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Dércio N Daniel Portugal

Dikson Rodrigues
Florêncio Domingos
Martina Atanásio

Estudo do parentesco

Licenciatura em ensino de matemática com habilitações em ensino de física

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
iv

Dércio N Daniel Portugal

Dikson Rodrigues

Florêncio Domingos

Martina Atanásio

Estudo do parentesco

Licenciatura em ensino de Matemática com habilitações em ensino de Física

Trabalho de carácter avaliativo de cadeira


de Antropologia Cultural de Moçambique
apresentado ao Departamento de Ciências,
Tecnologia, Engenharia e Matemática, ao
docente:

MA: Samuel António Sousa

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
iv

2023

Índice
Introdução...................................................................................................................................iv
Introdução ao estudo do Parentesco.............................................................................................4
Tipos de parentesco......................................................................................................................4
Nomenclatura.............................................................................................................................5
Simbologia...................................................................................................................................5
Características do parentesco.......................................................................................................7
Crítica do parentesco: o caso Macua......................................................................................8
Filiação.......................................................................................................................................9
Lobolo Em Moçambique: ´´ Um velho idioma para novas convivências conjugais´´.................9
Origem e evolução histórica do conceito família................................................................11
A Família como fenómeno cultural......................................................................................12
Conclusão.................................................................................................................................13
Referência................................................................................................................................15
iv

Introdução

O presente trabalho aborda sobre o parentesco, família, casamento em Moçambique,


parentesco é o estudo das relações que unem os Homens entre si mediante laços
baseados na consanguinidade enquanto relação socialmente reconhecida, o sistema de
parentesco refere-se a um sistema estrutural de relações, no qual os indivíduos
encontram-se unidos entre si por um complexo interligado de laços ramificados e na
afinidade, usamos como metodologias para a realização do trabalho a consultas
bibliográficas que constam na última página.

Objectivo Geral:

 Estudar o parentesco

Objectivos Específicos:
 Identificar as características do parentesco;
 Analisar a crítica do parentesco no caso macua;
 Descrever a nomenclatura e simbologia do parentesco.
 Descrever Família em contexto de mudança em Moçambique
 Descrever Origem e evolução histórica do conceito família
 Descrever Família como fenómeno cultural

Metodologia:

O Trabalho obedece as normas de elaboração de trabalho científico desta Universidade


Rovuma (Com Norma APA) e obedece a seguinte ordem, Capas, índice, Introdução,
Desenvolvimento, Conclusão e a respectiva Bibliografia e foi usada a consulta de
algumas obras que estão devidamente citadas na Referência Bibliográfica.
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Introdução ao estudo do Parentesco

Parentesco: No sentido restrito refere-se aos laços de sangue, mas num sentido mais
amplo, também aplica-se aos laços de afinidade ou de casamento (parentesco por
afinidade ou por casamento)

O termo parentesco não é de fácil definição. Uma definição simples considera que o
parentesco seja ``um vínculo que liga os indivíduos entre si em vista da geração e da
descendência´´ (Berbardi, 1978, p.259).

Pode-se defini-lo como um sistema simbólico de denominação das posições relativas


aos laços de descendência e de afinidade.

Laços de Parentesco: é a relação que decorre da posição ocupada pelo sujeito no sistema
de parentesco. Pode-se falar de três tipos de laços de parentesco:

 Laço de sangue (descendência)

 Laço de afinidade (matrimónio ou casamento)

 Laço fictício (adopção)

Tipos de parentesco

São três tipos de parentesco: primário, secundário e terciário.

 Primário aplicado aos que pertencem à mesma família nuclear; pai, mãe, irmãos
de Ego (família de orientação); marido, esposa e filhos.)
 Secundário: partido do Ego, refere-se ao pai do pai, irmão da mãe ( avós);
irmãos do pai, irmãos da mãe.
 Terciário: tomando o Ego como referencia, seriam, bisavô, esposas dos tios e
outros parentes mais remotos.
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Nomenclatura

Nomenclatura de parentesco ou terminologia de parentesco

É o sistema de denominações das posições relativas aos laços de sangue e de afinidade.


Exemplos de nomenclaturas de parentesco: pai, mãe, irmão, primo, esposa, cunhado,
sogra, enteado, filho, neto, sobrinha, etc.

Temos dois tipos de nomenclatura de parentesco, a saber: Nomenclatura de parentesco


descritivo e nomenclatura de parentesco classificatório.

Nomenclatura de parentesco descritivo

É aquela em que se usa um termo diferente para designar a cada um dos parentes.
Exemplo: papá (pai biológico), mamã (mãe biológica),mana (irmã biológica mas velha)

Nomenclatura de parentesco classificatório

É aquela em que se emprega indistintamente o mesmo termo para designar a um grupo


de pessoas com quem si tem um laco de parentesco.

Por exemplo, quando se aplica o termo mama para designar à mãe biológica, à irmã de
mãe, ou à madrasta. Também estamos perante a nomenclatura de parentesco
classificatória quando se trata como irmão, ao próprio irmão biológico, ao primo ou ao
filho de uma madrasta.

Simbologia
Na vida quotidiana, você nota que o Homem se guia por um conjunto de sinais que
substituem os objectos, coisas ou seres a que se referem, desde palavras, imagens, sons,
objectos.

Por uma questão operatória, a Antropologia usa diferentes símbolos e esquemas de


Parentesco, os quais permitem, a qualquer leitor, identificar as relações entre os
diferentes membros do grupo social em referência ou representado. Assim, os seguintes
símbolos têm o significado que está logo a seguir:

-Indivíduo de sexo indiferenciado (isto é, pode ser Homem ou mulher)


Indivíduo falecido
-individuo falecido

- Individuo do sexo Masculino;

- Individuo do sexo Feminino;


iv

- Individuo do sexo Masculino mais velho;

- Individuo do sexo Feminino mais novo;

- Casamento; - Divórcio; Segundo


casamento

- Casamento polígamo

Germanidade, irmandade ou fraternidade

Filiação

Marido e mulher

Com filhos

Para além dos símbolos, na Antropologia é usado um conjunto de abreviaturas para


designar os parentes primários, (aqueles cuja ligação não precisa de intermediário)
secundários, (aqueles cuja ligação tem um intermediário), terciários (os que precisam de
dois intermediários para a sua ligação) e os afins.
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Abreviatura dos parentes primários e secundários


Pai Pa
Mãe Ma
Filho Fo
Filha Fa
Irmão Io
Irmã Ia
Marido Eo
Esposa Es
Tio To
Tia Ta
Sobrinho So
Sobrinha Sa

Características do parentesco
Sistema de filiação ou descendência

Descendência é o termo geral que designa a ligação social entre ancestrais e


descendentes. Alguns antropólogos aplicam o termo descendência apenas para as
relações que se estendem por mais de duas gerações (netos e avos), e usam o termo
filiação para designar relações dentro da família nuclear (pais e filhos). Na maioria dos
contextos culturais conhecidos na terra as pessoas traçam a sua descendência ou filiação
a partir de dois princípios ou sistemas: unilinear e cognatico (ou não linear).

A descendência unilinear reconhece apenas uma linha de antepassados, do lado


masculino ou do lado feminino. Ela ocorre de duas formas: patrilinear, quando segue a
linha masculina, e matrilinear, quando segue a linha feminina. A forma mais comum é a
patrilinear. Na descendência cognàtica são considerados de iguais modos os dois lados,
materno e paterno, e ocorrem em quatro formas: bilinear, paralela, ambilinear e
bilateral.

Sistema de aliança

O matrimónio ou casamento é um tipo de aliança que caracteriza o parentesco. O


casamento é um universal cultural e, segundo alguns antropólogos, pode ter formado a
base de todas as organizações sociais humanas.
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Sistema de residência

Este diz respeito ao padrão de residência adoptado pelos indivíduos após o casamento.
O referido padrão é determinado por uma série de regras, as regras de residência pós-
casamento. A importância das regras de residências foi demonstrada por Negrão
(2003:232), para quem "a escolha do local do domicílio conjugal não é um simples
problema de supremacia psicológica sobre aquele que se muda; é o local do domicílio
que determina o local do casamento dos filhos (dentro ou fora) e, como tal, a
transmissão dos direitos de propriedade e de autoridade, podendo variar: de pai para
filho; de mãe para a filha; e de irmão para o filho da irmã".

O termo residência aqui empregue corresponde ao termo quintal ou muti, comummente


utilizado pelos investigadores moçambicanos. Assim, segundo Negrão " a muti é a mais
pequena unidade espacial de habitação, produção e consumo da família rural. É
composta por um conjunto interligado de elementos como limites, casas, cozinhas,
curais, sombras, locais sagrados casa de banho e espaços de acesso à água, à lenha e
demais recursos"

Crítica do parentesco: o caso Macua


O sistema de linhagem macua é unilinear, martilinear, uxorilocal e exogámico.
Apresentamos os pontos específicos que abrangem a área da linhagem na sociedade
macua, tendo em consideração que as normas que configuram os ramos da linhagem
variam de cultura para cultura.
Terminologia

Normas: O matrimónio é exogámico . Na terminologia Macua encontramos a norma


geral do incesto no duplo sentido de proibição do matrimónio entre os membros do
mesmo grupo familiar (proibição entre todos os que têm o mesmo apelido (NIHIMO),
e de proibição de relações sexuais. Ao mesmo tempo, porém, existe uma norma
positiva: a preferência pelos casamentos entre determinados tipos de parentesco, esta
norma não tem carácter obrigatório.

Funções
De entre as funções que caracterizam o matrimónio macua, realçaremos as seguintes:

 Legais: estabelecer a legalidade de descendência e da herança;


 Sociais: estabelecer uma relação de afinidade com a família da esposa, por parte
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do marido;
 Sexuais: dar ao marido o monopólio sobre a vida sexual da esposa e vice-versa,
a não ser nos casos previstos pelas leis tradicionais (relações rituais, relações de
hospitalidade e relações em caso de esterilidade);
 Económicas: criar direitos mútuos sobre o trabalho de cada um dos
cônjuges, estabelecendo-se desta forma, uma ajuda económica mútua.
Forma
O matrimónio macua admite as seguintes formas: -monogamia; -poligamia: admitida
geralmente como factor e sinal de poder, grandeza e riqueza e igualmente em caso de
esterilidade ou doença grave permanente da esposa.

Filiação
A forma de descendência no povo macua é matrilinear; a pertença ao grupo de
descendência é transmitida pelas mulheres por via uterina.

Na sociedade macua, apesar de a descendência ser transmitida pelas mulheres, as


funções políticas, sociais e económicas são exercidas pelos homens de filiação e não
pelas mulheres, por isso mesmo, não se pode falar de matriarcado. Há todavia
reconhecer o papel específico da mulher em muitos casos da vida política e social. O
que existe, bem articulado e desenvolvido é vinculado. O clã reúne todas as pessoas que
descendem unilinearmente (neste caso, matrilinearmente) de um antepassado comum,
não se podendo, todavia, provar as relações genealógicas efectivas. A linhagem, pelo
contrário, agrupa todos os familiares consanguíneos que podem demonstrar a sua
descendência de um mesmo antepassado comum. Um clã pode conter, de facto, várias
linhagens, e integra a sociedade a um nível mais amplo.

Lobolo Em Moçambique: ´´ Um velho idioma para novas convivências conjugais


´´
O lobolo é uma prática cultural por meio do qual se unem duas pessoas (homem e
mulher) pelo casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este
dote pode ser uma enxada, uma cabeça ou várias de vaca, dinheiro em numerário ou
outros bens de natureza ou pecuniária.

Ora, embora a sociedade moçambicana consinta a polígina (poligamia masculina) não


tolera que a mulher possa estabelecer relações extra-conjugais ou adultérios, sendo estes
actos suficientemente justificativos para o homem exigir a dissolução do casamento.
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A esterilidade feminina é um outro aspecto que legitima a dissolução do casamento.


Ora, visto que entre os africanos a finalidade procriativa do casamento prima sobre as
outras finalidades (prazer, partilha, afecto, etc), a dificuldade de procriação da mulher é
tida como um impedimento à manutenção do casamento, pelo que se declara divórcio.
Por conseguinte, o divórcio por adultério ou por esterilidade da mulher dá direito ao
marido de exigir de volta os objectos do lobolo.

Significação histórica da prática do lobolo

O lobolo como símbolo de união matrimonial permite que uma das famílias envolvidas
adquira um novo membro, e a outra, o perca. Deste modo, a mulher adquirida, ainda que
conserve o seu apelido (o nome do seu clã) torna-se propriedade do novo grupo
familiar, pertencem a este grupo tanto ela como os filhos que gerar. Não é uma escrava,
nem a propriedade individual do marido, mas uma propriedade colectiva do grupo.

Junod (1996:257) faz as seguintes considerações a respeito dos efeitos do lobolo:

 Toda a família do homem toma parte nas cerimónias do casamento, sobretudo


no dia em que o lobolo é levado pelo noivo. Os membros masculinos do grupo
têm o direito de opinar sobre os bois ou a soma entregue.

 Os irmãos estão sempre prontos a ajudar um dos seus, mais pobre, ao lobolo.
Trabalham assim para o grupo.

 A mulher adquirida desta maneira é esposa aparente deles, embora lhes não seja
permitido ter relações sexuais com ela. Recebe-la-ão em herança quando o
marido morrer (o kutchinga).

 Os filhos pertencem ao pai, vivem com ele, usam o seu apelido (o nome do clã)
e devem-lhe obediência: os filhos masculinos fortificam o grupo e os femininos
são vendidos em casamento para o benefício desse grupo.
Algumas vantagens e desvantagens do costume do lobolo para as famílias
moçambicanas

Vantagens

O lobolo como uma prática costumeira de alguns segmentos da sociedade moçambicana


tem algumas vantagens, a saber.
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 Ajuda a fortificar a família, a patriarcal, o direito do pai.


 Marca diferenças entre casamentos legítimos e casamentos ilígitimos e,
neste caso, substitui o registo oficial do casamento.
 Dificulta a dissolução do casamento, pois a mulher não pode abandonar o
marido sem que a este lhe seja restituido o lobolo.
 Obriga os nubentes a terem atenção, um para com o outro.
Desvantagens

No entanto, o lobolo acarreta também algumas desvantagens. Que são:

 A mulher reduzida a uma situação de inferioridade pelo facto de ter sido paga.
 A mulher trabalha para o marido e para os parentes dele, que lhe dão muito
pouco em troca;
 No que toca aos filhos, mesmo que ela sinta amor por eles, não lhe pertencem,
são propriedades do marido ou do seu grupo familiar.
 O lobolo atribui quase todos os direitos ao marido sobre a mulher, incluindo os
de ofendê-la, e a mulher perde até mesmo o direito de protestar.
 No caso de o lobolo e a suma do dinheiro envolvidos não tiverem sido
totalmente pagos, podem levantar-se tensões e irritações que muitas vezes criam
sofrimentos para o casal e para as respectivas famílias.

Origem e evolução histórica do conceito família

A família é conhecida como sendo, a célula germinal da sociedade, devido a sua


existência datar de milhares de anos, o que quer dizer que não existe sociedade
alguma eu não se organiza ou organizava em estruturas familiares. Porém, na
antiguidade o homem primitivo agrupava e constitui família de forma natural e
espontânea, eram caracterizados essencialmente pelo nomadismo,
promiscuidade sexual e falta de organização institucional.

Porém, com o evoluir dos tempos, estes agrupamentos passaram a estabelecer


moradas permanentes e viver de agricultura, fazendo surgir uma sociedade
basicamente rural, onde a família funcionava como unidade de produção.
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Segundo Rodrigo da Cunha Ferreira, existem três fazes da evolução da


instituição familiar:

 O estado selvagem (contacto entre o homem e a natureza, que se


apropriava dos bens oferecidos pela natureza).

 O estado barbárie

 Estado de civilização
A Família como fenómeno cultural

A família veio da evolução natural como nascer, crescer, evoluir e morrer, e


carrega dentro dela a sua cultura. Cada sociedade cria um sentido e seus valores
representativo de cada família, esse comportamento acaba se tornando um
âmbito cultural, e como um fenómeno natural é inserida na sociedade e com
isso na cultura daquela sociedade em que convive.

Desde a criação, a família começa como natural e no decorrer do tempo sua


vida vai sendo incluída na vida cultural, por isso acredita-se que seja Natural e
Cultural.
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Conclusão

O Parentesco é um sistema simbólico de denominação das posições relativas aos laços


de descendência e de afinidade. O Parentesco é definido em referência a um indivíduo
(Ego). Mesmo variando de uma sociedade para outra e com o tempo, o Parentesco
continua a definir as relações sociais e as normas de comportamento. Se nos primórdios
envolvia apenas aspectos de consanguinidade, hoje ele alarga-se também à adopção e a
outros critérios.

O Parentesco pode ser formado por via da consanguinidade, da adopção e por aliança.
Por isso, nem sempre é fácil distinguir a origem da Parentela a partir da designação do
parente. Na essência existem dois sistemas de parentesco: Descritivo e Classificatório.

Desde o princípio com existência da vida já se pode chamar de um fenómeno natural, a


espécie humana já começa com disciplina e costumes conforme a vida da família ou
estado em que residem.
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Referência

1. GHASARIAN, Christian. Introdução ao estudo do parentesco. Lisboa,


Terramar, 1999, 231 p.
2. TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia SócioCultural.
Universidade Pedagogica Sagrada Família, sd. pgs. 47-57.
3. Múrcia, 1998, trad. Portuguesa, O Povo Macua e a sua Cultura. Instituto de
Investigação Científica Tropical, Lisboa, 1989.
4. JUNOD, Henri Alexandre. Usos e costumes bantu. Editor Arquivo Hist. de
Moçambique, Tomo I, Maputo, 1996.

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