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INTRODUÇÃO
A mãe acaricia os cabelos ralos do bebê próximo à janela do quarto.
Aninhado em seu colo, escuta sussurros de histórias ancestrais, trazidas até sua
mãe da mesma forma: na calada da noite, na hora de dormir, no momento de
intimidade entre pais e filha.
A brisa suave do fim do dia e a luz rosada do sol que se põe dão ao bebê um
emaranhado sensorial: Voz da mãe, brisa, cor, “cafuné”.
Naquele momento - poucos se dão conta - mas naquele momento, o bebê
está lendo. É um contato precoce com a literatura, com a riqueza cultural do
imaginário humano. O bebê ainda não dispõe de linguagem desenvolvida, poder de
abstração ou mesmo imaginação, mas seu cérebro está, naquele momento, criando
conexões neurais que serão utilizadas em toda sua trajetória como leitor.
Para Yolanda Reyes, especialista em leitura na primeira infância, há uma
série de premissas que sustentam a necessidade de iniciar as crianças ainda muito
jovens no mundo da leitura. A primeira premissa é de que a primeira infância é um
período crítico no desenvolvimento cerebral da criança. Dessa forma, os estímulos
acertados criarão uma espécie de “base” para tudo o que a criança tem potencial de
se transformar no futuro. A segunda premissa é a de que a criança deve ser vista
como sujeito desde sua fase como bebê. Para Reyes, este é o enfoque político de
sua pesquisa, uma vez que tal ideia sugere olhares e investimentos diferenciados
para a primeira infância como um todo.
Para o bebê e para a criança bem pequena, as emoções, os sentidos e o
conhecimento estão associados de maneira complexa, por isso, garantir
comportamentos leitores, ou formar leitores, não é uma tarefa simples e institucional,
que compete somente à escola. Quando falamos de primeira infância, nos referimos
à tríade casa, estado, escola. Todas essas grandes instituições deveriam estar
ligadas para favorecer o desenvolvimento pleno das crianças e oferecer a elas uma
gama de estímulos e experiências que as façam explorar o máximo de seu
potencial. No entanto, sabemos não ser assim. Enquanto professores, ao
adentrarmos uma turma de Educação Infantil, percebemos que muitas das crianças
possuem vínculos frágeis ou inexistentes com seus cuidadores em casa. Que muitas
vivem em ambientes insalubres, de violência, fome ou falta de condições para
higiene.
Emi Da Costa Machado Pinheiro
O gosto de ler, o amor pela literatura são, portanto, construídos pelo afeto,
pela maneira como a criança é afetada por seus principais cuidadores desde o início
da vida.
1.4 Estudos e referências quantitativas acerca do contato com livros na
primeiríssima infância.
Pais e professores têm lido cada vez mais acerca da importância de ler para
seus bebês. Programas televisivos de largo alcance, sites na internet,
recomendações do próprio ministério da saúde e da Associação de Pediatria
Brasileira, lançam propostas no sentido de estimular o cérebro para a leitura desde
bem cedo.
O que não fica claro para pais e professores , no entanto, é que o conteúdo
das páginas apresentadas aos bebês é quase tão importante quanto o ato de ler em
si.
Todos os livros são iguais quando se trata de leitura compartilhada? Importa o
que você escolhe ler? Há livros melhores para bebês e livros melhores para crianças
bem pequenas?
Um estudo realizado pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos,
propôs criar dados para guiar a escolha correta de livros no sentido de causar
melhores efeitos para o desenvolvimento dos bebês. O objetivo principal deste
estudo é delimitar a extensão da importância da leitura compartilhada com bebês
para seu desenvolvimento integral.
Os pesquisadores descobriram os benefícios da leitura compartilhada. Para a
criança, a leitura compartilhada significa melhores chances de desenvolvimento
linguístico e cognitivo, aumento do vocabulário e ganho de habilidades pré-leitoras, o
que no Brasil se popularizou como “comportamentos leitores”.
diferença entre afeto e carinho, pois embora o carinho seja de suma importância
para a construção da identidade da criança, dissociado dos estímulos adequados,
não colabora de maneira tão efetiva para seu desenvolvimento cognitivo, ou seja,
sua inteligência.
E quanto ao contrário? Crianças com acesso a estímulos cognitivamente
adequados sem presença e afeto podem se beneficiar e aprender?
Outro estudo, realizado por Chatèrine Cuyer, especialista em infância e
tecnologia, demonstra que para a funcionalidade plena da leitura compartilhada com
todos os benefícios à inteligência da criança bem pequena, a presença e afetividade
de pessoas é indispensável. Em suma, livros em tablets, celulares ou computadores
não possuem os mesmos efeitos caso suas interfaces sejam independentes. O que
isto quer dizer? A inteligência artificial dos tablets, celulares e computadores não
possui o mesmo efeito a longo prazo para a aprendizagem das crianças. As
informações armazenadas pelo contato com estes gadgets permanecem na
memória superficial durante algum tempo e depois desaparecem. Isso porque o
cérebro não encontra sensações “boas” e “gostosas” o suficiente para retornar
àquele momento e recordar aquelas informações. É isto que o afeto proporciona, e é
isto que os cientistas querem nos dizer com a metáfora da fita isolante. O afeto é
uma recompensa que o cérebro sempre vai buscar, independente de que fase da
vida estejamos, e nossa memória trabalhará muito melhor com dados recolhidos
durante momentos de compartilhamento, carinho e encanto.
Equivale a dizer que quando a criança expressa suas emoções nos conta
pelo que está sendo afetada.
Quando estamos em uma rodinha contando histórias para as crianças, cada
uma irá reagir, ou seja, expressar emoções diferenciadas para cada trecho do conto.
Com essas expressões, elas nos dizem pelo que são afetadas e nos contam
subjetivamente suas histórias. A expressão da criança diante do conto, ou mesmo
as reações da criança ao manipular o objeto livro, nos revelam muito de sua
trajetória com a leitura. Ela tem uma relação de afeto positivo com os livros? Ela
sente medo de que personagens? Ela se identifica com quais heróis? Em que
momento ela perde interesse na história? Que tipo de livros ela mais seleciona para
manipular?
Quando o educador é sensível, faz dos livros e das situações de leitura portas
de interpretação do mundo infantil, mas para além disso, oferece às crianças uma
valoração do ato de ler que está acima do sentido utilitário.
Muitos adultos pensam que apresentar livros para as crianças desde cedo
significa que terão acesso à letras e sua decodificação precocemente, facilitando
assim o caminho para a alfabetização.
Mas, ao pensar no que Wallon traz em sua teoria do desenvolvimento e no
que comprova a neurociência sobre as qualidades das interações humanas na
primeira infância, não deveria a interação com a literatura seguir os caminhos os
autodescoberta e da educação sócioemocional no momento presente para a
criança? Ou seja: Não deveria o bebê se beneficiar da leitura enquanto é bebê,
fazendo uso das ferramentas que possui e desenvolvendo novas ferramentas de
linguagem? Não deveria a criança pequena se beneficiar da leitura enquanto é
criança pequena, fazendo uso das ferramentas que possui e desenvolvendo novas
ferramentas?
Pensar em afetividade e literatura pode lançar um olhar para o futuro, pois
sim, uma criança que tem contato com livros e boas histórias desde pequena se
alfabetiza com maior facilidade – porém deve significar que no momento presente, a
literatura tem afetado aquela pessoa, fazendo-a espelhar-se, compreender-se e
expressar-se por meio dos contos, por meio das histórias, por meio dos livros.
Nessa perspectiva, a criança é sujeito, e não alguém que virá a ser um
sujeito. Alguém que, como nós, encontra na literatura conforto, espanto ou
admiração.
Emi Da Costa Machado Pinheiro
sobrevivência era complicada. Havia, ali, conforto em rever a todos do grupo e poder
compartilhar experiências. Sagrados porque o Homem agregou valor religioso às
histórias contadas em relação ao que para ele não havia explicação lógica. O trovão,
as ventanias, as ondas altas do mar... Tudo configurava mistério e espanto para o
Homem pré-histórico. Por isso, surge o mito, que é um tipo de história e literatura
com características próprias, por ter ligação com a crença de indivíduos e grupos.
Mas a tradição de se reunir e contar histórias não para na pré-história, e nem
poderia. Tal processo vai somente ganhando novos adornos e se sofisticando à
medida que a própria humanidade muda, à medida que a História da própria
humanidade avança. Nas culturas letradas, o livro é agregado aos momentos de
interação entre pares e as histórias que antes circulavam na oralidade são agora
parte de acervo escrito e saem de páginas, dependendo menos da memória do
indivíduo que lê.
A literatura passa a fazer parte do cotidiano das pessoas, possibilitando
momentos de troca e afetividade com outras pessoas, mas abrindo caminho,
também, para uma outra afetividade: aquela que se constrói entre a pessoa e o livro.
A partir do momento em que a leitura pode ser um processo individual, o sujeito
estabelece um vínculo com o próprio objeto livro e com seu conteúdo. Quantas
vezes nos apaixonamos por protagonistas ou agonizamos com o sofrimento de
alguns personagens.
Esse processo de identificação fortíssimo que os humanos estabelecem com
o conteúdo do que leem é algo a que Yolanda Reyes faz referência frequentemente
como sendo de suma importância para a criança pequena, pois as fortalece e ajuda
a moldar sua identidade.
lhe explicar acerca do mundo que o cerca. Ele procede, portanto, usando elementos
imaginativos muito fortes para explicar coisas do mundo concreto. Por incrível que
pareça,, compreender o mundo concreto e a realidade é mais complexo do que fazê-
lo inicialmente a partir de figuras fantásticas e extremamente abstratas.
A estrutura dos contos de fadas é construída para “passar lições”. Inicia-se
com uma situação vinculada à realidade (fome, penúria, lamentação) e passa-se,
então, à busca de soluções para tais problemas. A imagem do herói surge aí, e esse
herói geralmente tem uma personalidade infantil. Ingênuo, bem intencionado, mas
teimoso e egocêntrico, o Herói se depara com diversas situações em que é preciso
amadurecer para vencer. No caso da Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, sua
natureza ingênua e sua teimosia fizeram com que pusesse a vida de sua avó em
risco. À princípio, podemos pensar que o lobo é o vilão da história, mas é o „self‟ de
Chapeuzinho que precisa amadurecer para vencer as situações em que ela mesma
se coloca. O mesmo ocorre com João, na história „João e o pé de Feijão‟. Por sua
ingenuidade, aceita trocar a única fonte de alimentação da família por feijões que
lhes disseram ser mágicos. Nesta história percebemos que ser ingênuo nem sempre
traz maus resultados, pois os feijões crescem absurdamente levando João a um
tesouro, no entanto, João precisa amadurecer para conquistar o tesouro e leva-lo
para casa. Os desafios pelos quais passa demonstram à criança que a sorte não é
suficiente, e que precisamos trabalhar para chegar a uma mudança de vida.
Os exemplos morais nos contos de fadas são infinitos, mas segundo
Bettelheim, não é necessário que o adulto leitor fique apontando quais são as lições
morais ali contidas, uma vez que a própria estrutura do conto favorece a inteligência
da criança a interpretar e refletir acerca da história.
O desenvolvimento emocional, caracterizado pelo que Bruno Bettelheim
coloca como desenvolvimento psíquico da criança, também pode ser beneficiado.
Pelo processo de identificação com os personagens e situações, as crianças
constroem parte de suas personalidades. As características psicológicas das
personagens ajudarão as crianças a enxergar personagens de suas próprias vidas
através dos arquétipos expostos no conto. O maniqueísmo expresso em quase
todos os contos, da luta do bem contra o mal, também se configura como uma
simplificação da realidade que cabe à infância, quando o senso moral está sendo
construído.
Emi Da Costa Machado Pinheiro
Roda de (en)contos.
Como vimos neste trabalho, poucas coisas nos definem mais a espécie
humana do que um círculo para contar histórias. Essa atividade deve ser
permanente na esola de Educação Infantil e também pode abranger de bebês a
crianças pequenas, com suas devidas adequações. A ideia central é sentar em
Emi Da Costa Machado Pinheiro
círculo com as crianças e lhes contar uma história, ou ler um livro para elas. Quando
são bebês, não conseguem passar muito tempo sentados olhando para uma só
coisa, então o ideal é que até os dois anos de idade os cuidadores/professores se
revezem em mini rodas com até quatro bebês, para dar conta de ficar corpo a corpo
com eles e dar acuidade visual aos pequenos que ainda estão desenvolvendo a
visão. Com crianças mais velhas, é possível trabalhar com grupos maiores. Há
algumas coisas a serem consideradas quando se projeta uma roda de leitura, dentre
elas:
O tempo de permanência na roda;
As ilustrações do livro trazido;
A história trazida e seus possíveis desdobramentos.
Interações e mediações .
De todas as atividades de leitura, talvez essa seja uma das mais afetivas que
podem ocorrer. O contato entre todos os envolvidos é garantido pelo formato
acolhedor do círculo. O círculo permite que as pessoas olhem umas para as outras,
que escutem umas às outras e aproxima os corpos, gerando um acolhedor contato
físico.
No momento da roda de contos é importante que o professor conte as
histórias de maneira diversificada. A leitura de livros não é suficientemente
encantadora para as crianças se utilizada como único meio para que a literatura
chegue ao seu acesso.
Há formas interessantes de contar as histórias, as quais apresentaremos mais
a seguir. No entanto, há orientações básicas para toda contação:
Ritmo
Manter um ritmo só não é adequado para a retenção da atenção de crianças
pequenas. Trocas de ritmo de acordo com o que ocorre na história são essenciais
para manter os espectadores atentos e interessados. Também é um recurso para o
melhor trabalho da memória, pois as alterações de ritmo vão dar uma noção da
mudança de rumo da narrativa. Por exemplo: A criança passa a memorizar que
quando a professora começa a falar mais arrastado é porque o lobo está se
aproximando da Chapeuzinho Vermelho e que quando a professora começa a falar
mais acelerado é indicação de que os caçadores chegarão logo.
Mudança de voz.
Emi Da Costa Machado Pinheiro
Leitura heurística.
A leitura heurística é indicada tanto para bebês quanto para crianças bem
pequenas e crianças pequenas.
Para bebês, esse tipo de leitura se aproxima muito do “cesto dos tesouros”
criado pela Dr. Maria Montessori, e cujo objetivo é permitir e valorizar a exploração
de materiais diversos como meios para conhecer o mundo.
No caso dos bebês, um sexto cheio de objetos pode ser colocado à sua
disposição e os adultos vão explorando com eles as narrativas cotidianas ligadas a
tais objetos. Por exemplo: Uma colher de pau pode ser usada para lembrar ao bebês
os momentos em que a mãe ou o pai cozinham em casa, do cheirinho da comida,
etc. Sempre associando o objeto ao seu uso, pois bebês ainda não são capazes de
transfigurar sentidos como os mais velhos já fazem.
A partir de quatro anos, os usos dos objetos podem ser deixados de lado por
alguns momentos e os mesmos podem ser transformados em personagens.
O professor conta a história dando vida aos objetos, vozes e características.
Neste caso, a colher de pau pode ser uma mulher esguia com uma cabeça muito
grande. As crianças se divertem muito com tal proposta.
Leitura compartilhada com livro
Apesar de clássica, essa proposta de leitura não sai de moda. É um momento
privilegiado em que o professor pode compartilhar com as crianças os critérios da
escolha, a autoria do texto e da ilustração do livro, colaborando para que elas
conheçam e recomendem autores e ainda que compartilhem ou não dos mesmos
critérios do seu professor.
Ao ler com o livro para o grupo, o professor precisa assegurar que todos
saibam por quem foi escrito, quem ilustrou e que todos vejam as ilustrações.
É preciso que o professor siga à risca a leitura do texto, marcando com a voz
a pontuação, uma vez que essas leituras servirão como base para que o aluno
reconheça mais tarde os significados de cada sinal de pontuação. A leitura deve ser
fluida, demonstrando que o texto é conhecido. Vai se diferenciar um pouco da
contação de histórias sem livro, pois não há espaço para improviso e a fidelidade ao
texto é necessária.
Emi Da Costa Machado Pinheiro
explorada sem pressa, pois a brincadeira deve durar o tempo que o grupo quiser e
se interessar.
Leitura com representação concreta para bebês.
Nessa atividade, o professor deve escolher um livro e separar materiais que
façam alusão ao que ocorre no livro para que o bebê faça uma ligação entre os fatos
narrados e os objetos de seu dia a dia.
Aqui, utilizaremos o livro Bililico de Eva Funari (Editora Saraiva) para ilustrar a
proposta.
O livro conta a história de uma “mãe muito grande” que teve um filho bem
pequeno chamado “Bililico”. Bililico era um garoto esperto que vivia aprontando e por
isso se metia em muitas enrascadas. As enrascadas de Bililico envolvem vários
objetos, como lençóis, guarda-chuvas, penas de pássaro, chupetas, dentre outros.
O professor deve montar um cesto com objetos alusivos aos que aparecem
na história, se não os mesmo objetos e à medida que for contando, revelar os
objetos para os bebês. É importante ressaltar que os bebês transitam pela sala e
mexem nos objetos antes mesmo que o professor possa tirá-los do cesto. É
impossível esperar de um bebê que sente e ouça a história por completo enquanto o
professor manipula os materiais maravilhosos, por isso é preciso estar preparado
para que a própria criança pegue o objeto antes do contador. Nesse momento o
professor devem chamar o bebê para mostrar o objeto igualzinho na página do livro.
Por fim, na história, a mãe de Bililico compra um apitinho para chama-lo de
volta para casa. O apito pode ser usado para brincar com as crianças num joguinho
de esconde-esconde associado à história do livro. Nesse jogo, as crianças se
escondem e quando escutam o apito voltam para o professor. Como os bebês
tendem à dispersão quando mais novos, o jogo de esconde-esconde com apito é
indicado para bebês mais velhos, entre dois anos e dois anos e meio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A vastidão de mundos abertos pela literatura é inegável e incalculável. Muitos
são os aspectos que cercam, hoje, a relação entre livros e crianças, entre a leitura
literária e seu desenvolvimento. Os laços afetivos que se formam, as conexões
neurais que se aceleram, os conceitos e apropriações que são absorvidos quando
lemos para uma criança pequena são tesouros preciosos. Caso fossemos comparar
o valor que a leitura tem para uma criança com um tesouro de conto de fadas, a
Emi Da Costa Machado Pinheiro
literatura seria a sacola sem fundo que doendes dão aos heróis dos contos, que
quando as moedas acabam, novas surgem em seu lugar.
Vimos, neste artigo, como os bebês são capazes de ler pela suavidade
expressa nas vozes de seus cuidadores, como são capazes de prestar atenção em
livros e como os conteúdos dos livros são fundamentais para manter bebês e
crianças pequenas atentos e interessados.
A criança e a leitura seguem juntos por um caminho que deve começar em
casa e ser ampliado na escola. Do colo à escola. O que antes era uma rotina de
amor e cuidado, de afetividade nos círculos familiares, passa a ser explorado no
ambiente escolar e, mais uma vez, há ali afetividade com gostinho de desafio.
Expandir leituras, relações, acostumar-se a regras, pessoas e horários diferentes.
Tudo isso acontece na escola. Os livros? Os livros oferecem alimento, aconchego e
identificação. São muitas vezes os refúgios das crianças de realidades duras, e
servem também como acalanto para quem precisa e para quem não precisa tanto
assim.
O importante é ensinar que lendo se pode voar e que ler para uma criança é
uma maneira de amar.
Emi Da Costa Machado Pinheiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
Este trabalho visa compreender as relações entre o afeto e a literatura, não
somente do âmbito da escola, mas durante toda a primeira infância. Aqui perpasso
não somente a história da relação humana com a literatura, como a história das
relações que bebês e crianças estabelecem com os livros, com o imaginário
humano. Para apoiar as ideias aqui apresentadas, recorri principalmente a Yolanda
Reyes, especialista em leitura e primeira infância, que por sua vez aponta pistas da
neurociência que sustenta os argumentos de que quanto mais cedo a relação entre
crianças e livros ocorrer, melhor para seu desenvolvimento social e afetivo.
Para traçar esta pesquisa a metodologia usada foi pesquisa bibliográfica e
discussões com minha orientadora. A conclusão do processo é de que a literatura e
a afetividade humana são complementares e de que é importante estabelecer uma
série de procedimentos de leitura desde muito cedo na vida de cada criança, com
vistas a uma sociedade melhor.
ABSTRACT
This paper aims to understand the relationship between affection and
literature, not only within the school, but throughout early childhood. Here I look not
only at the history of the human relationship with literature, but also at the history of
the relationships that babies and children establish with books, with the human
imagination. To support the ideas presented here, I resorted mainly to reading and
early childhood expert Yolanda Reyes, who in turn points to clues to the
neuroscience that supports the argument that the earlier the relationship between
children and books occurs, the better for their social development. and affective.
Emi Da Costa Machado Pinheiro
To trace this research the methodology used was bibliographic research and
discussions with my advisor. The conclusion of the process is that literature and
human affectivity are complementary and that it is important to establish a series of
reading procedures very early in each child's life, with a view to a better society.