criança, [...] experiências significativas para alcançar pleno
desenvolvimento no seu processo evolutivo”. Pérez-López e Brito de La Nuez (2004) em seu
livro Manual de Atención Temprana evidenciam que a Estimulação Precoce passou por
diversas raízes conceituais até chegar ao seu conceito atual, no qual tem sua atuação centrada
no atendimento às crianças, suas famílias e o seu entorno.
Sigolo e Cia (2013) declaram que ao ser realizado precocemente esse atendimento
proporciona melhores oportunidades de evolução dos quadros: cognitivo, motor e sensorial de
todas as crianças, principalmente as que são caracterizadas como público alvo da Educação
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Metodologia
chegamos após a sua analise. Gil (2002 p.134) define que as categorias de análise “[...] consiste
na organização dos dados de forma que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões
a partir deles”.
Desenvolvimento
A Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Escolar além de ser uma ponte
que ligará a criança aos conhecimentos sistematizados, deve proporcionar a mediação entre ela
e esse novo ambiente.
Para Alves (2007), a instituição que ofertará a Educação Infantil deverá conduzir esse
processo de imersão na Educação Escolar como um elo de apoio, o qual ligará a criança, os
cuidadores e o sistema educacional, proporcionando a elas a criação de um ambiente acolhedor.
Além de que, “[...] muitos são os benefícios que uma escola de educação infantil traz para
qualquer criança, independentemente de sua condição física, intelectual ou emocional”.
(PEREIRA; GRAVE, 2012 p. 103).
Por conseguinte, nessa fase do desenvolvimento humano são estabelecidas as relações
de descoberta, da qual faz parte as noções de afetividade e sociabilidade, sendo essencial o
estímulo à linguagem, a motricidade, ao conhecimento do próprio corpo e das relações com o
meio. (BRASIL, 2013).
Uma das formas de se efetivar esse elo na Educação Infantil é por meio do lúdico,
utilizando para isso as brincadeiras. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica
(BRASIL, 2013) discorrem sobre a importância de se utilizar o tripé cuidar, brincar e educar
como forma de se trabalhar o lúdico na educação infantil, estabelecendo relações de estímulos
a todas as crianças.
Ao brincar, a criança assimila mais facilmente os conceitos da sua nova realidade.
Vygotsky (1987 p.117 apud BORBA. 2007 p.36) declara que ao brincar “a criança se comporta
além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no
brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade”, ou seja, o brincar possibilita a
criança desenvolver formas de estimulação aprimorando o seu conhecimento.
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Mas não é só no brincar que a criança se desenvolve, pois, o cuidar e o educar mesmo
sendo conceitos diferenciados acabam por serem indissociáveis nesse processo. Froebel (1912,
apud KISHIMOTO 2001) já se pautava neste tripé ao afirmar que o cuidar, nunca poderia se
desvincular do educar e do brincar. Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica (2013) afirmam que:
Nesse sentido, os educadores se vêm diante de desafios que até então não haviam
enfrentado anteriormente, os quais oportunizaram a escola repensar o seu papel social e a
desenvolver novas estratégias de ensino.
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Para Mantoam (2013), a escola do século XXI deve ser o ambiente educacional em que
os alunos sejam ensinados a valorizar e questionar a diferença, que educadores e gestores
trabalhem de forma democrática no sentido de proporcionar ao aluno e a seus pares, a sua
inserção e inclusão nesse ambiente.
Uma das formas de contribuir na efetivação desses objetivos são os encaminhamentos
pedagógicos referendados pela escola. Eles podem se pautar em vários critérios e diferenciadas
perspectivas, dentre eles, analisaremos apenas três. O preparo dos professores em receber os
alunos da Educação Especial em sua turma; a conscientização dos educadores e da escola sobre
os desafios que encontrariam na adaptação desses alunos e a sua disponibilidade em
conscientizar os pais em relação a esses desafios, agindo como mediadora dessa inclusão e do
desenvolvimento global desse aluno.
No que se referem ao primeiro critério analisado, em ambas as escolas, as docentes
responsáveis pela turma se mostravam receosas pela nova situação apresentadas a elas, ambas
sentiam-se despreparadas em desenvolver o papel de mediadoras entre o aluno e o
conhecimento. Bolsanello (2003) salienta que:
sociais em que estas se encontravam inseridas. Não nos deteremos nas mudanças contextuais
ocorridas, mas destacamos que a partir do século XIX houve uma mudança de paradigmas,
produzindo reformulações na concepção do cuidar e educar direcionado às crianças pequenas.
Segundo Kramer (2007) é somente depois dessa visão que a criança passa a ser definida
como sujeito da sua própria cultura, ou seja, ela produz cultura e por ela é produzida ao ser
inserida em seu ambiente social. No entanto é somente no século XX que o conceito do cuidar
começa a ser pensado além de garantir apenas a integridade física, moral e psicológica da
criança e torna-se um meio de estimular o seu desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial.
Assim, torna-se necessário situar essa criança, como sujeito do seu próprio
conhecimento, acompanhando e mediando o seu desenvolvimento infantil. Isso se dá por meio
de pesquisas e estudos voltados à compreensão de como se organiza o seu aprendizado.
Bolsanello (2003) reitera que toda pesquisa realizada nessa área, auxiliará no processo
educativo, o qual refletirá no atendimento e avaliação da intervenção realizada em estimulação
precoce.
Além disso, se refere também ao acompanhamento específico realizado por
profissionais que tenham por campo de estudo o desenvolvimento da criança e da infância em
suas diversas áreas. Entre eles, estão os profissionais da Estimulação Precoce (Educação
Especial) e os da Educação Infantil, pois são eles que na maioria das vezes convivem
diariamente com essa criança. Alves (2007) defende que os educadores devem dar continuidade
ao processo de conquistas e avanços que essas crianças obtiveram por meio da estimulação
precoce no ensino infantil.
Porém, esse fato só se efetivará, se estes possuírem noções básicas da concepção e
conceitualização do atendimento em Estimulação Precoce, e dos benefícios advindos dele, fato
que constatamos ser desconhecidos pelas educadoras investigadas. Em ambas as escolas
observadas as docentes afirmavam ignorar as práticas de Estimulação Precoce.
No entanto, na escola B a equipe da instituição se propôs a trabalhar práticas de
estimulação e compilaram atividades em um portfólio organizado em conjunto com a
coordenadora pedagógica, a secretaria de educação e os pais da aluna para que, por meio dele
a estagiária realizasse as estimulações com a criança.
Concomitante a esse atendimento, a aluna em questão recebia acompanhamento de
outros profissionais fora do seu contexto escolar. Além do atendimento em estimulação
precoce, o qual ocorre nesse município em escola especial, recebe auxílio de psicólogos,
neurologistas, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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BORBA, Ângela Meyer. O brincar como um todo de ser e estar no mundo. In: Ensino
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