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Arcénio Fernando Janela


Elton Lucas
Ernesto Inácio

CONCEITO ANTROPOLÓGICO DA CULTURA


Actividade em Grupo de Antropologia Cultural de Moçambique
Curso de Licenciatura em Ensino de matemática com Habilitação em Ensino em Física

Universidade Rovuma
Montepuez
2023
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Arcénio Fernando Janela

Elton Lucas

Ernesto Inácio

CONCEITO ANTROPOLÓGICO DA CULTURA

Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática com Habilitação em Ensino de Física

Trabalho de carácter avaliativo de cadeira


ACM, a ser entregue no Departamento de
Ciências, Tecnologia, Engenharia e
Matemática, sob orientação de:

MA: Samuel António Sousa

Universidade Rovuma
Montepuez
2023
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Índice
Introdução..........................................................................................................................4

1.CONCEITO ANTROPOLÓGICO DA CULTURA......................................................5

2. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA CULTURA.................................................6

3.FACTORES DA CULTURA.........................................................................................7

4.CULTURA E SOCIEDADE..........................................................................................8

5. CONTEUDOS DE CONCEITOS ANTROPOLÓGICOS............................................9

Crenças...........................................................................................................................9

Valores.........................................................................................................................10

Normas.........................................................................................................................10

Símbolos......................................................................................................................10

6.CARACTERÍSTICAS DO CONCEITO ANTROPOLÓGICO DA CULTURA....11

7. A CULTURA MATERIAL E IMATERIAL..............................................................12

Cultura Material...........................................................................................................12

Cultura Imaterial..........................................................................................................12

8. A DIVERSIDADE CULTURAL................................................................................13

9.OS UNIVERSAIS DA CULTURA..............................................................................13

10. DINAMISMO E MUDANÇA CULTURAL............................................................14

11.CULTURA E EDUCAÇÃO (SABERES E CONTEXTOS DE................................15

Conclusão........................................................................................................................17

Referências bibliográficas...............................................................................................18
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Introdução

O presente trabalho visa abordar sobre o conceito antropológico da cultura de forma


pormenorizada, com efeito de mostrar resultados possíveis, fundamentando-se de uma
investigação bibliográficas, na qual pretendemos explicar o surgimento e
desenvolvimento da cultura, esclarecendo conceitos fundamentais e na perspectiva disso
apresentar directrizes básicas que podem pela generalidade compreender as diversas
perspectivas sobre o conceito antropológico da cultura.

Objetvos

Objetivo Geral:

 Compreender sobre o conceito antropológico, origem e desenvolvimento da


cultura.

Objetivos Específicos:

 Explicar sobre o conceito antropológico da cultura;


 Descrever a cultura e determinar suas particularidades.

Metodologias

Para a realização deste trabalho usou-se o método bibliográfico utilizado na descrição


pormenorizada de aspectos sobre o conceito antropológico da cultura. O embasamento
pratico baseou-se na consulta de alguns manuais e algumas ideias sem delimitação
temporal e espacial de fontes.
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1.CONCEITO ANTROPOLÓGICO DA CULTURA


Uma vez compreendida a antropologia como ciência social e as fases que percorreram a
nível teórico para que seja o que é hoje, podemos agora tentar compreender o conceito
de cultura, pois é um termo vasto e complexo, englobando vários aspectos da vida dos
grupos humanos. Não existe ainda um consenso entre antropólogos acerca do que seja a
cultura.

Tylor foi o primeiro a formular um conceito de cultura. Para ele essa “é aquele todo
complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e
todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Portanto é conjunto de comportamentos, saberes-fazeres adquiridas através de
aprendizagem transmitidas ao conjunto de seus membros.

Diversidade de definições

 E.B. TYLOR (1975, or. 1871)


“A cultura ou civilização, num sentido etnográfico alargado, e aquele tudo complexo
que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e qualquer
outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem em quanto que membro da
sociedade” (Tylor, 1975: 29);
 F. BOAS (1930)
"A cultura inclui todas as manifestações dos hábitos sociais de uma comunidade,
As reações do indivíduo na medida em que são afectados por costumes do grupo em que
vivem e os produtos das atividades humanas na medida em que são determinados para
os referidos costumes” (Boas, 1930:74; citada por Kahn, 1975: pag.14);
 W.H. GOODENOUGH (1957)
“A cultura de uma sociedade consiste em tudo aquilo que sabe ou acredita para operar
de uma maneira aceitável sobre seus membros. A cultura é um fenômeno material: que
consiste em coisas, pessoas, conduta e emoções. É melhor organização de tudo isso, é
através das coisas que a pessoa tem em sua mente, suas formas de perceber, de
relacionar e interpretar” (Goodenough, 1957:167; citada por Keesing, 1995: pag. 56);
 R. CRESSWELL, R. (1975)
"A cultura é a configuração particular que adopta cada sociedade humana não só para
regular as relações entre os factos tecno –econômicos, mas a organização social e as
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ideologias, porém também para transmitir os seus conhecimentos de geração em


geração (Cresswell, 1975: pag.32) ’’. etc.
Assim a cultura apresenta algumas abordagens a saber:

 Abordagem Evolucionista

O primeiro conceito antropológico de cultura, proposto em 1871 por Edward


B. Tylor, antropólogo da chamada escola evolucionista, sugeria uma concepção
universalista de cultura, capaz de abranger a totalidade da vida social do homem. O
carácter objectivo e descritivo do conceito de cultura proposto por Tylor foi
fundamental para que esta fosse considerada um objecto de estudo nas
investigações antropológicas. A cultura, para Tylor, não era um conceito explicativo da
diferença, mas um conjunto de traços unificado o qual denunciaria o estágio
evolutivo no qual se encontravam as sociedades;

 Abordagem Relativista

É a partir da obra de Franz Boas, no entanto, que a cultura assume uma concepção
relativista e passa a ser compreendida como um conceito chave para a investigação das
diferenças entre as sociedades. Para Boas, não era possível falar de uma única cultura:
cada cultura representava uma totalidade singular, a qual deveria ser
cuidadosamente investigada. O Relativismo Cultural busca entender os valores
culturais de uma sociedade a partir dos padrões vigentes neste grupo social;

 Etnocentrismo

Outro conceito, o qual dialoga com o de cultura e é fundamental para o


desenvolvimento da ciência antropológica é o de etnocentrismo. Pois é justamente o
contacto com a diferença cultural que provoca em nós sentimentos os mais diversos: de
fascínio, de rejeição, de estranhamento, de curiosidade. Para Rocha (1984),
“Etnocentrismo é uma visão do mundo com a qual tomamos nosso próprio grupo como
centro de tudo, e os demais grupos são pensados e sentidos pelos nossos valores, nossos
modelos, nossas definições do que é a existência.

2. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA CULTURA


A literatura antropológica sugere-nos que a palavra cultura é de origem latina. Deriva do
verbo colere (cultivar ou instruir) e do substantivo cultus (cultivo, instrução).
Etimologicamente tem muito a ver com o ambiente agrário, com o costume de trabalhar
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a terra para que ela possa produzir e dar frutos. Disso vêm os termos culto e inculto,
usados no jargão popular com uma carga de preconceito e de discriminação,
considerando uma cultura (especialmente a letrada) superior às outras. Porém, não
existem grupos humanos nem um indivíduo que não tenha cultura.

A cultura não é uma herança genética, mas o resultado da inserção do ser humano em
determinados contextos sociais. É a adaptação da pessoa aos diferentes ambientes pelos
quais passa e vive, permitindo que o ser humano seja capaz de vencer obstáculos,
superar situações complicadas e modificar o seu habitat. Desse modo a cultura pode ser
definida como algo adquirido, aprendido e também acumulativo, resultante da
experiência de várias gerações, sendo que o ser humano não é um simples receptor, mas
também um criador de cultura. Por isso a cultura está sempre em processo de mudança,
(LARAIA, 2001).

A cultura de determinada sociedade é passada de uma geração a outra através da


educação, manifestações artísticas e outras formas de transmissão de conhecimento. O
comportamento dos indivíduos vai depender desse aprendizado cultural. Portanto, um
menino e uma menina agem diferentemente não por causa de seus hormônios, mas
devido à educação diferenciada que recebem.

As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes de se


organizar, de relacionar internamente, com outros grupos sociais e com o meio
ambiente. Sociedades distintas vão necessariamente originar culturas diferentes, ou seja,
diferentes formas de ver o mundo e orientar a atividade social.

3.FACTORES DA CULTURA
Para dar vida à cultura, existem, segundo Bernardo Bernardi (1974), quatro factores
que operam constante e universalmente, em todas as suas formas, quer por ação direta
quer por efeitos condicionantes:

O Antrophos, ou seja, o homem na sua realidade individual e pessoal, o homem como


ser biológico e físico. A relação entre pessoa e cultura é ambivalente: tem sentido ativo
devido ao contributo que cada pessoa dá à formação da cultura e tem sentido passivo se
se considera a cultura como matriz da personalidade. O homem faz a cultura e ao
mesmo tempo a cultura faz o homem.
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O Ethnos, ou seja, a comunidade ou povo entendido como associação estruturada de


indivíduos. Os factores sociais, históricos, económicos, políticos, religiosos. As
diferentes instituições sociais são factores da cultura e constituem-se como garantes da
ordem e tranquilidade social, são elas que influem na seleção de normas e padrões
sociais que corporizam o tecido cultural.

O Oikos Refere-se ao ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem se encontra


a atuar. Da palavra oikos deriva a palavra ecologia. São os factores naturais,
geográficos, ecológicos que influem na cultura. O ambiente, factor da cultura,
condiciona a pesar de tudo, a técnica, ou seja, toda atividade externa e material do
homem (utensílios, possibilidades de alimentação, vestuário, habitação).

O Chronos - Equivale ao tempo, condição ao longo da qual em continuidade de


sucessão, se desenvolve a atividade humana. A cultura nasce, desenvolve-se e vive no
tempo. Acrescenta que um factor por si só não constitui a cultura, mas a acção dos
quatro factores é uma constante no processo cultural. Cada acção do indivíduo único,
mesmo sendo novo, original ou importante, estaria destinada a perder-se ou apagar-se se
não fosse apropriada pela colectividade, articulada num conjunto orgânico e transmitida
como parte do patrimônio comum.

4.CULTURA E SOCIEDADE
Na linguagem popular Cultura e Sociedade são sinônimos: “Pertencemos a
sociedade moçambicana”, “vivemos dentro da cultura moçambicana”. Mas os cientistas
sociais tentam definir de uma maneira mais exata, porque é preciso ter conceitos
afinados para analisar corretamente os fenômenos sociais e culturais.
Cultura
Segundo o antropólogo E.B. Taylor (1975) a cultura e: “esse todo complexo que
inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, lei, costumes e toda a série de capacidades e
habitos que o Homem adquire em tanto que membro de uma sociedade dada”. Esta
definição, criada no século XIX e a qual era vista como referência, em que numa
sociedade todo o humano como membro apresenta qualidades, porém não são inatas
(biologicamente herdadas), mas sim são adquiridas como parte do crescimento e
desenvolvimento de uma determinada cultura, isto é, têm a Cultura não material
(ideofacto) e Cultura material (“Artefato”).
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 Cultura não material (ideofacto): crenças, normas e valores. São os princípios


acordados de convivência;
 Cultura material (“Artefato”): Tecnologia. São as técnicas de sobrevivência.
Na actualidade os antropólogos tentam explicar cada elemento da cultura concreta
pela sua relação com os outros. E esta perspectiva denominada “holísmo”, pois tenta
ligar os aspectos culturais e sociais, uns são incompletos sem os outros e ao revés.
Acontece que os antropólogos socioculturais podem salientar alguns aspectos mais do
que os outros, porem na realidade os valores e as crenças são inseparáveis da estrutura
social e a organização social.
Sociedade
Há um consenso a hora de considerar a sociedade como “um grupo de pessoas”, “que
interligam entre si” e “que estão organizados e integrados numa totalidade” para atingir
algum objetivo comum. No interior de uma sociedade podem coexistir e existem várias
culturas e subculturas. A diversidade cultural e cada vez mais inerente a todas as
sociedades devido ao aumento dos contatos interculturais. Sócrates (in Carrithiers,
1995, pag.13) já se perguntava como devemos viver e a antropologia faz uma pergunta
semelhante: como viver juntos? Daí que o conhecimento da diversidade cultural seja um
bem por ele próprio. A sociedade está organizada através de um sistema.
Relações sociais
As relações sociais são tipos de acção pautada, e os antropólogos sociais estão
interessados nas pautas de interação social que existem no interior dos grupos, pelos
papeis sociais (expectativas de conduta dos indivíduos que realizam alguma tarefa) e a
estrutura social (a ordenação dos componentes ou grupos de cada sociedade). As
pessoas fazem coisas com, para e em relação com outras pessoas.

5. CONTEUDOS DE CONCEITOS ANTROPOLÓGICOS


Segundo MASSENZIO (2005) têm-se os seguintes conceitos, nomeadamente:
Crenças, normas, valores e símbolos.

 Crenças

São representações coletivas que definem a natureza das coisas sagradas e profanas”. Os
antropólogos costumam classificar as crenças em três categorias:
i. Pessoais, isto é, aquelas que são aceitas por cada indivíduo, independentemente
das crenças do seu grupo;
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ii. Declaradas, ou seja, aquela questão aceita, pelo menos em público, com a
finalidade apenas de evitar constrangimentos; nas sociedades contemporâneas
poderia ser exemplo disso a crença na igualdade entre as pessoas, especialmente
entre homem e mulher;
iii. Públicas são aquelas crenças aceitas e declaradas como crenças comuns.
Exemplo disso é a crença na ressurreição por parte dos cristãos e na
reencarnação por parte dos espíritas. Existem antropólogos que falam de
crenças científicas (que podem ser comprovadas), supersticiosas (fruto do
medo) extravagantes (quando fogem do comum e do que é considerando
normal, como é ocaso da crença de que pode acontecer alguma coisa numa
sexta-feira, dia 13 do mês);

 Valores

Eles são definidos pelos antropólogos como sendo “objetos e situações consideradas
boas, desejáveis, apropriadas, importantes, ou seja, para indicar riqueza, prestígio,
poder, crenças, instituições, objetos materiais etc. Além de expressar sentimentos, o
valor incentiva e orienta comportamento humano;

 Normas

Já são definidas como “regras que indicamos modos de agir dos indivíduos em
determinadas situações”. De um modo geral consistem “num conjunto de ideias, de
convenções referentes àquilo que é próprio do pensar, sentir e agir em dadas situações”.
As normas podem ser ideais (aquelas que os membros do grupo devem praticar) e
comportamentais que são aqueles reais, pelas quais, em determinadas situações, os
indivíduos fogem das ideais. Exemplos disso são as normas de trânsito.

 Símbolos

São realidades físicas ou sensoriais às quais os indivíduos que os utilizam lhes atribuem
valores ou significados específicos”. Normalmente os símbolos costumam representar
coisas concretas ou também abstratas.
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6.CARACTERÍSTICAS DO CONCEITO ANTROPOLÓGICO DA CULTURA

Para MARTINEZ (2009) a cultura possui as seguintes características fundamentais,


nomeadamente: Cultura simbólica, Social, Seletiva, Dinâmica e Estável, Universal e
Regional, Determinante e Determinada.
 A Cultura é Simbólica- porque é um conjunto de significados e valores
transmitidos necessariamente através dos símbolos e sinais. Desta forma, a
cultura é simbólica pois pode ser considerada como um conjunto de sistemas
simbólicos, como por exemplo a linguagem, as regras matrimoniais, as
relações económicas, a arte, a ciência, a religião, entre outros;
 A Cultura é Social - visto que não existem manifestações culturais isoladas.
Um indivíduo pode produzir individualmente, mas essa produção passa a ter
significado pelo e para o grupo quando passa a ser uma produção significativa
para esse grupo. Por causa do seu carácter simbólico, ela é transmitida e
comunicada. Os hábitos, os costumes, a padronização do comportamento são
processos sociais pertencentes ao grupo e não ao indivíduo;
 A Cultura é Seletiva – Ela é um contínuo processo que implica sempre
reformulações. Este processo se acentua na sucessão das gerações, onde alguns
valores são relegados ao esquecimento, e outros novos são integrados, ditando,
deste modo, novos padrões de vida diferentes. Entre duas ou mais culturas
pode se dar um processo que se inicia com a avaliação de novos elementos,
terminando com a aceitação ou rejeição destes na cultura em causa, como por
exemplo, a adopção de técnicas avançadas que implica necessariamente um
problema económico, fazendo com que as técnicas obsoletas sobrevivam ao
lado das técnicas avançadas;
 A Cultura é Dinâmica e Estável – Seu dinamismo se manifesta no processo de
recriação e reinvenção cultural encarando novas mudanças, isto é, a cultura
nunca é a mesma, ela cresce e se desenvolve como um ser vivo, que se deixar
de respirar morre. Por sua vez, a estabilidade refere-se à “tradição e a
institucionalização de padrões de comportamento” tendo em conta que tradição
não é sinónimo de repetição, posteriormente há algo de estável que nos leva a
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refletir sobre a autenticidade cultural e que de alguma maneira a protege de


inevitáveis processos de mudanças;
 A Cultura é Universal e Regional. É universal na medida em que é um
fenómeno universal e nunca ter sido constatada a existência de seres
desprovidos de cultura. Tendo essa universalidade podemo-nos referir aos
aspectos que são comuns a todas as culturas e que denominamos “universais
culturais. É regional não porque seja diferente do fenómeno geral ou da cultura
universal, mas pelo facto de cada grupo social alimentar seus interesses e tarefas
dentro do conjunto cultural próprio, situações próprias e as suas necessidades
particulares;
 A Cultura é Determinante e Determinada. É determinante quando se impõe
aos indivíduos e estes pouco podem fazer no sentido de fugir dos padrões da
cultura; ela determina o comportamento humano, é responsável pela
padronização do comportamento humano. A cultura é determinada pelo homem,
pois ele é o agente ativo da própria cultura.

7. A CULTURA MATERIAL E IMATERIAL

 Cultura Material

A cultura material é associada aos elementos concretos de uma sociedade,


representando a cultura e história de sua população. Os bens de natureza material podem
ser móveis ou imóveis. São considerados bens imóveis as estruturas físicas, como
cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos, e bens individuais. Já os móveis
são os bens que podem ser transportados, como coleções arqueológicas, acervos
museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e
cinematográficos.

 Cultura Imaterial

Os bens de cultura imaterial são os elementos abstratos que fazem parte de uma cultura,
e dizem respeito às práticas e domínios da vida social de determinado grupo. Esses bens
podem ser ofícios, saberes, celebrações, formas de expressão e também lugares, como
mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas.
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A cultura imaterial é passada de geração a geração. Com isso, os bens costumam ser
recriados e modificados pelos grupos e comunidades de acordo com o ambiente, através
da interação com a natureza e com o contexto histórico da sociedade.

8. A DIVERSIDADE CULTURAL
Entre a diversidade de culturas é possível achar alguns traços comuns. Neste ponto, a
antropologia não só estuda as diferenças como também o que nos faz a todos os seres
humanos iguais.
Quando estes traços culturais existem em todas ou em quase todas as sociedades
denominam-se universais culturais, que são aqueles que distinguem aos humanos das
outras espécies:
 A unidade psíquica dos humanos. No sentido de que todos os humanos têm a
mesma capacidade para a cultura;
 A linguagem;
 Viver em grupos sociais como a família e compartir alimentos;
 A exogamia e o tabu do incesto, regra que proíbe as relações sexuais e o
casamento entre parentes próximos;
 O matrimonio, entendido como relação social estável e duradoura entre pessoas;
 A divisão sexual do trabalho;
 A família isto não implica que seja igual em todas partes.
 O etnocentrismo cultural. Esta é uma tendência a aplicar os próprios valores
culturais para julgar o comportamento e as crenças de pessoas doutras culturas.
Agente pensa que os seus costumes são os únicos, correctos, apropriados e
morais. As visões etnocêntricas entendem o comportamento diferente como
estranho e “selvagem”, mas também como inferior. As pessoas pensam que as
suas normas representam a forma “natural” de comportar-se e os outros são
julgados como negativos.

9.OS UNIVERSAIS DA CULTURA


Os universais culturais são aqueles que apenas constituem o manifesto das práticas
humanas. Por exemplo, o acasalamento não é universal cultural porque ele ocorre
também entre os animais. Apesar de a Cultura Humana ser universal ela é diversificada.
Essa diversidade dá origem à alteridade, isto é, à formação do outro.
Pode-se observar ainda que, em todas as sociedades humanas, há estruturas
‘’mentais, organizacionais fundamentais’’ comuns a todo (a)s os indivíduos, sociedades
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respectivamente e todas as culturas, mas ao mesmo tempo existe uma variedade de


culturas e de sociedades. Assim, essa realidade leva-nos a dizer que todos os grupos
humanos têm cultura. Visto que em todo o grupo humano tem alguns pontos de cultura
tais como:
 Uma linguagem padronizada, usada como veículo de transmissão do que é
legado pelos grupos predecessores;
 Viver em grupos sociais definidos segundo determinadas regras como, por
exemplo, a família, mesmo que não implique que a organização familiar seja
igual em todos os grupos sociais;
 A prática da exogamia e o tabu do incesto, ou melhor a proibição de casamento e
da prática de relações sexuais entre parentes próximos;
 O matrimónio, entendido como relação social estável e duradoura, entre pessoas
e
 A divisão social do trabalho.
Neste caso, a Cultura é universal, porque seja para que sociedade fossem aplicados
estes termos, iriamos encontrar a sua aplicabilidade. Estes traços culturais que existem
nas sociedades denominam-se universais culturais. Os universais culturais têm a
particularidade de distinguirem os seres humanos das outras espécies animais, isto é, são
tipicamente manifestas pelo Homem.
Contudo, se num sentido geral a Cultura é universal ao Homem, no seu sentido mais
restrito ela descreve um conjunto de diferenças de um grupo humano específico em
relação aos outros.

10. DINAMISMO E MUDANÇA CULTURAL


Tal como se afirmou nas características da Cultura, apesar de ela ser estável, é
também dinâmica. O dinamismo surge como resultado do seu carácter eminentemente
humano e social, caracterizado por constantes mudanças, quer como resultado da
evolução bio- cultural do próprio Homem, quer pelas mudanças que podem ocorrer no
interior de um grupo social. Vários são os factores que condicionam o Dinamismo
Cultural, tais como: a descoberta, a invenção, a difusão, a aculturação, a desculturação e
a globalização.
A mudança cultural é o aspecto dinâmico da cultura, o “penta rei” (todo se move, todo
muda) dos gregos. E inquestionável que nenhuma cultura e totalmente estática e de que
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a cultura se constrói através de processos, isto é, a sociedade vive de descobertas e


invenções. É verdade essas descobertas e invenções acumuladas vão fazendo parte de
um repertório cultural de determinados grupos sociais e que todos os novos elementos
descobertos ou inventados podem condicionar o início de um processo que pode
culminar numa mudança cultural.
Ao lado da descoberta e da invenção, considerados factores locais, existe a difusão, que
também participa no processo da dinâmica cultural. Como é sabido que não há cultura
que não tome por empréstimo elementos de outras culturas. Pode mesmo afirmar-se que
não existe alguma cultura que seja constituída só por elementos originários.
Portanto o dinamismo possui alguns factores a saber:
 Enculturação
Refere-se ao processo educativo pelo meio do qual os membros de uma cultura se
tornam conscientes e comparticipantes da própria cultura.
 Aculturação
Este processo constitui um dos factores da dinâmica cultural, pois do contacto entre
duas culturas, haverá elementos duma cultura que se irão integrar na outra através de
processo de mistura e fusão, surgindo como resultado uma nova síntese cultural e um
novo padrão cultural do comportamento.
 Desculturação
Referimo-nos a um aspecto negativo da dinâmica cultural, isto é, a subtração e/ou
destruição em diversos grau do património cultural. A desculturação pode ser originada
por causas internas ou externas. Por fim, a inculturação pode ser entendida como um
processo recíproco no qual há introdução de elementos exteriores na cultura e vice-
versa.

11.CULTURA E EDUCAÇÃO (SABERES E CONTEXTOS DE


APRENDIZAGEM EM MOÇAMBIQUE)
A escola ao longo da história de Moçambique, vem sendo uma história privilegiado no
sentido de tornar o conhecimento cientifico único e valido na construção de identidade
cultural, ainda por cima, alheia a realidade.
A noção reflexão e no sentido de se estabelecer uma ponte entre os saberes científicos e
os saberes comuns. Uma relação de completude, na qual predomina o respeito estes
saberes, pois, ‘todo homem, pelo simples fato de que fala tem uma concepção do
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mundo, ainda que não consiste não critica, já que a linguagem e sempre
embrionariamente, uma forma de concepção de mundo’, (Gruppi,1978, pag.7-66).
Pensamos que este processo começa pelo resgate dos saberes construídos e transmitido
pelas comunidades autóctones de Moçambique, que são formas de conceber o mundo, a
realidade, e sendo assim podem ser confrontados com os saberes científicos,
enriquecendo o currículo escolar e a formação da identidade sociocultural.
Após a independência, as mudanças políticas e sociass apontaram para outros caminhos
a serem trilhados pela escola em Moçambique. Ao assumir o socialismo como princípio
que rege as relações sociais se assume um currículo que, não apenas revela, mas
sobtreudo ajusta os indivíduos nesta realidade histórica.
A partir de 1993, Moçambique vive um novo momento histórico, da solidificação da
democracia não apenas no âmbito político, mas também social e cultural. O senso
democrático, em resposta ao momento histórico vivido, deveria ser um convite a olhar
os diversos saberes que fazem parte do ser de cada moçambicano, da diversidade
escolar.
A cultura e um conteúdo substancial da educação sendo que é pela e na educação
através do trabalho paciente e na continuamente recomendado da ‘tradição docente ‘que
a cultura se transmite e se perpetua a educação realiza a cultura como memória viva.
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Conclusão
Quanto a conclusão conclui-se que, o conceito antropológico da cultura foi um tema que
levou a muitas curiosidades e permitiu a reflexão sobre a noção o surgimento e
desenvolvimento da cultura e no desenvolvimento da respectiva diversidade, de modo a
facilitar a compreensão do conteúdo em causa, fundamentando-se em algumas
particularidades e relações na medida em que a diversidade mostra o surgimento e
desenvolvimento da cultura.
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Referências bibliográficas
BERNARDI, Bernardo. Introdução aos estudos Etno-Antropológicos. Perspectivas do
Homem. Lisboa, Edições 70, Pag. 289-294. 1974

MARTINEZ, Pe. F. Lerma. Antropologia Cultural, (Guia de estudo). Paulinas


Editoras.5 eds. Matola, 2000-2007.

TITIEV, Mischa. Introdução a Antropologia Cultural. 6.ed. Lisboa. Ed. F. C.


Gulbenkian.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14ª ed., Jorge Zahar
Editor, Rio de Janeiro, 2001.

VILLANCULOS, Zacarias, Gregório. Antropologia Cultural de Moçambique.

MASSENZIO, Marcello. A história das religiões na cultura moderna. São Paulo:


Hedra, 2005.
19

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