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Com tantos atrativos no dia a dia, especialmente com o avanço da tecnologia, tem sido
recorrente a falta de curiosidade das crianças em pegar um livro para ler. Entretanto,
isso não significa que esse hábito não possa e deva ser incentivado.
Segundo pesquisas, alguns fatores são importantes para que possamos despertar o
gosto pela leitura desde a infância: a curiosidade e o exemplo. Neste sentido, o livro
deveria ter a importância de uma televisão ou de um computador dentro de casa. Os
pais deveriam ler mais para os filhos e para si próprios. A criança que houve histórias
desde cedo, que tem contato direto com livros e que é estimulada, tem um
desenvolvimento favorável no seu vocabulário, bem como na prontidão para a leitura.
No entanto, de acordo com a UNESCO (2005), infelizmente somente 14% da
população tem o hábito de ler.
Muitos de nós não sabemos, mas a importância da leitura começa antes mesmo de
conhecermos o rostinho do nosso bebê.
De acordo com especialistas, o bebê começa a perceber e identificar o som da voz
materna a partir da 20ª semana de gestação. O hábito de ler e cantar para os bebês
ainda na barriga, propicia um elo entre os pais e o bebê, que já reconhece a voz deles,
especialmente a da mãe, oferecendo tranquilidade e o início da conexão social.
Quando a criança já foi estimulada desde o período de gestação, esse hábito da leitura
deve continuar. Quando o bebê começar a interagir com objetos, tente inserir o livro
nas brincadeiras desde muito pequeno. Crie tempo e espaço para as leituras! Essa
prática aguça a curiosidade, permite que a criança seja mais segura e conviva bem
com as diferenças.
Meu filho já sabe ler. Posso continuar contando histórias para ele?
Segundo Abramovich (1997) “quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as
histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”. Quando as crianças
maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ao
ouvi-las podem estimular o pensar, desenhar, escrever, criar e recriar.
A sala de aula deve oferece pequenas doses diárias de leitura agradável, que
desenvolverão na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida inteira. Para
desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os conteúdos relacionados
ao currículo escolar e ofereça variedade de livros de literatura como contos, fábulas e
poesias, é preciso considerar a idade da criança e principalmente o estágio de
desenvolvimento de leitura em que ela se encontra.
De acordo com Bamberguerd (2000), a criança que lê com maior desenvoltura aprende
com mais facilmente, se transformando num leitor capaz. Sendo assim, pode-se dizer
que a habilidade de ler está intimamente ligada com a motivação. Nesta perspectiva,
cabe ao professor ensinar a criança não somente a ler, mas a gostar de ler.
Nesta fase, a criança começa a reconhecer o mundo ao seu redor através do contato
afetivo e das percepções como tato, visão, som, cheiro. Por este motivo ela sente
necessidade de pegar ou tocar tudo o que estiver ao seu alcance. Outro momento
marcante nesta fase é a aquisição da linguagem, onde a criança começa a nomear
tudo a sua volta. A partir da percepção da criança com o meio em que vive, é possível
estimulá-la oferecendo-lhe brinquedos, álbuns, chocalhos musicais, entre outros.
Assim, ela poderá manuseá-los e nomeá-los e com a ajuda de um adulto poderá
relacioná-los propiciando situações simples de leitura.
Nesta fase a criança é egocêntrica, e a leitura deve estar adaptada ao meio físico e ao
aumento do interesse pela comunicação verbal. Como a criança interessa-se
principalmente por atividades lúdicas, o “brincar” com o livro será importante e
significativo para ela.
Os livros adequados nesta fase devem ter uma linguagem simples com começo, meio
e fim. As imagens devem predominar sobre o texto. As personagens podem ser
humanas, bichos, robôs, objetos, especificando sempre suas características e
comportamentos, como bom e mau, forte e fraco, feio e bonito. Histórias engraçadas,
ou que o bem vença o mal atraem muito o leitor nesta fase. Indiferentemente de se
utilizarem textos como contos de fadas ou do mundo cotidiano, de acordo com Coelho
(2002) “eles devem estimular a imaginação, a inteligência, a afetividade, as emoções, o
pensar, o querer, o sentir”.
A criança nesta fase já domina o mecanismo da leitura. Seu pensamento está mais
desenvolvido, permitindo-lhe realizar operações mentais. Interessa-se pelo
conhecimento de toda a natureza e pelos desafios que lhes são propostos. O leitor
desta fase tem grande atração por textos com a presença do humor e situações
inesperadas ou satíricas. Os livros adequados a esta fase devem apresentar imagens e
textos escritos em frases simples, de comunicação direta e objetiva. De acordo com
Coelho (2002) deve conter início, meio e fim. O tema deve girar em torno de um conflito
que deixará o texto mais emocionante e culminar com a solução do problema.
O leitor fluente é atraído por histórias que apresentem valores políticos e éticos, por
heróis ou heroínas que lutam por um ideal. Identificam-se com textos que apresentam
jovens em busca de espaço no meio em que vivem, seja no grupo, equipe, entre
outros. É adequado oferecer a esse tipo de leitor histórias com linguagem mais
elaborada. As imagens já não são indispensáveis, porém ainda são um elemento forte
de atração. Interessam-se por mitos e lendas, policiais, romances e aventuras. Os
gêneros narrativos que mais agradam são os contos, as crônicas e as novelas.
Mesmo com hábitos familiares facilitadores e linguagem oral bem organizada, algumas
crianças ainda apresentam dificuldades no processo de aquisição e desenvolvimento
da leitura e escrita. A dificuldade deve ser avaliada por profissionais, como
fonoaudiólogos, psicólogos ou psicopedagogos, o mais rápido possível, para que a
criança não crie sentimento de incapacidade ou de que ler e escrever não é prazeroso,
pois isso dificultará a intervenção.
“O amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso construir e ajudar
a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, todos têm um papel
fundamental nesta descoberta: somos estimuladores e incentivadores da leitura.
Bibliografia
http://www.cbvweb.com.br/blog/incentivar-a-leitura-do-seu-filho/
Literatura Infantil Brasileira. Lajolo, Marisa & Zilbermann, Regina - Editora Realize
2002
A importância da literatura infantil na formação de leitores. Abramovich, Fanny - 1997
Os gêneros do discurso. Bakthin , Mikhail - 1992