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Universidade Púnguè
Tete
2023
Elizabeth Joâo Raputa
Universidade Púnguè
Tete
2023
Índice
2. Resumo........................................................................................................................................
2.1. Os conceitos de Etnografia e Etnologia na Construção de uma Antropologia. Objecto e
Objectivo da Antropologia......................................................................................................3
2.1.1. Etnografia..................................................................................................................3
2.1.1. Etnografia
O termo Etnografia foi criado em 1826 pelo italiano Balbi para classificar os grupos
humanos segundo as suas características linguísticas. Modernamente, o conceito aplica-se à
observação no "terreno", descrição e análise de grupos humanos que aí vivam. A reconstrução
deve ser tão fiel quanto possível.
Quanto ao seu objecto, ela abarca toda a extensão biológica, social, histórica e geográfia do
Homem, aspirando a um conhecimento aplicável ao conjunto do desenvolvimento humano.
Sobre o Objecto da Antropologia cultural ainda há várias opiniões, o que é típico duma
ciência social nova. Só para exemplificar, nesta lição vamos considerar apenas três definições:
Para P. Armando Ribeiros (1998, p. 8) - "É a ciência do homem como ser cultural,
entendendo por CULTURA o conjunto das tradições”.
Para Bernardo Bernardi (1978, p. 19) - "A Antropologia indaga o significado e as estruturas
da vida do homem como expressão da sua actividade mental".
Antropologia Física: tem por objecto o estudo de certas características biológicas do homem,
as questões da raça, da hereditariedade, da nutrição, da diferenciação de sexos, etc.
Compreende, entre outras, a Anatomia Comparada, Fisiologia Comparada e a Patologia
Comparada.
Antropologia Aplicada: faz a utilização prática das teorias e dos resultados do inquérito
etnográfico, tendo em vista manipular as sociedades, com o objectivo, quer de as administrar
(como é o caso da política colonial, da assimilação, aculturação "forçada"), quer de as ajudar
a adaptarem-se à sociedade etnológica moderna (como é o caso da aculturação "planificada",
política de integração) ou o desenvolvimento de uma originalidade cultural (procura de um
sincretismo).
Antropologia Psicanalítica: baseia-se essencialmente no estudo dos sonhos, dos mitos, dos
contos, na análise de jogos, das cerimónias, das práticas mágicas, de certos aspectos da vida
quotidiana, das técnicas de educação.
O Historiador distancia-se do seu objecto de estudo pelo tempo. Distancia-se assim dos
valores e categorias da sua própria sociedade para melhor compreender e interpretar o
“passado”. Pelo seu lado, o Antropólogo “acantona” o discurso de uma comunidade sobre ela
mesma para melhor a compreender.
O olhar da História e da Antropologia leva a ver o OUTRO como ele se vê, e, através deste
olhar, procurar, ver e compreender essa sociedade global. Como pode observar, aqui há
também uma convergência, na medida em que as duas disciplinas ocupam-se da alteridade,
isto é, do outro. Para que a Antropologia consiga obter a dimensão temporal dos
acontecimentos, logicamente a História prestar-se-à na primeira linha.
Um método, em ciências, pode ser entendido como o caminho ou estratégias usados para
atingir um determinado objectivo. Todas as ciências, quer se trate de ciências sociais,
humanas ou naturais, possuem um método que as caracteriza e as distingue das outras.
O método Histórico é usado na pesquisa dos eventos através do tempo, para compreender as
diversas transformações ocorridas unma determinada cultura.
A sua principal técnica é a observação participante que, entretanto, é acompanhada por outras
récnicas como a Entrevista (dirigida e não dirigida), os Formulários e os Questionários. Pelo
lugar central da Observação participante, passa a descrever-se com alguma profundidade.
As contribuições deste período são de diversa natureza e origens: ícones, arte parietal
(pinturas rupestres), arte móvel (esculturas), manuscritos dos primeiros povos com escrita
(Babilônios, Egícios, Hindus, Fenícios, entre outros).
No conjunto dessas contribuições, Martinez (2004, p. 56), aponta que, com o Renascimento
Europeu e com as viagens de exploração, houve grandes contactos, que deram origem a
Tratados. Surgiram Tratados acerca das afinidades e diferenças entre os homens e seus
mundos sociais e culturais. Por exemplo, MONTAIGNE, um francês publica os seus Ensaios
(1580), que nos transmitem contactos entre os povos, onde questiona o etnocentrismo e faz a
análise comparativa das sociedades. Ainda segundo Martinez (Id.), o Tempo Moderno,
dominado pelo ilumisnismo ou o culto à razão, empresta um antropocentrismo, base para o
estudo dos factos tipicamente humanos. As maiores contribuições ocorrem no Século XVIII,
com Emmanuel Kant (1724-1804), que, com o seu pensamento, “(...) influenciou os vários
ramos da ciência do tempo. Ele ensina que o entendimento constrói o seu objecto, pelo que os
fenómenos giram em torno da razão”.
No Século XIX dá-se a primeira descoberta do homem fóssil. No seu conjunto, todos esses
aspectos deram subsídios para a emergência da Antropologia Física, que conhecera a sua
fundação no mesmo século por Johann Blumembach (Mello, 2005, p. 189-190). Antes ou
depois vieram ainda contribuições das missões científicas mais organizadas e sistematizadas,
de naturalistas, geógrafos, humanistas, que tinham como objectivo principal colher
informações e fazer observações. Contam-se os exemplos de A. Bering (Nordeste da Ásia);
Cook (Oceania) e as viagens posteriores à organização da African Association, pela Grã-
Bretanha, (1788), para o interior da África. Um contributo significativo resultou ainda da
Sociedade Etnológica de Paris (França), que lançou “L’Instruction génerale aux Vovageurs”,
espécie de orientação para a recolha de dados.