Você está na página 1de 14

Trabalho de Conclusão de Curso

A PRÁTICA EM SALA DE AULA: QUAIS ATIVIDADES ADEQUADAS PARA O


DESENVOLVIMENTO DOS BEBÊS

THAMIRES GESTEIRA SOARES


Pedagogia/ polo Centro RJ

Profª Drª Talita da Silva Campelo


Professor(a) Orientador(a)

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo auxiliar os profissionais de creche que


atuam no berçário a ampliar as experiências, os conhecimentos, as habilidades e as
aprendizagens dos bebês através de atividades adequadas ao nível de
desenvolvimento dos pequenos. Entendendo que o cuidar e o educar são
indissociáveis, tal estudo é de suma importância ao acolher as vivências e os
conhecimentos constituídos pelos bebês no ambiente familiar e articulá-los as
práticas pedagógicas. Participaram do estudo 50 bebês de 6 meses a 1 ano e 11
meses, alunos de um Espaço de Desenvolvimento Infantil no Município do Rio de
Janeiro, os bebês foram divididos em dois grupos de acordo com a idade. Por meio
do desenvolvimento do presente estudo foi possível observar as atividades
propostas na rotina das turmas de berçário como proposta de desenvolvimento da
criança de zero a 23 meses. Foram estudados documentos sobre educação infantil,
realizadas entrevistas e observação da prática de 10 profissionais de berçário de um
Espaço de Desenvolvimento Infantil no município do Rio de Janeiro, focando nas
atividades de rotina das turmas e seu detalhamento. Além disso foi observado
também se os conceitos de educar e cuidar estavam sendo colocados de maneira
igualitária e qualitativa, promovendo assim um desenvolvimento integral. Os
resultados mostraram que os documentos oficiais pouco falam do segmento em
questão, deixando imprecisa a relação entre as atividades realizadas na rotina e seu
papel no desenvolvimento da criança, sendo que as atividades de cuidado são
sempre priorizadas, colocando o berçário ainda na posição assistencialista que não
deveria mais assumir.
1
Trabalho de Conclusão de Curso

Palavras-chave: Bebês.Berçário.Desenvolvimento.Prática

1.Seção- Introdução

Este artigo aborda o estudo de casos da adequação de atividades para


o desenvolvimento dos bebês na creche, com o olhar privilegiado para as turmas de
berçário 1 com bebês de 6 meses até 1 ano e 5 meses.

O trabalho traz o conceito de infância, o início da escolarização da educação infantil,


o desenvolvimento dos bebês e como eles enxergam o mundo.

Os bebês permanecem nas instituições integralmente e as atividades


das quais participam deveriam estimular seu desenvolvimento nos aspectos motor e
percepto-cognitivo proporcionando maturidade para que eles caminhem na direção
da conquista da autonomia e independência. Mas é isso que acontece? Nos
berçários, fase em que os bebês estão em acelerado processo maturacional, as
atividades realizadas na rotina têm favorecido o desenvolvimento das capacidades e
habilidades das crianças? Os profissionais estão preparados para apoiar e estimular
as necessidades individuais dos bebês no berçário?

Essas questões suscitaram a necessidade de se conhecer melhor essa


realidade. Dessa forma, essa pesquisa constitui-se com o objetivo de analisar as
atividades propostas ao berçário como recurso ao desenvolvimento dos bebês de 6
meses a 1 ano e 5 meses. Através da observação da rotina de atividades e
entrevista com profissionais de dois berçários de um Espaço de Desenvolvimento
Infantil no Município do Rio de Janeiro. Com a leitura dos documentos
encaminhados pela prefeitura em questão foi possível identificar concepções sobre
criança, cuidar, educar e brincar que permeiam a rotina de atividades dos bebês.

2
Trabalho de Conclusão de Curso

Sabe-se que há, atualmente, um importante debate na Educação


Infantil querendo otimizar o atendimento ofertado de acordo com as necessidades
da criança. Resumindo o cuidar e o educar como a vertente principal dessa
discussão, influenciando a distribuição dos recursos financeiros, físicos e materiais e
na formação qualificada dos profissionais.

Na Educação Infantil, à docência exige um profissional que tenha um


olhar sensível para o seu aluno, que o perceba como membro de um grupo familiar e
social e que compartilhe e partilhe suas vivências culturais e se permita atuar com a
diversidade e comtemple conteúdos diversos de desenvolvimento e aprendizagem
infantil. Mas é a prática que precisa ser redirecionada com esses conhecimentos
respeitando a experiência das profissionais que a exercem.

Proclamando a creche como espaço educacional e qualificado em suas funções,


Barbosa (2010) ressalta que a atuação do professor infantil requer conhecimentos
teóricos, metodológicos e relacionais específicos, de modo que o professor no
contexto de sua sala de aula saiba mobilizá-los.

O profissional de creche não deve ter apenas o olhar voltado para a criança, mas
também para os espaços que serão habitados pela mesma. A amplitude e a
diversidade do espaço físico, a infraestrutura do material de apoio, a formação dos
profissionais, o planejamento e acompanhamento do seu trabalho, o respeito pelas
suas experiências e a busca pela união entre a família e a escola são as práticas
que devem permear a educação infantil, a creche e o berçário.

1.1 Subseção - Justificativa

O estudo tem como objetivo auxiliar os profissionais de creche que


atuam no berçário a ampliar as experiências, os conhecimentos, habilidades e as
aprendizagens dos bebês através de atividades adequadas ao nível de
desenvolvimento dos pequenos.

Entendendo que o cuidar e o educar são indissociáveis, tal estudo é de suma


importância ao acolher as vivências e os conhecimentos constituídos pelos bebês no
3
Trabalho de Conclusão de Curso

ambiente familiar e articulá-los as práticas pedagógicas proporcionando assim em


sua primeira etapa educacional um desenvolvimento pleno condizente ao seu nível
de maturação.

1.2 Subseção - Objetivos

O presente estudo é necessário para auxiliar os profissionais de creche


em sua atuação com os bebês, através de uma perspectiva histórica, pedagógica,
cultural e social.

Deve ser implementado nos espaços de desenvolvimento infantil ou creches


preferencialmente em salas de berçário.

Segundo Freire (1996, p.41)

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-critica é


propiciar as condições em que os educandos em suas relações
uns com os outros e todos com o professor ensaiam a
experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser
social e histórico, como ser pensante, comunicante,
[...]assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se
como objeto.

Adequar as atividades ao desenvolvimento dos bebês, incentivar seus interesses e


descobertas e contribuir para a construção da sua identidade social e cultural, nada
mais é do que mediar o caminho e dar condições de que ele o faça.

1.3 Subseção - Organização do Trabalho

Quando se pensa em estudar a creche, mais especificamente o


berçário e as atividades nele desenvolvidas, há necessidade de saber como se
processa e se organiza a rotina diária, levando em consideração os seus diferentes
elementos constituintes: os profissionais e a prática propriamente dita. A partir da

4
Trabalho de Conclusão de Curso

análise desses elementos, será possível vislumbrar a realidade e os aspectos que a


constituem e, assim, propor mudanças significativas através da interferência nos
pontos necessários.

2. Seção - Fundamentação Teórica ou Referencial Teórico

O homem, desde o nascimento, tem seu desenvolvimento percepto-


cognitivo, motor e socioemocional promovido por sua interação com o meio no qual
está inserido. Suas experiências, sua atividade, sua ação sobre o ambiente
promovem essa interação e, consequentemente, permitem o desenvolvimento de
suas potencialidades e habilidades.

(Cavicchia, 1993; De Vitta, 1998; Eckert, 1993; Thiessen & Beal, 1995).

As primeiras percepções do bebê em relação ao mundo que o cerca são geradas a


partir de sua movimentação ativa ou passiva.

Tendo como movimentos ativos: os reflexos e movimentos espontâneos e como


passivos todos os movimentos que são gerados a partir da manipulação de um
adulto, como quando ela é pega no colo para alimentar-se.

As sensações geradas por esses movimentos são táteis e suas


percepções do mundo que o cerca são enviadas ao cérebro estabelecendo uma
série de conexões neurais. Tais sensações quando enviadas ao sistema nervoso
central, provocam na criança uma resposta essencialmente motora.

Segundo, Brandão (1992, p. 28)

O desenvolvimento funcional do sistema nervoso se processa,


de início, estimulado pelas sensações, despertadas durante o
exercício das atividades reflexas e dos movimentos
espontâneos e depois, graças aos estímulos despertados
quando brincamos com a criança, durante as atividades da
vida diária ou pela execução das próprias ações já adquiridas.

5
Trabalho de Conclusão de Curso

É incontestável a importância das atividades para o desenvolvimento do Sistema


nervoso central e sua influência na personalidade, na medida que possibilita na
criança qualidades como: criatividade, curiosidade, autoestima e autoconfiança.

Segundo, El –Khatib (2002, p.269)

As crianças aprendem brincando e experimentando, por meio


de todos os seus sentidos e de todas as suas sensações e
sentimentos. Por isso, dependem das oportunidades que lhes
são dadas pelo ambiente, pelas pessoas e pelas relações
estabelecidas entre elas e essas pessoas.

As atividades ligadas a rotina dos bebês, estão diretamente ligadas com a


alimentação, a higiene e sono, com o tempo se incorpora em sua rotina o brincar.
Essas atividades proporcionam aos bebês estímulos para o desenvolvimento da
motricidade, inteligência e funções do sistema nervoso, no entanto a falta de
estimulação adequada aos bebês, durante essa fase inicial da vida, pode prejudicar
a aquisição dos movimentos.

Nessa faixa etária a maioria dos cuidados relacionados ao bebê vem de dois
núcleos fundamentais: a família e a escola.

No Brasil a creche foi introduzida para cuidar das crianças de mulheres


que trabalhavam fora e foi regulamentada em 1972 pelo governo brasileiro que
decretou a obrigatoriedade do funcionamento.

No fim da década de 80 e 90 o atendimento passou a ser para crianças de 0 a 6


anos de idade, distinguindo-se a Educação Infantil, agora parte do sistema de
ensino, do sistema assistencialista. A educação infantil incorporou duas instituições
distintas, definidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
promulgada em dezembro de 1996: a creche ou entidades equivalentes para
crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola, para as de 4 a 6 anos.

No entanto o papel da creche ainda não está completamente definido.

6
Trabalho de Conclusão de Curso

As atividades que envolvem o cuidar do bebê exigem uma rotina organizada em


alimentação, higiene, descanso e o pedagógico. Batista (2001), escrevendo sobre o
proposto e o vivido em relação ao dia a dia da creche destaca que há certa rigidez
nas atividades propostas às crianças, sendo que essas têm por objetivo prever os
acontecimentos e dirigir e organizar o tempo e o espaço. No entanto, essa atitude
vai de encontro à prática natural da criança, constituída pela simultaneidade de
ações.

Nas turmas de berçário os profissionais têm um duplo papel: o de cuidador e o de


educador, sendo o cuidador, aquele que toma conta, troca fralda, dar, banho e
alimenta e o educador, o que cuida ativamente do seu desenvolvimento integral. O
conhecimento que os profissionais de berçário têm sobre o desenvolvimento infantil
determinam a qualidade do atendimento ofertado na creche.

Muitas pesquisas têm discutido qual seria a melhor forma de


possibilitar a esses profissionais maior entendimento de sua prática, assim como
formas de aprimorá-la (Strenzel, 2001).

Os resultados dessas pesquisas indicam que é necessário que se respeite a prática


já existente e, a partir dela, se construa o conhecimento necessário à melhora da
qualidade da educação da criança em creche.

Segundo Strenzel (2001), há urgência na reflexão sobre essa dualidade de papéis:


cuidador e educador. A autora aponta para a necessidade da formação continuada
dos profissionais da creche, que permita a reflexão sobre suas práticas,
relacionando-as com os contextos de vida das crianças.

A investigação aqui proposta lançou o seu olhar sobre as atividades relativas ao


cuidado das crianças de 0 a 18 meses que frequentam a creche e seu papel na
educação das mesmas, tendo como princípio que essa educação se refere à
oportunidade de desenvolver-se integralmente, como definido pelos objetivos gerais
da educação infantil, segundo o RCNEI (Brasil, 1998, p. 63).

foram entrevistadas sete funcionárias que atuam no berçário de um Espaço de


Desenvolvimento infantil – creches – integradas à Secretaria Municipal de Educação

7
Trabalho de Conclusão de Curso

do Rio de Janeiro. A escolha dessa instituição deve-se à proximidade que o


pesquisador tem com o local escolhido.

Observou-se que as atividades que constituem a rotina de ambos os berçários são


as mesmas, havendo pequenas variações quanto aos horários e a disponibilidade
do espaço físico, recursos materiais e humanos.

Essa discussão propicia o aprofundamento de um tema relevante: qual a função do


berçário? Na maior parte dos discursos das profissionais do berçário, é possível
observar que impera a ideia de que a creche existe para atender às crianças cujas
mães têm que trabalhar.

Em vários discursos, foi possível observar contradição na definição da função da


creche, ou seja, sempre se buscou vínculos com seu papel assistencialista e,
embora as pessoas tentem incorporar objetivos educacionais, contradizem-se ao
falar que se a família da criança tem condições de ficar com ela, não deveria colocá-
la no berçário.

3. Seção - Metodologia / Resultados e Discussão

Essa pesquisa se insere no campo de pesquisa social, segundo


Minayo (2000), “ o termo pesquisa social tem uma carga histórica e, assim como as
teorias sociais, reflete posições a frente à realidade, momentos do desenvolvimento
e da dinâmica social, preocupações e interesse de classes e de grupos
determinados” (p.23).

Considerando que o objetivo desse trabalho é analisar as atividades propostas na


rotina do berçário como recurso ao desenvolvimento da criança, é necessário que
vários aspectos sejam abordados, a saber:

 A prática profissional em relação ao objeto de estudo;

 A teoria que norteia a prática por meio de parâmetros delineados, tanto pela
instituição, como pelo governo através de leis;
8
Trabalho de Conclusão de Curso

O desenvolvimento de procedimento metodológico que permitissem atingir o objetivo


proposto para esta pesquisa partiu da questão que a profissional do berçário, seu
espaço de ocorrência e as leis que regem esse espaço representam um todo
indissolúvel e representativo.

Para a realização dessa pesquisa os procedimentos utilizados podem ser divididos


em duas partes. A primeira diz respeito à pesquisa documental, aquela cuja fonte de
dados são materiais que não receberam ainda um tratamento analítico.

Os documentos analisados foram: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB), Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Referenciais Curriculares
Nacionais de Educação Infantil (RCNEI) e Plano Nacional de Educação (PNE).

Os documentos locais disponibilizados pela Secretaria Municipal de


Educação do Rio de Janeiro foram as Orientações Curriculares de educação infantil
(2010) do Município, que se Refere à educação da criança de zero a 6 anos de
idade e as orientações sanitárias (os protocolos ) enviados mensalmente pela
prefeitura.

O segundo conjunto de procedimentos, que tiveram como objeto a rotina de


atividades do berçário e sua utilização para o desenvolvimento da criança.

Os resultados dessa pesquisa foram organizados de maneira a facilitar o


entendimento do objeto de pesquisa, ou seja, as atividades propostas na rotina do
berçário e o seu papel no desenvolvimento das crianças.

A rotina dos dois berçários estudados são iguais, seguindo o quadro abaixo, porém
de maneira flexível em alguns aspectos:

Quadro de rotina – Com horário reduzido nas turmas por falta de profissionais

Horários Atividade Observação


7:30 – 8:00 Chegada O responsável leva a
criança até a sala do
berçário, onde este é
recebido por uma
9
Trabalho de Conclusão de Curso

profissional da turma.
8:00 – 8:30 Desjejum O desjejum chega na
sala e é servido aos
bebês nas cadeiras de
alimentação que ficam
no solário da sala,
alguns tomam sozinhos,
outros precisam de
auxílio.
8:30 – 9:30 Atividade livre As crianças são
colocadas no chão de
piso fofo para a atividade
de música, onde pegam
instrumentos musicais
confeccionados em sala
e após brincam todos
juntos com os
brinquedos da sala.
9:30 – 10:00 Troca de fralda As profissionais de apoio
junto com as professoras
realizam a troca das
fraldas no fraldário, são
trocados dois bebês por
vez, enquanto os outros
ficam na sala com mais
duas profissionais.
10:00 – 10:40 Almoço O almoço chega na sala
e a rotina é a mesma do
desjejum.
10:40 – 11:40 Sono- repouso Os bebês são colocados
pra dormir em
colchonetes que são
organizados na sala,

10
Trabalho de Conclusão de Curso

cada bebê tem os seus


pertences pessoais para
a hora do repouso.
11:40 – 12:10 Troca de fralda A rotina é a mesma
descrita acima na troca
matinal.
12:10 – 13:00 Atividade livre e saída Geralmente é realizada
uma atividade motora,
onde os bebês precisam
se movimentar com ou
sem auxílio e depois são
preparados pra saída,
onde os responsáveis os
buscam na porta da
sala.

4. Seção - Considerações Finais

Ao observar a realidade nos dois berçários do Espaço de


Desenvolvimento Infantil do Município do Rio de Janeiro pude perceber a dificuldade
em observar objetivos que envolvem o cuidado e a educação nas atividades
desenvolvidas nos berçários. O cuidado, sempre apontado como a função principal,
relacionado ao atendimento das necessidades básicas da criança regia a rotina das
atividades organizadas no dia a dia dos berçários.

Sendo assim, a educação se mostrava apenas vinculada ao sentido disciplinador


das crianças em relação aos hábitos de higiene, alimentação e convívio social. Com
essa organização a criança era passiva de cuidados, pouco estimulada a interagir
com o meio e sem possibilidades de autonomia construção de seu conhecimento de
mundo.

Destacando-se a falta de estudos e referências especificas ao berçário como parte


do sistema educacional. Mesmo os estudos que discutem a Educação infantil como
11
Trabalho de Conclusão de Curso

assistencialista, colocando as instituições como necessidade social e um direito que


garante a emancipação da mulher, pouco falam as particularidades do berçário.
Embora haja uma tentativa de reorganizar e repensar a educação infantil, muitas
contradições podem ser encontradas na prática dentro das salas de aula e até
mesmo nos documentos oficiais, quando nos referimos principalmente ao berçário.

Conclui-se que essa fase é muito difícil de ser discutida, talvez porque os próprios
estudiosos e pesquisadores não tenham certeza da importância da sua existência
em contraposição aos cuidados maternos. Constatamos isso através da quantidade
de trabalhos que ao se disporem de estudar o berçário, concentraram-se na questão
da adaptação do bebê e das mudanças em seu estado de saúde. Nessa fase, onde
as atividades de cuidados na creche se parecem muito com a rotina realizada pela
família, sua incorporação ao âmbito educacional fica mais dificultadas.

O berçário exige maior direcionamento de pesquisas que contribuem


com a definição de suas funções, de recursos físicos e materiais e de diretrizes
referentes a formação do pessoal que estará lidando com essas crianças. A
formação profissional direcionada as necessidades de desenvolvimento das crianças
de zero a 18 meses, deve considerar a individualidade no processo de
desenvolvimento e aprendizagem e preparar o profissional para analisar cada
atividade proposta, assim como cada situação que se coloca na rotina do berçário,
de modo a explorá-la permitindo ações intencionais de caráter educacional, sem
desprezar a prática já existente.

A presente pesquisa permitiu constatar que a Educação Infantil passa por um


período de reflexão, oportunizando a revisão de seus fundamentos e funções. A
discussão toma vários caminhos: financiamento, recursos materiais, físicos e
humanos, todos influenciados por fatores históricos e culturais juntamente com
documentos oficiais produzidos no intuito de orientar as práticas existentes. Conclui-
se que na Educação Infantil como um todo, principalmente no berçário, há
necessidade de unir o cuidado e a educação num atendimento que respeite a
individualidade de cada criança, seu ritmo de desenvolvimento, suas características
biológicas através de atividades que sejam significativas, que permitam atender as
necessidades pertinentes da idade, mas que também estimulem seu

12
Trabalho de Conclusão de Curso

desenvolvimento enquanto sujeito que influencia e é influenciado pelo meio em que


se insere.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.

BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Práticas cotidianas na educação infantil –


bases para a reflexão sobre as orientações curriculares. Relatório de pesquisa
MEC- UFRGS. Brasília, 2010.

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental


(1998). Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:
MEC/SEF.

Cavicchia, D.C. (1993). O cotidiano da creche: um projeto pedagógico. São


Paulo: Loyola.

Strenzel, G.R. (2001). A contribuição das pesquisas dos Programas de Pós-


Graduação em Educação: Orientações pedagógicas para crianças de 0 a 3
anos em creches. Texto recuperado 11 mar. 2002: http://www.ced.ufsc.br/~nee0a6/
anped2001.html.

Thiessen, M.L. & Beal, A.R. (1995). Pré-escola, tempo de educar. São Paulo:
Ática.

13
Trabalho de Conclusão de Curso

Eckert, H.M. (1993). Desenvolvimento motor. São Paulo: Manole.

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para


Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação – PNE. Brasília:


INEP, 2001b.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde.


7. Ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 2000.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,


LDB. 9394/1996. BRASIL.

RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Educação. Orientações Curriculares


para a Educação Infantil do Município do Rio de Janeiro. 2010.

RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Educação. Protocolo Sanitário de


prevenção a Covid - 2.3. 2022.

14

Você também pode gostar