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OS DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PERANTE A

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Kelly Cristina Souza Borges¹; Sara Littig Vilela2; Vaniele de Souza Oliveira3; Alice
Cristina Souza Lacerda Melo de Souza4

¹ Acadêmica do curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia de Rondônia; e-mail: kellycris.quimi@gmail.com

² Acadêmica do curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia de Rondônia; e-mail: sara.vilela2@gmail.com
3
Acadêmica do curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Rondônia; e-mail: vaniele1souza@gmail.com
4
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – IFRO ; e-
mail: alice.cristina@ifro.edu.br

Resumo:

O autismo em verso e prosa foi uma ação destinada a estudantes dos cursos técnicos de
Florestas, Química e Informática, e dos acadêmicos do Curso Licenciatura em Química
do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia- IFRO campus Ji-Paraná. Tendo
como objetivo sensibilizar o alunos e servidores quanto aos aspectos da educação
inclusiva promoveu debates e capacitação técnica por meio de oficinas pedagógicas,
estas constituíram-se ações do projeto maior intitulado " Nos Labirintos da Inclusão".
Nesse contexto o trabalho apresenta o relato de experiência de três acadêmicas do Curso
Licenciatura em Química participantes do projeto. A metodologia adotada foi o
desenvolvimento da oficina para construção de material pedagógico para autistas.
Palavras –chave: Autismo; capacitação; educação inclusiva, oficina.

Introdução

Muito se fala em inclusão, mas pouco se é praticado no meio educacional, onde


a teoria é diferenciada da prática, em que o grande objetivo é oferecer uma educação de
qualidade e igualitária para todos. Oliveira ( 2009, p.32) afirma que:
A política inclusiva objetiva oportunizar a educação democrática
para todos,considerando ser o acesso ao ensino público de
qualidade e o exercício da cidadania um direito de
todos;viabilizar a prática escolar da convivência com a
diversidade e diferenças culturais e individuais,e incluir o
educando com necessidades educacionais especiais no ensino
regular comum.

A escola não apenas deve assegurar o direito da vaga aos alunos com
necessidades especiais, os professores e toda a gestão escolar precisam rever e analisar
os métodos pedagógicos e também os conteúdos a serem trabalhados, de forma que
esses alunos com NE tenham desenvolvimento e aprendizagem, perante o restante dos
outros alunos da sala. Segundo Blanco (2004), citado por Silva (2011)

É preciso assegurar que o currículo da escola seja o mais amplo,


equilibrado e diversificado possível. As equipes docentes devem
fazer uma análise profunda do currículo oficial para verificar em
que medida as necessidades dos alunos são contempladas para
tomar as decisões adequadas.

O professor diante deste cenário vem desempenhando papel fundamental, uma


vez que é ele que tem que fazer com que a inclusão aconteça de fato, entretanto o
professor não tem uma estrutura estável, uma habilitação para se trabalhar de forma
inclusiva (SILVA 2011) e quando se deparam com alunos que tenha necessidades
educativas especiais, se assustam com as diversidades encontradas e, desse modo eles
começam a rever o seu trabalho para tentar se adaptar a essa nova realidade. (COSTA,
2007)
Dentre os diversos casos que se encaixam no quadro de inclusão, vem ganhado
destaque o Autismo, que é conhecido como um dos transtornos invasivos de
desenvolvimento (DITs) e que apresentam três principais áreas de identificação:
interação social, uso inapropriado da linguagem e comportamentos e interesses
estereotipados e repetitivos (MESQUITA; PEGORARO, 2013).
Face a realidade da necessidade de inclusão dos indivíduos com NEE, o presente
trabalho tem como objetivo destacar a importância da capacitação e os desafios de
produção de materiais pedagógicos para autistas priorizando os alunos dos cursos de
licenciatura, uma vez que esta ação possibilitou uma reflexão e experiência da
necessidade de uma melhor formação no que tange aos aspectos inclusivos na
construção da identidade docente.

Metodologia

A oficina pedagógica “O autismo em verso e prosa” foi uma das ações


contemplada no projeto “Nos labirintos da Inclusão” dentre os objetivos propostos
estava as informações sobre o Autismo, a reflexão e a busca de um texto que remetesse
a complexidade da identificação e da inclusão do Autista e por fim a construção de um
material pedagógico para ser doado ao Centro Especializado em Autismo .
Para o desenvolvimento deste primeiramente a coordenadora do projeto entrou
em contato com o Centro Especializado em Autismo, onde eles se firmaram como
parceiros e em escolhesse o material a ser construído durante a oficina. A sugestão foi
que fossem confeccionados três carrinhos de papelão e uma pista de corrida,
objetivando proporcionar a interação da criança autista com o material produzido
auxiliando-a no desenvolvimento da imaginação e no jogo faz-de-conta.
Após a inscrição das acadêmicas, a oficina desenvolveu-se dentro da seguinte
metodologia: Primeiramente através de uma palestra precedida por uma dinâmica
ministrada por uma representante do centro, esclareceu-se o que é o autismo, as
abordagens do tratamento e a importância de materiais específicos para este grupo no
ambiente educacional e atuação pedagógica realizada pela associação junto aos autistas.
Em seguida os participantes foram separados em 4 grupos, três destinados a
construção dos carrinhos interativos (a criança deveria ter um espaço para entrar no
carrinho e ser parte dele) e outro grupo ficou responsável pela construção da pista de
corrida. A segunda etapa da oficina ocorreu uma roda de debate onde as acadêmicas
participantes leram frases, poemas ou trechos de textos literários pré-selecionados
baseados na concepção pessoal que descrevesse ou remetesse as características e a
complexidade do autismo. Como etapa final visitou- se o Centro Especializado em
Autismo para que o material confeccionado fosse apresentado a uma criança do centro
devidamente acompanhada por sua responsável e pelas instrutoras. A oferta do material
e a interação da criança foi monitorada por câmeras para preservar a identidade e
respeitar a criança quanto aos seus aspectos afetivos e sociais. Ao fim das
atividades as acadêmicas responderam o questionário de avaliação proposto, destacando
a importância do projeto para o campus Ji-Paraná, os conhecimentos iniciais sobre o
autismo e o aprendizado proporcionado, destacando estes para a construção da futura
identidade profissional.
Na finalização do projeto, foram expostas as fotos e as frases escolhidas pelos
participantes dentro da exposição intitulada "Nos Labirinto da Inclusão". Esse espaço
promoveu a socialização de todas as etapas e ações promovidas no decorrer do projeto.

Resultados E Discussão

A proposta apresentada na Oficina “O autismo em verso e prosa” contribuiu para


situações de ensino aprendizagem significativas na vida das futuras professoras. A
dinâmica escolhida para introduzir a oficina instigou as acadêmicas quanto a
necessidade de reflexão; separados em duplas, com participantes com os quais não se
tinha conhecimento e nem tampouco intimidade, os participantes foram instruídos a
provocar o parceiro, com atitudes tais como: gritar, mexer nos ouvidos e nariz, beliscar
enfim incomodar, esse momento teve o intuito de demonstrar    e sensibilizar o grupo
para a necessidade de compreensão de como os autistas se sentem e se comportam no
seu cotidiano e, como atitudes tomadas pelos educadores    mesmo que involuntárias
podem prejudicá-los no ambiente educacional. Uso de cores exageradas, excesso de
barulho em sala, muitos cartazes espalhados, sala desorganizada, obrigação do trabalho
em grupo foram apontadas pelas palestrantes como situações conflitantes para os
mesmos.
O material pedagógico a ser confeccionado, constitui-se um desafio para as
acadêmicas visto que exigiu das mesmas o trabalho em grupo, discussão quanto a
segurança, a escolha das cores a serem utilizadas entre outros. Ressalta-se aqui o desafio
para que o mesmo que proporcionasse a interação do aluno, visto que a mesma poderia
não ocorrer dada as particularidades da criança. No segundo momento promoveu-se o
debate entre os participantes. Coube aos envolvidos selecionarem previamente um texto
ou produzir um, que remetesse no entendimento de como estes compreendiam o
autismo. O compartilhamento dos textos foi essencial para socialização do grupo.
A visita ao Centro ocorreu na terceira etapa e consolidou-se como um novo
momento de aprendizagem, pairava entre as futuras licenciadas questionamentos: o
material produzido permitiria a interação e despertaria o interesse da criança envolvida?
Atenderia ao propósito inicial que era de “ provocar” o aluno autista no sentido de que o
mesmo deveria realizar o jogo do faz-de-conta, ele compreenderia que deveria entrar no
carro, tornando-se um e seguir pela pista de corrida ou simplesmente ignoraria o
material? No quarto monitorado a pista foi montada pela instrutora com a ajuda da
responsável pelo aluno, em seguida os carros foram colocados em um canto para
despertar o interesse da criança. Essa etapa gerou grande apreensão entre os envolvidos,
sobretudo nas acadêmicas, que assistiam na recepção o processo. Inicialmente o carro
foi ignorado, o aluno optou por se esconder, após um tempo ele selecionou um carro e o
empurrou, ao fim e com algumas intervenções o aluno se apropriou de um dos carros e
realizou um pequeno percurso na pista.
Após esse momento houve esclarecimentos ao grupo da escolha da criança
participante bem como a mãe do mesmo pode relatar o trabalho realizado com a mesma
no centro. A avaliação da oficina foi significativa por permitir que fossem destacados
aspectos tais como a importância do projeto para o campus e o paralelo entre o que se
conhecia sobre o autismo antes e depois da oficina, com destaque para a importância de
capacitações principalmente aos licenciados uma vez que estes serão de fato os maiores
agentes promotores da inclusão no ambiente escolar.

Conclusão

Oficinas pedagógicas e projetos destinados a discutir a inclusão no ambiente


escolar contribuem efetivamente para subsidiar uma melhor formação profissional dos
licenciados. Além de promoverem a reflexão sobre o significado da inclusão enquanto
prática a se efetivar nas escolas, a mesma possibilita a construção de matérias
pedagógicos a grupos específicos, ampliando o leque de atuação dos docentes que
compreendem que fazer inclusão é pertinente a todos os professores e não somente aos
educadores que atuam nas salas de recurso.
Outra efetividade s é a transposição da teoria a prática muito mais que se
discutir, ou somente aceitar o aluno em sala este profissional deve estar atento ao fato de
promover o desenvolvimento destes alunos nos diversos aspectos: cognitivo, afetivo e
social. Entretanto cabe ressaltar que a inclusão não deve ser discutida somente através
de projetos ou núcleos específicos ela deve permear todo o currículo educacional e,fazer
parte da rotina escolar promovendo a melhoria na educação brasileira.

Agradecimentos

Nossos sinceros agradecimentos ao Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de


Rondônia que promoveu essa capacitação.
Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo que
foi parceiro e nos proporcionou conhecimentos e experiências excepcionais.

Referências Bibliográficas

COSTA, C. Sentimentos de professores frente às dificuldades na prática da


educação inclusiva de alunos com deficiência no ensino fundamental. 2007. 112 f.
Dissertação (mestrado em Educação) -    programa de estudos pós-graduados em
educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo. 2007.

JESUS, D. M.; BAPTISTA, C. R.; BARRETO, A. S. C.; VICTOR, S. L. Inclusão,


práticas pedagógicas e trajetórias de pesquisa. 2. ed. Porto Alegre: Mediação. 2009.
p. 32.

MESQUITA, W.;    PEGORARO, R. Diagnóstico e tratamento do transtorno


autístico em publicações brasileiras: revisão de literatura. Journal of the Health
Sciences Institute. 2013;31(3):324-9.

SILVA, M. Dificuldades enfrentadas pelos professores na educação inclusiva. 2011.


54 f Monografia (Especialização em desenvolvimento humano, educação inclusão
escolar) – Instituto de Psicologia. Universidade de Brasilia. Brasilia. 2011.

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