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1.

Introdução

O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Antropologia Cultural de Moçambique e tem


como tema: introdução ao estudo do parentesco, sua nomenclatura, simbologia e características,
este trabalho tem como objectivo geral descrever o parentesco sob todos os ângulos, olhar para o
seu significado, suas características; e tem como objectivos específicos, a conceitualização do
termo parentesco, o estudo da sua simbologia e entender como se formam os laços de parentesco.

O termo parentesco é o estudo das relações que unem os Homens entre si mediante laços
baseados na consanguinidade enquanto relação socialmente reconhecida, o sistema de parentesco
refere-se a um sistema estrutural de relações, no qual os indivíduos encontram-se unidos entre si
por um complexo interligado de laços ramificados e na afinidade, usamos como metodologias
para a realização do trabalho a consultas bibliográficas que constam na última página.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

 Descrever o parentesco sob todos os ângulos

1.1.2. Objectivos específicos

 A conceitualização do termo parentesco


 O estudo da sua simbologia
 Entender como se formam os laços de parentesco.
2. Introdução ao estudo do parentesco

Para o estudo do parentesco de um grupo temos presentes tanto relações de consanguinidade


como relações de afinidade, tais relações encontram uma tradução nos sistemas de designação
mútua (as terminologias ou nomenclatura do parentesco); nas regras de filiação que determinam
a qualidade dos indivíduos como membros de um grupo e os seus direitos e deveres no interior
do grupo, nas regras de aliança que orientam positiva ou negativamente a escolha do cônjuge,
nas regras de transmissão dos elementos que constituem a identidade de cada um; e nas regras de
residência, ou seja, nos tipos de agrupamentos sociais nos quais os indivíduos estão filiados
(HERITIER, 1989:29). E em Moçambique temos três categorias de laços de consanguinidade a
saber:

 Laço de parentesco por consanguinidade é a tradução do princípio de filiação, que


agrupa entre si as pessoas que partilham o mesmo património genético (pais, filhos,
avós, irmãos, etc).
 Laço de parentesco por afinidade; traduz a relação de parentesco estabelecida entre dois
grupos sociais distintos, através de casamento de um homem com uma mulher, sendo um
de cada grupo.
 Laço de parentesco fictício essa categoria é usada para criar ligações entre pessoas que
não sejam nem afins nem consanguíneas (inclui a adopção e o compadrio e o parentesco
ritual).

Segundo Marconi e Presotto o sistema de parentesco é um dos universais da cultura, o seu


estudo, a partir do final do século XVIII, tornou-se o centro de preocupações da antropologia,
quando esta começou a ser encarada cientificamente. Mesmo nas comunidades humanas de
terminologia simples, as categorias básicas da relação biológica são importantes meios para o
reconhecimento e a ordenação das relações sociais. As genealogias oferecem algumas categorias
que permitem distinguir as relações existentes entre uma pessoa e o grupo a que ela pertence.
Talvez este o tópico mais estudado pela antropologia, por oferecer aspectos mais reguladores e
recorrentes permitindo a construção, o teste de generalização e o entendimento da estrutura
social das sociedades tribais.
Os antropólogos, já no século XIX estudando as mais variadas populações descobriram
diferentes maneiras de classificar os parentes, havendo, no sistema de parentesco, complexas
posições de relações. Edwart Taylor foi um dos primeiros a perceber algumas dessas relações, a
qual denominou "a Deus".

Morgan, por sua vez, enfatizou a validade cientifica do estudo dos sistemas de parentesco,
concentrou – se nos estudos evolutivos do parentesco e tentou demonstrar que os diferentes
costumes, relacionados ao casamento, é que determinavam os vários sistemas de parentescos.
Morgan não só deu grande importância á terminologia do parentesco como deixou bases sólidas
sobre a mesma, através de suas próprias observações e de um conjunto de questionários.

O sistema de parentesco segundo Mordock refere-se a um sistema estrutural de relações, no qual


os indivíduos encontram-se unidos entre si por um complexo interligado de laços ramificados.
Para Rivers, o sistema de parentesco consiste no reconhecimento social de laços biológicos.

As culturas, em geral, possuem uma terminologia própria que indica as diversas relações de
parentesco. A compreensão da maioria da sociedade, passadas ou presentes, requerem o
conhecimento do sistema parentesco pelo antropólogo. Ele é importante porque:

a) Fornece um modo de transmitir status e propriedades de uma geração a outra;

b) Estabelece e mantém grupos sociais efectivos.

Partindo sempre de um indivíduo de referência, a quem os antropólogos chamam Ego, é possível


identificar todos os seus parentes. Ego é a figura que representa o indivíduo de referência a partir
do qual se faz o estudo de um grupo de parentesco, é a partir de um ego que se estabelecem tanto
as relações de afinidade como as de filiação e descendência.

São três os tipos de parentes que, relacionados ramificados, formam um grupo de parentesco:

 Parentes primários: são todos aqueles que pertencem a mesma família nuclear: pai, mãe,
e irmãos de ego (família de orientação); esposa e filhos (família de procriação);
 Parentes secundários: partindo de um ego, refere-se ao pai do pai, pai da mãe (avós);
irmão do pai, irmão da mãe (tios);
 Parentes terciários: tomando o ego como referencia, seriam: bisavó, esposas dos tios e
outros parentes mais remotos (Marconi e Presotto, 2006:104 a 105).

2.1. Tipos de parentesco

São três tipos de parentesco: primário, secundário e terciário.

 Primário aplicado aos que pertencem à mesma família nuclear; pai, mãe, irmãos de Ego
(família de orientação); marido, esposa e filhos.
 Secundário: partido do Ego, refere-se ao pai do pai, irmão da mãe ( avós); irmãos do pai,
irmãos da mãe.
 Terciário: tomando o Ego como referencia, seriam, bisavô, esposas dos tios e outros
parentes mais remotos.

2.1.1. Nomenclatura de parentesco ou terminologia de parentesco

É o sistema de denominações das posições relativas aos laços de sangue e de afinidade.


Exemplos de nomenclaturas de parentesco: pai, mãe, irmão, primo, esposa, cunhado, sogra,
enteado, filho, neto, sobrinha, etc.

Temos dois tipos de nomenclatura de parentesco, a saber: Nomenclatura de parentesco descritivo


e nomenclatura de parentesco classificatório.

2.1.2. Nomenclatura de parentesco descritivo

É aquela em que se usa um termo diferente para designar a cada um dos parentes. Exemplo: papá
(pai biológico), mamã (mãe biológica),mana (irmã biológica mas velha).
2.1.3. Nomenclatura de parentesco classificatório

É aquela em que se emprega indistintamente o mesmo termo para designar a um grupo de


pessoas com quem si tem um laco de parentesco. Por exemplo, quando se aplica o termo mama
para designar à mãe biológica, à irmã de mãe, ou à madrasta. Também estamos perante a
nomenclatura de parentesco classificatória quando se trata como irmão, ao próprio irmão
biológico, ao primo ou ao filho de uma madrasta.

2.2. Caracteristicas do Parantesco

O parentesco caracteriza-se fundamentalmente por: sistema de designação mútua, um sistema de


filiação, um sistema de aliança, um sistema de residência e um sistema de atitudes.

a) O sistema de designação mútua

É o sistema de denominação das posições relativas aos laços de descendência e de afinidade. É


também designada por terminologia de parentesco. Por outras palavras, o sistema de designação
mútua consiste no conjunto dos termos que numa dada cultura são utilizados para tratar
directamente e referir os indivíduos com os quais se tem uma relação de parentesco (exemplo:
pai, mãe, tio, irmão, sogra, cunhado, tia, nora etc).

b) Sistema de filiação ou descendência

Descendência é o termo geral que designa a ligação social entre ancestrais e descendentes.
Alguns antropólogos aplicam o termo descendência apenas para as relações que se estendem por
mais de duas gerações (netos e avos), e usam o termo filiação para designar relações dentro da
família nuclear (pais e filhos).

Na maioria dos contextos culturais conhecidos na terra as pessoas traçam a sua descendência ou
filiação a partir de dois princípios ou sistemas: unilinear e cognatico (ou não linear). A
descendência unilinear reconhece apenas uma linha de antepassados, do lado masculino ou do
lado feminino. Ela ocorre de duas formas: patrilinear, quando segue a linha masculina, e
matrilinear, quando segue a linha feminina. A forma mais comum é a patrilinear.

Na descendência cognàtica são considerados de iguais modos os dois lados, materno e paterno, e
ocorrem em quatro formas: bilinear, paralela, ambilinear e bilateral.
c) Sistema de aliança

O matrimónio ou casamento é um tipo de aliança que caracteriza o parentesco. O casamento é


um universal cultural e, segundo alguns antropólogos, pode ter formado a base de todas as
organizações sociais humanas.

d) Sistema de residência

Este diz respeito ao padrão de residência adoptado pelos indivíduos após o casamento. O
referido padrão é determinado por uma série de regras, as regras de residência pós-casamento. A
importância das regras de residências foi demonstrada por Negrão (2003:232), para quem "a
escolha do local do domicílio conjugal não é um simples problema de supremacia psicológica
sobre aquele que se muda; é o local do domicílio que determina o local do casamento dos filhos
(dentro ou fora) e, como tal, a transmissão dos direitos de propriedade e de autoridade, podendo
variar: de pai para filho; de mãe para a filha; e de irmão para o filho da irmã".

O termo residência aqui empregue corresponde ao termo quintal ou muti, comummente utilizado
pelos investigadores moçambicanos. Assim, segundo Negrão " a muti é a mais pequena unidade
espacial de habitação, produção e consumo da família rural. É composta por um conjunto
interligado de elementos como limites, casas, cozinhas, curais, sombras, locais sagrados casa de
banho e espaços de acesso à água, à lenha e demais recursos".

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