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Aziza Ramos Tomé

Noções Gerais de Antropologia


(Licenciatura em Antropologia com Habilitações em Antropologia Cultural)

Universidade Rovuma
Março, Nampula
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Aziza Ramos Tomé

Noções Gerais de Antropologia


(Licenciatura em Antropologia com Habilitações em Antropologia Cultural)

Trabalho de carácter avaliativo referente a


cadeira Antropologia da Educação e Cultura, do
curso de Licenciatura em Antropologia com
habilitações em Antropologia Cultural, cujo esta
cadeira é Leccionada pelo:

Universidade Rovuma
Março, Nampula
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Índice
Introdução ............................................................................................................................... 3

1. Noções de antropologia....................................................................................................... 4

1.1. Conceitos de antropologia ............................................................................................... 5

1.2. As divisões da antropologia ............................................................................................. 6

1.2.1. Antropologia Física....................................................................................................... 6

1.2.2. Arqueologia .................................................................................................................. 6

1.2.3. Linguística .................................................................................................................... 6

1.3. Antropologia Cultural ou Social ...................................................................................... 6

1.3.1. Etnografia...................................................................................................................... 7

1.3.2. Etnologia ....................................................................................................................... 7

1.4. Objecto de estudo ............................................................................................................. 7

1.5. Método comparativo e a observação participante ............................................................ 7

Conclusão................................................................................................................................ 7

Referências bibliográficas....................................................................................................... 9
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Introdução
A construção da antropologia enquanto ciência se confunde com o processo de construção do
conceito de cultura. Antropologia e cultura, portanto, fazem parte de uma mesma caminhada.
Nesta aula apresentarei a genealogia do conceito de cultura relacionando-a com o processo de
construção da ciência antropológica e evidenciando a importância do conceito no âmbito da
antropologia.

A caminhada foi longa e implicou muitos acertos, como também muitos equívocos, que
foram, na grande maioria, incorporados na condição de fases do processo de aprendizagem.
Nesses caminhos e descaminhos na construção da Antropologia é fácil destacar os seguintes
pontos: a aceitação, por parte dos primeiros antropólogos, da história como fundamento da
prática antropológica; ou a veemente negativa de utilização desse conhecimento nas análises
dos antropologistas que sucederam ao grupo de evolucionistas.

Outro aspecto importante no processo de construção da Antropologia, e que representou a


tónica dos primeiros antropologistas, foi a priorização, nas suas análises, da visão
evolucionista e etnocêntrica, desconsiderando a importância da contextualização dos
fenómenos culturais e do carácter de totalidade necessários para a eficácia do trabalho
científico em ciências sociais. Os conceitos de cultura e de relativização foram os
fundamentos da construção teórica da Antropologia, bem como o método comparativo, que
continua sendo o arcabouço metodológico que baliza o caminhar das pesquisas.
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1. Noções de antropologia
A origem do termo “antropologia” é grega, anthropos significa homem e logos estudo,
ciência, isto é, estudo do homem.

Além da antropologia outras ciências também estão interessadas no estudo dos seres
humanos, como a biologia, a filosofia, a história, a psicologia, a sociologia, dentre outras.
Então o que fazem os antropólogos de diferente? Que atribuições específicas os antropólogos
assumiram no estudo do ser humano?

A antropologia tem focalizado as semelhanças e as diferenças entre os homens, ou seja, tem


adoptado um ponto de vista comparativo.

Concentrou ao longo do tempo as suas investigações sobre os povos chamados não-


ocidentais (“primitivos”), espalhados nas mais remotas regiões do planeta, enquanto
os outros estudiosos concentraram-se na análise dos povos ditos “civilizados”. Mas é
cada vez maior o número de antropólogos pesquisando suas próprias comunidades e
costumes atuais.
A pesquisa antropológica abrange um período até bem antes da história escrita,
visando esclarecer o máximo possível as origens e a evolução pré-alfabética do ser
humano e seus costumes.
Ao tratar destas vastas perspectivas de espaço e tempo, estuda a espécie humana de
forma integral, ou seja, tanto sob suas características físicas (biológicas), como
culturais e sociais.
A partir deste enfoque totalista, os antropólogos buscam generalizações sobre o
homem e seu comportamento, analisadas em todas as suas dimensões. Colaboram
fornecendo materiais a outros pesquisadores que possuem interesses mais
especializados e servem-se também do conhecimento destes estudiosos.

Este ponto de vista comparativo e totalista do ser humano faz da antropologia, em certo
sentido, um campo sintético de conhecimento, seus estudos invadem em parte a biologia, as
chamadas humanidades e também as ciências sociais. No caso da biologia há relação bastante
estreita com todas as subdivisões da antropologia.
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1.1. Conceitos de antropologia


A Antropologia tem sido objecto de análise de muitos cientistas sociais. Ao ter uma ligação
de proximidade com outras ciências, podendo inclusive ser confundida com algumas delas,
assume-se como uma conjugação de saberes, actores e horizontes temporais que consolida
denominações diferenciadas em diferentes países.

Neste sentido, Colleyn tenta responder à questão “O que é exactamente a antropologia?”


(2005:48). Constata, contudo, que não sendo uma ciência exacta é impossível uma única
definição. Com este trabalho pretende-se apresentar a Antropologia, a sua ligação com outras
Ciências Sociais e a sua interpretação em diferentes países.

“Antropologia (etimologicamente anthropos (homem ou pessoa) e logos (razão ou


pensamento) é a ciência preocupada com o factor humano e as suas relações” (Wikipédia;
2008), logo, podemos dizer que o seu campo de investigação é extremamente vasto.

Para Luís Batalha, a definição mais simples e completa de Antropologia é a de Haviland, que
a define como “o estudo da humanidade em toda a parte e através do tempo, feito com a
intenção de produzir conhecimento fiável sobre as populações humanas e o seu
comportamento, tendo em conta o que as torna simultaneamente iguais e diferentes”.
(2005:13)

Definir Antropologia não é tarefa fácil, dada a diversidade de interesses, actores e agendas
desta actividade académica, pois o seu domínio de estudo diz respeito ao universo da
actividade social e cultural do ser humano no seio da sociedade. Importa, portanto, perceber
todos os elementos constituintes de uma sociedade, de forma a tornar a sua definição o mais
abrangente possível.

Para podermos analisar as sociedades globais como super-sistemas, teremos de ter em conta
que existem, dentro delas, subsistemas próprios e seus respectivos grupos elementares
(parentesco, sexo, idade) que interagem entre si e com o resto da sociedade, em forma de
cadeia, directa ou indirectamente, criando a sua própria unidade e originalidade social.
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1.2. As divisões da antropologia

1.2.1. Antropologia Física


Estuda o homem como animal biológico: suas origens; a evolução do ser humano primitivo ao
moderno, destacando as diferenciações raciais. É o estudo da biologia humana dentro da
evolução, com ênfase na interacção entre a biologia e a cultura. As origens da antropologia
física estão relacionadas a um maior interesse e dúvidas por parte dos cientistas em relação à
origem do ser humano, aliadas à descoberta de fósseis como os dos Neandertais e à
publicação do livro “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, em 1859. Ainda no século
XIX, a variação física observada em diferentes povos instigou os cientistas a buscar
explicações sobre a diversidade biológica humana. No período actual, a antropologia física
está dividida em diversas subdisciplinas, como a paleoantropologia, a antropometria, a
primatologia, a genética e a osteologia. Em função dos objectivos da subdisciplina, os estudos
podem ser realizados em restos esqueletais humanos antigos, em povos viventes atuais, ou em
ambos.

1.2.2. Arqueologia
Trata da pré-história (período antes do surgimento da escrita) do homem no sentido cultural e
social. Estuda a evolução das civilizações por meio de vestígios (materiais) deixados ao longo
do tempo.

1.2.3. Linguística
Forçados a aprender a língua dos povos, cujos costumes desejam estudar, os antropólogos
fizeram da análise da linguagem uma zona de concentração. Têm cooperado intimamente com
os filólogos que concentram seus estudos em línguas que também utilizam a escrita.

1.3. Antropologia Cultural ou Social


É definida como o estudo da cultura em todos os tempos e lugares, desde a os primórdios da
existência humana. Ao estudar a organização social de um determinado grupo de indivíduos, a
antropologia cultural busca as generalidades do comportamento humano, em especial os
problemas relativos à cultura, à sociedade e à personalidade. Os aspectos investigados
incluem o casamento, o parentesco, a família, a educação da prole, o divórcio, a religião e
outros rituais. A antropologia não separa o social do cultural, por conseguinte, podemos
observar que suas preocupações são próximas das ciências sociais, tanto que seu
desenvolvimento data do início século XX, a mesma época de desenvolvimento daquelas.
Alguns autores costumam dividi-la em duas áreas:
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1.3.1. Etnografia
Descrição dos costumes ou de uma cultura específica ou comunidade; a etnografia dos índios
ianomanis.

1.3.2. Etnologia
Estudo comparativo entre duas ou mais culturas, das semelhanças e diferenças entre as
culturas e seu desenvolvimento histórico.

1.4. Objecto de estudo


Destacaremos, nesta aula de revisitação dos conceitos, dos métodos e das técnicas da
Antropologia, os seguintes pontos: a construção do objecto de estudo; os conflitos na
utilização do conhecimento histórico nas pesquisas antropológicas; o etnocentrismo, o
relativismo e o conceito de cultura como partes do processo de consolidação da antropologia;
e a construção do método comparativo e da observação participante no desenvolvimento da
pesquisa.

O objecto de estudo da Antropologia foi, portanto, construído a partir da necessidade de se


conhecer o homem que não era conhecido, ou seja, as populações que não pertenciam à
civilização ocidental (LAPLANTINE, 2000).

1.5. Método comparativo e a observação participante


A definição do objecto de estudo e a construção do aparato teórico foram fundamentais no
processo de construção da Antropologia. Contudo, nenhuma ciência se fez ou se faz sem
definição clara dos métodos e das técnicas para o desenvolvimento da pesquisa. A
Antropologia não se furtou a esse trabalho e desenvolveu, com os embates óbvios da
caminhada, o método e a técnicas fundamentais até os dias de hoje: método comparativo e a
pesquisa participante.

Os antropologistas do passado primaram pela busca incessante de métodos e de técnicas que


lhes permitissem produzir conhecimentos acerca do homem, que fosse o mais próximo
possível da neutralidade.

Conclusão
A Antropologia é uma ciência construída por homens e preocupada fundamentalmente em
estudar o homem no seu fazer cultural. O objecto de estudo, as teorias com os seus conceitos,
os métodos e as técnicas são instrumentos de uma ciência que continua como todas as ciências
em processo constante de sempre se (re) fazer. O fundamental e foi isso que tentamos passar
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neste primeiro módulo é tentar compreender a Antropologia como instrumento de


compreensão do homem. Não pode, e compreendemos que não deve, ser pensada como
ciência nos rigores estabelecidos pela visão cartesiana, mas como uma ciência na qual
pesquisador e pesquisado são o próprio homem.

Concluindo, podemos afirmar que enquanto houver diferenças entre os estudiosos do


comportamento humano, sejam antropólogos ou outros cientistas sociais, empenhados no
objectivo comum de compreender o Homem e o seu comportamento social e cultural, será
muito difícil haver uma definição de Antropologia.
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Referências bibliográficas
______________. Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 2004.

ANTROPOLOGIA, Portal (2008), Portal da Antropologia, site Wikipédia, a enciclopédia


livre, última actualização em 2 de Novembro de 2008, disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Portal:Antropologia, consultado em 16 de Novembro de 2008.

BATALHA, Luís (2005), ANTROPOLOGIA - Uma perspectiva holística, Instituto Superior


de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica, 1ª Edição, Lisboa.

CASTRO, Celso (Org.). Evolucionismo Cultural: textos de Morgan, Tylor e Frazer. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.

COLLEYN, Jean-Paul (2005), Elementos de Antropologia Social e Cultural, Edições 70, pp


48 a 51, Lisboa.

LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2002.

NEVES. Antropologia: Uma introdução. São Paulo: Editora Atlas S. A., 2001.

SANTOS, Armindo (2002), Antropologia geral Etnografia, Etnologia, Antropologia Social,


Universidade Aberta, 1ª Edição, Lisboa.

SCHELLING, Vivian. A presença do povo na cultura brasileira. Campinas (SP): Editora da


UNICAMP, 1990.

SEIXAS, Paulo Castro (2006), Uma introdução à antropologia e sociologia, Site da


Universidade Fernando Pessoa, disponível em
http://homepage.ufp.pt/pseixas/antroposa%A3de/Introducao%20a%20Antropologia.pdf,
consultado em 16 Novembro 2008

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