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Arnaldo Matias

Horácio Amade Frace


Jossefa Zacarias

Correntes Teóricas da Antropologia:

Evolucionismo, Difusionismo e Culturalismo

( Licenciatura em Ensino de Matemática e Habilitações em Estatística 2º ano)

Universidade Rovuma

Nampula

2023
Arnaldo Matias
Horácio Amade Frace
Jossefa Zacarias

Correntes Teóricas da Antropologia:

Evolucionismo, Difusionismo e Culturalismo

( Licenciatura em Ensino de Matemática e Habilitações em Estatística)

Trabalho apresentado como requisito para a avaliação na


cadeira de de Antropologia Cultural de Moçambique, no
curso de Licenciatura em Ensino de Matemática 2° ano da
Universidade Rovuma, Orientado pelo docente: Mestre
Henriques Namuera & Elisa Cumbana

Universidade Rovuma

Nampula

2023
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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 3

1. Correntes Teóricas da Antropologia ................................................................................... 4

1.1. Corrente Evolucionista .................................................................................................... 4

1.1.1. Principais representantes do evolucionismo ................................................................ 5

1.1.2. Estágios do evolucionismo .......................................................................................... 6

i. Primeiro estágio: Selvageria................................................................................................ 6

ii. Segundo estágio: Barbárie ................................................................................................... 7

iii. Terceiro estágio: Civilização ........................................................................................... 7

1.2. Corrente do Difusionismo ............................................................................................... 7

1.2.1. Principais representantes do difusionismo ................................................................... 7

1.2.2. Escolas Difusionistas ................................................................................................... 8

i. Escola Alemã....................................................................................................................... 9

ii. Escola Britânica ou Inglesa ................................................................................................. 9

iii. Escola americana ............................................................................................................. 9

1.3. Culturalismo .................................................................................................................. 10

1.3.1. Representante da corrente Culturalista ...................................................................... 10

1.3.2. Traço marcante do Culturalismo ................................................................................ 12

Conclusão ................................................................................................................................. 13

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 14

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Introdução
No presente trabalho de Antropologia Cultural de Moçambique, pretende fazer uma
abordagem sintética sobre Correntes Teóricas da Antropologia. No desenvolvimento deste
tema está baseado na descrição de alguns subtítulos que explica da sua evolução e existência
de vários movimentos ao longo de tempo nomeadamente: Evolucionismo, Difusionismo e
Culturalismo.

Assim o trabalho está organizado duma forma hierárquica e gradual partindo da introdução,
seguido de desenvolvimento e de conclusão onde se faz a síntese das ideias principais do
trabalho, mas também no fim tem referências bibliográficas que indicam as obras nas quais
foram usadas na sua produção.

1. Objectivos

1.1. Geral:

 Estudar Correntes Teóricas da Antropologia

1.2. Específicos:

 Interpretar da pluralidade de escolas fundadas com respectivos precursores de cada;

 Descrever a matéria para consolidar como é que o fenómeno cultural tem se expandido
nas diversas sociedades.

2. Metodologia

Consulta bibliográfica

Assim espera-se que este trabalho traga uma contribuição valiosa em torno das questões em
destaque.

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1. Correntes Teóricas da Antropologia
i. Conceitos:

A Antropologia cultural é uma linha de pesquisa que surge nos Estados Unidos, junto às
primeiras pesquisas antropológicas realizadas no país. Seu foco está na relação estabelecida
entre os sujeitos e a cultura, portanto, volta-se à observação do comportamento e
personalidade dos indivíduos moldados pelas relações sociais. Possui uma perspectiva
relativista e relaciona-se com outras disciplinas, como a Geografia e a Psicologia (Barreiros &
António, 2016).

Existem diferentes tipos de correntes da antropologia, mas neste material irá se basear como o
ponto central do estudo as seguintes:

a) Evolucionismo;
b) Difusionismo;
c) Culturalismo.

1.1. Corrente Evolucionista


De acordo com Julien (2007), o evolucionismo cultural, que teve origem nos meados do sec.
XIX, parte do princípio de que as diferenças entre os diversos povos representariam estágios
de desenvolvimento distintos. Tais culturas poderiam ser hierarquizadas em uma escala que
identificaria a marcha do progresso da humanidade. No nível inferior dessa escala, estariam as
formas culturais mais primitivas; no superior, a mais evoluída: a capitalista ocidental cristã.

Para Pacheco e Fonseca (2009), o evolucionismo foi influenciado pela teoria da selecção
natural de Charles Darwin que se consistia na tentativa de explicar a diversidade de espécies
de seres vivos através da evolução. No entanto, a teoria de evolução empregada pelos
etnólogos deve mais a outro autor, o sociólogo e filósofo Herbert Spencer, cujo conceito de
evolução difere em importantes aspectos daquela desenvolvida por Darwin. Mesmo assim,
posteriormente, a abordagem Spenceriana ficou conhecido como „darwinismo social‟.

Os etnólogos evolucionistas consideravam a sociedade europeia da época como o apogeu do


processo evolucionário. Portanto, este pensamento estava inserido em uma visão etnocêntrica
que coloca a organização sócio-político-económica europeia como grau máximo de
civilização.

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A evolução ocorre em ritmos desiguais, de acordo com as populações e localizações
geográficas, passando pelas mesmas etapas, para alcançar o nível final de "civilização".
Assim, a proposição básica era de que o desenvolvimento humano seguiu estágios. Em cada
etapa a experiência humana acumulava, levando a formação cultural cada vez mais avançada.
Esta ideia de que a experiência humana acumula foi inspirada no raciocínio empírico de John
Locke e outros filósofos do „empirismo‟ do Séc XVIII.

Dois argumentos davam suporte ao evolucionismo: movimento unilinear e o determinismo


tecnológico ou social. Segundo a tese evolucionista, haveria um caminho só a ser trilhado por
todas as sociedades, numa trajectória vista como obrigatória, seguindo uma única linha
ascendente, de estágios mais simples aos mais complexos (do mais selvagem ao mais
civilizado). O determinismo social e cultural defende que o indivíduo é determinado pelo
meio sociocultural, portanto define o estágio de maior evolução de uma sociedade, pelo grau
de complexidade de sua tecnologia; já o determinismo biológico defende que a biologia é que
determina o indivíduo, implicitamente os sujeitos de pele mais alva seriam os mais evoluídos.
Os evolucionistas culturais clássicos não pregaram esta postura abertamente, sendo os
antropólogos físicos e os biólogos do Sec. XIX os maiores defensores desse „racismo
científico‟ (Pacheco & Fonseca, 2009).

Os tópicos de interesse dessa corrente teórica eram basicamente casamento, família e


organização sócio-política; religião, magia e outros sistemas ideológicos; relação indivíduo-
sociedade.

1.1.1. Principais representantes do evolucionismo


De acordo com Barreto (2012), esta teoria é representado por Henry James Sumner Maine
(1822-1888) com sua obra “Ancient Law” de 1861; Herbert Spencer com “Princípios de
Biologia” de 1864; Edward Brunet Taylor (1832-1917) com “A Cultura Primitiva” de 1871;
Lewis Henry Morgan (1818-1881) com “A Sociedade Antiga” de 1877 e James Frazer
(1854-1941) com o seu “O Ramo de Ouro” em 1890.

Esses autores como indica Barreto (2012, p.23) sistematizaram o conhecimento acumulado
sobre as sociedades primitivas, desenvolvendo a tese de um evolucionismo das sociedades
primitivas para as sociedades civilizadas. A maior crítica que esses estudiosos receberam foi a
de que seus trabalhos eram eminentemente de gabinete. Eles não teriam ido a campo para
tecer suas teorias acerca do parentesco, da religião, da organização social e demais áreas pelas
quais enveredaram.
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A chamada Escola Evolucionista, como ficou conhecida, sucumbiu porque explicava os
factos descontextualizadamente. Para os evolucionistas era prática comum analisar os factos
isoladamente ou mesmo por meio da comparação com outros factos. Para eles os costumes
eram vistos isoladamente e como fruto de um processo histórico de evolução da humanidade
que necessariamente desembocaria na sociedade europeia considerada por eles a mais
evoluída. Tal concepção recai na ideia de determinismo, ou seja, como se o nosso destino já
estivesse previamente definido e como se todas as sociedades passassem pelas mesmas etapas
e consequentemente tivessem o mesmo fim.

Assim, para Morgan, citado em Julien (2007), a cultura humana é o produto de uma evolução
natural, sujeita à leis que regem as faculdades mentais do animal humano em seu estado
social. De esta forma, a evolução da cultura poderia ser objecto de estudo científico e tal foi
seu objectivo. A metodologia de trabalho na classificação e comparação de achados
antropológicos.

1.1.2. Estágios do evolucionismo


Morgan centrou seu interesse na evolução social da família, desde os casais circunstanciais
até a monogamia, considerada própria da civilização. Morgan estabelecia três etapas
sucessivas e graduais. Segundo Morgan (cit. Em Julien, 2007), o processo evolutivo de todas
as sociedades humanas teria partido de um ponto inicial, o seu estágio mais primitivo, que ele
baptizou de selvageria. O segundo estágio, nesse processo evolutivo, seria a barbárie. E o
terceiro e último, a civilização.

i. Primeiro estágio: Selvageria


Esse seria o período inicial da humanidade. Em seus princípios, o modo de vida dos homens
não se distinguiria dos símios, porém, pelo processo evolutivo, o homem desenvolve novas
capacidades. No início desse estágio os homens se alimentariam somente de frutas, castanhas
e raízes, obtendo, assim, seus alimentos por intermédio de uma actividade puramente
colectora. Em seu período final, além da colecta pura e simples de alimentos que a natureza
poderia oferecer, o homem aprendeu a caçar e a pescar, desenvolvendo uma alimentação
também à base de peixes e carnes vermelhas. A actividade da caça desenvolveu-se
paralelamente à aquisição de novos conhecimentos como a manipulação do fogo, a utilização
do arco e flecha e a produção de utensílios de madeira, cestos e tecidos.

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ii. Segundo estágio: Barbárie
Esse estágio inicia-se com a fabricação de utensílios de cerâmica. Nele, passa-se a adoptar
uma forma de vida sedentária associada à prática da agricultura e da domesticação de animais.
Em seu final, adquire-se o conhecimento da manufactura do ferro.

iii. Terceiro estágio: Civilização


Esse estágio inicia-se com o aparecimento da escrita e perdura até os nossos dias. Segundo
Morgan, citado em Julien (2007), “a evolução do estado de selvageria para a civilização seria
tanto natural quanto necessária, e essa sequência seria verdadeira para todos os agrupamentos
humanos até o grau de evolução atingido por cada um”. Tal suposição estaria fundamentada no
conhecimento das condições em que se daria todo o progresso do gênero humano.

Portanto, para a doutrina do evolucionismo, todas as diferentes formas culturais criadas pelo
homem teriam se originado de um processo evolutivo iniciado a partir de uma forma social
primitiva: a selvageria. Todas as culturas teriam nessa forma original o seu ponto de partida.
Assim, a humanidade seria una e seu processo de transformação teria seguido por uma linha evo-
lutiva uniforme onde quer que ela estivesse, pois as necessidades humanas, em condições
similares, seriam substancialmente as mesmas. O evolucionismo cultural não relaciona a
existência de estágios evolutivos a uma datação precisa e única para todas as sociedades.
Assim, por exemplo, enquanto os portugueses se encontravam em um avançado estágio de
civilização, quando chegaram em Moçambique, os povos nativos que aqui habitavam
poderiam ser classificados como estando nas fases finais da selvageria e iniciais da barbárie.

1.2. Corrente do Difusionismo

Para Pacheco e Fonseca (2009), o difusionismo, também conhecido por historicismo,


opunha-se à corrente evolucionista partindo da ideia segundo a qual, na história da
humanidade, as verdadeiras inovações são em número reduzido e propagam-se a partir de
centros culturais, ou seja, sustenta que as inovações são iniciadas numa cultura específica,
para só então serem difundidas de várias maneiras a partir desse ponto inicial. É evidente que
existe a difusão cultural, por exemplo, o nosso alfabeto veio dos fenícios, os nossos
algarismos são árabes, o cristianismo veio do Médio Oriente.

1.2.1. Principais representantes do difusionismo


Os principais autores difusionistas são alemães ou austríacos: o padre Wilhelm Schmidt, 1868
– 1954; Fritz Graebner, 1877-1934; L. Frobenius, 1873 -1938), mas houve também um
“hiperdifusionismo” inglês com G. Elliot-Smith (1871-1937) e o seu discípulo W. J. Perry.
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Segundo os difusionistas, “o homem originário teria vivido em pequenos grupos que
isolados, com o tempo criaram ciclos culturais bem caracterizados, resultantes do confronto
de diferentes grupos com diferentes meios” (Pacheco & Fonseca, 2009, p. 57). A partir das
ideias difusionistas nasceram as primeiras teorias sobre o contato e a troca cultural entre
sociedades diferentes. A antropologia difusionista veio em resposta ao evolucionismo e foi
sua contemporânea. Foi caracterizada pela anti-unilinearidade, ou seja, não admitia a reta
constante e ascendente cultural defendida pelos evolucionistas. Portanto, a cultura para o
difusionismo era um mosaico de traços advindos de outras culturas precussoras com várias
origens e histórias.

Privilegiava o entendimento da natureza da cultura, em termos de origem e extensão, de uma


sociedade a outra. Para os difusionistas, o empréstimo cultural seria um mecanismo
fundamental de evolução cultural. O difusionismo acreditava que as diferenças e semelhanças
culturais eram consequência da tendência humana para imitar e absorver traços culturais,
como se a humanidade possuísse uma "unidade psíquica", tal como defendia Bastian.

Os difusionistas tinham tendência para ignorar o fenómeno de convergência que faz com que
uma mesma instituição ou um mesmo traço cultural se encontre em civilizações diferentes,
sem que haja uma origem comum. Por exemplo, em todos os sistemas económicos de auto-
subsistência em que o parentesco é importante, o estatuto de um homem será menos avaliado
pelo número e raridade de bens que possui, do que pelo número maior ou menor de parentes
dedicados com que pode contar. Características importantes podem ser historicamente
produzidas sem que se deva pensar numa origem comum. Se os Maias do Iucatão e os Hindus
conheciam o zero, é claro que não houve difusão deste traço entre essas duas culturas.

Actualmente considera-se vã a procura das origens; no que respeita à história remota dos
povos sem escrita, só se podem estabelecer algumas referências prudentes; e, sobretudo, um
elemento de um sistema social é ininteligível quando extraído do conjunto que o contém e o
explica.

1.2.2. Escolas Difusionistas


De acordo com Pacheco e Fonseca (2009), dentro do difusionismo existia duas escolas
principais: uma britânica e outra alemã. Mas também tinha a chamada escola americana.

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i. Escola Alemã
Na escola Alemã, conduzida por Wilhelm Schmidt e Fritz Graebner, acreditava-se que os
traços culturais difundiam-se em círculos culturais para outras regiões e pessoas através de
áreas culturais variadas. Esses círculos culturais eram chamados de 'Kulturkreise'. A escola
alemã foi a principal especialização, uma vez que o evolucionismo foi questionado por
Herder, que foi inspirado pela unidade psíquica proposta por A. Bastian, trazendo a questão
da singularidade e da geografia da herança cultural de cada povo.

Estes teóricos acreditavam que o progresso da difusão seria a via mais eficiente para o avanço
da civilização e advogavam a necessidade de fortalecer os contactos dos povos menos
civilizados com os círculos culturais. O que em certo modo procurava legitimar a exploração
colonial da Europa pelo mundo. O difusionismo é importante ainda hoje. O conceito de
difusionismo explica como alguns traços culturais foram adquiridos e difundidos.

ii. Escola Britânica ou Inglesa


Na versão britânica do Difusionismo, existia apenas um centro cultural primordial que era o
Egipto Antigo, do qual todos os traços culturais derivaram. Os principais adeptos dessa teoria
inglesa foram Grafton Elliot Smith e William James Perry. Defendem a difusão como
sendo a única causa da expansão e dinâmica cultural, nega a teoria do paralelismo cultual
exposta pelo evolucionismo e considera a existência apenas de um centro cultural (difusão
heliocêntrica, alusão ao Deus Sol egípcio), desde o qual todos os traços culturais foram
difundidos. Este centro cultural era o Egipto Antigo. Ambos estudaram o Egipto Antigo
intensamente, resultando na sua crença que o Egipto era o único centro cultural. As teorias
destes pensadores passaram a ser designadas de pan-egiptismo

Além destas duas escolas, Barreiros e António (2016), acrescentam a escola a Americana, que
na sua perspectiva:

iii. Escola americana

Proposta por Franz Boas a escola americana considerou as culturas particulares como sendo o
principal campo de estudo da Antropologia. Para este, a cultura é tão complexa que não
permite um levantamento histórico de carácter universal. A antropologia deve centrar os seus
estudos em pequenas comunidades culturais, nomeadamente clãs, tribos, castas e outras
formas primitivas de organização social. Acrescenta Boas que a difusão não é um processo
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linear e mecânico, mas pressupõe uma elaboração complexa por parte dos povos que apreende
certos traços culturais. Considera que para a compreensão das culturas é importante o seu
levantamento histórico, pois o facto de determinados traços culturais terem origem diversas
condiciona a compreensão da cultura, ou seja, precisa-se conhecer a história de uma dada
cultura para compreender a cultura em si.

Em síntese, o difusionismo ajuda a explicar a aculturação, mas não é a capaz de explicar todos
os aspectos culturais como os primeiros difusionistas acreditavam. Existem exemplos de
culturas em contactos próximos, mas que não partilham muitos traços. Por isso, o
difusionismo aparece como uma corrente problemática por várias razões. Primeiro, é difícil
demonstrar que uma inovação teve um ponto de partida único. Segundo, muitas invenções e
ideias culturais podem ter sido descobertas ou ter evoluído isoladamente. Terceiro, as
adaptações às necessidades humanas sociais podem facilmente ter tomado formas similares
em diversas culturas, caso tenham sido as melhores soluções possíveis para problemas
similares. Por exemplo, o aparecimento de pirâmides no Egipto e na América Central se é
que, até hoje, nada tenha provado que a técnica de edificação de pirâmides se tenha difundido
do Egipto à América Central, o mesmo se pode afirmar em relação ao fogo que já era
utilizado pelos índios americanos e pelos africanos sem que estes povos tenham tido contacto
algum no passado.

1.3. Culturalismo
De acordo com Valpassos e Cunha (2011), no final do século XIX, surge uma nova proposta
com fôlego suficiente para criticar os modelos teóricos formulados pelo Evolucionismo nos
Estados Unidos. O Culturalismo, tal como veio a ser nominado na Academia americana, foi a
primeira corrente de pensamento da Antropologia a romper com a ideia de que todos os
grupos humanos evoluem conjuntamente de um estágio atrasado e rudimentar até alcançar
uma existência colectiva complexa e sofisticada, comparável aos padrões da sociedade
industrial do século XIX.

1.3.1. Representante da corrente Culturalista


Esse esforço tem um personagem fundamental: Franz Boas. Físico de formação, Boas foi
responsável por redefinir os estudos antropológicos nos Estados Unidos. Entusiasta do
trabalho de campo e da observação empírica, este autor publicou em 1896 um texto que
dividiu águas no debate académico. Em As limitações do método comparativo, Boas traça a

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arquitectura para uma nova abordagem metodológica que mais tarde iria influenciar gerações
inteiras de cientistas sociais.

Tribos primitivas são quase universalmente divididas em clãs que possuem totens. Não pode
haver dúvida de que essa forma de organização surgiu repetidas vezes de modo independente.
Certamente, justifica-se a conduta de que as condições psíquicas do homem favorecem a
existência de organização totémica da sociedade, mas daí não decorre que toda a sociedade
totémica tenha se desenvolvido em todos os lugares da mesma maneira. “ Não se pode dizer
que a ocorrência do mesmo fenómeno sempre se deve às mesmas causas, nem que ela prove
que a mente humana obedece às mesmas leis em todos os lugares” (BOAS, 2004, p. 32-33,
citado em Valpassos & Cunha, 2011).

Assim, Boas foi levado a repensar os modelos evolucionistas que tinham como base a ideia de
que toda a sociedade humana movimentava-se progressivamente, respondendo a uma lei
natural e universal. Além disso, Boas também chamou a atenção que a comparação
cientificamente válida deveria ser estabelecida somente depois que o pesquisador identificasse
os princípios que estruturam cada organização social especificamente. Esta perspectiva abriu
caminho para um tipo de análise antropológica capaz de perceber cada grupo social como
unidade portadora de cultura e história próprias.

Não interessava ao Culturalismo classificar os estágios de desenvolvimento dos povos nem


distribuí-los em uma escala evolutiva. E, diferentemente dos difusionistas, a demarcação dos
círculos culturais não se poderia restringir apenas a explicar os processos de intercâmbio entre
os grupos. Neste sentido, Boas e seus alunos dedicavam especial atenção à identificação de
padrões por meio dos quais diferentes sociedades organizavam-se. É válido ressaltar que esta
proposta analítica foi a primeira na Antropologia moderna que tratou de maneira mais
sistemática as distinções culturais entre os mais diversos povos. A cultura era, portanto,
tomada como uma unidade específica.

Para que Franz Boas pudesse chegar a essas formulações, é importante estabelecer a relação
entre suas reflexões e o pensamento social alemão. O filósofo Von Herder, ainda no século
XVIII, foi o primeiro a entender a palavra cultura como um dispositivo que indicava a
particularidade de uma experiência colectiva. Assim, através de um estudo da cultura de um
grupo, nós teríamos acesso à subjectividade ou, melhor dizendo, ao espírito de um povo. É
interessante notar que esta postura intelectual tenha emergido na Alemanha, num contexto em

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que a elite tanto política quanto intelectual observava de maneira céptica o avanço do
Iluminismo e todo o seu componente universalizante. Enfim, compreender particularmente a
subjectividade de um povo era também revelar os seus elementos comuns, entender sua
psicologia e sua forma de comportamento social.

A virada de mesa teórica, protagonizada por Boas, foi responsável por redefinir o objecto da
Antropologia. Ficou evidente a importância da descrição de processos sociais locais,
enfatizando traços culturais contextualmente estabelecidos.

1.3.2. Traço marcante do Culturalismo


Ainda de acordo com Valpassos e Cunha (2011), o traço marcante no Culturalismo é que,
além de evidenciar as diferenças entre os grupos, o antropólogo é instruído a estudar cada um
deles como detentor de uma cultura particular. O desenvolvimento histórico de cada uma das
culturas não teria de ser necessariamente o mesmo. Dito de outro modo, não se podia mais
aceitar a ideia de que a história da evolução da sociedade atendia a uma lei geral que a rege
conjuntamente.

Anos mais tarde, pesquisadores formados sob a influência teórica de Franz Boas constituíram
aquela que ficou conhecida no cenário académico internacional como a Escola de Cultura e
Personalidade.

O impacto do Culturalismo foi profundo. Além da formulação de um novo paradigma, esta


corrente de pensamento impulsionou a reflexão antropológica não apenas no contexto da
América do Norte, mas também na Europa, renovando, reformulando as perspectivas dos
antropólogos sobre suas próprias teorias e a forma como olhavam os povos que estudavam. A
noção de particularidade histórica e cultural, defendida por seus mais importantes
personagens, forneceu um profícuo pano de fundo para uma postura mais relativista na
reflexão sociológica.

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Conclusão
Para terminar, as teorias de antropologia fornece as várias facetas culturais existentes. Desta
forma o ser humano possui diferentes maneiras de manifestação cultural, as teorias
antropológicas da cultura ajudam na compreensão dessa diversidade cultural. Dentre essas
teoria aqui abordou-se de evolucionismo, difusionismo e Culturalismo.

O evolucionismo cultural pressupunha um padrão de desenvolvimento do ser humano em


sociedade. Com esse pressuposto, todos os povos passariam unilinearmente por estágios de
desenvolvimento sociocultural semelhantes, do mais primitivo modo de vida ao mais
complexo. Desse modo, seria possível conhecer o passado da humanidade bastando investigar
os povos mais “primitivos”.

O difusionismo, também conhecido por historicismo, opunha-se à corrente evolucionista


partindo da ideia segundo a qual, na história da humanidade, as verdadeiras inovações são em
número reduzido e propagam-se a partir de centros culturais, ou seja, sustenta que as
inovações são iniciadas numa cultura específica, para só então serem difundidas de várias
maneiras a partir desse ponto inicial.

Finalmente, abordar de correntes teóricas de antropologias, foi bastante importante porque


não só se aprendeu de como se evolui os estudos sobre cultura, mas também de como elas se
operacionalizam no nosso dia-a-dia, isso ajudará ao estudante no tratamento das pessoas
segundo as suas diferenças na sua futura profissão ou na sociedade em que estiver inserido.

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Referências Bibliográficas
Barreiros, E., & Antonio, M. C. (2016). Antropologia social e cultural. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A.

Julien, A. (2007). O evolucionismo cultural. São Paulo: USP.

Pacheco, M. R., & Fonseca, D. M. (2009). Evolucionismo e difusionismo cultural. Fortaleza:


Edceu.

Paim, A. (1995). Problemática do culturalismo. Porto Alegre: EDIPUCRS.

Valpassos, C. A., & Cunha, N. V. (2011). História e Antropologia. Rio de Janeiro: CECIERJ.

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